Hebling Gustavo TCC
Hebling Gustavo TCC
Hebling Gustavo TCC
Autor:
Gustavo Miranda Hebling
Número USP:
8550624
Orientador:
Prof. Dr. João Bosco Augusto London Jr.
São Carlos
2018
São Carlos
2018
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AUTORIZO A REPRODUÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO,
POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS
DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.
Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Prof. Dr. Sérgio Rodrigues Fontes da
EESC/USP com os dados inseridos pelo(a) autor(a).
3
4
Sumário
Sumário
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................................. 10
1.1. CONTEXTO ............................................................................................................................ 10
1.2. OBJETIVOS ............................................................................................................................ 11
1.3. ESTRUTURA DO TRABALHO ........................................................................................................ 12
2. REDES DE DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA ......................................................................... 13
2.1. SISTEMAS ELÉTRICOS DE POTÊNCIA.............................................................................................. 13
2.2. SISTEMAS DE DISTRIBUIÇÃO ....................................................................................................... 15
2.2.1. Rede de Distribuição Primária ........................................................................................ 15
2.3. OPERAÇÃO DE REDES DE DISTRIBUIÇÃO ........................................................................................ 16
3. FLUXO DE POTÊNCIA EM REDES DE DISTRIBUIÇÃO ..................................................................... 21
3.1. MÉTODO DE NEWTON-RHAPSON ............................................................................................... 23
3.2. MÉTODO DE VARREDURA DIRETA/INVERSA ................................................................................... 24
3.2.1. MÉTODO DE VARREDURA DIRETA/INVERSA COMPENSADA ................................................................ 25
3.3. TIPOS DE MALHA E SOLUÇÃO DO FLUXO DE POTÊNCIA ..................................................................... 26
3.4. EQUIVALENTES DE REDE ........................................................................................................... 29
4. RESULTADOS .............................................................................................................................. 34
4.1. AVALIAÇÃO DO FLUXO DE POTÊNCIA EM REDES MALHADAS .............................................................. 34
4.2. AVALIAÇÃO DA OPERAÇÃO DE UM SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO REAL EM SITUAÇÕES MALHADAS ................. 36
4.3. APLICAÇÃO DOS EQUIVALENTES DE REDE NO CENÁRIO DE MALHA 3 .................................................... 43
5. CONCLUSÕES .............................................................................................................................. 46
REFERÊNCIAS ....................................................................................................................................... 50
ANEXOS ............................................................................................................................................... 52
2.4. DADOS DOS ALIMENTADORES DE 32 BARRAS.................................................................................. 52
2.5. DADOS DO SISTEMA COPEL – SUBTRANSMISSÃO E ALIMENTADORES NA CONDIÇÃO NOMINAL E PRÉ-MALHA . 54
5
Lista de Figuras
Figura 1 – Diagrama unifilar de um sistema elétrico de potência ................................. 13
Figura 2: Diagrama simplificado de uma subestação de distribuição. (Fonte: Kersting,
2002) .......................................................................................................................... 14
Figura 3:Diagrama unifilar de um alimentador típico (Fonte: Kersting 2002) .............. 16
Figura 4: Diagrama unifilar de rede primária com configuração radial com socorro.
(Fonte: Kagan et al., 2005).......................................................................................... 17
Figura 5: Esquemático de reestabelecimento de energia com formação de malha ........ 19
Figura 6: Modelo equivalente π (Elaborado pelo Autor) .............................................. 21
Figura 7: Modelo equivalente de uma linha com transformador (Retirado de Monticelli
(1983))........................................................................................................................ 22
Figura 8: Modelo de uma linha de transmissão entre barras (Elaborada pelo Autor) .... 24
Figura 9: Diagrama de uma rede na presença de malha (Elaborada pelo Autor)........... 25
Figura 10: Diagrama unifilar da rede após aplicação do “Ponto de Quebra” (Elaborada
pelo Autor) ................................................................................................................. 25
Figura 11: Equivalente de Thévenin visto a partir das barras do “Ponto de Quebra”
(Elaborada pelo Autor) ............................................................................................... 26
Figura 12: Ilustração de casos possíveis de malha (Elaborada pelo Autor)................... 27
Figura 13: Ilustração da modelagem do caso 2 de malha ............................................. 27
Figura 14: Ilustração das redes externa, interna e barras de fronteira (Elaborada pelo
Autor) ......................................................................................................................... 30
Figura 15: Esquemático do sistema equivalente obtido................................................ 32
Figura 16: Equemático do sistema teste (Elaborado pelo Autor).................................. 34
Figura 17: Diagrama unifilar utilizado na solução do caso 1 de malha......................... 35
Figura 18: Diagrama unifilar do alimentador utilizado no caso 2 de malha .................. 35
Figura 19: Diagrama unifilar dos alimentadores de distribuição .................................. 37
Figura 20: Diagrama unifilar da rede de transmissão da região de Londrina ................ 37
Figura 21: Diferenças angulares entre as subestações em diferentes cenários de carga e
utilização de chave...................................................................................................... 39
Figura 22: Mapa das barras do sistema de transmissão/distribuição da região de
Londrina ..................................................................................................................... 40
Figura 23: Diferenças angulares máximas entre todos os casos ................................... 41
Figura 24: Máximas diferenças angulares entre subestações no nível de 138 kV ......... 42
6
Lista de Tabelas
Tabela 1: Comparação de valores obtidos na solução do caso 1 de malha.................... 35
Tabela 2: Comparação de valores obtidos na solução do caso 2 de malha.................... 36
Tabela 3: Resultados do fluxo de potência do sistema completo no caso 3 de malha ... 38
Tabela 4: Resultados do fluxo de potência seguindo as propostas de diferença angular 38
Tabela 5: Resultados do fluxo de potência na chave de malha ..................................... 39
Tabela 6: Resultado do fluxo de potência com contingência ........................................ 39
Tabela 7: Correspondência entre barras do sistema de transmissão na região de
Londrina ..................................................................................................................... 41
Tabela 8: Solução do fluxo de potência para o caso 3 de malha com extensão da
modelagem ................................................................................................................. 42
Tabela 9: Solução do fluxo de potência na chave de malha ......................................... 42
Tabela 10: Potências ativa e reativa equivalentes obtidas com o equivalente Ward Não-
Linear ......................................................................................................................... 44
Tabela 11: Resistências e Reatâncias obtidas com a redução de rede ........................... 44
Tabela 12: Erro máximo em p.u. de tensão e ângulo entre o sistema completo e reduzido
................................................................................................................................... 44
Tabela 13: Erro máximo de potência ativa e reativa entre os fluxos de potência do
sistema completo e reduzido ....................................................................................... 45
7
Resumo
Este trabalho tem como objetivo apresentar os métodos de solução de fluxo de potência
em sistemas de distribuição malhados. São apresentados os fundamentos dos métodos de
solução para sistemas radiais bem como possíveis alterações para aplicação em sistemas com
malha e estas são verificadas utilizando alimentadores de teste. Em específico para o caso de
malha entre subestações distintas são apresentadas duas propostas de solução: a primeira utiliza
diferentes níveis de informações disponíveis a respeito do sistema de subtransmissão e
transmissão para determinar estimativas para o ângulo das subestações envolvidas na malha e a
segunda utiliza a teoria de equivalentes de rede para representar, por meio de parâmetros como
impedância equivalente e injeção de potência, a influência dos sistemas de transmissão e
subtransmissão partindo-se do caso radial. O caso de malha entre subestações distintas é
avaliado em um sistema real de distribuição no qual é possível verificar o impacto na qualidade
da solução do fluxo de potência dos dois métodos de solução propostos.
8
Abstract
This work’s main objective is to present load flow solutions applied to meshed
distribution systems. The fundamentals of such solutions are presented when applied to radial
systems as well as the necessary modifications when meshed systems are considered and these
modifications are verified using test systems presented in the literature. Considering the case of
meshed topology involving different substations, two possible solutions are presented: the first
one utilizes different levels of information about the transmission system to determine the angle
of the substations that form the meshed topology and the second proposal utilizes the external
network equivalent theory to represent via parameters such as equivalent impedance and power
injections the influence the of the transmission system. This specific case of meshed topology is
evaluated using a real distribution system in which is possible to verify the quality of the load
flow solution of both the proposed methods.
