Dissertação Mestrado Rodrigo Shimasaki 2021 Final
Dissertação Mestrado Rodrigo Shimasaki 2021 Final
Dissertação Mestrado Rodrigo Shimasaki 2021 Final
RODRIGO SHIMASAKI
Londrina
2021
RODRIGO SHIMASAKI
Londrina
2021
Shimasaki, Rodrigo.
Inteligência artificial: possibilidades nos processos de ensino e
de aprendizagem / Rodrigo Shimasaki. - 2021
107 f.
RESUMO
ABSTRACT
1 INTRODUÇÃO......................................................................................................... 14
1.1 TRAJETÓRIA ACADÊMICA E PROFISSIONAL ............................................ 14
1.2 CONTEXTO DA PESQUISA........................................................................... 15
1.2.1 Objetivo Geral .......................................................................................... 17
1.2.2 Objetivos Específicos............................................................................... 17
1.3 JUSTIFICATIVA.............................................................................................. 17
1.4 METODOLOGIA DA PESQUISA .................................................................... 18
1.4.1 Etapas da Pesquisa ................................................................................. 20
2 INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL: HISTÓRIA E CONCEITOS ...................................... 22
2.1 CONTEXTO HISTÓRICO DA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL ........................... 22
2.2 CONCEITOS DE INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL .............................................. 27
2.3 INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL E O ENSINO ..................................................... 29
3 INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL NA EDUCAÇÃO: VISÃO TEÓRICA......................... 32
3.1 CONSTITUIÇÃO DO ESTUDO DE IA NA EDUCAÇÃO ................................. 32
3.2 IA E DOCUMENTOS OFICIAIS BRASILEIROS ............................................. 33
3.3 PUBLICAÇÕES SOBRE IA NA EDUCAÇÃO ................................................. 36
3.3.1 Ensino Colaborativo e IA ......................................................................... 41
3.3.2 Professores e IA ...................................................................................... 43
3.3.3 Sistema de Tutores Inteligentes (STI)...................................................... 51
3.3.4 Sistemas Educacionais baseados em IA ................................................. 53
3.3.5 Preocupações e ética na utilização de IA na educação ........................... 55
3.3.6 Avaliação e IA .......................................................................................... 60
3.3.7 Tecnologias de Ensino e Aprendizagem baseados em IA ....................... 61
4 ANÁLISE DE RESULTADOS ................................................................................. 68
4.1 REVISÃO SISTEMÁTICA DE LITERATURA .................................................. 68
4.1.1 Análise preliminar da Revisão Sistemática de Literatura ......................... 68
4.2 ANÁLISE DOS EIXOS TEMÁTICOS .............................................................. 77
4.2.1 Eixo 1: Sistemas de Tutores Inteligentes (STI) ........................................ 80
4.2.2 Eixo 2: Ambientes Virtuais de Aprendizagens Inteligentes ...................... 85
4.2.3 Eixo 3: Ensino Adaptativo ........................................................................ 89
4.2.4 Eixo 4: Inteligência Artificial em outras aplicações .................................. 91
4.3 UM OLHAR GLOBAL SOBRE AS PESQUISAS ANALISADAS ..................... 95
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................... 98
REFERÊNCIAS .................................................................................................. 103
14
1 INTRODUÇÃO
Objetivos
1.3 JUSTIFICATIVA
“A pesquisa bibliográfica não é mera repetição do que já foi dito ou escrito sobre
algum assunto, mas propicia o exame de um tema sob novo enfoque ou abordagem,
chegando a conclusões inovadoras” (MARCONI; LAKATOS, 2008, p. 57).
Desse modo, por meio das leituras prévias sobre a temática e suas bases
teóricas, formularam-se os objetivos, a identificação das fontes e as relações entre os
objetos de pesquisa, tal qual a consistência da importância do tema abordado, pois,
conforme Gil (2012, p.74), a pesquisa bibliográfica deve conter os seguintes objetivos:
repositório;
6.Incluir teses e dissertações publicadas no Brasil em um período específico;
7.Excluir os estudos, após leitura dos resumos, cujo conteúdo não seja
pertinente ao tema pesquisado;
8.Validar a pesquisa conforme aplicação dos critérios de inclusão/exclusão;
9.Organizar as informações de forma coerente para permitir análise das obras;
10. Depurar e tratar os dados através da leitura integral dos textos, e dessa
forma, responder à questão levantada pela presente pesquisa;
11. Concluir o estudo das publicações acadêmicas gerando novas informações
acerca do assunto pesquisado.
