Campo Eletrostatico Relatorio

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Fı́sica Experimental III - Relatório: Campo

Eletrostático
Lauro S. C. Neto*
Rodrigo R. S. Nascimento†
Departamento de Fı́sica; Universidade do Estado de Santa Catarina;
Centro de Ciências Tecnológicas; Joinville 89219-710, Santa Catarina, Brasil

Junho de 2014

Resumo
Neste experimento foi feito o mapeamento das linhas equipotenciais usando-
se uma ponta de prova e duas configurações de eletrodos com geome-
trias diferentes inseridos em uma cuba contendo uma solução eletrolı́tica.
Sendo a primeira configuração de um par de eletrodos retos (iguais) e a
segunda de um par composto por geometrias diferentes (circular e reto).
Em seguida construiu-se as linhas de campo elétrico de ambas as confi-
gurações e realizou-se uma análise detalhada das propriedades exibidas
pelas linhas de campo elétrico juntamente com as equipotenciais..

Palavras-chaves: Linhas de Campo; Potencial Elétrico; Campo Eletros-


tático.
Sumário

Sumário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1 Introdução Teórica . . . . . . . . . . .. . . . . . . . 2
1.1 Capacitores e Capacitância . . . . . .. . . . . . . . 2
1.2 Potencial Elétrico . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . 3
2 Procedimento Experimental . . . . .. . . . . . . . 4
2.1 Materiais . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . 4
2.2 Determinação das Superfı́cies Equipotenciais . . . . 5
3 Discussão dos Resultados . . . . . . . . . . . . . . . 6
4 Conclusão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7

Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
*
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Introdução Teórica 2

Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8

1 Introdução Teórica
Nesta seção, apresentaremos brevemente os principais conceitos de
campo elétrico e potencial elétrico necessários para a compreensão do decorrer
deste relatório.

1.1 Capacitores e Capacitância


Qualquer região do espaço onde uma carga elétrica 𝑞 ′ experimenta
uma força F devido à presença de uma carga 𝑞 separada por uma distância 𝑟
de 𝑞 ′ e cujo módulo de F é dado por

1 𝑞′𝑞
𝐹= (1.1)
4𝜋𝜖0 𝑟2
é chamada campo elétrico (1). A esta força, denominamos de força de coulomb
(2), ou força coulombiana pode ocorrer devido à presença de outras cargas
naquela região e obedece ao princı́pio de superposição (3).
A intensidade do campo elétrico num ponto é igual à força por unidade
de carga colocada nesse ponto, e representamos por E. Então
F
E= ou F = 𝑞E (1.2)
𝑞

A unidade do campo elétrico é expressa em newtons/coulomb ou N · C−1 .


Em vista da definição (1.2), se 𝑞 for positivo, a força F tem o sentido
oposto a E. Por essa razão, se aplicarmos um campo elétrico numa região
onde estão presentes partı́culas ou ı́ons positivos e negativos, o campo procu-
rará mover os corpos carregados positivamente e negativamente em sentidos
opostos, resultando numa separação de cargas, cujo efeito é chamado algumas
vezes de polarização.
Dada a definição em (1.1) e (1.2), concluı́mos que o campo elétrico a
uma distância 𝑟 da carga pontual 𝑞 é por definição,
𝑞
E= ur (1.3)
4𝜋𝜖0 𝑟2
onde ur é o vetor unitário na direção radial e em sentido divergente da carga
𝑞, pois F está nessa direção. Para o caso de uma carga negativa, as linhas de
campo possuem sentido oposto ao de F, ou seja, sentido convergente. As Figs
1.1a e 1.1b, representam algumas linhas do campo elétrico produzido por uma
carga +𝑞 e −𝑞 respectivamente
Introdução Teórica 3

(a) Campo produzido por uma (b) Campo produzido por uma
carga pontual positiva. carga pontual negativa.