9
CAPÍTULO 1
1. Introdução
1.1. Contexto
A energia elétrica se tornou imprescindível nos dias atuais uma vez que proporciona
conforto, comodidades e progresso econômico. A geração e transmissão desta para uma
sociedade com cada vez maiores necessidades energéticas provocou um aumento na escala e
complexidade dos sistemas elétricos de potência. A demanda energética da sociedade moderna
também requisita dos sistemas de potência uma energia de qualidade, confiável e resistente a
faltas.
Na entrega da energia elétrica para o consumidor final estão contidos três processos:
geração, transmissão e distribuição. A regulamentação desses processos no Brasil, visando
garantir a confiabilidade e qualidade, é feita pela Agência Nacional de Energia Elétrica
(ANEEL). Devido a grande presença da geração hidrelétrica na matriz energética brasileira, a
distância entre os centros consumidores e as zonas de geração é muito grande. Por esse motivo,
é necessária uma rede interligada de transmissão extensa para transportar a energia até os
centros de consumo. Além disso, devem ser atendidos nos centros de consumo, os
consumidores de grande e de pequeno porte e deve ser feita uma adequação dos níveis de tensão
para esses consumidores. O sistema de distribuição realiza essa adequação operando em duas
redes distintas: a rede primária que opera em média tensão e a rede secundária que opera em
baixa tensão. As empresas responsáveis por operar as redes de distribuição são as
concessionárias e são supervisionadas pela ANEEL.
As concessionárias de energia precisam garantir, durante a operação das redes de
distribuição, que as restrições operacionais dos equipamentos estejam sendo atendidas e
também precisam atender as normas e limites regulamentados pela ANEEL, através do
PRODIST, referentes à qualidade de energia. A verificação destas restrições e limites é feita
utilizando simulações computacionais e ferramentas de análise da rede. Dentre estas
ferramentas de análise de redes de distribuição destaca-se o cálculo de fluxo de carga que, além
de ser utilizado durante a operação da rede, pode contribuir nas fases de projeto e planejamento
de expansão. O fluxo de carga fornece aos engenheiros responsáveis informações importantes
que refletem o funcionamento da rede de distribuição como tensões nas barras, correntes nos
ramos, perdas técnicas e os fluxos de potência ativa e reativa nos alimentadores da rede.
Os sistemas de distribuição geralmente operam com topologia radial e fluxo unidirecional,
isto é, da subestação até as barras terminais. Porém, existem situações em que a rede pode
operar fracamente malhada como, por exemplo, durante operações de chaveamento para
10
reestabelecimento de energia e durante buscas por aumento de confiabilidade. Nestes casos é
necessário verificar as restrições da rede utilizando, principalmente, o fluxo de carga. Existem
extensões dos métodos mais comuns de fluxo de carga para redes malhadas, porém esta pode
apresentar diferentes topologias de malha o que pode comprometer a precisão do resultado
(MASSIGNAN, 2017).
Nos estudos de operação da rede e também em estudos planejamento, são necessárias
repetidas análises do fluxo de carga. Visando diminuir o esforço computacional e a
complexidade do problema pode-se utilizar um equivalente de rede que representa parte da rede
uma vez que esta pode conter um grande número de barras e ramos. No caso de a malha ser
fechada entre barras de alimentadores diferentes pertencentes a subestações distintas, a
aplicação dos métodos tradicionais de fluxo de carga encontra dificuldade de obter uma barra
única de referência. A extensão da modelagem até uma barra comum é de difícil execução pois
as informações da transmissão não são de fácil acesso aos operadores da distribuição. Neste
cenário, a utilização de um equivalente de rede para representar partes da rede de transmissão
desconhecida pode complementar a modelagem e, além de reduzir as dimensões e o esforço
computacional, proporcionar um resultado mais fiel a realidade para o fluxo de carga.
1.2. Objetivos
O objetivo deste trabalho é apresentar as soluções para os possíveis casos de malha em um
sistema de distribuição e verificar a aplicabilidade dos equivalentes de rede existentes na
literatura para solução do fluxo de carga no caso de malha entre subestações distintas. O sistema
de distribuição utilizado será modelado utilizando dados reais de alimentadores da COPEL da
região de Londrina-PR. Como apresentado em (MASSIGNAN, 2017), o cenário de malha
formada por alimentadores de subestações distintas acarreta uma maior complexidade na
modelagem e solução do fluxo de carga, isto se deve à dificuldade de se obter uma barra de
referência única para as duas subestações sem informações suficientes do sistema de
transmissão. Desta forma este estudo irá abordar a aplicação de equivalentes de rede para
melhorar a precisão na solução do fluxo de carga neste cenário. Além disto são apresentadas as
motivações para este tipo de aplicação através de uma análise detalhada dos possíveis cenários
de malha em sistemas de distribuição e particularidades de cada cenário no cálculo de fluxo de
carga.
Será feito um estudo dos métodos comumente utilizados para o cálculo do fluxo de carga
nas redes de distribuição bem como das topologias possíveis de malha e os métodos de solução
de cada uma dessas. Posteriormente serão apresentados os equivalentes de rede e o modelo
Ward não-linear será aplicado a modelagem obtida da rede.
11
Em posse dos dados da COPEL, será possível comparar os resultados do fluxo de carga
aplicados tanto ao modelo completo, contendo todos os dados da rede, quanto ao modelo
reduzido obtido com a aplicação do equivalente de rede. Dessa forma, será possível discutir a
aplicabilidade do método em diferentes cenários da rede, em especial aqueles com malha entre
subestações distintas.
12
CAPÍTULO
2
2. Redes de Distribuição de Energia Elétrica
Este capítulo tem como propósito descrever os Sistemas Elétricos de Potência (SEPs) com
foco no sistema de distribuição (SD) e suas características de operação que serão importantes
posteriormente no trabalho.
Na seção 2.1 são apresentados aspectos gerais dos sistemas elétricos de potência incluindo
as subdivisões de tensão que caracterizam a transmissão, sub-transmissão e distribuição. Na
seção 2.2 são apresentados aspectos do sistema de distribuição e suas particularidades de
modelagem para operações de análise. Por fim, na seção 2.3 são apresentadas as topologias de
operação dos sistemas de distribuição: radial e malhada. Também são apresentadas as restrições
de operação dos SDs.
13
(Fonte: Kagan et al., 2005)
A transformação de alguma fonte de energia primária em energia elétrica é feita no
bloco de geração. Este processo geralmente envolve o acionamento de uma turbina, por meio de
uma fonte primária de energia tal como hidráulica, térmica ou nuclear, que por sua vez faz girar
uma máquina elétrica responsável pela conversão da energia mecânica em energia elétrica. O
padrão brasileiro de geração é de tensões na faixa de 10 a 30 kV e frequência de 60 Hz.
Após a geração, na figura 1, encontra-se o bloco de transmissão. Este bloco é
responsável pelo transporte da energia gerada até os centros consumidores que geralmente estão
bastante distantes das usinas e centros geradores. Devido às grandes distâncias faz-se necessário
reduzir as perdas de potência ativa nas linhas por efeito Joule, isto é feito elevando-se a tensão
de transmissão por meio de transformadores elevadores uma vez que assim tem-se uma corrente
menor nos condutores. A rede de transmissão no brasil que opera no nível de tensão mais
elevado leva a denominação “rede básica” e as tensões estão na faixa de 230 kV a 750 kV.
Na fronteira do bloco de transmissão com o de distribuição, segundo a figura 1, está
localizado o bloco denominado “subtransmissão”, no qual estão localizados os consumidores de
grande porte e as subestações de distribuição. O nível de tensão é reduzido para o atendimento
desses consumidores em subestações (SEs) que podem ser definidas, segundo o PRODIST
como o “Conjunto de instalações elétricas em média ou alta tensão que agrupa os equipamentos,
condutores e acessórios, destinados à proteção, medição, manobra e transformação de grandezas
elétricas” (ANEEL, 2016). As SEs desempenham papel importante no sistema elétrico uma vez
que, além de serem responsáveis pelo nivelamento de tensão entre transmissão e distribuição,
nelas estão conectados os alimentadores da distribuição que levam a energia ao maior número
de consumidores. A figura 2 apresenta um diagrama unifilar de uma subestação de distribuição.
14
(ETs) suprem a demanda da rede secundária também conhecida como rede de baixa tensão.