Após a seleção das leituras sobre a temática, foi elaborado um reconhecimento
das informações mais importantes para a construção e organização das ideias
relevantes.
aprendem e criam. Além disso, sua capacidade de realizar essas atividades está
crescendo rapidamente até o ponto — em um futuro visível — no qual a variedade de
problemas com que elas poderão lidar será correspondente à variedade de problemas
com os quais lida a mente humana”. (RUSSEL; NORVIG, 2013, p. 20).
1986 até a atualidade – O retorno das redes neurais. Em meados dos anos
1980, pelo menos quatro grupos diferentes reinventaram o algoritmo de aprendizado
por retroprogramação. O algoritmo foi aplicado a muitos problemas de aprendizado
em ciência da computação e psicologia. Os chamados “modelos conexionistas” para
sistemas inteligentes, eram vistos por alguns como concorrentes diretos dos modelos
simbólicos promovidos por Newell e Simon e da abordagem logicista de McCarthy e
outros pesquisadores (SMOLENSKY, 1988). Embora aparente ser óbvio que, em
certo nível, os seres humanos manipulam símbolos — de fato, o livro de Terrence
“Deacon, The Symbolic Species” (1997), sugere que essa é a característica que define
os seres humanos —, os conexionistas mais fervorosos questionavam se a
manipulação de símbolos tinha qualquer função explicativa real em modelos
detalhados de cognição. Como ocorreu com a separação da IA e da ciência cognitiva,
a pesquisa moderna de rede neural se bifurcou em dois campos: um preocupado com
a criação de algoritmos e arquiteturas de rede eficazes e a compreensão de suas
propriedades matemáticas, e o outro preocupado com a modelagem cuidadosa das
propriedades empíricas de neurônios reais e conjuntos de neurônios.
1987 até a atualidade – A IA se torna uma ciência. Nos últimos anos, houve
uma revolução no trabalho em inteligência artificial, tanto no conteúdo quanto na
metodologia. Agora é mais comum usar as teorias existentes como bases, em vez de
propor teorias inteiramente novas; fundamentar as afirmações em teoremas rigorosos
ou na evidência experimental rígida, em vez de utilizar como base a intuição e
destacar a relevância de aplicações reais em vez de exemplos de brinquedos. Em
termos de metodologia, a IA finalmente adotou com firmeza o método científico.
chegou a uma compreensão tal que, agora, as redes neurais podem ser comparadas
a técnicas correspondentes da estatística, do reconhecimento de padrões e do
aprendizado de máquina, podendo ser utilizada a técnica mais promissora em cada
aplicação. Como resultado desse desenvolvimento, a tecnologia denominada
mineração de dados gerou uma nova e vigorosa indústria.
controle de carros robóticos foi derivado de uma mistura de abordagens que vai desde
melhores sensores, controle teórico da integração do sensoriamento, localização e
mapeamento, bem como um grau de alto nível de planejamento.
“O novo e interessante esforço para fazer “O estudo das faculdades mentais pelo
os computadores pensarem” (...) uso de modelos computacionais.”
“máquinas com mentes, no sentido total (CHARNIAK; MCDERMOTT, 1985).
e literal.” (HAUGELAND, 1985).
Viccari (1989, p. 14) diz que a utilização dos computadores no ensino remonta
os anos 60 com os sistemas para a Instrução Assistida para Computador (IAC –
Computer Assisted Instruction). Ela ressalta que os “primeiros sistemas tinham poucas
capacidades cognitivas e obrigavam o aluno a atuar de forma passiva, isto é, a sua
30
Podemos verificar que ao longo dos anos a computação vem sendo aplicada
nos processos de ensino e aprendizagem, de forma que os alunos possam interagir e
dominar a tecnologia, como propôs Papert em suas experiências, ou seja, a criança
não é apenas um usuário do computador, ela tem domínio sobre a máquina e
comanda as atividades realizadas. Nesta forma de incluir a programação, a
inteligência artificial e o domínio da máquina no campo da educação têm aberto novas
perspectivas sobre o ensino, conforme veremos no capítulo seguinte: Inteligência
Artificial na educação.
