Nota Ficons #1
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1) Considerações iniciais
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FIG. 1. Vista de uma curva-de-nível no município de Pinheiral-RJ. A terra retirada é
colocada abaixo, formando um camalhão para aumentar sua eficiência. (Fonte:
acervo próprio, 2006)
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FIG. 2. Terraço de base média, do tipo murundum, em Planalto-SP. (Fonte: acervo
próprio, 2014)
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FIG. 3. Terraços para o cultivo de arroz em Phuket, Tailândia. Declividade estimada
em 50% e solo de textura silto-arenosa. (Fonte: acervo próprio, 2016)
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FIG.4. Bacia de retenção circular (barraginha), protegida com cerca, em Perdões-
MG. Fonte: acervo próprio, 2019.
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2) Determinação da declividade da área
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leitura se deve prender a base e girar o equipamento fazendo com que a haste de
cima vá para a parte de baixo, procedendo desta forma, pelo menos cinco leituras
(FIG 6).
Exemplo 1
15 m --------------- 4,5 m
100 m --------------- D
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3) Cálculo da distância entre as curvas-de-nível
𝐷
𝐸𝑉 = (2 + ) 𝑥 0,305
𝑋
onde:
EV = espaçamento vertical (m)
D = declividade (%)
X = fator obtido na Quadro 1. Note que ele apresenta, também, os valores
para terraços.
PRÁTICA CONSERVACIONISTA
Valores
Terraços Curvas-de-nível
de X
Culturas permanentes Culturas anuais Culturas anuais/permanentes
Em desnível Em nível Em desnível Em nível Mista Em nível
Argilosa 1,5
Média 2,0
Arenosa Argilosa 2,5
Média 3,0
Arenosa Argilosa 3,5
Média Argilosa 4,0
Arenosa Argilosa Média 4,5
Média Arenosa Argilosa 5,0
Arenosa Média 5,5
Arenosa 6,0
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Como se pode observar, segundo estes autores, para o cálculo do EV leva-
se em consideração o tipo de prática conservacionista, tipo de solo, relevo e
cobertura vegetal do solo. É importante observar que, quanto menor for o valor de
X, maior será o EV e, consequentemente, maior será a distância entre as curvas
(ou terraços).
𝐸𝑉 𝑥 100
𝐸𝐻 = ( )
𝐷
onde:
Exemplo 2
Dados:
D (declividade)= 30%
X= 4,5 (valor de x da equação)
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RESOLUÇÃO: Primeiramente, calculamos o EV:
30
𝐸𝑉 = (2 + ) 𝑥 0,305 ≈ 2,64 𝑚
4,5
2,64 𝑥 100
𝐸𝐻 = ( ) ≈ 8,8 𝑚
30
EHfinal = EH X 1,50
EHfinal = EH X 1,50
EHfinal = 8,8 X 1,50
EHfinal = 13,2 EHfinal ≈ 13 metros
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4) Demarcação e locação das curvas-de-nível
Se a opção for para que a água escoe somente para um lado, ele deve iniciar
a locação no sentido oposto onde a bacia de retenção ficará. No entanto, caso a
opção seja para que a água escoe para os dois lados, a locação inicia-se na
metade da dimensão da curva-de-nível, caminhando, para a direita e/ou para a
esquerda, no sentido da declividade, fazendo as medições com o nível, conforme
metodologia de determinação de declividade. A marcação na metade da curva
diminui o volume das bacias de retenção, embora exija a construção nas duas
extremidades – contudo, é mais seguro para animais e locais com acesso a
crianças.
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Uma sugestão interessante é empregar pés-de-galinha com 2,0 m entre
pernas. Assim, na quinta leitura do pé-de-galinha (5 leituras x 2,0 m = 10m) deve-
se medir 3,0 cm a partir do seu ponto e bater uma estaca, repetindo-se esse
procedimento até onde for necessário.
𝐶 𝑥 𝐼𝑥 𝐴
𝑄𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = ( )
360
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onde:
Topografia e declividade
Tipo de
Cobertura Suave Fortemente
solo Ondulada Amorrada Montanhosa
vegetal ondulada ondulada
(textura)
2,5 a 5,0% 5,1 a 10,0 % 10,1-20,0% 20,1-40,0% 40,1-100%
Note que, para solos de textura média, o valor de C deve ser obtido a partir
da média entre solos argilosos e arenosos.
