Analise Financeira de Uma Empresa Industrial
Analise Financeira de Uma Empresa Industrial
Analise Financeira de Uma Empresa Industrial
GENTRO SÓCIO-ECONÔMICO
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: POLÍTICAS E GESTÃO INSTITUCIONAL
TURMA ESPECIAL DA UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDO
HÉLIO BÜLLAU
FLORIANÓPOLIS/SC
2000
BÜLLAU, Hélio. Análise da relação das despesas financeiras, receitas financeiras e
resultado financeiro com outros indicadores econômico-financeiros em
empresas industriais e comerciais do Rio Grande do Sul. Florianópolis, 2000. 114
p. Dissertação (Mestrado em Administração). Curso de Pós-Graduação em
Administração, Universidade Federal de Santa Catarina.
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
HÉLIO BÜLLAU
HÉLIO BÜLLAU
Coordenador
(JLt0L un(/v\
Prof Ilse Maria Beuren, Dra.
Orientadora
Membro
exemplos de compreensão.
AGRADECIMENTOS
A dissertação é o momento final de uma jornada bem mais longa. Que não se
limita aos três anos do curso de mestrado. Na verdade, começou lá no primeiro dia de aula.
Não se faz uma caminhada destas sem o apoio de muitas pessoas. Em especial,
daquelas pessoas que fazem o “algo mais”, aquele pequeno detalhe que faz a grande diferença.
muito além: foi chefe que cobrou, foi professor que orientou, foi pai que deu exemplo e foi
Não sei se a chamo de doutora, que é seu título, de professora, como sua
equipe a identifica, ou simplesmente Ilse, como ela própria prefere. O “brilho no olho” desde o
orientação segura, quase sempre detalhista, não foi apenas a condução de um projeto de
dissertação e nem só uma escola de metodologia e de redação - foi uma lição de simplicidade,
várias ocasiões os colegas Eleci da Silva e Nelson Beck, também sempre disponíveis.
demais colegas e a dedicação de cada um dos professores, coordenados pelo sempre disponível
Dr. Nelson Colossi. Também foi importante aquele apoio discreto (e muitas vezes esquecido)
conciliar horários e contornar outras dificuldades que tornaram o caminho menos penoso. Um
muito obrigado especial ao Roni, ao Simor e ao Daniel. Também da turma dos bastidores, um
agradecimento especial ao meu assistente José Luiz Rizzi, sempre disponível para tarefas de
suporte e apoio.
Scherer.
Para quem, como eu, que acredita que a simbiose entre as atividades
agradecimento a cada empresário que tem atuado como laboratório empírico. Já são mais de
uma centena de empresas atendidas e seria impossível enumerar todas. Fico, então, com
algumas que foram ou são mais significativas. Helyo Nunes Fagundes, lá nos idos de 1973,
quando eu, na juventude dos 15 anos, ainda nem sonhava com Administração, confiou-me a
organização administrativa e o controle financeiro da sua Casa das Tintas. José Roberto
Mirandoli, desde 1982 e especialmente após 1994, tem sido um interlocutor qualificado, com
vii
quem se pode discutir e implantar novas idéias sobre informações contábeis e financeiras. Ivan
grandes amigos até hoje. Também chefes podem ser bons exemplos profissionais e humanos.
Martins de Souza não foi só o mestre das primeiras letras. Lá, na simplicidade da sua escola
primária, foi o primeiro incentivador e a quem serei eternamente grato. À minha esposa,
Beatriz, não só uma grande incentivadora, mas também uma grande parceira de jornada. Aos
filhos, Juliana e Roberto, caberia muito mais pedir desculpas pela ausência. Prefiro, porém,
Um homem não é uma ilha. Sem todos vocês, eu estaria isolado. Obrigado!
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO............................. .................................................................. 1
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICO-EMPÍRICA.............................................. 8
3. METODOLOGIA............................................................................................ 42
ix
3.1.1. Perguntas de pesquisa ................................................................. ..... 42
x
4.3. Relações dos prazos médios com as contas de resultado financeiro .... 82
5. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES....................................................... 96
5.2. Recomendações..................................................................................... 99
xi
ÍNDICE DE ILUSTRAÇÕES
Quadro 2.4 - Modelo de reclassificação do circulante proposto por Silva ........ ......34
financeiras ......................................................................................... 64
financeiro........................................................................................... 69
xii
Tabela 4.8 - Correlações entre os valores circulantes e o resultado financeiro ... 78
Tabela 4.9 - Dados circulantes e resultado financeiro por grupo de empresas ... 80
xiii
RESUMO
são de difícil repasse aos preços dos produtos. Com a inflação estabilizada e taxas de juros
elevadas, este tema se torna ainda mais importante. Neste sentido, identificar a relação que há
entre as despesas financeiras, receitas financeiras e resultado financeiro com outros indicadores
empresas. Oferece informações aos gestores para planejar com mais clareza a estrutura de
capitais necessária para que o resultado financeiro não venha a ser um encargo que
como documental. Para tanto, foi tomada uma amostra por tipicidade, abrangendo empresas
contábeis relativas aos anos de 1996 e 1997. Estas demonstrações foram agrupadas por tipo de
estrutura de capitais circulantes das empresas. Foi utilizado o módulo Correlation matrices, do
resultado operacional; valores circulantes; prazos médios de giro; e índices de liquidez. A partir
xiv
de resultado financeiro com outras contas de resultado e com valores circulantes. No entanto,
não foram identificadas correlações com os prazos médios de giro e índices de liquidez. Pela
característica exploratória da pesquisa, são abertas várias hipóteses para novos estudos que
xv
ABSTRACT
The financial expenditures’ management gets relevant when these are difficult to
be replaced to the products’ prices. This subject becomes more important because of the
inflation’s stabilization and the raised interest taxes. Therefore, the research’s general objective
is to identify the relation among the financial expenditures, financial incomes and financial
result with others economics’ and financiais’ index. Literature offers some studies on
bankruptcies’ prevision, capitais structure and financial leverage. This work cares about the
financial profit and loss accounts in itself, presenting subsidies for understanding the financial
information to the managers for planning more clarity the capitais structure necessary to the
financial result doesn’t become an obligation that compromises the company’s continuity.
About the methodology used in the present research, it is classified as explorer type, and about
including industrial and commercial companies from the state of Rio Grande do Sul, resulting
in 208 financial statements from the years of 1996 and 1997. These statements had been
organized by companies’ current capital structure type. The Correlation matrices model, from
Statistica software, was used to calculate the correlations’ index. The values of financial
incomes, financial expenditures and financial result had been correlated with other profit and
loss accounts, especially operational income and result, such as operational income and
operational result, current values; tum average periods; and liquidity indexes. It was observed
from the research that exists some correlation trends in the matching of financial profit and loss
xvi
accounts with other profit and loss accounts and current values. However, correlations with
the tum average periods and the liquidity indexes hadn’t been identified. Because of the
explorer research’s feature, several hypotheses for new studies are opened for allowing
numerário”. Por outro lado, Drucker2 adverte que não é mais possível calcular preços segundo
o custo e não se pode mais repassar para os clientes os custos da ineficiência da administra
ção.
Neste sentido, os custos financeiros também são de difícil repasse para os pre
ços. Portanto, a sua gestão assume relevância nas empresas. Adicionalmente, identificar indí
cios de que tais despesas estão assumindo proporções inadequadas parece ser algo de interesse
para o analista.
de caixa, previsíveis ou não. Tais despesas, uma vez que oneram o resultado final, mesmo que
inevitáveis, são indesejáveis. Por outro lado, há empresas que fazem operações de alavanca
gem financeira, captando recursos a uma determinada taxa e aplicando-os a taxas iguais ou
1 SÁ, Antonio Lopes de. Curso superior de análise de balanços. São Paulo: Atlas, 1961, v.2, p. 91.
2 DRUCKER, Peter. La administracion en una época de grandes câmbios. Buenos Aires: Sudamericana,
1996. p.43.
2
diferentes, obtendo, em conseqüência, um resultado financeiro, que pode ser positivo ou ne
gativo.
tem-se um custo que é de difícil repasse aos preços e, por isso, convém que tal custo seja mi
nimizado ou neutralizado. Em épocas de inflação baixa, como a que o Brasil está vivenciando,
dentre outros, a dois grupos principais, a) ao administrador, para tomar decisões a respeito; b)
vência das empresas. São modelos que fazem uma composição de vários índices e chegam a
pretensão de prever falências. Pode-se citar Santi Filho e Olinquevitch6, Braga7 e Matarazzo8.
Mesmo que adotem métodos diferentes, todos buscam identificar as necessidades de capital
3 SMITH, David. O desafio da estabilização. HSM Management. Ed. Savana. São Paulo. Ano 1. N. 1. Março-
abril 1997. p. 137.
4 KANITZ, Stephen Charles. Como prever falências. São Paulo: McGraw-Hill, 1978.
5 SILVA, José Pereira da. Análise financeira das empresas. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1996
6 SANTI FILHO, Armando de e OLINQUEVITCH, José Leônidas. Análise de balanços para controle
gerencial. 3. ed. São Paulo: Atlas. 1993.
7 BRAGA, Roberto. Fundamentos e técnicas de administração financeira. São Paulo: Atlas, 1989.
8 MATARAZZO, Dante C. Análise financeira de balanços: abordagem básica e gerencial. 3.ed. São Paulo:
Atlas, 1995.
3
plexidade para apurar a situação da empresa, uma vez que relacionam vários indicadores com
torna-se viável apenas com a posse de tabelas auxiliares, como, por exemplo a tabela de fato
alguma metodologia de apuração mais simples da situação financeira das empresas, tanto na
análise dos próprios números, quanto na análise dos números de outras empresas-clientes .
