Estudo de Caso - Psiquiatria

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Estudo de Caso:

Um Mundo à Parte!

Autora:

Carina Machado n.º 12445

Braga, Junho / 2011


Curso de Licenciatura em Enfermagem
Ensino Clínico de Saúde Mental e Psiquiatria
Casa de Saúde do Bom Jesus: Unidade do Sagrado Coração de Jesus
9ª Licenciatura de Enfermagem
4º ano - 2º Semestre de 2010/2011

Estudo de Caso:
Um Mundo à Parte!

Autora:
Carina Machado n.º 12445

Supervisor:
Enfª. Joaquim Passos

Braga, Junho / 2011


Sumário

Introdução....................................................................................................................................6

1. História Clínica da Utente....................................................................................................8

2. Enquadramento Teórico.......................................................................................................9

2.1. Saúde Mental e Psiquiatria em Enfermagem....................................................................9

2.2. Doença de Alzheimer.......................................................................................................9

2.3. Delírios versus Alucinações...........................................................................................11

3. Processo de Enfermagem em Saúde Mental e Psiquiatria..................................................13

3.1. Avaliação Psiquiátrica da Doente em Estudo.................................................................13

3.2. Plano de Cuidados a Aplicar à Doente em Estudo..........................................................23

Conclusão...................................................................................................................................28

Bibliografia................................................................................................................................29

ANEXOS...................................................................................................................................30

Anexo I......................................................................................................................................31

Anexo II.....................................................................................................................................34

Anexo III....................................................................................................................................36
Sumário de Quadros

Quadro 1 – Avaliação Psiquiátrica da Utente.............................................................................16

Quadro 2 – Farmacologia........................................................................................................23

Quadro 3 – Plano de Cuidados...................................................................................................27


Índice de Siglas e Abreviaturas
APA – American Psycological Association

AVD – Actividades de Vida Diária

CSBJ – Casa de Saúde do Bom Jesus

DPOC – Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica

MMSE – Mini Mental State Examination

USCJ – Unidade do Sagrado Coração de Jesus


Ensino Clínico de Saúde Mental e Psiquiatria
Casa de Saúde do Bom Jesus - USCJ

0. Introdução
No âmbito do Ensino Clínico de Saúde Mental e Psiquiatria, foi proposta a realização de
um estudo de caso em que fosse escolhido um doente da unidade em que decorria o
Ensino Clínico (Casa de Saúde do Bom Jesus (CSBJ) – Unidade do Sagrado Coração de
Jesus (USCJ)) e se fizesse um estudo aprofundado do seu estado de saúde Mental, os
cuidados que necessita e o que levou e esta situação.

O nome deste estudo é “Um Mundo à parte” e está inteiramente relacionado com as
manifestações psiquiátricas demonstradas pela doente em estudo. A utente escolhida
tem um Síndrome de Alzheimer, no entanto as manifestações que apresenta pouco
evidenciam esta doença. É uma utente com delírios marcados no dia-a-dia e que é semi-
dependente para as suas actividades. A história clínica/quadro clínico desta doente
despertou um interesse capaz de incentivar a execução deste estudo.

Os objectivos que traçados para este estudo de caso são:


 Conhecer a história clínica do doente ao qual me dediquei para a realização do
trabalho;
 Aprender mais acerca das patologias, sinais e sintomas psiquiátricos;
 Desenvolver competências na área da psicofarmacologia;
 Desenvolver capacidade de adequação de cuidados mediante a doente e a sua
patologia psiquiátrica;
 Desenvolver capacidade de comunicação com o doente e com a família;
 Obedecer à obrigatoriedade de realização desta parte do trabalho.

Este trabalho será realizado com base em informação obtida no processo individual da
doente, na pesquisa bibliográfica pertinente para o tema, em sites científicos e
fidedignos da internet, em conhecimentos/informação adquiridos em campo de estágio e
através da entrevista à doente e conversas com a família.

A norma bibliográfica utilizada para a realização do trabalho será a American


Psychological Association (APA), utilizando o Guia de normalização Técnico
Cientifica em vigor na ESSVA para a estruturação do trabalho.

Ao longo do trabalho a maior dificuldade que se prevê encontrar estará relacionada com
o pouco tempo de ensino clínico, e por consequência o tempo de integração ficou
reduzido, assim como o tempo para realização de todas as actividades propostas. Pensa-

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se que a realização do projecto - investigação na Escola Superior de Saúde Vale do Ave


(ESSVA) irá prejudicar também o tempo disponível para o ensino clínico decorrente.

Este trabalho divide-se em três capítulos de desenvolvimento acerca do estudo que se


pretende realizar. Após esta introdução apresenta-se o primeiro capítulo, relativo à
história clínica da utente. Aqui revela-se a história de saúde/doença da utente, assim
como anteriores internamentos e motivos destes. Estas informações foram conhecidas
através do processo clínico da doente, confrontando com informações dadas por esta e
com a informação obtida através da equipa do serviço.

