Ebook Eletricidade Basica

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Eletricidade

Básica
Unidade II
Circuitos Elétricos
Diretor Executivo
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Gerente Editorial
CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA
Projeto Gráfico
TIAGO DA ROCHA
Autoria
SAMARA CHAVES
AUTORIA
Samara Chaves
Olá! Meu nome é Samara Chaves. Sou formada em Engenharia
Elétrica pela Universidade Federal de Campina Grande, faço mestrado em
Eletrotécnica na Universidade Federal da Paraíba e possuo experiência
técnico-profissional na área de Telecomunicações. Passei por empresas
como a Savenge Engenharia de Telecomunicações Ltda. Sou apaixonada
pelo que faço e adoro transmitir minha experiência de vida àqueles
que estão iniciando suas profissões. Por isso, fui convidada pela Editora
Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes. Estou muito
feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte
comigo!
ICONOGRÁFICOS
Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez
que:

INTRODUÇÃO: DEFINIÇÃO:
para o início do houver necessidade
desenvolvimento de de se apresentar um
uma nova compe- novo conceito;
tência;

NOTA: IMPORTANTE:
quando forem as observações
necessários obser- escritas tiveram que
vações ou comple- ser priorizadas para
mentações para o você;
seu conhecimento;
EXPLICANDO VOCÊ SABIA?
MELHOR: curiosidades e
algo precisa ser indagações lúdicas
melhor explicado ou sobre o tema em
detalhado; estudo, se forem
necessárias;
SAIBA MAIS: REFLITA:
textos, referências se houver a neces-
bibliográficas e links sidade de chamar a
para aprofundamen- atenção sobre algo
to do seu conheci- a ser refletido ou dis-
mento; cutido sobre;
ACESSE: RESUMINDO:
se for preciso aces- quando for preciso
sar um ou mais sites se fazer um resumo
para fazer download, acumulativo das últi-
assistir vídeos, ler mas abordagens;
textos, ouvir podcast;
ATIVIDADES: TESTANDO:
quando alguma quando o desen-
atividade de au- volvimento de uma
toaprendizagem for competência for
aplicada; concluído e questões
forem explicadas;
SUMÁRIO
Lei de Ohm e Leis de Kirchhoff ..............................................................10
Primeira Lei de Ohm......................................................................................................................10
Segunda Lei de Ohm...................................................................................................................... 11
Leis de Kirchhoff................................................................................................................................ 13
Primeira Lei de Kirchhoff: Lei das Correntes (LKC)............................... 14
Segunda Lei de Kirchhoff: Lei das Tensões (LKT)................................. 15
Associações de elementos...................................................................... 20
Associação de resistores........................................................................................................... 20
Associação de capacitores....................................................................................................... 22
Associação de indutores.............................................................................................................25
Análise de circuitos elétricos..................................................................31
Potência elétrica............................................................................................................................... 31
Circuitos básicos...............................................................................................................................32
Divisor de tensão...........................................................................................................32
Circuito divisor de corrente....................................................................................34
Circuito misto...................................................................................................................37
Aplicações com circuitos elétricos...................................................... 42
Introdução..............................................................................................................................................42
Circuito para ligar lâmpadas LED.........................................................................................42
Circuito retificador de onda completa..............................................................................44
Circuitos amplificadores............................................................................................................. 46
Filtros passivos.................................................................................................................................. 48
Filtro passa baixa.......................................................................................................... 49
Filtro passa alta.............................................................................................................. 49
Filtro passa faixa........................................................................................................... 50
Eletricidade Básica 7

02
UNIDADE
8 Eletricidade Básica

INTRODUÇÃO
A área de eletricidade nos proporcionar conhecimentos sobre
diferentes assuntos, que envolvem o nosso dia a dia, entre eles tem-
se a primeira e a segunda Lei de Ohm, como também a primeira lei de
Kirchhoff que demanda sobre as correntes elétricas e a segunda que
trata das tensões. Não se delimitando apenas as essas temáticas, o
universo que circula essa disciplina é amplo. Nele também está contida
a associação dos elementos, a análise dos circuitos e a aplicação dos
circuitos elétricos. Entendeu? Ao longo desta unidade letiva, você vai
mergulhar neste universo!
Eletricidade Básica 9

OBJETIVOS
Olá. Seja muito bem-vinda (o). Nosso propósito é auxiliar você no
desenvolvimento das seguintes objetivos de aprendizagem até o término
desta etapa de estudos:

1. Aplicar a Lei de Ohm e as Leis de Kirchhoff à corrente elétrica;

2. Interpretar e elaborar esquemas de associações de elementos;

3. Interpretar e elaborar esquemas de circuitos elétricos;

4. Discernir e identificar aplicações com circuitos elétricos.

Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento?


Ao trabalho!
10 Eletricidade Básica

Lei de Ohm e Leis de Kirchhoff

INTRODUÇÃO:

Ao término desta unidade, você será capaz de entender


as principais leis que regem os circuitos elétricos. Cada
uma delas será tratada com detalhes e exemplos, e isso
será fundamental para seu desempenho no curso de
Eletricidade Básica.

Primeira Lei de Ohm


Essa lei relaciona a tensão (ou potencial elétrico), a corrente e a
resistência elétrica, conceitos explicados na unidade anterior. A Primeira
Lei de Ohm estabelece que a tensão entre dois pontos de um material
condutor é proporcional à corrente elétrica que o atravessa. Observe a
equação a seguir:

Fórmula:

onde:

- U: Tensão ou diferença de potencial elétrico, em V;

- I: corrente elétrica, em A;

- R: resistência elétrica, em Ω.

Observe que, por essa equação, a razão entre a tensão e a corrente


elétrica é constante, sempre. Essa lei é válida para os chamados resistores
ôhmicos, que possuem variação linear da resistência com a mudança da
tensão ou corrente. Para obter a resistência ou corrente por meio dessa lei,
basta fazer simples manipulações matemáticas. Na Figura 1, é mostrada
a representação utilizada nos circuitos elétricos, uma fonte de tensão CC,
uma fonte de corrente CC e um resistor ôhmico.
Eletricidade Básica 11

Figura 1 – Representações de elementos nos circuitos: (A) fonte de tensão; (b) fonte de
corrente; (c) resistor; (d) outra forma de representar um resistor

Fonte: Elaborada pela autora.

Para entender melhor como funciona essa lei, veja a Figura 2, na


qual é mostrado um resistor ligado a uma fonte de tensão (pilha, bateria).
Figura 2 – Representação em circuito de um resistor ligado a uma fonte de tensão

Fonte: Elaborada pela autora.

O sentido da corrente (I) do circuito e a polaridade da tensão do


resistor (V) são indicados na Figura 2. Após um tempo ligado à bateria, o
resistor a descarregará, pois este é um elemento passivo cuja função é
dissipar energia em forma de calor, por conta do efeito Joule.

