Cap 1 1 o Espaco rc2b2
Cap 1 1 o Espaco rc2b2
Cap 1 1 o Espaco rc2b2
No curso de Matemática 1, foi estudado o Cálculo Diferencial e Integral baseado no conjunto dos números
reais, R. Neste curso de Matemática 2, faremos esse mesmo estudo com uma classe mais geral, que chamaremos
de espaço Rn . Este primeiro capı́tulo introduz o caso particular do espaço R2 e estabelece algumas operações
que podem ser definidas nele.
Além dessas propriedades, que são comuns a conjuntos como o dos números racionais Q e dos números
complexos C, os números reais também apresentam a propriedade adicional de que os seus elementos são
ordenados, isto é, que há uma relação que determina qual elemento desse conjunto é maior que o outro. Essa
propriedade de ordenação também existe para os números racionais, mas não para os complexos.
Uma outra propriedade, que diferencia os números reais dos racionais é que, para todo par de números
reais, existe sempre um número real entre eles. Isto deixa de ser verdade para os números racionais, que podem
ter entre dois de seus elementos um número irracional, que não pertence a esse conjunto. É essa propriedade
que torna possı́vel definir limites (chegar o mais próximo possı́vel de um número sem, no entanto, alcançá-lo)
e todo o Cálculo subsequente, sobre os números reais.
Observação: rigorosamente falando, o conjunto dos números reais é um corpo ordenado completo, melhor
definido na Leitura Complementar 1.1.1, que trata da definição mais formal desse conjunto.
Cálculo 2 - Capı́tulo 1.1 - O espaço R2 - versão 02/2009 2
Geometricamente, podemos representar os números reais como sendo pontos sobre uma reta ordenada,
como na figura a seguir.
√
-3 -2 -3/2 -1 0 1/4 1/2 1 2 2 e 3 π
... ...
1.1.2 - Espaço R2
O conjunto R2 , que deve ser lido “erre dois”, é o conjunto de todos os pares ordenados (x, y), onde x e y
são números reais, isto é:
R2 = {(x, y) | x, y ∈ R} .
Por pares ordenados entendemos conjuntos tais que (x, y) = (a, b) se, e somente se, x = a e y = b, isto é, a
ordem em que os elmentos são escritos é importante. Isto contrasta com a notação {a, b} de um conjunto, que
é equivalente a {b, a}. Os pares ordenados (1, 2), (−1, 0), (1/4, π) são todos elementos do conjunto R2 . Note
que (2, 1) 6= (1, 2) se ambos pertencem ao R2 .
a) Representação geométrica
Da mesma forma como números reais podem ser representa- y
dos como pontos em um reta ordenada, os elementos do espaço
R2 podem ser rperesentados como pontos em um espaço euclid- b b
(a, b)
iano. Para isto, representamos um par ordenado (a, b) como o
ponto de ordenada a e abscissa b (figura ao lado).
É fácil notar da figura ao lado que o R2 não é um conjunto
ordenado. Não podemos, por exemplo, determinar se (1, 2) é x
maior ou menor que (1, 1). Não podemos nem definir o conceito a
de ordem nessas circunstâncias.
b b
2 1
1 x
−2 −1 0
x
0 1 2 3
x x
−2 −1 0
0 1 1, 5 2
b
−1 b
−1
Cálculo 2 - Capı́tulo 1.1 - O espaço R2 - versão 02/2009 3
b) Soma
Também podemos definir uma operação de soma para elementos do R2 . Dados dois elementos (a1 , a2 ) e
(b1 , b2 ) de R2 , então a soma deles é definida como (a1 , a2 ) + (b1 , b2 ) = (a1 + b1 , a2 + b2 ).
A operação de soma apresenta as seguintes propriedades, dados os elementos (a1 , a2 ), (b1 , b2 ), (c1 , c2 ) ∈ R2 :
O produto por um escalar apresenta as seguintes propriedades, dados dois elementos (a1 , a2 ), (b1 , b2 ) ∈ R2
e os elementos α, β ∈ R:
O produto por um escalar junto com a soma apresenta ainda as seguintes propriedades mistas, dados
elementos (a1 , a2 ), (b1 , b2 ) ∈ R2 e os elementos α, β ∈ R:
M1) α [(a1 , a2 ) + (b1 , b2 )] = α(a1 , a2 ) + α(b1 , b2 ) (distributiva da soma com relação ao produto por um escalar);
M2) (α + β)(a1 , a2 ) = α(a1 , a2 ) + β(a1 , a2 ) (distributiva do produto por um escalar com relação à soma).
Observação: conjuntos que têm as propriedades de soma e de produto por um escalar que acabamos de des-
crever são chamados espaços vetoriais e são geralmente estudados em cursos de Álgebra Linear. A Leitura
Complementar 1.1.2 traz um pouco mais de detalhes sobre isto.
A soma e o produto por um escalar podem ser utlizadas simultaneamente, como no exemplo a seguir.
d) Representação vetorial
Um outro conjunto de objetos que apresentam exatamente as mesmas propriedades da soma e produto por
um escalar válidas para o R2 é o conjunto dos vetores em um plano. Vetores podem ser vistos como segmentos
de retas orientados (pedaços de retas com um sentido determinado) que não estão presos a um determinado
lugar do espaço (uma definição mais rigorosa é feita na Leitura Complementar 1.1.3). Podemos representar um
vetor no plano como uma seta partindo da origem (0, 0) e terminando em algum ponto (a, b), como na figura
a seguir.
y Note que há uma correspondência imediata entre um ve-
tor que termina no ponto (a, b) com o próprio elemento de
b b (a, b) ∈ R2 . Por isso, é comum representarmos elementos
do R2 como vetores no plano. Essa representação é par-
ticularmente útil quando queremos mostrar a soma de dois
elementos de R2 ou o produto de um elemento do R2 por
x um escalar geometricamente. Os próximos dois exemplos
a mostram como essas operações podem ser representadas em
termos de vetores em um plano cartesiano.
