A Meliponicultura, Ou Criação de Abelhas Sem Ferrão, Vem Se Firmando Como Uma Importante ... (PDFDrive)
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A Meliponicultura, Ou Criação de Abelhas Sem Ferrão, Vem Se Firmando Como Uma Importante ... (PDFDrive)
Germoplasma
Epagri amplia em quase 30% sua rede de
8 monitoramento ambiental SCS374 Litorânea: novo cultivar de alface lisa
45 selecionado no sistema orgânico de produção
Santa Catarina e Inglaterra firmam acordo de
10 cooperação científica em agricultura orgânica e 50 Novo cultivar de tomate: SCS375 Kaiçara
homeopatia
Artigo científico
Epagri desenvolve sistema inédito para apoiar
11 apicultura 55
Índices de maturação para o ponto ideal de
colheita de maçãs ‘SCS425 Luiza’
Opinião
Avaliação de áreas produtoras de vinhos finos
13 Um caminho para prosperar 67 de altitude de acordo com a sua aptidão ou
potencial agrícola das terras
Conjuntura
Espécies forrageiras mais utilizadas em
15 pastagens na Região Oeste de Santa Catarina Manejo da adubação nitrogenada e
desempenho agronômico do arroz irrigado
72 cultivado em zonas de altitude no estado de
Vida rural Santa Catarina
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3
LANÇAMENTOS EDITORIAIS
Pesquisa de mercado realizada em Santa Catarina mostrou que mais de 40% dos
consumidores utilizam a carne ovina para fazer churrasco. Mas existem inúmeras
outras receitas para preparar essa proteína, que foram reunidas nesta obra com
objetivo de incentivar seu consumo. A carne de cordeiro é considerada uma das
mais nutritivas, pois é grande fonte de proteínas, ferro e vitaminas do complexo B,
e pode ser servida recheada, com tempero agridoce, à napolitana, ao molho e de
diversas outras maneiras que vão encantar diferentes paladares.
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Na apicultura, o pólen tem valor agregado de produção maior que o mel, tornando-
se uma boa opção de renda nas pequenas propriedades rurais. Pensando nisso, a
Epagri produziu este boletim, com o intuito servir de guia prático para apicultores
que pretendem produzir pólen apícola com eficiência e qualidade, seja para
consumo familiar ou para produção comercial. A obra reúne informações teóricas –
como a composição do produto e seus requisitos físico-químicos – e práticas, entre
elas instalações, materiais e equipamentos necessários para a atividade.
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A
Epagri se uniu à Fundação do para uso na fruticultura e também como te na jardinagem dentro do perímetro
Meio Ambiente de Itajaí (Famai) substrato, trabalho que deve estar con- urbano de Itajaí, em hortas escolares e
para encontrar uma solução sus- cluído até a metade de 2018. Mas as de instituições beneficentes. Ele tam-
tentável para o destino das cascas de perspectivas são boas, revela Cantú, bém poderá ser distribuído a agriculto-
coco verdes geradas pela comercializa- que aponta ainda como fator positivo res para utilização nos diversos cultivos
ção da água da fruta no município. Os a inexistência de mau cheiro, produção de plantas.
pesquisadores da Estação Experimental de chorume e atração de moscas, con- Cantú revela que o fertilizante tam-
de Itajaí (Epagri/EEI) estudaram três dições presentes em muitos adubos or- bém poderá ser produzido por produ-
maneiras de transformar as casas em gânicos. “Por não ter mau cheiro, já po- tores rurais ou associações deles, pois a
adubo orgânico para ser usado em hor- demos afirmar que esse composto seria máquina e o sistema de compostagem
tas comunitárias e escolares, jardins da adequado ao uso em meio urbano, em têm custo baixo, acessível a pequenos
cidade ou qualquer outro cultivo rural hortas caseiras em vasos com plantas agricultores. “O processo pode até mes-
ou urbano. para ambientes internos”, adianta ele. mo gerar renda, pois a casca apresenta
A casca de coco verde é um proble-
Enquanto os testes vão sendo rea- um elevado custo para as prefeituras e
ma para o sistema de lixo da cidade. Du-
lizados, diversos grupos de produtores empresas de reciclagem, que poderão
rante a temporada de verão, esse mate-
rurais ficaram interessados. Entre eles, disponibilizar gratuitamente o material
rial pode representar mais de 60% dos
destacam-se produtores de orquídeas e ou até mesmo pagar para os agriculto-
dejetos recolhidos nas praias, envolven-
até empresas que trabalham com com- res reciclarem”, prevê o pesquisador,
do um grande esforço do sistema de co-
postagem que têm procurado a Epagri/ que conta que a mesma técnica já foi
leta e reciclagem dos resíduos urbanos.
Atualmente esse material é destinado a EEI para conhecer a técnica. A Famai usada com outros resíduos.
aterros sanitários, mas, como é muito também está divulgando os resultados A pesquisa tem apoio financeiro do
volumoso, diminui a vida útil desses es- positivos entre seu público. CNPq, da Fapesc e da Prefeitura Muni-
paços. “Devido aos importantes custos A Famai pretende utilizar o fertilizan- cipal de Itajaí.
econômicos e ambientais ocasionados
pela geração dos resíduos das cascas de
Foto: Banco de imagens
A
Epagri assumiu um dos Superintendência de Desenvolvimento trabalhadas no local, bem como a
espaços mais privilegiados da Pesca (Sudepe), órgão vinculado ao quantidade de produção.
para estudos sobre a natureza Ministério da Agricultura. A partir do próximo outono, no
e desenvolvimento de produção rural Ao longo do tempo, foi utilizada segundo trimestre de 2018, quando
no Brasil. Trata-se da Base Avançada também para outras funções, como sede começar a reprodução natural dos
de Pesquisa do Instituto Brasileiro da Polícia Militar Ambiental de Lages, peixes, a Serra Catarinense contará
do Meio Ambiente e dos Recursos entre 1998 e 2006. Posteriormente, com um dos mais completos centros de
Naturais Renováveis (Ibama), situada no abrigou a Base Avançada de Pesquisa piscicultura do País.
município de Painel, que estava parada do Ibama, que realizou atividades de “A cadeia produtiva vem crescendo,
há três anos. repovoamento alevino de espécies e a indústria está carente. Esse novo
A cerimônia de transferência do nativas, proteção a animais silvestres e espaço contará com doutores e
patrimônio aconteceu no dia 1o de programas de educação ambiental até especialistas que, por meio de pesquisa
agosto, com a presença do governador 2014, quando entrou em desuso. e extensão rural, proporcionarão uma
Raimundo Colombo e de outras Segundo o presidente da Epagri, nova e importante alternativa de
autoridades estaduais e regionais. Luiz Hessmann, o local serviu durante renda aos produtores da região”, diz
A estrutura recebida pela Epagri muitos anos como uma fonte de criação o responsável técnico pela unidade e
passou a funcionar como o Campo e distribuição de alevinos para toda a pesquisador da Epagri, Vilmar Francisco
Experimental de Piscicultura da Serra região, fomentando a cadeia produtiva Zardo.
Catarinense, subordinado ao Centro de truta e de outras espécies. Os integrantes da Associação dos
de Desenvolvimento em Aquicultura e Município da Região Serrana (Amures)
Pesca (Epagri/Cedap). Investimento produzem, a cada ano, 250 toneladas
Localizado no Km 242 da SC-114, de truta. Segundo Vilso Isidoro,
às margens da rodovia, a área de 19 O investimento inicial, de R$284 presidente da Associação Catarinense
hectares – o equivalente a 190 mil mil está sendo aplicado nas reformas de Truticultores (Acatruta), os maiores
metros quadrados – foi inaugurada e adequações na infraestrutura. produtores da Serra Catarinense são
há 32 anos, em março de 1985, como Paralelamente, os técnicos da Epagri Painel, Bocaina do Sul, Urupema,
Estação Nacional de Truticultura da estudam as espécies que serão Urubici e Bom Jardim da Serra.
Foto: Pablo Gomes/Prefeitura de Lages
6
Sistemas da Epagri viram modelo de agricultura sustentável
em plataforma da FAO/ONU
O
Sistema de Plantio Direto de
A
rede de monitoramento ambiental da
Epagri vem se firmando como um das
Mais em 2018
receberá pelo menos uma estação nes- nomia local. Há também as limitações
A ampliação da rede de monitora- sa nova etapa de ampliação. Com recur- físicas, já que uma estação não pode ser
mento ambiental da Epagri deve seguir sos da SDS, a Epagri vai instalar, ainda instalada em áreas próximas a prédios,
nos próximos anos. Já está prevista para ao longo de 2018, seis estações voltadas pois precisa estar em um local com sinal
2018 a instalação de pelo menos 10 para pesquisa em apicultura e distribuí- de celular e outras condições. Existem
novas estações, com recursos do PAC das nas diferentes regiões catarinenses. também as estações de pesquisa, que
Embrapa. Esses equipamentos, que Íria explica que os critérios para são instaladas atendendo pedidos de
já foram adquiridos, fazem parte de definição dos locais são extremamen- pesquisadores e cujos dados não se so-
um projeto coordenado por Íria Sartor te técnicos. Normalmente atendem mam ao conjunto, pois algumas vezes o
Araújo e serão instalados em terrenos demandas agropecuárias, como o for- local não tem as condições exigidas nor-
de propriedade da Epagri. A pesquisa- necimento de informações para algum malmente, o que influencia nos valores
dora garante que cada região do Estado cultivo que tenha importância na eco- medidos.
Agropecuária Catarinense, Florianópolis, v.30, n.3, set./dez. 2017 9
REGISTRO
Adesão
Médicos-veterinários catarinenses
vêm utilizando a homeopatia com com-
provada eficiência no tratamento de do-
enças em animais. É o caso da mamite
ou mastite, que infecciona os tetos das Produtor Airton Kroth e seu parreiral onde utiliza homeopatia
vacas, impossibilitando os produtores
A Monitoramento
Epagri vem desenvolvendo operação da rede são custeadas com
desde setembro de 2017 o verba da Epagri.
APIS on-line, um sistema de O grande diferencial da plataforma A Epagri firmou convênio com o
monitoramento apícola que reúne é o link Monitoramento, onde estarão curso de graduação em engenharia
tecnologias destinadas a coletar dados disponíveis as informações coletadas em telecomunicação do Instituto
ambientais e gerar informações para nas colmeias conectadas a estações Federal de Santa Catarina (IFSC) para
apoiar a produção de mel no território agrometeorológicas que medem desenvolvimento de unidades de
catarinense. Esse é o primeiro sistema chuva, molhamento foliar, temperatura monitoramento apícola de baixo custo,
desta natureza no Brasil. e umidade relativa do ar. Sensores que serão usadas para adensar a rede.
O APIS on-line é desenvolvido pelo instalados dentro da colmeia também Segundo Blainski, será preciso coletar
Centro de Informações de Recursos medem temperatura e umidade do dados durante pelo menos um ano para
Ambientais e de Hidrometeorologia de ar interna. Ainda dentro da colmeia é que seja possível avaliar quais condições
Santa Catarina (Epagri/Ciram) com o medida a quantidade de mel produzido. meteorológicas influenciam a produção
apoio de outras unidades da Empresa. Esses dados são transmitidos de mel.
Ele é composto por uma plataforma automaticamente e em tempo real para Após esse ano de avaliação, a Epagri/
digital (http://ciram.epagri.sc.gov.br/ a Epagri/Ciram, em Florianópolis, e Ciram poderá emitir avisos específicos
apicultura/) que reúne informações inseridos no sistema. Com base nesses aos apicultores. Com base na previsão
relacionadas ao setor, como publicações dados, pesquisadores vão observar do tempo eles serão alertados sobre
e links úteis, entre outros dados. quais condições meteorológicas que providências tomar para evitar
A plataforma é colaborativa. Cabe a influenciam na produção de mel. queda na produção. A plataforma
cada produtor cadastrar os dados de seu Éverton Blainski, pesquisador também vai formar um banco de dados
apiário, informando nome, localização da Epagri/Ciram e coordenador históricos com informações das épocas
e os seus produtos. Disponibilizados do projeto, explica que foram de floradas e os dados coletados pelas
em forma de mapa, esses dados são instaladas nas diferentes regiões unidades de monitoramento apícola.
acessados com um clique. Assim, de agroclimáticas do Estado seis unidades O sistema se completará com o
modo quase instantâneo, o consumidor de monitoramento apícola, formadas desenvolvimento de um aplicativo para
pode saber onde comprar o produto pelo conjunto de colmeia monitorada dispositivo móveis a ser usado pelos
que deseja, na região de seu interesse. e a estação agrometeorológica. Esses apicultores. A Epagri já submeteu às
Também estão cadastradas na equipamentos foram adquiridos com entidades financiadoras projeto para
plataforma todas as associações de recursos do Programa SC Rural, num buscar a verba necessária para execução
apicultores catarinenses. total de R$300 mil. A instalação e a da proposta.
