Ludico
Ludico
Ludico
Islânia Oliveira1
Magda Vanessa Teixeira2
Naelle Costa3
RESUMO
ABSTRACT
Play is essential in early childhood education, games and play provide meaningful learning
because they develop the personal, social and cultural characteristics of the child. Play can be
conducted regardless of time, space or object, providing the child to create, recreate, invent
and use their imagination to make the school space attractive. This work sought through a
bibliographic research to highlight the relevance of the ludic to learning and development in
early childhood education. Thus the general objective is to reflect on the importance of
playfulness in the teaching-learning process in early childhood education. In this context,
specific objectives were set in order to identify and understand the benefits of play activities
for children in early childhood education. The theoretical basis is based on authors such as:
ALMEIDA (2009), HUIZINGA (1996), VIGOTSKY (2003) among others.
1 INTRODUÇÃO
A ludicidade é utilizada e debatida cada vez mais no ensino infantil pelos profissionais
em educação. O brincar associado ao educar proporciona as crianças a assimilação de
conteúdos e seu desenvolvimento social, cognitiva e afetiva. O lúdico abrange todas as
categorias do brincar, sendo eles os jogos, a brincadeira e o brinquedo. O presente artigo tem
como objetivo geral: Refletir sobre a importância da ludicidade no processo de ensino
aprendizagem na educação infantil. Com o intuito de auxiliar na investigação traçaram-se os
objetivos específicos da seguinte forma: Identificar e Compreender os benefícios das
atividades lúdicas para as crianças do ensino infantil.
1
Universidade Federal Do Piauí/DMTE. E-mail: [email protected]
2
Universidade Federal Do Piauí/DMTE. E-mail: [email protected]
3
Universidade Federal Do Piauí/DMTE. E-mail: [email protected]
P á g i n a | 62
ISSN 2447-5017 - Volume 8 - Número 1 - Jan/Jun. de 2022
O termo lúdico traz duas significações, segundo Ferreira (1986) “relativo a jogo ou
divertimento” e “que serve para divertir ou dar prazer”. O lúdico é um adjetivo masculino
com sua origem no latim ludus; Após várias pesquisas de psicomotricidade, isto é, uma
ciência que tem como objeto de estudo o homem através do seu corpo em movimento e em
relação ao seu mundo interno e externo, sua prática evoluiu e deixou de ser considerada
apenas o sentido do jogo.
A evolução semântica da palavra “lúdico”, entretanto, não parou apenas nas suas
origens e acompanhou as pesquisas de Psicomotricidade. O lúdico passou a ser
reconhecido como traço essencial de psicofisiologia do comportamento humano. De
modo que a definição deixou de ser o simples sinônimo de jogo. As implicações da
necessidade lúdica extrapolam as demarcações do brincar espontâneo. (ALMEIDA,
2009, p. 1)
Dessa forma, a atividade lúdica passa a envolver não somente o resultado, mas o
divertimento, o prazer e a interação entre as crianças. Acredita-se, portanto, que a ludicidade
em sala de aula abre espaço para o divertimento e para o ato criativo.
Vygotsky (1998), um dos representantes mais importantes da psicologia histórico-
cultural, partiu do princípio que o sujeito se constitui nas relações com os outros, por meio de
atividades caracteristicamente humanas, que são mediadas por ferramentas técnicas e
semióticas. Diante desta perspectiva, a brincadeira infantil assume uma posição privilegiada
para a análise do processo de constituição do sujeito, rompendo com a visão tradicional de
que ela é uma atividade natural de satisfação de instintos infantis.
Conforme Warschauer (1993, p. 32), “viver o lúdico na sala de aula significa também
desvelar as regras do jogo da escola”. Esse desvelamento deve proporcionar à criança a
descoberta de mundo novo, onde ela possa desenvolver seu potencial e descobrir a si mesma
todos os dias.