1.2. Objetivos
despesas financeiras, receitas financeiras e resultado financeiro com outros índices econômi
cos e financeiros, em empresas industriais e comerciais do Rio Grande do Sul, que permitam
das empresas;
4
Drucker9 diz que um dos pecados mortais das empresas é “a fixação de preços
segundo o custo” e que o único método que funciona é “estabelecer os custos segundo o preço
que o mercado está disposto a pagar”. Colocado sob outra ótica, se o preço de venda é deter
financeiras e suas causas, permitindo, assim, que os gestores atuem sobre as causas e não so
bre os efeitos.
uma visão dinâmica das contas circulantes das empresas. Alguns destes autores, especial
mente Matarazzo15 e Braga16, chegam a preocupar-se com o resultado financeiro. Seu foco,
Por sua vez, o presente trabalho preocupa-se com as contas de resultado finan
ceiro em si. Não tem a pretensão de antecipar falências e nem de explicar a dinâmica do ca
pital de giro. Porém, apresenta subsídios para compreender o reflexo das despesas financeiras
disponíveis ainda são insuficientes. Ressalte-se que o caráter exploratório da pesquisa se, por
um lado, limita as conclusões, por outro permite explorar o assunto, inclusive indicar vários
Do ponto de vista prático, a pesquisa oferece aos gestores uma visão mais clara
dos indicadores que permitem compreender a dinâmica das contas de resultado financeiro.
Visualizando melhor estas relações, poderão planejar com mais cautela a estrutura de capitais
necessária para que o resultado financeiro não venha a ser um encargo que comprometa a
continuidade da empresa.
bem como o problema de pesquisa. Na seqüência, são definidos os objetivos geral e específi
ção do estudo.
cialmente, são apresentadas algumas notas gerais sobre funções, usuários e demonstrações da
consubstanciam o estudo.
itens específicos para cada um dos grupos de variáveis estudados (contas de resultado, valores
tópico específico para a relação envolvendo receitas financeiras, despesas financeiras e resul
tado financeiro.
reunida em três grandes blocos. O primeiro bloco apresenta alguns comentários acerca das
potencialidades e limitações dos dados gerados pelo sistema contábil. No segundo bloco, são
resultado financeiro em si. Também é feita uma rápida explanação sobre custos de capital. Por
fim, no terceiro bloco, são apresentados os demais grupos de assuntos componentes do es
são apresentados os índices de liquidez. Continua-se com os prazos médios giro e os ciclos
operacional e financeiro. Fechando o bloco e o capítulo, são apresentadas as idéias dos auto
res acerca de valores circulantes com os desdobramentos necessários ao estudo, que são os
de diferentes formas pelos diferentes autores. Mesmo assim, observam-se aspectos comuns
nas afirmativas.
contabilização” e cujo objetivo “...é o de permitir a cada grupo principal de usuários, a ava
liação da situação econômica e financeira da entidade, num sentido estático, bem como fazer
relevante para que cada usuário possa tomar suas decisões e realizar seus julgamentos com
bom número de usuários, mas que a Contabilidade deve ter “...flexibilidade para fornecer
feitas para um grande grupo de usuários, incluindo o governo, credores, investidores e empre
que “tendem a prevenir surpresas que podem alterar completamente a perspectiva de futuro da
empresa” e “tendem a dar aos investidores maior confiança na informação financeira dispo
administrativas, portanto é uma ciência que, através de regras e normas próprias, registra as
operações da empresa tendo como finalidade básica estudar e controlar o patrimônio. Acres
centa que a função contábil vai além do simples registro dos fatos, cabendo-lhe, em sua fun
18 IUDÍCIBUS, Sérgio de. Teoria da contabilidade. 5.ed. São Paulo: Atlas, 1997. p.28.
19 HENDR1CKSEN, Eldon S. e VAN BREDA, Michael F. Accounting theory. 5.ed. Illinois: Richard D. Irwin,
1992. p.883.
20 FRANCO, Hilário. Estrutura, análise e interpretação de balanços. 15.ed. São Paulo: Atlas, 1989. p. 19.
10
, « ? 1 • « • • •
Para D’Auria , a contabilidade é a ciência que observa, registra, expõe e ana
próprios, ela demonstra a estática patrimonial e, ao registrar as mutações sofridas por esses
componentes, no tempo e no espaço, ela demonstra a dinâmica patrimonial. Tem como fina
de forma periódica ou eventual, as mais diferentes informações requeridas por seus usuários,
cendo relações entre si, com o fim de determinar o grau de suficiência de uns em relação a
outros, e o índice de capacidade total da riqueza possuída e dos fatores monetários que ali
21 D’ÁURIA, Francisco. Estrutura e análise de balanços. 4.ed. São Paulo: Cia. Editora Nacional, 1956. p.97.
22 Para o autor, prenotação é o agendamento de obrigações, especialmente as tributárias.
23 D’ÁURIA, Francisco. Op. cit. p. 285.
11
Para Sá e Sá25, a análise de balanços “tem por base o balanço e tem por fim
que Contabilidade Gerencial é um “ramo da contabilidade que, servindo-se dos próprios ins
mar, orientar e guiar a administração para que possa efetuar as alternativas de gestão e tomar
formes financeiros para serem relevantes para as decisões de planejamento e controle dos ge
rentes. Propõem novas abordagens críticas quanto à apuração de custos e alertam para a
externa, que chama de financeira, com fins fiscais e de informação ao público em geral, e uma
desejado. Salienta que há uma utilidade decrescente - à medida que se acrescentam novos
lações entre os dados contábeis, de acordo com os interesses e necessidades de cada grupo de
usuário. Esta vinculação a interesses e necessidades específicas de usuários diferentes faz com
cada caso.
pitais aplicados em investimentos temporários, bem como outros ganhos de natureza finan
28IUDÍCIBUS, Sérgio de. Lucro contábil - crepúsculo ou ressurgimento? Caderno de Estudos Fipecafi/FEA-
USP. São Paulo: USP, s/d.p.1-5.
29 HORNGREN, Charles T. Introdução à Contabilidade Gerencial. São Paulo: Ed. Prentice-Hall do Brasil,
1985. p. 13-14.
30PADOVEZE, ClóvisLuís. Contabilidade gerencial. São Paulo: Atlas, 1996. p. 115.
31 MATARAZZO, Dante C. Op.cit. p. 154.
32 MATARAZZO, Dante C. Op. cit. p. 74.
13
ceira”. Estes ganhos são oriundos de diferentes fontes, conforme se observa no detalhamento
do autor:
receitas de títulos vinculados ao mercado aberto; receitas sobre outros investimentos temporá
aplicações financeiras (open market, prazo fixo, etc.), juros de mora recebidos, descontos ob
tidos, etc.”. Acrescenta, ainda, que, por força de lei, as receitas financeiras são redutoras da
resultado do exercício, no inciso III do art. 187, apenas diz que devem ser discriminadas “as
despesas com as vendas, as despesas financeiras, deduzidas das receitas, as despesas gerais e
incluídas como uma conta redutora das despesas financeiras, dentro do agrupamento das des
pesas operacionais.
e assumem denominações variadas. Em todas elas, está presente a remuneração sobre capitais
que de uma forma ou outra foram investidos pela empresa. Embora quase todos os capitais
que dão origem a receitas financeiras sejam valores circulantes e, por isso, vinculados às ope
este fato explique o pouco detalhamento da conceituação disponível e o quase silêncio da lei
sobre o assunto.
tais de terceiros, tais como: juros pagos ou incorridos, comissões bancárias, correção monetá
vista apenas na análise vertical da demonstração de resultados, onde cada conta é apresentada
como um percentual da receita líquida. Nas palavras de Padoveze36, esta análise vertical
receitas”.
Silva37 diz que, na análise vertical, “todos os itens são apresentados como per
centual da receita líquida de vendas”. No caso específico das despesas financeiras, adverte
que “são decorrência da estrutura de capitais da empresa, isto é, da dívida, e portanto, não têm
necessariamente relação direta com a receita líquida de vendas”. Por estrutura de capitais,
ativo total; saldo de tesouraria sobre vendas; nível de desconto de duplicatas e índice de co
bertura de juros.
Sá39 destaca que “altos custos financeiros são sintomas prováveis de dificul
Qliquevitch40.
Despesas Financeiras
Custo da Dívida = ---------------------------------------- x 100
Passivo gerador de encargos
alavancagem financeira. Para tanto, utiliza uma seqüência de três cálculos. Inicialmente, cal
cula os retornos sobre ativo operacional e sobre o patrimônio líquido e depois relaciona-os
mita-se ao que foi exposto no item anterior sobre receitas financeiras. Ou seja, apenas um
sua apropriação nos sistemas de custos. Seguindo a lógica legal, as despesas financeiras nor
decorrentes do ato da compra. Não inclui em suas fórmulas os descontos por antecipação de
pagamento ou juros por atraso no pagamento do título. Com tais cálculos, fica implícita a
(ou receitas) decorrentes da estrutura de capitais não têm um tratamento específico a nível de
precificação.
financeiras aparecem como remuneração aos financiadores. Verifica-se isto nos trabalhos de
42 MARTINS, Eliseu e ASSAF NETO. Alexandre. Administração financeira: as finanças das empresas sob
condições inflacionárias. São Paulo: Atlas, 1996. p.203-233.
43 PROVAR - Programa de Administração de Varejo. Finanças no varejo: gestão operacional. São Paulo:
Atlas, 1996. p.88-139.
17
De Luca44, Athar45 e Basso46. Se faz, desta forma, uma análise vertical das despesas, supondo-
se seu rateio também como um dispêndio integrante das despesas gerais e administrativas.
mento de vendas produz necessidades adicionais imediatas nas contas do ativo circulante
(estoque, contas a receber e níveis de caixa) e que estas necessidades adicionais normalmente
empresas analisadas quanto à estratégia de gestão para este tipo de problema. Chamam a aten
ção para a relação necessidade de capital de giro/vendas, que deve ficar em níveis suportáveis
pela empresa.
reconhecimento de que sua origem está na estrutura de capitais e que a apuração do custo da
dívida deve ser feita relacionando as despesas financeiras com o passivo gerador dos respecti
vos encargos.
44 DE LUCA, Márci'1 M. Mendes. Demonstração do valor adicionado. Sao Paulo: Atlas, 1998.
45 ATHAR, Raimundo Aben. Demonstração do Valor Adicionado - DVÂ. Revista do Conselho Regional de
Contabilidade do Rio Grande do Sul. Maio 1999, CRC-RS - Porto Alegre, RS. P. 53 -66.
46 BASSO, Lauri. Balanço Social: contribuições de um caso. Contabilidade e Informação. Ano 1, N.2 .
Setembro; 1998. Editora Unijuí.
