R evista de D ireito FIB R A Lex • A no 4, nº 6, 2019 • IS S N 2525-460X

UM OLHAR SOCIO-JURÍDICO DA EXPLORAÇÃO SEXUAL SOFRIDA PELAS MENINAS

BALSEIRAS NA CIDADE DE MELGAÇO, ILHA DO MARAJÓ, ESTADO DO PARÁ, 2017

A SOCIO-LEGAL LOOK AT THE SEXUAL EXPLORATION SUFFERED BY THE

BALSEARIAN GIRLS IN THE CITY OF MELGAÇO, ISLE OF MARAJÓ, STATE OF PARÁ, 2017

Anny Gabrielle Pedrosa Gomes 1

Adriana de Aviz 2

RESUMO ABSTRACT

O presente artigo trata sobre a exploração sexual das meninas This article deals with the sexual exploration of the ferry girls in
balseiras na cidade de Melgaço, na ilha do Marajó, localizado the city of Melgaço, in the island of Marajó, located in the State
no Estado do Pará. A pesquisa tem por objetivo investigar a of Pará. The objective of this research is to investigate the
exploração sexual sofrida pelas meninas daquela região, sexual exploitation suffered by the girls of this region, known as
denominadas de meninas balseiras, a partir de uma balsea girls, from a Socio-legal approach. To do so, the applied
abordagem Sócio-jurídica. Para tanto, a metodologia aplicada methodology was an exploratory method with a qualitative
foi método indutivo com abordagem qualitativa através de approach through bibliographical research, starting from the
pesquisa bibliográfica, partindo da leitura de livros e artigos, reading of books and articles, complemented by field research,
complementada por pesquisa de campo, através de entrevistas through semi-structured interviews with representatives of
semiestruturadas com os representantes de órgãos bodies responsible for promoting policies coping with sexual
responsáveis por promover políticas de enfrentamento da violence, including a judge, delegate, municipal secretary of
violência sexual, quais sejam um Juiz, delegado, secretário social assistance, guardianship counselors and representatives
municipal de assistência social, conselheiros tutelares e of no-governmental organizations. As well as the article was
representante de organização não governamental. Bem como based on the authors Chauí (1985), Faleiros (2007), Azambuja
o artigo teve por base os autores Chauí (1985), Faleiros (2007), (2006), Greco (2013) and Guimarães (2010), Guedes (2015). The
Azambuja (2006), Greco (2013) e Guimarães (2010), Guedes result of the research is the evident lack of instruction on the
(2015). O resultado da pesquisa é a evidente falta de instrução part of the society and the lack of effective public policies to
por parte da sociedade e a falta de políticas públicas eficazes eradicate and to face the sexual violence that occurs in that
para erradicar e enfrentar a violência sexual que ocorre region. In this way, it can be concluded that sexual exploration
naquela região. Desta forma, pode se concluir que a exploração in the ferries has been more frequent, making even part of the
sexual nas balsas tem sido cada vez mais frequente, fazendo culture of that population, the Public Power, in turn, has done
até parte da cultura daquela população, o Poder Público por little to combat the practice of this type of crime.
sua vez, pouco tem feito para combater a prática deste tipo de
crime.

PALAVRAS-CHAVE: Meninas Balseiras. Exploração Sexual. KEYWORDS: Baldness Girls. Sexual Exploration. Melgaço-PA.
Melgaço-PA. Políticas Públicas. Public Policies.

1 Bacharela em Direito pela FIBRA (Faculdade integrada Brasil Amazônia), email: [email protected]
2 Mestre em Sociologia pela Universidade Federal no Estado do Pará, Docente da Faculdade Brasil Amazônia, email:
[email protected]

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1 INTRODUÇÃO econômico, familiar se encontram essas

crianças e adolescentes vítimas desses
1 INTRODUÇÃO crimes? Será que as políticas públicas
existentes são eficazes para enfrentar o
O presente artigo tem como problema da exploração sexual no Município
tema um olhar sócio jurídico da exploração de Melgaço? O objetivo geral da pesquisa é de
sexual sofrida pelas meninas balseiras na investigar a exploração sexual sofrida pelas
cidade de Melgaço, ilha do Marajó, Estado do meninas balseiras na cidade de Melgaço, Pará,
Pará, 2017. a partir de uma abordagem Sócio jurídica. Os
A ilha do Marajó, localizada no extremo objetivos específicos são: a) Observar o
norte do Pará, considerada uma das regiões contexto socioeconômico familiar que se
mais bonitas do mundo por ter muitas belezas encontram as crianças e adolescentes em
naturais. Em meio a tanta riqueza natural, a Melgaço, Pará. b) Analisar os fatores que
população dessa região vive todas as virtudes contribuem para que as famílias conduzam
e dificuldades próprias devidas as longas seus tutelados à prática da exploração.
distâncias encontradas neste lugar. Há a c)Verificar as ações da Polícia Civil para
presença de um número bastante significativo combater, coibir e penalizar a prática do
de pessoas que moram na zona rural, por isso crime, seguida pela atuação do Poder
o acesso a essas famílias que vivem o drama Judiciário efetivar tais punições. d)Verificar
da violência sexual em suas casas é difícil. qual a atuação dos outros órgãos como
Percebe-se a falta de acesso à Conselho Tutelar, Secretaria de Assistência
informação dessas crianças e adolescentes Social, assim como órgão não governamental
trazendo um sério desconhecimento por falta para o combate da exploração sexual no
da comunidade ribeirinha quando se diz município.
respeito aos seus direitos. A exploração A metodologia é baseada na
sexual de crianças e adolescentes abordagem qualitativa, de caráter analítico-
principalmente do sexo feminino, é descritivo. Segue-se o método indutivo e
considerada um tema de suma importância aplica-se a técnica da pesquisa bibliográfica e
para a sociedade, visto que a cada dia as de campo por meio de diálogos com os
denúncias aumentam, principalmente na Ilha entrevistados, as quais, tem por objetivo a
do Marajó, onde crianças e adolescentes se elaboração de um questionário para o
deslocam até as balsas, muitas vezes por levantamento de materiais teórico-
influência dos seus pais para venderem conceituais.
produtos típicos da região para os “balseiros” O referencial teórico e normativo da
caminhoneiros que utilizam a balsa como pesquisa é formado pelas seguintes
meio de transporte para chegarem em categorias-chave e respectivos autores: O
determinados lugares. E quando as meninas conceito de violência, segundo a ideia de
chegam neste transporte a história muda CHAUÍ (1985) e GUIMARÃES (2010); as crianças
tornando-se presas fáceis para esse crime. e adolescentes eram vistas como objetos
Justifica-se a escolha do tema após ter sexuais sofrendo também agressões de
conhecido de perto a realidade da pobreza e acordo com AZAMBUJA (2006), FALEIROS
miséria na região, os moradores da cidade (2007) fala a respeito da violência sexual de
têm poucas oportunidades de trabalho e de crianças e adolescentes e os tipos de
educação os pais se veem “obrigados” a violência, GRECO (2013) vem mostrando que
submeterem suas filhas a esse tipo de serviço existe uma nova modalidade de delito no caso
como meio de subsistência. Assim, emerge de crime de violência sexual contra a criança
como problema da pesquisa o seguinte e o adolescente.
questionamento: qual contexto social-

