HISTÓRIA 6 - 17 Pags.
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Autor:
Rosy Freire (Equipe Sérgio
Henrique), Sergio Henrique
11 de Março de 2022
SUMÁRIO
História.
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13. Floriano também enfrentou, no mesmo ano, um conflito entre dois grupos políticos: o
Partido Republicano Rio-Grandense (apelidados de pica-paus) e o Partido Federalista
(apelidados de maragatos). O primeiro defendia um governo republicano com sistema
presidencialista; o segundo partido também defendia um governo republicano, mas com
sistema parlamentarista.
14. Os federalistas estavam insatisfeitos com o governo (após a renúncia de Deodoro), e se
mostravam contrários ao sistema presidencialista. Dessa forma, desejavam a deposição do
republicano Júlio de Castilho (eleito Presidente do Estado do RS), e ansiavam por um
governo parlamentarista, sobretudo, para a descentralização do poder. Os federalistas, por
sua vez, estavam ao lado de Floriano e acreditavam no nacionalismo, na consolidação do
sistema republicano (desde a Proclamação da República em 1889), na centralização do
poder e na modernização do país.
15. Este episódio ficou conhecido como Revolução Federalista e terminou somente em 1895,
já na presidência de Prudente de Morais, deixando um saldo de mais de 10 mil mortos. Ao
contrário de Floriano, Prudente ficou conhecido como “Pacificador” e assinou um tratado
de paz com os maragatos, em 23 de agosto de 1895, estabelecendo a derrota definitiva dos
maragatos pelos pica-paus.
1. Este período também é conhecido como República das Oligarquias (por conta de o poder
estar centrado nas mãos de grandes proprietários de terras, os fazendeiros, também
conhecidos como coronéis: oligarquia = governo de poucos), Primeira República
(denominação utilizada por Boris Fausto) e República do Café com Leite (em referência ao
predomínio de políticos de SP e MG, grandes produtores de café e leite). Este sistema de
dominação nas mãos dos coronéis ficou conhecido como coronelismo.
2. A força dos coronéis era tamanha que chegava, também, às cidades, sendo que os principais
empregos e cargos estavam submetidos à sua influência pessoal. A maioria das pessoas
procurava se aproximar dos coronéis para conseguir favores, o que caracterizava uma
relação de clientelismo (prática de premiar, com favores, o grupo de pessoas que
demonstrava fidelidade política aos coronéis).
3. Durante a Primeira República, a política funcionava em um sistema de troca de favores. A
economia, por sua vez, era composta pela agricultura exportadora, sobretudo cafeeira, e
também ocorreu o desenvolvimento da indústria.
4. Neste sistema de favores, os coronéis também exigiam que os eleitores votassem naqueles
candidatos que eles indicassem (para governador, prefeito, vereador, presidente da
república, deputados e senadores). As pessoas que se negassem estavam sujeitas à violência
dos jagunços (capangas que trabalhavam nas fazendas e perseguiam os inimigos do
coronel).
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5. Durante as eleições, que eram abertas, os jagunços controlavam os votos de cada pessoa.
Tal prática, do voto aberto dado sob pressão, ficou conhecida como voto de cabresto. Além
dessa prática, existia também as fraudes eleitorais: documentos falsificados para menores
de idade e analfabetos votarem, pessoas que haviam falecido eram inscritas como eleitoras
(o chamado eleitorado fantasma), urnas eram violadas e votos eram adulterados.
6. O coronel mais poderoso em cada município ou região firmava alianças com outros
fazendeiros para eleger o governador do estado. Em troca, o governador retribuía o apoio
destinando verbas para a construção de obras nos municípios por eles controlados. Em razão
de tais alianças, o poder político dos estados permanecia nas mãos de um mesmo grupo
político, sendo que, ao final de cada mandato, o governador passava o poder para um
parente ou correligionário.
7. Campos Sales, fazendeiro e político paulista, foi o segundo presidente civil e um dos
principais responsáveis pelas alianças entre governadores de estado e governo federal. Tal
sistema de alianças é conhecido como política dos governadores, que consistia na troca de
favores entre os governadores de estado, que apoiavam o governo federal elegendo
deputados federais e senadores favoráveis ao presidente. Em troca, o presidente apoiava os
governadores concedendo verbas, empregos e favores para seus aliados políticos.
8. Neste período, não existia a justiça eleitoral independente. Contudo, no Congresso existia a
Comissão Verificadora das eleições, responsável pelo julgamento eleitoral. Embora fosse
um órgão do Poder Legislativo, a Comissão trabalhava a serviço do presidente da república
e distorcia, na prática, resultados das urnas, aprovando nomes de deputados e senadores
que apoiavam o governo. Além disso, era comum colocar obstáculos ao reconhecimento da
vitória de candidatos opositores, sendo que muitos desses nomes eram eliminados do
cenário político, prática esta que ficou conhecida como a degola.
9. Através dessas alianças e fraudes, as oligarquias rurais se mantiveram no poder durante
grande parte da Primeira República. Quase todos os presidentes deste período foram eleitos
com o apoio dos paulistas ligados ao PRP (Partido Republicano Paulista) e dos mineiros
ligados ao PRM (Partido Republicano Mineiro). Neste sentido, SP era o primeiro estado que
mais produzia café, enquanto MG era o segundo em café e se destacava, também, pela
produção de leite. Daí vem o nome Política do Café com Leite.
10. Neste período, temos como presidentes: Prudente de Morais (1894-1898, paulista); Campos
Sales (1898-1902, paulista); Rodrigues Alves (1902-1906, paulista); Afonso Pena (1906-1909,
mineiro, faleceu antes de terminar o mandato); Nilo Peçanha (1909-1910, fluminense);
Hermes da Fonseca (1910-1914, gaúcho); Venceslau Brás (1914-1918, mineiro); Rodrigues
Alves (1918, paulista, faleceu antes de tomar posse); Delfim Moreira (1918-1919, mineiro,
governou interinamente até a realização de novas eleições); Epitácio Pessoa (1919-1922,
paraibano); Artur Bernardes (1922-1926, mineiro); Washington Luís (1926-1930, nasceu no
RJ, mas foi político paulista de carreira).
11. Ao longo destes anos, o produto que mais foi vendido para o exterior foi o café (mais de 50%
dos lucros nas exportações). Diante dessa euforia com os lucros, os cafeicultores
aumentaram desmedidamente as plantações. Contudo, tal medida ultrapassou a
necessidade de consumo do produto e a economia passou a enfrentar crises de
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superprodução, dado que a oferta de café era maior do que a procura. Como resultado, os
preços do produto caíram e acumulava-se muitos estoques da mercadoria.
12. Para tentar solucionar tal problema, em 1906 ocorreu o Convênio de Taubaté, com a
finalidade de solucionar a crise de superprodução. Nessa reunião, os fazendeiros
propuseram que o governo federal comprasse o excedente de café produzido, que seria
estocado para ser vendido quando os preços normalizassem. Para realizar a compra, o
governo federal faria empréstimos no exterior. Isso garantia que o preço do café não iria
cair e os cafeicultores não teriam prejuízos. Os estoques do governo federal, por sua vez, só
aumentavam e nunca aparecia a oportunidade de vendê-lo ao mercado externo.
13. Outro produto que alcançou grande prestígio foi a borracha, obtida através do látex extraído
de seringueiras da Amazônia. Era a matéria prima para a confecção de pneus. Contudo, tal
esplendor durou cerca de três décadas, entre 1891 e 1918. A dificuldade de acesso aos
seringais aumentava os custos de transporte e os preços da borracha, por conseguinte,
também aumentavam o seu valor. Diante disso, a demanda do produto era maior do que a
oferta, o que estimulou países como a Inglaterra e a Holanda a investirem no cultivo de
seringais na Malásia e Indonésia, por exemplo. A partir da década de 1920, a borracha
brasileira quase não tinha lugar no mercado internacional.
14. Durante a Primeira República, o Brasil foi um dos países que mais recebeu imigrantes (tanto
europeus quanto asiáticos). Estima-se que vieram mais de 3,5 milhões de imigrantes, em
busca de trabalho e melhores condições de vida, sendo a maioria de italianos, portugueses
e espanhóis. Além destes, grupos menores, compostos por japoneses, alemães, russos,
lituanos e austríacos também desembarcaram no Brasil, sendo o estado de SP o que recebeu
a maior quantidade, cerca de 57% do total. Em partes, isso se explica devido à propaganda
no exterior, que divulgava a concessão de passagens e alojamento aos imigrantes, além da
expansão cafeeira.
15. Muitos produtores de café passaram a investir na indústria, a qual cresceu
significativamente entre 1889 e 1920. Isto se deu em virtude da busca pela substituição das
importações ao Brasil, sobretudo durante a Primeira Guerra (1914-1918), que dificultou a
exportação, fazendo com que a indústria brasileira se desenvolvesse. De início, ela se inseriu
na fabricação de tecidos, calçados, materiais de construção, alimentos e móveis. O setor
industrial empregava um número elevado de operários, o que mudou a configuração social
do Brasil, sobretudo a das cidades e centros urbanos.
16. Diante das condições de trabalho desgastantes (jornada de 15h por dia, de segunda à
sábado, baixos salários, não existia o salário mínimo, direito a férias, pagamento de horas
extras ou uma legislação trabalhista, condições físicas ruins das indústrias, com pouco
espaço e ambientes mal arejados, acidentes de trabalho, dentre outros), os operários
passaram a se organizar através de sindicatos pela luta por direitos trabalhistas e sociais.
17. Dentre as principais correntes políticas que influenciavam os trabalhadores, havia a
anarquista (ausência de poder centralizado nas mãos de uma pessoa, defesa de uma
sociedade que funcione pela cooperação e solidariedade), a corrente católica (procurava
afastar os trabalhadores da influência anarquista e socialista) e o sindicalismo (defendia a
greve como principal instrumento de luta dos operários).
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18. Neste sentido, ficou famosa a Greve Geral de 1917, organizada no mês de julho na cidade
de São Paulo. Ocorreu em razão do descontentamento dos operários com as condições de
trabalho. Ocorreram passeatas e conflitos com a polícia, sendo que um sapateiro anarquista,
José Martinez, morreu baleado em 09 de julho de 1917. Tal evento ampliou as
manifestações, paralisando as fábricas de SP e de outras regiões do Brasil. Diante de tal
amplitude, o governo e os industriais resolveram negociar melhores condições de trabalho,
além de não punirem os grevistas, o que não foi cumprido. Para o governo, os protestos
deveriam ser reprimidos através de violência policial. Em 1922, com o apoio de operários,
foi fundado o Partido Comunista do Brasil (PCB), colocado na ilegalidade após sua fundação,
mas continuou a existir de forma clandestina.
1. Em meio a este cenário, uma série de revoltas aconteceram com o objetivo de contestar a
miséria da sociedade e a opressão pela qual a população era submetida. Iam desde o caráter
messiânico (ligado ao religioso, àquele que foi enviado por Deus para salvar a população),
até ao caráter militar. No caso da História, o termo é associado para representar a crença de
um grupo em um líder político-religioso, supostamente capaz de conduzir a população a
uma era de felicidade e justiça. Os dois principais movimentos de caráter messiânico no
período foram Canudos e Contestado.
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8. Outro movimento importante do período foi o cangaço, cujos líderes lutavam contra a fome,
a seca e as injustiças sociais, praticando assaltos a fazendas e, em muitos casos, matando
pessoas. Dentre os principais líderes, temos Antônio Silvino (1875-1944) e Virgulino Ferreira,
o Lampião (1900-1938). Depois que a polícia massacrou o grupo de Lampião, em 1938, o
cangaço praticamente deixou de existir. Discute-se, na História, se o cangaço foi uma forma
de banditismo e criminalidade, ou se representou um movimento de contestação social,
feito por pessoas que viviam oprimidas.
9. A cidade do RJ também foi palco de revoltas na Primeira República. Durante a presidência
de Rodrigues Alves, a população vivia em grave situação de pobreza, desemprego e falta de
saneamento. Coube ao presidente a decisão de reformar e modernizar a cidade, então
capital do Brasil. As obras foram comandadas pelo prefeito Pereira Passos, e incluíam o
alargamento das principais ruas do centro, a construção da Avenida Central (atual Rio
Branco), ampliação da rede de água e esgoto e remodelação do porto.
10. Cortiços e casebres foram derrubados e as pessoas foram desalojadas, passando a viver em
barracos no centro ou no subúrbio. Neste cenário, o combate a epidemias era um dos
principais objetivos do médico sanitarista Oswaldo Cruz, diretor da Saúde Pública. Através
de seus estudos, o presidente Rodrigues Alves decretou a lei da vacinação obrigatória contra
a varíola.
11. A população, por sua vez, não foi informada e esclarecida sobre a importância da vacina,
sendo que diversos setores reagiram à medida. Para alguns, a aplicação de injeção nas
mulheres era imoral; para outros, a obrigatoriedade feria a liberdade individual. O
descontentamento da população desalojada, a impopularidade do governo e a
obrigatoriedade da vacinação provocaram uma revolta popular no RJ, entre 12 e 15 de
novembro de 1904, conhecida como Revolta da Vacina. O governo dominou os revoltosos
com tropas do corpo de bombeiro e da cavalaria. Houve cerca de 30 mortes e mais de 100
pessoas foram feridas.
12. A chamada Revolta da Chibata aconteceu em 22 de novembro de 1910, com cerca de 2 mil
membros da Marinha Brasileira sob a liderança de João Cândido. De início, os marinheiros
tomaram o comando do encouraçado Minas Gerais, posteriormente, outros marujos
assumiram o controle de navios em SP, BA e Deodoro. Em seguida, apontaram os canhões
para o RJ e encaminharam um comunicado ao presidente do Brasil, explicando as revoltas e
fazendo algumas exigências, tais como: mudanças no código de disciplina da Marinha (que
punia as faltas graves dos marinheiros com 25 chibatadas), além de melhores condições de
alimentação e salário.
13. O governo, encurralado, respondeu que atenderia às demandas e anistiava (perdoava) os
marinheiros envolvidos. Diante disso, os revoltosos entregaram os navios aos comandantes.
Contudo, o governo não cumpriu com suas promessas e decretou a expulsão de vários
marinheiros e a prisão de alguns líderes. Em 09 de dezembro do mesmo ano, os marujos
organizaram nova rebelião, mas o governo estava preparado e reagiu violentamente,
causando muitas mortes e prendendo muitos envolvidos. João Cândido, seu principal líder,
foi preso numa masmorra no RJ, sendo julgado e absolvido em 1912. Ficou conhecido como
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o Almirante Negro por ter contribuído para acabar o castigo da chibatada na marinha
brasileira.
14. Muitas destas revoltas contestavam a ordem social existente e o predomínio das forças
oligárquicas na política. Diante disso, o clima de revolta chegou, inclusive, às forças armadas,
difundindo-se entre os tenentes. Dessa forma, Tenentismo é o termo que ficou conhecido
o movimento político-militar que, sob a liderança de jovens oficiais das forças armadas
(sobretudo tenentes), buscava a conquista do poder através da luta e a promoção de
reformas no Brasil. Dentre suas principais reivindicações, temos: moralização da
administração pública, fim da corrupção eleitoral, voto secreto, justiça eleitoral confiável,
defesa da economia nacional contra o capital estrangeiro, reforma da educação pública.