1.2 Potencial Elétrico


Uma partı́cula carregada, colocada em um campo elétrico, tem energia
potencial devido à sua interação com o campo. O potencial elétrico em um
ponto é definido como a energia potencial por unidade de carga colocada no
ponto. Designando o potencial elétrico por 𝑉 e a energia potencial de uma
carga 𝑞 por 𝑈𝑝 , temos
𝑈𝑝
𝑉 = ou 𝑈𝑝 = 𝑞𝑉 (1.4)
𝑞
O potencial elétrico é medido em joules/coulomb ou J · C−1 , uma unidade
chamada volt, abreviada 𝑉 , em homenagem ao cientista italiano Alessandro
Volta (1745-1827).
Notamos que a definição do campo elétrico e do potencial elétrico são
semelhantes àquelas do campo gravitacional e potencial gravitacional. Elas
são relacionadas de tal forma que podemos obter as componentes retângulares
do campo elétrico E como (1)
𝜕𝑉 𝜕𝑉 𝜕𝑉
Ex = − , Ey = − , Ez = − . (1.5)
𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑧
Ou de forma geral, a componente na direção correspondente a um desloca-
mento 𝑑𝑠 é
𝜕𝑉
E=− . (1.6)
𝜕𝑠
Ou ainda, na forma compacta

E = −∇𝑉 (1.7)

As Eq. 1.5 ou 1.6 podem ser utilizadas para encontrar o potencial elétrico 𝑉
quando o campo E é conhecido, ou vice-versa.
Considerando o caso simples de um campo elétrico E uniforme ilus-
trado na Fig. 1.1, onde as linhas pontilhadas representão as superfı́cies equi-
potenciais.
Procedimento Experimental 4

Figura 1.1 – Equipotenciais de um campo elétrico uniforme.

A primeira das Eqs (1.5) dá, para o eixo 𝑋 paralelo ao campo, E =


−𝑑𝑉 /𝑑𝑥. Como E é constante, e admitindo 𝑉 = 0 em 𝑥 = 0, por integração,
temos
ˆ𝑉 ˆ𝑥
𝑑𝑉 = −𝐸 𝑑𝑥 ou 𝑉 = −𝐸𝑥. (1.8)
0 0

Podemos observar que devido ao sinal negativo na Eq. (1.7), o campo elétrico
aponta na direção em que o potencial elétrico decresce. Quando consideramos
dois pontos 𝑥1 e 𝑥2 , a Eq. (1.8) dá 𝑉1 = −𝐸𝑥1 e 𝑉2 = −𝐸𝑥2 . Subtraindo,
temos 𝑉2 − 𝑉1 = −𝐸(𝑥2 − 𝑥1 ); ou, chamando 𝑑 = 𝑥2 − 𝑥1 , obtemos

𝑉1 − 𝑉2
𝐸= . (1.9)
𝑑
Apesar desta relação ser válida apenas para os campos elétricos uniformes,
ela pode ser usada para avaliar o campo elétrico entre dois pontos separados
por uma distância 𝑑, se for conhecida a diferença de potencial 𝑉1 − 𝑉2 entre
eles. Se a diferença de potencial 𝑉1 − 𝑉2 for positiva, o campo apontará na
direção de 𝑥1 para 𝑥2 , e, se for negativa, apontará na direção oposta. A Eq.
(1.9) indica que o campo elétrico pode ser também expresso em volts/metro,
que é uma unidade equivalente a newton/coulomb.

2 Procedimento Experimental
Nesta seção, descreveremos detalhadamente todo o procedimento, me-
todologia e materiais utilizado na atividade experimental, seguida pelo roteiro
experimental.

2.1 Materiais
∙ Fonte de tensão alternada;

∙ Multı́metro digital;

∙ Eletrodos de formatos diferentes (×2);

∙ Eletrodos planos (×2);


Procedimento Experimental 5

∙ Eletrodo na forma de disco;

∙ Cuba de vidro com solução eletrolı́tica;

∙ Fios elétricos (×4);

∙ Papel milimetrado (×3).

