Biologia 10º Ano
Biologia 10º Ano
Biologia 10º Ano
Biodiversidade:
A biosfera:
O conceito biosfera corresponde ao subsistema terrestre que inclui todos os seres
vivos, os ambientes que habitam e as relações que estabelecem entre si (todos os
ecossistemas).
Diversidade biológica:
A biodiversidade ou diversidade biológica corresponde ao termo mais utilizado para
expressar a multiplicidade de seres vivos existentes num determinado ambiente.
Organização biológica:
A diversidade de formas vivas pode ser
organizada em diferentes níveis de
complexidade crescente, desde o nível
químico aos grandes biomas, ocupando
a biosfera o topo desta hierarquia.
Extinção e conservação:
A extinção de uma dada espécie corresponde ao
decréscimo gradual do número de exemplares até ao seu completo desaparecimento.
Esta pode dever-se a causas naturais, de que
são exemplo as extinções de fundo
(associadas a mecanismos de evolução
biológica, em que, geralmente, se verifica um
aumento progressivo da complexidade dos
seres vivos com o consequente
desaparecimento de algumas espécies e
aparecimento de outras) e as extinções em
massa (eliminação de um número elevado de
espécies aquando da ocorrência de um mesmo evento catastrófico natural) ou de
natureza antrópica ou antropogénica quando o ser humano é o principal responsável
pelo declínio da biodiversidade.
As ações humanas que, frequentemente, conduzem à rutura do equilíbrio dos
ecossistemas são:
A célula:
A Citologia é a ciência que se dedica ao estudo da célula, cuja descoberta e
conhecimento resultaram de trabalhos de investigação desenvolvidos por diversos
cientistas.
Em 1839, Schleiden (botânico) e Schwann (zoólogo) propuseram uma formulação da
Teoria Celular, que na atualidade assenta nos seguintes pressupostos:
Constituintes básicos:
A generalidade dos organismos é constituída, essencialmente, pelos mesmos
elementos químicos, dos quais se destacam o carbono, oxigénio, hidrogénio e
nitrogénio, que abrangem cerca de 97% da matéria viva.
Da composição química das células fazem parte substâncias inorgânicas, de que são
exemplo a água e uma grande diversidade de sais minerais.
Substâncias inorgânicas:
Água: principal constituinte das células, podendo atingir 75% a 90% da sua
massa total.
Sais minerais: Embora essenciais para o adequado funcionamento dos
organismos, encontram-se, usualmente, em reduzidas quantidades.
Características gerais da água:
Compostos ternários.
Constituídos por carbono, oxigénio e hidrogénio.
Monómeros:
Monossacarídeos ou oses:
Classificados de acordo com o número de átomos de carbono da molécula.
Polímeros:
Oligossacarídeos: 2 a 10 monossacarídeos.
Polissacarídeos: Um elevado número de monossacarídeos.
Ligações químicas:
Glicosídica.
Funções biológicas:
Energética.
Estrutural.
Lípidos simples:
Elementos químicos principais:
Compostos ternários.
Constituídos por carbono, hidrogénio e oxigénio.
Monómeros:
Ácidos gordos.
Apresentam longas cadeias hidrocarbonadas, constituídas por átomos de
carbono ligados a átomos de hidrogénio.
Glicerol.
Polímeros:
Exemplo: Triglicerídeos.
Resultam da ligação entre uma molécula de glicerol e três moléculas de ácidos
gordos.
Lípidos complexos:
Elementos químicos principais:
Ácidos gordos.
Glicerol.
Ácido fosfórico.
Composto nitrogenado.
Polímeros:
Exemplo: Fosfolípidos.
São moléculas anfipáticas, uma vez que apresentam uma extremidade
hidrofílica/ polar – composto nitrogenado + ácido fosfórico + glicerol – e uma
extremidade hidrofóbica/ apolar – constituída por duas cadeias
hidrocarbonadas de ácidos gordos.
Ligações químicas nos lípidos:
Éster.
Funções biológicas dos lípidos:
Energética.
Estrutural.
Protetora.
Vitamínica.
Hormonal.
Prótidos:
Elementos químicos principais:
Aminoácidos:
Estes monómeros apresentam sempre um átomo central de carbono associado
a um grupo funcional carboxilo ou ácido (-COOH), um grupo funcional amina
(NH2), um átomo de hidrogénio (H) e um radical (R) variável de aminoácido
para aminoácido.
Polímeros:
Péptidos:
Exemplos:
Oligopéptidos: apresentam 2 a 20 aminoácidos associados.