Foto: Aires Mariga/Epagri
Sistema vai emitir avisos aos produtores para evitar queda na produção de mel
11
REGISTRO
O
s mecanismos genéticos e ce- durante a formação da semente. Para novos cultivares, facilitando o trabalho
lulares que levam à formação isso, o gene foi estudado nos cultivares e reduzindo o tempo. “A expectativa é
ou ausência da semente na Chardonnay (com semente) e Sultanina de transformar esse conhecimento em
uva (apirenia) foram desvendados pela (sem semente), utilizando sequencia- uma ferramenta de modo a que, antes
equipe do Laboratório de Genética Mo- mento alelo-específico, hibridização in mesmo de produzir a fruta, com testes
lecular Vegetal da Embrapa Uva e Vinho, situ, análise de expressão por RT-qPCR e de DNA, possa-se saber se a uva irá ter
em Bento Gonçalves (RS), em conjunto complementação de fenótipo na planta sementes ou não”, disse o pesquisador.
com cientistas da Universidade Fede- modelo Arabidopsis thaliana. A equipe continua trabalhando e o pró-
ral do Rio Grande do Sul (UFRGS) e da “Com isso, identificamos que os ní- ximo desafio é avaliar a utilização desse
Universidade Estadual de Campinas veis de transcritos de VviAGL11 aumen- gene em videiras adultas. “Com isso,
(Unicamp). A descoberta tem potencial taram significativamente na segunda e a intenção é modificar o tamanho das
de acelerar e subsidiar pesquisas para na quarta semanas após a floração em sementes, tornando-as menores, por
desenvolver uvas sem sementes usando sementes de ‘Chardonnay’, especifi-
exemplo, por meio do silenciamento do
técnicas de biotecnologia. camente na camada dupla do integu-
gene VviAGL11”, antecipa.
Apesar da apreciação das uvas de mento médio da semente, sendo essa
O chefe-geral da Embrapa Uva e
mesa sem sementes ampliar-se ano a camada responsável por formar a casca
Vinho, Mauro Zanus, relembra que
ano, pouco se sabia sobre os mecanis- das sementes, o que sugeriu a relação
faz quase 20 anos que a instituição de
mos celulares e genéticos responsáveis desse gene com a formação das semen-
pelo desenvolvimento delas. Os brasilei- tes”, informa Jaiana. Ela complementa pesquisa passou a desenvolver novas
ros identificaram o papel do gene VviA- que no cultivar ‘Sultanina’ o gene não variedades de uva sem semente, em-
GL11 no desenvolvimento de sementes é expresso durante o desenvolvimento pregando técnicas de resgate de em-
nas uvas. A descoberta foi registrada do fruto e da semente, o que resultaria briões e de melhoramento clássico de
em artigo publicado no Journal of Expe- na ausência de semente nesse cultivar, plantas. “Agora, com estes estudos que
rimental Botany, editado pela Universi- hipótese que foi comprovada. identificam os genes responsáveis pelo
dade de Oxford, Inglaterra. O grupo foi Segundo Revers, o trabalho repre- caráter sem semente, avançamos na
liderado pelo pesquisador da Embrapa senta um avanço para auxiliar os pro- base científica que regula essa impor-
Luís Fernando Revers. gramas de melhoramento genético no tante tecnologia, abrindo as portas para
Segundo Jaiana Malabarba, uma das planejamento de cruzamentos e na aperfeiçoarmos o melhoramento gené-
autoras do estudo cuja tese de douto- seleção de uvas apirênicas. A aplicação tico da videira, reduzindo seus custos e
rado foi a base do artigo, o objetivo era do conhecimento a longo prazo tem po- acelerando o desenvolvimento de novas
compreender o papel do gene VviAGL11 tencial de ajudar o desenvolvimento de variedades”, avalia.
Foto: Aires Mariga/Epagri
A ideia é que testes de DNA permitam saber se a uva terá ou não sementes antes de ser produzida
12
OPINIÃO
O Heterogeneidade do
contexto atual dos agronegó- na Figura 2. Um olhar mais atento aos
cios familiares de Santa Catari- números revela que alguns agronegó-
agronegócio familiar
na e a proximidade do final da cios experimentaram perdas de ren-
segunda década do século 21 estimulam da naquele período, enquanto outros
A pergunta decisiva para os agro-
algumas reflexões sobre a prática de sua apresentaram resultados positivos, com
negócios familiares catarinenses é: es-
gestão. Nesta perspectiva, apontam-se mais de 100% de aumento.
tamos modificando tão rápido como
dois grandes desafios a serem enfren- Vale refletir mais um pouco, a res-
o mundo ao nosso redor? A resposta
tados na continuidade deste século: peito dos números de cada agronegócio
pode deixar de ser positiva para muitos
Como ter agronegócios familiares, mar- familiar, para ver o outro lado da ques-
agricultores.
cadamente heterogêneos, que sejam tão. Para exemplificar, o agronegócio
Nos últimos dez anos, veja o que
tão ágeis quanto a própria mudança? E familiar (10) aumentou apenas 26%
aconteceu com a renda da operação
como criar um agronegócio familiar al- sua renda nesse período, mas obteve a
agrícola por pessoa adulta de 24 agro-
tamente envolvente, que inspire todos renda mais alta do grupo, R$40.302,00
negócios familiares de Santa Catari-
dar o melhor de si? por pessoa adulta, em 2015/16. Por
na que estão sendo acompanhados
Antes de prosseguir nessas refle- outro lado, o agronegócio familiar (12)
pelo programa Contagri. A renda pu-
xões, vamos rever o que é gestão. A ges- lou de R$19.429,00, em 2007/08, para aumentou 248% sua renda, mas obteve
tão não é uma ciência, nem tampouco R$24.693,00, em 2015/16, o que repre- R$24.838,00 de renda por pessoa adul-
uma profissão, mas uma prática apren- sentou um aumento médio de 27%, em ta no último ano do período, 2015/16.
dida com a experiência e enraizada no valores nominais. Nem mesmo, os agronegócios fa-
Note que estamos falando da renda miliares considerados de “boa gestão”
contexto de cada agronegócio familiar.
média de um conjunto de agronegócios estão protegidos do embate existente
Nesse segmento, a gestão pode ser vis-
familiares, com suas fortalezas e fra- entre o que fazem hoje e as mudanças
ta como um triângulo onde a habilida-
quezas individuais. O acréscimo de ren- da economia, dos mercados, da socie-
de prática (experiência e aprendizagem
da por pessoa adulta entre o primeiro dade e da tecnologia. Como vimos an-
prática), a arte (discernimento criativo)
ano (2007/08) e o último ano agrícola teriormente, a heterogeneidade dos
e a utilização da ciência (evidências sis-
(2015/16) do período, marcadamente agronegócios familiares revela uma ren-
temáticas) se encontram (MINTZBERG,
diverso, é a informação que se destaca da que apresenta grande variabilidade,
2010).
em decorrência das características de
orientação de cada negócio agrícola e
da disponibilidade dos recursos espe-
cíficos. Aqui reside o primeiro desafio
da gestão: como construir agronegócios
familiares que podem transformar-se,
respeitando sua singularidade? Este é o
desafio da adaptabilidade.
¹ Eng.-agrônomo, M.Sc., Epagri/Cepa, Rod. Admar Gonzaga, 1486, Itacorubi, e-mail: [email protected]
Figura 2. Acréscimo de renda por pessoa adulta de agronegócios familiares catarinenses entre o ano agrícola (2007/08) e o último ano
agrícola (2015/16)
gar as capacidades humanas para que vação vem dos seguintes pontos: (1) quando se criaram conceitos de ges-
elas possam fazer coletivamente o que entender os primeiros sinais de alerta tão visando responder a uma questão
não poderiam fazer individualmente? de grandes mudanças na demografia, central: “como tornar as pessoas em
(HAMEL, 2007). na tecnologia, na economia, na regula- robôs semiprogramáveis?” De lá para
Um depoimento feito por uma agri- mentação ou qualquer coisa em que a cá, surgiram novas questões e o “dilema
cultora de Canguçu/RS pode nos ajudar maioria dos agricultores simplesmente da inovação” passou a se aplicar tanto à
a exemplificar as duas preocupações an- não está prestando atenção; (2) ter uma
tecnologia quanto à gestão.
teriores ao comentar sua participação profunda empatia com as necessidades
A inovação em gestão se relaciona
num grupo de 20 propriedades rurais dos seus clientes que demandam seus
às novas maneiras de organizar recur-
daquele município. Ela chama aquele produtos (essas necessidades são aque-
sos, reunir as pessoas e formular estra-
grupo de “família dos 20, por que pas- las ocultas ou pouco claras); (3) desafiar
dogmas da agricultura. Nesse sentido, tégias, estimulando a prosperidade de
samos a conhecer as propriedades dos
um bom exemplo vem da história re- longo prazo. A inovação em gestão é um
outros e os projetos de cada um. Essa
troca de conhecimento é muito posi- cente da própria agricultura brasileira, atributo fundamental para a busca da
tiva”. Esse sentimento de “família dos a qual, no tempo recorde de quatro dé- prosperidade dos agronegócios familia-
20”, por certo, tem contribuído para cadas, projetou o País como importante res.
ampliar e agregar as capacidades huma- provedor de alimentos para mais de um Pode-se admitir que a inovação em
nas de seus membros. Este é o desafio bilhão de pessoas ao redor do mundo; gestão dependa da cultura e do clima
da inovação e do engajamento. (4) pensar o agronegócio familiar em propício ao desenvolvimento das pesso-
Ainda no âmbito das preocupações, termos do que ele possui e conhece, ou as, entre outros fatores. Mas num am-
as vantagens advindas de se saber lidar seja, seus recursos estratégicos. Em se- biente de mudanças e de forte concor-
com a informação e a gestão do conhe- guida, o agricultor deve se perguntar: o rência, como observado no mundo rural
cimento se dissipam cada vez mais rá- que mais poderíamos fazer com nossos
catarinense, a inovação em gestão é o
pido. A questão, hoje em dia, não mais recursos? (HAMEL, 2007).
único meio para o agricultor sobreviver
reside nas vantagens de informação e Os agricultores e as pessoas que fa-
no longo prazo; é o único meio de um
conhecimento possuídas pelo agricul- zem a gestão precisam inovar e ser cria-
agronegócio familiar renovar o seu con-
tor, mas em quão rápido ele mesmo é tivas e, para isso, precisam ter desen-
volvidas as habilidades anteriormente trato com a prosperidade.
capaz de produzir conhecimento novo.
Assim, a própria atuação do agricultor citadas. Na falta desses atributos e ha-
no plano das informações depende fun- bilidades, os agronegócios familiares Referências
damentalmente da sua capacidade em param de inovar e tornam-se reféns de
processar e lidar com a informação, ge- uma definição muito limitada de quem HAMEL, G. O Futuro da administração.
rando conhecimento. eles são. Rio de janeiro: Editora Campus, 2007.
As habilidades e competências que 272p.
os agricultores precisam ter para ser A importância da inovação
inovadores dependem do entendimen- em gestão MINTZBERG, H. Managing: desvendan-
to sobre a origem da inovação na ges- do o dia a dia da gestão. São Paulo:
tão de agronegócios familiares. A ino- No começo do século passado, foi Bookman Editora, 2010. 304p.
A
produção animal em Santa sanidade, combustíveis, mão de obra, condições climáticas e de solo tendem a
Catarina está alicerçada em além dos menores investimentos com se destacar quanto a sua produtividade
diferentes sistemas produtivos, instalações, máquinas e equipamentos de matéria seca e seu elevado valor
os quais apresentam custos e lucros (MATOS, 2002), porém devem respeitar nutritivo. Em última instância, essa
distintos principalmente devido aos alguns conceitos relacionados às maior qualidade e maior produtividade
valores relacionados à alimentação dos plantas, ao clima, à fertilidade do solo se observa na maior capacidade de
animais e à produtividade obtida. A e à interação desses fatores com os suporte dessas pastagens, reduzindo os
escolha do sistema produtivo que será animais. custos com alimentação, aumentando
adotado pelo produtor se dá de acordo Sabidamente, o item mais o índice da intensidade de uso da área
com as características de mercado e importante que define o sucesso ou rural e a renda dos produtores.
pelas condições de cada região. insucesso de um sistema produtivo à Com o objetivo de compreender
Usualmente, a escolha do sistema pasto é o controle da lotação animal melhor os sistemas locais, as espécies
produtivo a ser adotado é norteada na pastagem. Isoladamente, esse é forrageiras utilizadas e, com isso,
pelo valor recebido por unidade de o fato de decisão que mais afeta a desenvolver manejos visando otimizar
produto que será comercializado. No produtividade e a eficiência de uma a produção, aplicou-se um questionário
Oeste Catarinense, o principal produto propriedade leiteira, sendo possível para os extensionistas rurais da Epagri
é o leite. Nesse contexto, o sistema direcionar o manejo visando aumentar que atuam com pecuária na região
adotado deve ser compatível com o a produtividade por animal ou por Oeste de SC (UGTs 1, 2 e 9). O trabalho
valor recebido pelo produtor por litro área dentro dos limites de cada fonte consistiu de um levantamento realizado
de leite comercializado. Como o valor forrageira. Outra condição essencial junto a agentes vinculados às Gerências
que o produtor recebe pelo leite pode para que um sistema produtivo com Regionais de São Miguel do Oeste,
não justificar a adoção de um sistema base em pastagens obtenha êxito é a Palmitos, Chapecó, São Lourenço do
produtivo “intensivo” (que tem alto escolha por espécies forrageiras com Oeste, Xanxerê e Concórdia, abrangendo
impacto financeiro e que emprega alto um alto potencial de produção de um total de 91 municípios. A pesquisa
grau tecnológico) e, localmente, as matéria seca, elevada qualidade e com envolveu apenas os técnicos que atuam
propriedades têm tamanhos pequenos, uma estrutura (física e química) que a campo na área da produção animal
o sistema de produção adotado na não tenha fatores que possam se tornar com base em pastagens. O caráter
propriedade deve ser um sistema limitantes (ou limitadores) de consumo de participação foi voluntário, sendo
sustentável e competitivo, produzindo para os animais, além de suportar cargas mantido o anonimato dos técnicos que
leite com os menores custos de animais elevadas (SILVA & CARVALHO, responderam. Na ocasião, os técnicos
produção possíveis e visando à máxima 2005). assinaram um “termo de consentimento
produtividade por área, em detrimento livre e esclarecido”, permitindo a
de uma alta produtividade por animal. Espécies forrageiras mais utilização dos resultados. No total,
As características da região 69 técnicos aderiram ao trabalho,
Oeste (tamanho das propriedades, importantes na região respondendo o questionário. Essa
relevo, clima) permitem a utilização Oeste amostra representa 60% do universo
de pastagens com longa estação de de extensionistas da Epagri atuando no
pastoreio, indicando ser esse o sistema Espécies de forrageiras adaptadas Oeste de SC.
produtivo mais adequado para a região. regionalmente são uma ferramenta A questão utilizada foi a seguinte:
Esse sistema é a alternativa mais viável indispensável para sistemas de Quais são as espécies forrageiras mais
economicamente em função do menor produção de leite eficientes. utilizadas nas pastagens existentes
gasto com alimentos concentrados, Sabidamente, plantas adaptadas às em sua área de atuação? Esta foi uma
¹ Zootecnista, Dr., Epagri / Centro de Pesquisa para Agricultura Familiar (Cepaf), 89803-904 Chapecó, SC, fone: (49) 2049-7510, e-mail: felipejochims@epagri.
gov.sc.br.