No segundo capítulo consta o enquadramento teórico. Este dá a conhecer toda a teoria


relacionada com o estado de saúde mental e psiquiátrica da utente assim como se faz
uma pequena abordagem teórica acerca da saúde mental e psiquiátrica em enfermagem,
direccionando para a evolução que esta teve desde os tempos mais longínquos. Optou-se
por fazer referência à patologia de diagnóstico da utente (demência de Alzheimer)
explicando a epidemiologia da doença, assim como o seu possível tratamento e os
cuidados de enfermagem associados. Outro dos subcapítulos é referente a um estado de
alteração do conteúdo de pensamento que a utente demonstrava – O delírio. Neste
subcapítulo faz-se a distinção de dois conceitos que habitualmente se confundem - o
delírio e a alucinação.

O terceiro capítulo desenvolve uma breve explicação acerca do processo de


enfermagem aplicado na saúde mental e psiquiatria. Os subcapítulos pertencentes a esta
parte do trabalho dão a conhecer a avaliação psiquiátrica realizada à utente em estudo, o
tipo de farmacoterapia que lhe é aplicada, assim como os cuidados a ter com esta, e por
fim o plano de intervenções realizado. Neste plano são incluídos os diagnósticos
identificados e justificação, as intervenções a implementar e os resultados obtidos após
esta implementação. O trabalho termina com a apresentação de uma síntese reflexiva
onde se expressam de forma resumida os conteúdos estudados, assim como os
objectivos atingidos e justificação dos que não se alcançaram.

Começa-se agora por apresentar a senhora em estudo. Tem por nome G.M.R., tem 82
anos de idade e está na CSBJ - USCJ com o diagnóstico clínico de Doença de
Alzheimer. Esta doente despertou interesse pelas manifestações clínicas observadas ao
longo do ensino clínico, sendo estas na base do delírio.

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1. História Clínica da Utente

A utente em estudo chama-se G.M.R., nasceu no dia 17 de Setembro de 1928, tendo


actualmente 82 anos. É viúva e tem 2 filhos. É reformada da profissão de doméstica.
Estudou, obtendo assim aprovação até ao 1ºciclo. Está internada com diagnóstico
clínico de doença de Alzheimer. Já teve dois internamentos em serviço de psiquiatria da
casa de saúde – O primeiro iniciou-se no dia 9 de Novembro de 2009 e o segundo, que
ainda decorre, iniciou-se a 19 de Fevereiro de 2010. O motivo de internamento
demonstrado na 1ª admissão foi alteração de comportamento, e discurso incoerente. À
entrada estava consciente e colaborante, apresentando défices amnésicos ao nível da
memória recente. Na segunda admissão apresentava-se com alterações do
comportamento e com períodos de agressividade. Estas alterações tinham-se iniciado à
mais ou menos um ano com o falecimento do marido. Apresenta antecedentes de
neoplasia da tiróide (em estudo), dislipidemia e doença pulmonar obstrutiva crónica
(DPOC).

À entrada apresentava um índice de Katz com score 10, um índice de Lawton e Brody
com score 27 e um Mini Mental State Examination (MMSE) com score de 23.
Apresenta um conteúdo de pensamento alterado, com delírio. A sua motivação para
participar nas actividades proporcionadas pela instituição é muito reduzida, no entanto
tem um bom relacionamento interpessoal e apresenta-se colaborante e com bom suporte
familiar. Apresenta necessidades de auxilio na execução de algumas actividades de vida
diária, nomeadamente na higiene pessoal e na mobilidade. Apresenta audição diminuída
à direita. A alteração da mobilidade é também provocada por atroses, tendo próteses de
joelhos.

Neste momento a utente encontra-se muito reservada, sendo muito complicado manter
uma conversa com ela. Refugiasse no seu quarto, recusa conversas e questões e só fala
do seu “marido, que é médico, e a vem buscar para a levar para casa”. Recebe visita de
uma nora e de um filho, que têm alguma dificuldade em lidar com esta situação dos
delírios. No entanto recebem o apoio da equipa de enfermagem neste sentido
colmatando estes constrangimentos.

Esta situação demonstrou interesse para a realização do estudo por esta complexidade
de relações que se estabelecem entre a utente, os seus delírios e a família.

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2. Enquadramento Teórico

2.1. Saúde Mental e Psiquiatria em Enfermagem


Este subcapítulo do presente estudo serve apenas para situar o contexto clínico em que
se desenrolou o ensino clínico em causa.

Desde à alguns anos que a enfermagem se dedicou à saúde mental, quando se


aperceberam, através dos dados estatísticos, que um em cada três americanos iriam
sofrer de saúde mental em qualquer momento da sua vida. Foi assim que se
aperceberam que a mente de cada um dos seres humanos é diferente da dos outros todos
e por isso acharam necessário que houvesse formação e treino específico para estas
perturbações. No entanto isto não era suficiente. Era necessário que se criassem espaços
onde as pessoas com este tipo de patologias fossem mesmo internadas para que o
tratamento pudesse ser eficaz e benéfico. Assim se criaram os hospícios. Tudo isto foi
evoluindo havendo necessidade de criação de outros locais para substituição destes, uma
vez que se começou a perceber que estes locais não eram os apropriados pela forma
como tratavam os doentes, em que os cuidados de alimentação e físicos eram mínimos.
(Fundamentos de saúde mental)

No século XIX e XX progrediu-se muito nesta área e descobriram-se “maravilhas” nos


fármacos psicotrópicos, relativamente às patologias apresentadas por estes utentes. Com
todas estas modificações foram-se melhorando os cuidados prestados tendo sempre em
vista desinstitucionalização destes doentes tão cedo quanto possível. Este processo foi
impulsionado por um grupo de pessoas que anteriormente tinham tido problemas
psiquiátricos a se conseguiram superá-los, passando a ter uma vida normal.
(Fundamentos de saúde mental)

Actualmente a lei relativa a estes doentes também foi alterada, vendo-se uma forma de
cuidar humanizada em que os enfermeiros têm um papel crucial no acompanhamento e
apoio a estas pessoas.