15. A primeira revolta tenentista iniciou em 05 de julho de 1922, no Forte de Copacabana, com
a presença de 300 homens que decidiram impedir a posse do presidente Artur Bernardes.
Tropas fiéis ao governo cercaram o Forte e isolaram os rebeldes. Mesmo diante da
superioridade das forças do governo, 17 tenentes e um civil saíram às ruas num combate
corpo a corpo. Dessa luta, apenas dois revoltosos saíram com vida. Este evento ficou
conhecido como Os Dezoito do Forte.
16. As forças tenentistas de SP e RS se uniram sob a liderança de Luís Carlos Prestes e
percorreram o país em busca de apoio popular para novas revoltas contra o governo. Surgia,
daí, a chamada Coluna Prestes. Durante mais de 2 anos (1924-1926) a Coluna percorreu 12
estados brasileiros, perseguida pelas tropas do governo federal. O movimento não provocou
revoltas capazes de ameaçar o governo, mas também não foi derrotado por ele.
17. Em meio a este cenário de revoltas, também ganhou corpo um movimento artístico que
propunha a renovação nas artes brasileiras, em reação às formas tradicionais das artes
plásticas e da literatura: o Modernismo. Entre 11 e 18 de fevereiro de 1922, em SP,
aconteceu a Semana de Arte Moderna. Os nomes que mais se destacaram foram os dos
escritores Mário de Andrade, Menotti del Picchia, Oswald de Andrade; dos músicos Heitor
Villa-Lobos e Ernani Braga; dos artistas plásticos Emiliano Di Cavalcanti, Anita Malfatti,
Tarsila do Amaral e Victor Brecheret. Possuía como objetivo abrasileirar a cultura brasileira.
Surgiu diante da invasão cultural estrangeira que despersonalizava o Brasil e contra os
padrões considerados arcaicos da arte nacional.
1. Getúlio Vargas chegou à presidência do Brasil em 1930 e permaneceu até 1945. Diante de
uma crise financeira em nível global, evidenciada na quebra da Bolsa de Valores de Nova
Iorque, em 1929, os cafeicultores brasileiros se encontravam em um cenário de inúmeras
dificuldades, uma vez que os estadunidenses não conseguiam comprar mercadorias de fora
do país. Isto contribuiu para o enfraquecimento das bases políticas que sustentavam a
Primeira República.
2. Além dos problemas econômicos, um problema político surgiu entre as elites de MG e SP:
nas eleições de 1930, os políticos paulistas que estavam no governo, até então com
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trabalho infantil, férias anuais e remuneradas e indenização em caso de demissão sem justa
causa) e o nacionalismo econômico (proteção de riquezas naturais, como jazidas minerais e
quedas d’água capazes de gerar energia). A nova Constituição também previa que, após sua
promulgação, o primeiro presidente seria eleito de forma indireta pelos membros da
Constituinte. Vargas saiu vitorioso nesta eleição, obtendo 175 votos frente a 59 do segundo
colocado, Borges de Medeiros.
9. Neste período, dois grupos políticos ganharam destaque: os integralistas e os aliancistas.
Plínio Salgado liderava os integralistas, tendo lançado, em 1932, o chamado Manifesto à
Nação, contendo os princípios de seu grupo de ideal nazifascista. Criaram a Ação Integralista
Brasileira (AIB), procurando combater o comunismo, defender o nacionalismo extremado,
fortalecimento do Estado, a disciplina e a hierarquia dentro da sociedade, além do poder ser
concentrado nas mãos do chefe integralista. Vestiam uniforme verde e desfilavam pelas ruas
sob a saudação indígena Anauê (você é meu parente/somos irmãos), com a mão direita
estendida. Atacavam agressivamente seus adversários e seu lema era “Deus, pátria e
família”.
10. Os aliancistas, por sua vez, eram contrários ao integralismo e faziam parte da frente política
chamada Aliança Nacional Libertadora (ANL). Uma das principais correntes da ANL era o
Partido Comunista e, em 1935, Luís Carlos Prestes foi eleito seu presidente de honra. Dentre
seu programa político, destaca-se: nacionalização das empresas estrangeiras, não-
pagamento da dívida externa brasileira, realização de uma reforma agrária e a garantia das
liberdades individuais. Seu lema era “Pão, terra e liberdade”. Vargas considerou a ANL ilegal
em 1935 e ordenou a prisão de seus líderes, sob a alegação de que estes estavam
promovendo um golpe para derrubar o governo, controlado por perigosos comunistas,
como acusava o chefe de polícia de Vargas, Filinto Müller.
11. Diante da repressão, os líderes da ANL planejaram uma revolta militar contra o governo. Em
novembro de 1935 teve início a Intentona Comunista, uma série de rebeliões de batalhões
do RN, PE e RJ, mas que foram rapidamente dominadas pelas forças do governo. Em nome
do “perigo comunista”, foram presos sindicalistas, operários, militares e intelectuais
acusados de subversão (que pretende destruir ou transformar a ordem política, econômica
ou social vigente).
12. Governo Ditatorial (Estado Novo, 1937-1945): de acordo com a Constituição de 1934, o
mandato de Vargas terminaria em 1938. No final de setembro de 1937, o serviço secreto do
Exército noticiou a descoberta de um plano de tomada do poder, organizado pelos
comunistas, chamado de Plano Cohen. Este plano foi uma farsa elaborada pelo próprio
governo, com o apoio dos integralistas, para se manterem no governo. Em nome do
combate ao “perigo comunista”, decretou-se estado de guerra e a polícia prendeu grande
parte dos adversários do governo. Em 10 de novembro de 1937, Vargas ordenou o cerco ao
Congresso Nacional, impôs o fechamento do Legislativo e outorgou (impôs) uma nova
Constituição (conhecida também como a Constituição Polaca, em alusão à Constituição
Polonesa de caráter fascista), dando início ao período ditatorial conhecido como Estado
Novo.
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13. A partir de então, instaurou-se no país o estado de emergência, pelo qual o governo era
autorizado a invadir casas, prender pessoas, julgá-las e condená-las. Os estados brasileiros
perderam sua autonomia política e os governos estaduais passaram às mãos de
interventores da confiança de Vargas. Partidos políticos foram extintos e as eleições
democráticas, suspensas; greves e manifestações contrárias ao governo foram proibidas;
cidadãos foram perseguidos pela polícia política, muitos deles tendo sido presos, torturados
e mortos.
14. Para a sustentação política, Vargas utilizou-se de recursos de propaganda para conquistar a
simpatia popular. Em 1939, criou-se o Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP),
órgão responsável da coordenação da propaganda oficial de governo e da censura aos meios
de comunicação (rádio, cinema, teatro e imprensa). Este departamento também criou o
programa A hora do Brasil, que divulgava as realizações do governo.
15. O Ministério da Educação difundiu a ideologia governista dentro das escolas, através da
obrigatoriedade do ensino de moral e civismo, do canto de músicas nacionalistas, desfiles e
paradas cívicas e adoção de livros didáticos que cultuavam a imagem de Getúlio e seu
governo.
16. Apesar de afinidades com os regimes fascistas europeus, Vargas procurou manter o Brasil
em uma posição de neutralidade durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945),
pretendendo tirar proveito do conflito e obter vantagens políticas e econômicas. A partir de
1941, o Brasil passou a fazer acordos para apoiar os Aliados (grupo liderado por Inglaterra,
EUA e URSS), comprometendo-se a fornecer borracha e minérios de ferro aos países aliados
e permitiu que militares dos EUA fossem enviados para bases militares instaladas no
Nordeste brasileiro. Em troca do apoio, o Brasil obteve dos EUA grande parte do
financiamento para a construção da Usina Siderúrgica de Volta Redonda.
17. A Alemanha, em reação, ordenou o ataque a navios brasileiros, matando mais de 600
pessoas, provocando indignação nacional. A população brasileira se manifestou
favoravelmente à vingança contra os alemães. Em 31 de agosto de 1942, o Brasil declarou
guerra às potências do Eixo (Alemanha, Itália e Japão). Em 1944, partiram para lutar na Itália
as primeiras tropas da Força Expedicionária Brasileira (FEB), sob o comando do general
Mascarenhas de Morais. Mais de 25 mil soldados foram enviados à Itália e participaram de
batalhas como as de Monte Castello, Castelnuovo, Collechio e Fornovo.
18. No que tange à economia do período, Vargas procurou estabilizar a situação cafeeira e
diversificar a produção agrícola, além de desenvolver a indústria. Para desenvolver a
indústria, aumentou os impostos de importação, e diminuiu os impostos sobre a indústria
nacional, estimulando a produção e o consumo de mercadorias nacionais.
19. Em função das dificuldades para a criação das indústrias de base (máquinas e equipamentos
pesados, produtos químicos básicos, minérios), o governo passou a intervir na economia,
através da fundação de empresas estatais dos campos da siderurgia e mineração. Dentre as
principais, destacam-se a Companhia Vale do Rio Doce (exploração do minério de ferro em
MG) e a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), no RJ.
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20. Com as indústrias, cresceu também o número de operários vindos de outros estados, os
quais possuíam certa consciência de que necessitavam lutar por seus direitos. Neste cenário,
o governo federal elaborou uma política trabalhista que tinha duas funções: conquistar a
simpatia dos trabalhadores e exercer o domínio sobre eles, controlando os seus sindicatos.
Essa política foi inspirada na Carta del Lavoro (Carta do Trabalho), criada pelo fascismo
italiano. Em 1943, tais leis foram reunidas na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).
21. Em fevereiro de 1945, Vargas ficou o prazo para novas eleições, antecipando-se aos seus
adversários e liderando a abertura política. Além disso, concedeu anistia aos condenados
políticos, libertou os comunistas presos (entre os quais, Luís Prestes) e permitiu a volta dos
exilados ao país. A política partidária passava, então, a ressurgir através da organização de
diversos partidos, como a União Democrática Nacional (UDN), o Partido Social Democrático
(PSD), Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) e o Partido Social Progressista (PSP). Além destes,
o Partido Comunista Brasileiro (PCB) foi legalizado.
22. Nas eleições presidenciais marcadas para 02 de dezembro de 1945, concorreriam 3
candidatos: o general Eurico Dutra (pelo PSD e PTB), que contava com o apoio de Vargas, o
brigadeiro Eduardo Gomes (UDN) e o engenheiro Yedo Fiúza (PCB). Ao longo da campanha,
Vargas se mostrava contraditório. Aparentava apoiar Eurico Dutra, mas estimulava um
movimento popular que defendia sua permanência no poder, conhecido como
queremismo, sob o lema “Nós queremos Getúlio!”. Este movimento era apoiado por
membros do PTB e do PCB, mas não obteve o seu objetivo.
23. Setores da oposição temiam que Vargas continuasse no poder e impedisse a realização de
novas eleições, unindo-se, finalmente, para derrubá-lo do poder. Em 29 de outubro de 1945,
tropas do exército lideradas pelos generais Góis Monteiro e Eurico Dutra cercaram o Palácio
do Catete (sede do governo) e obrigaram Vargas a renunciar. A presidência foi entregue
provisoriamente a José Linhares, então presidente do Supremo Tribunal Federal, colocando
fim ao Estado Novo. Dutra, enfim, foi eleito presidente do Brasil ao final de 1945, dando
início a uma nova fase da política brasileira: a República Liberal Populista.
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2. QUESTIONÁRIO DE REVISÃO
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religiosas e políticas, enfatizando os problemas sociais que a população enfrentava. Tais líderes
eram tidos como salvadores da nação, os quais acabariam com a fome, a seca e as diferenças
sociais. Seus líderes foram mortos e a população das localidades procuraram lutar em defesa
de seus ideais.
12) Comente, sucintamente, as controvérsias acerca da interpretação sobre o cangaço.
O cangaço é interpretado, por grande parte dos historiadores, sob dois olhares: um deles diz
respeito apenas à violência empregada pelos cangaceiros, como Lampião, que seriam
exemplos de criminalidade e banditismo. O outro já enfoca mais no aspecto de contestação
social evidenciado, uma vez que as ações dos cangaceiros eram legitimadas pelas pessoas que
viviam oprimidas.
13) O que foi a Revolta da Vacina e por que as pessoas protestavam contra a vacinação
obrigatória?
No ano de 1904, o sanitarista Oswaldo Cruz, através de estudos encomendados pelo presidente
Rodrigues Alves, em meio ao seu projeto de modernização e urbanização do país, instituiu a
vacinação obrigatória contra a varíola. Contudo, as pessoas, sobretudo as mais pobres, não
eram esclarecidas, apresentando grande resistência à medida. Consideravam a medida como
imoral, por expor as mulheres, além de ferir a liberdade individual da população.
14) O que foi o tenentismo? Quais eram os principais objetivos dos oficiais?
Foi o movimento político-militar que, sob a liderança de jovens oficiais, procurava conquistar
o poder através da luta armada e promover reformas na Primeira República. Dentre suas
principais reivindicações, podemos destacar: moralização da administração pública, fim da
corrupção eleitoral, voto secreto, defesa da economia nacional, reforma da educação.
15) Explique o que foi a Coluna Prestes.
As forças tenentistas de SP e RS se uniram sob a liderança do político Luis Carlos Prestes e
percorreram o país em busca de apoio popular para novas revoltas contra o governo federal.
Durante cerca de 2 anos (1924-1926), a Coluna percorreu 12 estados brasileiros, sendo
finalmente desfeita em 1926, sem conseguir provocar revoltas efetivas, mas, ao mesmo tempo,
sem ter sido derrotada pelo governo.
16) De que forma se deu o rompimento da política do “café com leite”?
A política do café com leite, que consistia no revezamento de poder entre políticos mineiros e
paulistas, entrou em conflito nas eleições de 1930, quando Washington Luís deveria indicar um
mineiro para ocupar o cargo. Contudo, ele indicou o paulista Júlio Prestes, gerando uma
insatisfação entre os políticos de outros estados.
17) Quais fatores levaram ao movimento de 1930, culminando com o fim da Primeira
República?
Políticos do RS, PB e MG se opuseram à vitória de Júlio Prestes, que derrotou o candidato da
Aliança Liberal, Getúlio Vargas, alegando fraudes nas eleições. Diante disso e do assassinato de
João Pessoa, então candidato à vice-presidente de Vargas, a situação se agravou e a oposição
política, liderada por Vargas, deu início a uma luta armada no RS, MG, PB e PE, cujo intuito era
impedir a posse de Prestes. Militares do RJ, liderados por Mena Barreto e Tasso Fragoso,
depuseram Washington Luis e entregaram o poder a Getúlio, colocando fim à Primeira
República.
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18) Cite as principais medidas adotadas por Vargas ao assumir o Governo Provisório, em
1930.
Entre suas primeiras medidas, podemos destacar: suspensão da Constituição de 1891,
fechamento dos órgãos do Poder Legislativo e indicação de interventores militares ligados ao
tenentismo para a chefia dos governos estaduais.
19) O que foi a Revolução Constitucionalista de 1932 e quais eram os seus interesses?
A oposição política do estado de SP percebeu a centralização do poder nas mãos de Vargas e
se sentiu ameaçada. Diante disso, líderes do Partido Republicano Paulista se organizaram em
uma frente única com os líderes do Partido Democrático, insatisfeitos com a nomeação do
interventor João Alberto Lins e Barros para o governo de SP. Após a morte de quatro
estudantes (Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo – MMDC) em confronto com a polícia, em
maio de 1932, ganhou força o movimento constitucionalista no estado. Cerca de 30 mil homens
se organizaram de forma armada para lutar contra o governo federal. Após 3 meses de lutas,
os paulistas foram derrotados, mas o episódio ficou conhecido como Revolução
Constitucionalista de 1932 e foi importante para os rumos do país, sobretudo com a
Constituição de 1934.