2.2 Determinação das Superfı́cies Equipotenciais


Após conferir os materiais necessários para a atividade experimental,
foi preparada uma solução eletrolı́tica, composta basicamente por uma mistura
concentrada de NaCl e H2 O, tendo por recipiente, uma cuba de vidro. Sob
a cuba de vidro, posicionou-se uma folha de papel milimetrado, a fim de se
estabelecer um sistema de referência para a leitura das coordenadas dos pontos
equipotênciais.
Reservou-se em um espaço ao lado da cuba, uma outra folha de papel
milimetrado para transcrever as leituras dos potenciais. Em seguida, foi insta-
lado os dois primeiros eletrodos planos nas paredes laterais da cuba, de forma
a deixar uma das extremidades dos eletrodos submersas na solução eletrolı́tica,
como mostra a Fig. (2.1).

Figura 2.1 – Esquema de montagem da cuba eletrolı́tica

Na folha de papel milimetrado ao lado da cuba marcamos a posição dos


eletrodos, tendo como base a posição deles na folha sob a cuba. Conectamos
então os eletrodos a fonte e também a um voltı́metro.
Com o aparato acima descrito devidamente montado, escolhemos a
escala adequada para o voltı́metro, uma vez que utilizou-se uma fonte de ten-
são alternada de 7, 02𝑉 . Dentro da solução eletrolı́tica deslocamos uma ponta
de prova, procurando um ponto onde o potencial fosse 0, 50𝑉 . Encontrado o
ponto, verificamos suas coordenadas na folha sob a cuba e a transcrevemos
Discussão dos Resultados 6

para a folha reservada. Na sequência, procuramos dez pontos de mesmo poten-


cial distribuı́dos na cuba, verificamos a posição de cada um e transcrevemos
para a folha de papel milimetrado novamente, traçamos assim, uma linha en-
tre os pontos marcados na folha milimetrada obtendo uma linha da superfı́cie
equipotencial. Repetimos este procedimento fixando outros quatro valores de
potenciais distintos (1, 25𝑉 ; 2, 00𝑉 ; 3, 00𝑉 ; 4, 00𝑉 ; 5, 00𝑉 ), totalizando cinco
linhas equipotenciais. Repetimos todo o processo acima para um segundo ar-
ranjo contendo essencialmente um eletrodo em formato de disco e outro no
formato de gota, assim obteve-se três linhas equipotenciais (3, 00𝑉 ; 4, 00𝑉 ;
5, 00𝑉 ).
Das linhas equipotenciais obtidas, foi possı́vel traçar o campo elétrico
existente entre os eletrodos, orientando-as conforme convencionado, divergindo
da distribuição de cargas positivas e convergindo na distribuição de cargas
negativas. Tanto as linhas de campo elétrico quanto as linhas equipotenciais
dos diferentes arranjos podem ser vistas na seção Anexos deste relatório.

3 Discussão dos Resultados


Do procedimento anteriormente descrito, obteve-se por traçado as cur-
vas que representam uma famı́lia de equipotenciais e campos elétricos, sendo
um perpendicular ao outro. A distribuição espacial destas linhas está associ-
ada com o tipo de configuração geométrica do eletrodo, ou seja, quanto mais
similar forem as formas geométricas dos eletrodos envolvidos, maior a simetria
exibida entre as linhas equipotenciais.
Embora toda a análise do potencial tenha sido feita sobre a base da
cuba, tendo todos os pontos equipotenciais lidos pertencentes a um mesmo
plano, sabe-se porém, que estas linhas na verdade prolongam-se pelo menos ao
longo das três dimensões espaciais dando origem a uma famı́lia de superfı́cies
equipotenciais, observou-se no traçado dos pontos que estas superfı́cies jamais
se interceptam, do contrário, a condição de perpendicularidade entre as linhas
de campo elétrico em relação as superfı́cies equipotenciais, não se observaria.
É esperado pela análise funcional tanto do potencial elétrico quanto do campo
elétrico que exibam caracterı́sticas de funções que possuam diferenciais exatas,
uma vez que ambos os campos são conservativos e um (o campo elétrico) pode
ser escrito como o gradiente de um campo escalar (o potencial) evidenciando
que o trabalho realizado pelo campo elétrico, entre dois pontos quaisquer,
ou seja, o potencial é independente da trajetória. Este resultado não esta
explı́cito neste relatório mas pode ser fácilmente deduzido pelas Eq. (1.4),
(1.8) e considerando a definição de trabalho1 .
Não é correto afirmar que se numa dada região do espaço o campo
elétrico for nulo, o potencial elétrico associado também o será. Ora, em um
condutor por exemplo, sabemos pela Lei de Gauss que o campo elétrico no
interior do condutor é nulo, já o potencial é possı́vel verificar que tem com-
portamento uniforme (constante) ao longo de todo o interior do condutor, não
´
1 ⃗ ao longo de uma trajetória 𝑑⃗𝑠 é dado por 𝑊 =
O trabalho de uma força 𝐹 ⃗ · 𝑑⃗𝑠
𝐹
Conclusão 7