Segunda Lei de Ohm


Essa lei trata a resistência elétrica como uma característica
intrínseca do material, ou seja, ela depende dos fatores geométricos do
corpo, como o comprimento, a seção transversal e o tipo de material. Para
ficar mais claro, observe a Figura 3.
12 Eletricidade Básica

Figura 3 – Esquema dos fatores do material relacionados a Segunda Lei de Ohm

Fonte: Elaborada pela autora.

De maneira simples, a Segunda Lei de Ohm define que a resistência


de um corpo é dependente da sua composição e da sua forma. Assim,
quanto maior for a espessura de um cabo, por exemplo, menor será
sua resistência elétrica, pois essas duas grandezas são inversamente
proporcionais, como mostrado na equação a seguir:

Fórmula:

em que:

- R: resistência elétrica, em Ω;

- l: comprimento do corpo, em m;

- ρ: resistividade do corpo, em Ω.m;

- A: área transversal do corpo, em m².

Essa lei foi importante para relacionar a resistência de um material


às suas características inerentes, e a formulação da Segunda Lei de Ohm
é aplicável para a maioria dos condutores comuns, pois se trata de fios
cilíndricos, e a área destes pode ser calculada com a equação a seguir,
em que r é o raio do condutor, em metros.

Fórmula:

Se a forma do material mudar, o cálculo da área transversal também


mudará e, dependendo da área, pode até ser necessário fazer seu cálculo
por meio de uma integral. Em altas frequências, essa fórmula precisa
de alguns ajustes devido ao efeito pelicular (ou efeito skin), que diminui a
superfície disponível da área da seção transversal do condutor. Os dispositivos
semicondutores não são considerados ôhmicos. Portanto, não é possível
calcular a resistência destes dispositivos por meio das Leis de Ohm.
Eletricidade Básica 13

SAIBA MAIS:

Clique no link a seguir e fique por dentro do assunto.


Clique aqui para acessar.

Leis de Kirchhoff
Antes de falar das Leis de Kirchhoff propriamente ditas, é importante
entender alguns conceitos essenciais, como:

• Nós: pontos em que há ramificações nos circuitos, isto é, quando


há mais de um caminho para a corrente elétrica percorrer.

• Ramos: são trechos do circuito compreendidos entre dois nós


sucessivos. Pode haver um ou mais elementos ligados no mesmo
ramo e por toda a extensão de um ramo, a corrente é constante.

• Malhas: são caminhos fechados em que o “percurso” é iniciado


em um determinado nó e acaba no mesmo nó de partida. Em uma
malha fechada, a soma de todas as tensões é sempre igual a zero.

Para os conceitos ficarem mais fáceis de serem entendidos, observe


a Figura 4.
Figura 4 – Exemplo de circuito com os principais conceitos a serem considerados nas Leis
de Kirchhoff

Fonte: Elaborada pela autora.


14 Eletricidade Básica

Primeira Lei de Kirchhoff: Lei das Correntes (LKC)


Agora que já foi definido e esquematizado o que é um nó, é possível
tratar da Primeira Lei de Kirchhoff. De acordo com essa lei, a soma de
todas as correntes que entram em um determinado nó deve ser igual à
soma de todas as correntes que saem do mesmo nó. Matematicamente,
temos a equação a seguir, em que In representa as diversas correntes que
entram e saem de um nó.

Fórmula:

Essa lei é uma relação direta com o princípio da conversação da


carga elétrica, comentado na Unidade 01. De acordo com esse princípio,
não importa o fenômeno elétrico envolvido, a carga elétrica inicial em um
circuito será igual à carga elétrica ao final desse fenômeno, sempre.

EXEMPLO: observe o circuito da Figura 5 e aplique a LKC para os nós.


Figura 5 – Circuito referente ao exemplo sobre a Primeira Lei de Kirchhoff

Fonte: Elaborada pela autora.

RESOLUÇÃO: primeiro, observando a figura, perceba que os nós


não são apenas pontos, mas, sim, um terminal em comum em que um
ou mais elementos se conectam e a corrente se divide. Adotando o sinal
negativo para a corrente que chega ao nó e sinal positivo para a corrente
que saí do nó, temos:
Eletricidade Básica 15

Nó 1: -Ia -Ib + Ic + Id = 0

Nó 2: Ia + Ib -Ic -Id = 0

Segunda Lei de Kirchhoff: Lei das Tensões (LKT)


Essa lei relaciona o conceito de malha. Assim, a Segunda Lei de
Kirchhoff afirma que a soma das tensões por toda a extensão de uma
malha fechada tem de ser igual a zero. Essa lei é uma consequência direta
do princípio da conservação de energia (nada se cria, tudo se transforma),
o qual pressupõe que toda a energia fornecida a uma determinada malha
fechada de um circuito é gasta pelos componentes presentes nessa
mesma malha.

A formulação matemática dessa lei é dada pela equação adiante,


em que Un representa as diversas tensões dentro de uma malha fechada.

Fórmula:

As tensões e correntes referentes a Primeira e Segunda Leis de


Kirchhoff são calculadas segundo a Primeira Lei de Ohm. Se a malha
possuir elementos ativos, chamados de geradores, e elementos passivos,
chamados de receptores, é preciso observar com atenção o sentido da
corrente elétrica que percorre esses componentes. Convém adotar as
seguintes convenções, lembrando que o sinal de mais (+) representa um
potencial maior, e o sinal de menos (-), um potencial menor.

• Elementos geradores: adota-se o sentido da corrente entrando


pelo terminal negativo e saindo pelo terminal positivo. Entenda
como, se ao passar por um elemento gerador, a corrente “ganha
energia”, recebendo um aumento de potencial elétrico.

• Elementos receptores: como se trata de elementos que apenas


consomem ou armazenam energia, a convenção é que a corrente
entra no terminal positivo desses elementos e sai no terminal
negativo, “perdendo energia”, consequentemente, sofrendo uma
queda no potencial elétrico.

Agora que já é possível identificar os elementos geradores e recep-


tores em um circuito, mais precisamente em uma malha, é necessário
16 Eletricidade Básica

compreender como a convenção de sinais para a Segunda Lei de Kir-


chhoff é realizada. Observe as instruções:

• Sentido arbitrário para a corrente elétrica: se você não souber o


sentido da corrente no circuito, escolha o sentido horário ou anti-
horário para percorrer todo o circuito. Caso o sentido escolhido
não for o real, o valor da corrente virá acrescido do sinal de menos,
assim, basta apenas trocar a posição dos sinais de mais (+) e de
menos (-), representando o potencial elétrico para ter o sentido
correto da corrente. No final, a amplitude será a mesma.

