CN Ana Nota Tecnica 46 2018 SPR
CN Ana Nota Tecnica 46 2018 SPR
CN Ana Nota Tecnica 46 2018 SPR
Documento no 00000.040424/2018-44
Em 28 de junho de 2018.
Essa nota técnica é sobre a metodologia aplicada para a produção da base vetorial com
o Curve Number (CN) para a Base Hidrográfica Ottocodificada de 2014, ou simplesmente
BHO_CN_2018, de escala de 1:250.000, e serve como o seu metadado. Onde não for
especificada a referência bibliográfica, todos os textos sobre temas de hidrologia foram
baseados em Tucci (2004).
INTRODUÇÃO
O método curve number desenvolvido pelo SCS (Soil Conservation Service – 1957) é um
método simples, muito difundido e eficiente para determinar o volume aproximado de
escoamento superficial de um evento de chuva em uma região. Apesar de o método ser
delineado para um evento particular de chuva, ele pode ser escalonado para se encontrar
valores anuais de escoamento superficial. Os dados de entrada pras se utilizar esse método são
poucos: quantidade de chuva e curve number (CN). O CN é baseado na classe hidrológica do
solo e no uso da terra e ocupação do solo da bacia.
A equação um (1) é a equação geral para o método curve number do SCS:
(𝑃 − 𝐼𝑎)²
𝑄= (1)
(𝑃 − 𝐼𝑎) + 𝑆
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Onde:
𝑄 = escoamento artificial
𝑃 = Precipitaqção
𝑆 = Máxima retenção potencial depois que começa o escoamento superficial
𝐼𝑎 = Perdas iniciais
𝐼𝑎 = 0,2 𝑆 (2)
Assim a equação 3 pode ser reescrita de um modo simplificado com apenas três variáveis.
(𝑃 − 0,2 𝑆)²
𝑄= (3)
(𝑃 − 0,8 𝑆)
1000
𝑆= − 10 (4)
𝐶𝑁
Como primeiro dado de entrada para a produção da BHO_CN foi utilizado o mapa de
Cobertura e Usa da Terra do Brasil para o ano de 2014 (vide metodologia geral em IBGE, 2013).
Esse mapa é resultado das atividades desenvolvidas pela Coordenação de Geociências do IBGE
referentes ao mapeamento sistemático do uso da terra no território brasileiro. Trata-se uma grade
vetorial quadriculada, em que cada quadrícula tem uma área de 1km² (1 km x 1 km), na escala
de 1:250.000, em um total de 8.736.375 quadrículas que cobrem todo o território brasileiro.
Esse dado é baseado em interpretação de imagens do satélite Landsat, e na ausência
desse, imagens do satélite Resourcesat ou imagens de radar, especialmente para o litoral
nordestino e para a Amazônia, onde a presença de nuvens é comum. Outro instrumento que é
utilizado nesse mapeamento sistemático do IBGE são imagens disponibilizadas pelo Google
Earth, que, por sua possibilidade de grande discriminação de alvos, tem auxiliado na eliminação
de dúvidas de interpretação.
No mapeamento da Cobertura e do Uso da Terra, a interpretação de imagens digitais de
sensores remotos visa à identificação de padrões de imagem que guardem certa
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Nota Técnica nº 46/2018/SPR
homogeneidade e que possam ser representados na escala pretendida, segundo as classes
previamente definidas.
As classes de utilizadas nesse mapeamento são mostradas na tabela 1, onde na primeira
coluna são mostradas o número de quadrículas com área de 1 km² pertencentes a cada classe.
O anexo I traz uma figura que demonstra como as características cartográficas desse dado.