18
operacionais. Assim, essa Lei teve o mérito de deixar despesas e receitas em um único grupo.
No entanto, ressalta que “dentro da filosofia contábil, melhor seria classificá-las após o lucro
nizações. A clara distinção entre resultado operacional e resultado financeiro permite identifi
car onde deve ser o foco principal da atenção do gestor, se na estrutura de capitais, no caso de
minimizá-lo porque todos os recursos implicam em custos para a empresa: “se originados de
recursos próprios ou de fontes não onerosas, apresentarão um custo de oportunidade que cor
responde ao retorno que a empresa obteria se aplicasse esses fundos em outra operação de
igual risco”.
Tal observação remete a um aspecto que precisa ser considerado pelos gesto
res: não há capital disponível sem um custo financeiro. Será um custo explícito e perfei
41 FUSCO, José Paulo Alves e BRUNSTEIN, Israel. Gestão competitiva de preços: uma visão integrada.
Revista de Administração, São Paulo v. 32, n. 3.p.89-96 Julho/setembro 1997. USP
48 FIPECAFI. Op. cit. p. 462.
19
tamente mensurável, na forma de despesa financeira ou, então, será um custo não tão claro e
nomistas e contadores a respeito do assunto. Uma das dificuldades apontadas reside na taxa de
que de modo simplificado, do custo de oportunidade. A Lei 9.249/95, em seu artigo 9o, per
mite a contabilização e a dedução como despesa para fins de apuração do lucro real, do valor
de juros pagos ou creditados ao sócio a título de remuneração do capital próprio. A lei tam
bém, de certa forma, especificou a taxa a ser aplicada, pois admite como máximo a TJLP -
Taxa de Juros de Longo Prazo. Em termos práticos, é uma taxa bastante conservadora.
ções legais, talvez viabilize também os questionamentos a respeito da contabilização dos juros
internos sobre o Capital Próprio Funcional. Neste sentido, De Rocchi51 compara os métodos
de Klauser e de Omstein quanto a contabilização de tais juros. Conclui que a parcela corres
pondente de juros internos relativa aos valores imobilizados pode ser atribuída aos respectivos
Centros de Custos, sendo, assim, apropriada aos produtos. Quando são envolvidos investi
mentos de giro (bens numerários, créditos de clientes, etc.) começam a surgir dificuldades,
pois se toma difícil identificar as bases de rateio e outros fatores necessários a uma adequada
alocação.
• • • • •
Procianoy e Caselani , embora seu estudo seja voltado ao mercado acionário,
advertem que o custo efetivo da captação de capital de terceiros é menor do que o custo no
minal, pois se deve considerar a sua dedução como despesa para fins de imposto de renda.
Lembram, ainda, os estudos acerca do Custo Médio Ponderado de Capital (CMPC), que pon
dera os custos na proporção de cada fonte na estrutura de capital e que a estrutura ideal de
nar, algumas questões ainda em aberto na ciência contábil. Reconhece-se a existência do custo
quando apurar toda a estrutura de custos de capital, evidenciam-se as dificuldades para alocar
renda. Além disso, apresentam-se alguns aspectos pertinentes aos mesmos que devem ser
Silva53 afirma que o “lucro operacional é o lucro bruto menos as despesas ope
racionais, mais o efeito (ganho ou perda) de equivalência patrimonial” Diz também que que o
lucro antes dos impostos, contribuições e participações “compreende o lucro do período antes
51 DE ROCCHI, Carlos Antonio. Juros internos e o capitai próprio funcional. Revista do Conselho Regional
de Contabilidade do Rio Grande do Sul. Dezembro 1998, CRC-RS - Porto Alegre, RS p. 34-39.
52 PROCIANOY, Jairo Laser e CASELANI, César Nazareno. A emissão de ações cosno fonte de crescimento
ou como fator de redução do risco financeiro: resultados empíricos. Revista de Administração, São Paulo
v. 32, n. 3.p.70-81, julho/setembro 1997. USP.
53 SILVA, José Pereira da. Op. cit. p. 141 e 143.
21
financeiras deduzidas das receitas financeiras. No que concerne ao lucro antes do imposto de
renda apresentam uma equação em que, a partir do lucro operacional, se deduz as despesas
correção monetária55.
Abordando o lucro operacional, Martins e Assaf Neto56 alertam que “essa clas
sificação legal é deveras falha e relativamente enganosa”. Levantam o problema de que “toda
próprio conceito. Lembra que, “em termos contábeis, o lucro corresponde ao resíduo derivado
do confronto entre a receita realizada e o custo consumido”. Por sua vez, “em termos econô
micos, o lucro é visto como a quantia máxima que a firma pode distribuir como dividendos e
ainda continuar tão bem ao final do período como estava no começo”, o que significa “manter
Conclui que “só existe um conceito relevante de lucro para a avaliação do sucesso do investi
da entidade”.
neste item.
Martins e Assaf Neto59 afirmam que “os indicadores de liquidez visam medir a
tas do balanço que refletem uma situação estática de posição de liquidez ou o relacionamento
dade de pagamento da empresa, isto é, constituem uma apreciação sobre se a empresa tem
capacidade para saldar seus compromissos. Esta capacidade de pagamento pode ser avaliada
Todos os índices de liquidez relacionam algum valor do ativo com algum valor
do passivo. Os índices que medem as relações de prazo curto, imediato ou longo são os de
Quadro 2 .1
Silva62 afirma que os três índices se completam entre si e permitem certo apro
fundamento no exame de risco da empresa. Mas adverte que “são parâmetros cuja observação
é necessária, mas não suficiente para conclusão acerca da robustez financeira da empresa”.
Por sua vez, Martins e Assaf Neto63 advertem que os indicadores de liquidez
revelam uma posição estática, resultante da apuração de uma posição financeira em dado
acreditam que um índice superior a 1,00 ou 1,50 é indicador dc boa saúde financeira. Opina
que o índice de liquidez corrente pode ser usado “como instrumento comparativo entre em
presas do mesmo porte, da mesma atividade e da mesma região geográfica, porém como me
61 MARION. José Carlos. Contabilidade empresarial. 5.cd. São Paulo. Atlas, 1993. p. 472
62 SILVA, José Pereira da. Op. cit. p. 229.
63 MARTINS, Eliseu e ASSAF NETO. Alexandre. Op. cit. p. 245-246.
24
dida isolada, não se pode afirmar que a liquidez corrente é boa ou ruim, acima ou abaixo de 1
ou 1,.5; tudo dependerá do tipo de atividade da empresa, especialmente de seu cielo finan
ceiro”.
e utilizado (...) mas certamente corresponde àquele que é interpretado de forma mais errônea”.
Acrescenta que “dizer que uma empresa possui ótima liquidez a curto prazo porque seu Ativo
Circulante representa o dobro do Passivo Circulante, implica ignorar uma série de informa
ções relevantes”.
ativo circulante. No entanto, Marion66, ao enunciar esse índice, parte da seguinte pergunta:
“Se a empresa sofresse uma total paralisação das suas vendas, ou se o seu estoque fosse
obsoleto, quais seriam as chances de pagar as suas dívidas com Disponível e Duplicatas a
/•o /n t 70
Outros autores, como Martins e Assaf Neto’ , Braga e Assaf Neto e Silva ,
utilizam uma metodologia também diferente. Para comporem o numerador, partem do valor
total do ativo circulante e dele deduzem o valor dos estoques e, também, das despesas anteci
padas.
quanto à fórmula. Iudícibus71 afirma que “este quociente serve para detectar a saúde finan
ceira de longo prazo do empreendimento”. Pòrém, salienta que “mais uma vez, o problema
acentuar-se, quando analisamos períodos longos (...); isto, sem dúvida, empobrece o indi
cador”.
exame de uma série de fatores adicionais. Afirma que, “em princípio, os passivos são inques
tionáveis quanto a sua exigibilidade, enquanto a realização dos ativos precisa ser bem ava
liada”. Pode haver ausência ou constituição de provisões a menor. Os contratos de leasing não
são registrados. Também pode haver problemas nos valores de duplicatas a receber (falta ou
Trata-se de um índice de liquidez resultante da divisão do valor de Tesouraria (T) pelo valor
cimento da referida relação teremos, certamente, uma situação financeira caminhando para o
desequilíbrio econômico-financeiro”.
70 ASSAF NETO, Alexandre e SILVA, César Augusto Tibúrcio. Administração do capital dc giro. 2.cd. São
Paulo: Atlas, 1997. p. 31.
71 IUDÍCIBUS, Sérgio de. Op. cit. p. 104.
72 MARION, José Carlos. Op. cit. p. 478.
73 SILVA. Josc Pereira da. Op. cit. p. 223-224.
74 SANTI FILHO, Armando de e OLINQUEVITCH, José Leônidas. Op. cit. p. 42.
75 A apuração das variáveis T e NLCDG é vista no item 2... No mesmo item, esta afirmativa categórica é
ameni/ada
26
apuração de índices de liquidez não é tão pacífica, especialmente em relação à liquidez seca.
A respeito da proposição de Santi Filho e Olinquevitch, cabe acrescentar que foram tentados
testes de correlação envolvendo esta variável. A dificuldade encontrada foi que, por serem
valores derivados de diferenças entre outros valores circulantes, há valores negativos que po
dem aparecer tanto no denominador quanto no numerador. Também a grandeza dos índices
gerados pode assumir proporções totalmente díspares. Isto resulta em índices negativos ou
em determinado momento, como se fosse uma fotografia estática. Com o cálculo de índices
de rotação, é possível mostrar a mobilidade e o dinamismo da empresa. Com isso, tais índices
Por sua vez, ludícibus77 diz que a análise de giro (ou rotatividade) representa “a
velocidade com que elementos patrimoniais de relevo se renovam durante determinado pe
ríodo de tempo”. Destaca, também, que “a importância de tais quocientes consiste em expres
sar relacionamentos dinâmicos (...) que acabam, direta ou indiretamente, influindo bastante na
Matarazzo78 diz que “neste grupo é estudado quantos dias se demora, em mé
dia, para vender os estoques, receber as vendas e pagar as compras” e que “a análise dos pra
venda bruta. Para se efetuar o cálculo direto, basta utilizar o valor das vendas brutas como
Por exemplo, estoques no início e no fim do período dividido por dois. Iudícibus83 e Franco84
rando-se uma média mais acurada, que corrige as flutuações e sazonalidades. Em outro mo
“pela média aritmética de estoque inicial e final ou pelo estoque médio dos 12 balancetes
mensais”.
utilização do saldo da conta no final do exercício, o que permite “conhecer os prazos de rece
bimentos, renovação de estoques e pagamentos nas datas dos balanços”. Argumenta que o
importante é conhecer a política de prazos da empresa na data em que se está fazendo uma
apuração de dados e não há grande interesse numa média do passado. Além disso, para apurar
ciclo financeiro e necessidades de capital de giro, é necessário trabalhar com saldos finais de
balanço.