• Sentido para percorrer a malha: semelhantemente ao caso


da corrente, escolha um sentido para percorrer uma malha
do circuito. Em um circuito com mais de uma malha, pode-se
escolher sentidos diferentes para percorrer cada malha, mas é
recomendável manter um mesmo sentido para todas.

• Somatório das tensões elétricas: em cada malha, é importante


somar os potenciais de todos elementos nela contidos.
Geralmente, adota-se a seguinte convenção: quando se percorre
um elemento que possui o sinal mais (+) no início e o sinal menos
no final (-), a exemplo de um resistor, ocorre uma queda de tensão
e esse potencial deve ser considerado positivo. Se ocorrer o caso
contrário, começar com o sinal negativo e acabar com o sinal
positivo, ocorre um aumento de potencial elétrico e essa tensão
deve ser marcada com um sinal de menos na sua frente.

EXEMPLO: considere o circuito da Figura 6 e apresente o somatório


dos potenciais elétricos apresentados nas duas malhas, nos sentidos
indicados na figura.
Eletricidade Básica 17

Figura 6 – Circuito referente ao exemplo sobre a Segunda Lei de Kirchhoff

Fonte: Elaborada pela autora.

RESOLUÇÃO: observando a figura, percebe-se que todos os


potenciais elétricos dos elementos estão indicados e, caso algum esteja
com a polaridade errada, haverá um sinal negativo quando for feito seu
cálculo. Percorrendo a malha 1 no sentido horário e a malha 2 no sentido
anti-horário, como indicado na figura, temos:

Malha 1: -V1 + VR2 + VR3 + VR1 = 0

Malha 2: -V2 + VR2 + VR3 + VR4 = 0

Analisando os resultados, percebe-se que os resistores R2 e R3 são


comuns às duas malhas. Por isso, seus potenciais são considerados nas
equações das duas malhas.

Para fechar o assunto das Leis de Kirchhoff, é importante falar sobre


os circuitos em série e paralelo.

• Circuito série: é aquele que requer duas ou mais cargas alimenta-


das em sequência e a corrente elétrica possui apenas um caminho
para percorrer os elementos. Em um circuito desse tipo, a corrente
elétrica é a mesma em cada elemento, mas as tensões mudam. A
corrente de um circuito série é dada pelo somatório das N tensões
individuais dividido pelo somatório das N resistências individuais,
ou seja, para uma associação em série de resistores, temos:

Fórmula:
18 Eletricidade Básica

• Circuito paralelo: é aquele composto por duas ou mais cargas,


ligadas em dois pontos em comum, ou seja, todas as cargas são
ligadas no mesmo potencial elétrico. Nesse tipo de circuito, a
tensão é a mesma para todos os elementos, mas a corrente se
divide no ponto de ligação comum. Para uma associação com N
resistores em paralelo, temos que a tensão do circuito em paralelo
é dada pelo somatório das N correntes individuais multiplicadas
pelas N resistências características, isto é:

Fórmula:

Observe a Figura 7, que traz um exemplo de circuito série e outro paralelo.


Figura 7 – Exemplos de circuitos: (A) Série; (B) Paralelo

Fonte: Elaborada pela autora.

Na prática, muitas vezes há uma associação entre esses dois tipos


de circuitos, como pode ser observado nas Figuras 4, 5 e 6. Atenção
apenas para a hora da análise porque, se um ramo possui mais de um
elemento, a corrente destes é a mesma e este ramo funciona como um
circuito série.
Eletricidade Básica 19

RESUMINDO:

E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo


tudinho? Agora, só para termos certeza de que você
realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo,
vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido
que as Leis de Ohm e Kirchhoff são fundamentais na análise
dos circuitos elétricos. A Primeira Lei de Ohm relaciona a
resistência elétrica de um componente elétrico a parâmetros
como a tensão e corrente deste mesmo elemento. Já a
Segunda Lei de Ohm determina a resistência elétrica em
função da geometria de um corpo, usando parâmetros
como a área da seção transversal, o comprimento e a
resistividade desse corpo. A Primeira Lei de Kirchhoff, ou Lei
das Correntes (LKC), estabelece que a soma das correntes
que entram e saem de um nó do circuito é igual a zero,
aplicação direta do princípio da conservação da carga
elétrica. A Segunda Lei de Kirchhoff, ou Lei das Tensões
(LKT), determina que a soma dos potenciais elétricos
dentro de uma malha fechada do circuito é igual a zero.
Esse princípio está relacionado ao princípio da conservação
da energia. Por fim, você viu a diferença entre circuitos série
e paralelo e como muitas vezes há circuitos mistos, com
partes em série e outras partes em paralelo.
20 Eletricidade Básica

Associações de elementos

INTRODUÇÃO:

Ao término deste capítulo, você será capaz de analisar


circuitos básicos e calcular associações básicas de
elementos importantes na eletrotécnica e na eletrônica.
Esse tópico é básico para analisar alguns dos elementos
básicos em qualquer circuito e quais as peculiaridades das
ligações com mais de um deles, um tipo por vez.

Associação de resistores
Para facilitar a análise de um circuito com vários resistores conecta-
dos, pode-se substituir os resistores por um único resistor equivalente,
o qual equivale a todas as contribuições de resistências individuais. Os
resistores, normalmente, são associados da seguinte forma:

• Ligação série: da mesma forma que um circuito série, os resistores


são conectados em sequência, como mostrado na Figura 8 (A). O
cálculo da resistência equivalente de N resistores ligados em série
é dado por:

Fórmula:

Ligação paralela: nesse tipo de associação, todos os resistores


são ligados ao mesmo potencial elétrico, analogamente a um circuito
em paralelo. O resistor equivalente em uma ligação de N resistores em
paralelo é calculado por:

Fórmula:

• Ligação mista: os resistores são conectados parte em série e parte


em paralelo em um mesmo circuito. Para o cálculo do resistor
equivalente, é preciso analisar o circuito, parte a parte. Uma dica
é calcular as partes em série ou paralelo primeiro, o que for mais
fácil, e ir reduzindo o circuito com as resistências equivalentes das
Eletricidade Básica 21

partes até que o circuito inteiro seja formado apenas por ligações
em série ou em paralelo.

EXEMPLO: Calcule a resistência equivalente do circuito da Figura 8.


Figura 8 – Circuito para o exemplo de associação de resistores

Fonte: Elaborada pela autora.

RESOLUÇÃO: Nesse circuito, há uma associação de resistores mista.


Portanto, o procedimento para encontrar o resistor equivalente deve ser
feito por partes.

1. Os resistores R1, R2 e R3 estão em série, logo a resistência


equivalente desse ramo será:

2. Analogamente, os resistores R5, R6 e R7 estão em série, logo:

3. Por fim, observe como ficou o circuito da Figura 8 após os cálculos.


22 Eletricidade Básica

Figura 9 – Circuito equivalente da Figura 8, após simplificações

Fonte: Elaborada pela autora.

