Zoologia de Vertebrados Laboratório 2

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LABORATÓRIO DE ZOOLOGIA DE VERTEBRADOS

IDENTIFICAÇÃO DOS PRINCIPAIS GRUPOS DE PEIXES

IDENTIFICAÇÃO DOS PRINCIPAIS


GRUPOS DE PEIXES

Durante o processo evolutivo, o plano corporal dos animais foi um caráter que
se diversificou amplamente ao longo de milhares de anos. Esses eventos de
diversificação ocorreram dentro de determinados limites e estão relacionados ao
ambiente em que cada espécie se desenvolveu. Os peixes representam o primeiro grupo
de vertebrados, organismos com estrutura óssea em torno da notocorda a qual
chamamos de vértebras; sugere-se que sua origem tenha acontecido há cerca de 500
milhões de anos. Esses animais apresentam planos corporais que caracterizam suas
adaptações ao habitat que ocupam: os ambientes aquáticos.
O ambiente aquático limita tanto os processos fisiológicos quanto o formato dos
peixes, por exemplo. A água, por ser densa e viscosa, oferece resistência e se tornou um
desafio ao longo da história evolutiva dos peixes, os quais, atualmente, são
predominantes e de grande importância nesses ecossistemas. Os planos ou design
corporais dos peixes, dessa forma, podem ter sido a razão do seu sucesso na natureza,
o que pode ser observado uma vez que esse grupo representa, aproximadamente, a
metade das espécies de vertebrados de todo o nosso planeta. O formato corporal
hidrodinâmico, a presença de escamas e glândulas que produzem muco, além de outras
características, contribuem para a locomoção desses animais em água, uma vez que
diminuem o atrito.
Vamos analisar um plano corporal generalizado de um peixe (Figura 1). Eles são
animais que se caracterizam pela presença de brânquias, órgãos adaptados para realizar
trocas gasosas em ambiente aquático, que ficam protegidas por uma placa conhecida
como opérculo (Figura 2). Além das brânquias, a presença de nadadeiras (órgãos
responsáveis pela locomoção) também é um caráter taxonômico. As nadadeiras são
nomeadas de acordo com a posição que se encontram no corpo do animal, em
nadadeira dorsal, caudal, anal, peitoral e pélvica (Figura 1). De uma forma geral, essas

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nadadeiras podem ser ímpares, encontradas em uma única unidade, e dispõem-se na


linha mediana do corpo, sendo elas: nadadeira dorsal, caudal e anal. Já as nadadeiras
peitorais e pélvicas se dispõem ventralmente ao corpo, em número par. Esse padrão
pode variar de acordo com os diferentes grupos de peixes e, dessa forma, podem ser
caracteres distintivos entre eles.
Aproveite para observar também as outras estruturas anatômicas, como a
posição dos olhos, da boca, do opérculo (posicionados na cabeça) e da linha lateral.
Repare na existência de estruturas em forma de placa achatada, as escamas, as quais
recobrem todo o corpo do peixe. Essas estruturas têm origem na derme do peixe e são
formadas por tecido ósseo. Analise também a bexiga natatória (Figura 2), uma estrutura
presente em peixes ósseos que pode ter função respiratória em alguns grupos ou ainda
de flutuação na coluna d’água.

Figura 1 – Anatomia generalizada de um peixe (Carpa - Cyprinus sp.). A nadadeira caudal apresenta dois
lobos de tamanhos iguais: o lobo superior e inferior. Devido a isso, essa nadadeira é considerada
homocerca.

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Figura 2 – Anatomia de uma truta, um peixe de nadadeiras raiadas.


Detalhe da morfologia interna e externa.
Fonte: REECE et al., 2019.

Apesar de esse ser um formato presente no grupo mais expressivo em espécies,


o dos peixes ósseos, algumas diferenças desse padrão são encontradas em outros
grupos e podem ser utilizadas para a identificação taxonômica. Vamos analisar
filogeneticamente esses táxons realizando uma observação das características
morfológicas externas que os separam em níveis taxonômicos menores.
Todos os peixes atuais encontram-se divididos em dois grandes grupos: os
Agnatha (peixes sem mandíbula) e os Gnathostomata (peixes com mandíbulas). Os
peixes agnatos incluem a classe Myxini e a Petromyzontida, cujos representantes são as
feiticeiras e as lampreias, respectivamente. Os peixes agnatos possuem um corpo
anguiliforme, ou seja, alongado e cilíndrico. Esses peixes são agrupados por não
possuírem mandíbulas nem escamas e as nadadeiras não serem pares. Além disso, não
apresentam opérculo, sendo as aberturas externas da cavidade branquial em formato
de poros arredondados, chamadas de fendas branquiais (Figura 3).