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A primeira seção abordará o contexto (2010, p. 591) diz que violência é “submeter-se
histórico e social da criança e do adolescente. à vontade de outrem, para fazer ou deixar de
Relataremos de como à criança e o fazer algo pode ser: física, material ou real,
adolescente eram tratados desde da quando se emprega força material e outros
antiguidade até os dias de hoje, não sendo a meios que impossibilitem a resistência do
contextualização da história da infância o paciente
objeto principal do nosso estudo. O contexto Trazendo para o objeto de nosso
socioeconômico e familiar será o relato da estudo o que é a violência contra a criança e
segunda seção do presente artigo bem como adolescente Faleiros (2007, p.31) diz que:
o termo meninas balseiras e a diferença entre
abuso e exploração sexual infantil, sendo este “A violência sexual contra crianças e
adolescentes é uma violação de direitos,
último objeto de nosso estudo.
uma transgressão, uma relação de poder
A exploração sexual infantil no perversa e desestruturante. O combate a
ordenamento jurídico, será abordada na essa forma de violência é dificultado pelo
terceira seção com abordagem internacional fato de que ela resulta muitas vezes do
da Declaração de Genebra, a função da envolvimento de diversos grupos que
atuam em rede.
Constituição Federal como protetora dos
direitos e garantias fundamentais. Bem como
Com isso a violência é dívida em tipos,
o Estatuto da Criança e do Adolescente no que
o abuso sexual intrafamiliar onde ocorre
diz respeito a proteção infraconstitucional da
dentro da própria casa da vítima e o abuso
juventude, como também o Código Penal
sexual extrafamiliar onde a vítima é
acerca das sanções penais que os
violentada fora de sua casa. A exploração
exploradores sofrem ao cometer esse crime.
sexual objeto do nosso estudo é visto como o
Ainda na terceira seção tratará do papel social
direito violado. A criança e o adolescentes são
do estado em fomentar políticas públicas em
vistos como relação de mercantilização por
combate à exploração sexual no que diz
exploradores sendo até mesmo esses
respeito às políticas de enfrentamento desses
exploradores seus próprios pais.
crimes.

2.1 BREVE CONTEXTUALIZAÇÃO

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
HISTÓRICA E SOCIAL DA CRIANÇA E DO
Pode-se dizer que violência é a ação ou
ADOLESCENTE
o emprego de força física ou a intimidação
moral contra determinada pessoa. Marilena
Desde do início da história a infância
Chauí (1985. p.433) fala a respeito de
não era considerada merecedora de proteção
violência:
especial passando pelos egípcios,
Em nossa cultura, a violência é entendida
mesopotâmios, romanos, gregos chegando
como o uso da força física e do aos povos medievais, as crianças e
constrangimento psíquico para obrigar adolescentes eram vistos como objetos,
alguém a agir de modo contrário à sua objetos sexuais, objetos de crueldade.
natureza e ao seu ser. A violência é a
Com relação as crueldades que as
violação da integridade física e psíquica, da
dignidade humana de alguém. Eis por que crianças e adolescentes sofriam a autora
o assassinato, a tortura, a injustiça, a Azambuja (2006, p.2) diz que:
mentira, o estupro, a calúnia, a má-fé, o
roubo são considerados violência, No tempo do Código de Hamurabi (1700-
imoralidade e crime. 1600 a.C.), no Oriente Médio, o filho que
batesse no pai havia a previsão de cortar a
Vários são os conceitos que temos mão, uma vez que a mão era considerada
o objeto do mal. Também o filho adotivo
sobre a violência como um todo, Guimarães
que ousasse dizer ao pai ou mãe adotivos

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que eles não eram seus pais, cortava-se a apareceu seis dias depois carbonizado. Os
língua; ao filho adotivo que aspirasse
agressores, jovens de classe média alta, nunca
voltar à casa paterna, afastando-se dos
pais adotivos, extraíam-se os olhos.
foram punidos. A data ficou instituída como o
Dia Nacional de Combate ao Abuso e à
Percebe-se que existia a diferença com Exploração Sexual de Crianças e
relação a infância na grande maioria dos Adolescentes, a partir da aprovação da Lei
povos, especialmente na Grécia em razão do Federal 9.970/2000.
pater familiae, onde o pai era o chefe da casa
o seu poder era absoluto, e assim, enquanto 3 O CONTEXTO SOCIO-ECONÔMICO E
os filhos estivessem sob a autoridade FAMILIAR EM QUE SE ENCONTRAM AS
do pater, independentemente de sua idade, CRIANÇAS E ADOLESCENTES
essas crianças e adolescentes se submetiam
às suas decisões, e caso não fizesse, No Brasil, segundo o Ministério
o pai poderia condená-lo a morte. da Saúde (2017) um dos principais meios de
A igreja na idade média também teve denúncias criados para o combate de crimes
um papel importante com relação a infância que envolve a criança e o adolescente é o
pois relacionava a imagem da criança com a aplicativo Proteja Brasil que através do
de anjos, onde era como sinônimo de pureza número 100 a população pode denunciar.
e inocência. Antes do século XVIII a criança, Em 2015 e 2016, foram constatados 37 mil
adolescente e o adulto frequentavam o casos de denúncias de violência sexual onde
mesmo ambiente escolar após o século XVIII a as vítimas tem a faixa etária de 0 a 18 anos
infância passou a ser enxergada como uma foram recebidas através do Disque 100, essas
fase diferente da vida adulta. ligações são gratuitas e anônimas. No ano de
Em 1780, na Inglaterra as crianças 2016 foram constatados 17,5 mil casos. A
eram condenadas à pena de enforcamento maior parte dessas denúncias se refere aos
por mais de duzentos tipos penais. Em Nova crimes de abuso sexual (72%) e exploração
York foi criada a Sociedade para a Prevenção sexual (20%).
da Crueldade contra as Crianças, a partir do O desemprego e a miséria fazem parte
caso Mary Ellen, ela foi abandonada por seu do cotidiano dessas famílias levando-as a
pai e órfã de mãe e adotada por uma família fazer com que suas crianças e adolescentes se
onde passou a sofrer maus-tratos. O fato submetam a exploração sexual dentro dos
causou profunda indignação na comunidade barcos. São famílias que não possuem
da época que percebeu não haver um local condições de sustentar sua prole, famílias que
próprio destinado a receber denúncias deste vivem apenas com a renda que o governo
tipo. O caso da menina Mary Ellen foi disponibiliza, renda que às vezes não é o
denunciado na Sociedade para a Prevenção suficiente pois há famílias que tem uma
da Crueldade contra os Animais foi necessário grande quantidade de pessoas que moram no
que ela fosse comparada a um animal pois mesmo lar.
não existiam leis para protegê-la. Pouco Neste ano a rede Record de televisão
tempo depois, na Inglaterra é fundada uma criou uma série chamada Marajó Meninas em
sociedade semelhante voltada a proteção da risco onde retrata justamente o que
criança. (AZAMBUJA 2006, p.3) trabalhamos em nosso artigo o drama em que
No Brasil o combate ao abuso e vivem essas famílias, crianças que são
exploração sexual iniciou-se em 1973 no dia aliciadas sexualmente em troca de comida e
18 de maio, uma menina chamada Aracelli até mesmo de óleo diesel que no Marajó é
que tinha apenas oito anos de idade foi considerado ouro pois o único meio de
sequestrada, violentada e cruelmente transporte que a comunidade ribeirinha
assassinada no Espírito Santo. Seu corpo utiliza são as conhecidas rabetas