Observando a Figura 9, é possível ver que os resistores estão ligados


em paralelo e a resistência equivalente de todo o circuito será:

Associação de capacitores
Da mesma forma que os resistores, também é possível fazer uma
associação de capacitores e substituí-los por uma única capacitância
equivalente. Antes de entrar nos tipos de ligações propriamente ditas,
é importante conhecer a fórmula que relaciona capacitância e potencial
elétrico, a saber:

Fórmula:

onde:

- C: capacitância, em F;

- Q: carga armazenada no capacitor, em C;

- U: tensão ou potencial elétrico do capacitor, em V.


Eletricidade Básica 23

É importante ter conhecimento também das simbologias adotadas


para os capacitores em um circuito. As principais delas são mostradas na
Figura 10. Neste curso, será trabalhado apenas o capacitor presente na
Figura 10 (A).
Figura 10 – Simbologias: (a) capacitor de placas paralelas; (b) capacitor com polarização fixa;
(c) capacitor variável

Fonte: Elaborada pela autora.

A associação entre capacitores é dada pelas seguintes ligações:

Ligação em série: os capacitores são ligados em sequência, com a


mesma corrente passando por todos eles. Em uma associação em série
de N capacitores, a capacitância equivalente é dada por:

Fórmula:

Ligação em paralelo: os capacitores são conectados em dois


terminais em comum (todos eles), de forma que todos os capacitores
tenham o mesmo potencial elétrico. A capacitância equivalente de uma
associação com N capacitores ligados em paralelo é dada por:

Fórmula:

Ligação mista: é o tipo de associação em que há associações em


paralelo em parte do circuito e associações em série em outra parte. A
capacitância equivalente é calculada analisando-se as partes em paralelo
24 Eletricidade Básica

ou série em separado, simplificando o circuito a cada cálculo, até reduzir


a uma única capacitância.

Observe a Figura 11 e os exemplos de capacitores ligados em série


e paralelo.
Figura 11 – Associação de capacitores: (a) série; (b) paralelo

Fonte: Elaborada pela autora.

EXEMPLO: Observe a Figura 12 e calcule a capacitância equivalente


do circuito.
Figura 12 – Circuito do exemplo de associação de capacitores

Fonte: Elaborada pela autora.

RESOLUÇÃO: Analisando a Figura 12, percebe-se que se trata de


uma associação mista de capacitores. O procedimento para o cálculo
da capacitância equivalente deve ser feito por partes, como mostrado a
seguir:

1. Percebe-se que os capacitores C1 e C2 estão em série, assim a


capacitância equivalente desse ramo é:
Eletricidade Básica 25

2. De maneira análoga, percebe-se que os capacitores C5 e C6


também estão em série, e a capacitância em série desse ramo
respectivo é:

3. Observe a Figura 13 e veja como ficou o circuito da Figura 12 após


os cálculos anteriores.
Figura 13 – Circuito equivalente da Figura 12, após simplificações

Fonte: Elaborada pela autora.

Analisando a Figura 13, constata-se que o circuito foi reduzindo a


uma simples associação de capacitores em paralelo, e a capacitância
equivalente de todo o circuito é:

Associação de indutores
Último elemento passivo importante para ter seu modo de
associação estudado. De forma semelhante aos anteriores, indutores
podem ser ligados em série, em paralelo e de forma mista. Antes de
expressar as fórmulas e particularidades de cada tipo de ligação, é
necessário conhecer como os indutores são representados em um
circuito elétrico. Por essa razão, observe a Figura 14.
26 Eletricidade Básica

Figura 14 – Simbologias de um indutor: (A) mostrando os enrolamentos; (b) sem mostrar os


enrolamentos

Fonte: Elaborada pela autora.

Na rede de indutores, ou associação entre indutores, podem


ocorrer conexões em série, em paralelo ou mista. Em todas as formas de
ligação, é possível encontrar uma indutância equivalente, que representa
as contribuições de todos os indutores conectados para o circuito.

Ligação em série: os indutores são conectados um após o outro, em


sequência e a mesma corrente percorre todos eles. Para uma associação
de N indutores interligados em série, a indutância equivalente da ligação
é dada por:

Fórmula:

Ligação em paralelo: os indutores são interligados a dois pontos em


comum, de forma que todos eles sejam sujeitos a mesma diferença de
potencial. Para uma associação de N indutores conectados em paralelo, a
indutância equivalente é calculada pela equação a seguir:

Fórmula:

Ligação mista: como o próprio nome leva a crer, há uma mistura


de associações em série e paralelo entre indutores, em um mesmo
circuito. O cálculo da indutância equivalente deve ser feito analisando as
associações em separado até se reduzir a uma única ligação em série ou
paralelo entre indutores.

Para fixar os conceitos apresentados anteriormente, observe a


Figura 15, que traz exemplos de associações em série e paralelo entre
indutores.
Eletricidade Básica 27

Figura 15 – Associação entre indutores: (A) série; (b) paralelo

Fonte: Elaborada pela autora.

EXEMPLO: Observe a Figura 15 e calcule a indutância equivalente


do circuito.
Figura 16 – Circuito do exemplo de associação de indutores

Fonte: Elaborada pela autora.

RESOLUÇÃO: Analisando a Figura 15, nota-se que se trata de


uma associação mista entre indutores. Portanto, o cálculo da indutância
equivalente deve ser feito por partes, ou seja:

1. Nota-se que os indutores L2 e L3 estão ligados em série. Assim,


sua indutância equivalente é:
28 Eletricidade Básica

2. De maneira semelhante, percebe-se que os indutores L7 e L8


também estão em série e a indutância equivalente desse ramo é
dada por:

3. Para facilitar a visualização, observe o circuito resultante do


exemplo após os cálculos na Figura 17.
Figura 17 – Circuito equivalente da Figura 16, após simplificações

Fonte: Elaborada pela autora.

Agora, observando a Figura 17, pode-se notar que L1 está em


paralelo com Leq1 e que L5 também está em paralelo com Leq2. Assim, a
resistência equivalente dessas duas associações, respectivamente, é:

Agora analise o circuito da Figura 18, que é o novo arranjo do circuito


do exemplo após os novos cálculos.
Eletricidade Básica 29

Figura 18 – Circuito equivalente da Figura 17, após simplificações

Fonte: Elaborada pela autora.