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O próximo parâmetro da equação, a intensidade máxima de chuva (I), é um
fator muito importante, pois está relacionado com a produção de enxurrada. Para
obtenção desse parâmetro o ideal seria utilizar valores de série histórica, no
entanto, nem sempre o acesso a esse tipo de dado é possível, e nesse caso, se
utiliza a probabilidade do evento ocorrer em intervalos de 5, 10, 15 anos, etc.
Fórmula:
0,385
0,87 𝑥 𝐿³
𝑇𝑐 = ( )
𝐻
onde:
Tc= tempo de concentração (h)
L= comprimento de rampa (km)
H= desnível entre o ponto mais alto e o ponto considerado (m)
Como pode ser observado, trata-se de uma fórmula empírica e ela é apenas
um dos constituintes da equação que determina o volume total de enxurrada que
uma área é capaz de acumular.
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Exemplo 4
0,385 0,385
0,87 𝑥 𝐿³ 0,87 𝑥 0,072³
𝑇𝑐 = ( ) = ( ) ≈ 0,014323 horas ≈ 0,86 minutos
𝐻 20
Pires & Souza (2003), ressaltam que chuvas de mesma duração podem
apresentar diferentes intensidades e, quanto maior ela for, menor é a sua
probabilidade de ocorrência. Esses autores compilaram um quadro com a
intensidade máxima de chuva que pode ocorrer em função do tempo de
concentração e do período de retorno (Quadro 3).
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Exemplo 5
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Exemplo 6
Dados:
I= 250,8 mm h-1
A= 0,72 ha
C = 0,59
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FIG. 7. Seção típica de uma curva trapezoidal
Já a curva com forma retangular (FIG. 8), apresenta a vantagem de ser mais
simples e fácil de ser construída, principalmente se for feito de forma manual.
Contudo, como critério de projeto, outras seções podem ser adotadas, como
a seção triangular (FIG. 9) ou seção parabólica (FIG. 10).
h
α
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d
Na “Equação de Manning”...
1
𝑉= 𝑥 𝑅ℎ2/3 𝑥 𝑖 1/2
𝑛
onde:
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Quadro 4. Valores de n em função da natureza das paredes da curva.
𝑄𝑐𝑎𝑙𝑐 = 𝐴 𝑥 𝑉
onde:
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Quadro 5. Valores máximos da velocidade média de escoamento nas curvas.
A = b x h + m x h2
P = b + 2 x h x ( 1 + m2)
Rh = A/P
onde:
A = área da seção transversal (m2)
b = largura do fundo da curva (m)
h = altura da lâmina de água (m)
m = tang de (ângulo das paredes/talude - para = 45º, m = 1)
P = Perímetro molhado (m)
Rh = raio hidráulico (m)
A=bxh
P = b + (2 x h)
Rh = A/P
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Fórmulas para curvas de seção triangular
A = (b x h)/2
P = 2 x h x ( 1 + m2)
Rh = A/P
A = 2/3 x d x h
P = d + [(8 x h²)/3 x d]
Rh = A/P
onde:
d = diâmetro do disco de arado (m)
Exemplo 7
Vtotal = Qtotal x Tc
Então:
Acertamos as unidades Q = 0,30 m3 s-1 x 60 s = 18 m3 min-1
Então: Vtotal = 18 m3 min-1 x 0,86 min = 15,48 m3 de enxurrada (ou seja ≈ 16 m3).
Lembrando que:
1 minuto = 60 segundos
1 m3 = 1000 litros
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Temos, então, 16 m3 = 16.000 litros de enxurrada.