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(embarcações pequenas que possuem um adolescente passaram a ser detentores de

motor não potente). A situação das crianças seus próprios direitos, sendo assim
não vem de hoje há muito tempo esse tipo de resguardas pela Carta Magna.
crime acontece infelizmente a população não No Estado do Pará, tendo como objeto
tem consciência do quanto é importante a do nosso estudo a ilha do Marajó, é percebido
denúncia. com base em reportagens onde a mídia
apresenta a violência sexual contra crianças e
adolescentes como uma realidade, em que
permanecem vulneráveis aos abusos e
violações de seus direitos.
O termo “balseira” no Marajó traz um
significado bastante forte, balseira para eles
são meninas que vão as balsas para se
prostituir muitas dessas meninas não veem
isto como crime algumas acham isso normal,
é visto como algo cultural, devido a isso
muitas das vezes os exploradores ficam
Figura 1: Crianças moradoras das comunidades impunes pois não há denúncias.
ribeirinhas localizadas às margens do rio Tajapuru. Guedes (2015, p.8) vem trazendo o
Fonte: Marie Henriqueta Cavalcante conceito de balseira:

De acordo com a ativista Henriqueta O termo balseira tem sido usado no

Cavalcante Coordenadora da Comissão de contexto de Marajó para identificar as
Justiça e Paz da Comissão Nacional dos Bispos mulheres que vivenciam a realidade da
prostituição nos rios. Nesse caso, ser
no Brasil (p.02): balseira é ser prostituta. Contudo, as
mulheres [meninas] ribeirinhas que
Constata-se que, entre outras circunstâncias, o participam do comércio de sexo não se
que leva muitos e muitas [crianças] a se submeterem a percebem em nenhuma dessas
situações tão tristes e humilhantes, são as seguintes categorizações. Na visão delas, não são
causas: pobreza; falta de meios que garantam a prostitutas, muito menos balseiras.
subsistência; a mulher vista como objeto sexual;
violência doméstica, tanto física como psicológica e a
cultura da impunidade.
A exploração sexual nas balsas muitas
das vezes acontece justamente pela pobreza
da região mesmo sendo uma região rica em
Essas famílias não têm perspectivas de diversidade ambiental, não há trabalho para
uma vida melhor, o Estado atua de forma os pais dessas crianças e adolescentes e isto
negligente com políticas que garantam traz diversas consequências como a
estrutura educacional e profissionalizante. A perpetuação da pobreza e da miséria. Estas
exploração é tida como meio de situações e a baixa escolaridade são
sobrevivência, muitas famílias vivem apenas condições fundamentais para que essas
da renda do Bolsa Família não há um crianças e adolescentes se tornem um grupo
programa de incentivo aos pais dessas mais vulnerável a exploração sexual e outros
crianças e adolescentes. tipos de violação de seus direitos como por
exemplo o abuso sexual e até mesmo o tráfico
3.1 AS MENINAS BALSEIRAS ENQUANTO infantil para fins sexuais considerado um tipo
SUJEITOS DE DIREITO de exploração.

Com a promulgação da CF/88 e

da ratificação do ECA a criança e o

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4 A EXPLORAÇÃO SEXUAL DE CRIANÇAS E princípios mais importantes da CF/88 que é o

ADOLESCENTES A LUZ DO ORDENAMENTO da Dignidade da Pessoa Humana, onde o
JURÍDICO mesmo é violado a partir do momento que a
criança e adolescente sofre violência sexual.
4.1 O QUE DIZ A LEGISLAÇÃO INTERNACIONAL Após 11 anos, nasce a Declaração
4.1.1 Elementos internacionais acerca da Universal dos Direitos da Criança e do
proteção da criança e do adolescente Adolescente compostas por dez princípios,
dos quais destacamos dois de grande
A Declaração de Genebra foi o primeiro importância sendo eles os princípios II e IX os
documento no âmbito internacional criado quais dizem respeito respectivamente a
com o objetivo de defender a criança e necessidade de proteção especial e melhores
adolescente, onde afirmava a necessidade de condições de vida para que eles cresçam de
proclamar a esses sujeitos proteção especial, forma sadia, e a situação de fragilidade de
por conta de sua imaturidade psíquica e física, crianças frente à adultos.
onde requer proteção especial antes e depois
de seu nascimento. 4.2 O QUE DIZ A LEGISLAÇÃO NACIONAL
Vejamos o que dispõe a Declaração de 4.2.1 A constituição brasileira de 1988
Genebra (1924) em seu art.34 a respeito da
proteção de crianças e adolescentes com As primeiras Constituições Federais
relação a violência sexual: havia a proteção dos direitos civis e políticos
dos cidadãos, mas nada era mencionado a
Os Estados Partes se comprometem a respeito da dignidade humana nem dos
proteger a criança contra todas as formas
direitos das crianças e dos adolescentes e
de exploração e abuso sexual. Nesse
sentido, os Estados Partes tomarão, em
somente com a promulgação da Constituição
especial, todas as medidas de caráter Federal de 1988 (CF/88), é que o Estado
nacional, bilateral e multilateral que sejam começou a se preocupar mais com a pessoa
necessárias para impedir: humana.
a) o incentivo ou a coação para que uma
Em seu texto constitucional a CF/88
criança se dedique a qualquer atividade
sexual ilegal; trouxe uma grande ampliação no que diz
b) a exploração da criança na prostituição respeito ao direito concorrente de legislar
ou outras práticas sexuais ilegais; sobre os direitos e a proteção das crianças e
c) a exploração da criança em espetáculos
adolescentes. Em seu artigo 24, XV dispõem
ou materiais pornográficos. (Declaração
de Genebra 1924)
que é responsabilidade da União, dos
Estados, Municípios e do Distrito Federal
Com o decorrer do tempo mais protegê-las.
precisamente em 1948 surge a Declaração Assim também destacamos o art. 227,
Universal de Direitos Humanos (DUDH) §4 da CF/88 os deveres que devem ser
aprovando os direitos que dizem respeito ao assegurados ao infante juvenil:
cidadão, mesmo não sendo esse o principal
É dever da família, da sociedade e do
objetivo da declaração.
Estado assegurar à criança, ao adolescente
O art. 1 da Declaração Universal dos e ao jovem, com absoluta prioridade, o
Direitos Humanos (1948) dispõe que: “Todos direito à vida, à saúde, à alimentação, à
os seres humanos nascem livres sendo iguais educação, ao lazer, à profissionalização, à
cultura, à dignidade, ao respeito, à
em dignidades e direitos, onde eles são
liberdade e à convivência familiar e
dotados de razão e consciência e devem comunitária, além de colocá-los a salvo de
interagir com relação aos outros com espírito toda forma de negligência, discriminação,
de fraternidade.” Quando falamos em exploração, violência, crueldade e
dignidade logo nos lembramos de um dos