(Kagan et al., 2005).
Nas próximas seções será discutido o sistema de distribuição com mais detalhes, focando
em aspectos topológicos bem como características da operação usual destes.
15
iii. Linhas de Distribuição: ramais aéreos ou subterrâneos dos circuitos elétricos de
distribuição na rede primária. São compostos por cabos, postes e cruzetas e de acordo
com a disposição geométrica dos condutores (e outras características construtivas) são
obtidos os parâmetros elétricos destas linhas;
iv. Bancos de Capacitores: fontes de energia reativa geralmente com o intuito de
melhorar o fator de potência e níveis de tensão na rede de distribuição. Podem ser
constituídos por mais de um capacitor sendo operados manual ou automaticamente;
v. Reguladores de Tensão: autotransformadores com a função de controlar a tensão ao
longo dos alimentadores. Tipicamente possuem medidores de corrente e tensão para
realizar o controle de tensão;
vi. Chaves Seccionadoras e Disjuntores: dispositivos seccionadores capazes de isolar
eletricamente partes dos circuitos dos SDs. O estado operativo destes equipamentos é
importante na determinação da topologia da rede elétrica do alimentador.
Na figura 3 é apresentado um diagrama unifilar de uma rede típica, contendo os
equipamentos acima citados.
16
A primeira configuração que a rede primária pode apresentar é chamada radial simples,
trata-se do tipo mais comum de alimentação sendo mais adequada para áreas com baixa
densidade de carga onde a interligação dos ramos é cara e difícil devido às diferentes direções
dos circuitos. O fluxo de potência apresenta, portanto, sentido único: partindo da fonte em
direção às cargas. Havendo um incidente com um dos alimentadores ou com o circuito de
distribuição, não é possível executar uma manobra para reestabelecimento de energia nesta
configuração, o que a confere um baixo grau de confiabilidade (COPEL, 1999;
MONTEMEZZO,2016).
Em regiões com maior densidade de carga ou que necessitem de maior confiabilidade como
por exemplo hospitais, data centers e similares, a configuração radial com socorro é mais
adequada. Nesta configuração, o fornecimento de energia não deve ser afetado por uma falha ou
ocorrência nos circuitos de distribuição ou nos alimentadores a menos que esteja operando
temporariamente como radial simples ou durante operação de chaveamento. Diferentemente da
configuração radial simples, a configuração radial com socorro é caracterizada pelos múltiplos
trajetos do fluxo de potência da fonte até as cargas do circuito dependendo das posições das
chaves de manobra. Estas chaves têm duas possibilidades de operação: normalmente aberta
(NA), geralmente conectando alimentadores adjacentes e podendo ser fechadas em manobras de
transferência de carga ou reestabelecimento de energia, ou normalmente fechada (NF) com a
função de isolar blocos de carga em cenários de manutenção preventiva ou corretiva. São
manobras utilizando as chaves NF e NA que possibilitam o isolamento de um trecho em falta no
sistema de distribuição e posteriormente reestabelecer o fornecimento para outros
consumidores. Um diagrama unifilar de uma rede de distribuição na configuração radial com
socorro é ilustrada na figura.
Figura 4: Diagrama unifilar de rede primária com configuração radial com socorro. (Fonte:
Kagan et al., 2005).
17
de energia (CAMILLO, 2016) e também existem propostas para operar o sistema em condição
normal com topologia malhada (BALAMURUGAN, 2011).
No processo de reestabelecimento de energia busca-se uma sequência de manobras de
chaveamento para reconfigurar a rede. É necessário verificar as condições operacionais da rede
para garantir que nenhuma das manobras de chaveamento viole os limites de segurança do
sistema, isto é feito através da aplicação do algoritmo de fluxo de potência para encontrar os
valores de tensão e ângulo nas barras e também fluxos de potência nos ramos. É possível que,
dependendo das manobras realizadas para o reestabelecimento, apareçam laços temporários na
topologia da rede, resultando em um sistema malhado. Seguindo o esquemático apresentado na
figura 5, temos:
1. Rede em operação normal, sem faltas
2. Ocorrência de uma falta na barra indicada
3. Isolação da barra em falta por meio de abertura de chaves
4. Manobra infactível uma vez que o limite de segurança foi ultrapassado na barra
indicada (110 %)
5. Manobra de alívio, realizada fechando-se uma chave o que implica na formação
de uma malha
6. Manobra de alívio com abertura de chave
7. Manobra de alívio com fechamento de chave com o objetivo de reestabelecer o
atendimento a setores afetados
18
Figura 5: Esquemático de reestabelecimento de energia com formação de malha
Como apresentado na figura 5, após a ocorrência de uma falta são feitas manobras na
rede para isolar o setor em falta, remanejar cargas e promover o reestabelecimento de energia.
Durante essas manobras é necessário verificar a condição operacional da rede para garantir que
nenhum limite seja ultrapassado podendo gerar danos aos equipamentos e outros prejuízos,
portanto, a aplicação do fluxo de potência é imprescindível. No passo 4, é apresentada uma
manobra infactível que levaria a uma condição insegura da rede, dessa forma, é feita uma
manobra de alívio, mostrada no passo 5 em que o sistema opera temporariamente em condição
malhada. Para a avaliação dessa manobra faz-se necessário resolver o problema de fluxo de
potência na condição de malha.
Em (CHEN, 2004; HUANG, 2002) é avaliado a adequação de alimentadores para
operação normal com a presença de malhas na topologia e não somente em situações
temporárias. A operação em situação malhada poderia resultar em benefícios relacionados a
qualidade de energia, confiabilidade e menores perdas, no entanto, são necessários sistemas
mais complexos de proteção e maior capacidade de curto circuito, por exemplo. Assim como no
cenário radial, as condições operacionais da rede são verificadas utilizando o cálculo de fluxo de
potência.
Com o aumento da utilização de geradores distribuídos, a posição destes com o objetivo
de melhorar perdas e o perfil de tensão é analisada em (RAVI TEJA, 2014) no contexto de redes
malhadas. Os autores propõem um algoritmo que tem como passo inicial o calculo do fluxo de
potência da rede, isto é, uma rede que opera em condição malhada. Também com foco em redes
19
malhadas e devido ao aumento de geradores distribuídos, (SHARMA, 2017) propõe um método
para o cálculo de perdas que tem como premissa apenas dados da rede e a solução do fluxo de
potência, podendo ser aplicada em redes malhadas.
Com o objetivo de aumentar a capacidade de carga da rede e promover maior
penetração dos geradores distribuídos, (DAVOUDI, 2016) propõe o relaxamento da condição de
radialidade da rede permitindo que esta opere em condição fracamente malhada durante o
processo de reestabelecimento de energia. São mostrados benefícios nesta condição como
redução de perdas e melhoria do perfil de tensão.
Como apresentado nesta seção há um grande interesse na operação, temporária ou não,
da rede em condição malhada seja buscando aumento de performance ou devido a novas
tecnologias como os geradores distribuídos. Por esse motivo, os métodos de solução de fluxo de
potência são ferramentas de alta importância na operação atual e futura de redes de distribuição.
O equacionamento e o algoritmo de aplicação dos métodos de cálculo de fluxo de
potência são apresentados no próximo capítulo.
20
CAPÍTULO
3
3. Fluxo de Potência em Redes de Distribuição
0" + 0"23 ()" ) = & 0"' ()" , )' , !" , !' ) (2)
',-.
Em que, k = 1,...,NB sendo NB o número de barras da rede; Ωk é o conjunto das barras
vizinhas à barra k; Vk, Vm são as magnitudes das tensões das barras terminais do ramo km;
!" , !' são ângulos das tensões das barras terminais do ramo k-m; Pkm é fluxo de potência ativa
no ramo k-m; Qkm é o fluxo de potência reativa no ramo k-m; Qkmsh é a componente da injeção
de potência reativa devida ao elemento shunt da barra k. O modelo equivalente π de uma linha
de transmissão é apresentado na figura 6.
21
Os parâmetros presentes no modelo da figura 6 são a resistência série da linha (rkm) e a
reatância série da linha(xkm). Com esses parâmetros define-se a impedância série zkm = rkm +
jxkm.