2 2
1 (4, 1) 1
x x
0 1 2 3 4 5 6 7 0 1 2 3 4 5 6 7
Exemplo 2: represente vetorialmente o par ordenado (3, 2) e o produto dele pelo escalar 2.
Solução: o par ordenado (2, 1) e o seu produto pelo escalar 2, 2(3, 2) = (6, 4) estão representados no gráfico a
seguir. y
4 (6, 4)
3
2 (3, 2)
1
x
0 1 2 3 4 5 6 7
Exemplo 3: represente vetorialmente o par ordenado (4, 1) e o produto dele pelo escalar −1.
Solução: o par ordenado (4, 1) e o seu produto pelo escalar −1, −1(4, 1) = (−4, −1) estão representados no gráfico
a seguir.
y
1 (4, 1)
x
−4 −3 −2 −1 0 1 2 3 4
(−4, −1) −1
Em termos vetoriais, a soma de dois pares ordenados (a1 , a2 ) e (b1 , b2 ) pode ser vista como o resultado da
Cálculo 2 - Capı́tulo 1.1 - O espaço R2 - versão 02/2009 5
chamada regra do paralelogramo dos vetores, que consiste em desenhar representações dos dois vetores com
suas origens no mesmo ponto e, a partir daı́, desenhar um paralelogramo tomando como lados os dois vetores. A
soma dos dois vetores será representada, então, pela diagonal desse paralelogramo. Os vetores no lado esquerdo
e abaixo recebem os nomes ~u, ~v e ~s, uma notação comum quando nos referimos a vetores.
Outra forma de executar graficamente a soma de vetores é colocando um em seguida do outro, como na
figura à direita e abaixo. A resultante parte da origem do primeiro até a extremidade do segundo.
~u
~u ~u
~v ~v
~s
~s
~v
Já o produto por um escalar não altera a direção de um vetor, mas somente modifica o seu comprimento e,
caso o produto seja por um número negativo, também o seu sentido (como mostrado no exemplo 3).
Observação: utilizando o produto por um escalar e a soma, podemos, inclusive, gerar todos os elementos do
R2 a partir de somente dois elementos desse conjunto, como, por exemplo, os elementos (1, 0) e (0, 1). Isto se
faz escrevendo (a1 , a2 ) = a1 (1, 0) + a2 (0, 1). Os conjunto desses dois elementos que geram todos os outros é
chamado de base do espaço R2 e é melhor estudado em cursos de Álgebra Linear.
e) Aplicação
Uma aplicação de pares ordenados (elementos do R2 ) em Economia é a compilação de dados e a sua
representação em um plano cartesiano. O conjunto de pares ordenados a seguir mostra o ı́ndice Dow Jones, que
mede o desempenho da Bolsa de Valores de Nova Yorque, e o Ibovespa, que mede o desempenho da Bolsa de
Valores de São Paulo, para o mês de setembro de 2008. O primeiro elemento de cada par ordenado corresponde
ao ı́ndice Dow Jones e o segundo elemento, ao ı́ndice Bovespa:
(11516, 54404), (11532, 53527), (11188, 51408), (11220, 51939), (11510, 50717), (11230, 48435),
(11268, 49633), (11433, 51270), (11421, 52392), (10917, 48416), (11059, 49228), (10609, 45908),
(11019, 48422), (11388, 53055), (11015, 51540), (10854, 49593), (10825, 49842), (11022, 51828),
(11143, 50782), (10365, 46028), (10850, 49541).
Colocados em um plano cartesiano, como mostrado a seguir (primeiro gráfico à esquerda), esses pares
ordenados revelam uma relação entre os dois ı́ndices, o que fica mais claro quando colocamos, um próximo ao
outro, os gráficos dos dois ı́ndices com relação ao tempo, somente nos dias em que houve negociações (dois
últimos gráficos, abaixo e à direita).
Dow Jones
Ibovespa
b
11.400
b
b
53.000
b
b b 10.800
b
b
b
51.000 b b
b
bb b
10.200 Dia
b 2 3 4 5 8 9 10 11 12 15 16 17 18 19 22 23 24 25 26 29 30
49.000
b b b
Ibovespa
47.000
b b 5.300
4.500 Dia
2 3 4 5 8 9 10 11 12 15 16 17 18 19 22 23 24 25 26 29 30
Cálculo 2 - Capı́tulo 1.1 - O espaço R2 - versão 02/2009 6
Existem ainda meios mais complexos de se aplicar o espaço R2 a dados econômicos ou financeiros. Algums
desses serão vistos nos próximos dois capı́tulos. A Leitura Complementar 1.1.4 mostra como descrever pontos
em um plano cartesiano em termos de coordenadas polares.
Resumo
• Espaço R2 . O espaço R2 é o conjunto de pares ordenados (x, y) tais que x, y ∈ R (o conjunto dos
números reais), ou seja: R2 = {(x, y) | x, y ∈ R}.