Tabela 1: Classes de Uso da Terra e Ocupação do Solo
Quadrículas Classe de Uso da terra e Ocupação do Solo
43.071 Área Artificial
604.163 Área Agrícola
1.036.546 Pastagem com Manejo
837.723 Mosaico de Área Agrícola com Remanescentes Florestais
90.431 Silvicultura
3.232.536 Vegetação Florestal
540.084 Mosaico de Vegetação Florestal com Atividade Agrícola
138.770 Vegetação Campestre
40.826 Área Úmida
1.613.275 Pastagem Natural
430.044 Mosaico de Área Agrícola com Remanescentes
120.724 Campestres
Corpo d'Água Continental
3.695 Corpo d'Água Costeiro
4.487 Área Descoberta
Como segundo dado de entrada para a produção da BHO_CN foi utilizado o mapa
pedológico multiescalas compilado pela Coordenação de Conjuntura dos Recursos Hídricos da
ANA (ANA, 2017). Trata-se uma base vetorial poligonal na escala de 1:250.000, a qual é o
resultado da integração de mapas pedológicos de diversas fontes (tais como IBGE, Embrapa e
mapas pedológicos estaduais). O anexo II traz uma figura em que se pode visualizar o mapa
pedológico preparado pela ANA e utilizado neste trabalho.
As classes hidrológicas dos solos brasileiros foram propostas por Sartori et al (2005). Os solos
são classificados em 4 grupos (A, B, C e D) de acordo com o grau de resistência à erosão. No
grupo A estão os solos com alta resistência à erosão, sendo que os grupos B, C e D compreendem
os solos com graus de resistência à erosão moderada, baixo e muito baixo, respectivamente. As
características dos grupos hidrológicos dos solos apresentadas pelo SCS são:
Grupo A: Compreende os solos com baixo potencial de escoamento e alta taxa de
infiltração uniforme quando completamente molhados, consistindo principalmente de areias ou
cascalhos, ambos profundos e excessivamente drenados. Taxa mínima de infiltração: > 7,62
mm/h;
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Grupo B: Compreende os solos contendo moderada taxa de infiltração quando
completamente molhados, consistindo principalmente de solos moderadamente profundos a
profundos, moderadamente a bem drenados, com textura moderadamente fina a
moderadamente grossa. Taxa mínima de infiltração: 3,81-7,62 mm/h;
Grupo C: Compreende os solos contendo baixa taxa de infiltração quando
completamente molhados, principalmente com camadas que dificultam o movimento da água
através das camadas superiores para as inferiores, ou com textura moderadamente fina e baixa
taxa de infiltração. Taxa mínima de infiltração: 1,27-3,81 mm/h;
Grupo D: Compreende os solos que possuem alto potencial de escoamento, tendo uma
taxa de infiltração muito baixa quando completamente molhados, principalmente solos argilosos
com alto potencial de expansão. Pertencem a este grupo, solos com grande permanência de
lençol freático elevado, solos com argila dura ou camadas de argila próxima da superfície e
solos expansivos agindo como materiais impermeabilizantes próximos da superfície. Taxa mínima
de infiltração: < 1,27 mm/h.
De acordo com essas definições e tendo em vista as características dos solos brasileiros, a
classificação hidrológica de solos para as condições brasileiras são (Sartori, 2005):
Grupo Hidrológico A:
LATOSSOLO AMARELO, LATOSSOLO VERMELHO AMARELO, LATOSSOLO VERMELHO, ambos
de textura argilosa ou muito argilosa e com alta macroporosidade; LATOSSOLO AMARELO E
LATOSSOLO VERMELHO AMARELO, ambos de textura média, mas com horizonte superficial não
arenoso.
Grupo Hidrológico B:
LATOSSOLO AMARELO e LATOSSOLO VERMELHO AMARELO, ambos de textura média, mas
com horizonte superficial de textura arenosa; LATOSSOLO BRUNO; NITOSSSOLO VERMELHO;
NEOSSOLO QUARTZARÊNICO; ARGISSOLO VERMELHO ou VERMELHO AMARELO de textura
arenosa/média, média/argilosa, argilosa/argilosa ou argilosa/muito argilosa que não
apresentam mudança textural abrupta.
Grupo Hidrológico C:
ARGISSOLO pouco profundo, mas não apresentando mudança textural abrupta ou
ARGISSOLO VERMELHO, ARGISSOLO VERMELHO AMARELO e ARGISSOLO AMARELO, ambos
profundos e apresentando mudança textural abrupta; CAMBISSOLO de textura média e CAMBIS-
SOLO HÁPLICO ou HÚMICO, mas com características físicas semelhantes aos LATOSSOLOS
(latossólico); ESPODOSSOLO FERROCÁRBICO; NEOSSOLO FLÚVICO.