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opressão. (Redação dada Pela Emenda crime, ressalvado o direito de terceiro de boa-
Constitucional nº 65, de 2010)
fé.
§ 4º A lei punirá severamente o abuso, a
violência e a exploração sexual da criança
Além dos princípios da dignidade da
e do adolescente. (BRASIL, 1988, não pessoa humana e da liberdade sexual
paginada) dispostos na Constituição Federal de 1988
que tem como objetivo proteger sujeitos de
direitos Estatuto da Criança e adolescente
A partir do momento em que a com a sua promulgação o ECA também trouxe
Constituição Federal de 1988 concedeu a em seus textos, importantes princípios que
proteção integral a esses sujeitos de direito protegem especificamente os infantes juvenis
ela passou também a exigir que os cidadãos são eles o Princípio da Proteção Integral,
que souberem de violações ou ameaças assim como também o Princípio da Prioridade
desses direitos que lhes foi concedido tem a Absoluta.
obrigação de comunicar as autoridades O primeiro é entendido como o
responsáveis no que diz respeito a proteção. conjunto de direitos assegurados
exclusivamente a crianças e adolescentes,
4.2.2 A criança e o adolescente a luz do levando em consideração a condição que eles
Estatuto da Criança E Adolescente (ECA) vivem, assegurando condições para o seu
desenvolvimento desde seu nascimento até
No ano de 1990, o ECA foi promulgado sua maioridade.
trazendo consigo uma nova ordem política e Com relação ao segundo o mesmo está
institucional para o tratamento da criança e previsto no Eca nos arts.3º este princípio
do adolescente conhecida como o bem-estar também está previsto em nossa Carta Magna
do menor, estabelecendo também limites nas em seu art.227, §4º como já foi citado em
ações do Estado assim como o do Juiz, da página anterior.
Policia, dos pais e dos adultos que estão ao A lei assegura a criança e o adolescente
redor dessas crianças e adolescentes. direitos fundamentais inerentes a pessoa
Com relação a exploração sexual um humana, veremos a seguir o que dispõe o
dos tipos de violência e objeto de nosso artigo do ECA:
estudo o ECA em seu artigo 5º dispõe que:
Art. 3º A criança e o adolescente gozam de
Nenhuma criança ou adolescente será todos os direitos fundamentais
objeto de qualquer forma de negligência, inerentes à pessoa humana, sem prejuízo
discriminação, exploração, violência, da proteção integral de que trata esta Lei,
crueldade e opressão, punido na forma da assegurando-se lhes, por lei ou por outros
lei qualquer atentado, por ação ou meios, todas as oportunidades e
omissão, aos seus direitos fundamentais. facilidades, a fim de lhes facultar o
(BRASIL, 1990, não paginada) desenvolvimento físico, mental, moral,
espiritual e social, em condições de
liberdade e de dignidade.
Parágrafo único. Os direitos enunciados
O ECA traz também a punição que a nesta Lei aplicam-se a todas as crianças e
pessoa que comente crime contra o infante adolescentes, sem discriminação de
juvenil sofre. No art. 244-A além da pena de nascimento, situação familiar, idade, sexo,
raça, etnia ou cor, religião ou crença,
reclusão de quatro a dez anos e multa, o
deficiência, condição pessoal de
indivíduo perde bens e valores utilizados na desenvolvimento e aprendizagem,
prática criminosa sendo remetidos esses bens condição econômica, ambiente social,
ao Fundo dos Direitos da Criança e do região e local de moradia ou outra
Adolescente da unidade da Federação (Estado condição que diferencie as pessoas, as
famílias ou a comunidade em que vivem.
ou Distrito Federal) em que foi cometido o
(BRASIL,1990, não paginada)

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ECA, através deles é possível observar que a

A criança e adolescente não são mais criança passa a ser considerada sujeito de
considerados sujeitos com pouca capacidade direito, sendo destacado o direito a dignidade
mais sim sujeitos de direito plenos possuem e o respeito.
inclusive direitos como quaisquer cidadãos,
possuem direitos específicos que garantem o 4.2.3 A criança e o adolescente a luz do Código
seu desenvolvimento, crescimento até Penal
tornarem-se adultos.
O Direito Penal é um dos ramos mais
O art. 4 dispõe que é a família, a importantes do nosso ordenamento jurídico
comunidade e a sociedade em geral e
onde estabelece sanções penais e severas
poder público devem assegurar os direitos
essenciais como veremos a seguir:
podendo assim até mudar a vida de uma
Art. 4º É dever da família, da comunidade, pessoa. Esse ramo do direito deve ser
da sociedade em geral e do poder público aplicado com rigor e de forma severa para
assegurar, com absoluta prioridade, a pessoas que cometam esse tipo de crime.
efetivação dos direitos referentes à vida, à
Qualquer pessoa pode ter preferências
saúde, à alimentação, à educação, ao
esporte, ao lazer, à profissionalização, à intimas e até mesmo sexuais desde que não
cultura, à dignidade, ao respeito, à sejam exteriorizadas de forma violenta
liberdade e à convivência familiar e transformando assim em violência.
comunitária.
Com base no fato no dia 7 de agosto de
‘Parágrafo único. A garantia de prioridade
compreende:
2009 o art. 218-B foi inserido pela Lei nº
a) primazia de receber proteção e socorro 12.015, onde foi criada uma nova modalidade
em quaisquer circunstâncias; de delito de favorecimento da prostituição ou
b) precedência de atendimento nos outra forma de exploração sexual onde a
serviços públicos ou de relevância pública;
vítima é considerada vulnerável.
c) preferência na formulação e na
execução das políticas sociais públicas; O doutrinador Rogério Greco (2013, p.
d) destinação privilegiada de recursos 563) diz que “Uma modalidade especial de
públicos nas áreas relacionadas com a delito foi criada para o favorecimento da
proteção à infância e à juventude.
prostituição ou outra forma de exploração
(BRASIL,1990, não paginada)
sexual, com a diferença de que, in casu, a
vítima é considerada vulnerável.” Desta forma
Como vimos na disposição dos artigos
devemos conceituar a exploração sexual, no
este princípio tem como objetivo principal a
art. 218-B na visão do Código Penal Brasileiro
proteção integral das crianças e adolescentes,
que estabelece em seu artigo:
assegurando seus direitos fundamentais
previstos na Constituição Federal e elencados
Art. 218-B. Submeter, induzir ou atrair à
nos art.3º e 4º do Estatuto. O desenvolvimento prostituição ou outra forma de exploração
da criança e do adolescente é levado em sexual a alguém menor de 18 (dezoito)
consideração justamente por serem frágeis. anos ou que, por enfermidade ou
deficiência mental, não tem o necessário
Isto deve ser assegurado pelas famílias, pela
discernimento para a prática do ato,
comunidade assim também pelo Poder facilitá-la, impedir ou dificultar que a
Público. abandone. Pena - reclusão, de 4 (quatro) a
Com isso o Princípio da Prioridade 10 (dez) anos. (NUCCI, p. 946)
Absoluta consiste desde receber proteção e
cuidado até a elaboração e execução de A prisão é cumprida em regime
políticas públicas, assim como a destinação de fechado e não admite nenhum tipo de fiança,
recursos públicos. É importante mostrar os em 2014 este crime é considerado hediondo.
princípios que adentraram em nosso É de suma importância observar que o
ordenamento jurídico com a promulgação do objetivo deste artigo do Código Penal é de