Polipéptidos: apresentam 21 a 99 aminoácidos associados.
Proteínas: compostas por 100 ou mais aminoácidos. A atividade biológica da
maioria das proteínas é afetada por diversos fatores. A temperatura, as
variações de pH, as radiações, a agitação e a ação de certas substâncias
químicas (agentes desnaturantes) podem quebrar as ligações de hidrogénio e/
ou dissulfito causando a desnaturação proteica. A proteína perde a sua
conformação/ arranjo tridimensional normal e, consequentemente, a sua
função biológica. O processo de desnaturação é, usualmente, irreversível,
embora em certos casos a proteína possa readquirir a sua forma e função na
ausência do agente desnaturante – desnaturação reversível ou renaturação.
Funções biológicas:
Estrutural.
Enzimática.
Transporte.
Hormonal.
Imunológica (defesa).
Motora.
Reserva alimentar.
Ácidos Nucleicos:
Elementos principais:
Nucleótidos:
Estes monómeros são constituídos por uma pentose (monossacarídeo)
associada a uma base nitrogenada e a um ácido fosfórico/grupo fosfato. Na
formação de um nucleótido ocorrem duas reações de condensação, uma entre
o carbono 5’ da pentose e um grupo fosfato e a outra entre o carbono 1’ da
pentose e uma base nitrogenada.
Desoxirribonucleótido: Apresenta como pentose a desoxirribose, associada a
um grupo fosfato e a uma das quatro bases nitrogenadas seguintes: adenina
(A), citosina (C), guanina (G) e timina (T).
Ribonucleótido: Apresenta como pentose a ribose, associada a um grupo
fosfato e a uma das quatro bases nitrogenadas seguintes: adenina (A), citosina
(C), guanina (G) e uracilo (U).
Polímeros:
Obtenção de matéria:
O metabolismo celular corresponde à totalidade das reações químicas que ocorrem
no interior de uma célula, sendo dividido em anabolismo e catabolismo.
Catabolismo: É um processo metabólico do organismo que tem como objetivo
produzir moléculas simples a partir de outras mais complexas, como por exemplo a
produção de aminoácidos a partir de proteínas, que serão utilizados em outros
processos do organismo.
Anabolismo: É a parte do metabolismo que conduz à síntese de moléculas complexas a
partir de moléculas mais simples. Alguns exemplos são a produção de açúcares pelas
plantas a partir da fotossíntese e a síntese proteica. O anabolismo só ocorre em alta
energética, caso esteja em baixa energética, acontece o catabolismo.
Lípidos:
Fosfolípidos: São moléculas anfipáticas. Encontram-se organizados em dupla
camada, com as extremidades hidrofílicas/polares a formarem a face externa
da membrana e as hidrofóbicas a ocuparem o interior. Possuem grande
mobilidade, trocando de posição com fosfolípidos da mesma camada
(movimentos laterais) e, ocasionalmente, com fosfolípidos da outra camada
(movimentos de flip-flop).
Colesterol: Pertence ao grupo dos esteroides (lípidos com uma estrutura que
possui anéis de carbono). É uma molécula apolar, sendo insolúvel em água.
Possui um papel estabilizador de fluidez da membrana celular.
Proteínas:
Proteínas Intrínsecas ou Integradas: inseridas na bicamada fosfolipídica e
fortemente unidas às extremidades hidrofóbicas dos fosfolípidos. Quando
atravessam a membrana na sua totalidade denominam-se proteínas
transmembranares.
Proteínas Extrínsecas ou Periféricas: são superficiais e encontram-se
associadas, por ligações eletrostáticas fracas, às extremidades hidrofílicas dos
fosfolípidos ou de proteínas intrínsecas.
Algumas das proteínas apresentam mobilidade (movimentos laterais),
enquanto outras ocupam posições fixas.
As proteínas podem ter papel estrutural, serem meio de transporte de
substâncias, funcionarem como recetores de estímulos provenientes do meio
extracelular ou ação enzimática.
Glicolípidos e Glicoproteínas:
Glicolípidos (glícidos associados a lípidos), glicoproteínas (glícidos associados a
proteínas).
Localizam-se na parte exterior/no folheto/na camada externa da membrana
celular.
Formam o glicocálix e têm um papel importante no reconhecimento de certas
substâncias pelas células.
Processos Transmembranares:
A capacidade da membrana celular se deixar atravessar apenas por determinadas
substâncias corresponde à sua permeabilidade seletiva, explicando assim, a
composição dos fluidos intra e extracelulares, podendo variar em função da ocorrência
de modificações ambientais.