P á g i n a | 63
ISSN 2447-5017 - Volume 8 - Número 1 - Jan/Jun. de 2022
O brinquedo deve ser desconsiderado como objeto propulsor de percepções reais, apesar
de por diversas vezes ser abordado como fator imaginário em crianças bem pequenas, é a
partir disso e no decorrer do amadurecimento infantil que as percepções vão se transformando
com a influência do brinquedo, uma vez que mediante a apresentação de objetos a criança
como dita, desenvolve suas percepções. Como enfatiza Vygotsky:
[...] um aspecto especial da percepção humana, que surge muito cedo na vida da
criança, é a assim chamada percepção dos objetos reais, ou seja, não somente a
percepção de cores e formas, mas também de significados. (VYGOTSKY, 1994, p.
65)
Na escola, a criança através da interação com o ambiente físico e social, com objetos,
colegas e professor permite o estímulo de uma autonomia que promove uma aprendizagem
em ordem cognitiva, social e em outros diversos aspectos. Cruz e Santos (apud KNELLER,
1999, p. 112) apresenta da seguinte forma o seu ponto de vista sobre o contato da criança em
suas brincadeiras e a fantasia:
Em relação à criança, é preciso que ela dê vazão a sua fantasia, a seus sonhos, pois
sem isto estará limitada ao mundo da razão, desempenhando rotinas, resolvendo
problemas e executando ordens, tendo sua expressão e criatividade limitadas. A
criança sem a fantasia do brincar jamais terá o encanto, o mistério e a ousadia dos
sonhadores, que só a emoção proporciona.
É no espaço físico que o aluno do ensino infantil estabelece relações com o mundo, pois
os mesmos fazem parte da rotina diária e contribui tanto para a socialização, quanto para a
aprendizagem. O professor que atua nessa etapa de ensino deve buscar as mais diferenciadas
formas de ludicidade capazes de proporcionar aos alunos atividades desafiadoras e
expressivas que valorizem o potencial individual e coletivo de cada um.
Hank (2006, p. 2), explica que buscando uma perspectiva de sucesso para o
desenvolvimento e aprendizagem do educando no contexto da educação infantil o espaço
físico torna-se um elemento indispensável a ser observado.
Por isso, os espaços físicos devem ser organizados para proporcionar prazer, por isto
deve ser acolhedor para estimular os sentimentos da criança. A autora complementa que:
P á g i n a | 66
ISSN 2447-5017 - Volume 8 - Número 1 - Jan/Jun. de 2022
A organização deste espaço deve ser pensada tendo como princípio oferecer um
lugar acolhedor e prazeroso para a criança, isto é, um lugar onde as crianças possam
brincar, criar e recriar suas brincadeiras sentindo-se assim estimuladas e
independentes. (HANK, 2006, p. 2)
Assim sendo, o espaço físico está diretamente ligado ao ambiente em que a criança vive, por
isto é indispensável para a aprendizagem, pois através dele é possível estabelecer relações
entre o ensino e a aprendizagem do aluno que se tornam significativas e de qualidade.
O brincar é importante na construção do conhecimento, desenvolve a linguagem, os
jogos oportunizam e favorecem a superação, desenvolve a solidariedade introduzida no
compartilhamento dos brinquedos e dos jogos, Kishimoto (2014, p. 83) “[...] o brincar torna-
se um dos temas importantes da contemporaneidade capaz de quebrar fronteiras de diferentes
áreas do conhecimento”.
Apesar de muitos abordarem as questões sobre o brinquedo apenas como mero lazer
sem intencionalidade é perceptível que é uma afirmação incoerente, pois a gama de
transformações psíquicas, sociais, culturais que o ato de brincar e o brinquedo em si trazem é
enorme. Como enfatiza Vygotsky (1994, p.69) “[...] é incorreto conceber o brinquedo como
uma atividade sem propósito.” Pois há a presença de uma intencionalidade nesse ato, e por
sua vez a formação íntegra de um sujeito.
Portanto, o lúdico é um aspecto constituinte do desenvolvimento humano, pois promove
a criatividade e o conhecimento através dos jogos, brincadeiras, danças, e conseqüentemente,
formam conceitos, seleciona ideias, estabelece relações lógicas e integra percepções que
contribuem de maneira prática na socialização dos sujeitos.
Segundo Freire: [...] toda prática educativa demanda a existência de sujeitos, um que
ensinando, aprende, outro que, aprendendo, ensina, daí o seu cunho gnosiológico; a
existência de objetos, conteúdos a serem ensinados e aprendidos; envolve o uso de
métodos, de técnicas, de materiais; implica em função de seu caráter diretivo,
objetivo, sonhos, utopias, ideias. (FREIRE, 2002, p. 28).