Observando a Figura 18, nota-se que todo o circuito da Figura 16


foi resumido a uma simples associação de indutores em série. Assim, o
cálculo da indutância equivalente para o circuito inteiro é dado por:
30 Eletricidade Básica

RESUMINDO:

E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo


tudinho? Agora, só para termos certeza de que você
realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos
resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido o quanto
é importante conhecer as associações dos elementos
entre si, em especial os mostrados neste capítulo porque
eles são básicos em qualquer circuito. Os resistores podem
ser associados nas seguintes formas: série, com resistência
equivalente dada pela soma das resistências individuais;
em paralelo, com resistência equivalente dada pela soma
do inverso das resistências individuais ou de forma mista,
com resistências em série e paralelo. Os capacitores
também podem ser associados entre si, mas a associação
em série possui capacidade equivalente dada pela soma
do inverso das capacitâncias individuais; em paralelo pela
soma das capacitâncias individuais e de forma mista, é
preciso analisar o circuito em partes. Por fim, a associação
de indutores possui cálculo da indutância equivalente
de forma semelhante ao da resistência equivalente dos
resistores, isto é, a indutância equivalente em série é dada
pela soma das indutâncias individuais; em paralelo; pela
soma do inverso das indutâncias individuais; e na forma
mista, analisa-se o circuito de forma fragmentada, fazendo
o cálculo das partes em série e paralelo, de modo a reduzir
o circuito em uma associação mais simples.
Eletricidade Básica 31

Análise de circuitos elétricos

INTRODUÇÃO:

Ao término deste capítulo, você será capaz de analisar circuitos


mais complexos e calcular os parâmetros necessários.

Potência elétrica
Essa grandeza elétrica pode ser entendida como a quantidade de
energia elétrica consumida ou fornecida por um elemento ou até um
circuito elétrico. A unidade da potência elétrica, no SI, é Watt (W), em
homenagem ao matemático e engenheiro britânico James Watt, por suas
contribuições. O Watt é equivalente a Joule por segundo (J/s).

A potência em um circuito elétrico pode ser calculada por meio da


tensão e da corrente elétrica, ou seja:

Fórmula:

Onde:

- P: potência elétrica, em W;

- U: tensão ou potencial elétrico, em V;

- I: corrente elétrica, em A.

Relacionando a equação anterior com a Primeira Lei de Ohm, que


correlaciona tensão e corrente com a resistência elétrica, a potência
elétrica pode ser calculada também por:

Fórmula:

Em circuitos elétricos, há a chamada convenção passiva, que faz


uma referência ao sentido da corrente e ao potencial elétrico de um
elemento com a expressão da corrente, a saber:

• Expressão com sinal positivo: caso o sentido considerado para


corrente elétrica entre no terminal positivo do potencial elétrico do
componente em questão.
32 Eletricidade Básica

• Expressão com sinal negativo: se ocorrer o contrário. Observe a


Figura 19.
Figura 19 – Polaridades de referência e expressões de potência para um elemento ideal de
dois terminais

Fonte: Oliveira, 2018.

Circuitos básicos
Conheça alguns dos circuitos muito usados na eletrotécnica ou
eletrônica e que são base para outros circuitos mais complexos.

Divisor de tensão
É um circuito formado por várias resistências ligadas em série com
fonte de tensão qualquer. A tensão em cada uma das resistências é uma
fração do valor total da fonte de tensão. Como se trata de um circuito
em série, a corrente do circuito é a mesma para todos os elementos
conectados e a tensão se divide de acordo com a resistência individual
de cada resistor. Observe um exemplo desse circuito na Figura 20.
Eletricidade Básica 33

Figura 20 – Exemplo de um circuito divisor de tensão

Fonte: Elaborada pela autora.

A queda de tensão em cada resistor é dada pela Primeira Lei de


Ohm, ou seja, para um resistor K, a sua tensão é dada por:

Fórmula:

Como temos um circuito série, para uma associação de N resistores,


conectados a uma fonte de tensão Vs, a corrente total do circuito é dada
por:

Fórmula:

Para calcular a tensão do resistor k de forma direta em um circuito


divisor de tensão com N resistores, sem que seja necessário calcular a
corrente do circuito antes, pode-se usar a seguinte equação:

Fórmula:

Se todas as resistências do circuito divisor de tensão possuíssem o


mesmo valor R, a tensão se dividiria de forma homogênea e a tensão em
qualquer dos N resistores associados, seria:

Fórmula:

EXEMPLO: Calcule a tensão e a potência do resistor R5 do circuito


da Figura 21.
34 Eletricidade Básica

Figura 21 – Circuito do exemplo de circuito divisor de tensão

Fonte: Elaborada pela autora.

RESOLUÇÃO: Podemos resolver esse circuito usando as fórmulas


do divisor de corrente diretamente e depois a da potência, ou calculando
a corrente e, posteriormente, achando a potência. Nesse exemplo, o
cálculo será feito com base na fórmula do circuito divisor de corrente e
a outra forma é sugerida para ser feita pelo aluno, devendo chegar ao
mesmo resultado.

Circuito divisor de corrente


Esse circuito básico parte do princípio da Lei de Kirchhoff das
Correntes e, normalmente, é encontrado com uma associação em
paralelo de resistores ligados a uma fonte de corrente. A corrente em
cada um dos resistores é uma fração da corrente total injetada pela fonte
de corrente e o valor desta depende do módulo da resistência individual
de cada elemento conectado, sendo inversamente proporcional ao valor
da resistência. Observe um exemplo desse tipo de circuito na Figura 22.
Eletricidade Básica 35

Figura 22 – Exemplo de um circuito divisor de corrente

Fonte: Elaborada pela autora.

O cálculo da corrente em cada um dos resistores do circuito é feito


pela Primeira Lei de Ohm. Assim, para um resistor k conectado, a sua
corrente pode ser calculada por:

Fórmula:

Em que:

- Gk: é a condutância elétrica (inverso da resistência elétrica), em


Siemens (S);

- U: Tensão do resistor, em V.

Como se trata de um circuito em paralelo, a tensão em cada um


dos elementos do circuito é a mesma. Assim, para uma associação de
N resistores conectados em paralelo com uma fonte de corrente Is,
podemos calcular a tensão do circuito por meio da equação a seguir:

Fórmula:

Para calcular a corrente do resistor k de forma direta em um circuito


divisor de corrente com N resistores, sem que seja necessário calcular a
tensão do circuito antes, pode-se usar a seguinte equação:

Fórmula:

Utilizou-se a condutância para calcular a corrente de um único


resistor para facilitar os cálculos. Se todas as resistências do circuito divisor
de corrente possuíssem o mesmo valor R, a corrente se dividiria de forma
homogênea e a corrente, em qualquer dos N resistores associados, seria:
36 Eletricidade Básica

Fórmula:

EXEMPLO: calcule a corrente e a potência do resistor R3 do circuito


da Figura 23.
Figura 23 – Circuito do exemplo de circuito divisor de corrente

Fonte: Elaborada pela autora.

RESOLUÇÃO: é possível resolver esse circuito encontrando as


condutâncias e depois achando a corrente pela fórmula do divisor
de corrente ou por meio das Leis de Ohm e Kirchhoff. Nesse exemplo,
o cálculo será feito de maneira a encontrar as condutâncias e, depois,
aplicando a fórmula do divisor de corrente, a outra forma é deixada como
sugestão para o aluno validar os resultados e fixar a matéria.