32
Esse problema pode ser superado por meio de mudanças nos currículos
escolares que devem desenvolver competências de obtenção e utilização de
informações, por meio do computador, e adaptar os alunos para a presença de novas
tecnologias no cotidiano. Dentre as principais competências, segundo o PCN (2000,
p. 62), podemos destacar:
DESAFIOS
1 O primeiro desafio está no desenvolvimento de uma visão abrangente de
políticas públicas sobre IA para o desenvolvimento sustentável. A
complexidade das condições tecnológicas necessárias para avançar neste
campo requer o alinhamento de múltiplos fatores e instituições. As políticas
públicas precisam trabalhar em parceria nos níveis internacional e nacional
para criar um ecossistema de IA que sirva ao desenvolvimento sustentável.
2 O segundo desafio é garantir a inclusão e a equidade da IA na educação. Os
países menos desenvolvidos correm o risco de sofrer novas divisões
tecnológicas, econômicas e sociais com o progresso da IA. Alguns obstáculos
principais, como infraestrutura tecnológica básica, devem ser enfrentados para
38
ESTRATÉGIAS PARA IA
Não há dúvidas que a IA para a educação é um caminho sem volta. Diante das
inúmeras possibilidades de auxílio no processo de ensino e aprendizagem do aluno e
da capacidade de melhorar e incrementar as aulas dos professores, o uso desta
tecnologia só tem a agregar no sistema educacional como um todo. Não só os alunos
poderão ser beneficiados, mas também professores, agentes educadores, enfim, toda
a política educacional poderá usufruir dos benefícios que a IA pode trazer.
alunos.
3.3.2 Professores e IA
Um dos assuntos mais tratados e mais explorados nos artigos trata do papel
do professor nesta nova realidade em que a IA poderia, eventualmente, substituir seu
44
trabalho pelo de uma máquina dotada de software inteligente. Hoje, a IA vem sendo
trabalhada e desenvolvida para auxiliar os educadores no processo de ensino e
aprendizagem, seja automatizando tarefas rotineiras ou auxiliando na escolha mais
adequada de apresentar um conteúdo.
No artigo Teaching in the machine age: How innovation can make bad teachers
good and good teachers better, publicado por Thomas Arnett em 2016 pelo
Christensen Institute, expõe em seu subtítulo uma frase enigmática em relação ao
conteúdo do texto: “Como a inovação pode fazer professores ruins bons, e professores
bons ainda melhores”. O estudo mostra que conforme a compreensão científica e a
IA avança, diversas profissões serão afetadas de forma dramática e este avanço
permite que máquinas, num futuro bem próximo, realizem tarefas antes dominadas
exclusivamente pelo homem.
Os alunos de hoje julgam que é muito mais rápido e mais conveniente lançar
suas perguntas no Google do que reservar um tempo para dialogar com um professor.
Os recursos disponíveis on-line incluem não apenas uma lista de hiperlinks para sites
baseados em textos, mas também vídeos, simulações interativas e jogos que rivalizam
com a capacidade dos professores de tornar o aprendizado envolvente, divertido e
memorável.
linguagem natural para fornecer aos alunos feedback e dicas personalizadas para
melhorar suas habilidades de escrita. A tecnologia de classificação de ensaios não
pode substituir a capacidade de um professor de fornecer feedback e treinamento
sobre palavras e frases específicas; o software apenas classifica os ensaios dos
alunos em áreas gerais - como organização, desenvolvimento de ideias e estilo - e,
em seguida, fornece sugestões genéricas para melhoria nessas áreas. Mas quando
os professores usam o software como primeira passagem na classificação e, em
seguida, interceptam seu feedback detalhado para abordar as áreas de melhoria
identificadas pelo software, a classificação do ensaio se torna um processo muito
menos demorado e trabalhoso. O resultado líquido é que os professores podem
dedicar menos tempo à nota e dar mais tempo para ensinar, além de oferecer aos
alunos mais oportunidades de receber feedback personalizado sobre a redação.