O transporte de substâncias através da membrana celular pode ser efetuado através
de diferentes modalidades e encontra-se dependente, por exemplo, da configuração
de tais substâncias.
A generalidade dos processos transmembranares encontra-se também dependente da
variação da concentração de solutos entre os meios intra e extracelulares.
Quando a concentração de solutos é igual nos dois meios estes denominam-se
isotónicos. Caso se verifique uma diferença de concentração, o meio com maior
concentração de solutos é designado hipertónico, ao passo que o meio com menor
concentração é considerado hipotónico.
Exocitose:
Substâncias produzidas pelas células ou produtos do seu metabolismo são
armazenados em vesículas exocíticas que, ao fundirem-se com a membrana
celular, libertam o seu conteúdo para o meio extracelular.
Moléculas de reduzida dimensão (Transporte não mediado):
Osmose:
Movimentação de moléculas de água através da bicamada fosfolipídica, de um
meio hipotónico (menor pressão osmótica ou maior potencial hídrico) para um
meio hipertónico (com maior pressão osmótica ou menor potencial hídrico),
contra o gradiente de concentração do soluto.
Em meios isotónicos, o fluxo de água é bidirecional e a quantidade de água que
entra é igual à quantidade de água que sai.
Transporte passivo, pois não envolve dispêndio energético.
Conduz à anulação do gradiente de concentração entre os dois meios, que se
tornam isotónicos.
Pressão Osmótica: pressão necessária para contrabalançar a tendência da água em se
mover, através de uma membrana seletivamente permeável, de uma região onde há
maior quantidade de água parta uma região onde há menor quantidade de moléculas
de água. Esta pressão é tanto maior quanto maior for a concentração de soluto numa
dada solução.
Potencial Hídrico: medida da energia química da água; permite prever o seu sentido
de deslocação.
Gradiente de Concentração: diferença de concentração de moléculas entre dois
meios. A expressão “contra o gradiente de concentração” refere-se à passagem de
água de um meio com menor concentração em soluto para um meio com maior
concentração.
A colocação de células eucarióticas animais
num meio hipotónico (em relação ao meio
intercelular) leva à entrada de água e ao
aumento do volume celular. Ocorre
turgescência e as células ficam túrgidas. Dado
que a membrana celular é o seu limite mais
externo pode verificar-se rutura- Lise celular.
Perante um meio hipertónico (em relação ao meio intercelular) a água sai das células e
verifica-se uma diminuição de volume celular. Ocorre plasmólise e as células ficam
plasmolisadas.
A colocação de células eucarióticas vegetais num
meio hipotónico (em relação ao meio
intracelular) leva à entrada de água e ao aumento
do volume vacuolar e citoplasmático. Ocorre
turgescência e as células ficam túrgidas. A força
exercida pelo conteúdo celular sobre a parede
celular denomina-se pressão de turgescência.
Esta é contrabalançada pela resistência oferecida pela parede, pelo que não se verifica
lise celular.
Perante um meio hipertónico (em relação ao meio intracelular) a água sai das células e
verifica-se uma diminuição do volume vacuolar e citoplasmático. Ocorre plasmólise e
as células ficam plasmolisadas. Neste tipo celular, as alterações do volume celular não
são consideradas significativas.
Difusão Simples:
Movimentação de moléculas de um dado soluto (por exemplo, gases
respiratórios e moléculas lipossolúveis), de um meio hipertónico para um meio
hipotónico, a favor do gradiente de concentração do soluto.
A velocidade de movimentação do soluto é diretamente proporcional à
diferença de concentração entre os dois meios.
Transporte passivo, pois não envolve dispêndio energético.
Conduz à anulação do gradiente de concentração entre dois meios, que se
tornam isotónicos.
“A favor do gradiente de concentração do soluto”: a expressão refere-se à passagem
do soluto de um meio com maior concentração para um meio com menor
concentração.
Transporte Ativo:
Movimentação de moléculas de um dado soluto (por exemplo, iões positivos de
Na ou K), de um meio hipotónico para um meio hipertónico, contra o gradiente
de concentração do soluto com intervenção de proteínas transportadoras-
ATPases.
Envolve o dispêndio energético (ATP), pois contrariamente ao que acontece na
difusão facilitada, as mudanças conformacionais na proteína transportadora
(ATPase) estão dependentes da presença de energia metabólica.
Mantém o gradiente de concentração entre os dois meios.