20) Apresente as inovações advindas com a Constituição de 1934.
As principais inovações da Constituição de 1934 foram: voto secreto, voto feminino, instituição
de direitos trabalhistas (férias remuneradas, jornada de trabalho de 8h, proibição do trabalho
infantil, salário mínimo, etc.), proteção das riquezas nacionais (jazidas minerais e quedas
d’água capazes de gerar energia).
21) O que foram as correntes políticas intituladas integralismo e aliancismo?
Os integralistas, grupo de caráter fascista sob a liderança do escritor Plínio Salgado, defendiam
o combate ao comunismo, um Estado forte e poderoso, centrado na figura do chefe
integralista, além da disciplina e hierarquia dentro da sociedade. Os aliancistas, por sua vez,
reuniam políticos socialistas, anarquistas e comunistas. Defendiam a nacionalização das
empresas estrangeiras, o não pagamento da dívida externa brasileira, a realização de uma
reforma agrária e a garantia das liberdades individuais. Luis Carlos Prestes foi eleito seu
presidente de honra.
22) Explique o que foi a Intentona Comunista e qual foi o uso que o governo federal fez desse
movimento.
A Intentona Comunista, organizada em 1935, foi uma série de rebeliões de batalhões do RN,
PE e RJ, mas foram rapidamente dominadas pelas forças do governo. Neste cenário, o
movimento serviu como pretexto para os setores mais autoritários do governo radicalizarem a
situação. Em nome do perigo comunista, sindicalistas, operários, militares e intelectuais foram
presos e torturados.
23) O que foi o chamado Plano Cohen?
O Plano Cohen foi um suposto plano descoberto pelo exército brasileiro, o defendia a tomada
do poder através de uma ameaça comunista. Anos depois, contudo, descobriu-se que foi uma
farsa tramada pelo governo federal para se manter no poder, com o apoio dos integralistas.
Diante da situação imposta, decretou-se estado de guerra, sendo que a polícia prendeu
inúmeros adversários políticos do governo. Neste cenário, em 10 de novembro de 1937 foi
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instituído o regime ditatorial liderado por Getúlio Vargas, conhecido como Estado Novo, que
vigoraria até 1945.
24) Quais foram as principais mudanças na Constituição de 1937?
A Constituição de 1937, outorgada (imposta), defendia, dentre outros aspectos: perda da
autonomia dos estados brasileiros, que seriam entregues a interventores da confiança do
presidente, detenção do poder nas mãos de Vargas, sendo que seus atos não podiam ser
submetidos à Justiça, o governo era permitido de entrar nas casas e prender, julgar e condenar
as pessoas, dentre outras características de caráter autoritário. Por esses e outros motivos que
a Carta Magna de 1937 também é conhecida como Constituição Polaca, em alusão à
Constituição Polonesa de caráter fascista.
25) O que foi o movimento queremista ou, simplesmente, queremismo?
O queremismo foi um movimento político que surgiu em maio de 1945 com o objetivo de
defender a permanência de Getúlio Vargas na presidência da República. O nome
"queremismo" se originou do slogan utilizado pelo movimento: "Nós queremos Getúlio".
Contudo, o movimento não surtiu grandes efeitos, visto que Getúlio foi deposto do governo
em outubro de 1945.
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3. EXERCÍCIOS
1. (FGV - 2016 - SME - SP - Professor de Ensino Fundamental II e Médio - História)
Com relação ao quadro geral das relações sociais características da Primeira República, assinale
V para a afirmação verdadeira e F para a falsa.
( ) A organização do movimento operário em torno dos ideais anarquistas, em cidades como
Rio de Janeiro e São Paulo, teve como efeito a aprovação de uma legislação trabalhista mínima,
que garantia jornada de oito horas semanais e férias remuneradas.
( ) Os movimentos sociais como Canudos, na Bahia, e Contestado, em Santa Catarina,
resultaram da combinação de conteúdo religioso e carência social, na medida em que seus
líderes pregavam ideais ascéticos de vida combinados com o desprendimento de bens
materiais como a posse da terra.
( ) O clientelismo representou a forma geral das relações sociopolíticas na Primeira
República, tendo como exemplo a influência dos coronéis, que eram a base local de poder no
âmbito dos municípios.
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produzia artesanato e criava animais, que completavam a alimentação e forneciam couro, utilizado
como matéria-prima. O excedente da produção era vendido nos municípios vizinhos. Já no
Contestado (1912-1916) se pregava o advento de uma sociedade igualitária, humildade e ética,
como forma de viver. Seu líder, José Maria, pregava uma vida de respeito ao próximo, aos animais e
à natureza. Mas acerca da posse de bens materiais, a comunidade reivindicou uma área entre os rios
Uruguai, Iguaçu e Negro e a fronteira da Argentina, como sendo uma comunidade independente,
chegando até a nomear um Imperador.
A terceira proposição é verdadeira, pois de fato o clientelismo se caracteriza, de maneira geral, por
uma forma de relação entre diferentes atores políticos envolvendo concessão de empregos,
benefícios públicos e fiscais, vantagens econômicas, obras, donativos, etc., em troca de apoio
político, sendo traduzido na maior parte das vezes em votos para si ou seus aliados. Isto é, um
indivíduo “vende” seu apoio político em troca de algum tipo de favorecimento pessoal tornando-se
“cliente” dos políticos capazes de oferecer algum tipo de benefício. O conceito de clientelismo é
muito utilizado no estudo e ensino da história do Brasil associado ao conceito de coronelismo ao se
tratar das relações eleitorais no período conhecido como “República Velha”. Obviamente havia
dentro do coronelismo, relações de natureza clientelística.
(MOTA; BRAICK, 2005; POUBEL, 2017).
Gabarito: E
Com relação ao contexto intelectual próprio da passagem do Império para a República, com
base na imagem, analise as afirmativas a seguir.
I. Os republicanos brasileiros, de orientação francesa, se inspiraram no uso de alegorias
femininas para veicular ideais liberais, como a Marianne, vestida à romana, com túnica,
sandálias e barrete frígio jacobino.
II. A figura feminina possuía um aspecto belicoso, indicado pelas armas que empunha e pelos
louros da vitória encimados na bandeira do novo regime, em homenagem aos vitoriosos do 15
de novembro.
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III. O visconde de Ouro Preto foi representado ajoelhado no ato de entrega do poder à
República (a coroa), sustentada pelos militares, indicando que a nação brasileira alcançará o
progresso sem guerra, em sintonia com a ideologia positivista.
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tentativa de amenizar a crise que o Império passava. Então, foi organizado um gabinete liberal
presidido por Affonso Celso de Assis Figueiredo, o visconde de Ouro Preto. O ministério apresentou
um pacote de medidas políticas e econômicas presentes nos programas do Partido Liberal e dos
próprios republicanos e que incluíam aspectos como maior autonomia para as províncias. Mas o
parlamento rejeitou essas iniciativas de última hora, destinadas a salvar o regime. Feito isso, foi
quando os republicanos convidaram o marechal Deodoro da Fonseca, principal chefe do Exército,
para desferir o golpe final contra a Monarquia. Na manhã de 15 de novembro, tropas comandadas
por Deodoro marcharam para o Campo de Santana. Lá estava situado o Quartel-General do Exército,
onde, na ocasião, se reunia o Gabinete Ouro Preto. O marechal dirigiu-se à sala onde estavam os
ministros e exigiu a renúncia do governo. O Império chegava ao fim. A república foi instaurada sem
grandes conflitos e sem contar com a participação popular: o povo assistiu bestializado à
proclamação da República.
(MOTA; BRAICK, 2005).
Gabarito: E
3. (Fgv 2016)
Leia as tabelas.
Aumento das Taxas de Urbanização
1940 1960 1980 1991 1996
Brasil 31 45 68 75 78
Norte 28 38 52 58 62
Nordeste 23 34 50 61 65
Sudeste 39 57 83 88 89
Sul 28 37 62 74 77
Centro-Oeste 22 34 68 84 84
(IBGE)
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A partir das tabelas e da história brasileira desde os anos 1940, é correto afirmar que:
A) uma situação paradoxal ocorreu na sociedade brasileira nos últimos sessenta anos, pois o
processo de urbanização foi mais rápido nas regiões produtoras de mercadorias
industrializadas, mas a melhoria dos indicadores sociais nessas regiões chegou a estagnar em
algumas áreas.
B) desde os anos 1950, o Brasil já era considerado um país essencialmente urbano, porém as
condições de saúde e educação melhoraram no Sul e no Sudeste e tiveram uma acentuada
piora no Norte e no Nordeste, além do Centro-Oeste, ainda hoje de maioria da população no
campo.
C) uma transformação vivenciada no Brasil, talvez a mais marcante da segunda metade do
século XX, foi a forte onda de urbanização, fenômeno importante porque foi um dos
provocadores da melhoria de todos os indicadores sociais apresentados.
D) a lenta passagem do Brasil de país rural para urbano, condição atingida em meados dos anos
1980, produziu uma série de efeitos negativos, como a estagnação do grau de escolaridade
entre os mais jovens e a frágil melhora no aumento de expectativa de vida.
E) a mais significativa mudança na organização social brasileira no século XX refere-se ao
excepcional processo de urbanização nas áreas mais pobres do Norte e do Nordeste, mas que
não veio acompanhado de efeitos positivos na maioria dos indicadores sociais.
Comentários
Somente a alternativa [C] está de acordo com as tabelas apresentadas. Getúlio Vargas governou o
Brasil de 1930 até 1945. Na sua gestão ocorreu uma transição de um país rural, arcaico e tradicional
para um Brasil mais moderno, urbano e industrial. Vargas mudou o modelo econômico do Brasil, de
agrário exportador para uma indústria de substituição de importação. JK governou o Brasil entre
1956 e 1960, seu Plano de Metas contribuiu muito para a modernização do país. Na década de 1960
a população urbana ultrapassou a população rural e ocorreram melhorias significativas nos
indicadores sociais conforme apontam as pesquisas do IBGE.
Gabarito: C
4. (Fgv 2013)
O conhecimento da industrialização no Brasil, isto é, das formas particulares da industrialização
no Brasil, deve estar, explícita ou implicitamente, apoiado na análise das relações entre o café
e a indústria. E a análise correta dessas relações é impossível se considerarmos café e indústria
como elementos opostos. É indispensável reunir café e indústria como partes da acumulação
de capital no Brasil; mais precisamente, como partes das novas formas de acumulação cuja
formação encontra as suas origens na década de 1880 a 1890.
(Sérgio Silva, Expansão cafeeira e origens da indústria no Brasil)
No contexto do Brasil da passagem do século XIX para o XX, acerca das relações entre a
produção cafeeira e a indústria, é correto considerar que:
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6. (Fgv 2012)
“Todos os sofrimentos do mundo moderno se originam de um só defeito da grande máquina:
a falta de disciplina. O conceito da liberdade excessiva, o predomínio do individualismo mais
desenfreado determinou o desequilíbrio social que perturba o ritmo da vida do nosso século.
Desde a Revolução Francesa, outro não tem sido o grito da humanidade, senão aquele que
atroou todos os recantos do mundo e do século:
— Liberdade! Liberdade!
E foi a liberdade que espalhou pelas nações as doutrinas mais contraditórias, as afirmativas
mais absurdas, os brados mais lancinantes de angústia do pensamento e do coração.”
Salgado, Plinio. “Liberdade, caminho da escravidão” in O Sofrimento Universal. São Paulo:
José Olympio, 1934, pág. 217 a 220.
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7. (FGV - Adaptada)
Leia o texto.
A Semana de 22 não foi um fato isolado e sem origens. As discussões em torno da necessidade
de renovação das artes surgem em meados da década de 1910 em textos de revistas e em
exposições, como a de Anita Malfatti em 1917. Em 1921 já existe, por parte de intelectuais
como Oswald de Andrade e Menotti Del Picchia, a intenção de transformar as comemorações
do centenário em momento de emancipação artística. (...)
Disponível em: www.itaucultural.org.br.
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Muitos desses artistas tiveram contato com as vanguardas europeias graças às suas viagens ao
exterior. Ao voltarem para o Brasil, incorporaram as novas ideias em seus trabalhos, propondo novas
formas de expressão artística dentro da valorização das características nacionais. A renovação da
linguagem também era uma necessidade da intelectualidade brasileira no início do século XX, uma
vez que a arte se encontrava afastada do grande público por ser, na maioria dos casos, mais
tradicional e excludente.
A despeito de sua relevância para o cenário nacional, a Semana de Arte Moderna de 1922 somente
passou a ser valorizada tempos depois. Quando ela aconteceu, a reação de grande parte do público
foi a hostilidade, visto que não houve uma aceitação imediata das novas tendências. Somente com
o tempo ela passou a ser considerada o ponto de partida do Modernismo no Brasil, um movimento
artístico que defendia a liberdade de expressão e de estilo e a autonomia dos artistas, com a
valorização da identidade brasileira em toda a sua composição.
Durante a segunda metade do século XX, alguns movimentos artísticos existentes podem ser
considerados desdobramentos das ideias estéticas apresentadas na Semana de 22. Dentre eles,
destacam-se, no cinema, os filmes dirigidos por Glauber Rocha; na música, o movimento do
Tropicalismo; no teatro, a chamada geração do Teatro Lira Paulistana, em São Paulo.
Diante do que foi exposto, podemos entender que a Semana de 1922 rejeitava o conservadorismo
presente na produção artística brasileira, defendendo novas estéticas e temáticas, como a discussão
sobre as questões brasileiras. A alternativa correta é, portanto, a letra [B].
Gabarito: B
8. (FGV - Adaptada)
A Revolução de 1930 põe fim à hegemonia da burguesia do café, desenlace inscrito na própria
forma de inserção do Brasil no sistema capitalista internacional. Sem ser um produto mecânico
da dependência externa, o episódio revolucionário expressa a necessidade de reajustar a
estrutura do país, cujo funcionamento, voltado essencialmente para um único gênero de
exportação, se torna cada vez mais precário.
FAUSTO, B. A Revolução de 1930. São Paulo: Brasiliense, 1987, p. 112.
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Comentários
Ao final da década de 1920, a economia mundial foi abalada por uma forte crise financeira ocorrida
pela quebra da Bolsa de Valores de Nova Iorque. Conhecida como a Crise de 1929, ela atingiu
fortemente os Estados Unidos e a Europa. É neste cenário que acaba ocorrendo a Revolução de 1930
no Brasil, assunto que a banca traz nessa questão e que passaremos a analisar com maior atenção a
partir de agora.
Quando ocorreu a Crise de 1929, o Brasil ainda era um país majoritariamente agrário, exportador de
produtos primários, principalmente o café, e dependente dos mercados e empréstimos externos.
Diante disso, a crise de 1929 atingiu em larga escala a economia nacional, uma vez que os mercados
consumidores reduziram drasticamente.