² Engenheiro-agrônomo, Dr., Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc/CEO), e-mail: [email protected].
³ Médico-veterinário, Dr., Epagri / Cepaf, e-mail: [email protected].
U
ma árvore originária da Índia e O principal uso é como farinha da na África e na Guatemala e utilizada no
da África Tropical tem chamado folha, acrescentada em preparações Brasil. Trituradas e adicionadas à água
a atenção dos catarinenses, de pães, bolos, bolachas e macarrão. O barrenta, podem deixar a água limpa
principalmente de pesquisadores e Centro de Treinamento de Itajaí (Epagri/ em poucas horas, pois as sementes
nutricionistas, por apresentar uma rica Cetrei) vem testando uma série de contêm uma propriedade que atrai
lista de nutrientes em quantidades receitas na panificação: ao final desse argila, bactérias e sedimentos. Outro
excepcionais. É a Moringa oleifera, texto, disponibilizamos uma delas aos benefício da planta que está sendo
que apresenta, nas folhas desidratadas, nossos leitores. A única restrição é para estudado é o elevado potencial
27% de proteína (quase o mesmo que a
as gestantes, pois não existem estudos biológico, principalmente de capacidade
carne), 16 vezes mais cálcio que o leite,
que garantam a segurança no consumo antioxidante. As pesquisas sobre
12 vezes mais vitamina A que a cenoura,
e alguns apontam que a planta pode ter isso são conduzidas na Universidade
três vezes mais potássio que a banana e
efeito abortivo. Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR),
10 vezes mais ferro que o espinafre.
“No Nordeste ela já é usada na As sementes da moringa podem em Pato Branco.
alimentação escolar exatamente por ainda ser usadas para tratamento Em Santa Catarina, a moringa é
conta dessas propriedades, mas em caseiro da água, tecnologia desenvolvida cultivada comercialmente em Porto
Santa Catarina ainda é novidade”,
explica a nutricionista Cristina Ramos
Foto: Aires Mariga/Epagri
19
Belo, município do Vale do Itajaí. A
empresária e enfermeira Noeli Pinheiro
trouxe as sementes de Minas Gerais e
hoje tem mais de 400 pés no Sítio Flora
Bioativas. Ela comercializa todos os
produtos da planta, principalmente a
farinha da folha, que é processada na
propriedade e custa cerca de R$130,00
o quilo. Mas o produto pode também
ser encontrado em casas de produtos
naturais.
Desde 2015 a Estação Experimental
de Itajaí tem uma parceria com
Noeli para avaliação da produção da
moringa. A pesquisa, coordenada pelo
engenheiro-agrônomo Rafael Morales,
estuda a melhor época de corte e
a densidade de plantio visando ao
aumento de produtividade de folhas.
Para quem se interessa em cultivar
a moringa em casa, a orientação Pão de Moringa açúcar, sal, moringa e ou a farinha
do pesquisador é fazer o plantio na do vegetal que optar. Misture tudo e
primavera, para que no verão a planta Receita desenvolvida pelo Centro de acrescente o óleo e a água. Amasse
possa se estabelecer plenamente. Treinamento de Itajaí (Epagri/Cetrei) bem, dando o ponto com o restante do
“Ela é de fácil cultivo e tem melhor trigo. Modele os pães colocando em
produtividade em solos com boa Ingredientes: forma untada, deixe crescer e asse em
drenagem. O plantio domiciliar deve ser 1kg de farinha de trigo forno pré-aquecido.
em área que não pegue muita sombra, 600ml de água morna
pois a moringa precisa de pelo menos 50ml de óleo vegetal Contato do Sítio Flora
oito horas de sol por dia”, explica Rafael. 2 colheres sopa de açúcar Bioativas para interessados
O espaçamento recomendado entre 1 colher sopa de sal
uma planta e outra é de meio metro. 2 colheres de sopa de fermento em adquirir os produtos da
Rafael também orienta que a poda seja biológico moringa:
anual e feita sempre no inverno, para 2 colheres de sopa de farinha de
garantir que a árvore fique mais vistosa moringa https://sitioflorabioativas.com.br/
e com uma altura que facilite a colheita Facebook: sitio.florabioativas
das folhas, que pode ser feita em Modo de fazer:
qualquer época do ano. “Um tamanho Numa bacia coloque o trigo
bom para a poda é quando a planta reservando um pouco para dar o ponto, Referências das obras
estiver entre 1,7 e 1,8 metro”, diz. junte os ingredientes secos: fermento, citadas na matéria:
MERLIN, Nathalie. Isolamento
Nutrientes e vitaminas encontrados na farinha da bioguiado de compostos com atividade
moringa em comparação com outros alimentos (em 100g) antioxidante das folhas de Moringa
oleifera. Dissertação, UTFPR, 2017.
Disponível em: <http://www.utfpr.edu.
Moringa Leite Espinafre Banana Cenoura br/patobranco/estrutura-universitaria/
diretorias/dirppg /pos-graduacao/
Cálcio 2003mg 120mg m e st ra d o s / p p gt p / d i s c e nte s / P B _
PPGTP_M_MerlinNathalie_2017.pdf>
Ferro 28,2mg 2,7mg
KINUPP, V. F.; LORENZI, H. Plantas
Alimentícias não Convencionais (PANC)
Potássio 1324mg 358mg no Brasil: guia de identificação, aspectos
nutricionais e receitas ilustradas. São
Vitamina A 16,3mg 1,3mg Paulo, Instituto Plantarum de Estudos
da Flora, 2014.
REPORTAGEM
21
Foto: Aires Mariga/Epagri
O
s meliponíneos, conhecidos se dedicam a multiplicam
como Abelhas Sem Ferrão (ASF), colônias para iniciar ou
abelhas nativas ou indígenas, ampliar meliponários. “As
habitam o planeta há pelo menos abelhas nativas e as matas
60 milhões de anos. Nessa trajetória possuem estreitas relações
enfrentaram e superaram todos os ecológicas, o que as torna
tipos de desafios, para finalmente dependentes umas das
encontrarem o ser humano moderno outras”, justifica.
que, com a sua ganância extrativista A meliponicultura vem
que destrói matas, quase conseguiu ganhando impulso no Brasil
extinguir esses pequenos animais. Mas nos últimos 25 anos, graças
a história não acaba aí. Como numa à evolução da tecnologia
novela, o enredo deu uma reviravolta que permitiu aprimorar
surpreendente e agora os humanos, os manejos e também aos
antigos inimigos, vêm se tornando resultados de estudos que
protetores desses seres. Além de revelaram a qualidade do
apaixonante, a meliponicultura, que é a mel. Em Santa Catarina
criação racional de abelhas sem ferrão, ocorrem naturalmente
se firma cada vez mais como uma aproximadamente 35
atividade rentável para a agricultura espécies de abelhas
familiar catarinense. sem ferrão, muitas delas
É fácil justificar tanta admiração encontradas somente em
por esses bichos. Elas são dóceis, algumas regiões do Estado.
não costumam atacar seus criadores. As Mirins, Mandaçaia,
Abelhas nativas constroem discos de crias dentro das
Produzem cera, própolis e mel com Jataí, Canudo, Guaraipo
colmeias
propriedades medicinais e cosméticas e Bugia estão entre as
surpreendentes. A multiplicação mais comuns no território
racional e venda de suas colônias é uma catarinense, as duas
polinizadora das abelhas nativas é ainda
ótima alternativa de renda no campo. últimas tendo sido salvas da extinção
mais importante. Thaisa Francielle
E, o melhor, são animais admiráveis graças às técnicas de criação racional.
Topolski Pavan Batiston, zootecnista e
por sua organização e capacidade Estima-se que no Brasil existam mais
mestranda na área pela Universidade do
produtiva. “Elas são tão perfeitas e de 400 espécies, sendo que mais de
Estado de Santa Catarina (Udesc), conta
fazem um trabalho tão bonito”, resume 40 já são largamente criadas. Elas se
que um estudo realizado no Estado
Eduardo Dellangelo, meliponicultor de caracterizam por viver em colônias mostrou que a flor de macieira, devido a
Biguaçu, que com singeleza justifica o e apresentar o aparelho ferroador características de seu pólen, é polinizada
amor que tem pelas diversas espécies atrofiado. basicamente por abelhas, entre elas as
que cria nas 120 colmeias que mantém
sem ferrão. Segundo dados do Centro
em sua propriedade. Polinização de Socioeconomia e Planejamento
Essa atividade que ganha cada vez
mais adeptos em Santa Catarina tem Agrícola da Epagri (Epagri/Cepa), em
Entre os diversos “serviços” que as 2017 Santa Catarina respondeu por
esse nome complexo, meliponicultura, abelhas nativas prestam ao ser humano,
mas é simples e prazerosa. A Epagri 50,2% da produção brasileira de maçã.
talvez a polinização seja o menos visível Foram 523,5 mil toneladas colhidas da
vem trabalhando de forma crescente
e de maior valor social, ambiental e fruta, num valor bruto da produção de
para disseminar a prática, que já é
econômico. As abelhas constituem o R$ 891,4 milhões, uma atividade que
responsável por ajudar a compor a
grupo mais importante de polinizadores envolve 2.992 produtores
renda de milhares de famílias rurais no
do mundo. Estudos indicam que 87,5% Joyce Caroline da Silva Teixeira,
Estado.
“O produtor tem que ter consciência dos vegetais com flores dependem da engenheira-agrônoma e mestre em
ambiental, não pode querer criar polinização realizada por algum tipo ciência animal pela Universidade
abelhas nativas só por dinheiro” de animal. Pesquisadores estimam que Federal do Pará (UFPA) diz que o cultivo
alega Ivanir Cella, chefe da divisão 35% da produção mundial de alimentos de tomate também está intimamente
de estudos apícolas da Epagri. Ele depende de polinizadores e as abelhas ligado ao trabalho das abelhas sem
explica que o meliponicultor atendido atuam como agentes de polinização em ferrão. Segundo ela, a flor do tomateiro
pela Epagri é orientado a manter o cerca de 75% das espécies cultivadas no precisa de vibração em suas anteras
foco conservacionista, mantendo e planeta. Elas podem aumentar em até para liberar os grãos de pólen. Como
reestabelecendo populações dessas 96% a produtividade em culturas que a Apis mellifera – que é a abelha com
abelhas em seu habitat natural e dependem de animais para polinização. ferrão que conhecemos – não vibra,
comprando colmeias de pessoas que Para Santa Catarina, a função resta às nativas cumprir essa importante
Colmeias
Nem só da comercialização do
mel e derivados vivem aqueles que
buscam retorno financeiro com as
abelhas nativas. A venda de colônias
multiplicadas responde pela maior
parte da formação da renda dos
meliponicultores de Santa Catarina. É
um nicho de negócio que, além de dar
lucro ao meliponicultor, evita a retirada
de ninhos da natureza.
