Embriologia Do Sistema Urinário

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embriologia do sistema urinário

Arsênio Neto – Turma 28


Medicina UNIVASF 2019.1

O sistema urogenital desenvolve-se a partir do mesoderma intermediário (entre o mesoderma


paraxial e o mesoderma lateral), o qual se estende ao longo da parede dorsal do corpo do embrião.
Uma elevação longitudinal de mesoderma – crista urogenital – se forma em cada lado da aorta
dorsal → a parte da crista urogenital que origina o sistema urinário é o cordão/crista nefrogênico.
O sistema urinário começa a se desenvolver antes do sistema genital.

I – DESENVOLVIMENTO DOS RINS E URETERES

1. Pronefro
− Primeiro conjunto de rins;
− Aparecem no início da 4ª semana;
− Originam-se de unidades excretórias vestigiais: nefrótomos (regridem antes que se
formem outros mais caudais);
− É rudimentar e logo degenera → ao final da quarta semana.
− São estruturas bilaterais transitórias, não-funcionais
− Representados por poucos grupos sólidos de células e estruturas tubulares na região
cervical;
− Os ductos pronéfricos dirigem-se caudalmente e se abrem na cloaca

a maioria persiste e é utilizado pelo


mesonefro.

2. Mesonefro
− Órgãos excretores grandes e alongados
− Surgem no fim da 4ª semana caudalmente ao pronefro rudimentar → região dos
segmentos torácicos superiores até os lombares superiores (L3) do mesoderma
intermediário;
− São bem desenvolvidos;
− Funcionam como rins provisórios por cerca de quatro semanas até que os rins
definitivos se desenvolvam.
− Consistem em glomérulos e túbulos mesonéfricos

abrem-se nos ductos mesonéfricos,


os quais eram originalmente os ductos
pronéfricos. Os ductos mesonéfricos
abrem-se na cloaca.

− Degenera-se ao final do 1º trimestre


− Os túbulos mesonéfricos tornam-se os ductos eferentes dos testículos;
− Os ductos mesonéfricos originam vários derivados adultos no sexo masculino.

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OBS.: no inicio da quarta semana, durante a regressão do pronefro, surgem os primeiros túbulos
excretores do mesonefro → se alongam, formam uma alça em forma de S e envolvem o tufo de
capilares que formará o glomérulo em sua parte medial.

Os túbulos formam a cápsula de Bowman.


Lateralmente, o túbulo desemboca no ducto
mesonéfrico ou wolffiano.
3. Metanefro
− Primórdio dos rins permanentes;
− Começa a se desenvolver no início da 5ª semana e a funcionar 4 semanas mais tarde;
− Formação da urina continua ao longo de toda a vida fetal, sendo excretada na
cavidade amniótica → um feto maduro deglute centenas de mL de líquido amniótico
a cada dia, que é absorvido pelo intestino → as excretas são transferidas através da
placenta para o sangue materno.
− Os rins permanentes se desenvolvem a partir de duas fontes:

• Divertículo metanéfrico (broto uretérico): Origina-se de uma evaginação do


ducto mesonéfrico, perto de sua abertura na cloaca. Primórdio do ureter, pelve
renal, cálices e túbulos coletores.
• Massa metanéfrica do mesoderma intermediário (blastema
metanefrogênico): Origina-se da porção caudal do cordão nefrogênico;

− Ao se alongar, esse divertículo penetra no mesoderma intermediário e induz a


formação do blastema metanefrogênico sobe sua extremidade caudal →
oligossacarídeos com ligação N na superfície celular parecem importantes nesse
processo indutivo.

(A) Esquema de uma vista lateral de um embrião de 5 semanas mostrando o primórdio do metanefro.
(B a E) Esquemas mostrando estágios sucessivos do desenvolvimento do divertículo metanéfrico ou broto uretérico (5ª à 8ª
semana).

− O pedículo do divertículo metanéfrico torna-se o ureter e sua extremidade cefálica


expandida forma a pelve renal.

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− A extremidade cranial desse pedículo passa por eventos repetidos de ramificação que
se diferenciam em túbulos coletores retos, que se dividem repetidas vezes,
formando gerações sucessivas.

As quatro primeiras gerações de túbulos


aumentam e se tronam confluentes para
formar os cálices maiores e as quatro
gerações seguintes coalescem para formar
os cálices menores → as gerações
restantes formam os túbulos coletores.

− A extremidade de cada túbulo coletor arqueado induz grupos de células


mesenquimais do blastema a formarem pequenas vesículas metanéfricas/renais.
Estas vesículas alongam-se e tornam-se túbulos metanéfricos (em formato de S).
− Conforme esses túbulos renais se desenvolvem, suas extremidades são ivaginadas
pelos glomérulos. TUBULO + GLOMÉRULO = NÉFRONS/UNIDADES EXCRETÓRIAS → a
extremidade proximal de cada néfron forma a cápsula de Bowman.
− Os túbulos alongam-se e diferenciam-se em túbulos contorcidos proximal e distal e
na alça de Henle. Cada túbulo contorcido distal entra em contato com um túbulo
coletor arqueado.
− Entre a 10ª e a 18ª semanas, o número de glomérulos aumenta gradualemtne, em
seguida rapidamente até a 32ª semana.
− Os rins fetais são subdivididos em lobos. Essa lobulação geralmente desaparece
durante a infância, à medida que os néfrons aumentam e crescem.