2.2. Doença de Alzheimer


Decidiu-se esclarecer teoricamente os aspectos epidemiológicos e o tratamento da
doença de Alzheimer, sendo esta a patologia de base da doente em estudo. Aqui irá

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abordar-se também a intervenção que enfermagem pode ter nos doentes com esta
patologia.

A doença de Alzheimer faz parte do grupo de perturbções de demências chamado


“perturbações mentais orgânicas”. Os sintomas desta patologia foram detectados pela
primeira vez em 1906, por Alois Alzheimer. É uma patologia irreversível e progressiva,
isto é, com o passar do tempo tende a piorar e ainda não se conhece a cura para ela. A
Associação americana de Psiquiatria refere que os sintomas desta patologia estão de
algum modo associados a deficiências na função dos tecidos cerebrais. (Neeb, 1997)

O seu inicio é gradual e envolve declínio cognitivo continuado. (APA, 2000) A doença
de Alzheimer é responsável por cerca de 50% dos casos de demência primária. Esta
doença nunca pode ser um diagnóstico definitivo, uma vez que a certeza desta exige que
se visualize a neuropatologia característica no tecido cerebral dos doentes afectados.
Isto leva a querer que apenas se tem certeza do diagnóstico em humanos não vivos,
sendo este até aí um diagnóstico provável. (Spar & La Rue, 2002)

A prevalência desta demência aumenta acentuadamente com a idade, sendo de 0,6% nos
homens e 0,8% nas mulheres, até aos 65 anos de idade. Aos 85 anos de idade esta
prevalência aumenta 11% nos homens e 14% nas mulheres. Quanto maior for a idade da
pessoa maior é a prevalência desta demência.

A doença de Alzheimer tem uma evolução lenta e progressiva, em que os primeiros


défices sentidos são ao nível da memória recente, seguindo-se de afasia, agnosia e
apraxia após vários anos de inicio dos sintomas. Esta patologia tem uma duração média
de 8 a 10anos após o inicio dos sintomas. Em termos quantitativos, a evolução da
doença pode ser vista através do MMSE, em que, na generalidade, há uma diminuição
de 3 a 4 pontos, por ano, no score desta escala (APA, 2000)

Actualmente a cura para esta demência ainda não é conhecida, sendo que esta não
melhora e desenvolve-se em quatro fases distintas:

I. Ligeira perda de memória; a pessoa vagueia, deambula e perde-se; desorientação


no tempo e espaço.

II. Agravamento da perda de memória; Perde a capacidade de produzir juízos de


valor ou explicar provérbios simples; Negligencia a higiene pessoal, o cuidado
com a aparência física e a saúde; comportamento anti-social.

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III. O “esquecimento” piora; pode ser capaz de dizer o nome e reconhecer familiares
ou amigos próximos; pode ter comportamentos inadequados como gritar;
eventual incontinência urinária e fecal; cambaleia.

IV. Incapaz de cuidar de si próprio; dificuldade em caminhar normalmente ou


incapacidade para o fazer; incoerente; totalmente incontinente; podem ocorrer
convulsões.

Adaptado de Neeb (1997)

O tratamento da demência de Alzheimer passa por sessões de terapia psicossocial,


psicofarmacoterapia do declínio cognitivo e farmacoterapia dos sintomas não
cognitivos. A terapia psicossocial tem a ver com sessões de psicoterapia individual em
que se pretende melhorar a ansiedade e a perda de auto-estima que são frequentes nas
fases iniciais da doença. A psicofarmacoterapia do declínio cognitivo consiste no
tratamento por meio de fármacos que diminuem os défices cognitivos da doença
(ex:inibidores da colinesterase). Por último, a farmacologia dos sintomas não cognitivos
consiste na utilização de psicofármacos para tratar sintomas como a agitação, a
ansiedade, a depressão e as perturbações de humor. (Spar & La Rue, 2002)

Para concluir, pode dizer-se que a doente em estudo se encontra no estádio I da doença,
segundo o autor supra-citado, no entanto já começa a apresentar alguns sinais do estádio
seguinte (agravamento da perda de memória e comportamento anti-social).
Relativamente ao tratamento adequado pensa-se que o melhor seria o da farmacologia
dos sintomas não cognitivos.

2.3. Delírios versus Alucinações


Pensou-se que fosse interessante criar durante este enquadramento a distinção entre dois
processos psiquiátricos que se podem confundir: Delírio e alucinação. No caso deste
estudo a utente em causa tem manifestações de delírio.