• Representação geométrica. Um elemento do R2 , ou seja, um par ordenado (a, b), pode ser
representado graficamente como o ponto de ordenada a e abscissa b em um sistema de coordenadas
cartesiano, como na figura abaixo. y
b b
(a, b)
x
a
• Soma. Dados dois elementos (a1 , a2 ) e (b1 , b2 ) de R2 , então a soma deles é definida como
(a1 , a2 ) + (b1 , b2 ) = (a1 + b1 , a2 + b2 ).
• Propriedades da soma. Dados os elementos (a1 , a2 ), (b1 , b2 ), (c1 , c2 ) ∈ R2 :
S1) (a1 , a2 ) + (b1 , b2 ) ∈ R2 (o conjunto R2 é fechado quanto à soma);
S2) (a1 , a2 ) + (b1 , b2 ) = (b1 , b2 ) + (a1 , a2 ) (comutativa);
S3) [(a1 , a2 ) + (b1 , b2 )] + (c1 , c2 ) = (a1 , a2 ) + [(b1 , b2 ) + (c1 , c2 )] (associativa);
S4) ∃ (0, 0) ∈ R2 tal que (a1 , a2 ) + (0, 0) = (a1 , a2 ) (existência do elemento neutro).
• Produto por um escalar. Dado um elemento (a1 , a2 ) ∈ R2 e um elemento α ∈ R, definimos o
produto desse elemento pelo escalar α como α(a1 , a2 ) = (αa1 , αa2 ).
• Propriedades do produto por um escalar. Dados dois elementos (a1 , a2 ), (b1 , b2 ) ∈ R2 e os
elementos α, β ∈ R:
P1) α(a1 , a2 ) ∈ R2 (o conjunto R2 é fechado quanto ao produto por um escalar);
P2) α [β(a1 , a2 )] = (αβ)(a1 , a2 ) (associativa);
P3) para o elemento 1 ∈ R, 1(a1 , a2 ) = (a1 , a2 ) (existência do elemento neutro).
• Propriedades mistas. Dados elementos (a1 , a2 ), (b1 , b2 ) ∈ R2 e os elementos α, β ∈ R:
M1) α [(a1 , a2 ) + (b1 , b2 )] = α(a1 , a2 ) + α(b1 , b2 ) (distributiva da soma com relação ao produto por um
escalar);
M2) (α + β)(a1 , a2 ) = α(a1 , a2 ) + β(a1 , a2 ) (distributiva do produto por um escalar com relação à
soma).
• Representação vetorial. Um elemento (a, b) do R2 pode ser representado por meio de um vetor,
onde a representação do vetor é uma seta que parte da origem e que termina nas coordenadas do
elemento do R2 . y
b b
x
a
Cálculo 2 - Capı́tulo 1.1 - O espaço R2 - versão 02/2009 7
a) Corpo
Um corpo é basicamente um conjunto cujos elementos se comportam aproximadamente como os números
reais. Para definir um corpo, precisamos de uma operação de soma e uma operação de multiplicação, de modo
que um corpo é um conjunto munido dessas duas operações. Por isso, frequentemente designamos um corpo pelo
sı́mbolo (K, +, ·). No entanto, é comum designarmos um corpo simplesmente por K. Por exemplo, podemos
designar o corpo dos reais como (R, +, ·), só que é mais frequente chamá-lo simplesmente R.
As operações de soma e produto são definidas de modo que, se a e b pertencem ao conjunto K, então a + b
e a · b também têm que pertencer ao conjunto K. A definição completa é feita a seguir.
Como ilustração, vamos tentar montar um corpo com o menor número de elementos possı́vel. Como um
corpo tem que ter os números 0 e 1, podemos começar considerando o conjunto {0, 1}, formado somente por
esses dois números. Este conjunto não é um corpo, pois não existe nele a inversa por adição (o número −1 não
faz parte desse conjunto). Adicionando −1, temos {−1, 0, 1}, que também não é um corpo, pois, por exemplo,
1 + 1 = 2, que não faz parte do conjunto. Seguindo esse raciocı́nio, podemos ver que um corpo não pode ser
definido para um número finito de elementos caso sejam utilizadas as operações usuais de soma e multiplicação
(no entanto, isto pode mudar caso alteremos essas duas operações).
Também de acordo com essa definição, o conjunto dos números naturais, N = {0, 1, 2, · · · }, munido da
soma e multiplicação usuais, não é um corpo, pois não possui as propriedades S5 e P5. O número 2, por
exemplo, pertence aos naturais, mas sua inversa quanto à soma, −2, ou sua inversa por multiplicação, −1/2,
não pertencem a esse conjunto.
De forma semelhante, o conjunto dos números inteiros, Z = {· · · , −2, −1, 0, 1, 2, · · · }, munido da soma e
Cálculo 2 - Capı́tulo 1.1 - O espaço R2 - versão 02/2009 8
multiplicação usuais, também não é um corpo, pois não possui a propriedade P5: o número 2 pertence a Z e
também o seu inverso quanto à soma pertence a Z, mas não seu inverso quanto à multiplicação, 1/2.
Já o conjunto dos números racionais é um corpo, pois possui todas as propriedades de soma e de produto
necessárias. Outros exemplos de corpos são o conjunto dos números reais, R, e o conjunto dos números
complexos, C, munidos√ de √suas operações soma
√ e produto usuais. O conjunto dos números irracionais não pode
ser um corpo, pois 2 · 2 = 2, sendo que 2 pertence a esse conjunto mas 2 não pertence aos irracionais.
De modo semelhante, o conjunto dos números imaginários
√ puros (não confundir com o conjunto dos números
complexos) não é um corpo, pois o número i = −1 pertence a esse grupo, mas o produto i · i = −1, não.