87
Matarazzo ainda propõe o cálculo de prazos médios através do método da
exemplo) e vai sendo deduzido o valor da sua contrapartida nos últimos meses (custo da mer
cadoria vendida, no caso) até se esgotar o saldo de estoque. Embora espelhe com mais fideli
dade a política de prazos no final do período, esta forma torna-se viável apenas ao analista que
Urna última dificuldade para o cálculo desses prazos está relacionada com o
prazo médio de pagamento das compras, uma vez que o valor das compras não consta das
demonstrações contábeis. A este propósito, para o caso de empresas comerciais, Silva88 pro
põe uma equação que parte da fórmula tradicional de apuração do CMV (custo da mercadoria
operacional de uma empresa. Como cada segmento de mercado tende a ter padrões relati
vamente similares por imposição do próprio mercado, torna-se relativamente fácil, através de
estudos comparativos, analisar a gestão de uma empresa quanto aos movimentos que imprime
aos negócios. Os prazos médios permitem, ainda, avaliar necessidades de capital de giro e,
estrutura de capitais.
nal e financeira da empresa. Há alguma divergência entre os autores quanto aos termos em
pregados, mas todos utilizam os três prazos médios básicos (renovação de estoques,
recebimento das vendas e pagamento das compras) para estabelecer: a) o tempo que a em
presa demora desde o recebimento da mercadoria ou matéria prima até sua venda e o respec
tivo recebimento do valor; b) o tempo deste ciclo que é coberto com recursos dos
fornecedores.
Braga89 define como ciclo operacional a soma dos prazos médios de renovação
pagamento das compras (PMRE + PMRV - PMPC), chega ao que denomina como ciclo fi
nanceiro. Destaca a importância de reduzir o ciclo financeiro, pois a cobertura deste ciclo
provocam despesas financeiras; se constituídos por recursos próprios ou fontes não onerosas,
Silva90 não define um termo para a soma do PMRE com o PMRV. No entanto,
PMRV - PMPC.
PMRV. Para o tempo que a empresa precisa cobrir com recursos próprios (PMRE + PMRV -
vertidos para seus equivalentes em dias de vendas. Esta conversão visa chegar às necessidades
prazos médios de cada uma das contas, utilizando o valor das vendas brutas como denomi
nador em todos os cálculos. Desta forma, ampliam um pouco o conceito de ciclo financeiro.
Junto ao cálculo que envolve os três prazos médios tradicionais, somam o prazo médio de
partindo dos prazos médios, propõe um índice de posicionamento de atividade. Para calculá-
lo, soma os prazos médios de renovação de estoque e de recebimento de vendas e divide pelo
prazo médio de pagamento das compras. Um índice igual a 1,00 significa que os fornecedores
estão financiando os estoques e o financiamento aos clientes. Acima de 1,00, o índice revela
que a empresa necessita aplicar recursos próprios para manter o giro de seus negócios.
como a aplicação prática dos prazos médios de giro. As metodologias de cálculo e a ampli
tude dos valores incluídos varia conforme os autores. Em todos, porém, está presente a
do capital circulante líquido (CCL). Silva95 demonstra a possibilidade de apurar o CCL por
duas formas. A forma habitual é pela simples diferença entre ativo circulante e passivo circu
lante (CCL = AC - PC). A outra é apurá-lo através da diferença entre valores permanentes ou
de longo prazo. Ao invés de capital circulante líquido, se teria, então, o capital permanente
líquido (CPL), ou seja, o capital que a empresa destina de forma permanente para manter o
Onde:
PL = Patrimônio Líquido
AP - Ativo Permanente
Assaf Neto e Silva96 afirmam que “o entendimento mais correto do capital cir
culante líquido processa-se de baixo para cima, ou seja, através da parcela de recursos de
bimentos deverá ser coberto pelo capital circulante líquido, também conhecido por capital de
giro líquido”. No entanto, esse descompasso não significa necessidade de um valor expressivo
de CCL. Silva98 cita que é freqüente encontrar empresas com CCL negativo e que mantém
boa liquidez99, enquanto outras têm CCL positivo e enfrentam dificuldades financeiras. Isto
várias propostas de subdivisão dos valores. Em síntese, é proposto separar o que são valores
das contas de aplicações e fontes de capital de giro, conforme se observa no Quadro 2.3.
96 ASSAF NETO, Alexandre e SILVA, César Augusto Tibúrcio. Op. cit. p. 16.
97 BRAGA, Roberts. Op. cit. p. 84.
98 SILVA, José Pereira da. Op. cit. p. 321.
99 O termo “boa liquidez”, no caso, é usado pelo autor como sinônimo de pontualidade no pagamento dos
compromissos.
100 SANTI FILHO, Armando de e OLINQUEVITCH, José Leônidas. Op. cit. p.23.
36
capital de giro de uma empresa: a) a partir da reclassificação das contas circulantes; b) a partir
Giro (NLCDG) através da diferença entre aplicações e fontes de capital de giro. A fórmula é a
seguinte:
rença entre o ativo circulante cíclico e o passivo circulante cíclico. A fórmula é a que segue:
Silva.
104 SANTI FILHO, Armando de e OLINQUEVITCH, José Leônidas. Op. cit. p.23
105 SILVA, José Pereira da. Op. cit. p. 374.
106 MARQUES, José Augusto Veiga da Costa e BRAGA, Roberto. Op. cit. p. 55.
107 ASSAF NETO, Alexandre e SILVA, César Augusto Tibúrcio. Op. cit. p. 60-61.
37
financeiro (ou de caixa) é apresentada em detalhes por Matarazzo108. Para isto, parte do Ciclo
de Caixa equivalente em dias de vendas e multiplica-o pelo valor das vendas diárias (vendas
circulantes não envolvidos no cálculo dos prazos médios que compuseram a apuração do ciclo
de caixa.
rando que utiliza valores patrimoniais de final de exercício, chega ao valor do capital circu
lante liquido da empresa. Um exame mais detalhado revela, ainda, que a mesma fórmula, sem
o valor de ajustes, resultará num valor igual ou muito próximo aos valores de IOG, NLCDG
para calcular as necessidades de capital de giro não descartam a relação existente entre estes
indicadores. Por exemplo, Marques e Braga109 mostram a relação do IOG (Investimento ope
racional em giro) com o ciclo financeiro, dividindo o valor de IOG pelas vendas líquidas e
Cálculo similar também é feito por Santi Filho e Olinquevitch.110 Para apurar o
ciclo financeiro, dividem a NLCDG (Necessidade Líquida de Capital de Giro) pelas vendas
brutas e multiplicam por 360. A diferença em relação a Marques e Braga é que utilizam como
que venham a produzir-se nas fases operacionais também modificam o volume de capital
empresa”.
gência que busca unir prazos médios e necessidade de capital de giro. A existência de duas
formas diferentes para dar início ao cálculo permite ao analista estudar a questão sob o ângulo
que mais convém a cada caso específico de análise. O cálculo a partir da reclassificação dos
valores circulantes agiliza a apuração do valor que a empresa necessita para manter suas ati
vidades operacionais. Já o método que adota os prazos médios como ponto de partida oferece
de imediato as variáveis que o gestor pode manipular para ajustar suas operações ao capital
disponível.
109 MARQUES, José Augusto Veiga da Costa e BRAGA, Roberto. Op. cit. p. 58.
110 SANTI FILHO, Armando de e OLINQUEVITCH, José Leônidas. Op. cit. p. 28.
39
ção do valor de Tesouraria. Em síntese, é a diferença entre os valores do ativo circulante fi
equação, mas não alteram a estrutura do cálculo. O termo resultante é denominado de Tesou
raria pela maioria dos autores. Cita-se como exceção Assaf Neto e Silva,112 que o denominam
Permanente Líquido (T - CPL - IOG). Assaf Neto e Silva114 ainda apresentam a possibilidade
de calcular o Saldo de Disponível através da diferença entre o Capital de Giro Líquido (ou
res entre os componentes do ativo circulante e passivo circulante, conforme conjunto de fór
mulas a seguir:
111 ASSAF NETO.. Alexandre e SILVA, César Augusto Tibúrcio. Op. cit. p. 56.
112 ASSAF NETO, Alexandre e SILVA, César Augusto Tibúrcio. Op. cit. p. 58.
1,3 SILVA, José Pereira da. Op. cit. p. 342.
114 ASSAF NETO, Alexandre e SILVA, César Augusto Tibúrcio. Op. cit. p. 58.
40
aquela que melhor expressa a situação financeira de curto prazo das empresas. O seu saldo
sendo positivo, indica uma situação financeira folgada, se o saldo for negativo, indica a utili
verdade, a existência de saldos negativos nesta variável não implica, necessariamente, situa
Por sua vez, Marques e Braga119 adotam uma posição mais ponderada e apre
sentam um quadro (Quadro 2.6) que especifica uma espécie de pré-julgamento acerca da si
tuação financeira, de acordo com a estrutura das contas circulantes. Partem da idéia de que é
necessário ver qual a estrutura de capitais adequada para a empresa, especialmente a necessi
dade de investimento operacional em giro, cujo valor pode ser positivo ou negativo.