TAREFAS SOLUÇÃO
Luckin et al. (2016, p. 30) enfatizam que “os professores precisam ser agentes
centrais na próxima fase da IAED e estas ferramentas os capacitarão a decidir qual a
melhor forma de reunir os vários recursos à sua disposição”. Mais do que isso, os
professores juntamente com os alunos e os pais serão fundamentais para o design
destas ferramentas e as maneiras pelas quais elas poderão ser usadas. Livre das
tarefas rotineiras e que demandam tempo, os professores dedicarão mais suas
energias aos atos criativos e humanos que proporcionam a engenhosidade e a
empatia necessárias para elevar o aprendizado. À medida que essa transformação
ocorre, os professores precisarão desenvolver novas habilidades conforme demostra
o quadro 9:
48
O quadro 10, apresentado pela UNESCO, foi criado para contribuir na visão da
formação de professores para enfrentar o desafio do ensino em uma sociedade de
informação e conhecimento e tem como objetivo ser referência na formação para a
melhoria da qualidade educacional nas instituições de ensino em qualquer nível de
formação em uma abordagem dos níveis de apropriação de TDIC e seus usos
educacionais.
2 Currículo e Avaliação.
3 Pedagogia.
4 TDIC.
5 Organização e administração.
50
Este quadro mostra que não basta que os professores tenham habilidades para
gerenciar tecnologias digitais para ensinar os seus alunos, mas é também necessário
que eles orientem seus alunos a serem capazes de colaborar, resolver problemas e
serem criativos no uso de tecnologias digitais. “Em um mundo tecnológico crescente,
essas habilidades passam a fazer parte de seu treinamento de cidadania para
participar da sociedade digital onde viverão.” (UNESCO, 2019, p. 19).
Uma das vantagens dos sistemas adaptáveis de IAED é que eles geralmente
coletam grandes quantidades de dados, que em um círculo virtuoso, podem ser
computados para melhorar dinamicamente os modelos de pedagogia e domínio. Esse
processo ajuda a informar novas maneiras de fornecer suporte mais eficiente,
personalizado e contextualizado, além de testar e refinar nossa compreensão dos
processos de ensino e aprendizagem. Além dos modelos de aprendiz, pedagógico e
de domínio, os pesquisadores da IAED também desenvolveram modelos que
representam os aspectos sociais, emocionais e metacognitivos da aprendizagem. Isso
significa que os sistemas podem acomodar toda a gama de fatores que influenciam o
aprendizado do aluno.
A Tomada de Decisão Conduzida por Dados (do inglês, DDDM – Data Driven
Decision Making) aplicada aos dados de testes de desempenho dos alunos é um foco
central de muitos esforços de reforma de escolas e distritos, em parte devido às
políticas federais e estaduais de responsabilização por testes (UNESCO, 2019, p.18).
Com dados coletados, a IA é capaz de tomar decisões para melhorar a educação
escolar. Um EMIS bem projetado e funcional permite que os membros de todos os
níveis da comunidade educacional acessem informações úteis para gerenciar e
administrar um sistema educacional com mais eficiência, desenvolver planos viáveis
e econômicos, formular políticas responsivas e monitorar e avaliar os resultados
educacionais.
Responsabilidade;
Transparência;
Auditabilidade;
Incorruptibilidade, e
Previsibilidade.
problemas futuros? Isso pode ser difícil se a IA usar redes neurais. E as IAs estão
abertas à manipulação? Estamos cientes das consequências do hacking de
computador. O que poderia acontecer se uma IA fosse desenvolvida ou modificada
para fins criminosos? Sabemos que o compartilhamento de dados é essencial para a
integração dos sistemas e que tem o potencial de avançar o campo com dificuldade,
reduzindo os esforços duplicados e desnecessários.
Por fim, temos uma nova responsabilidade de garantir que a sociedade como
um todo tenha alfabetização suficiente na IAED - isto é, o suficiente para garantir que
utilizemos essas novas tecnologias de maneira apropriada, eficaz e ética.