A admitância série é (zkm)-1 = gkm + jbkm onde:
6"'
5"' = 7 7
(3)
6 "' + 8"'
8"'
:"' = − 7 7
(4)
6"' + 8"'
Figura 7: Modelo equivalente de uma linha com transformador (Retirado de Monticelli (1983))
22
3.1. Método de Newton-Rhapson
Utilizando as equações acima descritas, o método de Newton-Rhapson é capaz de
determinar o estado da rede, isto é, tensão complexa nos nós e fluxos de potência nos ramos.
Este problema pode ser dividido em dois subsistemas: o subsistema 1 consistem em encontrar as
soluções da função g(x), onde:
#X2Y − # (), !)
5(8) = W Z (12)
0X2Y − 0(), !)
Pesp e Qesp são as potências ativa e reativa especificadas das barras PQ e PV, isto é, são
dados do problema.
Nota-se que o problema possui 2NPQ+NPV equações e o mesmo número de incógnitas,
sendo NPQ o número de barras PQ e NPV o número de barras PV do sistema.
Os termos #X2Y − #(), !) e 0X2Y − 0(), !) definem, respectivamente, ΔP e ΔQ.
O método de Newton-Raphson é iterativo e em cada iteração são calculadas as
correções em V e ! até que g(x) esteja dentro de um limite de tolerância especificado. Estas
correções são dadas por:
[8 ' = −\ (8 ' )]^ ∗ 5(8 ' ) (13)
'
Onde J(x) é a matriz jacobiana e [8 é o vetor de incógnitas, neste caso, V e !.
A matriz jacobiana é definida como:
_5(8)
\ (8) = (14)
_8
Esta formulação pode ser expandida em termos de P, Q, V e ! e assim, obtém-se:
` ([# ) ` ([# )
\(8) = `! `) (15)
`([0) `([0)
`! `)
Assim, o valor da próxima iteração m+1 pode ser calculado como:
8 'a^ = 8 ' + [8 '
Após a convergência do método, isto é, 5(8) ≤ c, sendo c a tolerância especificada,
obtém-se os valores de V e ! para todas as barras do sistema. O subsistema 2 consiste na
solução de Pk e Qk para a barra de referência e Qk para as barras PV. Esse sistema tem solução
trivial, pois as incógnitas aparecem na formulação de forma explícita.
Os passos para encontrar a solução do problema de fluxo de potência utilizando o método
de Newton-Raphson são:
● Passo 1:
○ Fazer m = 0 e adotar uma solução inicial x = xm = x0
● Passo 2:
○ Calcular g(x) para x = xm
● Passo 3 - Testando a convergência:
23
○ Se o valor, em módulo, de g(x) calculada no passo anterior for menor que a
tolerância especificada o processo convergiu, neste caso, vá para o passo 7,
senão vá para o próximo passo.
● Passo 4:
○ Calcular a matriz jacobiana J(x) para x = xm
● Passo 5 - Determinar a nova solução xm+1
○ Calcular [xm = [J(xm)]-1 * g(xm)
○ Calcular xm+1 = xm + [xm
● Passo 6:
○ Fazer m = m+1 e retornar ao passo 2
● Passo 7:
○ Calcular as demais incógnitas do problema, isto é, solucionar o subsistema 2:
Calcular Qk nas barras PV e Pk e Qk na barra de referência.
Figura 8: Modelo de uma linha de transmissão entre barras (Elaborada pelo Autor)
24
3.2.1. Método de Varredura Direta/Inversa Compensada
O método proposto em (SHIRMOHAMMADI et al., 1988), conhecido como método de
compensação, permite tornar uma rede malhada em uma rede radial através da inclusão de
injeções de corrente para compensar o efeito das malhas. Como simplificação, será apresentado
o método na condição de uma única malha em um alimentador. Para múltiplas malhas, a
extensão é feita através de uma formulação matricial dos conceitos descritos a seguir e detalhes
podem ser obtidos em (SHIRMOHAMMADI, 1988; BARAN, 1989). A figura 9 apresenta o
diagrama de uma rede na presença de uma única malha.
Figura 10: Diagrama unifilar da rede após aplicação do “Ponto de Quebra” (Elaborada pelo
Autor)
25
Vth é a diferença entre as tensões Vi e Vi’ que são obtidas através do fluxo de potência na rede
radial. A figura 11 apresenta o circuito equivalente da rede visto pelos terminais que formam o
“Ponto de Quebra”.
Figura 11: Equivalente de Thévenin visto a partir das barras do “Ponto de Quebra” (Elaborada
pelo Autor)
Em um sistema malhado é possível definir três diferentes casos de malha com relação à
topologia apresentada por cada um deles. As diferentes topologias malhadas que os sistemas de
distribuição podem apresentar podem ser representadas por combinações destes cenários,
definidos como:
Caso 1: malha entre duas barras pertencentes a um mesmo alimentador
Caso 2: malha entre duas barras pertencentes a alimentadores distintos de uma mesma
subestação
Caso 3: malha entre duas barras pertencentes a alimentadores diferentes conectados em
subestações distintas
Na figura 12 é possível visualizar os diferentes casos de malha em um sistema de
distribuição.
26
Figura 12: Ilustração de casos possíveis de malha (Elaborada pelo Autor)
27
Analogamente ao caso 2, o caso 3, como ilustrado na figura 7, demanda uma extensão
do modelo da rede de distribuição para obtenção de uma barra única de referência. Neste caso,
entretanto, a barra comum às subestações pertence à rede de transmissão e a extensão da
modelagem precisaria incluir informações do sistema de transmissão. Numa situação prática,
entretanto, os operadores do sistema de distribuição não possuem as informações necessárias
para estender a modelagem até a barra comum das subestações localizada no sistema de
transmissão. Caso houvesse a disponibilidade de informações uma estratégia similar ao que foi
utilizado na solução do caso 2 de malha poderia ser empregada, calculando-se o fluxo de
potência com uma barra única de referência no sistema de transmissão, o que denomina-se neste
trabalho como “Sistema Completo Transmissão/Distribuição”. Além dos alimentadores que
formam a malha, outras cargas, barras e ramos precisam ser incluídos no “sistema completo” o
que pode gerar um grande volume de dados e redes com extensão elevada para o cálculo do
fluxo de potência.
Numa situação prática os operadores da distribuição possuem informações limitadas
sobre o sistema de transmissão, geralmente as informações disponíveis são referentes as
subestações do sistema de distribuição. Dada essa falta de informação para a construção do
“Sistema Completo Transmissão/Distribuição” é proposta um meio alternativo de modelar as
barras das subestações. A barra do secundário de uma das subestações é utilizada como
referência angular para a rede enquanto que a magnitude de tensão e ângulo da barra do
secundário da outra subestação é especificada. A magnitude de tensão na segunda subestação é
tomada como a tensão nominal do alimentador, porém o ângulo depende da topologia,
parâmetros e da condição operacional do sistema de transmissão. Com isso em mente, são
propostas três estratégias para especificar o ângulo da barra da segunda subestação. Está é uma
maneira simplificada de incluir a influência do sistema de transmissão com informações
reduzidas sobre este.
a) Sem informação sobre o sistema de transmissão, isto é, θSE1 = 0° e θSE2 = 0°;
b) Com informação sobre a diferença angular entre as duas subestações antes
da ocorrência da malha. Então, θSE1 = 0° e θSE2 = Δθpre-malha.
c) Com informação sobre a diferença angular entre as duas subestações após a
ocorrência da malha. Então, θSE1 = 0° e θSE2 = Δθpós-malha.
Outras representações da barra da segunda subestação, como barras PQ e PV não são
adequadas. Isto é devido ao fato de que ambas as subestações envolvidas na malha são
responsáveis pelo balanço de potência na rede malhada o que requer o cálculo de injeção de
potência ativa e reativa nas duas subestações que formam a malha.
Os resultados obtidos com essas três propostas serão apresentados em detalhes no capítulo 4
e as conclusões encontradas com a utilização dessas propostas motivaram o estudo de outras
28
soluções para a solução do caso 3 de malha, em específico, o uso de equivalentes de rede que
será apresentado na próxima seção.
t
J'"
=' = =' − ∗= (22)
J"" "
29
Para obter-se equivalentes de dimensão maiores do que apenas a eliminação de uma
barra da rede, é preciso definir os conceitos de rede externa, interna e barras de fronteira. A rede
interna é aquela que se mantém após o processo de obtenção de um equivalente, enquanto a rede
externa são as barras e ramos a serem eliminados. Por fim, as barras de fronteira são aquelas que
fazem a interface entre a rede interna e externa. No caso de um equivalente de rede para
substituir a rede de transmissão, as barras de fronteira são as barras das subestações. A figura 14
ilustra estes conceitos e a conexão entre eles.