Chamaremos rotineiramente os elementos de um corpo de escalares.
b) Corpo ordenado
O conjunto dos reais, munido da soma e do produto usuais, além de ser um corpo apresenta ainda outras
prorpiedades, como a de ser ordenado, o que significa que podemos estabelecer uma relação de ordem entre seus
elementos (por exemplo, 10 é maior que 8). Para podermos definir um corpo ordenado, precisamos primeiro
definir de forma mais rigorosa o que significa uma relação de ordem.
Definição 2 - Dada um conjunto K, então uma relação ≤ entre dois elementos de K é uma relação
de ordem parcial se, para quaisquer α, β, γ ∈ K tivermos:
O1) α ≤ α (reflexiva);
O2) se α ≤ β e β ≤ α, então α = β (anti-simétrica);
O3) se α ≤ β e β ≤ γ, então α ≤ γ (transitiva).
A relação de ordem necessária para definir um corpo ordenado tem que ter mais algumas propriedades, o
que a caracteriza como uma relação de ordem total, definida a seguir.
Definição 3 - Dada um conjunto K, então uma relação de ordem parcial ≤ entre dois elementos de
K, essa é uma relação de ordem total se, para quaisquer α, β ∈ K tivermos:
O4) α ≤ β ou β ≤ α (o “ou” utilizado é o inclusivo).
Definição 4 - Um corpo {K, +, ·} é um corpo ordenado se existir uma relação de ordem total α ≤ β
entre dois elementos de K tais que:
S1) α ≤ β ⇒ α + γ ≤ β + γ se γ ∈ K (compatı́vel com a soma);
S2) se 0 ≤ α e 0 ≤ β, então 0 ≤ α · β (compatı́vel com o produto).
De acordo com esta definição, o corpo dos números complexos, C, não é um corpo ordenado (qual é maior,
2 + i ou 2 − i ?). Já os corpos Q e R são corpos ordenados. Corposo ordenados apresentam ainda outras
propriedades decorrentes destas.
Exemplo 1: considere um subconjunto de R (um intervalo) dado por [1, 2] = {x ∈ R | 1 ≤ x ≤ 2}. Um li-
mitante superior dele é qualquer elemento de L ∈ R tal que 2 ≤ L.
√ √
Exemplo 2: considere um subconjunto de R dado pelo intervalo aberto ]−1, 2[= x ∈ R | − 1 < x < 2 .
√
Um limitante superior dele é qualquer elemento de L ∈ R tal que 2 ≤ L.
√ √
Exemplo 4: dado o intervalo ] − 1, 2[⊂ R, o seu supremo é o número 2.
√
Exemplo 6: o intervalo ] − 1, 2[⊂ R não tem máximo.
De modo semelhante, podemos definir os conceitos análogos de limitante inferior, ı́nfimo e mı́nimo, o que é
feito nas definições a seguir.
Exemplo 1: o conjunto dos números racionais munido da soma e do produto usuais, não é um corpo ordena-
do completo.
Para√mostrar
isto, basta um contra-exemplo: consideremos o subconjunto de Q dado por
A = x ∈ Q | x ≤ 2 . Tal subconjunto é limitado superiormente (por exemplo, pelo número 2 ∈ Q), mas
√
não possui supremo, pois ele seria dado pelo número irracional 2.
Na verdade, o conceito de corpo ordenado completo limita bastante o tipo de conjunto que satisfaz as
condições dessa definição. Nós assumiremos que existe um corpo ordenado completo e que esse corpo é dado
pelo conjunto dos números reais munido das operações de soma e de produto e da relação de ordem total ≤.
e) Postulado de Cantor-Dedekind
Seguem agora três teoremas importantes na determinação de uma propriedade interessante dos números
reais e que é relacionada ao conceito de limite. Começamos mostrando que o conjunto dos números naturais,
N, não é limitado superiormente mas é limitado inferiormente pelo número 0.
Demonstração: vamos provar esse teorema por absurdo. Vamos supor que N seja limitado superiormente. Isto
implica que existe um ponto c = sup N. Sendo assim, c é a menor das cotas superiores de N, de modo que c − 1 não
pode ser cota superior desse conjunto.
Se este for o caso, existe um n ∈ N tal que c − 1 < n ⇔ c < n + 1, de modo que c não pode ser cota superior de
N. Isto é uma contradição que mostra que a hipótese está errada e que N não pode ser limitado superiormente.
1
Teorema 2 - O ı́nfimo do conjunto X = n ; n ∈ N é igual a 0.
Demonstração: temos que provar que 0 é a maior das cotas inferiores de X. Levando em conta que
1 1 1
X= 1, , , , · · · ,
2 3 4
0 é uma cota inferior desse conjunto. Resta provar que ele é a maior das cotas inferiores.
Tomando um c > 0, vamos mostrar que ele não pode ser cota inferior de X. Se o fosse, isto implicaria que c < n1
para qualquer n ∈ N. No entanto, c < n1 ⇔ 1c > n para todo n ∈ N. Isto contradiz o teorema 7, que diz que o
conjunto N não é limitado superiormente. Portanto, 0 é a maior das cotas inferiores de X e, portanto, é o seu ı́nfimo.
b
Demonstração: se N não é limitado, então sempre podemos obter um n ∈ N tal que n > a ⇔ n · a > b, pois
a > 0. Isto prova o teorema.