115 MARQUES, José Augusto Veiga da Costa e BRAGA, Roberto. Op. cit. p. 55.
116 SILVA, José Pereira da. Op. cit. p. 343.
117 ASSAF NETO, Alexandre e SILVA, César Augusto Tibúrcio. Op. cit. p. 61.
118 SANTI FILHO, Armando de e OLINQUEVITCH, José Leônidas. Op. cit. p. 25.
3. METODOLOGIA
mesmo que necessárias, precisam ser minimizadas ou mantidas em níveis suportáveis pela
empresa. Isto requer a compreensão da dinâmica que influencia as contas de resultado finan
ceiro, como forma de oferecer aos gestores instrumentos de análise que auxiliem o planeja
quidez?
variáveis”. Explicam que “variável pode ser considerada uma classificação ou medida; uma
quantidade que varia; um conceito, constructo ou conceito operacional que contém ou apre
mensuração”. Acrescentam, ainda, que “os valores que são adicionados ao conceito, cons
tructo ou conceito operacional, para transformá-lo em variável, podem ser quantidades, quali
dades, características, magnitudes, traços etc., que se alteram em cada caso particular e são
121 LAKATOS, Eva Maria e MARCONI, Marina de Andrade. Metodologia científica. 2.ed. São Paulo: Atlas,
1995.p.l59-160.
44
rentes valores que assumem, discerníveis em um objeto de estudo, para testar a relação
variáveis dependentes e independentes são as mais comuns. Para Cervo e Bervian1'23, variável
independente (X) “é o fator, causa ou antecedente que determina a ocorrência de outro fenô
Kerlinger124 afirma que “uma definição constitutiva define palavras com outras
palavras (. ..) são definições de dicionário e, naturalmente, são usadas por todo o mundo, in
® Receita financeira
122 KÕCHE, José Carlos. Fundamentos de metodologia científica: teoria da ciência e prática da pesquisa.
14.ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 1997. p. 112.
123 CERVO, Amado Luiz e BERVIAN, Pedro Alcino. Metodologia científica. 3.ed. São Paulo: McGraw-Hill do
Brasil. 1983.p.60.
124 KERLINGER, Fred N. Metodologia da pesquisa em ciências sociais. São Paulo: EPU, 1980. p. 46
45
• Despesa financeira
“São as remunerações de capitais de terceiros, tais como. juros pagos ou incorridos, co
« Resultado financeiro
É o valor da diferença entre receita e despesa financeira, de acordo com Lei 6.404/76, em
“E efetivamente a parte da receita que ficará para a empresa cobrir seus custos e despesas
e para gerar lucro. Em resumo, a receita bruta, menos devoluções, abatimentos e impostos
® Resultado Operacional
• Resultado antes do IR
tária.130
rando resultado financeiro e nem outras receitas e outras despesas não operacionais.
ções financeiras”.133
Aplicações de recursos que estão relacionadas de forma direta com a atividade operacio
nal da empresa.136
• Tesouraria (T)
“Indica, em média, quantos dias a empresa demora para pagar suas compras”. 140
® Ciclo Operacional
É o tempo que a empresa demora para realizar um ciclo completo de operações, desde o
• Ciclo de Caixa
É o tempo que a empresa demora para realizar um ciclo completo de operações, desde o
Indica “quanto a empresa possui no Ativo Circulante para cada $ 1,00 de Passivo Circu
lante”.143
Indica “quanto a empresa possui no Ativo Circulante e Realizável a Longo Prazo para $
Indica “quanto a empresa possui de Ativo Líquido para cada $ 1,00 de Passivo Circulante
rações a serem realizadas e os mecanismos a serem usados para verificar a conexão existente
guinte:
® Receita financeira
das empresas
• Despesa financeira
empresas.
• Resultado financeiro
sultado do exercício das empresas ou, quando não informado explicitamente, através da
® Resultado operacional
50
tado do exercício das empresas. Caso a empresa informe separadamente o resultado finan
• Resultado antes do IR
nanceiras de curto prazo e outras contas relativas a ativos circulantes financeiros constan
O ativo circulante cíclico é o valor resultante da soma de créditos de clientes (já deduzidas
eventuais provisões para devedores duvidosos), estoques e outras contas relativas a ativos
rios, duplicatas descontadas e outras contas relativas a débitos financeiros de curto prazo
conta fornecedores, salários e encargos a pagar, impostos a pagar e outras contas relativas
® Tesouraria
O valor de tesouraria é determinado pela apuração da diferença entre ativo circulante fi
empresas, pelo valor das vendas brutas no exercício, conforme valor constante na de
52
360.
A quantidade de dias do prazo médio de recebimento das vendas é apurada através da di
visão do saldo da conta Duplicatas a Receber (ou créditos de clientes) constante no ba
lanço patrimonial pelo valor das vendas brutas no exercício informado na demonstração
A quantidade de dias de prazo médio de pagamento das compras é determinada pela divi
são do saldo da conta fornecedores registrado no balanço patrimonial das empresas pelo
® Ciclo operacional
médio de renovação de estoques com o prazo médio de recebimento das vendas, apurados
dele sendo deduzido o prazo médio de pagamento das compras em dias de vendas, ambos
O índice de liquidez corrente resulta da divisão do valor total do ativo circulante pelo total
A liquidez geral tem seu índice apurado através da divisão do total de valores realizáveis a
curto e longo prazo (ativo circulante mais ativo realizável a longo prazo) pelo total de exi-
gibilidades (passivo circulante mais exigível a longo prazo), conforme valores constantes
O índice de liquidez seca é determinado pela divisão do valor do ativo circulante excluí
dos os estoques pelo total do passivo circulante, com base nos valores expressos no ba
Marconi e Lakatos147 observam que “os critérios para a classificação dos tipos
de pesquisa variam de acordo com o enfoque dado pelo autor. A divisão obedece a interesses,
147 MARCONI. Marina de Andrade e LAKATOS, Eva Maria. Técnicas de pesquisa. 3.ed. São Paulo: Atlas,
1996. p. 19.
148 GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 3.ed. São Paulo: Atlas, 1996.p.45-62.
54
mais familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a construir hipó
são pesquisas com planejamento bastante flexível, para facilitar a consideração dos mais va
riados aspectos relativos ao estudo. As pesquisas descritivas “têm como objetivo primordial a
mento de relações entre variáveis”.150 Por último, as pesquisas explicativas “têm como preo
cupação central identificar os fatores que determinam ou que contribuem para a ocorrência
dos fenômenos”.151
No caso do presente estudo, quanto aos objetivos gerais, a pesquisa pode ser
quisa que “vale-se de materiais que não receberam ainda um tratamento analítico, ou que
ainda podem ser reelaborados de acordo com os objetivos da pesquisa”. Para Marconi e
seres animados ou inanimados que apresentam pelo menos uma característica em comum”.
Por sua vez, amostra é definida com “uma porção ou parcela, convenientemente selecionada
do universo”.
sistemática, estratíficada, por conglomerados, por etapas, por acessibilidade, por tipicidade e
por cotas.
não-probabilista.
poder ser submetida a tratamento estatístico, que permite compensar erros amostrais e outros
de amostra probabilista: aleatória simples, sistemática, aleatória de múltiplo estágio, por área,
154 MARCONI, Marina de Andrade e LAKATOS, Eva Maria. Op. cit. p. 57.
155 MARCONI, Marina de Andrade e LAKATOS, Eva Maria. Op. cit. p. 37.
156 RICHARDSON, Roberto Jany. Pesquisa social: métodos e técnicas. 2,ed. São Paulo: Atlas, 1989. p. 103.
157 GIL, Antonio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa scoal. 4.ed. São Paulo: Atlas, 1994. p.93-98.
158 MARCONI, Marina de Andrade e LAKATOS, Eva Maria. Op. cit. p. 37-49.
159 MARCONI, Marina de Andrade e LAKATOS, Eva Maria. Op. cit. p. 38.
56
No que concerne à amostra não probabilista, explicam que nesta não se faz uso
de fórmulas estatísticas para o cálculo, o que não permite calcular o erro amostrai.160 Os prin
cipais tipos apresentados são a amostra intencional, por “juris”, por tipicidade e por quotas.
No caso específico do presente estudo, foi utilizada uma amostra não probabi
da população que, com base nas informações disponíveis, possa ser considerado representa
tivo de toda a população”. Para Marconi e Lakatos,162 “a hipótese subjacente à escolha de uma
comunidade “típica” é que ela se apresenta típica no que se concerne a um conjunto de pro
Nesta pesquisa, a seleção da amostra foi feita a partir das demonstrações con
1998 a 30 de abril de 1998. Trata-se do periódico utilizado pela maior parte das empresas
foi feita a exclusão preliminar de todas as empresas não enquadradas. Estavam nesta situação
1998, das empresas comerciais e industriais, foi feito novo processo de exclusão das situações
160 MARCONI, Marina de Andrade e LAKATOS, Eva Maria. Op. cit. p. 47.
161 GIL, Antonio Carlos. 1994. Op. cit. p. 97.
162 MARCONI, Marina de Andrade e LAKATOS, Eva Maria. Op. cit. p. 48.
57
atípicas. Neste processo foram excluídas: a) 5 balanços que não tinham receita operacional em
um dos dois anos; b) 36 balanços que não discriminaram detalhadamente o valor de receitas
dados, foram excluídos mais quatro balanços do grupo classificado com “alto risco” (1 refe
rente a 1996 e 3 referente a 1997) por formarem um grupo muito pequeno para validar estu
dos de correlação. Desta forma, foram selecionadas 107 demonstrações contábeis relativos ao
ramos de negócio. O porte também é bastante diferenciado, sendo que o faturamento varia de
coleta dos dados, elaboração dos dados, análise e interpretação dos dados, representação dos
coni e Lakatos,164 primários são os dados compilados na ocasião pelo autor e secundários os
transcritos de fontes primárias. No caso do presente estudo, a pesquisa foi realizada a partir de
dos jornais contendo as demonstrações contábeis necessárias à pesquisa. Por sua vez, a elabo
163 LAKATOS, Eva Maria e MARCONI, Marina de Andrade. Op. cit. p. 165-171.
58
ração dos dados envolveu a digitação dos dados em planilha eletrônica, já estruturados de
necessários para alcançar os objetivos propostos. Por último, fez-se a triagem final da amos
tra.
um software estatístico {Statistics - correlation malrices), onde foram feitos os testes de cor
para evidenciar os resultados das correlações, o que permitiu um estudo mais profundo e ser
da força de relacionamento entre duas observações emparelhadas”, indicando “até que ponto
os valores de uma variável estão relacionados com os de outra”. Barbetta166 explica que:
164 MARCONI, Marina de Andrade e LAKATOS, Eva Maria. Op. cit. p. 58.
165 st e v ENSON, william J. Estatística aplicada à administração. São Paulo: Harper & Row do Brasil, 1981.
p. 367
59
cuidados que se deve ter na análise, pois há a possibilidade de apurar relacionamentos espú
rios ou sem sentido, recomendando que sejam utilizados “estudos correlacionais como
cujo valor varia de -1,00 a +1,00 (relacionamento perfeitamente negativo até relacionamento
dos apurados foram contraditórios (chegou a ocorrer correlação positiva forte em um grupo e,
166 BARBETTA, Pedro Alberto. Estatística aplicada às ciências sociais. Florianópolis: Ed. da UFSC, 1994. p.
243.