3.3.6 Avaliação e IA
Luckin et al. (2016, p. 37) descreve o trabalho de Paul Howard Jones, professor
de neurociência e educação da Universidade de Bristol, sugere que a aprendizagem
pode ser aprimorada quando ligada a recompensas incertas, ou seja, situações nas
quais um aluno sabe que uma recompensa pode ser dada após a conclusão de uma
tarefa, mas não há certeza de que a recompensa aparecerá em todas as ocasiões.
61
A IAED através dos dados coletados das experiências digitais do aluno, como
uma prova digital on-line, fornecerão novas ideias que não podem ser determinadas
pelas avaliações existentes e que vai além de identificar se um aluno deu ou não a
resposta correta. Um conjunto de dados pode ser analisado para ajudar os
professores a entender como o aluno chegou à sua resposta e também pode ajudar a
entender melhor os processos cognitivos e o impacto que eles têm sobre a
aprendizagem. A análise também pode identificar quando um aluno está confuso,
entediado ou frustrado para ajudar os professores a entender e aprimorar a prontidão
emocional do estudante para aprender.
Veremos também surgir as novas gerações de STI na qual não haverá barreiras
técnicas ao desenvolvimento de companheiros de aprendizado que possam
acompanhar e apoiar os alunos individualmente durante seus estudos – dentro e fora
da escola. Esses companheiros de aprendizado, ao longo da vida, podem se basear
na nuvem, e são acessíveis por meio de uma multiplicidade de dispositivos que podem
ser operados offline, conforme necessário. O companheiro poderia concentrar-se em
ajudar os estudantes a tornarem-se melhores no aprendizado, desenvolvendo uma
mentalidade de crescimento ou uma variedade de habilidades. Além disso, poderia
ajudar o aluno a acessar os recursos de aprendizado ideais para suas necessidades,
adequando para aqueles com dificuldades, bem como para os que possuem alto
desempenho.
ESTÁGIO: 2017
Ainda cabe menção para algumas tecnologias, como a Internet das Coisas
(IoT), o Armazenamento de Conteúdo Educacional em Nuvens e a Internet por
Satélite, que são constituintes da área de Computação e Telecomunicação, mas que
afetarão a IA e os sistemas educacionais a curto prazo.
No quadro 16, a autora nos apresenta uma previsão na qual a IA, em alguns
aspectos, já vem sendo realizada ou estão em avançados níveis de pesquisa.
Fica evidente que o avanço que provocará mudanças nos processos de ensino
e aprendizagem se dará em termos das interfaces dos ambientes virtuais de
67
4 ANÁLISE DE RESULTADOS
A RSL visa ampliar o campo de estudo para que o pesquisador consiga explorar
o assunto até que se alcance um referencial cientificamente seguro e confiável que
levem a validação da pesquisa.
Critérios de Inclusão:
Avaliação do uso de
modelagem qualitativa
com apoio de agentes
Tarcisio
aprendizes virtuais na Dissertação
Ferreira 2015 Ciências
compreensão da Profissional
Cavalcante
dinâmica de sistemas por
alunos do Ensino
Fundamental
Avaliando o
conhecimento algébrico
do estudante através de Henrique
Ciência da
redes bayesianas Manfron Dissertação 2015
Computação
dinâmicas: um estudo de Seffrin
caso com o sistema tutor
inteligente PAT2Math
ELAI: intelligent agent
Fabrício Ciência da
adaptive to the level of Dissertação 2015
Herpich Computação
expertise of students
Objeto de aprendizagem
Olivia Ramos
adaptativo no ensino da Dissertação 2015 Engenharia
Morais Braga
lógica booleana
Sistema especialista para
auxílio na utilização de Robson de
jogos não-educacionais Souza Dissertação 2015 Engenharia
no processo de Resende
aprendizagem
A utilização de redes
neurais artificiais e teoria Eduardo de
Ciência da
“Inteligência das inteligências Paula Lima Dissertação 2017
Computação
Artificial” múltiplas no apoio ao Nascimento
and ensino
“Ensino” Aprendizagem do
pensamento Rafael
computacional e Marimon Tese 2017 Educação
desenvolvimento do Boucinha
raciocínio
Autoria de decisões
pedagógicas informadas Ranilson
Ciência da
por dados sob a Oscar Araújo Tese 2017
Computação
perspectiva de um Paiva
MOOC.