Dessa forma, os cafeicultores recorreram, como costumava acontecer, ao Governo Federal que, no
entanto, não foi capaz de dar continuidade à política de proteção ao setor, na qual comprava o
excedente produzido pelos cafeicultores. Dessa forma, entendemos que a crise de 1929 também foi
um importante fator a contribuir para o enfraquecimento político das oligarquias cafeeiras,
sobretudo aquelas do estado de São Paulo.
Na sucessão presidencial de 1930, São Paulo e Minas Gerais discordaram sobre o nome do candidato
que disputaria o pleito. O presidente Washington Luís, representante paulista, apoiou a candidatura
do também paulista Júlio Prestes, ao invés de apoiar a candidatura do mineiro Antônio Carlos. Essa
atitude levou o estado de Minas Gerais a romper com a aliança com os paulistas (conhecida como
Política do Café com Leite) e a apoiar as oligarquias de outros estados, como o Rio Grande do Sul e
a Paraíba.
A partir da associação desses três estados (RS, PB, MG), os políticos formaram uma oposição que
ficaria conhecida como a Aliança Liberal. Nas eleições de 1930, a Aliança Liberal apresentou como
candidato a presidente o gaúcho Getúlio Vargas e a vice, o paraibano João Pessoa. No entanto, eles
foram derrotados pelo candidato paulista Júlio Prestes. Prestes não chegou a tomar posse, porque
meses depois das eleições eclodiu a revolução que colocou Getúlio Vargas no poder.
Em 03 de outubro, iniciou-se um conflito armado no RS, PB e PE, com o intuito de impedir a posse
de Júlio Prestes como presidente. Militares do RJ, liderados pelos generais Mena Barreto e Tasso
Fragoso, depuseram Washington Luís pouco tempo antes do término de seu mandato, sendo o
poder entregue a Getúlio Vargas, chefe político do movimento que ficaria conhecido como
Revolução de 1930. Inicia-se, a partir de então, a Era Vargas, dividida em 3 períodos: Governo
Provisório (1930-1934), Governo Constitucional (1934-1937) e Governo Ditatorial (1937-1945, o que
nos interessa precisamente nesta questão).
Entendemos, em síntese, que o problema da super produção do café, que afetava principalmente a
economia paulista, vinha sendo contornado por meio da compra dos excedentes pelos governos dos
estados produtores e pelo Governo Federal. A partir de 1929, com a eclosão da crise econômica
mundial, a situação tornou-se insustentável, obrigando os governos estaduais e federal a
suspenderem as compras de café, o que fragilizou a oligarquia paulista.
Com isso, a alternativa a ser corretamente assinalada é a letra [A].
Gabarito: A
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9. (FGV - Adaptada)
“Todos os sofrimentos do mundo moderno se originam de um só defeito da grande máquina:
a falta de disciplina. O conceito da liberdade excessiva, o predomínio do individualismo mais
desenfreado determinou o desequilíbrio social que perturba o ritmo da vida do nosso século.
Desde a Revolução Francesa, outro não tem sido o grito da humanidade, senão aquele que
atroou todos os recantos do mundo e do século:
— Liberdade! Liberdade!
E foi a liberdade que espalhou pelas nações as doutrinas mais contraditórias, as afirmativas
mais absurdas, os brados mais lancinantes de angústia do pensamento e do coração.”
Salgado, Plinio. “Liberdade, caminho da escravidão” in O Sofrimento Universal. São Paulo:
José Olympio, 1934, pág. 217 a 220.
O texto acima pode ser vinculado:
A) ao integralismo, pelo seu conteúdo de crítica ao individualismo e à liberdade.
B) ao comunismo, pela defesa do coletivismo e da revolução social.
C) ao anarcossindicalismo, pelo conteúdo de crítica social e defesa do sindicalismo.
D) ao liberalismo, por remeter à herança da Revolução Francesa e ao individualismo.
E) ao conservadorismo, pela defesa da tradição e da religião cristã.
Comentários
Ao lermos quem escreveu o texto trazido pela banca (Plínio Salgado), podemos facilmente relacioná-
lo ao integralismo, dado o seu conteúdo de crítica ao individualismo e à liberdade exaltados pelo
autor. Acerca desse assunto, é importante entender que esteve inserido no período da Era Vargas,
entre os anos de 1930 e 1945. Analisemos, dessa forma, sobre o período em destaque.
Durante o Governo Constitucional de Getúlio Vargas (1934-1937), dois grupos políticos ganharam
destaque: os integralistas e os aliancistas. Plínio Salgado liderava os integralistas, tendo lançado, no
ano de 1932, o chamado Manifesto à Nação, contendo os princípios de seu grupo de ideal
nazifascista. Criaram a Ação Integralista Brasileira (AIB), procurando combater o comunismo,
defender o nacionalismo extremado, fortalecer o Estado, a disciplina e a hierarquia dentro da
sociedade, além do poder ser concentrado nas mãos do chefe integralista.
Além disso, seus membros vestiam um uniforme verde e desfilavam pelas ruas sob a saudação
indígena Anauê (que significava “você é meu parente”/”somos irmãos”), com a mão direita
estendida. Atacavam agressivamente seus adversários e seu lema era “Deus, pátria e família”.
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O símbolo do Integralismo é a letra grega Sigma (∑), simbolizando a máxima do movimento, que
buscava a integração da sociedade brasileira. A partir da integração da família como menor
instituição da sociedade e tendo o Estado forte para a tomada do eixo, a sociedade se integraria e o
Brasil se fortaleceria. Opunham-se ao anarquismo e ao comunismo.
O governo de Vargas se aproxima inicialmente dos integralistas, devido à sua característica
nacionalista e autoritária. Porém, a partir do Estado Novo (1937-1945), Vargas impõe repressão
tanto aos Integralistas, quanto aos Comunistas, extinguindo ambos os partidos políticos.
Em síntese, Plínio Salgado, político e intelectual, fundou a Ação Integralista Brasileira em 1932, com
base nos ideais fascistas em ascensão na Europa, sobretudo da Itália e da Alemanha. A AIB propunha
um Estado forte, autoritário, no qual só houvesse um partido e uma sociedade militarizada.
Entendemos, dessa forma, que a alternativa correta é a letra [A].
Gabarito: A
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Acerca das leituras que os textos fazem de Canudos, é correto afirmar que
A) I pondera sobre a necessidade de se compreender a Guerra de Canudos no contexto das
rebeliões contra o avanço do capitalismo no sertão brasileiro; II refere-se aos rebeldes do
sertão baiano como principais responsáveis pela instabilidade político-institucional dos
primeiros anos da República brasileira.
B) I analisa o evento ocorrido no sertão baiano a partir de referências médicas e antropológicas,
tratando-o como o embate entre a barbárie, em função da condição primitiva e enlouquecida
do sertanejo, e a civilização; II identifica a prática dos combatentes do Arraial de Canudos à dos
cangaceiros.
C) I reconhece legitimidade na rebelião dos sertanejos baianos, em razão do abandono
institucional de que essas pessoas foram vítimas ao longo do tempo; II mostra o líder Antônio
Conselheiro como um importante articulador político, vinculado aos mais importantes
oligarcas baianos, os chamados coronéis.
D) I condena as principais lideranças da rebelião baiana pela postura de defesa das práticas
religiosas primitivas e rústicas, que se contrapunham aos princípios cristãos; II acusa o líder
Antônio Conselheiro de provocar tensões étnicas e de classe, ao propor uma sociedade
igualitária social e economicamente.
E) I denuncia a ausência de uma compreensão científica, por parte do poder público, sobre as
motivações dos rebeldes de Canudos; II critica os moradores do arraial de Canudos pela
violência gratuita contra as forças legais, que estavam preocupadas em oferecer aos sertanejos
a entrada no mundo da civilização.
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Comentários
A questão trazida pela banca nos apresenta dois excertos em que podemos observar abordagens
diferentes em torno de um mesmo assunto: a Guerra de Canudos, ocorrida entre 1893 e 1897. A
esse respeito, analisemos um pouco mais o episódio.
No ano de 1893, um dos conflitos mais emblemáticos da história nacional ocorreu no sertão da
Bahia. Liderado por um religioso apelidado de Antônio Conselheiro, a Guerra de Canudos foi uma
revolta de uma comunidade autônoma contra a exploração e a miséria de sua população, que durou
quatro anos.
A região onde foi estabelecido o vilarejo de Canudos, no interior da Bahia, era marcada por diversos
latifúndios improdutivos, além da constante seca e do desemprego. Frente a tal situação, milhares
de sertanejos começaram a migrar para os arredores da Fazenda Canudos, que ficava às margens do
rio Vaza-Barris.
A população se organizava ao redor de um líder, considerado por muitos como messiânico, chamado
Antônio Vicente Mendes Maciel, posteriormente conhecido como Antônio Conselheiro. Nascido no
Ceará, se estabeleceu em Canudos no ano de 1893. Na visão de Conselheiro, a recém-implantada
República era uma profanação da autoridade da Igreja Católica, elegendo governantes sem a
legitimação da Igreja, cobrando impostos de forma violenta, permitindo o casamento civil e
promovendo a separação entre Igreja e Estado.
Em 1893, as relações de Canudos com o governo começaram a se complicar, quando alguns
moradores da região, como forma de protesto, queimaram documentos oficiais em um ato de
rebeldia contra os impostos. Os governantes passaram a enxergar os habitantes da região como
fanáticos religiosos e rebeldes monarquistas, dando início à guerra.
Em linhas gerais, a Guerra de Canudos consistiu em quatro expedições militares, que mobilizaram
12 mil soldados vindos de 17 estados brasileiros. Nas três primeiras expedições, os sertanejos
resistiram e chegaram a matar o comandante das tropas federais em combate. Na última, porém,
em 05 de outubro de 1897, o exército republicano incendiou Canudos e matou grande parte da
população, inclusive mulheres e crianças. Tal episódio entrou, inclusive, para a literatura brasileira
através do livro “Os sertões”, escrito por Euclides da Cunha, jornalista enviado para fazer a cobertura
da guerra.
Com relação especificamente aos dois trechos apresentados na questão, o trecho I analisa o evento
ocorrido no sertão baiano a partir de referências médicas e antropológicas, tratando-o como o
embate entre a barbárie, em função da condição primitiva e enlouquecida do sertanejo, e a
civilização; o trecho II, por sua vez, identifica a prática dos combatentes do Arraial de Canudos àquela
dos cangaceiros, movimento que contou com lideranças conhecidas, como Virgulino Ferreira, o
Lampião.
Com isso, podemos entender corretamente que a alternativa a ser assinalada é a letra [B].
Gabarito: B
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Ao mesmo tempo que incentivava, a guerra também limitava a expansão da indústria nacional ao
impedir a reposição e manutenção de máquinas e equipamentos. O Brasil, por sua vez, continuava
carente de indústrias de base, que incluem a produção de aço, ferro e cimento.
Associado a isso, a crise política dos anos 1920 foi caracterizada pela rejeição das oligarquias
cafeeiras. Seu desfecho foi o fim da hegemonia da burguesia cafeeira na condução da economia e
da política brasileiras. Mas a relação entre o café e a indústria fez com que tanto os cafeicultores
quanto os industriais fossem identificados como beneficiários da política do governo.
A crise de 1929 foi um exemplo da fragilidade da economia brasileira e também um anúncio de que
o país necessitava diversificar a sua produção industrial. Foi apenas com a entrada de Getúlio Vargas
no poder, a partir da Revolução de 1930, que a industrialização se tornou o eixo das discussões e
medidas políticas, sobretudo durante o seu governo ditatorial, conhecido como o Estado Novo
(1937-1945).
Com relação à criação das indústrias por Getúlio Vargas, destacamos a Usina de Volta Redonda, no
Rio de Janeiro, além das construções da Companhia Vale do Rio Doce, destinadas à exploração do
minério de ferro em Minas Gerais, e da Petrobrás em 1953, que contribuíram bastante para o
aceleramento do crescimento industrial.
O crescimento industrial ganhou maior dimensão ainda a partir do governo de Juscelino Kubistchek
(1956-1961) com a criação de medidas alfandegárias para a vinda de empresas internacionais para
o Brasil. Esse período foi conhecido pelo seu otimismo no que diz respeito ao crescimento da
economia brasileira, quando medidas como o Plano de Metas incentivaram e diversificaram a
produção industrial.
Dessa forma, entendemos que a indústria durante a década de 1920 caracterizava-se pela
dependência do setor agrário-exportador e pela presença pouco representativa dos ramos da
infraestrutura industrial, caso da siderurgia, que somente iria se desenvolver a partir dos governos
de Getúlio Vargas e Juscelino Kubitschek. Temos, portanto, que assinalar a alternativa [C] como a
correta.
Gabarito: C
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D) desenvolveu uma nova política de valorização do café, por meio da compra e estocagem dos
excedentes pelos governos estaduais e por constantes desvalorizações cambiais para favorecer
os exportadores.
E) autorizou a pluralidade sindical, porém os sindicatos ficaram atrelados ao Ministério do
Trabalho, graças ao imposto de seus associados, e reuniam patrões e empregados, à
semelhança do corporativismo fascista.
Comentários
A questão trazida pela banca faz uma comparação entre a República Velha (1889-1930) e a chamada
Era Vargas (1930-1945), desejando-se saber quais foram as mudanças advindas com a presidência
de Getúlio Vargas. Para respondermos corretamente a essa pergunta, entendamos um pouco mais
a respeito desse período.
Getúlio Vargas chegou à presidência do Brasil em 1930 e permaneceu até 1945. Diante de uma crise
financeira em nível global, evidenciada pela quebra da Bolsa de Valores de Nova Iorque, em 1929,
os cafeicultores brasileiros se encontravam em um cenário de inúmeras dificuldades econômicas,
uma vez que os Estados Unidos não conseguiam comprar mercadorias de fora do país. Isto contribuiu
para o enfraquecimento das bases políticas que sustentavam a Primeira República, dependente
quase que totalmente da exportação do café.
Além dos problemas econômicos, um problema político também surgiu entre as elites de Minas
Gerais e São Paulo: nas eleições de março de 1930, os políticos paulistas que estavam no governo,
sob a liderança de Washington Luís, apoiavam Júlio Prestes, do Partido Republicano Paulista (PRP).
Os mineiros, por sua vez, apoiavam Antônio Carlos Ribeiro de Andrade, governador de MG pelo
Partido Republicano Mineiro (PRM).
O rompimento da política do café com leite (revezamento na sucessão presidencial, onde os estados
de MG e SP indicavam os políticos que iriam concorrer nas eleições seguintes) fez com que a
oposição política ganhasse força e conquistasse espaço no cenário nacional. Neste contexto, surgiu
a Aliança Liberal (AL), com lideranças do RS, MG e PB. A Aliança Liberal lançou o nome de Getúlio
Vargas, então governador gaúcho, para concorrer à presidência da República, e de João Pessoa,
então governador da Paraíba, para vice-presidente. Dentre os principais pontos da Aliança Liberal,
temos: defesa do voto secreto, criação de leis trabalhistas e incentivo à produção industrial.
No entanto, Júlio Prestes (representando o estado de SP) foi o vencedor das eleições, derrotando
Getúlio Vargas. Os líderes da AL se recusaram, por sua vez, a aceitar o resultado das eleições,
afirmando que as mesmas haviam sido fraudadas. Neste contexto, uma revolta ganhou intensidade
quando João Pessoa foi assassinado, em 26 de julho de 1930, por motivos pessoais e políticos, o que
levou a oposição a se unir contra o governo paulista.