161 STEVENSON, William J. Op. cit. p. 389.
168 Convém alertar que está se tratando de correlação linear simples. Há correlações não lineares e, também,
correlações múltiplas, que não são objeto do presente estudo.
60
critério de agrupamento.
Braga169, que divide as empresas em seis grupos, segundo sua estrutura financeira: excelente,
sólida, insatisfatória, péssima, muito ruim e alto risco. A adoção deste critério de agrupamento
resultou em grupos com números de casos totalmente diferentes. Porém, permitiu o estudo de
correlações em empresas similares quanto à estrutura financeira. Para aprimorar mais a aná
lise e procurar dar maior validação à pesquisa, fez-se três grupos com os dados do ano de
1.996, com os dados de 1.997 e considerando como um conjunto único os balanços de 1.996 e
1997.
quatro grandes grupos, segundo os interesses da pesquisa. Desta forma, se mediu a correlação
das contas de resultado financeiro (receita financeira, despesa financeira e resultado finan
ceiro) com os seguintes grupos de valores ou índices: outras contas de resultados; valores cir
sas industriais e comerciais. Mesmo que se tenha uma amostra por tipicidade, é necessária
alguma cautela para generalizar conclusões. Além disso, quaisquer conclusões estão limitadas
pesquisa exploratória quer, antes de mais nada, descobrir novas intuições que sirvam de ponto
cio, das empresas selecionadas, referente aos exercícios de 1996 e 1997, permitiram a apura
ção dos valores e índices necessários para o tratamento estatístico dos dados. A partir dos
índices de correlação gerados, fez-se a análise e interpretação dos mesmos, por meio de tabe
ordem dos objetivos específicos, ou seja, foi aberto um item para cada conjunto de variáveis
que serão relacionadas com as contas de resultado financeiro: outras contas de resultado, valo
res circulantes, prazos médios de giro e índices de liquidez. Em cada tabela, são apresentados
os dados dos cinco grupos de empresas, segundo a situação de sua estrutura financeira e con
ruim).
zadas tabelas contendo apenas as correlações consideradas significantes (maiores que 0,7 ou
menores que -0,7). Estas tabelas complementares são apresentadas no Anexo 2. Deixam de
ser apresentadas no corpo do trabalho pois são simples repetição de dados que já são apre
sentados nas tabelas originais, com a única diferença de que apresentam apenas os dados mais
significativos.
tábeis utilizadas em cada teste (valor de ri). Esta quantidade é igual em todos os testes e está
números repetitivos e que precisariam estar necessariamente inseridos no meio das tabelas, o
que poderia gerar uma poluição visual das mesmas, além de causar confusão na leitura das
tabelas.
financeira, despesa financeira e resultado financeiro) com as seguintes contas das demonstra
ções de resultado: receita operacional bruta, receita operacional liquida, resultado operacional
e resultado antes do Imposto de Renda. Também foi feito um cálculo excluindo do resultado
existência de dois subgrupos: o primeiro constituído por duas contas de receitas (operacional
bruta e operacional líquida) e o segundo constituído por três contas de resultados (operacio
forma individual com as receitas financeiras, com as despesas financeiras e com o resultado
64
financeiro. Ao final, é apresentado mais um tópico que sintetiza a análise de contas de resul
fortes (superiores a 0,90) e perfeitas (1,00). Esta tendência deixa de existir apenas no grupo de
positivas nas contas de receitas; já nas contas de resultado, a correlação tende para índices
negativos.
positiva revelam que há uma forte tendência geral a aumentar a receita financeira em propor
ção similar ao aumento da receita operacional, bruta ou líquida. E coerente supor que empre
sas com maior volume de faturamento tendam a ter também um maior volume de receitas
financeiras. Em primeiro lugar, por uma simples questão de volume. Em segundo, embora
sem possibilidade de afirmar com grande generalização, há uma tendência a que empresas de
maior porte tenham também como hábito fazer mais aplicações no mercado financeiro e tam
bém tenham maior poder de cobrança de juros de seus clientes, por atraso em pagamentos ou
muito ruins apresentem correlação negativa em suas contas de resultado, indicando que à me
dida que aumenta o resultado operacional ocorre diminuição na receita financeira. Empresas
operacional em giro e de tesouraria. São empresas cuja primeira preocupação tende a ser a
longo prazo. Assim, para empresas em tal situação, receitas financeiras deixam de ser prioritá
rias ou, com mais freqüência ainda, são empresas em que aplicações no mercado financeiro
66
ou cobrança de juros de clientes não mais ocorrem pela simples inexistência de recursos para
tanto.
res nominais de despesas financeiras com os valores nominais das contas de resultado especi
ficadas.
também nos testes envolvendo as despesas houve forte presença de índices de correlação
perfeitas (índices variando de 0,70 a 1,00). Porém, a exceção à regra ampliou, pois nas despe
sas financeiras, alguns dos testes apresentaram correlações negativas não só do grupo de em
presas com estrutura muito ruim, mas também no grupo de empresas em situação péssima.
Trata-se, no entanto, de uma exceção não consistente, uma vez que os índices relativos a
Quando foram juntados os dados dos dois anos, naturalmente a correlação tendeu a deixar de
existir.
seja, quanto maior o faturamento e o lucro de uma empresa, tanto maior tende a ser o volume
nas empresas com melhor estrutura financeira. Novamente, trata-se de uma questão de vo
lume dos valores envolvidos, já que os testes que estão sendo apresentados relacionam valores
nominais. Por outro lado, o simples fato de uma empresa ser de grande porte e estar em situa
ção financeira excelente ou sólida não quer significar ausência ou menor volume proporcional
de despesas financeiras. Tais empresas possivelmente tenham suas operações correntes alicer
çadas em recu rsn s captados de terceiros. Além disso, o que se observa na prática é que estas
normalmente têm maiores facilidades para acessar linhas de crédito de longo prazo, o que
gera despesas financeiras, mesmo que arcando com custos percentuais menores.
68
Para corroborar esta última afirmação, buscou-se a base de dados, onde verifi-
cou-se a composição do exigivel de longo prazo. Foi calculada a relação percentual entre o
exigível de longo prazo e o ativo total (índice de endividamento de longo prazo). Os dados
apurados são apresentados na Tabela 4.4, que apresenta o percentual total de endividamento a
endividamento de longo prazo não muito diferente das demais empresas. No entanto, a com
tipos de débitos. Embora não se possa generalizar, em empresas com dificuldades financeiras,
é freqüente que esta conta de outros débitos de longo prazo seja constituída por impostos re-
o resultado financeiro são apresentados na Tabela 4.5. Foram relacionados valores nominais
empresas nesta situação tendem a ter resultado financeiro positivo tanto maior quanto maior
for seu faturamento ou lucro. No entanto, é necessário alguma cautela nesta assertiva por duas
apenas nove num total de 212 demonstrações analisadas e a correlação diminuiu quando fo
ram juntados os balanços dos dois anos. Um segundo aspecto é que o grupo logo a seguir (si
tuação sólida) revelou, nos testes, índices que não apresentam nenhuma seqüência lógica.
Os grupos que estão próximos (situações insatisfatória e muito ruim) também revelaram índi
ces que não apresentam uma consistência ao longo do tempo e dos testes.
financeiro tenham revelado alguns índices de correlação moderada, forte ou perfeita, não há
tentes nos testes envolvendo as receitas e as despesas financeiras. A não ocorrência do mesmo
diferenças de taxas que as empresas obtém na aplicação de recursos (receitas financeiras) com
as taxas que pagam quando da captação de recursos. Esta hipótese torna-se ainda mais evi
4.1.4. Síntese das relações entre outras contas de resultados com as contas de resultado f i
nanceiro
correlacionadas com outras contas de resultados, pode-se inferir que há alguns comporta
b) quanto às despesas financeiras, estas tendem a aumentar na proporção das demais contas
de resultado apenas nas empresas com boa estrutura de capitais. Nas empresas com al
guma dificuldade financeira, o comportamento tende a ser atípico, variando mais de em
c) embora ocorram correlações das receitas e das despesas financeiras com as demais contas
de resultado, isto não se repete com tanta consistência no resultado financeiro. Esta con
tradição parece ser explicável pela diferença entre as taxas de captação e de aplicação de
recursos financeiros.
É importante destacar que estas são conclusões genéricas, que buscam dar uma
visão geral. Por isso mesmo, não contemplam alguns detalhes que foram vistos mais profun
Os valores circulantes utilizados no estudo podem ser vistos como dois sub
(PC). Estes grupos contábeis foram divididos em valores cíclicos e financeiros, resultando em
ativo circulante cíclico (ACC), ativo circulante financeiro (ACF), passivo circulante cíclico
(PCC) e passivo circulante financeiro (PCF). No segundo subgrupo, são abordadas as contas
resultantes das comparações entre partes do ativo e do passivo circulantes. Tem-se, assim, o
72
capital circulante líquido (AC - PC), o investimento operacional em giro (ACC - PCC) e a
Um exame geral dos testes permite visualizar uma presença marcante de cor
relações que podem ser julgadas significativas (acima de 0,70 ou abaixo de -0,70). Somente
em alguns poucos casos, os índices não atingem patamares de grande significação. Estas ex
ceções acontecem nas empresas com estrutura financeira menos equilibrada. Mesmo assim,
são sempre positivos (mesmo quando abaixo de 0,70) nas primeiras quatro contas de cada
três últimos testes de cada grupo, verifica-se que os sinais ora são positivos ora são negativos.
parte deste grupo de testes utiliza os valores do capital circulante líquido, do investimento
operacional em giro e da tesouraria. Estes valores, que podem ser chamados de derivados, são
resultantes da diferença entre uma conta de ativo e outra de passivo e, em função disto, podem
73
ser positivos ou negativos. Observa-se que aconteceu uma perfeita correspondência entre os
sinais de correlação evidenciados pelos testes com os sinais (positivos ou negativos) que
orientaram a classificação de estrutura financeira que foi adotada para todos os testes.