“Contra o gradiente de concentração do soluto”: a expressão refere-se à passagem de
soluto de um meio com menor concentração para um meio com maior concentração.
Ingestão:
Introdução dos alimentos no organismo (conceito não aplicável a seres
heterotróficos por absorção).
Digestão:
Conjunto de transformações físico-químicas que permite a conversão de
macromoléculas (polissacarídeos, proteínas, por exemplo) em moléculas mais
simples (monossacarídeos e aminoácidos, respetivamente), capazes de
atravessarem as membranas celulares. Tal operação envolve reações de
hidrólise catalisadas por enzimas digestivas ou hidrolíticas (hidrolases). A
digestão pode ocorrer no interior do ser vivo (digestão intracorporal) ou no
exterior (digestão extracorporal). A digestão intracorporal pode ser no interior
das células (digestão intracelular) ou no exterior, ao nível de cavidades ou de
órgãos especializados (digestão extracelular).
Absorção:
Passagem das substâncias resultantes para o meio interno.
Egestão:
Expulsão de resíduos alimentares do organismo.
O aumento gradual de complexidade dos sistemas digestivos veio permitir um
aproveitamento cada vez mais eficaz dos alimentos. Os sistemas digestivos
incompletos (tubo digestivo incompleto), característicos, por exemplo, da hidra e da
planária apresentam uma única abertura, que funciona cumulativamente como boca e
como ânus. Por sua vez, um sistema digestivo completo, presente, por exemplo, na
minhoca e no ser humano apresenta um tubo digestivo com duas aberturas
independentes: boca e ânus.
Ser
Humano (ser vivo eucarionte vertebrado bem diferenciado):
O ser humano apresenta, à semelhança de todos os vertebrados, tubo
digestivo completo e digestão intracorporal extracelular.
Cada uma das áreas do seu tubo digestivo está especializada na realização de
determinadas funções. A digestão mecânica e química inicia-se
na boca, pela ação dos dentes e da saliva, respetivamente,
mas é no estômago e sobretudo no intestino delgado, que
ocorre a maior parte do processo digestivo. Além do
estômago, também o intestino delgado produz enzimas
digestivas específicas, recebendo ao mesmo tempo o suco
pancreático e a bílis oriundos dos órgãos anexos, o pâncreas e
fígado, respetivamente. Depois de terminada a digestão,
inicia-se a absorção ao nível do intestino delgado. Este
processo é facilitado pela existência de projeções ricamente vascularizadas da
superfície intestinal, nomeadamente válvulas coniventes, vilosidades intestinais
e microvilosidades. Após a absorção, os resíduos alimentares acumulam-se no
intestino grosso e são, por último, expulsos a partir do ânus.
Fotossíntese:
O processo autotrófico mais conhecido é a fotossíntese, que é realizada pelas plantas,
por alguns protistas (incluindo as algas) e pelas cianobactérias, que utilizam a energia
luminosa para produzir compostos orgânicos a partir de dióxido de carbono e água de
acordo com: 6 CO2 + 12 H2O C6H12O6 + 6 O2 + 6 H2O.
Processo Fotossintético:
A fotossíntese compreende dois processos complementares: a fase fotoquímica, que
engloba as reações bioquímicas que dependem diretamente da luz; a fase química,
que engloba as reações bioquímicas que não dependem diretamente da luz.
A fase fotoquímica ocorre na membrana dos tilacoides existentes nos cloroplastos e
nas lamelas fotossintéticas. No decurso desta etapa, a energia luminosa é convertida
em energia química.
As reações fotossintéticas iniciam-se com a captação da energia luminosa (fotões)
pelos pigmentos fotossintéticos. Estes encontram-se organizados em fotossistemas,
que funcionam como antenas coletoras para a absorção de energia.
Quando a luz os atinge ocorre a excitação das moléculas, sendo a energia transferida
dos pigmentos mais periféricos para o complexo centro de reação, onde se encontram
presentes clorofilas. As moléculas de clorofila ficam excitadas, libertando eletrões, que
são recebidos por um aceitador primário. Em consequência destes fenómenos, as
moléculas de clorofila sofrem oxidação e o aceitador primário fica reduzido. Origina-se,
assim, uma corrente de eletrões, que se propaga ao longo de uma sucessão de
proteínas dispostas na membrana dos tilacoides (citocromos), a qual se denomina
cadeia transportadora de eletrões. Ao longo da referida cadeia, à medida que os
eletrões vão sendo transferidos, de proteína em proteína, verifica-se a perda de
energia numa série de oxidações-reduções. Parte da energia libertada é utilizada para
formar ATP (adenosina trifosfato), que constitui uma fonte de energia diretamente
utilizável pelas células. No fotossistema I existe um fluxo de eletrões cíclico e apenas a
formação de ATP.