Em 03 de outubro, iniciou-se um conflito armado no RS, PB e PE, com o intuito de impedir a posse
de Júlio Prestes como presidente. Militares do RJ, liderados pelos generais Mena Barreto e Tasso
Fragoso, depuseram Washington Luís pouco tempo antes do término de seu mandato, sendo o
poder entregue a Getúlio Vargas, chefe político do movimento que ficaria conhecido como a
Revolução de 1930. Inicia-se, a partir de então, a Era Vargas, dividida em 3 períodos: Governo
Provisório (1930-1934), Governo Constitucional (1934-1937) e Governo Ditatorial (Estado Novo,
1937-1945).
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Em comparação com a República Velha, alguns aspectos sobre a Era Vargas podem ser destacados.
Com relação à política de valorização do café, o governo de Vargas comprava e queimava o
excedente produzido. De forma diferente daquela da Primeira República, que foi uma fase
essencialmente exportadora, o período liderado por Vargas foi marcado por um projeto industrial
conduzido pelo Estado (interventor e protecionista). Ademais, Getúlio também buscou o
financiamento externo para a criação de empresas nacionais, como a Companhia Siderúrgica
Nacional (1940), a Companhia Vale do Rio Doce (1942), a Fábrica Nacional de Motores (1943) e a
Hidrelétrica do Vale do São Francisco (1945). Por fim, também foi criada uma legislação trabalhista
que beneficiava os trabalhadores urbanos, contribuindo mais ainda para o desenvolvimento
industrial do país.
Podemos assim entender que as mudanças implantadas pela Era Vargas promoveram as bases da
industrialização, ao empreenderem uma política econômica intervencionista e protecionista, além
de orientar sua política externa na busca de recursos para implantar empresas nacionais. Logo, a
alternativa correta é a letra [A].
Gabarito: A
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A questão trazida pela banca apresenta um excerto do historiador brasileiro José Murilo de Carvalho,
no qual podemos verificar a temática da construção de um herói nacional, sobretudo com o advento
da República, em 1889. No entanto, o autor nos deixa claro que “A busca de um herói para a
República acabou tendo êxito onde não o imaginavam muitos dos participantes da proclamação”,
ou seja, a figura retratada como herói brasileiro, em prol da proclamação da República, não fora
nenhum daqueles responsáveis por derrubar D. Pedro II e colocar o Marechal Deodoro da Fonseca,
mas foi uma figura mais humilde, que os proclamadores não imaginavam. A este respeito,
analisemos com mais atenção a seguir.
De início, é importante destacar que o texto pode ser corretamente associado à figura de Tiradentes,
um militar e republicano transformado em mártir, cuja morte passou a ser associada ao sacrifício de
Jesus Cristo. Ademais, Tiradentes esteve inserido no contexto colonial do século XVIII, naquela que
ficou conhecida como a Inconfidência Mineira, em 1789.
Devido à alta exploração do ouro ao longo do século XVIII, ocorreu uma crise econômica na qual os
mineradores não conseguiam mais pagar os impostos. Portugal, então, estipulou a cobrança da
Derrama, em 1765, que representava a cobrança compulsória dos impostos atrasados. Isto gerou
inúmeras insatisfações na população e ocasionou, em 1789, aquela que ficou conhecida como a
Inconfidência Mineira, de caráter separatista, sob a liderança do alferes Tiradentes e outros
letrados, de posição social mais elevada, cujos referenciais iluministas já estavam existentes.
A revolta, no entanto, foi denunciada por Joaquim Silvério dos Reis, um de seus membros, em troca
do perdão de suas dívidas, tendo sido contida e seus líderes presos, à exceção de Tiradentes,
membro mais pobre entre os revoltosos, que foi punido com o esquartejamento. No caso de
Tiradentes, mais do que a sua participação na Inconfidência Mineira, o fato de ter sido o único morto
o colocou como um mártir da História brasileira. Quando foi enforcado e esquartejado, em 1792, o
Brasil ainda era colônia de Portugal.
Para construir uma nação forte e que apoiasse o governo republicano, era necessário que a
população estivesse unida em torno de um projeto político nacional. Um dos passos para isso foi a
escolha de um personagem que representasse os ideais republicanos. Marechal Deodoro,
proclamador da República e seu primeiro presidente, seria a figura ideal, mas seu governo foi muito
tumultuado, com crises financeiras e sua renúncia ao cargo, em 1891.
Diante deste cenário, foi escolhido um personagem de origem humilde (em oposição à monarquia),
militar, trabalhador e que participou de um movimento com ideais republicanos, como Tiradentes.
Sua figura é comumente associada à de Jesus Cristo, como podemos ver no quadro abaixo,
produzido por Pedro Américo.
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O herói estava construído. Assim como Jesus, possuía um ideal, um traidor (Joaquim Silvério dos
Reis, que delatou os inconfidentes), retratos espalhados por prédios públicos, admiradores e um
feriado em homenagem a sua morte (21/04). Esta feita a construção nacional republicana, a partir
da imagem de Tiradentes.
Com isso, entendemos que a alternativa correta é a letra [E].
Gabarito: E
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que Prudente [de Morais, presidente eleito após a saída de Floriano Peixoto, em 1894] seja tal qual
foi Floriano.
Notamos, com isso, que o escritor, como um admirador de Floriano Peixoto, saudava a prudência do
ex-presidente, que teve de lidar com dois movimentos ao longo de seu governo: a Revolução
Federalista (1893-1895) e a Revolta da Armada (1891-1894). Acerca desses movimentos, analisemos
com mais atenção.
Durante seu governo, Floriano enfrentou um conflito entre dois grupos políticos distintos: o Partido
Republicano Rio-Grandense (pica-paus) e o Partido Federalista (maragatos). O primeiro defendia um
governo republicano com sistema presidencialista; o segundo partido também defendia um governo
republicano, mas com sistema parlamentarista.
Os federalistas estavam insatisfeitos com o governo (após a renúncia de Deodoro, em 1891), e se
mostravam contrários ao sistema presidencialista. Dessa forma, desejavam a deposição do
republicano Júlio de Castilho (eleito Presidente do Estado do RS), e ansiavam por um governo
parlamentarista, sobretudo, para a descentralização do poder. Os federalistas, por sua vez, estavam
ao lado de Floriano e acreditavam no nacionalismo, na consolidação do sistema republicano (desde
a Proclamação da República em 1889), na centralização do poder e na modernização do país. Este
fato entrou para a História como a Revolução Federalista e terminou somente em 1895, já na
presidência de Prudente de Morais.
Com relação à Revolta da Armada, membros da Marinha, sob a liderança do almirante Custódio José
de Melo, ameaçavam bombardear o Rio de Janeiro com os navios de guerra ancorados no porto.
Este fato ficou conhecido como a Primeira Revolta da Armada. Em meio a isso, Deodoro renunciou
à presidência em 23 de novembro de 1891, sendo que o cargo foi ocupado pelo seu vice, Floriano
Peixoto, o “Marechal de Ferro”.
A oposição ao governo de Floriano continuou existindo, o que ocasionou a Segunda Revolta da
Armada, em março de 1892, quando 13 generais enviaram uma carta-manifesto ao presidente,
exigindo a convocação de novas eleições. Ao receber o documento, Floriano puniu os militares,
afastando-os das forças armadas. No Rio de Janeiro, novamente Custódio José de Melo liderou o
levante, em setembro de 1893, quando 15 navios bombardearam o RJ. Com o apoio do Partido
Republicano Paulista (liderado pelos cafeicultores de SP) e do exército, o governo dominou os
revoltosos.
Dessa forma, notamos que o autor da quadrinha ressalta a forma como Floriano lidou com as duas
revoltas ocorridas em seu governo, tanto a Federalista, quanto a da Armada, além de ressaltar a
admiração fanática que Floriano despertou em seus contemporâneos.
Com isso, a alternativa a ser assinalada corretamente é a letra [D].
Gabarito: D
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República não tinha adversários, que devessem ser temidos. Consolidar as novas instituições
não era, portanto, atacar e destruir inimigos, (...), mas completar a organização de aparelhos
democráticos e normalizar as suas funções.”
(CAMPOS SALES, Manuel Ferraz de. Da Propaganda à Presidência. Brasília: Ed. da UNB, p.69)
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A expressão “Política dos Governadores” é utilizada para falar do arranjo político promovido entre
o presidente Campos Sales e os governadores e presidentes estaduais, com o objetivo de superar as
dificuldades políticas que marcaram os primeiros governos da República. Com base no acordo
presidencial de não intervenção em conflitos regionais, em troca da garantia do pleno controle do
Executivo sobre o Congresso, o acordo incluiu manobras políticas que permitiram minimizar a
influência das oposições e consolidar o comprometimento da presidência da República com as
oligarquias dominantes nos estados, estabelecendo um novo equilíbrio entre estes e o governo
central.
Em nível regional, o coronel mais poderoso de cada município consolidava alianças políticas com
outros fazendeiros para eleger o governador do estado. Em troca, o governador eleito retribuía o
apoio destinando verbas para a construção de obras nos municípios por eles controlados. Em razão
de tais alianças, o poder político dos estados permanecia nas mãos de um mesmo grupo político,
sendo que, ao final de cada mandato, o governador passava o poder para um parente ou
correligionário. Essa lógica era ampliada a nível nacional, onde os governadores de estados
garantiam a eleição de deputados e senadores do mesmo alinhamento político, fortalecendo os
vínculos entre as oligarquias e o governo central.
Essa política também representa uma importante etapa na consolidação das oligarquias estaduais,
que permitiu, de forma duradoura, o controle do poder central pela oligarquia cafeeira. Esse
domínio se manifestou na hegemonia política dos estados de São Paulo e Minas Gerais através da
indicação dos presidentes da República, naquela que ficou conhecida como a política do café com
leite, que vigorou até o final da República Velha (1930).
Com a política do café com leite, as oligarquias cafeeiras garantiam o seu domínio a nível regional e
nacional, além de manter o controle de possíveis ações de grupos dissidentes. Dessa forma, evitava-
se qualquer tipo de articulação entre os demais estados que colocasse em perigo a autoridade do
governo federal.
Com isso, entendemos que a alternativa correta a ser assinalada é a letra [C].
Gabarito: C
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Diante do que foi exposto, entendemos que a canção “Pelo telefone” representa a transição da
cultura rural e urbana porque aborda uma temática essencialmente moderna (a presença do
telefone) e, ao mesmo tempo, trata do universo rural, pois há versos na canção originários de uma
produção folclórica, em um momento de transição política (primórdios da República), social
(crescente influência das camadas urbanas) e cultural (influência da modernidade na produção
artística, mas com raízes na formação rural brasileira).
(Fonte: https://www.vice.com/pt_br/article/ryv8kw/pelo-telefone-donga-cem-anos).
A alternativa correta é, portanto, a letra [C].
Gabarito: C
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capitães que estavam insatisfeitos com o sistema político brasileiro, sobretudo com as práticas
regionalistas impostas pelas oligarquias estaduais.
O surgimento desse movimento também remonta à campanha eleitoral de 1922, quando as
oligarquias paulista e mineira lançaram o nome de Artur Bernardes como candidato a presidente,
concorrendo com Nilo Peçanha, apoiado pelas oligarquias de Rio Grande do Sul, Pernambuco, Bahia
e Rio de Janeiro.
Também conhecida como a Reação Republicana, a candidatura de Nilo Peçanha era direcionada às
classes médias urbanas. Foi durante essa campanha que a imagem de Artur Bernardes como político
antimilitar se desenvolveu, devido a uma série de cartas falsas que foram veiculadas com supostas
críticas feitas por ele aos militares. Apesar de ter sido divulgado que os documentos eram falsos, a
relação dos militares com Artur Bernardes ficou amplamente desgastada.
A situação ficou ainda pior quando Artur Bernardes, após eleito, ordenou o fechamento do Clube
Militar e a prisão de Hermes da Fonseca. A partir daí, iniciou-se um movimento de revolta e
contestação dentro do exército contra os governos da Primeira República. A atuação desse
movimento ocorreu ao longo da década de 1920, sendo que nesse período ocorreram diversas
rebeliões. A primeira grande revolta tenentista aconteceu em 5 de julho de 1922, na cidade do Rio
de Janeiro, e ficou conhecida como Revolta do Forte de Copacabana ou Revolta dos 18 do Forte de
Copacabana.
Os tenentes revoltosos queriam recuperar a honra dos militares, alegando que eram reprimidos pelo
governo de Artur Bernardes. Durante essa revolta, os tenentes ficaram cercados no Forte de
Copacabana e, em certo momento, 18 oficiais, em um ato de desespero, decidiram marchar pela
avenida Atlântica em direção às tropas do governo.
Após esse episódio, a revolta se espalhou por outras partes do Brasil, sendo que houve rebeliões em
Manaus, em 1924, que ficaram conhecidas como a Comuna de Manaus, além da Revolução Paulista de
1924, que daria início, posteriormente, à Coluna Prestes, quando as tropas lideradas por Miguel Costa
se uniram aos tenentistas liderados por Luís Carlos Prestes.
Seus membros eram contrários às práticas políticas do período da Primeira República. Assim,
lutavam contra o poder das oligarquias, sobretudo no interior do Brasil, onde as desigualdades
sociais manifestavam-se de maneira mais acentuada. Além disso, havia grande insatisfação por parte
dos militares devido ao pouco investimento na corporação.
Os tenentistas consideravam a condição política em que o Brasil se encontrava como a grande
causadora das carências existentes. Como lutavam contra as oligarquias, eram contrários à
existência do federalismo no Brasil, defendendo uma maior centralização do poder. Também
alegavam que o sistema federalista permitia a fragmentação política do Brasil, gerando a
concentração do poder em núcleos regionais.
Contudo, os tenentistas não possuíam um plano de ação e não sabiam como seriam implantadas as
reformas que defendiam. Dessa forma, as lutas por eles organizadas são mais caracterizadas pela
ação do que pelo discurso. O tenentismo foi responsável por lançar nomes importantes na política
brasileira, como o de Getúlio Vargas, líder da Revolução de 1930, que colocou fim ao domínio das
oligarquias na presidência. Com isso, entendemos que o tenentismo não tinha uma clara proposta
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Com o apoio das forças políticas de São Paulo e por influentes setores das forças armadas, Floriano
chegou ao poder e instituiu, entre suas primeiras medidas, o afastamento de chefes de governo
estadual indicados por Deodoro e a reabertura do Congresso Nacional. Ademais, estimulou a
industrialização do Brasil através da facilitação da importação de equipamentos industriais e
financiamento a empresários da indústria. Tal medida ocasionou uma reação negativa dos
fazendeiros tradicionais do país.
Floriano possuía atitudes autoritárias em seu governo, sendo que sua presidência passou por forte
oposição política, a qual alegava que novas eleições deveriam ser convocadas, como previa a
Constituição. Porém, Floriano permaneceu no mandato até o seu final, em 1894. Ficou conhecido,
por conta de sua forma enérgica de lidar com os adversários, como Marechal de Ferro.
A oposição ao governo de Floriano continuou existindo, o que ocasionou a Segunda Revolta da
Armada. Em março de 1892, 13 generais enviaram uma carta-manifesto ao presidente, exigindo a
convocação de novas eleições. Ao receber o documento, Floriano puniu os militares, afastando-os
das forças armadas. No RJ, Custódio José de Melo e Saldanha da Gama lideraram o segundo levante,
em setembro de 1893, quando 15 navios bombardearam o RJ. Com o apoio do Partido Republicano
Paulista (liderado pelos cafeicultores de SP) e do exército, o governo dominou os revoltosos.