Consideremos agora a reta dos reais. Nessa reta, escolhemos alguns números a1 , a2 , · · · , an , · · · e outros
números b1 , b2 , · · · , bn , · · · de modo que a1 ≤ a2 ≤ a3 ≤ · · · ≤ b3 ≤ b2 ≤ b1 .
Cálculo 2 - Capı́tulo 1.1 - O espaço R2 - versão 02/2009 11
[ [ [ [ ] ] ] ]
a1 a2 ··· an−1 an · · · bn bn−1 ··· b2 b1
Podemos construir com esses números os seguintes intervalos: I1 = [a1 , b1 ], I2 = [a2 , b2 ], · · · , In = [an , bn ] e
assim por diante, sendo cada intervalo menor que o outro. Se prosseguimos indefinidamente, a intuição nos diz
que acabaremos chegando a um intervalo de comprimento zero que se reduz a um único número real.
Na verdade, podemos usar√esses intervalos encaixantes para definir um número real qualquer. Por exemplo,
podemos dizer que o número 2 é o limite dos intervalos encaixantes
De modo semelhante, o número 0 pode ser definido como o limite infinito dos intervalos encaixantes
1 1 1 1 1 1
I1 = [−1, 1] , I2 = − , , I3 = − , , I4 = − , , ··· .
2 2 3 3 4 4
I1 ⊃ I2 ⊃ I3 ⊃ · · · ⊃ In ⊃ · · · ,
Note que o que foi provado pelo teorema 4 é que haveria pelo menos um ponto c tal que c ∈ In para todo
n ∈ N. É outra coisa afirmar que só existe um ponto com tal propriedade.
Georg Ferdinand Ludwig Philipp Cantor (1845-1918): grande matemático russo. Nasceu em São Petersburgo,
Rússia, e mudou-se com sua famı́lia para a Alemanha quando tinha 11 anos de idade. Lá estudou filosofia, fı́sica
e matemática. Aos 27 anos interessou-se pela idéia de infinito. Trabalhou com conjuntos infinitos e criou a teoria
dos conjuntos. Em seus estudos, criou uma hierarquia para os vários tipos de infinito e foi o primeiro a introduzir
a idéia de números transfinitos.
Cálculo 2 - Capı́tulo 1.1 - O espaço R2 - versão 02/2009 12
Julius Wilhelm Richard Dedekind (1831-1916): Richard Dedekind nasceu na cidade de Bruswick, na época
parte do condado de Braunschweig, na atual Alemanha. Seus primeiros interesses foram as ciências naturais, mas
ele logo se decepcionou com a falta que elas tinham de uma estrutura lógica adequada. Sua atenção voltou-se, então
à matemática. Estudou com grandes nomes na Universidade de Göttingen e acabou por ensinar no mesmo colégio
em que seu pai havia sido professor, em sua cidade natal, onde residiu com uma irmã, sendo ambos solteiros, até
a sua morte. Quando ensinava Cálculo Diferencial e Integral, sentiu que não havia uma definição rigorosa do que
é um número real e inventou o chamado corte de Dedekind, pelo qual definia rigorosamente números racionais e
números irracionais. Dedekind também fez muitas contribuições a diversas outras áreas da matemática e a clareza
de suas demonstrações influenciou gerações de matemáticos.
Cálculo 2 - Capı́tulo 1.1 - O espaço R2 - versão 02/2009 13
As propriedades da soma são internas ao conjunto V . Já as operações envolvendo o produto por um escalar
são externas a V , pois envolvem também o corpo K dos escalares. Vamos parar por aqui e explorar melhor
esta definição no próximo capı́tulo.
Os elementos de um espaço vetorial, em analogia com o espaço dos vetores, são chamados de vetores. De
acordo com a definição 1, um espaço vetorial tem que ter um vetor nulo, que é o elemento neutro quanto à
soma, e que representaremos por 0. Já o elemento neutro quanto ao produto entre vetores não é necessário à
construção de um espaço vetorial. Tentemos montar o menor espaço vetorial possı́vel considerando o conjunto
cujo único elemento é o vetor 0: {0}. Apesar desse conjunto não ser um corpo, ele é um espaço vetorial definido
sobre R, pois 0 + 0 = 0, que pertence a {0}, e α · 0 = 0 pertence a {0} para qualquer α ∈ R. Além disso,
o elemento único desse conjunto apresenta todas as propriedades de um espaço vetorial, como é mostrado a
seguir.
Exemplo 1: verifique se o conjunto {0} sobre o corpo R, onde a operação de soma é definida por 0 + 0 = 0
e o produto por um elemento de R (produto por um escalar) é dado por α · 0 = 0 é um espaço vetorial.
Solução: para que {0} sobre R seja um espaço vetorial, temos que mostar que esse conjunto satisfaz todas as
propriedades necessárias.
• Propriedades da soma: para todo elemento 0 ∈ {0}, temos
S1) 0 + 0 = 0 ∈ {0} (fechado quanto à soma);
S2) 0 + 0 = 0 + 0 (comutativa);
S3) 0 + (0 + 0) = 0 + 0 = (0 + 0) + 0 (associativa);
Cálculo 2 - Capı́tulo 1.1 - O espaço R2 - versão 02/2009 14
S4) existe 0 ∈ {0} tal que 0 + 0 = 0 (elemento neutro);
S5) para todo 0 ∈ {0} existe um −0 = 0 ∈ {0} tal que −0 + 0 = 0 (elemento inverso).
• Propriedades do produto: para 0 ∈ {0} e para qualquer elemento α ∈ R, temos
P1) α · 0 = 0 ∈ {0} (fechado quanto ao produto por um escalar);
P2) α(β · 0) = α · 0 = 0 = β · 0 = β(α · 0) (associativa);
P3) para 1 ∈ R, 1 · 0 = 0 (elemento neutro).