É o que faz Eduardo Dellangelo,
que há cinco anos cria abelhas nativas
no Meliponário Biguaçu, na Grande
O meliponicultor Eduardo já passa seus conhecimentos para o filho Nicolas Florianópolis, e se dedica a vender
REPORTAGEM
Mais eficiência
na produção de leite
Sistema de criação de terneiras da Epagri vem provando que manejos
simples e de baixo custo humanizam o trabalho no campo e resultam em
vacas mais produtivas e com leite de melhor qualidade e valor no mercado
S
anta Catarina ocupa a quarta de filhas mais longevas e rentáveis nos criadas em um sistema adequado,
posição no País em produção de rebanhos leiteiros. Esse deve ser um dos com atenção ao local de criação, à
leite: de acordo com a Epagri/ principais objetivos dos produtores de nutrição e à sanidade, serão vacas mais
Cepa, em 2016 foram produzidos 3,1 leite”, explica o engenheiro-agrônomo produtivas”, salienta o extensionista.
bilhões de litros. Desse número, cerca Carlos Mader Fernandes, extensionista O sistema de criação de terneiras
de 75% vem do Oeste Catarinense, rural da Epagri na região de Concórdia, preconizado pela Epagri é adaptado
considerado a grande bacia leiteira do no Oeste Catarinense, coordenador do à proposta da Empresa para o
Estado. Desde 2010, um novo sistema programa Pecuária. desenvolvimento sustentável da
de produção na região está resultando Ele esclarece que é considerada uma pecuária, baseada no uso de pastagens
em vacas ainda mais produtivas, o boa vaca aquele animal que apresenta
perenes de alto potencial produtivo.
que deve levar o Estado a subir nesse alto rendimento de leite com alta
Atualmente, mais de 6,2 mil famílias
ranking. A tecnologia traz resultados porcentagem de gordura e proteína,
catarinenses conhecem esse sistema,
que vão além da produtividade: os eficiência na transformação de pasto em
que demanda um manejo simples
animais são mais saudáveis, o produtor sólidos de leite e longa vida produtiva
é melhor remunerado e o leite é de com alta eficiência reprodutiva, além de e com pouca mão de obra, reduz o
melhor qualidade. resistência a doenças e à mastite. custo de produção e a mortalidade
O segredo do sucesso está no Para que o animal adulto tenha dos animais, melhora a sanidade dos
cuidado com as terneiras, que serão essas características, os cuidados no animais e a qualidade do leite e faz
as vacas do futuro. “A criação de início da vida são determinantes. Não com que as fêmeas atinjam maturidade
terneiras deve ser encarada como um basta que o animal tenha boa genética para cobertura já com 15 meses. Esse
investimento financeiro futuro, onde se outros fatores de ordem ambiental e sistema está sendo implantado como
o incremento da lucratividade está nutricional não colaboram para que ele piloto no Oeste Catarinense e em breve
condicionado principalmente à geração desenvolva suas qualidades. “Terneiras será levado para outras regiões.
Agropecuária Catarinense, Florianópolis, v.30, n.3, set./dez. 2017 27
Qualidade do leite
e melhor preço no
Informativo técnico
Métodos alternativos para o controle de fitopatógenos habitantes do solo: parte II –
controle biológico
33 Alternative methods for the control of soilborne plant pathogens. Part II - biological control
Alexandre Visconti, Fábio Martinho Zambonim, Keny Henrique Mariguele, Alessandro Borini Lone
Nota Científica
Avaliação físico-química e sensorial de geleias de goiaba-serrana (Acca sellowiana)
41 Physico-chemical and sensory evaluation of Feijoa’s jelly (Acca sellowiana)
Karine Louise dos Santos, Dilma Budziak, Gustavo Eduardo Pereira, Beatriz Mendes Borda, Elenice Bernardina Coelho de Almeida
Germoplasma
SCS374 Litorânea: novo cultivar de alface lisa selecionado no sistema orgânico de produção
45 SCS374 Litorânea: new looseleaf lettuce cultivar selected in the organic production system
Rafael Gustavo Ferreira Morales, Euclides Schallenberger, Rafael Ricardo Cantú, Alexandre Visconti, Marcelo Mendes De Haro
Avaliação de áreas produtoras de vinhos finos de altitude de acordo com a sua aptidão ou
potencial agrícola das terras
67 Evaluation of altitude fine wines producing areas according to its aptitude or agricultural potential of the land
Denilson Dortzbach, Marcos Gervasio Pereira, Lúcia Helena Cunha dos Anjos, Antonio Paz González
Alternative methods for the control of soilborne plant pathogens. Part II - biological control
Abstract – The diseases caused by soil phytopathogens are difficult to control, because their causing agents, usually have more
than one form of survival. Furthermore, the chemical methods have few registered products for most crops and few efficient
available equipment for application which results in low control effectiveness. The biological control is an important tool
against soilborne plant diseases especially when associated with physical methods. Commercial formulated biocontrol agents
and biofetilizers are practical and viable methods to farmers for introducing biocontrol agents in the field.
O uso de biofertilizantes
para a introdução de
comunidades microbianas
com atividade antagonista
a fitopatógenos habitantes
do solo
Biofertilizantes são fermentações
oriundas de digestão aeróbica ou ana-
eróbica de materiais orgânicos de ori-
gem animal ou vegetal em meio líquido,
Figura 2. (A) Mecanismo de ação de hiperparasitismo in vitro do crescimento micelial
do fungo antagonista Trichoderma sp. (Trich) sobre o crescimento micelial do fungo contendo nutrientes, estimulantes e
fitopatógênico Sclerotium rolfsii (Sr); (B) Crescimento micelial de S. rolfsii sem o alta comunidade microbiana capazes de
antagonista. I - região parasitada promover o desenvolvimento das plan-
tas e auxiliar na sua proteção a fitopató-
genos (BETTIOL, 2003).
planta por uma linhagem do patógeno A supressividade como A composição química do biofer-
menos agressiva ou não patogênica; e
a indução de defesa do hospedeiro –
mecanismo de controle de tilizante varia conforme o método de
preparo e o material utilizado. O con-
uma ação indireta de controle, pois se doenças de solo trole de doenças pode ser por meio dos
manifesta na planta, quando microrga- metabólitos produzidos pelos microrga-
nismos ou metabólitos expressam ge- A supressividade é a inospitabilida- nismos presentes no biofertilizante ou
nes latentes de resistência presentes no de do solo aos fitopatógenos. Solos com pela ação direta destes microrganismos
hospedeiro (BETTIOL, 1991; BEDENDO essas características são denominados sobre o patógeno ou sobre o hospedei-
et al., 2011). solos supressivos, o oposto de solos ro. Ainda existe a ação direta ou indireta
Um antagonista pode agir através de conducentes. A supressividade em so- dos nutrientes presentes no biofertili-
um ou mais mecanismos. Inclusive, uma los pode ser uma característica natural zante sobre os patógenos (BETTIOL &
característica adequada para um anta- ou não, induzida por fatores bióticos e GHINI, 2004).
gonista é apresentar mais de um me- abióticos (COOK & BAKER, 1983). As principais vantagens desta téc-
canismo, pois as chances de sucesso do Dentre os fatores bióticos, são des- nica são o custo, a disponibilidade do
controle biológico serão aumentadas. tacadas a promoção da microbiota anta- produto e a possibilidade de aplicação
biofertilizantes da Epagri/
EEI há fermentação, mas putrefação, com a comercializados no Brasil e na América
formação de componentes voláteis tóxi- do Sul são produtos à base de Trichoder-
Apesar de relativamente simples, cos e formas nitrogenadas indisponíveis ma sp. e Bacillus sp. Para o Trichoder-
a produção de biofertilizantes requer para as plantas, tornando um produto ma, as formulações disponíveis no mer-
alguns cuidados. O produtor necessita, impróprio para o uso na agricultura. cado incluem: pó-molhável; grânulos
em primeiro caso, escolher o tipo de A Epagri, na Estação Experimental dispersíveis; suspensão concentrada;
biofertilizante, aeróbico ou anaeróbi- de Itajaí (EEI), através do Projeto Flora óleo emulsionável; grãos colonizados e
co, para decidir o tipo de aparelho a ser Catarinense, construiu a Unidade de esporos secos. Trichoderma asperellum,
utilizado. A produção de biofertilizante Pesquisa e Didática de Fitossanidade, Trichoderma harzianum, Trichoder-
aeróbico requer a injeção de ar no meio onde são demonstradas a produção de ma stromaticum e Trichoderma viride
líquido; para o anaeróbio o equipamen- biofertilizantes através das fermenta- são as principais espécies do agente
to deve estar lacrado, evitando-se a oxi- ções aeróbica e anaeróbica, em estrutu- de biocontrole comercializadas para o
genação e desenvolvendo-se, em cada ras de baixo custo de construção e ma- controle de Fusarium, Pythium, Rhizoc-
ambiente, comunidades microbianas nutenção, construídas com recipientes tonia, Macrophomina, Sclerotinia, Scle-
específicas que atuarão na fermenta- plásticos de 200 litros (Figura 3). rotium, Botrytis e Crinipellis (MORANDI
ção. & BETTIOL, 2009). Para Bacillus as for-
A elaboração correta de um bio- Introdução de antagonistas mulações incluem as espécies Bacillus
fertilizante prevê a utilização de ma- subtillis, Bacillus amyloliquefaciens e
térias-primas balanceadas, o controle Os formulados microbianos são pro- Bacillus pumilus para o controle de Al-
das variáveis de fermentação (tempo, duzidos, principalmente, através de fer- ternaria, Botrytis, Colletotrichum, Cryp-
temperatura e oxigenação) e o moni- mentação sólida em arroz autoclavado tosporiopsis, Hemileia, Mycosphaerella,
toramento da dinâmica populacional para fungos e fermentação líquida para Phyllosticta, Pythium, Rhizoctonia, Scle-
dos microrganismos no fermentado. bactérias, inoculados com a cepa sele- rotinia e Xanthomonas, comercializadas
Comumente encontram-se situações cionada do agente de biocontrole, se- como fungicidas microbiológicos.
em que misturas de resíduos em água, guido de incubação em ambiente con- Formulados microbianos para o con-
geralmente cama de aves, em tanques trolado para a colonização. Na sequên- trole de nematoides também estão re-
ou recipientes, são deixadas em repou- cia, são processados e comercializados gistrados no Ministério da Agricultura,
so por sete a 10 dias para aplicação na em formulações sólidas e líquidas. Pecuária e Abastecimento. Encontram-
lavoura ou em pomares, associando isto Os agentes de controle biológico de se disponíveis no mercado formulados
a um biofertilizante. Nesta condição não doenças de plantas mais estudados e bacterianos à base de Bacillus firmus,
Resumo – A mosca-da-grama-bermuda, Atherigona (Atherigona) reversura Villeneuve (Diptera: Muscidae), espécie até então
não documentada na América do Sul, foi identificada no início de 2015 em pastagens de Cynodon dactylon (L.) Pers. cv. Jiggs
em municípios da mesorregião do Oeste Catarinense, Brasil. Em face do potencial impacto de espécies-praga exóticas na
produtividade dos cultivos agrícolas e dos significativos danos causados por A. reversura em outros países, nesse informativo
são reunidas informações sobre a origem, as formas de detecção e identificação, aspectos da bioecologia da mosca-da-grama-
bermuda, bem como são discutidas estratégias para o seu monitoramento em pastagens.
Termos para indexação: Diptera, Atherigona reversura, Cynodon dactylon, manejo integrado de pragas.
Index terms: Diptera, Atherigona reversura, Cynodon dactylon, integrated pest management.
(D)
Figura 1. Sintomas do ataque da mosca-da-grama-bermuda, Atherigona (Atherigona) reversura (Diptera: Muscidae), em Cynodon dactylon
cv. Jiggs (A e B) e detalhes das larvas no interior dos perfilhos (C e D)
3
Professor associado do Crop and Soil Sciences Department, University of Georgia, Athens, Georgia, EUA.
Figura 3. Detalhes da larva (A), pupário (B) e adulto (C) (macho) de Atherigona (Atherigona) reversura (Diptera: Muscidae). Nota: cada
intervalo da régua dentro das figuras equivale a 1mm
Estratégias de das pela ausência de inimigos naturais e Grazinlands, Madison, p.1-8, 2014.
abundância de alimentos. Dessa forma,
monitoramento o monitoramento sistemático de A. re- GRZYWACZ, A.; PAPE, T.; HUDSON, W.G.;
versura torna-se uma prática impres- GOMEZ, S. Morphology of immature
O monitoramento da mosca-da- cindível para avaliar sua ocorrência em stages of Atherigona reversura (Diptera:
grama-bermuda em áreas de cultivo de novas áreas, o estabelecimento em áre- Muscidae), with notes on the recent
grama-bermuda poderá ser realizado as onde já foi detectada, seu compor- invasion of North America. Journal of
por meio da verificação da ocorrência tamento e o potencial impacto sobre Natural History, London, v.47, p.1055-
de perfilhos danificados contendo, em a produtividade das pastagens perenes 1067, 2013.
seu interior, larvas ou vestígios de sua estabelecidas no sul do Brasil, espe-
alimentação. Além disso, a captura de cialmente em áreas onde as pastagens PATITUCCI, L.D.; DUFEK, M.I.; MULIERI,
adultos poderá ser realizada com rede nativas ou nativizadas têm sido substi- P. First reports of the invasive pest Ber-
de varredura, através de movimentos tuídas rotineiramente por espécies for- mudagrass Stem Maggot, Atherigona
pendulares rentes ao chão. A quanti- rageiras melhoradas e mais suscetíveis reversura Villeneuve, 1936 (Diptera:
ficação da porcentagem de perfilhos ao ataque de pragas (ex.: C. dactylon cv. Muscidae) in South America. Check List,
danificados pode ser realizada pela con- Jiggs). Nesse sentido, programas de pes- Campinas, v.12, n.4, p.1-5, 2016.
tagem de perfilhos em quadrados de quisa deverão ser estabelecidos visando
0,25m2 (50 x 50cm) arremessados alea- quantificar o dano dessa espécie-praga PONT, A.C.; MAGPAYO, F.R. Muscid
toriamente na área a ser amostrada. sobre a produtividade e a qualidade das shoot-flies of the Philippine Islands
Por se tratar de uma espécie exótica pastagens constituídas por gramas-ber- (Diptera: Muscidae, genus Atherigona
no Brasil, os métodos de controle ainda muda e avaliar as características bioeco- Rondani). Bulletin of Entomological
não foram estabelecidos; até o momen- lógicas e comportamentais de A. rever- Research, Farnham Royal, Series 3 (Sup-
to não houve a liberação do registro de sura sobre diferentes cultivares e condi- pl.), p.1-123, 1995.
inseticidas de forma emergencial para ções climáticas. Trata-se de informações
supressão ou manejo de A. reversura essenciais para o estabelecimento de RIBEIRO, L.P.; MENEZES-NETTO, A.C.;
em pastagens. um programa de manejo integrado apli- JOCHIMS, F.; HASEYAMA, K.L.F.; CARV-
cável às condições do sul do Brasil. ALHO, C.J.B. First record of Atherigona
Considerações finais reversura Villeneuve (Diptera: Musci-
Referências dae) feeding on Bermudagrass (Cyn-
A introdução de uma praga exóti- odon dactylon cv. Jiggs, Poaceae) in Bra-
ca apresenta, geralmente, um impacto BAXTER, L.L.; HANCOCK, D.W.; HUDSON, zil: morphological and molecular tools
pronunciado sobre os sistemas agríco- W.G. The bermudagrass stem maggot for identification. Revista Brasileira de
las em virtude das vantagens competi- (Atherigona reversura Villeneuve): a re- Entomologia, Curitiba, v.60, n.3, p.270-
tivas dessas espécies, que são favoreci- view of current knowledge. Forage and 274, 2016.