Figura 14: Ilustração das redes externa, interna e barras de fronteira (Elaborada pelo Autor)
Um sistema de potência pode ser representado pela matriz de admitância nodal (Y) que
relaciona o vetor de tensões nodais (E) com o vetor de injeções de corrente (I). Utilizando os
subscritos e para a rede externa, b para as barras de fronteira e i para a rede interna pode-se
dividir a relação entre as tensões nodais e injeções de corrente como:
Gvv Gvw x Hv Fv
uGwv Gww Gwy z . uHw z = uFw z (23)
x Gyw Gyy Hy Fy
Aplicando a Eliminação de Gauss, o processo de eliminação modifica apenas as barras
de fronteira e são obtidas novas impedâncias e injeções de corrente como apresentados nas
equações 24 e 25.
v{
Gww = Gww − Gwv Gvv ]| Gvw (24)
v{
Fw = Fw − Gwv Gvv ]| Fv (25)
Devido a consideração de injeção de potência constante, o problema de fluxo de potência se
torna não-linear e, portanto, utiliza-se o Equivalente de Ward não-linear. Neste, após obtenção
das admitâncias equivalentes através da eliminação de Gauss, utiliza-se as equações 26 e 77
para calcular as injeções de potência na fronteira.
X~ X~ X~
P" = V"Ä ∗ & V'
Ä Ä )
∗ BG"' ∗ cos(!"' Ä )D
+ B"' ∗ sin(!"' (26)
',m
X~ X~ X~
Q " = V"Ä ∗ & V'
Ä Ä )
∗ BG"' ∗ sin(!"' Ä )D
− B"' ∗ cos(!"' (27)
',Ñ
30
O conjunto K corresponde as barras de fronteira e internas adjacentes a barra k e os valores
de tensão e ângulo V e ! correspondem ao obtidos com o sistema não reduzido, denominado
completo.
O equivalente Ward não-linear é obtido, portanto, com a rede reduzida e a respectiva matriz
admitância equivalente e com as injeções de potência nas barras de fronteira. Os passos para se
chegar no equivalente são os seguintes:
• Passo 1:
o Aplicar um método de solução de fluxo de potência ao sistema completo
para se obter V0 e !0
• Passo 2:
o Utilizando a eliminação de Gauss, obter a rede reduzida, isto é, a matriz
admitância nas barras de fronteira
• Passo 3:
o Calcular as injeções de potência equivalentes utilizando (26) e (27)
Em posse dos dados obtidos com a aplicação do Equivalente Ward é possível calcular a
solução do fluxo de potência para a rede interna considerando a influência da rede externa
através do equivalente de rede.
Neste trabalho, propõe-se o uso de equivalente externos para representar a influência do
sistema de transmissão para o cálculo de fluxo de potência no caso 3 de malha (malha entre
alimentadores de subestações distintas). Dada a ocorrência de um caso 3 de malha, no qual
deseja-se prever se o fechamento da chave de malha é uma operação segura para o sistema
quanto a análise estática, utiliza-se o equivalente de rede para a condição pré-malha da rede de
transmissão para então efetuar o cálculo do fluxo de potência no caso malhado. Uma vez que o
fechamento da malha acarreta mudanças topológicas somente na rede interna, a matriz de
admitância nodal da rede externa não se altera, e por consequência a matriz de admitância da
rede equivalente também não sofrerá alterações. Além disto, assume-se que as condições de
carregamento da rede interna e externa também não sofrem alterações entre o instante pré-malha
e pós-malha, ou seja, as informações sobre a condição pré-malha são obtidas em tempo real e
pode-se assumir que o fechamento da malha está na iminência de ocorrer. Assim podemos
escrever a condição da rede malhada como:
Gvv Gvw x Hv Fv
uGwv Gww Gwy z . uHw z = uFw z (28)
x Gyw Gyy + ∆Gyy Hy Fy
Na qual ΔYii é alteração topológica causada na rede interna pelo fechamento de uma malha.
Aplicando as relações apresentadas acima para o cálculo de equivalentes de rede, obtêm-se as
seguintes relações para a situação pós-malha:
Gww − Gwv Gvv ]| Gvw Gwy H t F − Gwv Gvv ]| Fv
Ö Ü . Ö wt Ü = Ö w Ü (29)
Gyw Gyy + ∆Gyy Hy Fy
31
Na equação acima, o vetor das tensões nodais na situação pós-malha é denotado por Eb’ e
Ei’ e são as variáveis que desejamos encontrar através da solução do cálculo de fluxo de
potência. Porém neste caso, somente com uma única subestação tomada como barra de
referência, visto que a segunda subestação é neste caso modelada como uma barra PQ constante
cujos valores de P e Q são dados pelas injeções equivalentes calculadas na situação pré-malha, e
a influência do sistema de transmissão na diferença angular entre as subestações está
incorporada na matriz de admitância obtida pelo equivalente de rede. Ou seja, sob as condições
e premissas adotadas, o conhecimento do equivalente de rede da situação pré-malha é suficiente
para representar a condição da rede na situação pós malha. Desta forma, é possível para os
operadores dos sistemas de distribuição avaliarem se o fechamento da chave é seguro quanto à
análise estática de fluxo de potência utilizando uma quantidade reduzida de informações sobre o
sistema de transmissão, reduzindo assim a quantidade de intercâmbio de dados entre os
operadores.
Assim, a seguinte metodologia foi utilizada para avaliar o uso de equivalentes de rede na
solução do cálculo de fluxo de potência em sistemas de distribuição com malhas causadas pelo
fechamento de chaves entre subestações distintas.
Em posse dos dados de entrada que serão apresentados no próximo capítulo, são obtidos os
resultados do fluxo de potência na situação pré-malha, segundo o método de Newton-Rhapson
utilizando o algoritmo apresentado na seção 3.1 para o cenário pré-malha em condição nominal
de carga e também para duas variações diminuindo a carga em 50% e outra aumentando a carga
em 100% do sistema de sub-transmissão. Os dados de tensão e ângulo das barras constituem o
chamado “Sistema Completo Transmissão/Distribuição” e serão utilizados como base de
comparação para os resultados obtidos após a aplicação do método de equivalentes de rede.
Obtém-se também através do sistema completo os valores das impedâncias equivalentes da rede
externa por meio da eliminação de Gauss que serão utilizadas no método de Ward não-linear e
também os valores de injeções de potência ativa e reativa equivalentes nas barras de fronteira.
Assim estas informações que compõem a rede equivalente serão utilizadas pelo operador do
sistema de distribuição para avaliar se o fechamento da chave na rede interna ao sistema de
distribuição é factível. A rede externa, neste caso a rede de sub-transmissão é representada por
uma impedância equivalente e por injeções de potência entre as barras de fronteira como
apresentado no esquemático da figura 15.
32
A rede resultante após a redução e aplicação do equivalente Ward não-linear constitui a
“Rede Reduzida”. O equivalente de rede, portanto, é utilizado para diminuir a complexidade do
problema e representar a rede de sub-transmissão em um determinado cenário de carga (situação
pré-malha). A chave de malha é então inserida de modo que rede interna resulte no caso 3
apresentado anteriormente, ou seja, a “Rede Reduzida” se torna malhada. Na nova topologia
obtida é aplicado o algoritmo de solução de fluxo de potência utilizando uma das subestações
como barra de referência e obtendo as tensões complexas nodais nas demais barras internas e de
fronteira (segunda subestação) que é modelada como barra PQ. Desta forma serão avaliados os
resultados provenientes da aplicação dos equivalentes de rede em representar o sistema de
transmissão na sessão de resultados.
33
CAPÍTULO
4
4. Resultados
Neste capítulo são apresentados os detalhes sobre os métodos de solução para os casos de
malha destacados anteriormente incluindo as modelagens adicionais necessárias no caso 2 de
malha bem como uma possível solução para o caso 3 de malha. São exibidos os resultados
obtidos com a aplicação desses métodos e a aplicabilidade destes é discutida.