• Propriedades mistas: para 0 ∈ {0} e para quaisquer α, β ∈ R, temos
M1) α(0 + 0) = α · 0 = 0 = 0 + 0 = α · 0 + α · 0 (distributiva da soma com relação ao produto por um escalar);
M2) (α + β)0 = 0 = 0 + 0 = α · 0 + β · 0 (distributiva do produto por um escalar com relação à soma).
Portanto, {0} sobre R é um espaço vetorial.
Podemos, agora, considerar o conjunto {0, 1} com as operações-padrão de soma e produto por um escalar e
verificar se ele é um espaço vetorial. Isto não é verdade, pois 1 + 1 = 2 6∈ {0, 1}. Do mesmo modo, o conjunto
{−1, 0, 1} também não é um espaço vetorial.
O conjunto N = {0, 1, 2, · · · } dos números naturais não é um espaço vetorial, pois não tem um elemento
inverso quanto à soma para todos os seus elementos. Já o conjunto Z = {· · · , −2, −1, 0, 1, 2, · · · } dos números
inteiros, que tem um elemento inverso quanto à soma para qualquer um de seus elementos, não é um espaço
vetorial se ele for definido sobre o corpo R dos reais, pois, por exemplo, 21 · 1, onde 21 ∈ R e 1 ∈ Z, não pertence
a Z, de modo que ele não é fechado com relação ao produto escalar. Mesmo que o produto escalar seja definido
sobre o corpo Q dos números racionais, o conjunto Z não será fechado quanto ao produto por um escalar. Como
Z não é um corpo, não podemos definir Z sobre Z.
Já o conjunto Q, quando definido sobre ele mesmo como corpo, é um espaço vetorial, pois ele satisfaz todas
as propriedades necessárias para tal. Isto pode ser visto analisando as propriedades de um corpo. Da mesma
forma, o conjunto R sobre R também é um espaço vetorial.
Também podemos dizer que R2 é um espaço vetorial quando definido sobre o corpo R, o que é demonstrado
a seguir.
Exemplo 2: verifique se o conjunto dos pares ordenados, R2 = {(x1 , x2 ) | x1 , x2 ∈ R}, sobre o corpo R, é
um espaço vetorial, onde a operação de soma é definida por (a1 , a2 ) + (b1 , b2 ) = (a1 + b1 , a2 + b2 ) e o produto
por um elemento de R (produto por um escalar) é dado por α(a1 , a2 ) = (αa1 , αa2 ).
Solução: para que R2 sobre R seja um espaço vetorial, temos que mostrar que esse conjunto satisfaz todas as
propriedades necessárias.
• Propriedades da soma: para quaisquer elementos a, b, c ∈ R2 , temos
S1) a + b = (a1 , a2 ) + (b1 , b2 ) = (a1 + b1 , a2 + b2 ) ∈ R2 (fechado quanto à soma);
S2) a + b = (a1 , a2 ) + (b1 , b2 ) = (a1 + b1 , a2 + b2 ) = (b1 + a1 , b2 + a2 ) = (b1 , b2 ) + (a1 , a2 ) = b + a (comutativa);
S3) a + (b + c) = (a1 , a2 ) + [(b1 , b2 ) + (c1 , c2 )] = (a1 , a2 ) + (b1 + c1 , b2 + c2 ) = (a1 + b1 + c1 , a2 + b2 + c2 ) =
= (a1 + b1 , a2 + b2 ) + (c1 , c2 ) = [(a1 , a2 ) + (b1 , c2 )] + (c1 , c2 ) = (a + b) + c (associativa);
S4) existe o par ordenado 0 = (0, 0) tal que, para qualquer a ∈ R2 , 0 + a = a (elemento neutro);
S5) para todo a = (a1 , a2 ) existe um −a = (−a1 , −a2 ) tal que (−a) + a = (−a1 + a1 , −a2 + a2 ) = (0, 0) = 0
(elemento inverso).
• Propriedades do produto: para quaisquer elementos a, b ∈ R2 e para quaisquer elementos α, β ∈ R, temos
P1) αa = α(a1 , a2 ) = (αa1 , αa2 ) ∈ R2 (fechado quanto ao produto por um escalar);
P2) α(βa) = α(βa1 , βa2 ) = (αβa1 , αβa2 ) = (αβ)(a1 , a2 ) = (αβ)a (associativa) ;
P3) para o número 1 ∈ R, 1 · a = 1 · (a1 , a2 ) = (a1 , a2 ) = a (elemento neutro).
• Propriedades mistas: para quaisquer a, b ∈ R2 e α, β ∈ R, temos
M1) α(a + b) = α(a1 + b1 , a2 + b2 ) = (α(a1 + b1 ), α(a2 + b2 )) = (αa1 + αb1 , αa2 + αb2 ) = (αa1 , αa2 ) + (αb1 , αb2 ) =
= αa + αb (distributiva da soma com relação ao produto escalar);
M2) (α + β)a = ((α + β)a1 , (α + β)a2 ) = (αa1 + βa1 , αa2 + βa2 ) = (αa1 , αa2 ) + (βa1 , βa2 ) = αa + βa (distributiva
do produto escalar com relação à soma).
Portanto, R2 sobre R é um espaço vetorial.