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Figura 3 – Anatomia externa da lampreia Caspiomyzon wagneri (classe Petromyzontida). Observe o


formato do corpo anguiliforme e a presença de dentes queratinizados localizados no funil oral.

Já os peixes gnatostomados incluem os grupos com grande número de espécies


que se reúnem por possuírem mandíbulas e terem os apêndices, em sua maioria, em
pares. Em Gnathostomata, encontramos dois táxons: Chondrichthyes, ou peixes
cartilaginosos, e Osteichthyes, ou peixes ósseos.
Os condrictes possuem um esqueleto cartilaginoso e a pele com escamas
placoides, sendo alguns dos seus principais representantes as raias e os tubarões (Figura
4). As raias possuem corpo achatado dorsoventralmente e suas nadadeiras peitorais são
bem desenvolvidas (forma de asas), gerando um aspecto discoidal ao corpo desse
animal. Um tubarão possui o corpo com formato fusiforme, ou seja, alongado, porém
mais espesso na região central. As nadadeiras caudal e anal (esta última nem sempre
está presente) são ímpares, já as nadadeiras pélvicas e peitorais são pares. Note ainda
que a nadadeira dorsal ocorre de forma duplicada nos condrictes, apresentando a
primeira e segunda nadadeira dorsal. Os indivíduos machos de raias e tubarões
apresentam uma modificação nas nadadeiras pélvicas, formando um par de órgãos
copulatórios, conhecidos como clásper, possuindo a função de transferir os gametas
para o trato reprodutivo das fêmeas.
Em condrictes, a mandíbula está presente e a boca possui dentes que são
constantemente substituídos (polifiodontes). A abertura branquial encontra-se em
formato de fendas, sendo cinco delas, na maioria das espécies.

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Figura 4 – Tubarão-branco Carcharodon carcharias (subclasse Elasmobranchii, classe Chondrichthyes).


Observe o corpo fusiforme onde, na região anterior, termina em um rostro. Na região posterior está a
nadadeira caudal que, por possuir dois lobos de tamanhos diferentes, é chamada de heterocerca.

Os osteíctes, ou peixes ósseos, representam o maior grupo de peixes, com 96%


das espécies; isso pode ser por possuírem diversas formas corpóreas, bem como
diferentes estratégias reprodutivas e alimentares, que garantiram variadas adaptações.
Reúnem-se por apresentarem, ao contrário dos condrictes, um esqueleto ósseo além de
estruturas internas, como a bexiga natatória (Figura 2). Externamente, diferenciamos os
osteíctes dos condrictes pela presença de opérculo protegendo as brânquias. Esses
peixes são os mais comumente encontrados e com o padrão corporal já apresentado na
Figura 1.
Há duas classes de peixes ósseos: Actinopterygii e Sarcopterygii; essa
nomenclatura refere-se à forma e à estrutura das nadadeiras dos representantes dessas
classes. Os actinopterígeos, em sua maioria, possuem uma nadadeira caudal
homocerca, ou seja, tendo os lobos com tamanhos similares. Além disso, as nadadeiras
dos actinopterígeos possuem raios ósseos e, por isso, são conhecidas como nadadeiras
raiadas.
Os peixes sarcopterígeos atuais possuem uma nadadeira caudal do tipo dificerca,
onde os raios das nadadeiras dorsais e anais unem-se à nadadeira caudal. Além disso,
esse grupo possui nadadeiras carnosas, que chamamos de lobadas, e, possivelmente,
deram origem aos membros dos primeiros tetrápodes terrestres.
Tanto os peixes de nadadeiras raiadas (Actinopterygii) quanto os de nadadeiras
lobadas (Sarcopterygii) possuem um opérculo ósseo protegendo as brânquias,
mandíbulas com dentes polifiodontes e bexiga natatória, o que é esperado para os

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peixes ósseos. Os peixes teleósteos são os mais comuns entre os actinopterígeos, ao


passo que os peixes pulmonados são representantes da classe Sarcopterygii.
Baseando-se nas informações desse resumo teórico, você, agora, será capaz de
analisar as estruturas externas e, ainda, classificar os principais grupos de peixes de
acordo com essas características.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CASTRO, Peter; HUBER, Michael E. Biologia marinha. AMGH Editora, 2012.

HICKMAN, Cleveland P.; ROBERTS, Larry S.; KEEN, Susan L. Princípios integrados de
zoologia. Grupo Gen-Guanabara Koogan, 2016.

REECE, Jane B. et al. Biologia de Campbell. Artmed Editora, 2019.

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