RESUMO - A Região Sul do Brasil dispõe de espécies nativas de elevado potencial de uso, e entre elas, destaca-se a goiabeira-
serrana (Acca sellowiana). Com vistas a estimular o processamento de frutos, o trabalho objetivou elaborar, caracterizar e
verificar a aceitabilidade de cinco diferentes formulações de geleia de goiaba-serrana. As geleias foram analisadas quanto
às características sensoriais (teste de aceitação e preferência) e físico-químicas. No teste de aceitação, realizado por 15
consumidores, foram avaliados os seguintes atributos: aparência, aroma, textura, sabor e avaliação geral, sendo que apenas
uma formulação apresentou menor aceitação. Como resultado da caracterização físico-química, observou-se que a acidez
variou de 0,65 a 1,70%; a umidade, de 14,76 a 34,08%; e o teor de açúcares totais, de 53,8 a 69,1%. Concluiu-se que a maioria
das formulações permitiram a manutenção do aroma e do sabor da fruta, resultando em geleias com boa aceitação.
Abstract - Southern Brazil has native species with high use potential, including feijoa (Acca sellowiana). In order to stimulate
fruit processing, this study aimed to prepare, characterize and verify the acceptability of five different formulations of jelly
made from feijoa fruits. Jellies were analyzed by sensory and physicochemical characteristics. Sensorial analyses were carried
out by 15 consumers who evaluated the following attributes: appearance, aroma, texture, flavor and overall aspects. As a
result of physico-chemical characterization, acidity ranged from 0.65 to 1.70%, moisture from 14.76 to 34.08% and total sugar
content from 53.8 to 69.1% It was concluded that most of the formulations allowed the maintenance of the aroma and flavor
of the fruit, allowing the obtaining of jellies with good acceptance.
A goiabeira-serrana ou feijoa (Acca objetivo de promover o uso dos frutos Eles foram selecionados e coletados
sellowiana), apesar de nativa no Sul do desta espécie. apenas após o desprendimento da plan-
Brasil, é uma fruta pouco conhecida. Para que a transformação de ma- ta mãe. Foram priorizados frutos per-
Mesmo assim, apresenta potencial co- téria-prima em produtos comerciais tencentes aos cultivares Alcântara, He-
mercial em função da adaptação da es- tenha aceitação, é necessário observar lena, Mattos e Nonante. Posteriormen-
pécie às características edafoclimáticas testes preliminares, tais como análise te foram transportados ao Centro de
regionais e de seu potencial organolép- sensorial e análises físico-químicas. As- Treinamento de São Joaquim (Epagri/
tico (SANTOS et al., 2011). sim sendo, o objetivo do estudo foi ve- Cetrejo), onde foram processados com
Nesse sentido, sendo a produção de rificar a aceitabilidade de diferentes for- base nas informações disponíveis no
geleias uma das atividades possíveis no mulações de geleia de goiaba-serrana, Boletim Didático n. 53 (EPAGRI, 2006)
que tange à goiaba-serrana, e ainda le- bem como avaliar suas características e submetidas a análise sensorial. Amos-
vando em consideração a possível valo- físicas e químicas. tras das geleias foram enviadas ao Labo-
rização e incentivo ao trabalho das famí- Os frutos foram coletados na Epagri/ ratório de Química Analítica do Centro
lias de pequenos agricultores da região Estação Experimental de São Joaquim de Curitibanos/UFSC para a realização
Sul do País, justificaram-se ações com nos meses de março a maio de 2013. das análises físico-químicas.
Provadores
Formulações Atributos Gênero(1) Idade(1) Média
Feminino Masculino 18 – 30 31-43 44-57 Geral(2)
A 14,76 0,65d ± 0,02 2,89 4,40a ± 0,01 0,23 69,1a ± 0,6 0,94 56,3a ± 0,7 1,27 12,8b ± 1,3 10,45
B 24,89 0,84c ± 0,02 2,93 4,20b ± 0,03 0,60 58,8b ± 0,8 1,32 51,6b ± 3,0 5,77 7,2c ± 3,7 51,08
C 30,07 1,54ab ± 0,08 5,32 3,90c ± 0,02 0,39 55,9c ± 0,4 0,63 51,6b ± 0,5 0,89 4,4c ± 0,1 2,97
D 34,08 1,50b ± 0,05 3,13 3,91c ± 0,01 0,15 57,0c ± 0,4 0,70 52,2b ± 1,0 1,97 4,8c ± 1,4 28,84
E 20,70 1,70a ± 0,11 6,55 3,68d ± 0,01 0,27 53,8d ± 0,6 1,11 32,2c ± 0,3 0,95 21,6a ± 0,5 2,37
(1)
Dados apresentados como média ± desvio-padrão de três sub amostras/amostra. Em uma mesma coluna, médias com letras iguais não diferem,
significativamente, entre si, pelo teste Tukey, a 5% de probabilidade.* CV: Coeficiente de variação
Termos para indexação: Lactuca sativa L., pendoamento tardio, Bremia lactucae.
SCS374 Litorânea: new looseleaf lettuce cultivar selected in the organic production system
The lettuce cultivar SC374 Litorânea results from a long study of the cultivar Empasc 357 Litoral. Since 2008, under organic
management system, researchers from Epagri assessed and selected lettuce strains presenting higher yield, flavor, physiological
quality, early bolting, and diseases tolerance. Experiments were conducted in the Itajaí Experimental Station of Epagri.
Additionally, representative farmers and vegetable producers were selected to evaluate promissory strains. Concluding the
study, the cultivar SCS374 Litorânea was selected, presenting in average plants with 40cm of diameter, 312 grams of weight,
44 leaves per plant and 7 days of early bolting tolerance and less susceptibility to downy mildew, when compared with other
cultivars. SCS374 Litorânea has been registered (RNC 36084) in the Brazilian Ministry of Agriculture, Livestock and Food Supply
(MAPA).
Introdução fibras, que auxiliam na digestão e no mento, o que reduz a qualidade do pro-
bom funcionamento do intestino, além duto colhido (CONTI & TAVARES, 2000).
A alface (Lactuca sativa L.) é uma de minerais como ferro, cálcio e fósforo Assim, o cultivo de alface em regiões de
das hortaliças mais populares e consu- (ABREU et al., 2010). Como o período clima quente, como é o caso do litoral
midas no Brasil (SEDIYAMA et al., 2016). pós-colheita da planta é curto, normal- Norte catarinense, é limitado pela baixa
É uma planta anual, herbácea e de cau- mente as zonas produtoras concen- oferta de cultivares que se adaptam a
le diminuto. As folhas, parte comestível tram-se perto de grandes regiões de essas condições de cultivo. Nesse con-
da planta, podem ser lisas ou crespas, consumo. texto, a busca por cultivares com pen-
fechadas no formato de uma cabeça ou A alface tem como centro de origem doamento tardio pode ser considerada
não. A coloração pode variar do verde a Ásia, em regiões com temperaturas uma importante estratégia para a ex-
amarelado até o verde escuro, roxo ou amenas, fato que leva a cultura a produ- pansão do cultivo nessas regiões, prin-
variegato, dependendo do cultivar. De zir melhor nas épocas mais frias do ano cipalmente nos cultivos de verão e no
valor energético baixo, o seu conteúdo (OLIVEIRA et al., 2004). A ocorrência de cultivo em abrigos.
em água representa aproximadamen- temperaturas mais elevadas acelera o O melhoramento para obtenção de
te 96% do peso total. A alface contém ciclo cultural, antecipando o pendoa- cultivares de alface adaptados ao cul-
do SCS374 Litorânea
Tabela 2. Comparação agronômica do cultivar SCS 374 Litorânea com outros cinco cultivares
comerciais de alface lisa. Itajaí, Santa Catarina, 2016
A linhagem Litorânea foi compara-
da com os cultivares Gamboa (Isla), Lí- Peso Peso Peso
Aspecto
via (Topseed), Regiane (Sakata), Regina Cultivares (gramas) (gramas) Médio SPP Sabor SM
visual
(Feltrin), Regina 500 (Topseed), todas 2015 2016 (gramas)
comerciais, na EEI em abrigos de culti-
Litorânea 300,00 b 346,00 b 323,00 Baixa Bom Bom Baixa
vo, no verão dos anos de 2015 e 2016.
Os ensaios foram conduzidos no deline- Regina 500 267,00 b 355,00 b 311,00 Alta Bom Médio Baixa
amento experimental de blocos ao aca-
Regina 337,00 a 398,00 a 367,50 Alta Bom Médio Baixa
so, com quatro repetições e parcelas de
24 plantas. Os parâmetros de avaliação Lívia 285,00 b 301,00 c 293,00 Média Médio Ruim Baixa
foram pendoamento precoce, produti-
Gamboa 322,00 a 346,00 b 334,00 Alta Bom Bom Baixa
vidade comercial, suscetibilidade a do-
enças foliares, qualidade comercial das Regiane 331,00 a 351,00 b 341,00 Alta Bom Médio Baixa
plantas, número de folhas, sabor, aspec- Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste de Scott-Knott (p<0,05). SPP-
to visual e vigor das plantas. Suscetibilidade ao pendoamento precoce; SM- Suscetibilidade ao míldio.
A linhagem Litorânea destacou-se
dos cultivares comerciais por apresentar com envolvimento do extensionista mu- Descrições morfológicas e
baixa suscetibilidade ao pendoamento nicipal da Epagri, lideranças municipais
precoce (Tabela 2), boa produtividade e técnicos da cadeia produtiva. Em cada
desempenho agronômico
comercial, boa qualidade comercial das local de avaliação utilizou-se o deline-
O cultivar Litorânea apresenta folhas
plantas, maior número de folhas, bom amento experimental de blocos com-
lisas, de formato elíptico alargado e sem
sabor, bom aspecto visual, resistência pletamente casualizados, com quatro
à desfolha causada por coleópteros e divisão do limbo foliar, não formando
repetições em parcelas de 24 plantas. cabeça, e com hábito de crescimento
bom vigor das plantas.
Nos quatro locais de avaliação o cultivar semiereto, de coloração verde-clara,
Em 2015 a alface Litorânea foi ava-
Litorânea manteve estável a caracterís- sem a presença de pigmentação anto-
liado em três municípios de Santa Ca-
tica de pendoamento tardio para qual ciânica (antocianínica), com presença
tarina (Itajaí, Timbó e Santo Amaro da
Imperatriz), em cultivo de verão (entre foi selecionada (Tabela 3), mantendo marcante de bolhas de tamanho médio
novembro e fevereiro), em proprieda- as qualidades agronômicas, com bom em todas as folhas (Tabela 4).
des de tradicionais produtores de alfa- aspecto visual das folhas e bom sabor, Tanto nas avaliações experimentais,
ce, pelo processo de pesquisa partici- sendo por este motivo recomendado como nas pesquisas participativas, o
pativa (SCHALLENBERGER et al., 2011), para seu registro no MAPA. cultivar Litorânea se destacou agrono-
Leve a
Epagri
com você
Abstract – Tomato is one of the most produced and consumed vegetables in Brazil and in the world. Brazil is the eighth
largest producer in the world and Santa Catarina is the seventh national producer, making the culture an activity of great
economic and social importance. In the last decades, the production of tomatoes is going through transformations. The seeds
of open pollinated cultivars are being replaced by hybrid seeds, which makes it impossible for producers to obtain their own
seeds, making them dependent on external purchase. The national legislation for organic production guides the seeds used in
the production process to come from organic production systems and from open pollinated cultivars. To meet this demand,
researchers from the Epagri Vegetable Research Program began evaluating 57 open-pollinated tomato accessions obtained
from tomato producers in 2003, evaluating productivity, pest and disease incidence, and fruit quality. After completing the
process, the cultivar SCS375 Kaiçara was selected, presenting the desirable characteristics of the market.