A actividade delirante é identificada pela “(…) presença de uma ou mais ideias


delirantes não bizarras que persistam pelo menos durante 1 mês.” (APA, 2000, pág.
323).. As perturbações delirantes podem ser divididas em categorias com base na
temática delirante que predomina. Existe o tipo erotomania, grandeza, ciúme,
persecutório, somático, misto e não especificado (APA, 2000). No caso da utente em

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estudo, esta apresenta um delírio do tipo erotomaníaco que se distingue pela criação de
ideias e pensamentos em que se sente e refere ser amada por alguém que não existe.

Relativamente à alucinação esta pode definir-se como uma percepção sensorial falsa
que pode ter origem em qualquer um dos cinco sentidos do ser humano. (Neeb, 1997)

Em forma de conclusão, pode dizer-se que a alucinação tem a ver com um estado em
que a pessoa sente, vê ou ouve algo que na realidade não existe, e o delírio advém de
pensamentos e criação de situações que não existem. (Fonseca, 1997)

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3. Processo de Enfermagem em Saúde Mental e Psiquiatria

3.1. Avaliação Psiquiátrica da Doente em Estudo


Esta avaliação foi realizada com base no processo clínico da utente e também tendo em conta a entrevista que lhe foi feita. Visto que esta é uma
doente com delírio, algumas das questões tiveram de ser confrontadas com o processo desta, comprovando-se que algumas das suas respostas não
eram acertadas. Assim, no decorrer desta avaliação, é referido entre parênteses e em itálico a resposta da utente se esta não for concordante com a
realidade, uma vez que é uma utente com delírio.

Caracterização do Doente

Nome: G.M. R. Escolaridade: 1ºciclo


Data de Nascimento: 17 de Setembro de 1928 (9 de Ex-profissão: Doméstica
Setembro de 1989) Profissão actual: Reformada (doméstica)
Sexo: Feminino Núcleo Familiar: A utente, antes de ser internada, vivia com
Estado Civil: Viúva (Casada) o filho e com a nora. (Marido, empregada e enfermeira)
Nacionalidade: Portuguesa

Religião: Católica

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Avaliação
Queixa Principal: A utente não apresenta queixas do foro psiquiátrico, no entanto, aquando da entrevista, referiu estar grávida de
gémeos, e estar a sentir as dores de parto.
Patologia Actual: Doença de Alzheimer (?)
Motivo de Internamento: Alteração de Comportamento, períodos de agressividade.
Presenças de perturbações da personalidade ou deficiência mental: Utente não apresenta nenhum tipo de perturbação da
personalidade nem de deficiência mental.
Antecedentes pessoais: Neoplasia da Tiróide (em estudo), dislipidemia, DPOC, prótese da anca. Doente refere nunca ter tido nenhuma
doença.
Antecedentes familiares: Utente refere que o filho é diabético. No processo refere antecedentes irrelevantes.
Padrão de sono (nº de horas, insónias, medidas adaptativas): Utente com dificuldade neste padrão estando medicada com medidas
adaptativas para este efeito. (10h, e refere não utilizar medidas adaptativas para este efeito).
Problemas psicossociais e ambientais: Utente não demonstra qualquer problema desta natureza e refere ser muito bem tratada pelo
marido. O filho e a nora realizam visitas frequentes à doente, na Casa de Saúde. Em termos sociais e financeiros é uma utente que não
aparente nenhum destes défices.
Anamnese
Utente refere que nasceu no dia 9 de Setembro de 1989 (confusão) e que durante a sua infância viveu em Ponte da Barca, tendo sido
sempre uma criança normal, como todas as outras. Expõe, na entrevista, que estudou até aos 15 anos, no entanto no seu processo clínico
apresenta-se o 1º ciclo como as habilitações literárias que possui. Depois de casar foi morar para Braga onde viveu com o seu marido e
teve 2 filhos. Este marido é referido pela doente como diabético e que faleceu por ser alcoólico. Demonstra tristeza e falta de apoio por

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parte do marido. Agora diz ter outro companheiro, que é médico, do qual está grávida de gémeos (delírio). Mostra-se muito feliz com este
novo casamento e explica que “o marido não quer eu trabalhe e por isso me colocou na casa de saúde para que não ficasse sozinha em
casa, pois podia sentir-se mal” (SIC, delírio).
Exame do Estado Mental:
MMSE (anexo I): Apresenta um score de 24, com recusa da execução dos dois últimos exercícios, apesar de se dizer capaz de os
realizar. Utente demonstra-se muito reservada e com pouca vontade de colaborar na realização do teste, mesmo depois de lhe ser
explicado a sua utilidade. Respondeu à maioria das questões colocadas, e nas questões finais recusou-se a colaborar, alegando que era
“capaz mas que se sentia muito cansada” (SIC).
Aspecto, atitude, comportamento e contacto: A utente apresenta um aspecto sempre muito cuidado tanto no seu estado geral como no
seu espaço (quarto). Apresenta alguma dificuldade na marcha por ter próteses nos joelhos, e por isso utiliza uma bengala como auxiliar de
marcha. Os restantes parâmetros estão dentro da normalidade. Foi aplicada a escala de Lawton e Brody (anexo II), utilizada na unidade e
a doente atingiu um score de 21, o que revela uma dependência elevada para a utilização dos instrumentos de vida diária. Da mesma
forma também lhe foi aplicado o índice de Katz (anexo III), em que se considerou a utente independente para as AVD, obtendo um score
de 9 nesta escala.
Humor e afecto: A utente apresenta um humor e afecto sem alterações. Nota-se muito introvertida, na relação estabelecida comigo, no
entanto quando observada em contacto com familiares demonstra afectividade por estes e não demonstra qualquer tipo de alteração.
Discurso: incoerente e delirante, demonstrando diminuição da vontade para conversar.
Pensamento e conteúdo deste: Esta doente apresenta um pensamento alterado, como pode perceber-se na parte da avaliação e anamnese,
apresentando delírios erotomaníacos.
Percepção: apesar das alterações que possui ao nível do conteúdo do pensamento, a utente não apresenta alterações al nível da

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interpretação da realidade que lhe é apresentada.