A hidrólise de ATP é uma reação exoenergética/exergónica, uma vez que ocorre
libertação de energia para o meio, que pode ser utilizada em atividades celulares. A
reação inversa, que implica a fosforilação do ADP, trata-se de uma reação
endoenergética/endergónica, pois requer o consumo de energia para o
estabelecimento de uma nova ligação química.
No fotossistema II, as moléculas de clorofila do
complexo centro de reação precisam de eletrões
para compensar a perda ocorrida para o aceitador
primário, pelo que a sua instabilidade conduz ao
desdobramento da molécula de água em átomos
de hidrogénio (de onde provêm os eletrões para
neutralizar a clorofila) e em oxigénio. Este último
corresponde a um subproduto do processo
fotossintético, sendo libertado para o meio
ambiente. A oxidação da água é, classicamente,
denominada de “fotólise”, embora não seja
promovida pela ação direta da luz, mas pela
excitação das moléculas de clorofila do complexo centro de reação.
O NADPH+ (dinucleótido de adenina nicotinamida fosfatado) funciona como um
transportador de eletrões e de hidrogénios na fotossíntese. Os protões (iões H)
resultantes da decomposição da molécula de água, juntamente com os eletrões
provenientes da cadeia de transportadores são responsáveis pela redução do NADP, a
NADPH.
A fase química do processo fotossintético, também designada por Ciclo de Calvin,
corresponde a uma cadeia cíclica de reações químicas que ocorrem no estroma dos
cloroplastos. O Ciclo de Calvin pode ser decomposto em três fases principais: fixação
do carbono, produção de compostos orgânicos (reações de redução) e regeneração do
RuDP (aceitador de CO2.).
No decurso da fixação do carbono, o dióxido de carbono combina-se com moléculas
de cinco carbonos presentes no estroma cloroplasdial, originando-se moléculas com
três carbonos (trioses).
Na fase “produção de compostos orgânicos”, verifica-se a fosforilação das trioses pelo
ATP e a sua redução pela ação do NADPH. O recurso a moléculas de ATP e NADPH
torna a fase química dependente, de
um modo indireto, da fase
fotoquímica. A síntese de uma
molécula de glicose, a partir das
referidas trioses, implica
globalmente o consumo de seis
moléculas de CO2, doze moléculas de
ATP e doze moléculas de NADPH.
Uma outra parte das trioses vai
servir para a regeneração do
aceitador de CO2, sendo para isso
necessária a mobilização de energia,
que é fornecida pela hidrólise de
ATP.
No fotossistema I, predomina a
clorofila a, enquanto no fotossistema
II predomina a clorofila b.
Distribuição de Matéria:
Para a sobrevivência dos seres vivos é necessário que as células recebam os nutrientes
essenciais e eliminem os resíduos resultantes das suas atividades metabólicas.
Nos organismos unicelulares ou multicelulares com reduzido grau de diferenciação, a
relativa proximidade entre células e entre estas e o exterior possibilita o transporte de
materiais célula a célula, mediante processos transmembranares já descritos (difusão,
transporte ativo, endocitose e exocitose).
Por sua vez, nos seres vivos multicelulares com elevada especialização (globalidade
das plantas e dos animais), a distância entre algumas células e entre estas e o meio
externo requer a existência de sistemas de transporte especializados, para que a
permuta de matéria e energia seja efetuada num período de tempo compatível com a
manutenção da integridade do organismo.
Transporte nas Plantas:
Evolutivamente, as plantas terão resultado das algas verdes e a aquisição de certas
características terá sido crucial para a sua adaptação ao meio terrestre. As plantas de
reduzido porte, como os musgos, encontram-se ainda muito dependentes da água
presente no meio exterior e correspondem, usualmente, a plantas não
vasculares/avasculares, dada a ausência de sistema de transporte
especializados/tecidos condutores e a distribuição dos materiais ser feita célula a
célula. As plantas vasculares (por exemplo, os fetos, o pinheiro e plantas com flor-
Angiospérmicas), de elevada dimensão, possuem um sistema duplo de transporte:
xilema, que efetua o transporte- translocação- da seiva bruta (água e sais minerais) e
o floema, onde se move seiva elaborada (água e compostos orgânicos).