Numa visão geral, os testes indicam que há forte tendência de que as receitas
financeiras aumentem à medida que crescem os valores circulantes originais. Por exemplo, à
medida que aumenta o valor do ativo circulante financeiro ou o cíclico, também se eleva o
valor das receitas financeiras. O mesmo ocorre quando aumentam os valores do passivo cir
culante, financeiro ou cíclico. Esta tendência parece estar relacionada ao volume de operações
das empresas: empresas com maior tamanho de ativos ou passivos em giro tendem a ter maior
dência à existência de correlações moderadas ou fortes. Porém, o sinal da correlação será po
fica-se que a correlação sempre apresentou sinal positivo para o capital circulante líquido e
para a tesouraria, e sinal negativo para o investimento operacional em giro. Empresas classifi
cadas como excelentes podem operam com valor negativo de investimento operacional em
giro, significando que fornecedores e outros credores operacionais (salários e impostos a pa
gar) sustentam todas suas necessidades de estoque e financiamento a clientes. Desta forma, é
plausível que a correlação desta variável com as receitas financeiras seja negativa. Quanto
menores forem seus valores de investimento operacional em giro (ou seja, quanto mais nega
tivos forem) maiores tendem a ser as receitas financeiras. Isto porque maiores serão os valores
Um segundo exemplo pode ser visto no outro extremo da tabela, nas empresas
muito ruins. Todos os valores derivados são negativos e a correlação evidenciada com a re
ceita financeira também é negativa. Empresas nesta situação tendem a priorizar a recuperação
pouca ou nenhuma prioridade à geração de receitas financeiras. Normalmente estão sob forte
Como primeira observação, cabe destacar uma forte simetria de resultados com
ocorre até mesmo nas situações em que não se encontram correlações significativas.
circulante financeiro e cíclico), nota-se que há uma tendência geral de que o volume de despe
sas financeiras tende a ser tanto maior quanto maiores forem os valores circulantes. Esta ten
dência geral deixou de acontecer apenas em alguns poucos testes nos grupos de empresas
Empresas de maior porte e com maiores valores circulantes têm um volume maior de opera
ções e, por conseguinte, consomem maior volume de recursos financeiros onerosos. Aliás,
este aspecto já havia sido evidenciado quando se analisou as relações com as contas de resul
tado.
ces nas empresas péssimas e muito ruins) também é explicável. Empresas com estrutura de
capital deficiente tendem a ter comportamentos e resultados diferenciados em sua gestão. Po
76
dem demorar mais ou menos tempo para reagir e, de acordo com suas peculiaridades, poderão
cional em giro e tesouraria) nota-se uma repetição do comportamento da análise das receitas
empresa.
para o caso das receitas. Tomando-se o exemplo das empresas em situação excelente, verifica-
valores de IOG, provavelmente tais empresas precisam aumentar seu passivo circulante finan
ceiro, não importa se em operações de curto ou longo prazo. Até pela posição cautelosa que
adotam (sempre saldo positivo em tesouraria), poderão, em alguns casos, preferir algum custo
No caso das empresas muito ruins, onde as três variáveis têm valor negativo,
são empresas que à medida que melhoram sua estrutura (aproximando o valor das variáveis de
previsível nas empresas com estrutura financeira boa e que tende a não haver correlação signi
ficativa quando a empresa estiver em situação péssima ou muito ruim. Mesmo assim, é man
tida a correlação dos valores derivados (CCL, IOG e T), de acordo com a classificação da
estrutura financeira.
baseada nos índices apurados nos testes que estão expostos na Tabela 4.8.
78
circulantes com valores nominais do resultado financeiro. Também neste caso, pode ser visu
79
pelo valores derivados, que são o capital circulante líquido, o investimento operacional em
giro e a tesouraria.
longo dos períodos e mesmo quando tal ocorre precisam ser vistos com cautela.
cuja estrutura financeira é muito similar, diferindo apenas quanto à necessidade de investi
mento operacional em giro. No entanto, os resultados dos testes não apresentam nenhuma
Por sua vez, quando se chega nas empresas com deficiências em sua estrutura
variáveis passivo circulante cíclico e financeiro. Significa que se for aumentado o valor das
se considera normal.
do resultado financeiro por grupo de empresas. Para tanto, a Tabela 4.9 apresenta os valores
Nota-se que, dentro do grupo total de balanços submetidos à análise, 2/3 das
percentual cai para 61,25%. A partir do grupo de empresas insatisfatórias, que é composto
81
Estes dados corroboram a assertiva de que é compreensível que não haja uma
ceiro. Se há correlação com a estrutura de capitais circulantes nas receitas e também nas des
pesas financeiras, a variação de taxas entre aplicação e captação passa a ser uma razoável
4.2.4. Síntese das relações dos valores circulantes com as contas de resultado financeiro
a) é quase que uma constante a correlação positiva entre os valores primários de ativo e pas
índices positivos, nas empresas com melhor estrutura financeira. Nas empresas com defi
d) o comportamento tanto de receitas quanto de despesas financeiras pode ser mais fa
cilmente explicado pela posição das variáveis surgidas do desdobramento dos valores cir
giro e da tesouraria. O sinal das correlações, tanto nas receitas quanto nas despesas, tem
82
forte tendência a respeitar o mesmo sinal positivo ou negativo do valor da respectiva va
riável.
Cabe alertar que estas considerações sintéticas buscam formar apenas um qua
dro resumo da interpretação e análise dos testes realizados, pois o seu detalhamento consta
tado financeiro podem ser divididos em dois subgrupos. No primeiro subgrupo, em cada um
dos grupos de empresas, constam os três prazos médios básicos, isto é, o prazo médio de re
novação de estoques (PMRE), de recebimento das vendas (PMRV) e de pagamento das com
pras (PMPC). Destes prazos médios derivam as duas variáveis do segundo subgrupo: a soma
do PMRE com o PMPC, que forma o ciclo operacional (PMRE + PMPC); deste total, dimi
Este conjunto de variáveis é confrontado nesta ordem, nos tópicos que seguem,
dias de prazos médios das empresas com os valores nominais das receitas financeiras. Esta
lantes parece fortemente afetada pelos prazos médios, seria razoável supor que também hou
84
vesse correlação das receitas financeiras com os prazos médios ou, no mínimo, no ciclo de
caixa.
sas que foram utilizados no decorrer da pesquisa. Adotou-se, então, outro tipo de agrupa
Por último, fez-se uma análise visual das bases de dados e o que se observou
foram discrepâncias enormes na composição dos prazos médios das empresas. Alguns cálcu
los evidenciam esta situação: no grupo de empresas em situação péssima, o ciclo de caixa
oscilou entre 16,01 a 413,55 dias, com uma média de 83,28 dias e um desvio padrão de 88,74,
ou seja, o desvio padrão foi maior do que a média. Já no grupo de empresas em situação ex
celente, as oscilações não foram tão acentuadas, mas mesmo assim são significativas: o ciclo
de caixa variou de 7,32 a 69,29 dias, a média ficou em 38,75 dias e o desvio padrão em 24,21
dias.
Estes dados permitem considerar que a análise de prazos médios não permite
aferir o comportamento das receitas financeiras, já que o comportamento dos prazos variou
ras, também no resultado financeiro não ocorreram correlações significativas. Poucos são os
índices superiores a 0,70 ou inferiores â -0,70, que indicariam correlações moderadas ou for
tes. Nas poucas vezes em que tais índices aparecem, logo a seguir, na mesma linha, há um
índice que contraria o que o outro quis comprovar. Não há, portanto, consistência alguma ao
uma conclusão genérica possível é que não há correlação entre prazos médios e resultado fi
nanceiro.
Os resultados deste teste não invalidam a análise de prazos médios e nem sua
4.3.4. Síntese das relações dos prazos médios com as contas de resultado financeiro
inesperado. Depois que se identificou fortes correlações entre os valores circulantes e as con
tas de resultado financeiro, supunha-se que o mesmo se repetisse em relação aos prazos mé
dios, uma vez que a estrutura de capitais circulantes é fortemente influenciada pelos prazos
complexo tentar íabelecer correlações quando se envolvem gra;tdezas cujo fator de medição
seja diferente. Foi fácil estabelecer correlações entre valores nominais de diferentes contas,
conforme visto nos itens anteriores. Já correlacionar dias com valores, como é o presente
88
caso, tende a ser mais complexo. Quando uma destas variáveis é uma quantidade derivada (os
prazos médios e os ciclos são derivados de dois ou três valores diferentes), aparentemente a
feitos testes complementares. Utilizou-se outro tipo de agrupamento das empresas (por faixas
de faturamento), que também não evidenciou correlações. A partir disso, buscou-se uma ex
plicação na base de dados, onde evidenciou-se grande disparidade na quantidade de dias dos
prazos médios, conforme já demonstrado no tópico que analisou receitas financeiras e prazos
médios.
Esta disparidade leva a uma outra hipótese, que encontra algum respaldo na
observação empírica: os prazos médios são fortemente influenciados por políticas bastante
similares e típicas de cada segmento de mercado. Na prática, as empresas têm pouca margem
de manobra nos prazos médios de compra e no prazo concedido aos clientes, já que o mer
normalmente, para a empresa a gestão do prazo médio de renovação de estoque, onde também
dos prazos médios na análise financeira das empresas e nem sequer afastar a hipótese de que
tenham alguma influência nas contas de resultado financeiro. Num grupo amplo e diversifi
cado como o que formou a amostra da presente pesquisa, com empresas de vários segmentos
diferentes, é compreensível que não tenha sido possível estabelecer as correlações inicial
O que ficou nítido é que o caminho para a compreensão da dinâmica dos pra
zos médios e dos ciclos, e de sua eventual influência sobre as contas de resultado financeiro,
deve ser feito através de outra abordagem de pesquisa, talvez com análise descritiva, correia-
89
ção por segmento de mercado ou análise de correlação múltipla. Neste sentido, as demonstra
ções publicadas em jornais raramente evidenciam qual o segmento de atuação das empresas, o
que impossibilita aprofundar a análise por falta de dados confiáveis, que só seriam possíveis
relação com os valores nominais de receitas financeiras, despesas financeiras e resultado fi
nanceiro.