Dessa forma, entendemos que a alternativa correta é a letra [C], dado que o bombardeio do Rio de
Janeiro, em 1893, refere-se à Revolta da Armada.
Gabarito: C
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muitos seringais, que se tornaram valiosos no chamado Ciclo da Borracha. Por essa razão, em 1879
os seringueiros brasileiros se mudaram para lá e começaram a exploração do látex.
O Tratado de Petrópolis, portanto, foi o resultado da negociação entre os governos do Brasil e da
Bolívia, motivada pela disputa das terras do Acre. Os limites formais haviam sido estabelecidos pelo
Tratado de Ayacucho (1867), ainda durante o Segundo Reinado Brasileiro (1840-1889), sem que
houvesse uma demarcação de fato das terras, que os bolivianos jamais efetivamente ocuparam.
Para evitar que a Bolívia tomasse posse da região, o Governo do Amazonas chegou a mandar homens
armados. Ali se proclamou por três vezes a independência do Acre e se instituiu uma república que,
por sua vez, não obteve sucesso.
A Bolívia, contudo, não gostou da ocupação brasileira e protestou junto ao Brasil. Para evitar maiores
problemas, o Governo Brasileiro se pronunciou oficialmente declarando que ali era território
boliviano. Preocupado com sua soberania sobre a região, o Exército Boliviano se dirigiu para a região
com o intuito de reconquistar o território, mas a quantidade de brasileiros surpreendeu os
bolivianos, que foram recebidos com tiros.
Para conciliar tal questão, assinou-se o Tratado de Petrópolis em 17 de novembro de 1903, em que
a região do Acre passaria a ser território brasileiro. Em troca do Acre, seria cedido parte do Mato
Grosso entre os rios Abunã e Madeira. Ademais, os bolivianos receberiam a quantia de 2 milhões de
libras esterlinas como pagamento pela região. Por fim, esse Tratado também deu à Bolívia uma saída
para o mar, podendo navegar pelos rios brasileiros até chegar ao Oceano Atlântico, e seria
construída pelo Brasil a Ferrovia Madeira Mamoré, beneficiando os dois países.
Diante do que foi exposto, podemos compreender que uma parcela das linhas internacionais de
fronteiras da área amazônica foi delimitada, somente, após a proclamação da República Brasileira,
em 1889.
Assinalamos como alternativa correta, portanto, a letra [C].
Gabarito: C
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B) Com sua política pragmática, Vargas negociou vantagens econômicas com o governo
americano e manteve em seu governo simpatizantes dos regimes nazi-fascistas.
C) Apesar das semelhanças entre o Estado Novo e os regimes fascistas, Vargas não permitiu
nenhum tipo de relacionamento diplomático entre o Brasil e os países do Eixo.
D) No alto escalão do governo Vargas havia uma série de simpatizantes do regime comunista
da União Soviética e de seu líder Joseph Stalin.
E) As pressões do governo norte-americano levaram Vargas a demitir seu ministro da Guerra,
o general Eurico Gaspar Outra, admirador dos regimes nazi-fascistas.
Comentários
A questão nos apresenta ao período do Estado Novo, regime ditatorial brasileiro comandado por
Getúlio Vargas entre 1937 e 1945. Diante disso, a banca nos questiona acerca da posição política
brasileira adotada por Vargas neste momento de sua presidência. Analisemos, dessa forma, ao que
se pede, tendo em vista o contexto em que tal situação ocorreu no Brasil.
De acordo com a Constituição de 1934, o mandato de Vargas terminaria em 1938. Contudo, no final
de setembro de 1937, o serviço secreto do Exército noticiou a descoberta de um plano de tomada
do poder, organizado pelos comunistas, chamado de Plano Cohen. Este plano foi uma farsa
elaborada pelo próprio governo, com o apoio dos integralistas, para se manterem no poder.
Em nome do combate ao “perigo comunista”, decretou-se estado de guerra e a polícia prendeu
grande parte dos adversários do governo. Em 10 de novembro de 1937, Vargas ordenou o cerco ao
Congresso Nacional, impôs o fechamento do Legislativo e outorgou (impôs) uma nova Constituição
(conhecida também como a Constituição Polaca, em alusão à Constituição Polonesa de caráter
fascista), dando início ao período ditatorial do Estado Novo.
A partir de então, instaurou-se no país o estado de emergência, pelo qual o governo era autorizado
a invadir casas, prender pessoas, julgá-las e condená-las arbitrariamente. Os estados brasileiros
perderam sua autonomia política e os governos estaduais passaram às mãos de interventores da
confiança de Vargas. Partidos políticos foram extintos e as eleições democráticas, suspensas; greves
e manifestações contrárias ao governo foram proibidas; cidadãos foram perseguidos pela polícia
política, muitos deles tendo sido presos, torturados e mortos.
Com sua política exterior considerada como ambígua e pragmática, Vargas negociou vantagens
econômicas com o governo americano, mas também manteve em seu governo simpatizantes dos
regimes nazifascistas, devido às relações que o Brasil mantinha, simultaneamente, com os dois
novos eixos de poder em ascensão no mundo, os Estados Unidos e a Alemanha. Para entender um
pouco mais a respeito disso, é fundamental lembrar que, entre 1939 e 1945, ocorreu a Segunda
Guerra Mundial, colocando em disputa os países do Eixo (Japão, Alemanha e Itália) contra os Aliados
(França, Inglaterra, Estados Unidos e União Soviética).
Neste sentido, Vargas procurou dar continuidade à política externa praticada desde o início do
século XX, que fazia dos Estados Unidos o principal parceiro internacional do Brasil. No entanto,
questões de natureza econômica fizeram com que o Brasil mantivesse, também, o contato com os
alemães, algo que se tornou insustentável durante a década de 1940. A posição brasileira somente
seria definida na Segunda Guerra Mundial.
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Comentários
A questão nos apresenta a temática do Estado Novo, regime ditatorial brasileiro comandado por
Getúlio Vargas entre 1937 e 1945. Diante disso, a banca nos questiona acerca da política externa
brasileira adotada no período. Analisemos, dessa forma, ao que se pede, tendo em vista o contexto
em que tal situação ocorreu no Brasil.
De acordo com a Constituição de 1934, o mandato de Vargas terminaria em 1938. Contudo, no final
de setembro de 1937, o serviço secreto do Exército noticiou a descoberta de um plano de tomada
do poder, organizado pelos comunistas, chamado de Plano Cohen. Este plano foi uma farsa
elaborada pelo próprio governo, com o apoio dos integralistas, para se manterem no poder.
Em nome do combate ao “perigo comunista”, decretou-se estado de guerra e a polícia prendeu
grande parte dos adversários do governo. Em 10 de novembro de 1937, Vargas ordenou o cerco ao
Congresso Nacional, impôs o fechamento do Legislativo e outorgou (impôs) uma nova Constituição
(conhecida também como a Constituição Polaca, em alusão à Constituição Polonesa de caráter
fascista), dando início ao período ditatorial do Estado Novo.
A partir de então, instaurou-se no país o estado de emergência, pelo qual o governo era autorizado
a invadir casas, prender pessoas, julgá-las e condená-las arbitrariamente. Os estados brasileiros
perderam sua autonomia política e os governos estaduais passaram às mãos de interventores da
confiança de Vargas. Partidos políticos foram extintos e as eleições democráticas, suspensas; greves
e manifestações contrárias ao governo foram proibidas; cidadãos foram perseguidos pela polícia
política, muitos deles tendo sido presos, torturados e mortos.
Com relação à política exterior adotada por Vargas na década de 1930, ela pode ser considerada
como ambígua e pragmática, devido às relações que o Brasil mantinha, simultaneamente, com os
dois novos eixos de poder em ascensão no mundo, os Estados Unidos e a Alemanha. Para entender
um pouco mais a respeito disso, é fundamental lembrar que, entre 1939 e 1945, ocorreu a Segunda
Guerra Mundial, colocando em disputa os países do Eixo (Japão, Alemanha e Itália) contra os Aliados
(França, Inglaterra, Estados Unidos e União Soviética).
Neste sentido, Vargas procurou dar continuidade à política externa praticada desde o início do
século XX, que fazia dos Estados Unidos o principal parceiro internacional do Brasil. No entanto,
questões de natureza econômica fizeram com que o Brasil mantivesse, também, o contato com os
alemães, algo que se tornou insustentável durante a década de 1940. A posição brasileira somente
seria definida na Segunda Guerra Mundial. Diante disso, entendemos que um dos objetivos da
política externa do período foi a procura de recursos, em forma de capital e tecnologia, para
promover a industrialização do Brasil, através de uma estratégia de barganha tanto com os Estados
Unidos, quanto com a Alemanha.
Enquanto os Estados Unidos defendiam a bandeira da liberal-democracia, a Alemanha, que a partir
da vitória do Partido Nacional Socialista em 1933 adotara o nazismo como ideologia oficial, defendia
o autoritarismo antiparlamentar e nacionalista. Tal qual o fascismo italiano, o nazismo alemão
expressava o declínio do liberalismo na Europa. Nesse contexto, Vargas adotou o que pode ser
considerado como uma política de equidistância pragmática.
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Escolha:
A) se apenas as afirmativas II e V estiverem corretas;
B) se apenas as afirmativas II, IV e V estiverem corretas;
C) se apenas as afirmativas IV e V estiverem corretas;
D) se apenas as afirmativas I, II, III e IV estiverem corretas;
E) se apenas as afirmativas III e IV estiverem corretas.
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A questão trazida pela banca nos apresenta cinco assertivas nas quais temos que assinalar, somente,
aquelas que apresentam corretamente algumas das características do chamado Estado Novo,
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governo de caráter ditatorial presidido por Getúlio Vargas, entre os anos de 1937 e 1945.
Analisemos, a partir de agora, um pouco mais sobre este período.
Vargas chegou à presidência do Brasil em 1930 e permaneceu até 1945. Diante de uma crise
financeira em nível global, evidenciada na quebra da Bolsa de Valores de Nova Iorque, em 1929, os
cafeicultores brasileiros se encontravam em um cenário de inúmeras dificuldades, uma vez que os
Estados Unidos não conseguiam comprar mercadorias de fora do país. Isto contribuiu para o
enfraquecimento das bases políticas que sustentavam a Primeira República.
Além dos problemas econômicos, um problema político também surgiu entre as elites de MG e SP:
nas eleições de 1930, os políticos paulistas que estavam no governo, até então com Washington
Luís, apoiaram Júlio Prestes, do Partido Republicano Paulista (PRP). Os mineiros, por sua vez,
apoiaram Antônio Carlos Ribeiro de Andrade, governador de MG pelo Partido Republicano Mineiro
(PRM). O rompimento da política do café com leite fez com que a oposição política ganhasse força
e conquistasse espaço no cenário nacional.
Neste contexto, surgiu a Aliança Liberal (AL), com lideranças do RS, MG e PB, lançando os nomes de
Getúlio Vargas, então governador gaúcho, para presidente da república, e de João Pessoa, então
governador da Paraíba, para vice-presidente. Dentre os principais pontos da Aliança Liberal, temos:
defesa do voto secreto, criação de leis trabalhistas e incentivo à produção industrial.
No entanto, o vencedor das eleições de 1930 foi o representante paulista Júlio Prestes, derrotando
Getúlio Vargas. Os líderes da AL se recusaram, por sua vez, a aceitar o resultado das eleições,
afirmando que as mesmas haviam sido fraudadas. Neste contexto, a revolta ganhou intensidade
quando João Pessoa foi assassinado, em 26 de julho de 1930, por motivos pessoais e políticos, o que
levou a oposição a se unir contra o governo paulista.
Em 3 de outubro, iniciou-se um conflito armado no RS, PB e PE, com o intuito de impedir a posse de
Júlio Prestes como presidente. Militares do RJ, liderados pelos generais Mena Barreto e Tasso
Fragoso, depuseram Washington Luís pouco tempo antes do término de seu mandato, sendo o
poder entregue a Getúlio Vargas, chefe político do movimento que ficaria conhecido como
Revolução de 1930. Inicia-se, a partir de então, a Era Vargas, dividida em 3 períodos: Governo
Provisório (1930-1934), Governo Constitucional (1934-1937) e Governo Ditatorial (1937-1945, o que
nos interessa precisamente nesta questão).
De acordo com a Constituição de 1934, o mandato de Vargas terminaria em 1938. No final de
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nas mãos de Vargas.
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A partir de então, formou-se aquela que ficou conhecida como a Aliança Liberal (AL), responsável
pela indicação do gaúcho Getúlio Vargas para a presidência e do paraibano João Pessoa para vice.
Essa chapa contou com o apoio do movimento tenentista, de camadas médias urbanas e dos
trabalhadores, insatisfeitos com o domínio político dos grandes fazendeiros.
Diante da situação, as eleições ocorreram de forma tensa, sendo que Júlio Prestes saiu como
vencedor. Vargas e João Pessoa, inconformados, insistiram em denunciar que as eleições foram
fraudadas (é importante destacar que a maioria das eleições – senão todas – passavam por algum
tipo de fraude, sendo que os votos contabilizados a Vargas também foram, de alguma forma,
fraudados, mas ao que podemos analisar, aqueles dados a Prestes foram em maior quantidade).
O levante da oposição ganhou corpo após o assassinato de João Pessoa, ainda que por motivos
pessoais, e não políticos, ter sido associado ao Governo Federal, servindo de estopim para o início
da rebelião. Entre 03 e 24 de outubro, confrontos entre as tropas federais e os revoltosos
espalharam-se pelo país, garantindo a deposição de Washington Luís e a tomada de poder, em 03
de novembro de 1930, por Getúlio Vargas, de forma provisória (o que vimos que não aconteceu,
dado o início daquela que ficou conhecida como a Era Vargas, que perdurou entre 1930 e 1945).
Uma das primeiras medidas tomadas por Vargas ao assumir o Governo Provisório (1930-1934) foi
baixar o Decreto 19.398, responsável por dissolver (fechar) o Poder Legislativo nas instâncias
Federal, Estadual e Municipal, até que fosse eleita a Assembleia Constituinte.
Ademais, Vargas substituiu os antigos presidentes de estado (o que, atualmente, são os nossos
governadores) por interventores federais, sendo boa parte deles militares indicados por ele. A
influência de Vargas causou desconforto nas oligarquias estaduais, sobretudo as de São Paulo, que
se organizaram em um movimento que ficou conhecido como a Revolução Constitucionalista de
1932, cuja sigla MMDC representava as iniciais dos 4 estudantes mortos em combate com tropas
federais: Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo, em maio do mesmo ano, e que se tornaram
símbolos do movimento paulista.
O cartaz apresentado na questão nos mostra, ao fundo, a bandeira do estado de São Paulo, com um
soldado “convocando” os paulistas a se alistarem e lutarem contra o Governo Federal centralizador,
em busca de uma nova Constituição e do fim do Governo de Getúlio Vargas. Iniciada em 09 de julho
de 1932, a revolta não obteve os resultados desejados, tendo sido oficialmente encerrada em 1º de
outubro do mesmo ano, após a assinatura da rendição paulista.