Index terms: Solanum lycopersicum, cultivar, seed production, solanaceae, open pollination.
Introdução A primeira descrição botânica do to- fruto, têm forma de rim ou de pera. São
mateiro foi feita por Pier Andrea Mattio- pilosas, de cor cinza a castanho-clara,
O tomateiro Solanum lycopersicum li, do Jardim Botânico de Pádua (Itália), com 3-5mm de comprimento e 2-4mm
pertence à família botânica das solaná- que a publicou em 1554 (NUEZ, 2001). de largura. Em um grama há cerca
ceas. É originário da região andina, do A planta do tomateiro é herbácea, de 300 sementes. Segundo Espinoza
norte do Chile até o Peru. O tomateiro podendo ter crescimento determinado (1991), prorroga-se por mais de quatro
foi introduzido no México no século XV, e indeterminado (ALVARENGA, 2004). anos o poder germinativo e o vigor de
em Puebla e Vera Cruz, de onde, depois As flores do tomateiro são hipóginas e sementes de tomate, se forem armaze-
de domesticado, foi difundido pelos hermafroditas e em inflorescência agru- nadas em embalagem hermética com
portugueses e espanhóis pelo mundo. pada (cacho), com 5-12 flores. Na maio- baixo nível de umidade. A semente não
Trazido para o Brasil durante a coloniza- ria dos casos há autopolinização, mas está sujeita a período de dormência, po-
ção do País, teve a expansão do cultivo pode haver polinização cruzada (5%) dendo germinar logo após sua retirada
com o fluxo dos imigrantes para o sul e quando o estilete se alonga expondo-se, do interior do fruto.
sudeste. A partir de 1970 o cultivo de o que ocorre sob condição de alta tem- O tomate é atualmente uma das hor-
tomateiro já era comum em todo o Bra- peratura (ESPINOZA, 1991). taliças mais produzidas e consumidas no
sil (MAKISHIMA, 2003). As sementes do tomate, até 200 por Brasil e no mundo, sendo cultivado em
Perspectivas e problemas
O cultivar SCS375 Kaiçara tem grande potencial de cultivo prin-
cipalmente para os produtores que adotam o sistema orgânico de
produção. A agricultura orgânica está crescendo, ganhando cada vez
mais reconhecimento social, político e científico em todo o mundo
por estar fundamentada na aplicação de insumos locais, o que au- Figura 2. Planta em cultivo do cultivar de tomate SCS375
menta o valor agregado e propicia uma cadeia de comercialização Kaiçara. Epagri / Estação Experimental de Itajaí, 2016
*Médias seguidas pela mesma letra minúscula na coluna e maiúscula na linha não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey (p≤0,05).
Tabela 3. Principais características agronômicas e químicas do cultivar de tomate SCS375 gido. Horticultura Brasileira, Brasília,
Kaiçara, nos anos de 2008, 2009, 2012, 2014 e 2015. Epagri / Estação Experimental de v.27, n.4, p.553-559, out.-dez. 2009.
Itajaí, 2016
Cultivar SCS 375 Kaiçara MONTEIRO, C.S.; BALBI, M.E.; MIGUEL,
Produtividade (kg/ha) 67.772,00 O.G.; PENTEADO, P.T.P.S.; HARACEMIV,
Peso médio do fruto (gramas) 106 S.M.C. Qualidade nutricional e antioxi-
Diâmetro médio do fruto (cm) 6,5 dante do tomate “tipo italiano”. Alim.
Nutr., Araraquara, v.19, n.1, p.25-31,
Suscetibilidade a doenças foliares Baixa
jan./mar. 2008.
Hábito de crescimento Indeterminado
Acidez (g ácido cítrico 100g ) -1
0,38 NUEZ, F. El Cultivo del Tomate. Madrid:
Fenólicos (GAE mg 100g-1)* 40,4 Mundi Prensa, 2001. 793p.
Vitamina C (mg 100g ) -1
6,22 SILVA, M.L.C.; COSTA, R.S.; SANTANA,
*GAE - Equivalente ao ácido gálico A.S.; KOBLITZ, M.G.G.B. Compostos fe-
nólicos, carotenóides e atividade antio-
BRASIL. Lei n. 10.831, de 23 de ESPINOZA, W. Manual de Produção de xidante em produtos vegetais. Ciências
dezembro de 2003. Diário Oficial da Tomate Industrial no Vale do São Fran- Agrárias, Londrina, v.31, n.3, p.669-682,
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sobre a agricultura orgânica e outras 301p.
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w w w. j u s b ra s i l . c o m . b r / d i a r i o s / MAKISHIMA, N. Programa Brasileiro de LHÃES, N.F.; RICARDO, H.V.; AZEVEDO,
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Centro de Qualidade em Horticultura ian Archives of Biology and Technology,
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DAIANESE, E.C.; FONSECA, M.E.N.; Curitiba, v.51, p.807-814, 2008.
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BOITEUX, L.S. Melhoramento genético
TOLEDO, D.S.; COSTA, C.A.; BACCI, L.;
do tomateiro para resistência a doenças MELO, P.C.T.; TAMISO L.G.; AMBROSA-
de etiologia viral: avanços e perspectivas. NO, E.J.; SCHAMMASS, E.A.; INOMOTO, FERNANDES, L.A.; SOUZA, M.F. Produc-
Revista Anual de Patologia de Plantas M.M.; SASAKI, M.E.M.; ROSSI, F. De- tion and quality of tomato fruits under
(RAPP), Passo Fundo, v.22, p.280-361, sempenho de cultivares de tomateiro organic management. Horticultura Bra-
2014. em sistema orgânico sob cultivo prote- sileira, Brasília, v.29, p.253-257, 2011.
Abstract – This study was carried out to determine fruit maturation indexes for apple cv. SCS425 Luiza for optimum harvest
period (OHP). Fruits were harvested weekly from 121 to 153 days after full bloom (DAFB) and assessed one day after harvest,
and after seven months of CA storage. Considering fruit appearance, OHP for immediate consumption was between 138 and
153 DAFB. The substantial increase of ethylene production in fruit after 127 DAFB indicated they should be harvested until
this date if intended to long-term storage. However, to achieve at least 50% of the fruit with red color skin corresponding
to Category 1, the OHP should be from 127 DAFB. The OHP should not exceed 138 DAPF to minimize the incidence of pulp
darkening and rot during storage. Maximum sensory quality of apples after storage occurred when harvested between 121 and
131 DAFB. Considering that the OHP for ‘SCS425 Luiza’ apples intended for seven months in CA storage is between 121 and 131
DAFB, the maturation indexes of these fruits were: 17.0 to 18.2 lb for flesh firmness, 10.6 to 12.3% for soluble solids content,
0.272 to 0.310% for titratable acidity, and 1.8 to 7.0 for starch index.
Introdução malmente utilizados para determinar o a colheita no momento ideal para que
estádio de maturação e o ponto ideal os frutos preservem sua qualidade e re-
O estádio de maturação é um dos de colheita de maçãs (ARGENTA, 2006; duzam as perdas da produção durante e
fatores que mais afetam a qualidade ARGENTA et al., 2010). após o armazenamento.
na colheita e após o armazenamento A colheita de maçãs no Brasil ocorre Maçãs colhidas antes do ponto ideal
de maçãs. A mudança da coloração da durante o verão e grande parte da pro- de colheita (imaturas), apesar de exibi-
epiderme, a firmeza da polpa, os teores dução é armazenada para a disponibi- rem boa conservação pós-colheita de
de amido, os açúcares solúveis e a pro- lização aos consumidores ao longo do alguns aspectos de qualidade, apresen-
dução de etileno são os atributos nor- ano. Portanto, é indispensável realizar tam características indesejáveis como:
e após a armazenagem foi menor para longos períodos de armazenagem está As diferenças entre frutos de diferentes
frutos colhidos precocemente que para entre 121 e 127 DAPF (Figura 2). Esse datas de colheita quanto à acidez fo-
frutos colhidos tardiamente, eviden- limite de firmeza é adotado nas norma- ram maiores um dia após a colheita que
ciando menor potencial de armazena- tizações para exportação de maçãs nos após a armazenagem.
gem dos frutos colhidos tardiamente. Estados Unidos (WASHINGTON, 1999). O teor de SS em maçãs ‘SCS425 Lui-
A firmeza de polpa foi superior a Cabe salientar que frutos com firmeza za’ aumentou de 121 a 138 DAPF duran-
12lb (53 N) para todos os períodos de igual ou superior a 12 lb têm menor pre- te a maturação na planta (Figura 2). Fru-
colheita avaliados, indicando que os disposição a sintomas de senescência, tos armazenados por sete meses em AC
frutos poderiam ser colhidos até 153 caracterizado por polpa farinácea, com seguidos de sete dias a 22°C apresenta-
DAPF se destinados para o mercado logo mínima crocância e suculência (HARKER ram maior teor de SS quando colhidos
após a colheita (Figura 2). Entretanto, et al., 2002). tardiamente, assim como observado
após longos períodos de armazenamen- A AT foi significativamente maior um dia após a colheita. No entanto, a
to, apenas os frutos colhidos aos 121 e em frutos colhidos aos 121 e 127 DAPF, diferença entre frutos colhidos precoce
129 DAPF apresentaram firmeza de pol- quando comparada aos demais perío- e tardiamente, quanto ao teor de SS,
pa superior a 12 lb (Figura 2). Portanto, dos de colheita (Figura 2). Após esse pe- foi menor após a armazenagem do que
levando-se em consideração que o limi- ríodo (121 e 127 DAPF) houve redução um dia após a colheita. Frutos de dife-
te mínimo de firmeza para comercializa- na AT, tanto para frutos avaliados logo rentes datas de colheita não diferiram
ção é de 12 lb, o período ideal de colhei- após a colheita como para aqueles sub- significativamente quanto ao teor de SS
ta de maçãs ‘SCS425 Luiza’ destinadas a metidos ao armazenamento (Figura 2). depois da armazenagem por sete meses
Agropecuária Catarinense, Florianópolis, v.30, n.3, p.55-60, set./dez. 2017 57
Figura 3. Imagens de maçãs ‘SCS425 Luiza’, em função das datas de colheita (dias após a plena floração; DAPF) na face de transição sol/
sombra, na face exposta ao sol e na face de sombra (menos exposta ao sol) dos frutos.
Termos para indexação: Lycopersicon esculentum Mill., podridão apical, lóculos abertos, análise foliar.
Abstract – Calcium (Ca) and boron (B) application to prevent physiological disorders is a common practice in tomato crop.
This study aimed to evaluate the effects of foliar sprays of boric acid and Ca and B formulations, and soil application of borax,
in tomato crop during the growing seasons 2010/11, 2011/12 and 2012/13, in Caçador – SC. Macro and micronutrients were
determined in the diagnostic leaf at the beginning of fruit ripening. In each harvest date, it was evaluated total, marketable
(extra AA and extra A) and unmarketable yield, and physiological disorders. Ca and B applications had no effect on tomato yield
and on physiological disorders. It was not observed visual symptoms of deficiency or toxicity when a nutrient content in leaves
was bellow or above the normal range. Foliar sprays of boric acid increased B content in leaves but had no effect on yield and
on physiological disorders.
Index Terms: Lycopersicon esculentum Mill., blossom-end rot, catfacing, leaf diagnosis.
Tabela 3. Produtividade total, comercial, extra AA e A e descarte, e número e percentual de frutos com lóculos abertos (NLA e PLA) e com
podridão apical (NPA e PPA) em tomateiro de mesa tutorado em função de tratamentos com aplicação foliar de Ca e B, safras 2010-11,
2011/12 e 2012/13
Total Comercial Extra AA Extra A Descarte PPA
Tratamentos NLA PLA (%) NPA
--- t ha-1 --- (%)
Safra 2010-11
CaB Bionex 102,2 *
94,9 *
76,5* 18,4* 7,4* 10296* 1,68* 741* 0,12*
CaB Wiser 97,8 90,4 73,9 18,0 7,4 6129 1,01 1810 0,29
CaB Stoller 100,5 92,2 72,6 18,3 8,3 11741 1,88 1074 0,17
CaB Timac 100,0 91,0 72,5 18,4 9,0 10404 1,69 370 0,06
CaCl2 94,9 85,9 66,5 19,4 9,0 10632 1,76 1726 0,29
Testemunha 99,8 93,0 77,5 16,1 6,2 9917 1,69 1417 0,23
Média 99,2 91,2 73,3 18,1 7,9 9853 1,61 1190 0,19
CV (%) 4,0 5,1 7,3 13,5 24,5 41,3 40,8 114,5 44,2
Safra 2011-12
CaB Bionex 114,9* 109,9* 92,9* 16,9* 5,1* 12032* 1,86* 1761* 0,27*
CaB Wiser 111,6 105,9 87,3 18,7 5,7 14394 2,29 333 0,05
CaB Stoller 106,3 101,7 84,3 17,4 5,1 11964 2,00 667 0,11
CaB Timac 115,9 110,6 93,4 17,2 5,3 10755 1,65 3166 0,48
Ácido bórico 105,7 98,9 80,2 18,8 6,7 12172 1,90 1370 0,23
Bórax solo 114,2 106,6 88,7 17,9 7,6 16902 2,55 4982 0,74
Testemunha 115,3 109,9 89,5 20,4 5,4 8806 1,37 1815 0,38
Média 111,5 105,6 87,2 18,4 6,0 12499 1,95 2056 0,31
CV (%) 7,8 7,5 8,3 15,4 31,5 40,6 18,6 115,2 98,4
Safra 2012-13
CaB Bionex 56,4* 50,9* 33,5* 12,7* 10,2* 12377* 3,32* 1725* 0,40*
CaB Wiser 59,5 46,2 37,8 13,1 8,5 9084 1,00 2002 0,50
CaB Stoller 64,6 54,8 42,6 12,2 9,8 12672 3,50 3307 0,77
CaB Timac 65,8 54,8 41,5 13,4 11,0 11337 2,72 293 0,07
Ácido bórico 71,6 60,4 46,3 14,1 11,1 9640 2,07 615 0,14
Bórax solo 68,1 57,1 42,8 14,4 11,0 10095 3,32 901 0,21
Testemunha 66,6 57,6 43,4 14,2 9,0 9806 1,39 2005 0,48
Média 66,0 55,2 42,4 13,6 10,1 10439 2,48 1521 0,37
CV (%) 14,1 14,3 19,3 9,2 23,1 32,8 28,3 112,9 103,2
· Sem diferença significativa (p<0,05) entre as médias.