− Acredita-se que a formação dos néfrons está completa ao nascimento, exceto em


crianças prematuras. Apesar de a filtração glomerular começar em torno da 9ª
semana fetal, a maturação funcional dos rins e o aumento da taxa de filtração ocorrem
após o nascimento.

O túbulo urinífero consiste em duas partes embriologicamente diferentes:

1. Néfron: derivado da massa metanefrogênica de mesoderma intermediário.


2. Túbulo Coletor: derivado do divertículo metanéfrico.

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Esquemas de cortes transversais mostrando estágios sucessivos no desenvolvimento do túbulo mesonéfrico, entre 5ª e 11ª semanas

Nefrogênese começa em torno do início da 8ª semana. Os túbulos metanéfricos, os primórdios dos néfrons, tornam-se contínuos
com os túbulos coletores, formando os túbulos uriníferos. Os néfrons são derivados da massa metanéfrica de mesoderma e os
túbulos coletores são derivados do divertículo metanéfrico.

OBS.: A ramificação do divertículo metanéfrico é dependente da indução pelo mesoderma


metanefrogênico. Já a diferenciação dos nefrons depende da indução pelos túbulos coletores.

OBS².: O divertículo e o blastema interagem e induzem um ao outro em um processo conhecido


como indução recíproca.

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II – MUDANÇAS DA POSIÇÃO DOS RINS E NO SUPRIMENTO SANGUÍNEO

Inicialmente, os rins metanéfricos ficam conforme o abdome e a pelve crescem,


próximos um do outro na pelve, ventral- os rins se posicionam no abdome e se
mente ao sacro. afastam um do outro.

O hilo do rim, por onde os nervos e os va- essa ascensão realtiva resulta do cresci-
sos entram e saem, situam-se ventralmen- mento do corpo do embrião caudalmen-
te. Porém, conforme o rim ascende, ele gi- te aos rins (a parte caudal do embrião
ra quase 90 graus. cresce em direção oposta aos rins)

Na 9ª semana, os rins atingem sua posi- Eventualmente, os rins assumem uma


ção adulta e o hilo está direcionado ante- posição retroperitoneal.
ro-medialmente.

À medida que os rins ascendem, recebem seu suprimento sanguíneo de vasos que estão próximos
a ele.

a) Inicialmente, as artérias renais são ramos das artérias ilíacas comuns


b) Conforme “ascendem” mais, os rins recebem seu suprimento sanguíneo da extremidade
distal da aorta.
c) Quando eles alcançam um nível mais alto, recebem novos ramos da aorta.
d) Os rins, quando em sua posição adulta, recebem seus ramos arteriais mais craniais da aorta
abdominal → esses ramos se tornam as artérias renais permanentes.

Normalmente, os ramos caudais sofrem involução e desaparecem. Quando os rins entram em


contato com as adrenais na 9ª semana, sua ascensão para.

III – DESENVOLVIMENTO DA BEXIGA URINÁRIA

➢ A cloaca é septada em porções dorsal e ventral por meio de uma projeção de mesênquima:
septo urorretal;
➢ Esse septo se desenvolve no ângulo entre o alantoide e o intestino posterior;
➢ Quando o septo cresce em direção à membrana cloacal, ele desenvolve extensões
bifurcadas que produzem pregas laterais da cloaca → crescem em direção uma a outra e se
fundem formando um septo que divide a cloaca em duas partes: reto (dorsalmente) e seio
urogenital (ventralmente)
➢ Na 7ª semana, o septo urorretal já se fundiu com a membrana cloacal, dividindo-a em uma
membrana anal dorsal e uma membrana urogenital maior e ventral → a área de fusão é
representada pelo corpo perineal.
O Seio Urogenital é dividido em três partes:

1. Parte vesical: é cranial e forma a maior parte da bexiga (contínua com o alantoide);
2. Parte pélvica: mediana. Se torna a uretra no colo da bexiga, a parte prostática da uretra nos
homens e toda a uretra nas mulheres;
3. Parte fálica: caudal. Cresce em direção ao tubérculo genital (primórdio do pênis ou do
clitóris).

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A bexiga desenvolve-se principalmente da parte vesical do seio urogenital, mas o seu trigono é
derivado das extremidades caudais dos ductos mesonéfricos.

➢ O epitélio da bexiga é derivado do endoderma da parte vesical do seio urogenital;


➢ As outras camadas da bexiga desenvolvem-se a partir do mesênquima esplâncnico
adjacente;

Inicialmente a bexiga está em con- o alantoide sofre constrição e se torna


tinuidade com o alantoide, uma es- um cordão fibroso e espesso: úraco.
trutura vestigial

No adulto, o úraco é representado o úraco se estende do ápice da bexiga


pelo ligamento umbilical mediano até o umbigo.