Memória e orientação: D. Maria apresenta confabulações, perfeitamente identificas no seu discurso. Tem a memória recente
comprometida, sendo que a memória retrógrada está conservada.
Cognição: Através do MMSE pode concluir-se que a utente não apresenta défices cognitivos.
Insight: A utente não tem percepção da causa que a leva a estar internada na unidade, sendo que nem se refere como internada, dando a
entender que “está lá apenas de passagem, enquanto espera pelo marido” (SIC).
Avaliação dos sistemas: Todos os sistemas se encontram sem alterações, excepto a audição. A doente apresenta diminuição da acuidade
auditiva à direita. O sistema relacionado com a locomoção está alterado pela presença de próteses dos joelhos o que faz com esta se faça
acompanhar de um auxiliar de marcha (bengala).
Quadro 1 – Avaliação Psiquiátrica da Utente.

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Farmacologia
Toda a informação colocada nesta parte do estudo foi baseada em Deglin & Vallerand (2009) e em Autoridade Nacional do Medicamento e
Produtos de Saúde I.P. (2011).

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Medicação actual:
Na descrição de cada fármaco apresenta-se o nome deste, a dosagem e os momentos de toma, em que se representam por “pequeno-
almoço + almoço + jantar”, indicando a quantidade de fármaco prescrito.
 Ácido acetilsalicílico 150mg, 0+1+0
 Alopurinol 300mg, 0+0+1
 Aminofilina 225mg, 1+0+1
 Brometo de tiotrópio, 0+1+0
 Ciamemazina 100mg, SOS
 Citicolina, 1+0+1 (ml)
 Cloridrato de Melperona 25mg, 1+0+0
 Diosmina + Hesoeridina 500mg, 1+0+1
 Espirinolactona 25mg, 2+0+0
 Extracto de sene 20 mg, 0+0+1
 Furosemida 40mg, 1+0+0
 Lactulose, 1+1+1
 Lorazepam 2,5mg, 0+0+1
 Lovastatina 20mg, 0+0+1
 Memantina 10mg, 1+0+1
 Mirtazapina 30mg, 0+0+1

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 Pantoprazol 20mg, 1+0+0


 Picossulfacto de sódio, SOS
 Risperidona, 0,5+0,5+0,5 (ml)

Motivo da toma de cada fármaco:


A Lovastatina 20mg, Furosemida 40mg, Ácido acetilsalicílico 150mg, Alopurinol 300mg, Aminofilina 225mg, Brometo de tiotrópio,
Diosmina + Hesoeridina 500mg, Espirinolactona 25mg e Pantoprazol 20mg são fármacos de clínica geral, os quais não serão
desenvolvidos uma vez que despertam pouco interesse na área da psiquiatria. Estes são os fármacos utilizados no controlo dos
antecedentes pessoas da utente, ou em situações de alterações de valores analíticas.
O Extracto de sene 20 mg, Lactulose e o Picossulfacto de sódio são fármacos pertencentes ao grupo dos laxantes, e são utilizados nos
doentes psiquiátricos para prevenir o risco de obstipação causada pelos psicofármacos que têm prescritos.

Ciamemazina 100mg
A ciamemazina pertence ao grupo dos antipsicóticos. Tem como principais indicações a ansiedade, psicoses no adulto e alterações do
comportamento. Esta utente tem este fármaco prescrito para o controlo da ansiedade que apresenta, provocada pelo delírio.

Citicolina
Este fármaco é utilizado para promover a regeneração das membranas celulares. Actua também ao nível dos neurotransmissores com um
aumento de produção da dopamina e como um activador do estado de alerta com um efeito importante na resposta cortical directa. Tem
efeitos benéficos em doentes com alterações das funções cognitivas. Esta utente tem este fármaco prescrito para auxiliar nas suas alterações de
memória provocadas pela patologia de Alzheimer.

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Cloridrato de Melperona 25mg


O cloridrato de melperona é considerado um antipsicótico, utilizado no tratamento das psicoses. Nesta utente é utilizado para o
controlo dos sintomas demonstrados relativos aos delírios apresentados. Apesar de a sua patologia ser do grupo das demências, esta
apresenta sinais que necessitam de ser controlados, como o delírio.

Lorazepam 2,5mg
Este fármaco pertence ao grupo do sedativos, sendo uma benzodiazepina. Actua como ansiolítico e sedativo/hipnótico. Está indicado para
o tratamento de insónia ou da ansiedade. A utente tem prescrição deste fármaco para que este lhe provoque sedação à noite (hora em que
realiza a toma) e para que se consiga melhorar o seu padrão de sono.