Para avaliação da proposta deste trabalho, é utilizada uma rede real de distribuição que será
apresentada em detalhes. A metodologia de análise do fluxo de potência na presença de
equivalentes de rede para o caso 3 de malha é discutida e são apresentados os resultados
encontrados.
34
3.2. No caso 1 não há impedimento para obtenção da solução do fluxo de potência relacionada a
topologia do sistema uma vez que a malha foi criada a partir do fechamento de uma chave
fictícia interna a um dos alimentadores de 32 barras do qual a topologia resultante é apresentada
na figura 17. Com a implementação de ambos os métodos em MATLAB, isto é, método de
Newton-Rhapson e VDI Compensada, a convergência foi obtida após 4 iterações e na tabela 1
apresentam-se as diferenças entre os valores de magnitude de tensão e ângulo fornecidos pelos
diferentes métodos. A tensão de base do sistema é 13,8 kV.
No caso 2, entretanto, a chave inserida é responsável por criar uma malha entre barras de
alimentadores diferentes pertencentes a mesma subestação. Como apresentado na seção de 3.3,
neste caso é preciso estender a modelagem utilizada para solucionar o fluxo de potência de
modo a obter-se uma barra única de referência, isto é, o primário da subestação a qual os
alimentadores estão conectados. A extensão da modelagem consiste em inserir a barra do
primário da subestação e também o ramo que conecta a barra de alta com a barra de baixa
tensão. Neste ramo é necessário considerar a impedância entre as barras e do transformador
responsável por abaixar a tensão para o nível de distribuição bem como tap variável presente no
transformador. Na figura 18, é ilustrado o diagrama unifilar dos alimentadores utilizados no
caso 2 de malha bem como a chave fictícia inserida para criar a malha.
35
Analogamente ao caso 1 de malha, foram encontradas as soluções para o fluxo de
potência com ambos os métodos implementados em MATLAB e a comparação dos resultados
obtidos é apresentada na tabela 2. A tensão de base do sistema é 13,8 kV.
Tabela 2: Comparação de valores obtidos na solução do caso 2 de malha
Como apresentado na seção 3.3, o caso 3 de malha constitui-se de uma malha entre
barras pertencentes a alimentadores diferentes de subestações distintas, portanto, assim como no
caso 2 de malha, não é possível obter uma barra única de referência para aplicação dos métodos
de solução de fluxo de potência. Diferentemente do caso 2, no caso 3 a extensão da modelagem
até uma barra comum é de difícil execução prática uma vez que esta barra pode estar localizada
no sistema de sub-transmissão ou transmissão e pode existir um número grande de linhas e
barras acima das subestações envolvidas na malha. De acordo com as propostas apresentadas na
seção 3.3, serão usadas as diferenças angulares entre as subestações para avaliar as soluções do
fluxo de potência em um sistema real de distribuição.
Os dados dos sistemas de distribuição e sub-transmissão da região de Londrina/PR
foram cedidos pela empresa COPEL e constituem, no total, três alimentadores somando 2452
barras, 436 transformadores de distribuição, 165 chaves normalmente fechadas (na topologia
radial) e 30 chaves normalmente abertas que possibilitam a formação de malhas ou transferência
de cargas. A Figura 19 apresenta o diagrama unifilar dos alimentadores de distribuição
utilizados na simulação do caso 3 de malha. O caso 3 de malha é formado fechando-se as
36
chaves que conectam os alimentadores 1 e 2 (verde e azul), isto é, as subestações SE-1 e SE-2.
O sistema de transmissão da região de Londrina é apresentado na figura 20, os alimentadores de
distribuição foram conectados nas barras 890 e 2486 designadas como na figura 17 como SE-1
e SE-2.
Figura 19: Diagrama unifilar dos alimentadores de distribuição (Fonte: Massignan, 2017)
Figura 20: Diagrama unifilar da rede de transmissão da região de Londrina (Fonte: Massignan,
2017)
37
Tabela 3: Resultados do fluxo de potência do sistema completo no caso 3 de malha
SE1 SE2
θ (°) P(MW) Q(MVAr) θ (°) P(MW) Q(MVAr)
Pré-Malha -33.24 3.47 1.48 -29.75 3.09 1.32
Pós-Malha -32.13 -0.94 4.73 -30.95 7.56 -1.83
Nota-se uma diferença angular de 3.49° entre as subestações no caso pré-malha enquanto
que, após o fechamento da chave de malha, obteve-se uma diferença angular de 1.18° no caso
pós-malha. Também é possível observar a ocorrência de fluxo de potência reverso na SE-1 que
é resultado das diferenças angulares entre as subestações uma vez que, nos sistemas de
transmissão, o fluxo de potência é fortemente acoplado as diferenças angulares entre barras.
Esta diferença observada na solução do modelo completo motivou o estudo apresentado na
seção 3.3 que propõe utilizar estimativas para os ângulos das subestações quanto não há
disponibilidade de informações para modelar o sistema completo. Utilizando as propostas
apresentadas e o método de Newton-Rhapson para a solução do fluxo de potência obteve-se os
resultados apresentados na tabela 4.
Tabela 4: Resultados do fluxo de potência seguindo as propostas de diferença angular
SE1 SE2
P (MW) Q (MVAr) P (MW) Q (MVAr)
Δθ = 0° 3.67 1.43 2.90 1.33
Δθpre-malha = 3.49° -10.25 11.10 17.37 -7.42
Δθpós-malha = 1.18° -0.94 4.74 7.57 -1.84
38
Tabela 5: Resultados do fluxo de potência na chave de malha (Switch 2)
Além das diferenças angulares, existem outros fatores que podem influenciar na solução
do fluxo de potência do caso 3 como, por exemplo, contingências no sistema de transmissão.
Para avaliar a influência de uma alteração na topologia do sistema de transmissão foi feita uma
simulação com a linha entre as barras 890 e 2486 removida e os resultados são apresentados na
tabela 6. É possível observar que uma contingência simples no sistema de transmissão tem
grande influência nas diferenças angulares entre as subestações principalmente se ocorrer em
barras próximas aos alimentadores de interesse.
Tabela 6: Resultado do fluxo de potência com contingência
SE1 SE2
θ (°) P(MW) Q(MVAr) θ (°) P(MW) Q(MVAr)
Pré-Malha -33.11 3.47 1.48 -30.83 3.09 1.32
Pós-Malha -32.36 0.78 3.63 31.6 5.81 -0.78
39
De maneira geral, as propostas apresentadas na seção 3.3 são simplificações da influência
do sistema de transmissão em um sistema de distribuição operando em condição malhada já que
a diferença angular entre subestações representa apenas um único cenário de malha, isto é, uma
topologia e cenário de carga, incluindo a posição da chave. Para ser viável a utilização desta
proposta, é possível obter uma base de dados das diferenças angulares do sistema em análise em
diferentes cenários de operação e contingência. Isto foi feito no sistema apresentado
anteriormente, de maneira similar ao que é apresentado na figura 21, foram obtidos cenários de
carga para o sistema de transmissão do Operador Nacional do Sistema (ONS) tanto de operação
como de planejamento, para simular possíveis alterações na topologia do sistema.
O objetivo principal desta análise é avaliar a sensibilidade das aberturas angulares das
barras em diferentes cenários, isto é, averiguar se em sistemas reais essas aberturas angulares
apresentam grandes variações suficientes para influenciar os cenários de operação em malha
pois, como mostrado nas simulações anteriores, nota-se que pequenas aberturas angulares já
causam grandes diferenças nos resultados do fluxo de potência. Um objetivo secundário é obter
valores pré-estabelecidos para utilizar como estimativas conservadores na solução do caso 3 de
malha. A figura 22 apresenta um mapa das barras do sistema de transmissão na região de
Londrina que serão consideradas para obtenção das aberturas angulares.
40
Ao todo foram considerados no estudo 6 cenários de operação com condições de carga leve,
média e pesada e finais de semana com 17 contingências simples em cada, e 4 cenários de
planejamento considerando condições de carga no verão e no inverno com 17 contingências
cada, totalizando 170 casos de fluxo de potência analisados sob a ótica das aberturas angulares
entre as subestações.
Dentre os casos listados, foram levantadas as máximas aberturas angulares entre
subestações de 13,8 kV, duas a duas, e estas são apresentadas na figura 23 seguindo a
correspondência entre as barras apresentas no mapa da subtransmissão e número apresentado na
tabela 7. Os dados apresentados podem servir como estimativa conservadora no caso em que
seja fechada uma malha entre duas subestações consideradas.