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proteger o desenvolvimento e a formação de É comum se dizer que a função do

jeito saudável a personalidade da criança e Estado é promover o bem-estar da sociedade.
adolescente para que quando cresça possa Para isto, é necessário que se desenvolva
decidir de forma livre e sem nenhum trauma diversas ações e que ocorra a atuação em
o seu comportamento sexual. diferentes áreas como por exemplo: saúde,
Vale destacar que após a revogação a educação entre outras. O que se pode dizer é
multa passou a ser extinta onde o abusador que as Políticas Públicas são ações, metas e
passou a cumprir a pena de reclusão de 4 a 10 planos que os governos (nacionais, estaduais
anos. Ressaltamos que o artigo 244-A do ECA, ou municipais) traçam para alcançar o bem-
incriminava a submissão de crianças e estar da sociedade e o interesse público.
adolescentes, à prostituição ou a exploração O papel social com a relação as
sexual, havendo uma semelhança com o art. políticas públicas é de verificar o problema e
218-B do CP que reiterava a incriminação das tentar corrigi-lo, trazendo para realidade de
mesmas condutas previstas no artigo do ECA, Melgaço é necessário que as políticas públicas
mas com algumas alterações, observando de enfrentamento sejam efetivas para que o
que o art. 218-B do CP alcança apenas os problema da exploração sexual no município
menores de 14 anos. seja combatido.
Com base nas mudanças ocorridas foi
estabelecido uma tutela diferenciada quando 5.1 PROGRAMA NACIONAL DE
as vítimas forem crianças e adolescentes com ENFRENTAMENTO DA VIOLÊNCIA SEXUAL
idade inferior a 14 (quatorze) anos, ou se CONTRA CRIANÇAS E ADOLESCENTES
tratar de pessoa que, por enfermidade ou (PNEVSCA)
deficiência mental não tiver o necessário
discernimento para a prática do ato, ou, por Criado em 2000, após três anos de
qualquer motivo, não possa defender-se implementação este programa teve
passam a ser consideradas “pessoas importantes iniciativas implementadas, como
vulneráveis”. por exemplo o Disque 100 e o Programa de
Nesses casos o sujeito ativo do crime Ações Integradas e Referenciais de
pode ser qualquer pessoa, se esta pessoa Enfrentamento à Violência Sexual, Infanto-
possuir qualquer vínculo com a criança e Juvenil no Território Brasileiro (PAIR).
adolescente como exemplo ascendente, O programa possui diversas metas
madrasta, padrasto, tutor, curador ou se como integrar políticas sociais básicas
assumiu por lei outra forma, obrigação de consolidando as redes de proteção à crianças
cuidado, a pena é majorada a metade com e adolescentes violadas sexualmente, seu
base no art. 226, II do Código Penal. objetivo é garantir os direitos do infante
juvenil.

5 O PAPEL SOCIAL DO ESTADO E AS 5.2 PLANO ESTADUAL DE

POLÍTICAS PÚBLICAS DE COMBATE A ENFRENTAMENTO DA VIOLÊNCIA SEXUAL
EXPLORAÇÃO SEXUAL CONTRA CRIANÇAS E ADOLESCENTES NO
ESTADO DO PARÁ
O Estado desempenha uma função
importante em nossa sociedade como o No estado também foi criado em 2014
passar do tempo ocorreram diversas o Plano Estadual de Enfretamento da violência
mudanças. No século XVIII e XIX, seu objetivo sexual contra crianças e adolescentes
era a segurança pública e a defesa externa em abrangendo o período de 2014 a 2016. Tinha
caso de ataque inimigo. como finalidade combater a impunidade,
restaurar direitos e dignidade de vítimas de

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violência sexual, promover a inclusão social, 7 ANALISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

produzindo assim pontos positivos para o DA PESQUISA
desenvolvimento das crianças e adolescentes
paraenses. 7.1 LÓCUS DA PESQUISA
Este plano de enfrentamento ainda
está em fase de teste onde órgãos que estão O Estado do Pará está localizado na
no processo de elaboração e reformulação do Região Norte, faz limites com seis estados
3º plano tentam transformá-lo em um plano brasileiros, ao sul com Mato Grosso, a sudeste
decenal, este plano é um documento que tem com Tocantins, a leste com o Maranhão, a
o objetivo de desenvolver as políticas públicas noroeste com Roraima, a oeste com
para enfrentar e prevenir esse crime no Amazonas, ao norte com o Amapá, ainda
Estado do Pará. fazendo fronteiras ao extremo norte com os
dois países Suriname e Guiana. “Sua
6 METODOLOGIA DA PESQUISA população estimada é de 8.366.628 pessoas,
sua área total é de 1.247.955,238 km² e
O presente artigo contará com a densidade demográfica é de 6,07 hab./km²”.
metodologia indutiva por meio de pesquisas (IBGE, 2017a) Possui 144 municípios e seu
exploratórias com a abordagem qualitativa, clima é tropical e equatorial de altitude.
segundo LAKATOS (2010 p.68) “A indução é o A região do Marajó abrange uma área
processo metal por intermédio do qual de 104.606,9 km2 e é composto por 16
partindo de dados particulares, municípios. Esta região se destaca por sua
suficientemente constatados, infere-se a uma beleza natural conhecida também pela vasta
verdade geral, não contida nas partes floresta amazônica e infelizmente
examinadas.”, as quais objetivarão a reconhecida pela miséria de seus municípios
familiarização com o problema proposto, ou trazendo junto com eles os menores Índices
seja, a tomada de conhecimento do tema a de Desenvolvimento Humanos (IDHS) do país
ser estudado, como também pesquisas e notoriedade pelos casos de pirataria nos
explicativas, as quais nos ajudarão a rios, pela exploração e pela prostituição em
determinar fatores que contribuem para a suas cidades. Um desses municípios é o de
ocorrência dos crimes analisados. A Melgaço localizado na região norte do país, na
investigação será feita por meio de pesquisas mesorregião de Marajó. Este município limita-
bibliográficas e de campo por meio de se com os municípios Porto de Moz, Gurupá,
diálogos com os entrevistados, as quais, tem Breves, Bagre e Portel.
por objetivo a elaboração de um questionário Em 2013, Melgaço foi considerado o
onde será encaminhado para os responsáveis município com pior IDH do Brasil segundo
por órgãos como o Conselho Tutelar assim dados do Instituto Brasileiro de Geografia e
como também a Secretaria de Assistência Estatística (IBGE), sua população é estimada
Social, Delegacia Civil sendo todos os órgãos em 26.897 pessoas é possível dizer que o fator
responsáveis pelo combate da exploração principal para que a cidade seja considerada
sexual na região. Serão realizadas entrevistas o pior IDH é a desigualdade social, depois
com membro do Tribunal de Justiça do Estado destes dados coletados a cidade ficou
acerca da atuação nos processos que chegam conhecida como cidade inferno por haver um
até lá. As entrevistas que serão gravadas e alto índice de analfabetismo nesta cidade.
logo em seguida transcritas na integra com De acordo com site Radio Vaticana
membro de organização não governamental (2016, não paginada) em entrevista com o
onde o principal objetivo desses órgãos é o Cardeal Cláudio Hummes, Presidente da
combate à violência sexual: abuso e Comissão Episcopal da Amazônia sobre a
exploração sexual infantil Ilha do Marajó. cidade de Melgaço e explana que:

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7.3 OS DADOS DA PESQUISA

Esta área é muito abandonada pelo poder
público estadual e federal; praticamente
O Entrevistado 1 quando perguntado a
não há investimentos. Melgaço é o
município mais pobre do Brasil. O povo
respeito do funcionamento da Secretaria de
está muito aflito por falta de oportunidade Trabalho e Promoção Social (SEMTESP) e a sua
de trabalho, não existe trabalho. O atuação nos casos de exploração sexual
desemprego é colossal, não há funciona com atendimento de segunda à
investimentos ali. Os municípios não têm
sexta das 08:00 às 14:00 com atendimentos
condições, porque não têm arrecadação,
uma vez que não existe produção. Grande de demandas espontâneas, demandas do
parte deste povo vive da bolsa família e às Programa Bolsa Família que é uma das fontes
vezes de um ou outro aposentado que de rendimento dessas famílias. Na cidade
ajuda a sua parentela a sobreviver.
também existe o Centro de Atendimento e
Quando andamos por Melgaço, à beira do
rio, vemos as pessoas andando, ou
Assistência Social (CRAS) onde são realizados
sentadas em casa, porque não existe atendimentos e acompanhamento de
trabalho. É muito triste. famílias. Com relação ao combate exploração
sexual infantil das meninas balseiras na
Percebe-se que a situação é região.
muito comum na região marajoara, realidade
mostrada em sites pesquisados sobre as Realizamos o que é previsto na tipificação
condições de vida da população. Isso também dos serviços sócio assistenciais,
procurando levá-los a população que
é retratado e resultado da péssima qualidade
mora na zona rural da região, através de
de ensino que é oferecida na localidade. ações do Programa Bolsa Família, visando
Apesar de existir o aparato legal no que identificar e combater casos de exploração
diz respeito a proteção da criança e do sexual infantil. (ENTREVISTADO 1
MEMBRO DA SECRETÁRIA DE ASSISTÊNCIA
adolescente, a prestação de assistência a eles
SOCIAL DE MELGAÇO, 25 anos, 2017)
torna-se insuficiente e carente, a pobreza e a
falta de estrutura dos órgãos também são
Com relação ao levantamento dos
grandes causadores para o acontecimento
casos de exploração sexual o entrevistado
desse tipo de crime. A região clama por
disse que recentemente foi implantado o
melhores condições de vida para seus
setor de vigilância socioassistencial na
habitantes.
secretaria responsável pelo diagnóstico sócio
territorial na área de assistência e para
7.2 SUJEITOS DA PESQUISA
contribuir com levantamento de dados e
informações a respeito da oferta de
Os dados coletados neste artigo são de
benefícios e serviços, as informações são
pessoas que estão envolvidas no
encaminhadas para o CREAS nos casos de
enfrentamento de forma direta e indireta no
violação de direitos. No CREAS atualmente
combate da violência sexual sofrida pelas
não existem informações concretas dos casos
meninas balseiras, foram eles: membro do
de exploração sexual nas balsas. Quanto a
Conselho Tutelar de Melgaço, membro da
equipe que atua no acompanhamento dessas
Polícia Civil, membro da Secretaria de
crianças e adolescentes é composta pelo
Trabalho e Promoção Social, membro do
coordenador, uma assistente social, uma
Tribunal de Justiça do Estado assim como
psicóloga, uma pedagoga e dois profissionais
também membro de instituição não
de nível médio.
governamental.
Sobre as políticas para o
enfrentamento e assistência da exploração
sexual no município é dito que existem
campanhas como a do dia 18 de maio

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conhecida como o dia nacional do combate à Quando perguntado a respeito do que

exploração sexual infantil. Há um trabalho é o Conselho Tutelar a entrevistada 3 que faz
social realizado pelo órgão com as famílias e parte do Conselho Tutelar da cidade
indivíduos, esse trabalho é conhecido como respondeu que o Conselho Tutelar é um
(PAEFI), além dos serviços como atendimento órgão independente e atua de forma
integral as famílias. extrajudicial no que diz respeito a defesa da
A respeito do relacionamento entre a criança e do adolescente, onde recebem
Secretaria de Assistência, Ministério Público, denúncias através de ligações anônimas da
Poder Judiciário e o Conselho Tutelar para população e a situação é averiguada em
combater a exploração sexual na região ainda parceria com a Polícia Civil.
é disperso e não há realizações para o No decorrer das ações e após
enfrentamento de forma conjunta. Porém preservar a criança e o adolescente a situação
entre os órgãos existem solicitações de é encaminhada ao Ministério Público
reuniões, audiências públicas e ações. Nas Estadual, observando de fato que há o crime
ações do Conselho Tutelar, a secretaria dá o Ministério Público ingressa com a denúncia
suporte técnico e material sempre que é ou ingressa com a medida adequada para
solicitado e de acordo com as atribuições as resguardar os direitos das crianças e
devidas providências são tomadas. adolescentes.
Quando perguntado a Entrevistada 2, Os artigos 131 a 140 do Estatuto da
membro da Comissão de Justiça e Paz da Criança e Adolescente dispõem as atribuições
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil do Conselho Tutelar, onde este tem por
(CNBB) a respeito de suas viagens a cidade de principal objetivo zelar pela proteção integral
Melgaço a mesma respondeu que a cidade dessas crianças e adolescentes do Estatuto da
traz um diferencial enorme dos outros criança e adolescente (ECA). Constitui-se de
municípios do Marajó, é considerado o pior um órgão autônomo, permanente e não
IDH do Brasil. É possível encontrar serviços jurisdicionado, vinculado ao poder Executivo
ineficientes e desqualificados. Em Melgaço a Municipal.
gente encontra uma realidade extremamente Quando perguntado Como é feito os
chocante que é a da pobreza, tem três famílias levantamentos e se ocorre o
que sofreram o abuso sexual e que passam acompanhamento dos casos a Entrevistada 3
muita fome, passam semanas sem saber o respondeu que os levantamentos dos casos
que é um prato de comida. são feitos em conjunto, ou seja, pela rede de
Sobre o papel do poder público proteção à criança e adolescente e que este
mediante o enfrentamento a exploração acompanhamento é feito pelo Conselho
sexual de crianças e adolescentes na cidade Regional de Assistência Social (CREAS) Este
de Melgaço onde não há uma política de órgão é composto por pedagogo, psicólogo e
atendimento efetiva a entrevistada pontua o assistente social.
que vivenciou naquele local: Para combater a exploração sexual das
meninas balseiras ou qualquer tipo de
Não há política de atendimento e de violência sexual contra a criança e o
enfrentamento efetivo para essas crianças
adolescente o Estatuto da criança e do
e adolescentes, a principal culpa é do
Estado, um estado omisso, ausente da
adolescente tem uma política de atendimento
realidade, e que nunca olhou para aquela na forma de uma rede, justamente são os
situação como emergencial. órgãos que trabalham em conjunto e
(ENTREVISTADA 2, MEMBRO COMISSÃO funcionam desta forma pois não existe
DE JUSTIÇA E PAZ DA CONFERÊNCIA
hierarquia entre esses órgãos.
NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL, 58
anos,2017.) Trazendo para a realidade da cidade de
Melgaço a qual clama por melhores condições

