Dosimetria Da Pena de Multa
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DOSIMETRIA DA PENA
1. PENA DE MULTA.
Via de regra, o critério adotado para a pena de multa é o critério do dia-multa, que será
calculado tomando por base o art. 49, do CPB:
Art. 99. A pena de multa cominada nos arts. 89 a 98 desta Lei consiste no
pagamento de quantia fixada na sentença e calculada em índices percentuais,
cuja base corresponderá ao valor da vantagem efetivamente obtida ou
potencialmente auferível pelo agente.
Entretanto, apesar de não adotar o sistema trifásico para fixação da pena de multa, o
magistrado, ao estabelecer o número de dias-multa, deve levar em consideração todas as circunstâncias
judiciais do caput do art. 59, do CPB, bem como as atenuantes e agravantes, causas de aumento e causas
diminuição da pena.
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§1º - A multa pode ser aumentada até o triplo, se o juiz considerar que, em virtude da situação
econômica do réu, é ineficaz, embora aplicada no máximo.
Outrossim, crimes constantes nos arts. 33 a 39, da Lei de Drogas, bem como crimes contra
a propriedade industrial (art. 197, parágrafo único, da Lei n° 9.279/96) e contra o sistema financeiro
nacional são passíveis de aumento até o décuplo.
Por outro lado, a lei dos crimes contra a propriedade industrial (Lei n° 9.279/96) nos traz
hipótese de redução da pena de multa, conforme art. 197, parágrafo único:
Art. 197. As penas de multa previstas neste Título serão fixadas, no mínimo,
em 10 (dez) e, no máximo, em 360 (trezentos e sessenta) dias-multa, de
acordo com a sistemática do Código Penal.
Parágrafo único. A multa poderá ser aumentada ou reduzida, em até 10 (dez)
vezes, em face das condições pessoais do agente e da magnitude da vantagem
auferida, independentemente da norma estabelecida no artigo anterior.
2. MOMENTO DO PAGAMENTO.
Art. 50 - A multa deve ser paga dentro de 10 (dez) dias depois de transitada
em julgado a sentença. A requerimento do condenado e conforme as
circunstâncias, o juiz pode permitir que o pagamento se realize em parcelas
mensais.
A propósito, o requerimento para parcelamento da multa deve ser feito até o dia do
vencimento, nos termos do art. 169, caput, da LEP:
Art. 169. Até o término do prazo a que se refere o artigo 164 desta Lei, poderá
o condenado requerer ao Juiz o pagamento da multa em prestações mensais,
iguais e sucessivas.
Os §§1° e 2°, do referido art. 169, ainda estabelecem, respectivamente, como o magistrado
deverá proceder antes de decidir acerca do pedido de parcelamento e o que ocorrerá em caso de
inadimplemento das parcelas ou mudança satisfatória da condição financeira do apenado:
O adimplemento da pena de multa ainda pode ser efetuado mediante desconto em folha
de pagamento, desde que, obviamente, o réu não esteja cumprindo pena privativa de liberdade. Além
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disso, o desconto não poderá incidir sobre os recursos indispensáveis ao sustento do condenado e de
sua família, razão pela qual deve ser observado o limite máximo de desconto na fração 1/4 e o limite
mínimo de 1/10 da remuneração, conforme §§1° e 2°, do art. 50, do CPB c/c art. 168, inciso I, da LEP,
respectivamente:
Art. 50 (...)
§ 1º - A cobrança da multa pode efetuar-se mediante desconto no vencimento
ou salário do condenado quando:
a) aplicada isoladamente;
b) aplicada cumulativamente com pena restritiva de direitos;
c) concedida a suspensão condicional da pena
§2º - O desconto não deve incidir sobre os recursos indispensáveis ao sustento
do condenado e de sua família.
3. EXECUÇÃO.
Além disso, por não ser possível a conversão da pena de multa em pena privativa de liberdade,
não é cabível a propositura de Habeas Corpus, senão vejamos:
Súmula 693, STF - Não cabe habeas corpus contra decisão condenatória a
pena de multa, ou relativo a processo em curso por infração penal a que a
pena pecuniária seja a única cominada.
O procedimento de execução da pena de multa sofreu alterações pelo Pacote Anticrime. Com
efeito, o art. 51 do Código Penal foi modificado para positivar o que já havia sido decidido pelo Supremo
Tribunal Federal (ADI 3150/DF, julgada em 12 e 13/12/2018), no sentido de que a multa deve ser cobrada
perante o juiz da execução penal, por meio do Ministério Público:
O legislador apenas positivou o que havia sido decidido recentemente pelo STF, o qual
entendeu que a legitimidade para a execução da pena de multa fixadas em sentenças penais condenatórias
pertence ao Ministério Público, tendo em vista sua natureza de sanção penal. A competência da
Fazenda Pública para executar essas multas se limita aos casos de inércia do MP por prazo superior a 90
(noventa) dias após sua intimação.
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Restou superada, portanto, a Súmula 521 do STJ, que afirmava ser da Fazenda Pública a
legitimidade para cobrança da pena de multa, por meio de ação perante a Vara das Execuções Fiscais.
Já no que se refere às causas de interrupção e suspensão da pena de multa, elas deverão ser
observadas na Lei de Execução Fiscal e no Código Tributário Nacional. Acerca da interrupção, vejamos o
que dispõe o art. 174, P.Ú, do CTN:
Considerando que o prazo para suspensão não poderá ser ad aeternum, o STJ firmou o
seguinte entendimento sumulado:
A execução fiscal ainda será suspensa no caso de advir ao apenado doença mental, conforme
art. 52, do CPB e art. 167, da LEP, respectivamente:
Acerca desse ponto, cumpre fornecer o seguinte exemplo: imagine que um indivíduo é
condenado pelo cometimento do delito de oferecimento eventual de drogas para consumo (art. 33, §3º,
da Lei de Drogas), que possui a seguinte redação:
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Art. 33.
§ 3º Oferecer droga, eventualmente e sem objetivo de lucro, a pessoa de seu
relacionamento, para juntos a consumirem:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e pagamento de 700
(setecentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa, sem prejuízo das penas
previstas no art. 28.
Percebam que a pena mínima aplicada é de 6 (seis) meses, cumulada com a pena de multa.
Nesse caso, seria possível, em tese, a aplicação do art. 60, §2º, do CP, que diz que “a pena privativa
de liberdade aplicada, não superior a 6 (seis) meses, pode ser substituída pela de multa, observados os
critérios dos incisos II e III do art. 44 deste Código”?
Segundo o STJ, com entendimento sedimentado na Súmula 171, a resposta é NÃO, pois, ao
estabelecer de forma cumulativa a aplicação da pena privativa de liberdade e da multa, o legislador
vedou a aplicação do art. 60, §2º, do CP. Entendimento em sentido diverso implicaria em dizer que o
agente seria duplamente condenado à pena de multa. Nesse sentido, o entendimento sumulado:
Assim, não é possível substituir a pena privativa de liberdade por multa (art. 60, §2º, do CP),
caso a lei já estabeleça a cumulação da pena privativa de liberdade e da pena pecuniária.
Logo, no caso de violência doméstica e familiar contra a mulher, a Lei Maria da Penha impede
a substituição da pena privativa de liberdade por multa ou por prestação pecuniária.
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