Transporte no Xilema:
O movimento ascensional da seiva bruta tem início na raiz e termina ao nível das
folhas. A translocação xilémica é unidirecional, envolve a ação de forças físicas e pode
ser explicada pelas hipóteses da pressão radicular e da adesão-coesão-tensão.
Hipótese da ade-são-coesão-tensão:
As moléculas de água aderem às paredes dos vasos xilémicos facilitando, juntamente
com a coesão, a manutenção da coluna de água- Adesão.
Há tendência das moléculas de água se ligarem as outras, através de “pontes de
hidrogénio” - Coesão.
Tensão: A água perdida pelos estomas (transpiração) vem das células do mesófilo. A
concentração de solutos nessas células aumenta. Isto causa aumento da pressão
osmótica nestas células, que retiram mais água do xilema.
Transporte no Floema:
A translocação (transporte) ocorre desde as fontes (células fotossintéticas) até aos
sumidouros (órgãos em crescimento ou órgãos de reserva em desenvolvimento). O
fluxo pode ser em qualquer direção,
independentemente da gravidade. Açúcares
produzidos nas células fotossintéticas (sacarose)
passam para as células de companhia e, daqui, para
os tubos crivosos, por transporte ativo. Isto origina
um aumento da pressão osmótica nos tubos crivosos
e a água passa do xilema para o floema. A entrada de
água faz aumentar a pressão de turgescência nos
tubos crivosos, próximos da fonte. Simultaneamente,
nos tubos crivosos próximos do sumidouro a pressão
de turgescência é menor. Esta diferença de pressão
determina um fluxo de massa (água e solutos) na
direção dos sumidouros. A sacarose é retirada do
floema (TA) para os locais de consumo/reserva. A
pressão osmótica diminui e a água regressa ao xilema (osmose).
Sistemas de transporte:
Sistemas circulatórios abertos e fechados:
Os sistemas de transporte podem ser classificados em dois tipos fundamentais:
abertos e fechados.
Nos insetos, o sistema circulatório é composto por um vaso dorsal provido de
pequenas dilatações (coração tubular) que impulsiona o fluido circulante da região
posterior para a região anterior. A esse nível, o fluido sai para as cavidades corporais
(lacunas ou seios), que constituem o hemocélio, entrando em contacto direto com as
células. Posteriormente, o fluido retorna ao sistema circulatório através de orifícios
existentes no seu coração tubular (ostíolos) devido à força de sucção que é gerada
quando este órgão se encontra em relaxamento. Em seguida, os ostíolos fecham, o
coração contrai e o fluido é de novo impelido para a região anterior do animal. Este
tipo de sistema circulatório é aberto, pois o fluido circulante abandona os vasos e
mistura-se com o fluido intersticial, que por esse motivo recebe a designação de
hemolinfa.
Na minhoca, o sangue move-se sempre no interior de vasos, não se misturando com o
fluido intersticial, pelo que apresenta um sistema circulatório fechado. Neste animal
verifica-se a presença de um vaso dorsal e de um vaso ventral ligados entre si. No vaso
dorsal, o sangue flui da região posterior para a região anterior onde existem cinco
vasos (arcos aórticos ou corações laterais) que, ao se contraírem, impulsionam o
sangue para o vaso ventral. O intercâmbio de materiais ocorre entre o sangue
presente nos capilares e o fluido intersticial que banha as células.
Nos sistemas circulatórios fechados, o sangue ao mover-se mais rapidamente, garante
maior eficácia ao nível do transporte de nutrientes e oxigénio e da remoção de
metabolitos (produtos do metabolismo) e, assegura, consequentemente, taxas
metabólicas mais elevadas.
Os insetos, apesar de apresentarem um sistema circulatório aberto em que a
velocidade de circulação da hemolinfa é baixa, evidenciam uma elevada taxa
metabólica. A aparente contradição é explicada pelo facto dos gases respiratórios
serem conduzidos diretamente aos tecidos, assegurando, assim, a eficácia das trocas
gasosas e o elevado metabolismo.
Sangue:
Linfa:
Fermentação láctica:
A fermentação láctica é realizada por bactérias lácticas e, em certas situações, pelas
células dos músculos esqueléticos, durante a prática de exercício físico intenso, como
suplemento energético. Ocorre redução do ácido pirúvico. A fermentação láctica
revela-se também um processo catabólico energeticamente pouco rentável (2 ATP por
molécula de glicose). O produto final deste processo catabólico (ácido láctico/ lactato)
tem uma energia potencial química elevada pelo que se pode dizer que a glicose
sofreu oxidação parcial.