Memantina 10mg
Este fármaco faz parte do grupo de fármacos anti-Alzheimer e é utilizado no tratamento da demência ligeira ou moderada da doença
de Alzheimer. Nesta utente, como se compreende, Este fármaco é utilizado, actuando ao nível da sua patologia, tentando controlar os
seus efeitos.

Mirtazapina 30mg
A mirtazapina é um fármaco do grupo dos antidepressivos tetracíclicos actuando por isso no tratamento da depressão. Esta utente
demonstra alguns sintomas relacionados com um estado depressivo e assim com este fármaco o controlo destes sintomas torna-se
mais facilitado, fazendo com que esta se sinta menos depressiva.

Risperidona
A risperidona é também um antipsicótico de segunda geração. É utilizado na diminuição de sinais e sintomas da esquizofrenia e da
mania bipolar. É indicado também para o tratamento de perturbações psicóticas, como ver, ouvir ou sentir coisas que não existem,
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acreditar em coisas que não são verdade. Esta utente tem este fármaco prescrito para promover a diminuição do seu estado de delírio.

Avaliação do efeito da medicação:


De uma forma geral os fármacos prescritos estão a surtir efeito. Os fármacos de clínica geral estão a actuar da forma devida, uma vez
que em termos analíticos a utente está estável para a situação em que se encontra, Não apresenta qualquer problema relacionado com
os seus antecedentes de doenças pessoais, nem com nenhum foco de atenção que possa ser notório no seu estado de saúde/doença.
Relativamente aos psicofármacos prescritos, pode dizer-se que a utente está estável, apesar de manter os delírios e alguns sintomas da
doença psiquiátrica que a afecta. No entanto encontra-se no seu estado habitual demonstrando renitência à comunicação o que já faz
parte da sua personalidade. Assim, pode concluir-se que os psicofármacos prescritos estão a surtir o efeito desejado.

Efeitos secundários dos fármacos prescritos:


Ciamemazina 100mg – Com a toma deste fármaco há um aumento do risco maligno neuroléptico. Os efeitos secundários podem ser
o aparecimento de sinais e sintomas extrapiramidais (movimentos distónicos, acatísia, sialorreia, síndromes parkinsónicos). A sedação
e efeitos anti-colinérgicos, hipotensão ortostática, arritmias, náuseas, vómitos, dores abdominais, são outros efeitos que pode causar.

Citicolina – Este fármaco apresenta como efeitos secundários alucinações, cefaleias, vertigens, dispneia, náuseas, vómitos, diarreia,
urticária, arrepios e edema.
Cloridrato de Melperona 25mg – Os efeitos secundários deste fármaco são os mesmos de todos os outros antipsicóticos, sendo por
isso sintomas e sinais extrapiramidais (movimentos distónicos, crises oculogiras, síndromes parkinsónicos), risco de síndrome
maligno dos neurolépticos, sedação e efeitos anticolinérgicos, hipotensão ortostática e arritmias, náuseas, vómitos, dores abdominais,
irritação gástrica, crises convulsivas, alterações endócrinas, alterações hematológicas, erupções cutâneas e alterações idiossincráticas

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das transaminases e por vezes icterícia colestática.

Lorazepam 2,5mg – Este sedativo pode causar tonturas, sonolência, letargia, depressão respiratória, obstipação, tolerância e
confusão.

Memantina 10mg – Tem como efeitos secundários a fadiga, tonturas, cefaleias, erupções cutâneas, aumento da frequência utrinária,
hipertensão e possível anemia.

Mirtazapina 30mg – Este antidepressivo tem como principais efeitos secundários: sonolência, sonhos anormais, agitação, ansiedade,
apatia, fraqueza, confusão, dispneia, obstipação, boca seca, aumento do apetite de comer (sendo o aumento de peso uma
consequência, náuseas vómitos, hipercinésia, hiperestesias, espasmos, pruido e aumento da frequência urinária.

Risperidona – Apresenta como efeitos secundários mais frequentes, como os outros antipsicóticos, a sedação, o síndrome
neuroléptico maligno, reações extrapiramidais,faringite, rinite, obstipação, náuseas, boca seca, aumento de peso, diminuição da libido
e erupções cutâneas /prurido.

Intervenções de enfermagem:
Neste ponto do estudo pensou-se em dividir os psicofármacos pelos seus grupos farmacológicos indicando apenas os de enfermagem
para determinado grupo. Os fármacos de clínica geral não serão aqui mencionados, assim como nos itens anteriores, uma vez que
neste ensino clínico se preconiza que o aluno adquira competências na área dos psicofármacos. Os restantes foram aborados noutros
contextos de ensino clínico.
Dos fármacos apresentados e explicados acima não se fará referencia aqui à citicolina, sendo este um produto biológico que não é
considerado psicofármaco e, daí se admitir que não é de importância relevante para o estudo que decorre. Este fármaco está a ser

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utilizado para colmatar alguns sinais/sintomas cognitivos dos doentes psiquiátricos.


Anti – Alzheimer
 Avaliar a função cognitiva (memória, linguagem, raciocínio, etc);
 Monitorizar análises laboratoriais, pelo risco de provocar anemia.