Cálculo 2 - Capı́tulo 1.1 - O espaço R2 - versão 02/2009 15
A b
C b
F b
Cálculo 2 - Capı́tulo 1.1 - O espaço R2 - versão 02/2009 16
M b
O b b
P R b
Uma vez estabelecida uma direção, um segmento orientado pode ter dois sentidos.
b
B D b
E b
H b
A b
C b
Exemplo 7: os segmentos IJ e KL não têm a mesma direção. Portanto, não podemos comparar os seus
sentidos.
b
J
I b
K b b
L
Dois segmentos orientados são equipolentes se eles tiverem o mesmo módulo, a mesma direção e o mesmo
sentido. Dados dois segmentos orientados AB e CD equipolentes, escrevemos AB ∼ CD.
A b
C b G b
E b
Exemplo 10: IJ 6∼ KL, pois estes não têm Exemplo11: M N 6∼ OP , pois estes não têm
o mesmo sentido. a mesma direção.
b
J b
K b
N
I b
L b
M b
P b b
O
b) Vetores
Um segmento orientado está preso a um determinado local do espaço. Para que possamos definir conceitos
como a soma, precisamos de objetos que não estejam fixados. A definição a seguir, baseada em segmentos de
reta orientados, consegue fazer isto definindo um novo objeto: o vetor.
Cálculo 2 - Capı́tulo 1.1 - O espaço R2 - versão 02/2009 17
−−
→
Dado um segmento orientado AB, o vetor AB é o conjunto de todos os
segmentos orientados equipolentes a AB, isto é,
−
−→
AB = {XY | XY ∼ AB}.
−−→
O módulo de um vetor, designado |AB|, é o módulo de qualquer um de seus segmentos orientados. De
modo semelhante, a direção e o sentido de um vetor são a direção e o sentido de qualquer um de seus segmentos
orientados.
Vetores no plano podem ser representados como setas partindo da origem em um gráfico de eixos cartesianos,
como mostrado no texto principal deste capı́tulo. Com isto, terminamos nossa definição de vetores.
Cálculo 2 - Capı́tulo 1.1 - O espaço R2 - versão 02/2009 18
y0 b b
x θ x
x0
b
2 b
30o x 135o
1 x
Usando um pouco de trigonometria, podemos estabelecer uma relação entre o sistema de coordenadas carte-
siano e o sistema de coordenadas polares. Considerando a primeira figura a seguir, que representa graficamente
a posição de um ponto de coordenadas cartesianas (x, y) e de coordenadas polares (r, θ), observa-se que podemos
extrair dela um triângulo retângulo de lados x e y e de hipotenusa r (segunda figura a seguir).
y
y b
r r y
θ x θ ·
x x
θ, temos
y
⇔ r sen θ = y ⇔ y = r sen θ .
sen θ =
r
Assim, pudemos calcular as componentes do vetor sabendo o seu módulo e o seu ângulo de inclinação. A seguir,
mostramos alguns exemplos de cálculo desse tipo.
Exemplo 1: escreva o ponto de coordenadas polares (3, 60o ) em termos de coordenadas cartesianas.
√ √
1 3 3 3 3
Solução: x = r cos θ = 3 cos 60o = 3 · = ; y = r sen θ = 3 sen 60o = 3 · = .
2 3 2 2
Exemplo 2: escreva o ponto de coordenadas polares (2, −45o ) em termos de coordenadas cartesianas.
√ √
2 √ 2 √
Solução: x = r cos θ = 2 cos (−45o ) = 2 · = 2 ; y = r sen θ = 2 sen (−45o) = 2 · = 2.
2 2
O caminho inverso pode ser feito escrevendo pontos com coordenadas cartesianas em termos de coordenadas
polares. Começamos escrevendo
y
θ = arctg .
x
Exemplo 3: escreva o ponto de coordenadas cartesianas (1, −1) em termos de coordenadas polares.
√ √
p y −1
2 2
Solução: r = x + y = 1 + 1 = 2 ; θ = arctg = arctg = arctg (−1) = −45o .
x 1
Nı́vel 1
Espaço R2
x
0 1 2
−1 b
x
0 1 2
−1
x
0 1 2 3
x −1 −1
0 1 2
Cálculo 2 - Capı́tulo 1.1 - O espaço R2 - versão 02/2009 21
Soma
Exemplo 6: dados os elementos (−3, 4) e (2, −1) do R2 , calcule 3(−3, 4) − 2(2, −1).
Solução: 3(−3, 4) − 2(2, −1) = (−9, 12) − (4, −2) = (−13, 14).
Nı́vel 2
E1) Encontre os valores de α e β tais que α(1, −2) + β(3, −1) = (−1, −1).
E2) (Leitura Complementar 1.1.4) Um elemento do R2 é dado, em coordenadas polares, por (r, θ) = (4, 30o ).
Calcule esse elemento em coordenadas cartesianas.
E3) (Leitura Complementar 1.1.4) Um elemento do R2 é dado, em coordenadas cartesianas, por (x, y) = (4, 4).
Calcule esse elemento em coordenadas polares.
Nı́vel 3
E1) Dado o triângulo ABC abaixo, onde M é o ponto médio do lado AC e N é o ponto médio do lado BC,
prove que M N é paralelo a AB e que o seu comprimento é metade do comprimento de AB. Use, para isso, a
notação vetorial de um ponto no plano cartesiano.
M N
A B
Cálculo 2 - Capı́tulo 1.1 - O espaço R2 - versão 02/2009 22
E2) Dado o triângulo ABC abaixo, onde M é o ponto médio do lado AB, mostre que o comprimento da reta
AM é igual à metade da soma dos comprimentos dos lados CA e CB. Use, para isso, a notação vetorial de um
ponto no plano cartesiano.