Respiração aeróbia:
A respiração aeróbia é um processo de obtenção de energia, realizado na presença de
oxigénio, que permite a degradação total da molécula de glicose e que apresenta um
rendimento energético muito superior ao da fermentação.
Nos seres eucariontes aeróbios grande parte da via
metabólica ocorre no interior da mitocôndria. Este
organelo evidencia dupla membrana, projeções da
membrana interna denominadas cristas mitocondriais
e uma região delimitada pela membrana interna e
preenchida por fluido, que corresponde à matriz
mitocondrial.
A respiração aeróbia contém quatro etapas: glicólise, formação da acetil-coenzima A,
ciclo de Krebs e cadeia respiratória ou fosforilação oxidativa.
Formação da acetil-coenzima A:
As reações desta etapa ocorrem na matriz
mitocondrial. Cada molécula de ácido
pirúvico experimenta uma descarboxilação,
libertando-se CO2, e uma oxidação,
formando-se NADH e H. Reação catalisada
pela coenzima A. Forma-se acetil-coenzima A.
Ciclo de Krebs:
O ciclo de Krebs ou ciclo do ácido cítrico ocorre na matriz mitocondrial e inicia-se
através da reação do ácido oxaloacético (4C) com acetil-CoA (2C), originando-se o
ácido cítrico (6C) e a coenzima A, que abandona o ciclo e volta a catalisar a formação
de acetil-CoA.
O ácido cítrico experimenta uma descarboxilação, libertando-se CO2, e uma oxidação,
fornecendo eletrões para a redução
de NAD+, pelo que se converte
numa molécula com 5 carbonos.
Esta molécula (5C) experimenta as
mesmas reações novamente, dando
lugar a uma molécula com 4
carbonos. A desfosforilação desta
molécula (4C) associada à
mobilização de energia permite a
síntese de uma molécula de ATP. O
composto sofre, então, duas
oxidações, reduzindo o FAD e o
NAD+, originando ácido oxaloacético que acionará um novo ciclo.
Cadeia respiratória:
A cadeia respiratória acontece na membrana interna da mitocôndria, em concreto, ao
nível das cristas mitocondriais.
Recebe também a designação de fosforilação oxidativa, uma vez que engloba uma
elevada produção de ATP associada a reações de oxidação-redução. Por outro lado,
embora o ciclo de Krebs só ocorra em condições aeróbias, o oxigénio é diretamente
utilizado apenas nesta fase.
Todas as moléculas de NADH + H+ e de FADH2, formadas no decurso das etapas
anteriores, sofrem oxidação, ao transferirem os eletrões que transportam para um
conjunto de proteínas
membranares. A energia
libertada aquando de tal
processo é mobilizada para a
síntese de ATP. O fluxo de
eletrões é unidirecional, pois
cada proteína apresenta um
nível energético inferior ao da
proteína anterior. O acetor
final desta cadeia
transportadora de eletrões é o oxigénio que reage com os eletrões e com os protões
oriundos da oxidação do NADH + H+ e do FADH2, dando origem a uma molécula de
água.
O rendimento energético da respiração aeróbia é de 36 moléculas de ATP: 2 formadas
durante a glicólise, outras duas formadas durante o ciclo de Krebs e 32 resultantes da
cadeia respiratória. Neste processo, uma fração diminuta da energia fica retida nos
produtos finais (CO2 e água) e ocorre, ainda, alguma perda de energia sob forma de
calor. Pode, no entanto, afirmar-se que a glicose é completamente oxidada.
Abertura estomática
a. A presença de luz ativa o transporte ativo de iões K+, das células epidérmicas
adjacentes para as células-guarda.
b. Aumenta a pressão osmótica no interior das células-guarda.
c. A água move-se, por osmose, das células epidérmicas adjacentes para as
células-guarda.
d. As células-guarda ficam túrgidas.
1. Fecho estomático
a. A ausência de luz promove a difusão de iões K+, das células-guarda para as
células epidérmicas adjacentes.
b. Diminui a pressão osmótica no interior das células-guarda.
c. A água move-se, por osmose, das células-guarda para as células epidérmicas
adjacentes.
d. As células-guarda entram em plasmólise.