Anti-depressivo tetracíclicos
 Avaliar o estado mental;
 Avaliar as tendências/ideias suicidas, principalmente no inicio do tratamento;
 Monitorizar a pressão arterial e o pulso antes do inicio da terapêutica e durante, avaliando as alterações significativas;
 Monitorizar as convulsões de doentes com este antecedente ou com antecedente de alcoolismo;
 Ensinar precauções para as convulsões.

Antipsicóticos
 Monitorizar o estado mental;
 Monitorizar o aparecimento de efeitos extra - piramidais;
 Monitorizar alterações de humor;
 Monitorizar a pressão arterial e o pulso antes do inicio da terapêutica e durante, avaliando as alterações significativas;
 Monitorizar o aparecimento de discinésia tardia;
 Avaliar o aparecimento de síndrome neuroléptico maligno.

Benzodiazepinas

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 Avaliar o grau e manifestações de ansiedade;


 Avaliar o estado epiléptico (existência, frequência, duração e características de convulsões);
 Avaliar, através de resultados analíticos a função renal e hepática de doentes com terapêutica de doses elevadas.
Quadro 2 – Farmacologia

3.2. Plano de Cuidados a Aplicar à Doente em Estudo

No quadro que se segue apresenta-se o plano de cuidados para a utente escolhida para estudo. A data de inicio do diagnóstico corresponde à data
em que foi realizado o plano por mim.

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Plano de Cuidados
Inicio Diagnósticos Intervenções Resultados Fim

 Atenuar delírio - SH Ao aplicar as intervenções planeadas


 Incentivar a participação da utente em actividades de distracção - verificou-se que o diagnóstico se manteve
2011-05-27

SH com o mesmo status. Os delírios


 Delírio Presente
 Gerir actividades lúdicas - SH apresentados pela utente mantêm-se
 Oferecer escuta activa - SH embora se alterem conforme o
 Instruir a família sobre a alteração do pensamento – SH estado/disposição da utente.
Justificação: Segundo ICN (2002, p.167) delírio é um “processo de pensamento distorcido”. A utente em estudo apresente momentos em que expressa com
clareza episódios de discurso que não é concordante com a realidade. Como exemplo disto pode referir-se que a utente é viúva e vivia com o filho e nora
(segundo processo clínico) e no momento da entrevista esta refere que “vivo com o meu marido, que é médico, com a empregada e com uma enfermeira que
ele contratou para tratar de mim” (segundo G. M. R.).
 Gerir comunicação – SH Este diagnóstico manteve-se com o
 Gerir terapêutica – SOS mesmo status. Tentou-se aplicar todas as
 Facilitar suporte familiar – SH intervenções, no entanto a utente recusou
Ansiedade
2011-05-27

 Executar técnica de relaxamento – 7/06, turno da tarde participar na sessão de relaxamento


presente, em grau
 Escutar o doente - SH promovida pelo grupo de estágio e em
moderado
termos de comunicação é muito renitente.
Não existiram ganhos em saúde, neste
diagnóstico de enfermagem.

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Justificação: Segundo ICN (2002, p. 47) ansiedade são “Sentimentos de ameaça, perigo ou angústia sem causa conhecida, acompanhados de pânico,
diminuição da autoconfiança, aumento da tensão muscular e do pulso, pele pálida, aumento da transpiração, suor na palma das mãos, pupilas dilatadas e voz
trémula.” Deste modo identificou-se nesta utente alguns destes sintomas, principalmente quando era confrontada com determinados assuntos que não lhe eram
favoráveis, como por exemplo, a não visita do seu “suposto marido”. A utente demonstrava-se ansiosa pela visita do marido, e referia que este a ia levar
embora. Quando era informada que este não viria a utente ficava em estado de ansiedade e revelava muitos dos sinais acima referidos na definição de
ansiedade dada pelo ICN. (este marido que se refere era fruto dos delírios da doente, sendo esta viúva à alguns anos).

 Avaliar a capacidade de memória da utente - SH A memória recente desta doente está


 Identificar factores condicionantes da memória - SH comprometida devido ao desenvolver da
 Promover estimulação da memória - SH patologia apresentada (doença de
2011-05-28

Memória recente  Instruir a família sobre estimulação da memória – SH Alzheimer). Assim, o facto de se aplicar
comprometida as intervenções planeadas provocou uma
melhoria ligeira no estado de memória da
utente, no entanto não um resultado
definitivo.
Justificação: Sendo que o ICN (2002, p. 46) define memória como sendo “actos mentais através dos quais são armazenadas e recordadas sensações,
impressões e ideias; registo mental, retenção e recordação de experiências, conhecimentos, ideias, sensações e pensamentos passados”, na relação com esta
utente verifica-se que este tem uma diminuição da memória recente. Apesar de no MMSE aplicado isto não se verificar, no dia-a-dia com a utente percebe-se
que facilmente se esquece de pormenores importantes.