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de vida no que diz a respeito à estrutura física A Constituição Federal de 1998 em seu
não há um lugar especifico para o artigo 144, IV dispõe que a segurança pública
atendimento das meninas que se submetem é dever do Estado e o estado tem
a vida das balsas. Nos casos em que é responsabilidade por todos, preservando a
constatado que os pais contribuem para a ordem pública e do patrimônio através de
exploração, assim que é sabido a criança e órgãos como a Polícia Civil que tem o papel de
adolescentes são retirados do ambiente apurar infrações penais.
familiar: Quando perguntado Sobre o papel da
polícia civil com relação ao combate à
Nos casos que foram constatados a exploração sexual das meninas balseiras, o
contribuição dos pais, a criança ou
Entrevistado 4, disse que o órgão tem o papel
adolescente é imediatamente retirado da
situação de risco em que se encontra e
repressivo, mas com enfoque preventivo, na
geralmente é feito um diagnóstico da cidade de Melgaço e que atua através de um
família extensa e a mesma vai para seio da trabalho de campo investigativo, onde
família. O abrigo é a última opção. E na agentes se infiltram para averiguar e levantar
cidade não temos abrigo. Sempre que
todas as informações, e onde se localizam os
precisamos o município tem convenio com
o abrigo de Portel. (ENTREVISTA 3 pontos de atracação e das casas das meninas
MEMBRO DO CONSELHO TUTELAR, 38 que sobem nas balsas, a partir disso inicia-se
anos,2017) uma fase de intercepção da balsa e a
abordagem dos tripulantes.
Quando perguntado quais os O Entrevistado 4 um dos principais
desafios que este órgão enfrenta é dito que responsáveis pelo combate dessa violência
o principal fator é o apoio por parte do poder relata como é feita a abordagem no
público. Outro fator também importante são momento do flagrante, “Quando é verificado
as ameaças que os Conselheiros sofrem por que há menores no interior dessas
parte dos agressores e seus familiares que embarcações, vai uma lancha rápida e faz a
como foi dito muitas das vezes são abordagem a embarcação averiguando a
aliciadores. Seus contatos pessoais são situação das menores.” (MEMBRO DA POLICIA
disponibilizados para a população fazerem as CIVIL, 32 anos,2017).
denúncias, pois o Conselho não possui É perceptível que no trabalho de
telefone, tornando assim perigoso para a vida combate à exploração sexual nas balsas não
destes. há equipamentos adequados e efetivos para
Como vimos acima não há estrutura, é que ocorra o devido policiamento observando
preciso que o Estado atue nesses casos, que a ausência do Estado com relação a
se invista em um local para que essas meninas investimentos, recaindo como um dos fatores
que são exploradas possam se abrigar. É que ensejam que esse crime é visto com
nítido o descaso com a população a falta de negligência por parte do poder público que
apoio leva essas meninas a voltarem para a não garante um sistema de proteção eficaz
realidade das balsas. para as crianças e adolescentes.
Essas situações decorrem na maioria Acerca das medidas que seriam
das vezes dos casos de exploração sexual de eficazes para combater esse tipo de crime o
alguns fatores como a inexistência de serviços Entrevistado 4 ressalta que presença do
públicos essenciais à defesa dessas crianças e Estado como um todo é de suma importância
adolescentes. A falta de um delegado na é preciso que haja a presença de programas
cidade faz com que o combate à exploração sociais de incentivo ao emprego e renda e de
se torne praticamente impossível, pois não melhoria da qualidade de vida dos ribeirinhos.
tem como haver atendimento de denúncias O mesmo pontua que: “Não adianta se fazer
na zona rural se o policiamento é reduzido. uma grande operação policialesca hoje, se na

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semana seguinte as meninas voltam a sua onde assim que assumiu seu cargo na cidade
origem e o estado social, não lhe dá a aconteceu uma operação de combate no qual
proteção devida, com inserção em programas a Polícia Civil juntamente com membros da
sociais.’’ Igreja Católica identificou casos de exploração
sexual dentro das balsas.
Com relação as políticas públicas de No período em que trabalhou em
enfrentamento se são efetivas e eficazes diz Melgaço, o mesmo disse que com relação a
que: outro tipo de violência que é de abuso sexual
ocorreu um caso em que padrasto era o
De maneira nenhuma são eficazes, diz que abusador, o Entrevistado 5 fez a instrução,
são pontuais, quando deveriam ser
mas não teve tempo de julgar, a repercussão
permanentes. O Estado não se preocupa
tanto com a região do Marajó pois não
da cidade foi gigantesca, e o abusador
conta com grandes números de eleitores cometeu suicídio.
então, o estado não se preocupa com uma A Comarca de Melgaço desconhece
forma de desenvolvimento sustentável da uma rede de proteção que o Estatuto da
região que alie o meio ambiente, como
Criança e Adolescente determina, foi
uma fonte de renda dos ribeirinhos.
(Entrevistado 5 MEMBRO DA POLÍCIA CIVIL observado um pouco de descaso por parte do
DO PARÁ, 32 anos, 2017) Poder Executivo Municipal, das pessoas que
atuam na cidade, palestras foram feitas por
O entrevistado 5 (Membro do Tribunal parte da Polícia Civil em parceria com o
de Justiça do Estado do Pará, 46, 2017) judiciário.
conceitua o termo violência como todo ato Sobre o papel dos pais e responsáveis
praticado contra o indivíduo que ofende sua quanto a exploração sexual das crianças o
integridade física e psicológica. No que tange mesmo diz que:
ao conceito de violência sexual contra a
criança e o adolescente esta é praticada A família tem um papel fundamental para
poder desestimular esse crime,
contra o indivíduo, onde atinge sua
inicialmente o Estado deve atuar como
integridade sexual, o Supremo Tribunal de principal combatente à exploração sexual
Justiça (STJ) diz que independentemente se ela isto é visto como uma questão cultural no
permitir ou consentir ainda sim é considerada Marajó, digo isto por experiência própria.
violência sexual. Inclusive na cidade de Ponta de Pedras
também localizada na região, foi
Em continuidade diz que tem dado
constatada a conivência da própria mãe
prioridade aos julgamentos dos processos com relação a violência sexual das filhas
deste tipo de crime, após o homicídio que é o onde o próprio pai era o abusador.
crime contra vida, a violência sexual infantil é (ENTREVISTADO 6 MEMBRO DO TRIBUNAL
DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARÁ, 46 anos,
considerada um dos crimes mais graves. Nas
2017.)
varas em que tem passado o mesmo tem
dado prioridade ao atendimento à criança e
Com relação a dificuldade enfrentada
adolescente como também violência
pela comarca no atendimento às vítimas de
doméstica, onde o crime sexual também está
violência sexual não existe uma rede de
inserido; e infelizmente aqui no Pará é visto
proteção para as crianças e adolescentes é
como cultura, onde esses criminosos
preciso que as famílias também sejam
enxergam a criança como um objeto.
orientadas, que sejam inseridas em
Nos casos da exploração sexual das
programas econômicos, um fator bastante
meninas balseiras o mesmo disse que teve a
relevante é a miserabilidade que é a
oportunidade de trabalhar sete meses na
comercialização do sexo dentro das balsas no
cidade de Melgaço no ano de 2015, no ano
rio Tajapuru nas imediações de Melgaço, onde
seguinte foi novamente transferido para lá,