obstante, a própria superfı́cie do condutor por si só, é pois uma superfı́cie


equipotencial.
Se uma carga elétrica for abandonada entre os eletrodos do experi-
mento, ou seja imersas no campo elétrico produzido, tem-se que o sentido de
deslocamento natural das cargas elétricas positivas só poderia ocorrer da po-
sição de maior potencial para a de menor potencial, dado que possuem maior
energia potencial elétrica quando localizadas na posição de maior potencial,
logo, o sentido de deslocamento natural das cargas elétricas negativas só po-
deria ocorrer da posição de menor potencial para a de maior potencial, pois
essas diferentemente das positivas apresentam maior energia potencial elétrica
nas posições onde o potencial elétrico é menor, isso se deve a relação existente
entre potencial elétrico e energia potencial elétrica como elucidado na seção
(1.2). Qualquer outro sentido adquirido, para ambas as cargas exceto o que
ocorre de maneira natural só pode ocorrer pela influência de algum agente
externo ao sistema.

4 Conclusão
Assim, dado um conjunto de eletrodos imersos em uma solução ele-
trolı́tica e submetidos à uma diferença de potencial constante de valor igual a
7, 02𝑉 , foi possı́vel traçar as linhas de campo elétrico a partir do mapeamento
das superfı́cies eqüipotenciais, constatando que a única configuração possı́vel
entre elas é tal que sejam perpendiculares entre si. No traçado, percebeu-se que
as linhas de campo elétrico que tem origens na distribuição de cargas positiva
e extremidades na distribuição de cargas negativa, é obviamente, orientado no
sentido do eletrodo de maior potencial para o de menor potencial, tal como
descrito pela Eq. (1.7). Isso significa que, se abandonarmos uma certa carga
entre os dois eletrodos, o sentido do deslocamento desta carga devido a ação
da força coulombiana, será contrário ao do campo elétrico se a carga for ne-
gativa ou de mesmo sentido se a carga livre for positiva. Também foi possı́vel
observar que as linhas equipotênciais bem como as de campo elétrico jamais
se cruzam, tendo em vista que um ponto não pode assumir dois valores distin-
tos de potencial e nem de campo elétrico simultâneamente. As equipotenciais,
próximas aos eletrodos, tendem a ter o mesmo formato que os mesmos de-
vido a distribuição geométrica de cargas e possı́velmente ao efeito de bordas,
contudo, ao se afastarem a geometria dos condutores tendem a exercer gra-
dativamente menos influência no formato das equipotências tornando-as, no
limite, independentes da geometria dos eletrodos.
Conclusão 8

Referências

1 ALONSO, M.; FINN, E. J. Fı́sica: Um Curso Universitário - Campos e


Ondas. 1a
¯ . [S.l.]: Edgard Blücher Ltda, 1972. Citado 2 vezes nas páginas 2
e 3.

2 HALLIDAY, D.; RESNICK, R.; WALKER, J. Fundamentos de Fı́sica 3:


Eletromagnetismo. 8a
¯ . [S.l.]: LTC, 2009. 419 p. Citado na página 2.
3 NUSSENZVEIG, H. M. Curso de Fı́sica Básica 3: Eletromagnetismo. 1a¯ .
[S.l.]: Edgard Blüncher, 1997. 313 p. Citado na página 2.

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