A
C B
E3) Prove que as diagonais de um paralelogramo cortam-se ao meio. Use, para isso, a notação vetorial de um
ponto no plano cartesiano.
E4) (Leitura Complementar 1.1.1) Verifique se os seguintes conjuntos, onde são definidas as operações de soma
e de multiplicação, são corpos:
a) {−1, 0, 1}. b) conjunto N dos números naturais. c) conjunto Z dos números inteiros.
d) conjunto Q dos números racionais.
E5) (Leitura Complementar 1.1.2) Verifique se os seguintes conjuntos, onde são definidas as operações de soma
e de produto por um escalar (onde o escalar pertence ao conjunto dos números reais), são espaços vetoriais:
a) {0, 1}.
b) conjunto de todos os polinômios de grau ≤ n: pn (x) = {a0 +a1 x+a2 x2 +· · ·+an xn | a0 , a1 , a2 , · · · , an ∈ R}.
a11 · · · a1n
.. .
c) conjunto de todas as matrizes m × n: Mm×n = . ..
| a11 , · · · , amn ∈ R .
am1 · · · amn
E6) (Leitura Complementar 1.1.2) Verifique se os seguintes conjuntos, com as operações de soma e multiplicação
por um escalar dadas, são espaços vetoriais.
a) Conjunto R com a soma x + y = x + ky, k ∈ R, e o produto por um escalar usual, αx = αx.
b) Conjunto R com a soma x + y = xy e o produto por um escalar αx = xα .
c) Conjunto R2 com a soma (x1 , y1 ) + (x2 , y2 ) = (x1 + kx2 , y1 + ky2 ), onde k ∈ R, e o produto por um escalar
usual, α(x1 , y1 ) = (αx1 , αy1 ).
d) Conjunto R2 com a soma usual, (x1 , y1 )+ (x2 , y2 ) = (x1 + x2 , y1 + y2 ), e o produto por um escalar α(x1 , y1 ) =
= (αx1 , 0).
e) Conjunto R2 com a soma (x1 , y1 ) + (x2 , y2 ) = (y1 + y2 , x1 + x2 ) e o produto por um escalar usual, α(x1 , y1 ) =
= (αx1 , αy1 ).
Respostas
Nı́vel 1
y y y
E1) a) b) c) y , d)
3 b
b 1 x
0
b
x −1 0
2
x 1 2 −1
−2 −1 0 b
1 −2
0
x
1 2
Cálculo 2 - Capı́tulo 1.1 - O espaço R2 - versão 02/2009 23
y y y
E2) a) b) c) y , d)
3 1 x
0
x −1 0
2
x 1 2 −1
−2 −1 0
1 −2
0
x
1 2
E3) a) (2, 1). b) (3, −1). c) (−2, −1). E4) a) (4, 6). b) (3, 12). c) (0, 0).
√ √
E5) a) (2, 6). b) (6, −12). c) 2 3, 6 3 . E6) a) (5, 18). b) (−3, 19). c) (1, 21).
Nı́vel 2
√ √
E1) α = 2 e β = −1. E2) (x, y) = 2 3, 2 . E3) (r, θ) = 4 2, 45o .
Nı́vel 3
−−→ 1 − −→ −−→
E1) Em termos vetoriais, temos que mostrar que M N = AB. Utilizando a soma de vetores, sabemos que M N =
2
−−→ −−→ −−→ 1 −→ −−→ 1 −−→
= M C + CN . Sendo M o ponto médio do lado AC e N o ponto médio do lado BC, então M C = AC e CN = CB.
2 2
−−→ 1 −→ 1 −−→ 1 −→ −−→ 1 − −
→
Portanto, M N = AC + CB = AC + CB = AB.
2 2 2 2
−−→ 1 −→ −−→ −−→ 1 − −→
E2) Em termos vetoriais, temos que mostrar que CM = CA + CB . Sabemos que AM = AB. Pela soma de
2 2
−−→ −→ −−→ −→ 1 −− → −
−→ −−→ − −
→ −−→ −→ 1 −−→ 1 −→ 1 −→ 1 −−→
vetores, CM = CA + AM = CA + AB. Como AB = CB − BA, então CM = CA + CB − CA = CA + CB =
2 2 2 2 2
1 −→ −−→
= CA + CB .
2
E3) Considere o paralelogramo ABCD abaixo.
D C
A B
−−→ 1 −→
Vamos chamar de M o ponto médio da diagonal AC e de N o ponto médio da diagonal BD. Portanto, AM = AC
2
−−→ 1 −−→ −−→ − −→ 1 −−→ − −
→ 1 −− → −−→ −→ 1 −−
− → 1 −−→
e BN = BD. Sabemos, também, que AN = AB + BD = AB + BA + AD = AB − AB + AD =
2 2 2 2 2
1 −−
→ −−→ 1 −
−→ −−→ 1 −→ −−→
= AB + AD = AB + BC = AC = AM . Sendo assim, os pontos M e N coinsidem e as diagonais do paralelo-
2 2 2
gramo cortam-se ao meio.
E4) a) Não é um corpo. b) Não é um corpo. c) Não é um corpo. d) É um corpo.
E5) a) Não é um espaço vetorial. b) é um espaço vetorial. c) é um espaço vetorial. d) É um espaço vetorial.
E6) a) Não é um espaço vetorial. b) É um espaço vetorial. c) Não é um espaço vetorial.
d) Não é um espaço vetorial. e) Não é um espaço vetorial.