Dado:
EHfinal= 13 m
Número de curvas (Ncurvas) = 72/13 = 5,5
Sempre devemos procurar arredondar o valor de Ncurvas para baixo,
pois diminui o impacto no solo e nos custos
Portanto, Ncurvas = 5
Então:
𝑄𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙
𝑄𝑝𝑟𝑜𝑗𝑒𝑡𝑜 =
𝑁𝑐𝑢𝑟𝑣𝑎𝑠 𝑥 2
No nosso exemplo:
Ncurvas = 5
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𝑄𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 0,30 𝑚3 𝑠 −1
𝑄𝑝𝑟𝑜𝑗𝑒𝑡𝑜 = = = 0,030 𝑚3 𝑠 −1
𝑁𝑐𝑢𝑟𝑣𝑎𝑠 𝑥 2 5𝑥2
No nosso exemplo:
Então, quaisquer valores entre servem para Qcalc. Constrói-se, então, uma linha
de valores permitidos entre o mínimo (Qprojeto) e o máximo (Qprojeto máx) para
visualização dos valores da Qcalc permitidos:
Qcalc
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Exemplo 8
Dados:
1ª TENTATIVA
A = b x h + m x h2
A = (0,3 X 0,3) + (1 X 0,32) = 0,18 m2
P = b + 2 x h x ( 1 + m2)
P = 0,3 + 2 x 0,3 x ( 1 + 12) = 1,15 m
Rh = A/P
Rh = 0,18/1,15 = 0,16 m
V = 1 Rh2/3 x I1/2
n
V = 1 x 0,162/3 x 0,0031/2 V = 0,63 m s-1 (observe que a velocidade já estourou
0,025 o limite de V < 0,5 m s-1)
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Embora não seja necessário, pois o projeto já está comprometido, vamos verificar
os demais cálculos e confirmar se a Qcalc extrapolou Qprojeto
Qcalc = V x A
Qcalc = 0,63 x 0,18= 0,113 m3 s-1
0,113 >> 0,030 m3 s-1
Qcalc >> Qprojet (CONFIRMADO! Interpretamos, portanto, que a vazão para as
dimensões inicialmente estabelecidas é grande demais, ou seja,
podemos reduzir as dimensões da curva)
2ª TENTATIVA
A = b x h + m x h2
A = (0,30 x 0,15) + (1 x 0,152) = 0,07 m2
P = b + 2 x h x ( 1 + m2)
P = 0,3 + 2 x 0,15 x ( 1 + 12) = 0,72 m
Rh = A/P
Rh = 0,07/0,72 = 0,097 m
V = 1 Rh2/3 x I1/2
n
V = 1 x 0,0972/3 x 0,0031/2 = 0,44 m s-1 (OBS.: V < 0,5 m s-1. Então OK!)
0,025
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Qcalc= V x A
Qcalc= 0,44 x 0,072 = 0,031 m3 s-1
0,031 m3 s-1 0,030 m3 s-1
Qcalc Qprojet
Agora com essa nova tentativa, utilizando as dimensões de 0,3 m (b) e 0,15
m (h), se verifica que a vazão resultante foi de 0,031 m s -1, sendo bem próxima a
vazão de projeto, e a velocidade de escoamento encontrada (0,44 m s -1),
permaneceu abaixo do valor máximo de velocidade média de 0,5 m s-1.
Resumindo:
B= b + 2 x m x h
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Portanto, as dimensões das curvas-de-nível trapezoidais para atender as
especificações do projeto devem ser de 0,25 m de altura total (htotal), e 0,30 m de
base menor (b) e 0,60 m de base maior. No desenho técnico, temos:
B = 0,60 m
b = 0,30 m
0,33 0,20 0,07 0,73 0,09 0,2 40 0,0548 0,44 0,031 0,030
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7) Dimensionamento das bacias de retenção
Para obter o volume das bacias, basta dividir a enxurrada produzida na área,
calculada por meio do escoamento superficial e tempo de concentração da chuva,
pela quantidade de bacias.
Exemplo 9
Dados:
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7) Bibliografia
OLIVEIRA, L.R.O. The influence of soil properties on the erodibility of Brazil, Spain
and Portugal loamy soils: a study base on rainfall simulation experiments. Earth
Surface Processes and Landforms, Sussex, v. 13, p. 499-507, 2010.
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PRUSKI, F. F.; GRIEBLER, N. P.; SILVA, J. M. A. da. Práticas mecânicas para o
controle da erosão hídrica. In: PRUSKI, F. F. Conservação do solo e da água:
práticas mecânicas para o controle da erosão hídrica., Viçosa: Editora UFV. 2006.
p. 131-171.
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UNIVERSIDADE VALE DO RIO VERDE
FUNDAÇÃO COMUNITÁRIA EDUCACIONAL DE TRÊS CORAÇÕES
CURSO DE BACHARELADO EM AGRONOMIA
MODELO DE AVALIAÇÃO
DISCIPLINA: Física e Conservação do Solo TURMA: 7º/8º Período
PROFESSOR: Leyser Rodrigues Oliveira
Aluno(a): _____________________________________________________________
Valor:_________ Nota:_____________
htotal h
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