O docente não deve usar o lúdico para preencher o tempo livre após uma prova e, sim,
utilizá-lo com fim pedagógico. Há professores que não encorajam nas crianças as brincadeiras
espontâneas, o que pode bloquear a imaginação e as habilidades para solucionar problemas
(FRIEDMANN, 2006). Essa conduta pode ser explicada porque há professores que têm
dificuldade para justificar junto à escola as atividades lúdicas no ensino. E essa barreira pode
ser ultrapassada em uma formação qualificada, permitindo que esses professores usem
estratégias que promovam o desenvolvimento cognitivo e social da criança.
É de suma importância que a escola e o educador atuem em parceria a fim de direcionar
as atividades com o intuito de desmontar a brincadeira de uma ideia livre e focar em um
aspecto pedagógico, de modo que estimule a interação social entre as crianças e desenvolva
habilidades intelectuais que respaldem o seu percurso na escola. “O brincar é uma atividade
P á g i n a | 68
ISSN 2447-5017 - Volume 8 - Número 1 - Jan/Jun. de 2022
É preciso defender o direito das professoras receberem uma formação inicial sólida e
uma formação continuada capaz de instrumentalizá-las no sentido de “[...] aprender com as
crianças, viver com as crianças, brincar com elas” (KRAMER, 2002, p. 129). Isso porque a
experiência com oficinas envolvendo jogos, brincadeiras e trabalho pedagógico devem ser
vivenciada, por aqueles que são ou serão responsáveis pela educação da criança, pois:
O adulto que volta a brincar não se torna criança novamente, apenas ele convive,
revive e resgata com prazer a alegria do brincar, por isso é importante o resgate
desta ludicidade, a fim de que se possa transpor esta experiência para o campo da
educação, isto é, a presença do lúdico (SANTOS; CRUZ, 1997, p.14).
Nesse contexto, é preciso que o docente planeje e sistematize as atividades que serão
desenvolvidas, com objetivos claros e a finalidade para o desenvolvimento e aprendizagem de
seu alunado. Contudo, na prática observa-se o lúdico como ferramenta adjuvante, pois existe
um vácuo naquilo que o currículo preconiza e o que acontece no dia-a-dia da escola. O que
nos leva a refletir sobre o (re) significar dos cursos de formação, sobretudo a pedagogia, tendo
a ludicidade, como um dos seus pilares. Como bem coloca SEVERINO (1991, p. 26-40) “[...]
uma das formas de repensar os cursos de formação é introduzir na base de sua estrutura
curricular um novo pilar: a formação lúdica”.
P á g i n a | 69
ISSN 2447-5017 - Volume 8 - Número 1 - Jan/Jun. de 2022
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
para formação de cidadãos que atendam as demandas do século XXI. De acordo com Freire
(1996, p.67) “Saber que deve respeito à autonomia e identidade do educando exige de mim
uma prática em tudo coerente”.
REFERÊNCIAS
AFONSO, Maria Lúcia M.; ABADE, Flávia Lemos. Jogos para pensar: Educação em
Direitos Humanos e formação para a cidadania. Belo Horizonte: Autêntica, 2013.
ALMEIDA, Paulo Nunes de. Educação lúdica. São Paulo: Loyola, 1994.
BRASIL. MEC. SEF. Referencial curricular nacional para a educação infantil (RCNEI).
Brasília: MEC, 1998.
GARCIA, G.A. O lúdico da matemática na educação infantil. In: SANTOS, C.H.M. (org).
Novas perspectivas em educação. São Paulo: Editora WI, 2019. p. 42-63.
SILVA, João Da Mata Alves Da. O lúdico como metodologia para o ensino de crianças
com deficiência intelectual. 2012. Disponível em:
http://repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4736/1/MD_EDUMTE_II_2012_33.pdf
acesso em: 24 out. 2019.
P á g i n a | 72
ISSN 2447-5017 - Volume 8 - Número 1 - Jan/Jun. de 2022
VYGOTSKY, L.S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1994.