Novas abordagens para Samuel
detecção automática de Henrique Dissertação 2017 Educação
estilos de aprendizagem Falci
Um Chatterbot para
criação e Carlos
Ciência da
desenvolvimento de Eduardo Dissertação 2017
Computação
ontologias com lógica de Teixeira Lima
descrição
A utilização do tutor
William
inteligente MAZK no Ciência da
Nunes Dissertação 2018
processo de ensino- Informação
Bittencourt
aprendizagem
Abordagem avaliativa
multidimensional para Alana
Ciência da
previsão da evasão do Marques de Tese 2018
Computação
discente em cursos Moraes
online.
Inteligência Artificial e Luis
Tese 2018 Educação
Instrumentalização Fernando
71
Critérios de Inclusão:
Critérios de Exclusão:
Resultados da busca 48 30
Excluídos -32 -27
Total Estudo 16 3
Total Geral 19
Fonte: o autor (2020).
73
PUBLICAÇÕES
7
0
2015 2016 2017 2018 2019
A busca realizada no repositório BDTD mostrou que nos últimos seis anos não
houve uma evolução na quantidade de estudos relacionados à Inteligência Artificial na
educação. Em 2015 foram encontrados 5 resultados de pesquisa; em 2016 nenhuma;
em 2017 foram 6; em 2018 também 6, em 2019, 2 pesquisas e em 2020 nenhuma.
Não significa que não houve pesquisas em outros repositórios.
O gráfico 2 representa a quantidade de instituições das pesquisas
selecionadas:
Instituições envolvidas:
3
Desenvolvimento 19
Processo 19
Modelo 18
Artificial 16
Fonte: o autor (2020).
resultados por tema, sequenciada inicialmente por aqueles que têm mais pesquisas
para os de menor número de pesquisas.
O autor diz que sendo o STI um software complexo, é natural que o seu
desenvolvimento também o seja (SEFFRIN, 2015 p.22). A Ciência da Computação
provê todo o suporte tecnológico para dar forma ao sistema: a IA para lidar com
questões como o conhecimento do sistema e do aluno, a internet para prover a
mobilidade do sistema e os recursos multimídia para tornar o ensino mais dinâmico.
A Psicologia, com o estudo das Ciências Cognitivas, preocupa-se com questões
82
relativas a como o ser humano pensa e aprende: como aquele aluno, que está
interagindo com o sistema, aprende as informações que ele está assimilando; os seus
estados emocionais, e de que forma eles interferem no seu aprendizado, positiva ou
negativamente; e como detectar esses estados emocionais, seja por voz, expressões
faciais, comportamento do aluno durante a interação com o sistema ou por sinais
fisiológicos (JAQUES et al., 2011).
A Educação, por sua vez, oferece todo o suporte de domínio ao sistema, bem
como questões referentes ao ensino, tais como: (i) definição de currículos: os
conteúdos a serem ensinados e a sua organização; (ii) metodologias de
ensino: qual o melhor meio de introduzir certos conceitos, qual a melhor forma
de auxiliar o aluno quando apresenta alguma dificuldade; (iii) avaliação: como
avaliar determinado conhecimento, como determinar se um conhecimento foi
assimilado pelos alunos; e (iv) motivação: como tornar um conteúdo mais
interessante para os alunos. (SEFFRIN, 2015, p. 22).