Tabela 7: Correspondência entre barras do sistema de transmissão na região de Londrina
50000 RDAV_TF2
50001 RDAV_TF1
50002 SEMIR_TF1
50003 SEMIR_TF2
50004 VERAC_TF3_13
50005 NPALERM_TF1
50006 NPALERM_TF2
50007 NJBANDE_TF1
50008 NJBANDE_TF2
50009 NLONDR_TF1_13
50010 NIGAPO_TF1
50011 NIGAPO_TF3
50012 NJCANAD_TF1
Figura 23: Módulo das diferenças angulares máximas entre todos os casos em graus
41
Vale ressaltar que também foram observadas as aberturas angulares em 138 kV, onde os
valores obtidos foram pequenos, menores do que 1°, o que pode ser explicado pela topologia em
anel do sistema de 138 kV e também pela presença de impedâncias menores neste nível de
tensão. Isso pode ser observado na figura 24, onde são apresentadas as máximas aberturas
angulares entre as subestações no nível de 138 kV. A numeração apresentada segue a das barras
do diagrama unifilar da figura 20.
Figura 24: Máximas diferenças angulares em graus entre subestações no nível de 138 kV
Como as aberturas angulares no sistema de subtransmissão são menores que nas barras de
média tensão, propõe-se uma solução mais pragmática para o problema que é resolver o caso 3
de malha como se fosse um caso 2, isto é, estender a modelagem para uma barra acima da
subestação de 13,8 kV que seja comum entre os dois alimentadores envolvidos na malha. Pode-
se observar na figura 20 que a barra comum entre os dois alimentadores considerados nas
simulações é a barra 890 no nível de 138 kV. Foi feita uma alteração nos dados para simular
corretamente esse cenário e os resultados são apresentados nas tabelas 8 e 9.
Tabela 8: Solução do fluxo de potência para o caso 3 de malha com extensão da modelagem
SE1 SE2
θ (°) P(MW) Q(MVAr) θ (°) P(MW) Q(MVAr)
Pré-Malha -30.80 3.10 1.30 -32.10 3.50 1.50
Pós-Malha -31.10 4.30 0.20 -31.80 2.20 2.60
42
Pode-se observar pelos resultados que mesmo com algumas informações relacionadas às
subestações, os resultados do fluxo de potência são diferentes do sistema completo. Nota-se que
a diferença angular no caso pós-malha foi reduzida em relação a simulação sem a extensão à
barra comum, mas mesmo assim os resultados foram diferentes daqueles obtidos com o sistema
completo. De fato, ao assumir um modelo de rede similar ao caso 2 de malha, na verdade
estamos assumindo uma diferença angular igual a zero entre as barras de alta tensão das
subestações. Apesar da diferença angular entre estas barras serem pequenas (menores que 1º
para a rede estudada), ainda assim tem forte influência no cálculo, pois existe fluxo de potência
através do anel de alta tensão desta rede, ou seja, as pequenas diferenças angulares no sistema
de sub-transmissão são suficientes para influenciar no resultado. Desta forma todos os
resultados apresentados indicam que o sistema de sub-transmissão tem uma forte influência na
solução de fluxo de potência no caso 3 de malha e deve-se buscar uma representação mais
adequada para o mesmo, por exemplo com o uso de equivalentes de rede o que será avaliado na
próxima seção.
De posse dos dados do sistema de distribuição apresentado na figura 20, o qual foi utilizado
para solução do caso 3 de malha fazendo uso das propostas de diferença angular, aplicou-se a
metodologia para obtenção dos equivalentes de rede descrita na seção 3.4. Em princípio foram
obtidos os resultados do fluxo de potência na situação pré-malha, segundo o método de
Newton-Rhapson utilizando o algoritmo apresentado na seção 3.1 considerando o “Sistema
completo Tansmissão/Distribuição” na condição de operação nominal, isto é, 100% de carga.
Utilizando o algoritmo apresentado na seção 3.4 obtém-se os valores das impedâncias
equivalentes da rede externa por meio da eliminação de Gauss que serão utilizadas no método
de Ward não-linear, de modo a produzir os valores de injeções de potência ativa e reativa nas
barras de fronteira. Posteriormente, a mesma metodologia foi aplicada considerando uma
redução de 50% da carga do sistema de transmissão e também um aumento de 100% da carga
do sistema de transmissão de forma a caracterizar dois novos cenários de operação com carga
leve e pesada, respectivamente mantendo-se a carga do sistema de distribuição igual ao do caso
nominal. A variação no ponto de operação da rede reflete-se no equivalente de rede pela
variação das injeções de potência ativa e reativa mostradas na tabela 10, enquanto que as
impedâncias equivalentes não sofrem alteração, uma vez que dependem somente da topologia
do sistema, isto é, das impedâncias dos ramos da rede externa e de fronteira como mostrado pela
equação 24.
43
Tabela 10: Potências ativa e reativa equivalentes obtidas com o equivalente Ward Não-Linear
44
Tabela 13: Erro máximo de potência ativa e reativa entre os fluxos de potência do sistema
completo e reduzido
Nota-se que os resultados obtidos com o equivalente de rede se aproximam bastante dos
obtidos com o “Sistema Completo” e que, segundo a metodologia, partindo-se de um sistema
radial é possível obter um equivalente de rede que represente de maneira satisfatória a condição
malhada. No pior caso, as soluções apresentam um erro tanto de magnitude de tensão e ângulo
quanto de fluxo de potência ativa e reativa pequeno, da ordem de grandeza da tolerância
utilizada para convergência. De maneira geral, o equivalente permite representar a rede de sub-
transmissão/transmissão em um ponto de operação fixo podendo ser utilizado no caso de malha
entre subestações distintas e, principalmente, diminui consideravelmente a quantidade de
informações necessárias aos operadores da rede de distribuição sobre o sistema de transmissão
para avaliar cenários de malha. Em posse dos parâmetros apresentados anteriormente é possível
avaliar as restrições operacionais da rede e para casos em que não há alteração na topologia do
sistema, apenas as injeções de potência equivalente são necessárias.
Apesar de ser uma solução que ainda depende do intercâmbio de informações a respeito do
sistema de sub-transmissão, o uso de equivalentes permite a correta avaliação da condição
estática de operação de redes de distribuição com malhas entre subestações distintas. Vale
ressaltar que o volume de dados neste intercâmbio é bem menor do que se fosse utilizado o
modelo completo da rede e que possibilita encontrar uma solução muito próxima da esperada no
cálculo de fluxo de potência sem aumentar a complexidade computacional dos modelos
utilizados pelas distribuidoras de energia. Ainda assim, este intercâmbio de informações é
necessário e é um limitante da metodologia atual. Espera-se em trabalhos futuros avaliar a
possibilidade de se levantar os parâmetros dos equivalentes de rede baseado em medidas
elétricas disponíveis para os operadores de distribuição, desta forma possibilitando avaliar a
condição de malha entre subestações distintas utilizando somente informações das próprias
distribuidoras.
45
5. Conclusões
46
No caso de malha 2 (entre alimentadores de uma mesma subestação) este trabalho propõe a
extensão da modelagem dos alimentadores até a alta tensão da subestação e a proposta se
mostrou capaz de obter a correta solução do cálculo de fluxo de potência no sistema de
distribuição. Neste caso, é incorporado ao modelo da rede elétrica os transformadores da
subestação e os demais alimentadores não envolvidos na malha em análise são representados
como cargas. Sem aumentar, desta forma, a complexidade computacional nem a necessidade de
informações que estejam fora do alcance das distribuidoras de energia, ou seja, garantindo que
esta é uma solução viável na prática. Para o caso de malha 3 (entre alimentadores de
subestações distintas), nota-se que a correta solução do fluxo de potência só é possível através
da incorporação do sistema de transmissão para o cálculo de fluxo de potência devido à barra de
referência da rede elétrica estar nesta parcela do sistema elétrico, o que chamamos de modelo
completo transmissão/distribuição. Apesar de garantir a correta solução, esta abordagem tem
limitações práticas, em especial quanto ao volume de dados que devem ser trocados entre os
operadores dos sistemas de transmissão e os operadores dos sistemas de distribuição.