Fatores que podem interferir com a abertura e fecho dos estomas e,
consequentemente, com a taxa transpiratória:
Temperatura atmosférica:
a) Um aumento de temperatura atmosférica baixa a humidade relativa do ar na
proximidade da superfície externa dos órgãos aéreos.
b) Aumenta o gradiente de difusão de vapor de água entre o interior e o exterior
dos órgãos aéreos.
c) Aumenta a difusão de vapor de água para o exterior, elevando-se a taxa
transpiratória.
Humidade atmosférica:
a) Um aumento da humidade atmosférica diminui o gradiente de difusão de vapor
de água entre o interior e o exterior dos órgãos aéreos, pelo que a taxa
transpiratória tende a baixar.
Difusão indireta:
a) Em animais como a minhoca e os anfíbios
(enquanto complemento à hematose
pulmonar), a superfície corporal (tegumento)
atua como superfície respiratória.
b) Os gases difundem-se entre a superfície do
corpo do animal e o sangue, ocorrendo, por
isso, hematose cutânea.
c) O intercâmbio de gases é facilitado pela
extensa vascularização existente sob a
superfície corporal e pela humidificação da mesma por parte de numerosas
glândulas protetoras de muco.
Traqueias:
Difusão direta:
a) O gafanhoto e outros insetos possuem
um sistema respiratório constituído por
um conjunto de traqueias ramificadas
em traquíolas, que se dispõem por todo
o corpo do animal, contactando
diretamente com as células e efetuando
as trocas gasosas.
b) O ar entra através de aberturas existentes na
superfície corporal do animal – espiráculos.
c) As traqueias e traquíolas são invaginações da
superfície corporal.
d) Nos insetos voadores existem, junto aos músculos,
sacos de ar que funcionam como reservas de ar e
facilitam ventilação, pois a taxa metabólica durante
o voo aumenta consideravelmente.
Brânquias:
Difusão indireta:
a) As brânquias são os órgãos respiratórios da
maior parte dos animais aquáticos e
correspondem a evaginações da superfície
corporal.
b) Nos peixes ósseos, as brânquias localizam-se
em duas câmaras branquiais, uma de cada
lado da cabeça, cobertas por uma proteção,
o opérculo. Cada brânquia é constituída por filamentos
branquiais duplos, presos a um arco branquial, e possuem várias
lamelas fortemente circundadas por capilares sanguíneos.
c) A água entra pela boca, passa pela faringe, da faringe avança
para as câmaras branquiais e depois sai pelas fendas operculares,
garantindo-se a oxigenação sanguínea (hematose branquial).
d) Nas lamelas, a água move-se em sentido contrário
ao do sangue que circula nos capilares sanguíneos,
assegurando o contacto do sangue,
progressivamente mais rico em oxigénio, com a
água, cuja pressão parcial de oxigénio é sempre
superior àquela que existe no sangue, mantendo-
se um elevado coeficiente de difusão de oxigénio. Este mecanismo, mecanismo
de contracorrente, contribui para a eficácia da hematose branquial.
Pulmões:
Os anfíbios, os répteis, as aves e os mamíferos
apresentam pulmões (invaginações da superfície
corporal), embora o seu tamanho e complexidade
estejam relacionados com a taxa metabólica de cada
animal e, consequentemente, com a quantidade de
oxigénio necessária.
Nos mamíferos, o ar entra pelas fossa nasais, passando
pela faringe, pela laringe, pela traqueia e pelos
brônquios, que se ramificam em bronquíolos, cujas
extremidades possuem sacos alveolares constituídos
por inúmeros alvéolos pulmonares.
No processo de ventilação pulmonar (entrada e saída
de ar), intervêm o diafragma e os músculos
intercostais, cuja contração e relaxamento
desencadeiam a inspiração e a expiração,
respetivamente.
Quer ao nível dos alvéolos
pulmonares, quer ao nível das
células, o sentido da difusão dos
gases respiratórios depende das
diferenças de pressão de parcial.
Nos alvéolos pulmonares, a pressão
parcial de O2 é maior no sangue
que circula nos capilares e, por isso,
o O2 difunde-se dos alvéolos para o sangue.
Por outro lado, a pressão parcial de CO2 é
menor nos alvéolos pulmonares do que no
sangue e, por isso, este difunde-se do sangue
para os alvéolos (hematose pulmonar). Ao
nível das células, a pressão parcial de O2 é
menor do que no sangue que circula nos
capilares e o O2 difunde-se do sangue para o
fluido intersticial e deste para as células. O
CO2, por sua vez, faz o percurso inverso:
difunde-se das células para o fluido intersticial e deste para o sangue, uma vez
que a pressão parcial de CO2 nas células é maior do que no sangue (hematose
tecidular).