Conforme a bexiga aumenta, as partes Esses ductos contribuem pra formação


distais dos ductos mesonéfricos são in- do tecido conjuntivo do trígono da be-
corporadas em sua parede dorsal. xiga.

Com a absorção dos ductos mesoné-


fricos, os ureteres passam a se abrir
separadamente na bexiga urinária.

OBS¹.: Em parte por causa da tração exercida pela ascensão dos rins, os orifícios dos ureteres
movem-se súpero-lateralmente e os ureteres entram obliquamente através da base da bexiga.
OBS².: Os orifícios dos ductos mesonéfricos movem-se juntos e penetram na parte prostática da
uretra conforme as extremidades caudais se tornam ductos ejaculatórios. Nas mulheres, as
extremidades distais dos ductos mesonéfricos degeneram.
OBS³.: Em recém-nascidos e em crianças, a bexiga urinária fica no abdome mesmo vazia. Ela
começa a entrar na pelve maior por volta dos 6 anos de idade (só penetra a pelve menor após a
puberdade)
OBS.: O ápice da bexiga urinária, nos adultos, está em continuidade com o ligamento umbilical
mediano.

IV – DESENVOLVIMENTO DA URETRA

• O epitélio da maior parte da uretra masculina e de toda a uretra feminina é derivado do


endoderma do seio urogenital.
• A parte distal da uretra na glande do pênis é derivada de um cordão sólido de células
ectodérmicas que cresce a partir da extremidade da glande e se une com o restante da
uretra esponjosa; logo, o epitélio da parte terminal da uretra é derivado do ectoderma
superficial.
• O tecido conjuntivo e o músculo liso da uretra são derivados do mesênquima esplâncnico
em ambos os sexos.

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ANEXO 1: Anomalias
Agenesia renal unilateral Agenesia renal bilateral

- Relativamente comum; - Associada ao oligodrâmnio, pois pouca ou


- Homens mais afetados que as mulheres; nenhuma urina é excretada na cavidade amniótica;
- Geralmente é o rim esquerdo que está ausente; - Incompatível com a vida pós-natal, uma vez que
- Geralmente não causa sintomas e não é está associada à hipoplasia pulmonar associada;
descoberta durante a infância, pois o outro rim sofre - A ausência dos rins ocorre quando os divertículos
hipertrofia compensatória (executa a função do rim metanéfricos não se desenvolvem ou os primórdios
perdido); dos ureteres degeneram → o divertículo não
- Deve-se suspeitar dessa anomalia em crianças penetra no mesoderma metanéfrico, com isso,
com uma única artéria umbilical. nenhum néfron é induzido pelos túbulos coletores a
se desenvolver.

Rotação anormal dos rins Rins ectópicos

- Se um rim não faz rotação, o hilo posiciona-se - Um ou ambos os rins podem estar em uma
anteriormente, isto é, o rim fetal mantém sua posição anormal;
posição embrionária. Se o hilo se posiciona - A maioria dos rins ectópicos está localizada na
posteriormente, a rotação do rim foi excessiva. pelve, mas alguns ficam na parte inferior do
- A rotação anormal dos rins está frequentemente abdome;
associada a rins ectópicos. - Rins pélvicos e outras formas de ectopia resultam
da não-ascensão dos rins.
- Os rins pélvicos ficam próximos um do outro e
podem se fundir para formar um rim discóide
("panqueca").

Rim em Ferradura Doença Cística do Rim

- Em 0,2% da população, os polos dos rins são - A doença policística renal autossômica
fusionados (geralmente são os polos inferiores); recessiva é um em que os dois rins contêm muitas
- O grande rim em forma de U usualmente fica no centenas de pequenos cistos → resulta em
hipogástrio, anterior às vértebras lombares insuficiência renal. A morte das crianças geralmente
inferiores; ocorre pouco depois do nascimento.
- A subida normal dos rins fusionados é impedida - A doença renal multicística displásica resulta
porque eles ficam presos pela raiz da AMS. de alterações morfológicas durante o
- Um rim em ferradura usualmente não apresenta desenvolvimento do sistema renal → prognostico
sintomas, porque seu sistema coletor se bom e geralmente ocorre em apenas um rim.
desenvolve normalmente e os ureteres se abrem na
bexiga.

Anomalias do Úraco Extrofia da Bexiga

- Em crianças, geralmente há persistência de um - Anomalia grave;


resquício da luz na parte inferior do úraco. - Ocorre principalmente em homens;
Remanescentes do revestimento epitelial do úraco - Caracteriza-se pela exposição e protrusão da
podem dar origem aos cistos do úraco, que, em parede posterior da bexiga;
geral, não são detectados. - O trígono da bexiga e os orifícios uretéricos ficam
- A parte inferior do úraco patente pode se dilatar e expostos e a urina goteja.
formar um seio do úraco, que se abre na bexiga. A - Em alguns casos, o pênis é dividido em duas
luz da parte superior do úraco também pode partes e as metades do escroto estão amplamente
permanecer e se abrir no umbigo. separadas;
- Muito raramente, todo o úraco permanece aberto - é causada pelo fechamento mediano incompleto
e forma uma fístula do úraco. da parte inferior da parede abdominal anterior.

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ANEXO 2: Imagens

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