Abstract – The hypothesis of the present study is that different methodologies for evaluating soil agricultural aptitude may
result in different diagnoses for the same area. Thus, the objective of the present study was to evaluate and compare agricultural
aptitude through the methodologies of System of Agricultural Evaluation and Land Suitability (SAELS), System of Evaluation
of Land Agricultural Capability (SELAC), Rating Fitness of Use of Lands of the State of Santa Catarina (RFULSSC) and Edaphic
Criteria for Viticulture in “Vale dos Vinhedos” (ECVVV) in 38 soil profiles in fine wines producing areas in SC altitude regions.
The study was developed in the Água Doce, Campos Novos and São Joaquim regions, which stand out as the main producers of
altitude fine wines in the state of Santa Catarina. The results indicated that the areas where altitude wines are produced have
low agricultural aptitude for annual crops. Among the limiting factors, soil fertility and steep slopes stand out. High altitude
vineyards require specific aptitude methodology.
Legenda: Sistema de Avaliação da Aptidão Agrícola das Terras (SAAAT), Sistema de Classificação da Capacidade de Uso (SCCU), Classificação da Aptidão de Uso
das Terras do Estado de Santa Catarina (CAUTSC) e os Critérios Edáficos para a Viticultura no Vale dos Vinhedos (CEVVV
Index terms: Oryza sativa; nitrogen, rate and installment, cold regions.
Introdução do mar (PANDOLFO et al., 2002). Esta nuvens na região (CAVALCANTI & FER-
condição predispõe a região à ocorrên- REIRA, 2009). Como consequência, as
O Alto Vale do Itajaí configura-se cia de fenômenos climáticos que podem plantas de arroz podem apresentar uma
como uma das regiões produtoras de interferir significativamente nos proces- redução de sua taxa fotossintética, re-
arroz irrigado do estado de Santa Cata- sos de crescimento e desenvolvimento dução do consumo e translocação de
rina. A região representa 7,28% da área da cultura, com reflexos sobre a produ- carboidratos, e aumento da degradação
total plantada (10.684ha) e 7,53% da tividade de grãos (MARSCHALEK et al., de proteínas, sendo a intensidade des-
quantidade produzida (77.324 tonela- 2013). tes processos dependente da fase do
das) de arroz no Estado (dados não pu- As principais variáveis climáticas desenvolvimento da cultura (OHASHI et
blicados fornecidos pelo Epagri/Cepa, afetadas pela altitude na região do Alto al., 2000).
referentes à safra 2015/2016). Uma das Vale do Itajaí são radiação solar e tem- Do ponto de vista nutricional, o ni-
principais características que diferencia peratura. De forma geral, o resfriamen- trogênio (N) é, sem dúvida, o elemen-
o Alto Vale do Itajaí das demais regiões to adiabático provocado pela ascensão to cujo manejo é mais intensamente
orizícolas do Estado é a localização das orográfica das massas de ar promove afetado por variações do ambiente de
lavouras em altitudes que variam entre a manutenção de temperaturas mais cultivo. Considerando o amônio (NH4+)
300 e 600 metros em relação ao nível baixas e o aumento da cobertura de como a forma preferencialmente absor-
Material e métodos
Dois experimentos foram insta-
lados a campo, na localidade de Rio Figura 1. Valores de temperatura (T) média, mínima e máxima do ar no período de cultivo
Azul (26°53’19,58’’S; 50°11’47,08’’W, e do arroz nas safras de 2012/13 e 2013/14, em Rio do Campo/SC
Agropecuária Catarinense, Florianópolis, v.30, n.3, p72-78, set./dez. 2017 73
cações em cobertura, nos estádios de (5%) para o detalhamento dos fatores celamento do N não tenha ocasionado
início de perfilhamento, perfilhamento parcelamento da aplicação e ano de prejuízos à produtividade do arroz mes-
pleno e iniciação da panícula (R0) que cultivo. O efeito principal do fator doses mo na safra 2012/2013, que apresentou
corresponderam respectivamente aos de N sobre a produtividade foi avalia- maior número de dias com temperatu-
30, 60 e 85 dias após a semeadura do do por regressão linear, considerando ras críticas (abaixo de 17°C) para o arroz
arroz. o nível de interação entre as condições na fase reprodutiva (Tabela 1), vários
Os efeitos do clima sobre a respos- experimentais avaliadas. Procedeu-se, trabalhos desenvolvidos para o cultivo
ta do arroz ao manejo da adubação também, a avaliação do grau de rela- do arroz mostram que o conteúdo de
nitrogenada foram avaliados por meio cionamento entre a produtividade e os N na planta, que pode ser alterado de
da incorporação do fator de condição componentes do rendimento pela re- acordo com o manejo da adubação ni-
experimental ano de cultivo ao modelo gressão linear múltipla. Os valores dos trogenada, é um fator que influencia na
estatístico linear misto. Também foram componentes de rendimento foram pa- sensibilidade das plantas ao frio (GUNA-
estimados os parâmetros climáticos dronizados para a supressão do efeito WARDENA et al., 2003; GUNAWARDENA
radiação acumulada e soma térmica da escala de medida sobre os coeficien- & FUKAY, 2005; LARROSA, 2008).
nos períodos vegetativo (setembro a tes ajustados. Todos os procedimentos Gunawardena et al. (2003) mostra-
dezembro) e reprodutivo (janeiro e fe- de análise dos dados foram realizados ram que as aplicações de doses altas de
vereiro) do arroz, e o número de dias com o auxílio do software estatístico R N que determinam um maior número
com temperaturas mínimas abaixo do (R CORE TEAM, 2015). de perfilhos causaram também o au-
nível crítico (17°C) estabelecido para o mento da esterilidade. Os autores atri-
início do período reprodutivo do arroz Resultados e discussão buíram este efeito à influência do N no
(mês de janeiro) (SOSBAI, 2012). O valor aumento do crescimento do colmo em
da soma térmica foi calculado conforme A interação “doses de N x parce- comprimento, localizando a panícula
descrito por Arnold (1960). As variáveis lamento da adubação x anos” não foi fora da proteção da água. Além disso,
meteorológicas foram obtidas na Esta- significativa para a produtividade e os Gunawardena & Fukai (2005) relatam
ção Meteorológica de Observação de componentes de rendimento do arroz que a maior quantidade de perfilhos e
Superfície Automática de Rio do Cam- irrigado cultivado em região de altitude de grãos por panícula, provocada pela
po, SC, através do Instituto Nacional de (Tabela 1). As interações “doses N x par- alta aplicação de N, diminui a disponibi-
Meteorologia (INMET). celamento do N”, “doses de N x anos” lidade imediata de assimilados no mo-
O cultivar de arroz utilizado foi Epa- e “parcelamento de N x anos” também mento da produção de grãos de pólen,
gri 109, de ciclo tardio. A adubação de não foram significativas para as variáveis ocasionando um aumento de esterilida-
base, com P e K, foi aplicada a lanço an- produtividade, número de grãos por pa- de de espiguetas.
tes da semeadura, para a expectativa de nícula, peso de mil grãos e esterilidade As comparações dos níveis do fator
rendimento de grãos alta, sendo aplica- (Tabela 1). Efeito significativo da intera- parcelamento (1, 2 e 3 aplicações de N)
dos 50kg de P2O5 e 70kg de K2O por hec- ção “doses de N x anos” foi observado revelaram efeito similar do manejo da
tare. Todos os procedimentos de mane- apenas para o número de panículas por adubação nitrogenada para as variáveis
jo da cultura foram realizados conforme metro quadrado (Tabela 1). produtividade e número de grãos por
recomendações descritas pela pesquisa A avaliação dos efeitos isolados panícula, evidenciando o efeito posi-
para o Sul do Brasil para o sistema de dos fatores experimentais (doses de N, tivo do fracionamento da aplicação do
cultivo pré-germinado (SOSBAI, 2012). parcelamento do N e anos de cultivo) nutriente (Tabela 2). O parcelamento da
A produtividade de grãos foi quan- evidenciou os efeitos específicos do dose de N em duas aplicações também
tificada pela colheita manual de amos- manejo do N e das condições climáticas resultou um maior número de panícu-
tras de uma área útil de 6m2 por parcela sobre o comportamento do arroz (Tabe- las/m2, havendo, porém, decréscimo no
no momento em que a cultura atingiu la 1). Considerando a produtividade do valor da variável para o parcelamento
o estádio de maturidade fisiológica. As arroz, verificou-se significância para o em três aplicações (Tabela 2). A esterili-
amostras colhidas foram trilhadas e se- efeito isolado das doses de N, do par- dade de grãos e a massa de 1000 grãos
cadas até atingir a umidade de 13%. Os celamento do N e dos anos de cultivo. não foram afetadas pelo fracionamento
componentes de rendimento, número Para os componentes de rendimento, da aplicação do N (Tabela 2).
de panículas por metro quadrado, nú- observou-se influência das doses de N A comparação das médias da produ-
mero de grãos por panícula, peso de aplicadas sobre o número de grãos for- tividade com o número de grãos por pa-
mil grãos e esterilidade de espiguetas mados por panícula, e do parcelamento nícula, entre os anos de cultivo, mostrou
foram determinados em amostras co- das aplicações sobre o número de pa- equivalência nas respostas (Tabela 2).
letadas de uma área útil de 0,5m2 por nículas por metro quadrado e número Na safra de 2013/14, em comparação
parcela. de grãos por panículas. O ano de cultivo a safra 2012/13, verificaram-se acrésci-
A análise estatística foi realizada teve influência sobre todos os compo- mos médios de 2.342kg ha-1 de arroz e
pelo método de análise de modelos li- nentes de rendimento da cultura. 38 grãos por panícula (Tabela 2). Com-
neares mistos. Quando verificados efei- Embora neste estudo o manejo da portamento antagônico foi observado
tos significativos, procederam-se com- adubação relacionado a doses e par- para o número de panículas por metro
parações de médias pelo teste de Tukey quadrado, peso de mil grãos e esterili-
dade, havendo decréscimos respectivos outras variáveis do ambiente, principal- 4). Enquanto no período vegetativo a
de 65 panículas/m2, 0,9g por mil grãos e mente as relacionadas ao clima (tempe- radiação acumulada e soma térmica
4% na esterilidade de grãos, respectiva- ratura do ar e à radiação solar) sobre o variaram aproximadamente 0,2 e 12%
mente, na safra de 2013/14 (Tabela 2). desempenho produtivo da cultura. respectivamente, as variações destas no
O aumento da esterilidade de paní- Os resultados da análise de regres- período reprodutivo foram na ordem de
culas e a redução do número de grãos são linear múltipla para os componen- 15 e 22% respectivamente. A variação
por panícula na safra 2012/13 podem tes de rendimento padronizados e a também foi verificada para o número de
estar associados ao maior número de produtividade do arroz mostraram um dias com temperaturas mínimas abaixo
panículas formado por área. Nessa sa- ajuste significativo (Tabela 3). O teste do nível crítico definido para o período
fra, provavelmente a aplicação do N es- dos coeficientes ajustados revelou efei- (17°C), sendo observados 12 e 5 dias
timulou o crescimento vegetativo, o que to significativo sobre a produtividade para as safras 2012/13 e 2013/14, res-
pode ter diminuído a quantidade de fo- apenas para os componentes núme- pectivamente (Tabela 4).
toassimilados recebidos por panícula ro de panículas por metro quadrado e Ohashi et al. (2000) estudaram o
devido à maior partição, reduzindo, con- número de grãos por panícula. O valor efeito da incidência de baixa tempera-
sequentemente, as espiguetas cheias e dos coeficientes indicou, contudo, que a tura combinada à baixa radiação e ob-
a produtividade final em comparação à relação de dependência com a produti- servaram que quando há ocorrência de
safra 2013/14. A maior quantidade de vidade é mais intensa para o número de frio na fase reprodutiva do arroz, ocorre
perfilhos provocada pela aplicação de grãos por panícula (Tabela 3). uma redução na taxa fotossintética de
N deve ter diminuído a disponibilidade O efeito significativo exercido pelo 14% a 20%, devido à indução ao fecha-
imediata de assimilados nas folhas no ano de cultivo sobre a produtivida- mento dos estômatos.