As condutâncias são:

Agora, é possível encontrar a corrente no resistor 3 e, depois, a


potência dissipada por este, ou seja:
Eletricidade Básica 37

Circuito misto
Normalmente, os circuitos elétricos são formados por associações
mistas, ou seja, parte dos elementos está em série, outra parte em
paralelo. Para calcular os parâmetros desses circuitos, é preciso analisar
parte por parte e ir utilizando as Leis de Ohm e Kirchhoff. Às vezes, é até
necessário fazer algumas simplificações, como encontrar uma resistência
equivalente, para facilitar os cálculos. Observe a Figura 24.
Figura 24 – Exemplo de um circuito misto

Fonte: Elaborada pela autora.

EXEMPLO: Observe o circuito da Figura 25 e calcule todas as


correntes dos elementos.
Figura 25 – Circuito para o exemplo de circuito misto

Fonte: Elaborada pela autora.


38 Eletricidade Básica

RESOLUÇÃO: Antes de resolver qualquer circuito, é preciso adotar


os sentidos arbitrários para as correntes de cada ramo e as polaridades
dos elementos. Nos ramos em que há fontes de corrente, deve-se utilizar
o sentido de corrente da fonte como base e nas fontes de tensão, deve-
se considerar a corrente entrando no polo negativo e saindo no positivo.
Como os resistores são elementos sem polaridade própria e apenas
consumidores de energia, considera-se o terminal positivo aquele em
que a corrente entra, e negativo aquele do qual a corrente sai. Após essas
considerações, os sentidos adotados das correntes e as polaridades,
assim como os sentidos para percorrer as malhas, estão mostrados na
Figura 26.
Figura 26 – Polaridades e sentidos das correntes consideradas para a Figura 25

Fonte: Elaborada pela autora.

Analisando a Figura 26, adotando o sentido horário para percorrer


as malhas, lembrando que fonte de tensão define tensão e não corrente,
assim como uma fonte de corrente define corrente e não tensão e
considerando correntes entrando no nó como negativas e quedas de
tensão como positivas, temos:

Malha 1:

Mas, I1 = 5 A e
Eletricidade Básica 39

Então, substituindo (2) em (1), temos:

Malha 2:

Mas, substituindo (3) em (4), temos:

Usando a LKC, temos que:

Substituindo (6) em (5), temos:

Malha 3:

Substituindo (6) e (10) em (5), temos:


40 Eletricidade Básica

Substituindo (11) em (9), temos:

Agora, substituindo os valores encontrados nas demais equações,


obtemos os valores restantes das correntes, ou seja:

Obs.1: Pode-se usar a equação (5) para encontrar I3 e se encontrar


o mesmo resultado.

(7):

Obs.2: Pode-se usar a equação (2) para encontrar I3 e se encontrar


o mesmo resultado.

Obs.3: O sentido negativo da corrente I2 indica apenas que o sentido


está ao contrário. Significa que a seta da corrente está indo da esquerda
para a direita em vez da direita para a esquerda, como está na Figura 26.
Isso acontece porque há uma associação de fontes de tensão e corrente
no circuito. Assim pode ocorrer de alguma delas estar absorvendo energia
também, além de fornecer.

A resposta completa, de acordo com a Figura 26, fica:


Eletricidade Básica 41

RESUMINDO:

E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu


mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de
que você realmente entendeu o tema de estudo deste
capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter
aprendido o que é a potência elétrica, sua importância na
eletricidade, como calculá-la e a convenção utilizada para
considerar se a potência de um determinado elemento é
positiva (consome energia) ou negativa (fornece energia).
Você também viu como analisar circuitos básicos na
eletrotécnica ou eletrônica, entre eles: o divisor de tensão,
o qual consiste de uma associação em série de resistores e
fonte de tensão, de maneira que a tensão de cada resistor
é uma parcela a tensão total da fonte; o divisor de corrente,
o qual é uma ligação de resistores e fonte de corrente em
paralelo, e que a corrente em cada resistor é uma parcela
da corrente total que a fonte injeta no circuito. Por fim, viu
um exemplo de um circuito misto, que é mais comum de
se encontrar na prática, sendo este composto por fontes e
resistores ligados parte em paralelo e parte em série. E viu
as peculiaridades da análise de um circuito desse tipo.
42 Eletricidade Básica

Aplicações com circuitos elétricos


INTRODUÇÃO:

Ao final deste capítulo, você estará apto a entender


as principais aplicações com circuitos elétricos e seu
funcionamento.

Introdução
Neste capítulo, serão mostrados circuitos elétricos muito importan-
tes no dia a dia e seu funcionamento. Detalhes da análise serão omitidos
porque alguns desses circuitos necessitam de matemática avançada para
calcular seus parâmetros e fogem do escopo deste curso.

A finalidade maior deste capítulo é entender como muitos dos


componentes vistos nesta unidade e na anterior são utilizados na prática.

Circuito para ligar lâmpadas LED


Há vários tipos de lâmpadas LED no mercado, das mais variáveis
potências, usados para iluminar ambientes, para sinalizações de aparelhos
eletrônicos (como as luzes de carga de um carregador portátil), para pisca-
piscas etc. Um LED é um diodo que, quando polarizado diretamente,
emite luz, e a tensão limiar para fazer com que o LED conduza depende
da cor emitida por este.

Uma boa maneira de entender o funcionamento de circuitos com


LEDs são os pisca-piscas, as famosas luzes de Natal, as quais, hoje, são
formadas na maioria por LEDs em série ou paralelo, conectados a uma
fonte de tensão, no caso a tomada. Observe a Figura 27 e veja o símbolo
utilizado para representar um LED em um circuito elétrico.
Eletricidade Básica 43

Figura 27 – Simbologia de um de Light-Emitting Diode (LED) em um circuito elétrico

Fonte: Elaborada pela autora.

Os pisca-piscas podem ser ligados em série ou em paralelo.


Podemos resumir o funcionamento deles sem nos atermos ao circuito
que muda a forma como eles “piscam” e às vezes até muda a música, da
seguinte forma:

• Série: há a ligação de forma sequencial de vários LEDs a uma


fonte de tensão. Caso um dos LEDs queime, todos os outros se
apagarão porque não há passagem para a corrente no circuito.
Há pelo menos um resistor antes dos LEDs de forma a limitar a
corrente da fonte e não danificar os diodos LED. Veja a Figura 28.
Figura 28 – Circuito em série com LEDs

Fonte: Elaborada pela autora.