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as crianças e adolescentes trocam seu corpo chega ou leva dias para se constatar sendo
por óleo diesel. um fator importante para que o combate à
É necessário que as políticas públicas exploração sexual seja mais complicado. Em
sejam eficazes para que as pessoas sejam relação ao Poder Judiciário nos julgamentos
inseridas dentro do mercado de trabalho e dos processos referentes à violência sexual
saiam da situação de miserabilidade, a contra crianças e adolescentes é moroso e
educação é fundamental, a família precisa poucos agressores tiveram suas sentenças
estar presente, é preciso que ocorram prolatadas, principalmente pelo fato de que
palestras de instrução mostrando que a as Comarcas nos interiores paraenses não
exploração sexual infantil é crime e que possuem recursos suficientes para a
precisa ser combatida. conclusão do processo. Com isso a situação
Percebe-se que é por isso que existe fica cada vez pior, os criminosos ficam
uma pequena quantidade de denúncias, impunes visto também que as denúncias
primeiro pela falta da chegada dos meios de quase não são feitas, desta forma não
comunicação; e outra, porque as pessoas que gerando muitos processos.
deveriam ser capacitadas para receberem as Quando falamos do Estado
denúncias também não se esforçam para que observamos que ele tem um papel
elas funcionem. No Pará a realidade é outra fundamental em garantir o direito das
por sua grande extensão territorial e difícil meninas balseiras; e como visto é dever do
acesso de chegar rápido aos lugares é preciso Estado, da família e da sociedade garantir a
uma longa viagem para ter acesso aos lugares proteção a essas crianças e adolescentes, mas
da denúncia, que é feito em embarcações. isto não acontece de forma eficaz.
A Constituição Federal de 1988
8 CONCLUSÃO resguardou a proteção integral a esses
sujeitos de direito onde passou também a
As discussões acerca do problema de exigir que os cidadãos que souberem de
um dos tipos de violência sexual que é a violações ou ameaças desses direitos que lhes
exploração sofrida por crianças e foi concedido tem a obrigação de comunicar
adolescentes são bastantes complexas, as autoridades responsáveis no que diz
mobilizam representantes de vários respeito a proteção.
segmentos da sociedade e de diversas áreas Em Melgaço a política pública
do conhecimento como órgãos de segurança, municipal para enfrentamento da violência
Poder Judiciário, órgão não governamental, a sexual é ineficaz, os profissionais apenas
população que vivencia direta ou desenvolvem campanhas de prevenção e
indiretamente a problemática do nosso artigo sensibilização em parceria com a Secretaria
e o próprio Poder Público que não tem de Trabalho e Assistência Social que é a
consciência do quanto essa situação é Campanha de combate e prevenção a
alarmante na região do Marajó no Estado do violência sexual e exploração sexual infantil
Pará. realizada no dia 18 de maio em todos os anos.
Uma vez que às famílias vivem em Nas escolas, a violência sexual é trabalhada
situação de miséria, fome e desemprego, apenas como tema transversal, dentro do
discutir a temática é de suma importância currículo escolar. O estado não vem se
para a sociedade pois, só através do preocupando com as comunidades
conhecimento de quão grave é este crime ribeirinhas onde programas de incentivos ao
ocorrerá mudanças, surgirá uma sociedade trabalho deveriam ser inseridos.
mais consciente e atuante. Percebe-se que ao fazermos as
Percebe-se que devido ao difícil acesso entrevistas com os órgãos que combatem a
as comunidades ribeirinhas a denúncia não violência sexual no Marajó todos

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responderam que as políticas de BRASIL. Convenção sobre os direitos da

enfrentamento não funcionam e quando criança Disponível em:
funcionam é de forma precária. <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto
É preciso que o Poder Público veja a /1990-1994/d99710.htm>, Acesso em: 13 de
situação como emergencial, o marajoara é um setembro de 2017.
povo que clama por socorro. É necessário
palestras de sensibilização à comunidade e as BRASIL. Lei 8.069/90. Estatuto da Criança e
famílias ribeirinhas; e não somente isto, mas do Adolescente. 2009. Disponível
que os Programas e Planos sejam efetivados em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis
com rigor para terem os efeitos aos quais se /l8069,htm> Acesso em: 18 de setembro de
propõem além de se criar no município uma 2017.
forma de capacitar os funcionários dos órgãos
locais para saberem lidar com este problema CAVALCANTE, Marie Henriqueta Ferreira.
social. Violência sexual infanto juvenil: desafios e
É evidente a falta de instrução por perspectivas.
parte da sociedade e a falta de políticas
públicas eficazes para erradicar e enfrentar a CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. São
violência sexual que ocorre naquela região. Paulo: Ed. Ática, 1985.
Desta forma, pode se concluir que a
exploração sexual nas balsas tem sido cada CHILDHOOD. Entenda a diferença entre
vez mais frequente, fazendo até parte da abuso e exploração sexual. Disponível
cultura daquela população, o Poder Público em:<http://www.childhood.org.br/entenda-a-
por sua vez, pouco tem feito para combater a diferenca-entre-abuso-e-exploracao-sexual>.
prática deste tipo de crime. Acesso em: 30 de setembro de 2017
exsurge com vistas ao
aprofundamento do tema: as análises no CUNHA, Joana. Pará é emblema da
âmbito do Direito Comparado, agora voltadas exploração sexual; conheça o drama das
ao estudo de como se configura o instituto da ribeirinhas. Disponível em:
imunidade das entidades religiosas em outros <http://amazonia.org.br/2017/05/para-e-
países. emblema-da-exploracao-sexual-conheca-o-
drama-das-ribeirinhas/>; Acesso em: 03 de
9 REFERÊNCIAS novembro de 2017;

AZAMBUJA, Maria Regina Fay de. Violência DEFENSORIA.PÚBLICA DA UNIÃO NO ESTADO

sexual intrafamiliar: é possível proteger a DO PARÁ. Dia Nacional de Combate ao Abuso
criança? Revista Virtual Textos & Contextos, e à Exploração Sexual de Crianças e
nº 5, nov. 2006. Disponível Adolescentes. Disponível em:
em:<http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/in <http://www2.defensoria.pa.def.br/portal/notici
dex.php/fass/article/viewFile/1022/802%3E.% a.aspx?NOT_ID=3071>. Acesso em: 15 de
20Acesso%20em:%2017%20set.%202011>. outubro de 2017;
Acesso em: 15 de novembro de 2017;
Dia nacional contra abuso sexual de
BRASIL. Constituição Federativa Do Brasil crianças e jovens é celebrado nesta quinta
1988. Disponível em: (18). Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constit <http://www.brasil.gov.br/cidadania-e-
uição/constituição,htm,> Acesso em: 05 de justica/2017/05/dia-nacional-contra-abuso-
setembro de 2017; sexual-de-criancas-e-jovens-e-celebrado-

18
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de 2017; Disponível em: < https://noticias.r7.com/jornal-da-
record/series/serie-jr-marajo-meninas-em-risco-
FALEIROS, Vicente de Paula; FALEIROS, EVA 16052017>Acesso em: 09 de novembro de 2017
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prostituição infantil. Como se vive na ilha?
GUEDES, Leonildo Nazareno do Amaral, Disponível em:
“Balseiras” na imensidão fluvial: uma http://br.radiovaticana.va/news/2016/04/13/
etnografia sobre relações comerciais e maraj%C3%B3_mis%C3
amorosas pelo Rio Tajapuru (Marajó das %A9ria_e_prostitui%C3%A7%C3%A3o_infantil
florestas-PA) Disponível em:< _a_vida_na_ilha/1222385, Acesso em: 10 de
http://www.evento.ufal.br/anaisreaabanne/gt outubro de 2017
s_downlo SECRETARIA DE DIREITOS HUMANOS. Plano
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