momento da produção de grãos de pó- de do arroz parece estar associado às Em condições de estresse por frio, a
len, ocasionando um aumento de este- variações das condições climáticas. A planta pode sofrer alterações na fluidez
rilidade de espiguetas. observação dos parâmetros climáticos dos lipídeos das membranas celulares,
Segundo Gunawardena et al. (2003), indica, contudo, que a intensidade des- causando perda de suas funções nor-
as aplicações de N nos estádios vegeta- tas variações se restringe ao período mais. As enzimas ligadas à membrana
tivos podem aumentar o perfilhamento reprodutivo do ciclo da cultura (Tabela diminuem suas atividades, com acúmu-
e o número de espiguetas por planta,
provocando redução de grãos de pólen Tabela 2. Produtividade, número de panículas por m2 e de grãos por panícula, massa de mil
cheios por antera, tornando-os mais grãos e esterilidade do arroz em resposta ao parcelamento da adubação nitrogenada em
propensos a uma maior esterilidade de duas safras
espiguetas sob baixa temperatura. Fatores e níveis Prod. Pan m2 Grão Pan-1 MS 1000 Esterilidade
A produtividade do arroz aumentou de tratamentos (kg ha-1) ( no) ( no) grãos (g) (% )
com o acréscimo nas doses de N apli-
Parcelamento N
cadas, sendo os resultados ajustados
ao modelo polinomial de primeiro grau 1 aplicação 6.354 b 345 ab 66 b 29,3 ns 13 ns
(Figura 2). Embora a análise da variân- 2 aplicações 7.039 a 371 a 68 ab 29,4 ns 14 ns
cia tenha mostrado o efeito significativo 3 aplicações 7.062 a 319 b 78 a 29,5 ns 15 ns
para o modelo ajustado (p=0,012), o va- Safras
lor do erro padrão (1.381kg ha-1) expres- 2012/13 5.528 b 376 a 51 b 29,9 a 16 a
sa a ocorrência de desvios consideráveis
2013/14 7.870 a 311 b 89 a 29,0 b 12 b
em relação aos valores estimados, evi- ns
não significativo; médias seguidas por letras diferentes na coluna diferem significativamente entre si
denciando interferências relevantes de pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
Resumo - As indústrias processadoras de mandioca do Litoral Sul de Santa Catarina operam durante cerca de quatro meses ao
ano. Objetivou-se com este trabalho identificar variedades que possibilitem ampliar o período de colheita e, consequentemente,
viabilizar o aumento do período de processamento industrial. Foram avaliadas seis variedades em 17 meses consecutivos de
colheita quanto à produtividade e teor de matéria seca das raízes. Foi observado um aumento médio de 29.0% na produção
de raízes e uma diminuição no teor de matéria seca de 6,28% entre o primeiro ciclo vegetativo (julho) e o segundo (abril).
Estas variações foram influenciadas pela ocorrência de podridões de raízes, estiagens e temperaturas elevadas. Os resultados
indicam que é possível aumentar o período de operação das indústrias com a utilização de cultivares com teores de matéria
seca mais elevados, como o SCS253 Sangão e o SCS254 Sambaqui.
Variations in productivity and dry matter of cassava roots as a function of the harvest season
Abstract - Cassava processing industries, located in Southern Coast of Santa Catarina State, Brazil, operate for only four months
a year. The objective of this work was to identify varieties that make possible to extend the harvest period and, consequently,
to increase the industrial processing period. Six varieties were evaluated during 17 consecutive months regarding to crop
yield and root dry matter content. It was observed an average increase of 29.0% in root production and a decrease in dry
matter content of 6.28% between the first vegetative cycle (July) and the second (April). These variations were influenced
by the occurrence of root rot, drought and high temperatures. The results indicated that it is possible to increase the period
of operation of the industries with the use of cultivars with higher dry matter content, such as SCS253-Sangão and SCS254-
Sambaqui.
Conclusões
- É possível aumentar o período de
operação das indústrias beneficiadoras
de mandioca através de um planeja-
mento de plantio e de colheita com va-
riedades mais amiláceas.
- Os cultivares Sangão, Sambaqui e
STS1302/96 apresentaram os maiores
teores médios de matéria seca nas raí-
Figura 3. Teores de matéria seca nas raízes de diferentes variedades de mandioca em zes e as menores perdas causadas por
função do mês de colheita. Jaguaruna-SC, 2014 a 2016. podridões.
Os trabalhos devem ser submetidos à RAC mos para indexação), título em inglês, Abs- texto. Os casos de colaboração, apoio técnico
através do portal de publicações da Epagri tract e Index terms, Introdução, origem (in- ou financeiro são inseridos ao final da parte
no endereço http://publicacoes.epagri. cluindo pedigree), descrição (planta, brotação, técnica do artigo e antes das referências, com
sc.gov.br/ ou diretamente no endereço da floração, fruto, folha, sistema radicular, tabela subtítulo Agradecimentos.
RAC http://publicacoes.epagri.sc.gov.br/ com dados comparativos), perspectivas e pro-
index.php/RAC/ em espaçamento duplo, 8. As citações no texto devem ser feitas por
blemas do novo cultivar ou germoplasma, dis-
fonte Arial 12 e margens de 2,5cm. Matérias sobrenome e ano, com apenas a primeira le-
ponibilidade de material e Referências. O limite
ligadas à agropecuária e à pesca são aceitas tra maiúscula se no texto; se entre parênteses,
é de 12 páginas para cada matéria, incluindo
para publicação desde que se enquadrem nas TODAS maiúsculas. Quando houver dois auto-
tabelas e figuras (ver item 9).
seguintes normas: res, separar por “&”; se houver mais de dois, ci-
6. A Revisão bibliográfica apresenta o estado tar o primeiro seguido por “et al.” (sem itálico).
1. Trabalhos para as seções Artigo científico, da arte de tecnologia ou processo tecnológi-
Germoplasma, Nota científica, Informativo 9. Tabelas e figuras geradas no Word não de-
co das Ciências Agrárias, sobre os quais o(s)
técnico e Revisão bibliográfica devem ser ori- vem estar inseridas no texto e devem vir nu-
autor(es) deve(m) ter reconhecida qualificação
ginais e vir acompanhados de carta ou e-mail meradas, ao final da matéria, em ordem de
e experiência. O texto deve apresentar não só
afirmando que é exclusivo à RAC. Ao mesmo apresentação, com as devidas legendas. Grá-
uma análise descritiva, mas também crítica,
tempo, o autor deve concordar em ceder para ficos gerados no Excel devem ser enviados,
e referências bibliográficas atualizadas. Deve
a revista os direitos autorais do texto que será com as respectivas planilhas, em arquivos se-
conter título, Resumo (máximo de 15 linhas),
publicado. parados do texto. As tabelas e as figuras (fotos
incluindo Termos para indexação, título em in- e gráficos) devem ter título claro e objetivo e
2. O Informativo técnico refere-se à descrição glês, Abstract e Index terms, Desenvolvimento, ser autoexplicativas. O título da tabela deve
de uma técnica já consagrada, doenças, inse- Discussão, Conclusões ou Considerações finais, estar acima dela, e o título da figura, abaixo.
tos-praga e outras recomendações técnicas de Agradecimentos (opcional), Referências, tabe- As tabelas devem ser abertas à esquerda e à
cunho prático, tendo como principal público las e figuras. Não deve ultrapassar 16 páginas, direita, sem linhas verticais e horizontais, com
extensionistas e técnicos em geral. O assunto incluindo tabelas e figuras. exceção daquelas para separação do cabeçalho
deve fazer parte das pesquisas ou da prática 7. Devem constar nos metadados do artigo e do fechamento. As abreviaturas devem ser
profissional do autor. Máximo de 8 páginas, submetido (informados pela plataforma de explicadas ao aparecerem pela primeira vez.
incluindo figuras e tabelas (ver item 9). Deve submissão): formação profissional do autor e As chamadas devem ser feitas em algarismos
ter Resumo (máximo de 10 linhas, incluindo do(s) coautor(es), título de graduação e pós- arábicos sobrescritos, entre parênteses e em
Termos para indexação), título em inglês, Abs- graduação (especialização, mestrado, dou- ordem crescente (ver modelo).
tract e Index terms, Introdução e subtítulos, torado), nome e endereço da instituição em
conforme o conteúdo do texto. Para finalizar 10. As fotografias (figuras) devem estar digita-
que trabalha, telefone para contato, endereço lizadas, em formato JPG ou TIFF, em arquivos
a matéria, utiliza-se o subtítulo Considerações eletrônico e entidade financiadora do trabalho
finais ou Recomendações. O item Agradeci- separados do texto, com resolução mínima de
(antes do(s) currículo(s)), se houver. Alguns 300dpi, 15cm de base, e submetidos na plata-
mentos é opcional, e as referências não devem
exemplos seguem abaixo, sendo altamente re- forma como ARQUIVOS SUPLEMENTARES.
ultrapassar o número de dez.
comendável o máximo de três coautores por
3. O Artigo científico deve ser conclusivo, artigo. ATENÇÃO: esses dados devem ser in- 11. As matérias apresentadas para as se-
oriundo de pesquisa já encerrada. Deve estar formados na plataforma e não acompanham ções Registro, Opinião e Conjuntura devem
organizado em título, Resumo (máximo de 15 o manuscrito. orientar-se pelas normas deste item.
linhas, incluindo Termos para indexação), título 11.1 Opinião – deve discorrer sobre assuntos
[1] Zootecnista, Dr., Epagri / Centro de Pesqui-
em inglês, Abstract e Index terms, Introdução, que expressam a opinião do autor e não neces-
sa para Agricultura Familiar (Cepaf), C.P. 791,
Material e métodos, Resultados e discussão, sariamente da Revista sobre o fato em foco. O
89801-970 Chapecó, SC, fone: (49) 2049-7510,
Conclusão, Agradecimentos (opcional), Refe- texto deve ter até cinco páginas.
e-mail: [email protected].
rências, tabelas e figuras. Os termos para inde-
xação não devem conter palavras já existentes [2] Médico-veterinário, Dr., Udesc / CAV, Av. 11.2 Conjuntura – matérias que enfocam fatos
no título e devem ter no mínimo três e no má- Luís de Camões, 2090, Bairro Conta Dinheiro, atuais com base em análise econômica, social
ximo cinco palavras. Nomes científicos no títu- 88520-000 Lages, SC, fone: (49) 2101-22121, e- ou política, cuja divulgação é oportuna. Não
lo não devem conter o nome do identificador mail: [email protected]. devem ter mais que dez páginas.
da espécie. Há um limite de 15 páginas (ver 12. O arquivo com o trabalho textual deve ser
item 9) para Artigo científico, incluindo tabelas [3] Engenheiro-agrônomo, Dr., Epagri / Cepaf,
e-mail: [email protected]. submetido ao sistema em formato Word para
e figuras.
Windows, letra Arial, tamanho 12, espaço du-
4. A Nota científica refere-se a pesquisa cientí- [4] Economista, M.Sc., Epagri / Estação Experi- plo. Devem ter margem superior, inferior e
fica inédita e recente com resultados importan- mental de Itajaí, C.P. 277, 88301-970 Itajaí, SC, laterais de 2,5cm, estar paginados e com as
tes e de interesse para rápida divulgação, po- fone: (47) 3233-5244, e-mail: nome@epagri. linhas numeradas.
rém com volume de informações insuficiente sc.gov.br.
13. As referências devem estar restritas à lite-
para constituir um artigo científico completo. [5] Acadêmico do Curso de Agronomia, Uno- ratura citada no texto, de acordo com a ABNT e
Pode ser também a descrição de nova doença esc, campus Xanxerê, e-mail: nome@hotmail. em ordem alfabética. Não são aceitas citações
ou inseto-praga. Deve ter no máximo oito pági- com. de dados não publicados e de publicações no
nas, incluídas as tabelas e figuras (ver item 9).
prelo.
Deve estar organizada em título, Resumo (má- [6] Engenheiro de aquicultura, Dr., pesquisador
ximo de 12 linhas, incluindo Termos para inde- do Nupa Sul-1 do IFCCA, e-mail: nome@ifc- 14. Conflito de interesses – Como o processo de
xação), título em inglês, Abstract e Index ter- araquari.edu.br. revisão dos artigos pelos consultores ad hoc e
ms, texto corrido, Agradecimentos (opcional), do Comitê é sigiloso, procura-se evitar interes-
Observação: há um entendimento que a auto-
Referências, tabelas e figuras. Não deve ultra- ses pessoais e outros que possam influenciar
ria de um artigo preconiza que qualquer um
passar dez referências. na elaboração ou avaliação de manuscritos.
dos autores tenha condições de defender o
5. A seção Germoplasma deve conter título, trabalho em qualquer evento, e tenha efe- 15. Plágio – A revista não admite, em nenhuma
Resumo (máximo de 15 linhas, incluindo Ter- tivamente contribuído para a produção do hipótese, plágio total ou parcial.