• Paralelo: nessa situação, os LEDs estão conectados em paralelo


com a fonte de tensão. Antes dos LEDs há pelo menos um resistor
com o objetivo de limitar a corrente fornecida pela fonte, para não
danificar os diodos LEDs. Caso um dos LEDs queime, os outros
44 Eletricidade Básica

continuarão acesos porque, em paralelo, há vários caminhos para


a corrente passar. Observe a Figura 29.
Figura 29 – Circuito com LEDs conectados em paralelo

Fonte: Elaborada pela autora.

A fonte de tensão adotada nos circuitos das Figuras 28 e 29 é do


tipo que dá origem a uma corrente contínua. Se utilizássemos a tomada
de uma residência como fonte, seria necessário um circuito retificador
(mostrado mais à frente) e abaixador de tensão para não queimar os LEDs.

Circuito retificador de onda completa


Como comentado na Unidade 01, a corrente elétrica originada
das tomadas residenciais é do tipo alternada, ou seja, ela oscila entre
amplitudes positivas e negativas durante seu ciclo. Para facilitar o
entendimento, observe a Figura 30, nela é mostrado um gráfico do
comportamento de uma corrente alternada em um determinado tempo.
Figura 30 – Forma de onda de uma corrente alternada senoidal em um dado período de
tempo

Fonte: Wikimedia Commons.


Eletricidade Básica 45

Esse tipo de corrente é usado na geração de energia nas hidrelé-


tricas, na transmissão e na distribuição até chegar a nossas casas. Porém,
a maioria dos eletrônicos usa correntes contínuas, as quais possuem um
valor constante fixo e não há passagem pelo zero, como mostrado na
Figura 30. Para resolver esse problema, são usados circuitos retificadores,
que têm por objetivo converter essa corrente alternada em contínua, para
assim aparelhos eletrônicos com TVs modernas, celulares, computadores
e outros possam ser energizados. Observe a representação de uma fonte
de tensão senoidal na Figura 31.

Um circuito retificador é formado, normalmente, de diodos, resistores


e capacitores. Os diodos servem para deixar passar a corrente apenas em
um semiciclo da corrente alternada, ou seja, há diodos que só funcionam
quando a corrente é positiva e outros quando é negativa, pois estão com
posição invertida em relação aos primeiros. O resistor serve para limitar
a corrente da fonte; o capacitor serve como filtro, evitando e deixando a
corrente mais uniforme e próxima da contínua requerida pela carga.

O retificador de onda completa recebe esse nome porque há


corrente fluindo para carga nos dois semiciclos da fonte. Quando só há
corrente fluindo para a carga apenas no semiciclo positivo ou negativo, o
circuito recebe o nome de retificador de meia onda.
Figura 31 – Simbologia de uma fonte de tensão senoidal, de frequência 60 Hz

Fonte: Elaborada pela autora.

Agora que você já conhece um pouco do funcionamento de um


retificador de onda completa, veja na Figura 32 um exemplo desse
circuito aplicado para uma fonte de tensão senoidal semelhante a tensão
encontrada nas tomadas residenciais.
46 Eletricidade Básica

Figura 32 – Exemplo de circuito retificador de onda completa

Fonte: Elaborada pela autora.

A partir do circuito da Figura 32, é possível ligar um LED ou uma


associação de LEDs, sem a necessidade de uma fonte de tensão contínua.
Para ligar diretamente o LED à tomada, é necessário fazer um estudo do
tipo de LED, o valor do resistor, o capacitor e o tipo do diodo, na prática. No
entanto, um esquema da ligação de LEDs em paralelo com um retificador
de onda completa é mostrado na Figura 33.
Figura 33 – LEDs em paralelo ligados a um retificador de onda completa

Fonte: Elaborada pela autora.

Circuitos amplificadores
Outro tipo de circuito bastante importante no dia a dia são os circuitos
amplificadores. Sua função é melhorar a amplitude de um sinal fraco e
deixá-lo com uma energia ou potência adequada para uma determinada
aplicação. Por exemplo, os sinais de rádio ou televisão viajam na atmosfera
e são captados por antenas receptoras nos aparelhos. No entanto,
esses sinais possuem uma potência extremamente baixa se fossem
reproduzidos da mesma maneira que são captados, um chiado seria
Eletricidade Básica 47

reproduzido ou talvez nada. Para solucionar esse problema, são utilizados


circuitos amplificadores, os quais recebem esse sinal de potência ínfima e
os deixam com uma potência adequada para serem reproduzidos.

Há vários tipos de circuitos amplificadores, cada um específico


para uma determinada aplicação. Dependendo do seu uso, podemos
ter circuitos enormes e bem complexos. Eles podem utilizar circuitos
integrados, transistores, capacitores, resistores e outros componentes.
Alguns tipos de amplificadores são encontrados montados em uma placa
pronta para a venda, já outros, para aplicações mais específicas, precisam
ser montados manualmente, sendo preciso fazer todo o cálculo dos seus
componentes.

Como o intuito deste capítulo é apenas oferecer uma base teórica


para algumas aplicações com circuitos, a explicação dos circuitos
amplificadores vai se ater a casos simples, como o de um circuito
amplificador de áudio, mostrado na Figura 34.
Figura 34 – Circuito de um amplificador de áudio usando o alto-falante como microfone

Fonte: Elaborada pela autora.

O circuito da Figura 34 pode ser usado com um alto-falante de


baixa impedância (4 ou 8Ω), que pode ser utilizado como um microfone,
mas é preciso haver uma pré-amplificação do sinal no alto-falante. Esse
esquema pode excitar uma gama enorme de amplificadores de som. O
transistor bipolar de junção (TBJ) do tipo PNP é usado para amplificar
o sinal recebido do alto-falante e, assim, permitir a excitação do pré-
amplificador. A alimentação desse circuito se dá por uma bateria de 9
ou 12V e a corrente é da ordem de miliamperes, não causando nenhum
48 Eletricidade Básica

dano ao aparelho de som conectado ao circuito por meio do cabo. Como


são poucos componentes, é possível montar esse circuito em uma caixa
pequena e discreta.

SAIBA MAIS:

Clique aqui e fique por dentro do assunto.

Filtros passivos
São circuitos formados por elementos passivos, tais como resisto-
res, indutores e capacitores, com o objetivo de filtrar determinadas fre-
quências indesejáveis. Essa associação de elementos passivos se trata,
no geral, de circuitos atenuadores, ou seja, possuem ganho menor do
que um. Enquanto um amplificador tem a função de melhorar um sinal,
aumentando sua energia, os filtros “diminuem” esse sinal, rejeitando uma
parte dele que não tem utilidade.

Para entender melhor a função de um filtro, use o exemplo de um


sinal de ondas de rádio que passou pelo amplificador do aparelho de som.
Esse sinal foi amplificado para ser perceptível pelo ser humano, mas algum
ruído que veio junto com o sinal também foi amplificado. Colocando-se um
filtro, para deixar passar apenas a frequência desejada (por exemplo, ondas
de rádio FM usam altas frequências e AM frequências menores), pode-se
separar o ruído do sinal de rádio e reproduzir um som limpo e agradável.