Neste item são apresentados tópicos distintos para cada um dos agrupamentos
(receitas, despesas e resultado) e, ao final, é apresentada uma síntese que busca ver o conjunto
da divisão de uma conta de ativo por uma conta de passivo) e, de outro lado, o valor nominal
Um aspecto que diferencia este teste em relação aos dois anteriores é uma visí
vel predominância de indicadores com sinal positivo. Apesar disso, os fatores de correlação,
em sua grande maioria, são extremamente baixos para revelarem alguma correlação significa
tiva. De qualquer forma, são um primeiro indício de que à medida que aumenta o índice de
liquidez, tende a haver aumento do resultado financeiro. Talvez índices maiores pudessem ser
4.4.4. Síntese das relações dos índices de liquidez com as contas de resultado financeiro
resultado financeiro não foram evidenciadas correlações que possam ser consideradas signifi
cativas e consistentes. Em razão disso, este tópico não se limita a resumir as relações. Ele vai
um pouco além, descrevendo outros testes realizados e fazendo algumas considerações adi
cionais.
lantes e contas de resultado financeiro e que os índices de liquidez, em sua maior parte, ex
significativas.
Como tais correlações não ocorreram, foram feitos alguns testes experimentais,
ativo circulante financeiro com o passivo circulante financeiro. Submetidos aos mesmos testes
quisa mais descritiva. Neste sentido, quando se analisa liquidez, é comum considerar como
um bom indicador uma liquidez seca igual ou superior a 1,00, o que, teoricamente, permitiria
a empresa saldar seus compromissos sem depender da venda de seus estoques. Tomando-se as
tam liquidez seca superior a 1,00 (se o critério for elevado para 1,20, o número fica em 65, ou
seja, 81,25% da amostra). Olhando-se o resultado financeiro, verificou-se que apenas 49 ba
lanços apresentaram valor positivo (61,25%). Tomando-se a amostra total (212 balanços), 121
apresentaram liquidez seca superior a 1,00 (57,07%) e apenas 79 (37,26%) tiveram resultado
financeiro positivo.
indicadores de liquidez como parâmetro único de saúde financeira. Trata-se de uma prática
De qualquer forma, assim como aconteceu com os prazos médios, não se pode
ausência de correlação dos índices de liquidez com as contas de resultado financeiro e as evi
dências adicionais apontadas pelos dados complementares acima expostos, indicam que a
Ressalte-se que não é apenas o resultado financeiro que indica a saúde finan
ceira de uma empresa. No entanto, resultados financeiros negativos de forma persistente pre
cisam ser compensados por maior resultado operacional ou, o que é mais comum, serem
absorvidos por recursos permanentes ou circulantes, o que, a longo prazo, acaba reduzindo a
95
Por outro lado, até pela importância que ainda é dada aos índices de liquidez, é
recomendável que sejam feitos estudos adicionais buscando aferir melhor sua forma de utili
zação. Aparentemente, há indicativos de que a liquidez, assim como os prazos médios, tam
bém tem alguma relação com o segmento de mercado em que a empresa atua. Desse modo,
talvez a análise de liquidez através de parâmetros setoriais se tome mais eficaz do que se ba
realização da pesquisa e são levantados alguns questionamentos que requerem maior aprofun
damento. Também, como contribuição final e dentro do espírito das pesquisas exploratórias,
5.1. Conclusões
cos e financeiros buscando analisar suas relações com as contas de receitas financeiras, despe
Uma primeira anotação conclusiva deve ser feita a respeito do método adotado
para a classificação de empresas. A tipologia proposta por Braga, baseada no modelo Fleuriet,
cia de uma adequada estrutura dos capitais circulantes das empresas. Também foi útil para
Todavia, apresentou limitações quando se tentou estabelecer relações entre contas de resul
tado financeiro e prazos médios de giro, não significando, porém, a invalidação do método de
análise das correlações dos índices de liquidez com as contas de resultado financeiro.
a) Foram identificadas fortes correlações positivas, moderadas e até perfeitas quando se ana
lisou receitas financeiras e despesas financeiras com outras contas de resultado (receitas
similar ao crescimento dos valores de receitas operacionais, bruta e líquida, bem como do
lucro operacional. No tocante a resultado financeiro, a correlação não mostrou-se tão con
sistente. A aparente contradição parece estar relacionada à variação de taxas entre aplica
nos grupos de empresas com melhor estrutura de capitais circulantes, o mesmo não ocor
rendo com empresas em dificuldades. Notou-se, ainda, que, na análise de valores circu
tesouraria), na grande maioria dos casos, o sinal da correlação foi igual ao sinal (positivo
estoques, de recebimento das vendas e de pagamento das compras com os valores nomi
correlações ocorreu quando se analisou ciclo operacional e ciclo de caixa. Um dos pro
blemas detectados foi a grande disparidade de dias de giro e/ou de ciclo entre as empresas
idéia de que, talvez, seja necessário agrupar as empresas também por segmento de mer
cado. Esta segmentação não estava disponível face às próprias características do estudo.
d) Também nos índices de liquidez não foram evidenciadas correlações importantes quando
dos índices de correlação apresentou sinal positivo. Os índices resultantes, porém, não fo
ram significativos (a maior parte foi inferior a 0,70). Este resultado parece demonstrar al
guma tendência de que o resultado financeiro tende a ser tanto maior quanto maior forem
os índices de liquidez. Porém, como os índices foram baixos, uma afirmação conclusiva
vel que possa auxiliar na análise e no planejamento da estrutura financeira das empresas,
grupos de testes realizados, foi onde ocorreu maior quantidade de relações significativas.
Além disso, no tocante a valores circulantes derivados (capital circulante líquido, investi
da respectiva conta derivada, presente na grande maioria dos testes, apresenta fortes evi
Um aspecto que, até certo ponto, surpreendeu foi a não ocorrência de correla
ções nos prazos médios. A pesquisa bibliográfica evidenciou forte influência dos prazos mé
dios sobre os valores circulantes. No teste envolvendo valores circulantes, houve correlações
fortes. Pareceu evidente que também deveria haver correlação entre contas de resultado finan
ceiro e prazos médios. Como tal não ocorreu, levantou-se a suspeita de que tais indicadores
possam ter influências setoriais, o que exigiria, no mínimo, outro tipo de agrupamento para
fins de estudo. Como não se conhece, pelas demonstrações contábeis publicadas, o segmento
de atuação de cada empresa, foi impraticável agrupar as demonstrações contábeis por seg
mento de mercado. Este recurso e, ainda, uma análise de correlação múltipla, talvez possam
explicar como se relacionam prazos médios de giro com receitas e despesas financeiras.
99
tado para a pesquisa pode ser aplicado a cada empresa individualmente. Ele permite que, com
mínimos cálculos, se possa ter uma primeira classificação da situação e prever a tendência do
comportamento de suas receitas e despesas financeiras. Assim sendo, revela-se como um ins
trumento útil para o gestor planejar suas operações e sua estrutura de capitais de forma tal que
preensão de que as receitas e as despesas financeiras são influenciadas pela estrutura de capi
tais circulantes. Essa estrutura é de fácil visualização pelo gestor, o que facilita o trabalho de
planejamento financeiro.
Esta conclusão não desmerece e nem elide a análise das demonstrações contá
beis através de outros índices. Apenas busca acrescentar mais um elemento que pode e deve
5.2. Recomendações
novas linhas de pesquisa voltadas à análise de despesas financeiras. Hoje, a taxa de juros real
literatura financeira traduzida tem sua preocupação fortemente voltada para remuneração de
investidores, lançamento de ações, alavancagem financeira e outros temas que fogem à reali
dade da grande maioria das empresas brasileiras. Os pesquisadores brasileiros, mesmo sem
Neste sentido, cabem mais trabalhos de natureza descritiva que busquem iden
tificar o custo real do dinheiro e o impacto das despesas financeiras. É possível até estruturar
um sistema de acompanhamento sistemático de tal custo, por categoria de empresas, que for
neça dados independentes dos indicadores que medem apenas a média das taxas suportadas
pelas grandes empresas. Há fortes evidências na observação empírica (e, pelo nível de risco, é
até compreensível que assim seja) de que as taxas de juros são muito mais elevadas para pe
quenas empresas e para as empresas com estrutura de capitais circulantes mais deficiente.
Uma linha de pesquisa que também pode ser sugerida é a análise do compor
tamento das receitas e despesas financeiras por segmento de mercado das empresas. Há seto
res que são “financiadores disfarçados”, como é o caso do comércio de eletro-eletrônicos, que
consegue transferir taxas financeiras elevadas para o mercado consumidor. Já outros setores
com taxas baixas, por vezes menores que suas taxas de captação.
médios de giro. Aparentemente, cada segmento de mercado tende a ter comportamentos mais
e pagamento das compras (crédito dos fornecedores) e com variações não muito acentuadas
nas políticas de estocagem. Há, ainda, alguma possibilidade de relacionar estes prazos médios
com o desempenho financeiro. Quanto a este último tópico, é provável que seja necessário
teórico-empíricas que tragam novos subsídios e exemplos práticos de apropriação das despe
sas financeiras ao sistema de custos e preços. Dentro de uma ótica mais contábil e financeira,
isto pode ser analisado sob as diferentes óticas de custeio. Já dentro de uma ótica mais merca
101
de competitividade.
Por último, cabe lembrar que uma falência não acontece por acaso e raramente
tende a ocorrer de forma lenta e progressiva. O impacto das despesas financeiras tende a ir
financeiro com a estrutura de capitais. Uma interessante área de pesquisa parece ser um es
tudo multicasos, envolvendo uma amostra de processos falimentares e tendo como objeto de
estudo o comportamento das receitas financeiras, das despesas financeiras e do resultado fi
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ANEXOS
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