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 Vigiar mobilidade – SH Ao aplicar as intervenções planeadas


 Gerir ambiente físico - SH conseguiu-se uma melhoria da doente na
2011-05-27

Mobilidade  Instruir a utente para realizar movimentos na cama - SH forma de lidar com esta alteração.
alterada  Ensinar a utente a realizar exercícios de mobilização activa e A utente demonstra-se com maior
passiva - SH independência relativamente á sua
 Orientar para colaboração de fisioterapeuta – SOS mobilidade.
Justificação: A utente em estudo possui uma prótese de anca e isto provoca-lhe alguma dificuldade na sua mobilidade. Ainda para agravar este facto esta é
uma doente com patologia de Alzheimer o que também provoca alterações ao nível da mobilidade da utente. Para perceber o que realmente significa
mobilidade o ICN (2002, p. 34) refere que esta tem a ver com o “movimento voluntário e psicomotor do corpo, incluindo a coordenação dos movimentos
musculares e articulares, bem como o desempenho do equilíbrio, o posicionamento corporal e o deslocamento.”

 Vigiar sinais de obstipação – SH Após aplicação das intervenções


 Vigiar eliminação intestinal - SH planeadas, verificou-se que, durante o
2011-05-29

Risco de
 Gerir terapêutica – SOS tempo de estudo, a utente não apresentou
obstipação
 Supervisionar dieta - SH obstipação.
 Incentivar a hidratação – SH
Justificação: Segundo o ICN (2001, p. 25) obstipação é a “diminuição na frequência da defecação acompanhada por dificuldade ou passagem incompleta das
fezes; passagem de fezes excessivamente duras e secas”. Este risco de infecção advém do facto de a utente realizar tomas de fármacos em que a obstipação é
tida como um efeito secundário.
Quadro 3 – Plano de Cuidados

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4. Conclusão

Durante todo o tempo que estive a realizar este estudo acerca da D. M.G.R.
aprendi algumas coisas acerca da sua patologia. Não só pelas pesquisas que fui fazendo
(por mínimas que fossem) mas também pela aprendizagem que se consegue na prática e
no contacto directo com a pessoa, apesar de este ser o mínimo, pela forma como a
pessoa reagia quando alguém falava com ela.
Posso dizer que com a realização deste trabalho não consegui atingir todos os
objectivos a que me propus. O objectivo relativo ao conhecimento da história clínica da
doente foi me muito dificultado pelo facto de o processo estar um pouco incompleto e
também porque a utente se apresentava renitente a qualquer tipo de conversas alargadas
e por vezes rejeitava mesmo conversas com alguém. Isto também me dificultou
cumprimento do objectivo que faz referência à comunicação com a utente, uma vez que
o estado desta e disposição faziam com que a senhora não quisesse que ninguém
entrasse na sua privacidade.
O que mais me cativou neste estudo e nesta utente foi o facto de esta apresentar
delírios erotomaníacos, isto é, sendo este referente a uma ideia delirante de ser amada
por alguém. A senhora em causa faz referência que é casada com um médico, que está
grávida, e toda a sua vida gira em torno desta situação.
Senti algumas dificuldades na realização deste estudo. A primeira foi o contacto
com a doente ter sido um pouco tardio o que me impossibilitou uma melhoria em
termos de relacionamento. A própria maneira de ser da utente influenciou o meu
relacionamento com ela, uma vez que ela recusava conversas alargadas, referindo que se
sentia cansada. O tempo de orientação de ensino clínico foi outra dificuldade sentida,
porque este fez com que a escolha da utente fosse mais tarde e atrasou todo o processo
de estudo que era necessário, sendo que depois se tornou muito complicado de
aprofundar determinadas questões que eram necessárias de aprofundar. Por último, senti
dificuldade no tempo que dispunha para a realização do estudo, uma vez que, para além
de todo a preparação que tinha de ir fazendo para o ensino clínico, tinha também o
projecto de investigação para realizar na faculdade. O tempo disposto para este estudo
devia ser mais alongado para permitir aos alunos um percepção mais clara das
patologias psiquiátricas dos utentes.
5. Bibliografia
 Medeiros, A. (2003). Guia de Normalização Técnico-Científica. Gandra:
CESPU.

 Deglin, J., & Vallerand, A. (2009). Guia Farmacológico Para Enfermeiros.


Loures: Lusociência.

 Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde I.P. (Junho de 2011).


Promover a Saúde Pública. Obtido em 9 de Junho de 2011, de Infarmed:
http://www.infarmed.pt/portal/page/portal/INFARMED/PESQUISA

 International Council of Nurses. (2002). Classificação Internacional para a


Prática de Enfermagem (CIPE/ICNP) (Vol. Versão Beta 2). Lisboa:
Associação Portuguesa de Enfermeiros.

 American Psychiatric Association (2000). DSM – IV – TR: Manual de


Diagnóstico e Estatistica de Perturbações Mentais (4ª ed). Lisboa: Climepsi
Editores;

 Fonseca, A. F. (1997). Psiquiatria e Psicopatologia (2ª ed., Vol. I). Lisboa:


Fundação Calouste Gulbenkian.

 Harrison, P., Geddes, J., & Sharpe, M. (2006). Guia Prático Climepsi de
Psiquiatria. Lisboa: Climepsi Editores.

 Neeb, K. (1997). Fundamentos de enfermagem de Saúde Mental. Loures:


Lusociência.

 Spar, J., & La Rue, A. (2002). Guia Prático Climepsi de Psiquiatria Geriátrica (3ª
ed.). Lisboa: Climepsi Ediores.
ANEXOS
Anexo I
Anexo II
Anexo III

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