O movimento não obteve conquistas imediatas, sendo comemorado somente no estado de São
Paulo, ainda que derrotado. Contudo, serviu como pressão para que, em 1934, fosse elaborada uma
nova Constituição Federal, inaugurada com o segundo momento da Era Vargas, que ficou conhecido
como o Governo Constitucional (1934-1937).
Gabarito: D
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federal comprasse o excedente de café produzido, o qual deveria ser estocado para ser vendido
futuramente, quando os preços se normalizassem. Para realizar a compra, o governo federal faria
empréstimos no exterior. Isso garantia que o preço do café não iria cair frente ao mercado mundial
e que os cafeicultores não teriam prejuízos. Com resultado dessa prática, os estoques do governo
federal, por sua vez, só aumentavam e nunca aparecia a oportunidade de vendê-lo ao mercado
externo.
Foi em meio aos reflexos deste cenário que Vargas assumiu a presidência em 1930, em um contexto
de crise econômica, resultante da Grande Depressão de 1929, e com o intuito de manter os preços
do café. Deu continuidade, por sua vez, à política de valorização do café, comprando e queimando
o produto excedente, procurando incentivar a produção de outras mercadorias, a fim de reduzir a
dependência diante do café, mas equilibrando a oferta e a procura do produto, ao comprar e
destruir os excedentes das colheitas.
(Fontes: http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=170692&id_secao=1;
http://www.mac.usp.br/mac/templates/exposicoes/exposicao_colecao/exposicao_colecao_contexto1930-39.asp).
Gabarito: B
A pintura traz informações sobre a história do Brasil, ao mesmo tempo em que exprime uma
perspectiva social, presente nas disputas políticas dos anos 30 do século passado, que
A) enaltecia a ausência de discriminação étnica na sociedade brasileira.
B) atribuía a modernização do país à força transformadora do trabalho.
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Gabarito: B
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para que o sangue generoso da mocidade, derramado nas batalhas, tenha sempre a
significação que hoje todos lhe reconhecemos: o fim da opressão e o começo da liberdade, cuja
existência se deve a milhões de homens, mulheres e crianças sacrificadas.”
O trecho evidencia um dos fatores que contribuiu para a crise do Estado Novo, corretamente
identificado como:
A) a contradição entre a política externa e a política interna de Vargas.
B) o esgotamento da política intervencionista após a criação da Petrobras.
C) a derrota dos países aliados ao Brasil no contexto da Segunda Guerra.
D) a decadência dos países que participaram das batalhas na Europa.
E) a corrosão do apoio a Vargas devido à sua aliança formal com o campo fascista.
Comentários
O trecho de uma notícia veiculada no jornal “O Estado de S. Paulo”, datado do final da Segunda
Guerra Mundial (08/05/1945), mostra uma característica contraditória da política evidenciada no
Estado Novo, regime ditatorial instaurado em 1937 e que perdurou, sob a liderança de Getúlio
Vargas, até o ano de 1945. Este regime foi simpático ao fascismo dos países do Eixo (Japão,
Alemanha e Itália), porém, durante a guerra, a posição externa brasileira esteve ao lado dos países
Aliados (França, Inglaterra, Estados Unidos e União Soviética).
Tal aspecto se refere, portanto, ao contraste entre as políticas externa e interna de Getúlio Vargas,
as quais contribuíram, de forma significativa, para a própria crise dentro do Estado Novo. Neste
sentido, é importante compreender que a notícia contrapõe alguns dos próprios modos de agir no
Brasil ao longo dos anos ditatoriais: opressão, censura, perseguições políticas, assassinatos,
características então presentes no Brasil entre 1937 e 1945.
Pode-se concluir, dessa forma, que a posição do governo brasileiro, sob a presidência de Vargas, em
relação aos conflitos e ao cenário europeu no final da Segunda Guerra (1945) são contrastantes e
deixam em evidência os motivos de seu declínio.
Gabarito: A
32. (VUNESP - PM-SP - Oficial / 2016)
Observe o cartaz.
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É possível relacionar esse cartaz à disputa política em torno da criação da Petrobras, em que
se opunham:
A) a esquerda, favorável ao fornecimento de petróleo ao bloco socialista, e a direita, favorável
ao fornecimento de petróleo aos EUA.
B) os integralistas, que defendiam o controle estatal da empresa, e os liberais, que criticaram
a ineficiência do Estado à época da crise da ditadura varguista.
C) a burguesia industrial paulista, defensora da privatização da exploração do petróleo, e os
tenentes, favoráveis ao controle estatal da empresa.
D) os militares autoritários, favoráveis à defesa da soberania nacional, e os militares
democratas, favoráveis à aliança com os EUA.
E) o PTB, com o seu projeto de desenvolvimento econômico nacional, e a UDN, defensora da
entrada de capital estrangeiro.
Comentários
A questão remete ao período da criação da Petrobras, empresa estatal fundada em 03 de outubro
de 1953, durante o governo de Getúlio Vargas (1950-1954). Vargas, após ter sido eleito em 1950,
passou por uma crescente oposição conduzida, principalmente, pela União Democrática Nacional
(UDN), sobretudo no que diz respeito às questões trabalhistas e às suas políticas de caráter
nacionalista.
Tal situação colocou em contradição dois grandes partidos políticos, o PTB (Partido Trabalhista
Brasileiro), de tendência nacionalista e liderado por Getúlio Vargas, e a UDN, de caráter mais liberal
e que se mostrava fortemente contrário ao caráter estatal da Petrobras.
Enquanto os nacionalistas defendiam a criação de um projeto de desenvolvimento econômico
nacional, sob o lema “O petróleo é nosso”, além da defesa da exploração e refino feitos pela
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indústria brasileira, a UDN era defensora da entrada do capital estrangeiro, feito pelas empresas
estrangeiras que tinham atuação no mercado brasileiro.
Nesta disputa política acerca da criação da Petrobras, o grupo vitorioso foi aquele liderado por
Vargas, fundando a estatal que possuía, portanto, a exclusividade na extração, refino e transporte
do petróleo nacional.
Gabarito: E
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A chamada Revolta ou Intentona Comunista serviu, assim, enquanto uma justificativa para que,
após novembro de 1935, o Congresso aprovasse uma série de medidas que concentravam o seu
poder. Simultaneamente, o Poder Executivo passou a contar com poderes de repressão quase que
ilimitados. Tal processo resultou no golpe de Estado de 10 de novembro de 1937, o qual fechou o
Congresso, cancelou as eleições programadas para janeiro de 1938, estabelecidas pela Constituição
de 1934, e manteve Getúlio Vargas no poder. Instituiu-se, a parti de então, um período ditatorial
chamado de Estado Novo, que perdurou até 1945.
Gabarito: B
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III. Correta. Em 1937, Getúlio Vargas outorgou uma constituição, que ficou conhecida como a
Constituição Polaca, em referência à Constituição de caráter fascista da Polônia. Tal Carta Magna
instituiu o Estado Novo, regime autoritário que vigorou até 1945.
IV. Incorreta. O direito ao voto dos analfabetos somente foi alcançado com a Constituição de 1988.
Ademais, as constituições de 1946 e 1967 reforçaram o Poder Executivo.
V. Correta. A Constituição Federal de 1988, em seu artigo 61, § 2°, estabelece que a iniciativa popular
pode ser exercida pela apresentação à Câmara dos Deputados de projeto de lei subscrito por, no
mínimo, um por cento do eleitorado nacional, distribuído pelo menos por cinco Estados, com não
menos de três décimos por cento dos eleitores de cada um deles.
Gabarito: D
35. (VUNESP - Soldado - PM-SP / 2018)
(...) foi o primeiro veículo de comunicação a chegar às residências e aos locais de trabalho. Por
causa de seu enorme impacto no dia a dia dos brasileiros, Getúlio impôs o controle das
informações transmitidas (…) durante o Estado Novo. Nem tudo podia ser dito, e a forma de
dar a notícia também era pensada com cuidado, para evitar que a voz da oposição chegasse
aos brasileiros. Interesses políticos e comerciais sempre interferiram nos meios de
comunicação.
(Disponível em: http://memorialdademocracia.com.br. Acesso em: 14.08.2018. Adaptado)
A qual meio de comunicação o texto faz referência?
A) Rádio.
B) Televisão.
C) Jornal.
D) Revista.
E) Telefone.
Comentários
A alternativa A é a resposta certa. Com o objetivo de aperfeiçoar e ampliar as atividades do
Departamento Nacional de Propaganda, Vargas criou, em dezembro de 1939, o Departamento de
Imprensa e Propaganda. A partir da criação do DIP, todos os serviços de propaganda e publicidade
dos ministérios, departamentos e estabelecimentos da administração pública federal e entidades
autárquicas passaram a ser executados com exclusividade pelo órgão, que também organizava e
dirigia as homenagens a Vargas, constituindo o grande instrumento de promoção pessoal do chefe
do governo, de sua família e das autoridades em geral. O DIP tornou-se o órgão coercitivo máximo
da liberdade de pensamento e expressão durante o Estado Novo e o porta-voz autorizado do regime.
No caso, competia à divisão de rádio, de acordo com regulamento do DIP, levar aos ouvintes
radiofônicos nacionais e estrangeiros, por intermédio da radiodifusão oficial, tudo o que lhes
pudesse fixar a atenção sobre as atividades brasileiras em todos os domínios, fazer a censura prévia
de programas radiofônicos e de letras a serem musicadas e organizar o programa Hora do Brasil.
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A alternativa B é falsa, pois foi só em 1950 que a televisão chegou ao Brasil, trazida pelo jornalista e
empresário Assis Chateaubriand, sendo ainda muito restrita aos que podiam pagar o artigo de luxo.
Ao passo que o Estado Novo vigorou de 1937 a 1945.
A alternativa C é incorreta, apesar do jornal ter permanecido sob a intervenção do DIP até o final do
Estado Novo (1937-1945), não é correto dizer que o trecho citado faz referência ao jornal,
especialmente porque não tinha tanta amplitude do que o rádio, mesmo sendo o jornal um meio de
comunicação mais antigo no Brasil, sendo que o rádio era só ligar e ouvir, atingindo até mesmo o
grande contingente de analfabetos.
A alternativa D também é incorreta, pois, assim como o jornal, as revistas tinham menos amplitude
do que o rádio, pelo próprio fato do rádio ser mais acessível ao grande contingente de analfabetos
do país. E, além disso, o rádio poderia ser ouvido em casa, no trabalho, na rua, etc., não necessitando
do tempo de dedicação e atenção exigidos pelo jornal e a revista.
A alternativa E também é falsa, uma vez que o telefone na época, além de ser um artigo que poucos
tinham acesso, era também simples, destinado apenas a telefonemas comuns e dependia das
centrais telefônicas, operadas por telefonistas que conectavam manualmente os telefones dos
usuários.
(FGV-CPDOC; ARAÚJO, 2017).
Gabarito: A
36. (VUNESP 2017 – Soldado PM 2ª Classe)
O regresso ao Rio de Janeiro do 1º Escalão da Força Expedicionária Brasileira em 18 de julho de
1945 estava sendo esperado e interpretado como um marco na campanha das forças
oposicionistas. O desfile das tropas pelas ruas da cidade seria como uma grande festa da UDN
e de seu candidato.
(Angela de Castro Gomes, A invenção do trabalhismo. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2005. P.
284-285. Adaptado)
O trecho revela um momento importante da crise do Estado Novo associada ao retorno da FEB,
que
A) reforçaria a importância dos militares e da UDN na construção de uma saída negociada para
o fim da ditadura, o que levou Getúlio a renunciar e se isolar politicamente, sem estabelecer
relação com a cena política que viria a seguir.
B) ressaltaria o vínculo entre os setores de oposição a Vargas e a participação do Brasil na
Segunda Guerra Mundial ao lado dos Aliados, na medida em que Vargas tinha sido favorável à
entrada na guerra ao lado do Eixo.
C) consagraria a vitória da luta pela democracia e a repulsa à ditadura e a seu presidente,
evidenciando a contradição entre uma política externa alinhada com os valores democráticos
e uma política interna autoritária.
D) evidenciaria a fraqueza do governo Vargas naquele contexto, dado o fato de que o governo
teve poucos recursos para sustentar as tropas na guerra, o que reforçou as sensações de
pobreza e precariedade disseminadas à época.
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chegados da guerra trouxeram uma visão antiautoritária e antifascista, uma vez que eles foram para
a Itália ao lado das potências aliadas lutar contra o fascismo.
(ABREU, 2009; VAZ, 2013; FGV-CPDOC, 2017).
Gabarito: C
O Estado Novo, implantado por Getúlio Vargas em 1937, promoveu mudanças na política e na
sociedade brasileira. Uma dessas mudanças foi a
A) diminuição do intervencionismo do Estado para facilitar o processo de industrialização e a
ampliação dos mercados de trabalho e de consumo.
B) promulgação de reformas na legislação das empresas que reduziam os encargos trabalhistas
com o objetivo de ampliar a oferta de empregos.
C) proibição de instalação de empresas estrangeiras no país para incentivar e proteger a
indústria nacional e os trabalhadores brasileiros.
D) priorização das indústrias como setor principal da economia, o que beneficiou os
trabalhadores urbanos em detrimento dos camponeses.
E) unificação da legislação trabalhista (CLT) que garantia alguns direitos, como a instituição do
salário mínimo, para os trabalhadores brasileiros.
Comentários
A alternativa A está incorreta, pois um ponto importante da orientação ideológica de Getúlio Vargas,
centrado na área trabalhista, foi essencial para definir o futuro do desenvolvimentismo, defendendo
a integração do proletariado à sociedade moderna. Seguindo esses preceitos, Vargas admite e utiliza
maior intervenção estatal nos conflitos de classe, como pode ser demostrado pela criação do
Ministério do Trabalho já em 1930 e com o controle das organizações sindicais pelo Estado,
construindo as bases do populismo das décadas de 40 e 50.
A alternativa B também é incorreta, pois a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), de 1º de maio
de 1943, reuniu diversas normas que regulamentaram as empresas, visando garantir aos
trabalhadores os seus direitos, como a fiscalização do trabalho, as normas de direitos individuais e
coletivos de trabalho, o direito processual do trabalho, etc.
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A alternativa C também é incorreta, uma vez que uma das ações de Getúlio Vargas durante o Estado
Novo foi estabelecer uma série de acordos e negociações para empresas estrangeiras, tentando
mobilizar seus investimentos para uma usina siderúrgica no Brasil. É notável que essa preocupação
era vista como uma etapa para o objetivo maior de Getúlio: engendrar a industrialização.
A alternativa D também é incorreta, pois a política de desenvolvimento no Estado Novo tinha na
burguesia industrial o seu maior ponto de sustentação. Mesmo que o governo também desse apoio
para os setores agrários, essa ala de produtores não estava unificada no apoio a Getúlio. Até a
burguesia comercial também não era uníssona, especialmente devido a política industrializante, a
qual subordinava os setores de importação e exportação às necessidades do mercado interno. A
princípio, Vargas se sustentava muito mais na justificativa de unidade nacional do que na questão
da distribuição do crescimento, para assim se chegar à justiça social. Dessa forma, é notável que a
“recompensa” aos trabalhadores viria, mas, para isso, era preciso se submeter à aridez do processo
de industrialização, o qual se daria por medidas autoritárias.