Moreira (2017, p. 19) diz que a principal finalidade dos AVA “é gerenciar a
aprendizagem via Internet”, agregando interfaces que permitam a geração de
conteúdos com base nos mais variados meios de comunicação, possibilitando a
utilização de recursos pedagógicos e administrativos, tentando reproduzir a sala de
aula presencial (física) para o meio virtual, utilizando vários tipos de ferramentas que
facilitem a aprendizagem. De acordo com Almeida (2003):
86
Paiva (2017) propõe, em sua tese, uma solução para guiar a tomada de
decisões pedagógicas em ambientes on-line de aprendizagem. A proposta visa
auxiliar professores e tutores a descobrirem situações de interesse pedagógico em
seus cursos; compreender essas situações; tomar decisões para abordá-las, e, por
fim, monitorar e avaliar o impacto da decisão tomada. A proposta se fundamenta na
tomada de decisões informada por dados educacionais, na visualização de dados e
nos sistemas de autoria para promover a cooperação entre a inteligência artificial e a
inteligência humana. Pesquisas feitas com estudantes desistentes ou que falharam
em concluir cursos on-line massivos (MOOCs) apontam como motivos: (1) o estudante
não tinha o interesse de concluir o curso, (2) o estudante não tinha tempo para
estudar; (3) o estudante não tinha o conhecimento básico/mínimo necessário; (4) falta
de suporte dos instrutores. Percebemos, contudo, que uma parte desses estudantes
não obteve êxito em decorrência da falta de suporte (ou atribuem a isso sua falta de
sucesso).
Sendo assim, através desse estudo, foi possível modelar as suas funções
realizadas por cada ator envolvido na EaD e as relações com o Ambiente
Virtual através dos diagramas, mostrando como os agentes podem interagir,
como os mesmos podem ser controlados e como se comportam dentro do
AVA, permitindo que os agentes e entidades respondam dinamicamente as
alterações. (MOREIRA, 2017, p. 139).
Podemos constatar que há estudos importantes que tratam dos AVA como
ferramenta de auxílio aos estudantes oferecendo atividades e modelos de
aprendizagem adaptativos. Os sistemas podem, por intermédio de algoritmos
inteligentes, apontar se um aluno poderá evadir do curso mensurando seu
desempenho por meio da utilização do AVA. Estes sistemas têm se provado muito
importantes no controle e manutenção de alunos, principalmente em sistemas de
ensino a distância.
89
Este terceiro eixo procurou demonstrar como o Ensino Adaptativo também tem
apresentado grande força nas novas metodologias de ensino e aprendizagem
colocando essa ferramenta como destaque nas plataformas de ensino (AVA,
aplicativos e programas) para melhorar a aprendizagem dos alunos que utilizam a
ferramenta. Os estudos sobre esse tema no momento desta pesquisa apresentaram
apenas simulações e protótipos de programas de ensino adaptativo que poderiam ser
implantados nas escolas e universidades. Sabemos que esta tecnologia já está sendo
utilizada, principalmente pelas universidades particulares, em suas matrizes
curriculares. Podemos destacar a Universidade Norte do Paraná (UNOPAR), que por
meio da plataforma “Desafio Nota Máxima” utiliza o ensino adaptativo para identificar
as lacunas de aprendizagem dos alunos e proporcionar um ensino personalizado e
gamificado para que eles alcancem um melhor desempenho acadêmico.
Para Ferreira (2014), “a personalização do ensino tem sido apontada como uma
das formas mais eficientes de garantir o aprendizado dos alunos”, o que permite que
o ensino seja otimizado para a necessidade do aluno e ele possa aprender o quanto
julgar suficiente. Neste contexto, os softwares, conseguem adaptar o conteúdo e
mostrar ao aluno somente informações relevantes a ele em determinado momento da
sua interação com o sistema.
Braga (2015) apresenta em sua dissertação uma proposta de pesquisa que visa
proporcionar uma melhoria no desenvolvimento do desempenho educacional em
salas de aula heterogêneas através de um Objeto de Aprendizagem Adaptativo
usando técnicas de Hipermídia Adaptativa e Inteligência Artificial. A autora procurou
investigar os aspectos da heterogeneidade de conhecimentos dos educandos e
propor um mecanismo de ensino e aprendizagem, para que o educador possa lidar
com os diferentes graus de conhecimento desses alunos em turmas iniciantes em seu
plano de ensino.
1. A Inteligência Linguística;
2. A Inteligência Lógico-matemática;
3. A Inteligência Visual-Espacial;
4. A Inteligência Corporal-cinestésica.
Segundo o autor, as “outras inteligências não foram classificadas
primeiramente, pela limitação da ferramenta de apoio ao ensino que foi utilizada para
complementar os resultados das redes (NASCIMENTO, 2017. p. 43).”