Como há várias possibilidades de ligações entre esses elementos,


também são várias as aplicações para os filtros passivos. Em corrente
alternada, eles podem filtrar sinais de imagens, sons, ruídos elétricos
oriundos das transmissões de dados, entre outros. Veja alguns exemplos
desses filtros passivos a seguir.
Eletricidade Básica 49

Filtro passa baixa


São filtros passivos com o intuito de bloquear sinais de alta frequência
e deixar passar os sinais de frequências mais baixas. A determinação da
faixa de frequência que vai ser deixada passar ou ser bloqueada é feita
por meio dos valores dos componentes, cujo cálculo envolve matemática
avançada e transformada de Fourier e foge do escopo deste curso. Veja
um exemplo de um filtro passa baixa formado por um resistor, associado
à entrada do sinal, e um capacitor na saída na Figura 35.

Importante: Esse tipo de filtro é usado em circuitos de áudio, sensores


de circuitos com baixas frequência, em aplicações de telecomunicações
e até em setores industriais.
Figura 35 – Filtro passa baixa passivo com resistor e capacitor

Fonte: Elaborada pela autora.

Filtro passa alta


Possui finalidade oposta à do anterior, ou seja, deixa passar
frequências altas e bloqueia sinais de baixa frequência. Esse filtro pode
ser implementado com uma associação de resistor e capacitor ou resistor
e indutor. A utilização por uma das formas vai depender da aplicação.

Ao se utilizar esse filtro com a associação resistor-capacitor, a


montagem deve ser diferente da considerada na Figura 35. Veja na Figura
36 como um filtro passa alta formando um capacitor e um indutor é
implementado.
50 Eletricidade Básica

Figura 36 – Filtro passa alta passivo com resistor e capacitor

Fonte: Elaborada pela autora.

A maioria das aplicações desse filtro está ligada à área de imagens


e sons, e ele pode servir como um protetor para um alto-falante, fazendo
com que este não reproduza sons muito grandes, sinais de baixa
frequência, os quais podem causar danos ao aparelho.

Filtro passa faixa


O intuito desse filtro é deixar passar uma faixa de frequência
desejada, bloqueando as ondas de frequência inferiores ou superiores à
frequência escolhida. Esse filtro é formado por uma associação de resistor,
indutor e capacitor, e o cálculo da frequência desejada se dá por meio de
uma função de transferência envolvendo os parâmetros do circuito.

Capacitores e indutores se comportam de maneira diferente em


relação à frequência. Para baixas frequências, o capacitor atenuará o sinal.
Para altas frequências, o indutor será responsável por essa atenuação.
Assim, apenas o que está no “meio” dessas atenuações passará, ou seja,
apenas uma faixa de frequência não será atenuada. Veja um exemplo
desse circuito na Figura 37.
Eletricidade Básica 51

Figura 37 – Filtro passa faixa passivo com resistor, indutor e capacitor

Fonte: Elaborada pela autora.

Esse tipo de filtro possui um grande número de aplicações. A mais


usual delas se refere aos aparelhos de rádio. É muito comum um usuário
trocar a frequência de uma estação de rádio para outra. Essa troca é
possível graças ao filtro passa faixa, que seleciona a frequência desejada
e bloqueia as outras. O botão de ajuste de frequência do aparelho pode
ser apontado em cima de um resistor ajustável, como o potenciômetro, e,
à medida que o usuário gira o botão, o valor da resistência muda e assim
muda a frequência de ajuste do rádio.
52 Eletricidade Básica

RESUMINDO:

E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo


tudinho? Agora, só para termos certeza de que você
realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo,
vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido
as aplicações de diversos circuitos elétricos, como um
circuito usado para ligar lâmpadas LED, as quais podem
ser associadas em série, com a mesma corrente passando
por todas e caso uma queime, todo o circuito é desligado;
ou serem ligadas em paralelo, com a corrente se dividindo
entre as lâmpadas e no caso de falha de alguma delas, o
circuito permanecerá funcionando. Viu também um circuito
retificador de onda completa, usado para converter uma
corrente senoidal alternada, como a oriunda das tomadas
residenciais, em corrente contínua, que é necessária para
vários aparelhos eletroeletrônicos. Também foi comentado
sobre os circuitos amplificadores, sua finalidade e seus
componentes, sendo mostrado um esquema de um
amplificador de áudio simples, usando o alto-falante como
microfone. Por fim, você aprendeu sobre os filtros passivos,
os quais são formados por elementos como resistores,
indutores e capacitores. Esses filtros possuem várias
aplicações, sendo as principais delas no processamento de
áudio e vídeo. Viu também exemplos de filtros passa baixa,
passa alta e passa faixa.
Eletricidade Básica 53

REFERÊNCIAS
ALEXANDER, C. K.; SADIKU, M. N. O.  Fundamentos de circuitos
elétricos. 5. ed. Porto Alegre: AMGH Editora Ltda., 2013. 896 p. ISBN 978-
85-8055-173-0.

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em: http://aplnx.blogspot.com/2012/09/circuitos-amplificador-audio.
html#indice. Acesso em: 06 dez. 2020.

CAMPOS, F.  Aplicações e circuitos práticos de sistemas digitais.


2016. 21 p. Notas de Aula (Tecnólogo em Eletrônica). [S. l.]: Universidade
Federal do Rio de Janeiro, 2016.

CITOLINO, L. V. L.  Circuitos elétricos equivalentes: aplicações


tecnológicas e abordagem para o ensino de Física. Orientador: Profa. Dra.
Clarissa de Almeida Olivati. 2015. 46 p. Trabalho de Conclusão de Curso
(Licenciatura em Física) - Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita
Filho, Presidente Prudente, SB, 2015.

ELECTRONICA PT. LED, Díodo Emissor de Luz. [S. l.], 2020. Disponível


em: https://www.electronica-pt.com/led. Acesso em: 06 dez. 2020.

L. Gustavo Exercícios e Projetos do. Efeito pelicular, o que é? YouTube.


Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=Su4MmNQhr6s&ab_
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NILSSON, J W.; RIEDEL, S. A.  Circuitos elétricos. 10. ed. São Paulo:
Pearson Education do Brasil, 2016. 873 p. ISBN 978-85-4301-812-
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OLIVEIRA, A. C.  Circuitos Elétricos I. 2018. 100 p. Notas de Aula


(Bacharelado em Engenharia Elétrica) – Universidade Federal de Campina
Grande, Campina Grande, PB, 2018.

MONTEIRO, A. L. R. Capítulo 1: Filtros Passivos. 2018. 16 p. Apostila


(Bacharelado em Engenharia Eletrônica). Campo Mourão, PR: Universidade
Federal do Paraná, 2018.

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