A alternativa E está correta. A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) é uma compilação de leis
trabalhistas brasileiras elaborada, no governo do então Presidente Getúlio Vargas e promulgada no
Brasil em 1º de maio de 1943 por meio do Decreto-Lei n. 5243, durante o regime autoritário do
Estado Novo. Nesse documento legal, foram reunidas normas de direito individual e coletivo de
trabalho, de fiscalização do trabalho e de direito processual do trabalho. Também foi nesse ano que
a implantação da Justiça do Trabalho, os benefícios de salário mínimo e estabilidade adquirida foram
consolidados, o que marcaria a legislação trabalhista brasileira até as primeiras décadas do século
XXI.
(CEZAR, 2019; JESUS; MENDONÇA; KIRSTEN, 2019).
Gabarito: E
38. (VUNESP - PM-SP - Oficial / 2017)
Observe a imagem a seguir:
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D) à Revolta da Vacina.
E) à Revolta Tenentista.
Comentários
Observando-se a imagem apresentada e a data em que ela foi divulgada, na legenda da foto, é
possível perceber a qual acontecimento ela se refere, a saber, a chamada Revolta da Vacina de 1904.
Entre o final do século XIX e o início do XX, as principais cidades brasileiras ainda eram sujas e sofriam
com os problemas de saneamento e higiene, sendo que doenças como a varíola, a febre amarela e
a tuberculose eram comuns neste período. O Rio de Janeiro, até então a capital brasileira, também
era uma das cidades que sofriam com a falta de higiene e prevenção de doenças.
Rodrigues Alves, que assumiu a presidência do Brasil a partir de 1902, adotou uma política de
saneamento e reurbanização das cidades, nomeando o médico Oswaldo Cruz como diretor de saúde
pública, efetuando uma campanha de saneamento e vacinação obrigatória da população (como
podemos observar, também na legenda, o título “O espeto obrigatório”, em alusão à agulha e à
obrigatoriedade da vacinação).
No entanto, a campanha não foi feita de forma a conscientizar e esclarecer a população sobre os
benefícios da vacinação e da higiene, mas de forma autoritária, na qual as casas eram invadidas pelos
agentes de saúde e as pessoas eram obrigadas à vacinação.
Em uma sociedade em que as pessoas não estavam acostumadas com tais formas de higiene,
tampouco em mostrar seu corpo para pessoas desconhecidas, tal ação do Estado gerou uma
insatisfação popular, culminando, portanto, naquela que ficou conhecida como a Revolta da Vacina.
Gabarito: D
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B) (1) o projeto americanófilo, que defendia que o Brasil se inspirasse no modelo de sociedade
dos EUA; (2) o projeto nativista, que defendia o parlamentarismo em uma monarquia
constitucional.
C) (1) os interesses da elite liberal e ilustrada, habitante das grandes cidades; (2) os interesses
da oligarquia paulista cafeicultora aliada ao exército, responsável pelo golpe da República de
1889.
D) (1) a perspectiva jacobina, mais radical e democrática, identificada com os lemas da
Revolução Americana; (2) a perspectiva oligárquica, mais autoritária, identificada com as ideias
de ordem e progresso.
E) (1) o liberalismo econômico, de acordo com os interesses da nascente burguesia industrial;
(2) o intervencionismo, de acordo com os interesses dos cafeicultores e grandes proprietários
em geral.
Comentários
A primeira bandeira do Governo Provisório foi instituída com a Proclamação da República, em 1889,
e foi inspirada na ideologia do movimento republicano federalista, em oposição ao centralismo da
monarquia. Perdurou durante apenas 5 dias, quando foi substituída pela atual bandeira (nº. 2),
inspirada no movimento Positivista de Augusto Comte, sob o lema “Ordem e Progresso” que, em
conjunto, garantiria a evolução progressiva ao Estado Positivo (científico). O governo deveria ser
dado a um líder (presidente) republicano, o qual seria o responsável por estabelecer as diretrizes
para o bom andamento do país.
Gabarito: A
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A partir do texto, é correto reconhecer que o grande fluxo de imigrantes para São Paulo
relaciona-se com
A) a determinação do governo imperial em subsidiar a vinda de imigrantes, que recebiam na
província de São Paulo pequenas propriedades, conforme estabelecia a Lei de Terras, aprovada
em 1850.
B) a insistência do parlamento brasileiro – dominado pela elite escravocrata – em instituir cotas
nacionais de imigração para a província de São Paulo, privilegiando italianos e japoneses.
C) o enorme crescimento da atividade industrial em todas as regiões brasileiras, associado ao
interesse do governo italiano em mandar para a América militantes políticos radicais, como os
fascistas.
D) a exigência dos proprietários rurais brasileiros em aceitar a abolição da escravatura apenas
diante da elaboração de um projeto de imigração exclusivamente de italianos, por serem
brancos e cristãos.
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E) a necessidade de mão de obra para várias atividades econômicas, assim como as condições
desfavoráveis para que as pessoas permanecessem em algumas regiões da Europa.
Comentários
O grande fluxo de imigrantes italianos ao Brasil se deve, para além do incentivo à cafeicultura
paulista, ao fato de se obter uma mão de obra mais barata, uma vez que a mão de obra dos negros
escravizados fora abolida em 1888.
Além da cafeicultura, muitos imigrantes italianos partiram, sobretudo entre 1920 e 1930, para os
grandes centros urbanos (na cidade de São Paulo, por exemplo, o bairro da Mooca é de origem
italiana).
Neste sentido, a imigração para o Brasil foi incentivada por conta da situação desfavorável em
regiões da Europa, como a própria Itália que, após anos de luta para a sua unificação, que se
consolidou entre 1870 e 1871, tinha dificuldades para se reerguer, tanto nos campos quanto nas
cidades.
Gabarito: E
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Gabarito: D
45. (VUNESP - 2015 - Prefeitura de São Paulo - SP - Analista de Políticas Públicas e Gestão
Governamental)
Entre as incertezas dos primeiros anos do período pós-Revolução de 1930, o governo definiu,
com segurança, a política do estabelecimento de um novo tipo de relações entre o Estado e a
classe operária.
(Boris Fausto. In: Carlos Guilherme Mota (org.), Brasil em perspectiva. Adaptado)
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conflitos trabalhistas e aplicar a recém-criada legislação trabalhista brasileira (que daria origem à
CLT de 1943) embora não tenham inicialmente formado parte do Poder Judiciário do Brasil. As Juntas
tinham competência para conhecer e dirimir dissídios individuais trabalhistas, mas, por não
formarem parte do Judiciário, não executavam suas decisões, que apenas serviam como
fundamento para processo de execução a ser protocolado na Justiça Comum.
A alternativa C também está incorreta, pois somente nos primeiros anos do Estado Novo (1937-
1945) que foi regulamentado o salário mínimo (1938) e foi criado, em agosto de 1940, o Serviço de
Alimentação da Previdência Social (SAPS). Em 1° de maio de 1941 foi finalmente inaugurada a Justiça
do Trabalho. Iniciou-se a cobrança do imposto sindical, instrumento importante para a manutenção
da tutela estatal sobre as organizações sindicais.
A alternativa D também é incorreta, uma vez que a Lei de Sindicalização, de março de 1931, definiu
que os espaços de organização da causa trabalhista deveriam contar com 2/3 de filiados nascidos no
Brasil. Com isso, o governo afastaria a participação dos vários trabalhadores imigrantes que
disseminavam os ideais socialistas e anarquistas em tais instituições. Nesse instante, já podemos ver
os interesses de controle do Estado junto aos trabalhadores.
A alternativa E também é incorreta, pois a Lei de Sindicalização, de março de 1931, impunha que os
sindicatos só entrariam em funcionamento a partir da aprovação oficial destes pelo governo.
(FGV-CPDOC, 2017; SOUSA, 2019).
Gabarito: B
Do ponto de vista da burguesia industrial, a aliança com Getúlio Vargas era interessante, pois
os industriais:
A) preferiam o autoritarismo de Getúlio ao governo populista e democrático da República
Velha.
B) reconheceram em Getúlio um representante do liberalismo econômico, defensor do não
intervencionismo.
C) acabaram se convencendo de que o incentivo à industrialização dependia de uma ativa
intervenção do Estado.
D) defendiam uma política econômica voltada para a agroexportação, de forma a sustentar a
industrialização.
E) consideravam positiva a ação do Estado em defesa da indústria automobilística, uma marca
da Era Vargas.
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Comentários
A questão aborda características socioeconômicas do período conhecido como o Estado Novo (1937-
1945), regime ditatorial sob a liderança de Getúlio Vargas, no qual houve um grande incentivo à
industrialização do país por meio de uma classe social mais abastada (a chamada burguesia
industrial).
Para que o desenvolvimento industrial ganhasse corpo, deve-se destacar que houve uma ampla
intervenção estatal na indústria e na economia, por exemplo, através da criação da Companhia
Siderúrgica Nacional (CSN), em 1941, o que favoreceu a geração de empregos e o crescimento
econômico do país.
Gabarito: C
O fragmento faz referência ao Estado Novo (1937-1945). Sobre esse regime, é correto afirmar
que:
A) institucionalizou a plena liberdade sindical para os trabalhadores urbanos ligados à indústria
e incorporou os sindicatos rurais à estrutura do Ministério da Justiça.
B) orientou uma política econômica incentivadora das atividades industriais, o que pode ser
exemplificado pela instalação da Companhia Siderúrgica Nacional.
C) outorgou a Constituição liberal de 1937, que estabeleceu um amplo respeito às liberdades
individuais e ao direito de greve dos trabalhadores sindicalizados.
D) reorganizou a estrutura fundiária, com uma ampla distribuição de pequenas propriedades
rurais e com a extensão das leis trabalhistas para os camponeses.
E) promoveu uma radical reorientação na exploração das riquezas nacionais, pois privilegiou o
setor agroexportador em detrimento da produção industrial.
Comentários
Durante o Estado Novo (1937-1945), o governo brasileiro incentivou o desenvolvimento industrial,
o que favoreceu amplamente no avanço econômico do país. Como exemplificado anteriormente, a
criação da Companhia Siderúrgica Nacional é um marco do incentivo do Estado na industrialização
do país. A alternativa que evidencia, corretamente, este aspecto é a letra B.
Gabarito: B
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O discurso apresenta uma característica essencial do governo de Getúlio Vargas, que não se
limita à fase do governo democrático dos anos cinquenta, que foi a:
A) procura de formação de blocos econômicos regionais, com a finalidade de resistir ao
domínio imperialista.
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B) privatização das empresas estatais, com a venda de ações das grandes indústrias nas bolsas
de investimento.
C) liberalização econômica, com a abertura dos mercados nacionais aos capitais financeiros.
D) política de socialização da economia brasileira, com o controle da produção pelos
trabalhadores.
E) presença estatal em setores estratégicos da economia, com a limitação de investimentos
particulares.
Comentários
Em seu discurso, Vargas evidencia uma característica que marcou significativamente o Estado Novo:
a intervenção estatal na economia. Ao dizer que a Petrobras seria o próprio governo agindo, fica
evidente tal associação. Fica claro, também, no trecho em que ele fala da limitação do investimento
privado, que não deve ultrapassar os 49%, ou seja, a maioria (51%) deve pertencer ao Estado.
Gabarito: E
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Comentários
O cartaz apresenta as leis de caráter social, bem como as leis que favoreceram os direitos trabalhista,
apresentadas como “benesses” concedidas pelo governo. A população deve, portanto, orgulhar-se
de seu país e de suas leis, feitas para garantir, segundo a própria propaganda feita, os direitos dos
cidadãos.
Gabarito: E
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IV. Correta. O governo de Vargas trouxe uma série de contribuições no que diz respeito às leis
trabalhistas e ao desenvolvimento da indústria no país.
Gabarito: A
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Comentários
Durante o Estado Novo, uma das marcas do governo de Getúlio Vargas foi o incentivo à
industrialização, por exemplo, com a criação da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN - 1941). Além
disso, outra preocupação foi limitar os sindicatos de operários, com o objetivo de evitar possíveis
manifestações em oposição ao governo e aos interesses das elites.
Gabarito: D
A charge expressa um fato ocorrido no Brasil, na década de 1930. Essa Carta Magna, chamada
de “Polaca”, provocou mudanças na estrutura política do país, uma vez que:
A) o poder legislativo federal estabeleceu o sistema parlamentarista de governo.
B) o poder executivo criou mecanismos de intervenção no poder legislativo.
C) o governo brasileiro foi obrigado a renunciar por pressões dos militares.
D) os três poderes não poderiam sofrer quaisquer formas de intervenção.
E) o Congresso Nacional determinou o fim do regime presidencialista.
Comentários
A charge faz referência à Constituição Federal de 1937, também conhecida como “Constituição
Polaca”, em referência à Constituição Polonesa, de caráter autoritário e que garantia a concentração
de poderes nas mãos do chefe do Executivo (o presidente). Foi outorgada pelo presidente Getúlio
Vargas, que implantou o regime ditatorial do Estado Novo. Ela concentrou o poder nas mãos de
Vargas, que fechou o Congresso e estabeleceu para si (o Poder Executivo) os mecanismos de
intervenção no Poder Legislativo.
Gabarito: B
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O excerto alude:
A) ao isolamento internacional da economia brasileira provocado pela Grande Guerra Mundial.
B) ao efeito das leis governamentais de proteção ao trabalho no mercado interno brasileiro.
C) ao entrave ao desenvolvimento industrial do Brasil decorrente da concorrência de produtos
estrangeiros.
D) à política de desvalorização da moeda brasileira com a finalidade de encarecer as
mercadorias industrializadas importadas.
E) à situação da economia do Brasil em um quadro de confrontos militares entre os países
industrializados.
Comentários
O texto trazido pela banca nos apresenta, em sua própria referência (abaixo do texto), o assunto
abordado pela questão: a industrialização de São Paulo. Ampliando o assunto, percebemos que o
autor busca destacar algumas das características do processo de industrialização do Brasil ao longo
da primeira metade do século XX, associando-o ao contexto dos confrontos militares e da economia
brasileira.
Com o início da Segunda Guerra Mundial, em 1939, percebe-se uma alteração significativa nas
relações comercias dos países da América do Sul com os da Europa. No início do texto, o autor nos
fala que “A escassez de navios capazes de atravessar o oceano estimulou as exportações de artigos
manufaturados e, ao mesmo tempo, desencorajou as suas importações.” Disso, depreende-se que
o comércio entre os dois continentes foi extremamente prejudicado pela Guerra.
No caso em específico, podemos perceber que a falta de navios, mas também a impossibilidade de
se navegar em virtude da Guerra, foram muito prejudiciais aos países da Europa. Na América do Sul,
por sua vez, podemos notar que tal situação foi, em um segundo momento, positiva, dado que a
falta de produtos importados exigiu que o mercado brasileiro se reinventasse.
Com isso, temos a aceleração do processo de industrialização do Brasil, sobretudo na região
sudeste, quando vemos que não apenas o café passa a representar o mercado brasileiro, mas
também o algodão e as carnes enlatadas e congeladas. Isto é resultado da dificuldade dos países
americanos, e aí devemos incluir o Brasil, em se relacionar economicamente com os países
europeus, dados os entraves da Guerra e a dependência excessiva daquele mercado em relação a
este.
É importante ressaltar, de forma complementar, que tanto na Primeira Guerra (1914-1918), quanto
na Segunda (1939-1945), o processo de substituição das importações esteve presente, uma vez que
História.
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