Grupo Hidrológico D:
NEOSSOLO LITÓLICO; ORGANOSSOLO; GLEISSOLO; CHERNOSSOLO; PLANOSSOLO;
VERTISSOLO; ALISSOLO; LUVISSOLO; PLINTOSSOLO; SOLOS DE MANGUE; AFLORAMENTOS DE
ROCHA; Demais CAMBISSOLOS que não se enquadram no Grupo C; ARGISSOLO VERMELHO
AMARELO e ARGISSOLO AMARELO, ambos pouco profundos e associados à mudança textural
abrupta.
Para cada tipo de solo constante na base pedológica utilizada (vide anexo II) foi atribuída
uma classe hidrológica conforme as descrições acima, com a complementação de estudos
mais detalhados para as características do latossolos (Ker, 1997), que são os solos mais
abundantes no território brasileiro, vide tabela 2 (ANA, 2017).
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Nota Técnica nº 46/2018/SPR
Tabela 2. Distribuição das áreas e porcentagens do primeiro nível categórico da classificação
de solos no território nacional
Ordem Área (km²) Porcentagem (%)
Latossolo 28.089.9874 33,03
Argissolo 244.191.926 28,72
Neossolo 114.168.755 13,43
Gleissolo 46.723.632 5,50
Plintossolo 42.589.483 5,01
Cambissolo 42.451.087 4,99
Luvissolo 22.738.807 2,67
Planossolo 19.806.763 2,33
Espodossolo 17.418.616 2,04
Nitossolo 10.939.937 1,28
Chernossolo 2.792.105 0,32
Vertissolo 2.022.160 0,23
Organossolo 785.597 0,09
Outros 275.3291 0,32
a
BASE DE DADOS VETORIAIS – MAPA DE OTTOBACIAS
Como terceiro e último dado de entrada para a produção da BHO_CN foi utilizada a Base
Hidrográfica Ottocodificada da Agência Nacional de Águas (ANA), versão 2014 (BHO- 2014).
Tratam-se de polígonos chamados de ottobacias onde cada ottobacia se refere a um único
trecho de drenagem ou curso d’água. A escala das ottobacias na BHO – 2014 variam no território
brasileiro e a tabela 3 traz um quadro informativo com as escalas da ottobacias referentes a
diferentes estados ou bacias do território brasileiro.
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TABELA CN UTILIZADA
Tendo como base os valores do parâmetro CN para as bacias rurais e para bacias urbanas
e suburbanas (Tucci, 2004), os valores de CN utilizados para a criação da BHO_CN_2018 são
descritos na tabela 4.
BIBLIOGRAFIA
ANA. Produto 2: Base de dados e relatório sobre a consolidação de mapas de solo. 2017.
IBGE. Manual técnico de uso da terra. 3ª Edição, 2013.
KER, J. Latossolos do Brasil: uma revisão. Geonomos. V.5, n.1, 1997.
SARTORI, A.; NETO, F.; GENOVEZ, A. Classificação hidrológica de solos brasileiros para estimativa
da chuva excedente com o método do serviço de conservação do solo dos Estados Unidos Parte
1: Classificação. Revista Brasileira de Recursos Hídricos. V.10, n.4, p.5-18, 2005.
TUCCI, C. Escoamento artificial. In: TUCCI, C. (Organizador). Hidrologia 4: ciência e aplicação.
(p.391 – 441), ABRH/UFRGS, Porto Alegre, 2004.
Atenciosamente,
(assinado eletronicamente)
FILIPE SAMPAIO CASULARI PINHATI
Especialista em Geoprocessamento
De acordo.
(assinado eletronicamente)
MARIANE MOREIRA RAVENELLO
Coordenadora de Estudos Hidrológicos
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ANEXO I – Mapa de uso da terra e ocupação do solo de 2014 (IBGE)
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ANEXO II – Mapa pedológico (ANA, 2017)
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ANEXO III – Cruzamento de camadas para obtenção de CN por grade de 1 km x 1km
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ANEXO IV – Grade vetorial de 1 km x 1km com o CN para o território brasileiro
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ANEXO V – Panorama geral da BHO_CN_2018
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