Por fim, apresentamos o último eixo que apresenta outras aplicações que foram
encontradas na pesquisa, tais como: o uso da IA como ferramenta de aprendizagem
92
Ensino Fundamental, bem como possíveis formas de aplicação desses jogos digitais
no ensino. O autor conclui que a área de jogos digitais na educação possui uma série
de desafios, tais como: o nível de atenção dos alunos com relação a jogos digitais
educacionais, falta de conhecimento da área de jogos digitais por parte dos
professores e a falta de recursos tecnológicos disponíveis nas escolas. Os relatórios
educacionais gerados pelo SEREJ são relevantes e coerentes com relação às
características de gameplay dos jogos digitais selecionados e os conteúdos
educacionais de acordo com os PCN (Parâmetros Curriculares Nacionais) de
Geografia e, por fim, que os jogos digitais selecionados pelo SEREJ, em geral, são
aplicáveis à sala de aula.
Boucinha (2017) objetivou em sua tese investigar a relação entre a construção
do Pensamento Computacional e o desenvolvimento do raciocínio de estudantes dos
últimos anos do Ensino Fundamental. A prática de ensino-aprendizagem proposta foi
construída com base em pressupostos teóricos da aprendizagem significativa e
aprendizagem experiencial. Com essa pesquisa foi constatado que até mesmo
intervenções breves, como a utilizada nesta pesquisa, quando elaboradas com uma
metodologia adequada, podem produzir efeitos relevantes para seus participantes.
Outro dado relevante dessa pesquisa foi demonstrar a correlação existente entre o
Pensamento Computacional e os demais tipos de raciocínio, reforçando sua
importância no desenvolvimento cognitivo.
A análise dos resultados dos testes RV – Raciocínio Verbal, RA – Raciocínio
Abstrato, RM – Raciocínio Mecânico, RE – Raciocínio Espacial e RN – Raciocínio
Numérico demonstrou que houve um aumento na média em todos os testes, uma vez
que a pontuação no Teste de Pensamento Computacional foi significativamente
superior após a realização do curso, os resultados obtidos permitiram validar a
metodologia de ensino e inferir acerca dos possíveis benefícios que serão obtidos com
sua adoção nas salas de aula do Ensino Fundamental.
Palmeira (2018) propõe um estudo com o objetivo construir um jogo digital do
tipo “serious games” (jogos sérios com proposta de educação) com foco na
musicalização infantil, para ser utilizado como ferramenta de aprendizagem na
percepção dos timbres dos instrumentos. O jogo com o intuito de ajudar na
musicalização infantil, mostrando as diferenças dos timbres dos instrumentos e como
reconhecê-los sem a necessidade de saber o seu nome.
94
Esse agrupamento sugerido pelos AVA ou pelos STI vem de acordo com mais
uma possibilidade da IA na educação: o ensino adaptativo, ou seja, o sistema tende a
adaptar-se ao estilo de aprendizagem do aluno, oferecendo os conteúdos de forma
que ele consiga assimilar da melhor forma possível. É importante salientar que um
bom programa não deve se limitar a indicar apenas o conteúdo que o aluno tenha
mais afinidade, é preciso que o sistema indique novos caminhos para aqueles
97
conteúdos que ele tem mais dificuldade. O ensino adaptativo pode adotar também
materiais e conteúdos conforme o tipo de aprendizagem do aluno, por exemplo,
disponibilizando mais materiais em vídeo ou imagens para aqueles que tem mais
facilidade com este tipo de mídia ou apenas textos para quem consegue assimilar
melhor com leituras, músicas ou podcasts para aqueles que preferem ouvir os
conteúdos.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
E, por fim, esta pesquisa que desenvolvemos por meio da Revisão Sistemática
de Literatura, proporcionou conhecer e analisar estudos acadêmicos que tratam
tecnologia no processo educativo. O estudo percorreu por teses, dissertações e
artigos, demonstrando como a IA está sendo utilizada nas escolas e universidades,
mas principalmente como poderão ser incorporadas no processo de ensino e
aprendizagem. Os estudos datados de 2015 a 2020 retratam como a academia
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REFERÊNCIAS
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