No intuito de propor soluções práticas para o caso de malha entre subestações distintas, ou
seja, com reduzida troca de informações entre os operadores do sistema de transmissão e os
operadores do sistema de distribuição, foram inicialmente propostas o uso de estimativas das
aberturas angulares entre as subestações, desta forma representando ambas as barras das
subestações como barras de referência (e desta forma garantindo que ambas fechem o balanço
de potência da rede), mas considerando o efeito do sistema de transmissão através de uma
diferença angular entre as barras das duas subestações. Assim foram propostas 3 estimativas de
diferença angular que poderiam ser utilizadas para tratar este caso de malha:
(i) sem informação sobre o sistema de transmissão, ou seja, ∆θ =0°;
(ii) com informação referente a diferença angular anterior a formação da malha, ou
seja, ∆θ =∆θ(pré-malha);
(iii) com informação referente a diferença angular após a formação da malha, ou seja,
∆θ =∆θ(pós-malha).
Através dos resultados apresentados pode-se concluir que, apenas com o conhecimento
prévio da localização da chave de malha e consequentemente da diferença angular no cenário
pós-malha que a solução se aproxima daquela obtida caso houvesse todo o conhecimento do
sistema de transmissão.
Foi feita uma análise de sensibilidade das diferenças angulares e observou-se que a posição
da chave de malha, o carregamento e a topologia da rede de subtranmissão tem grande
influência no valor da diferença angular no cenário pós-malha. Foram levantadas as máximas
diferenças angulares entre as subestações da região de Londrina/PR e uma vez que estas
diferenças, no nível de 138 kV, são menores do que 1 grau foi avaliado o caso onde existe a
47
possiblidade de extensão da modelagem até uma barra comum e observa-se que ainda assim
esta solução não representa a influência do sistema de transmissão na rede de distribuição.
Visando contornar a dificuldade de acesso às informações necessárias aos operadores para
avaliar as restrições da rede, é proposta a utilização de um equivalente de rede obtido a partir do
sistema pré-malha para representar a rede de transmissão e assim solucionar o caso de malha
entre subestações distintas. Obtém-se os parâmetros dos equivalentes de rede a partir da solução
do fluxo de potência do caso pré-malha e estes são utilizados para a construção de uma rede
reduzida malhada que incorpora a influência do sistema de transmissão. Na seção 4.3 são
apresentados os resultados obtidos em diferentes cenários de carga e a principal conclusão é que
o sistema reduzido obtido com o equivalente Ward não-linear representa de maneira fiel um
cenário de malha, visto que as máximas diferenças de magnitude de tensão, ângulo e fluxo de
potência são pequenas.
Este trabalho de conclusão de curso é resultado de um trabalho de pesquisa que se iniciou
com uma Iniciação Científica com bolsa cedida pelo CPNQ na qual foram publicados resumos
em dois SIICUSP
• HEBLING, G. M., 2016 “Fluxo de Potência em Sistemas de Distribuição com
Malha Entre Subestações Distintas” 24° Simpósio Internacional de Iniciação
Científica e Tecnológica da USP – SIICUSP
• HEBLING, G. M., 2017 “Estudo de Equivalentes de Rede Aplicados em Redes
de Distribuição Fracamente Malhadas” 25° Simpósio Internacional de Iniciação
Científica e Tecnológica da USP – SIICUSP
Além disto, também foram publicados os seguintes artigos no Congresso Nacional CBA -
2016 bem como a publicação no Congresso Internacional IEEE/Powertech 2017.
• HEBLING, G. M., et al., 2016 “Fluxo de Potência em Alimentadores de
Distribuição Fracamente Malhados” Congresso Brasileiro de Automática – CBA
2016, Vistória – ES, Brasil.
• MASSIGNAN, J.A.D., et al., 2017 "Modeling issues on load flow calculation for
meshed distribution systems" IEEE PowerTech, Manchester, 2017, pp. 1-6.
Está em andamento um próximo artigo que trata do uso de medidas em tempo real através
de Phasor Measurement Units (PMUs) para obtenção dos parâmetros do equivalente de rede
para o Periódico Internacional IEEE Transacations on Smart Grids.
• HEBLING, G. M., et al., 2018 “A PMU-Based Network Equivalent for
Distribution System Steady State Analysis”
Neste próximo artigo serão utilizadas medidas em tempo real obtidas com PMUs para
através de análises estatísticas, obter os parâmetros necessários para representar a rede por meio
de um equivalente. Considerando uma janela de medidas, aplica-se um teste de estacionariedade
48
para obter o maior conjunto de dados que podem ser utilizados para obtenção dos parâmetros do
equivalente de rede, garantindo assim a representatividade do equivalente em regime estático.
Este trabalho tratou apenas de um aspecto da análise da rede, em trabalhos futuros pode-se
avaliar como a aplicação dos equivalentes pode auxiliar no cálculo de curto-circuito e posterior
análise dos aspectos de proteção da rede. Também pode-se avaliar a metodologia aqui proposta
em um cenário com múltiplas malhas.
49
Referências
BALAMURUGAN, K. & Srinivasan, D., 2011. Review of power flow studies on distribution
network with distributed generation. 2011 IEEE Ninth International Conference on Power
Electronics and Drive Systems, (December), pp.411–417.
BARAN, M.E. & WU, F.F., 1989. Network reconfiguration in distribution systems for
loss reduction and load balancing. Power Delivery, IEEE Transactions on, 4(2), pp.1401–
1407.
BARAN, M. & WU, F., 1989. Optimal capacitor placement on radial distribution systems.
Power Delivery, IEEE Transactions on, 4(1).
CHEN T.H. et al., Feasibility study of upgrading primary feeders from radial and open-
loop to normally closed-loop arrangement. IEEE Trans. on Power Systems, vol. 19, no. 3, pp.
1308-1316, 2004.
HUANG, W. T. and CHEN, T. H., Assessment of upgrading existing primary feeders from
radial to normally closed loop arrangement. in: IEEE T&D Conference and Exhibition, Asia
Pacific, 2002
KAGAN, Nelson; OLIVEIRA, Carlos César Barioni de; ROBBA, Ernesto João. Introdução
aos Sistemas de Distribuição de Energia Elétrica. São Paulo: Edgard Blücher, 2005. 328 p.
50
KERSTING, Willian H.. Distribution System Modeling and Analysis. Las Cruzes, New
Mexico: Crc Press, 2002. 314 p.
MASSIGNAN, J.A.D., et al., 2017 “Modeling issues on load flow calculation for meshed
distribution systems.” IEEE PowerTech, Manchester, 2017, pp. 1-6.
MONTICELLI, A.J., 1983. Fluxo de carga em redes de energia elétrica, São Paulo: Edgard
Blucher.
RAVI TEJA, B. and KUMAR, R., 2014 “Optimal DG Placement in Unbalanced Mesh
Distribution Systems for Loss Reduction and Voltage Profile Improvement”. IEEE
International Conference on Power Electronics, Drives and Energy Systems (PEDES).
SHARMA, S. and ABHYANKAR, A. R., 2017 “Loss Allocation for Weakly Meshed
Distribution System Using Analytical Formulation of Shapley Value” IEEE Transactions of
Power Systems, Vol. 32, No. 2.
51
Anexos
2.4.Dados dos alimentadores de 32 barras
TITU
DBAR
(Num)OETGb( nome )Gl( V)( A)( Pg)( Qg)( Qn)( Qm)(Bc )( Pl)( Ql)(
Sh)Are(Vf)M(1)(2)(3)(4)(5)(6)
50008 L2 NJBANDE_TF2 1000 0.21.17.1691-999999999 15.26 5.55 9981000
50009 L2 NLONDR_TF1_13 1000-1.216.7214.36-999999999 16.66 5.3 9981000
51002 L NBarra 2 1000-1.2 .1 .06 9981000
51003 L NBarra 3 1000-1.2 .09 .04 9981000
51004 L NBarra 4 1000-1.2 .12 .08 9981000
51005 L NBarra 5 1000-1.2 .06 .03 9981000
51006 L NBarra 6 999-1.1 .06 .02 9981000
51007 L NBarra 7 999-1.1 .2 .1 9981000
51008 L NBarra 8 999-1.1 .2 .1 9981000
51009 L NBarra 9 999-1.1 .06 .02 9981000
51010 L NBarra 10 999-1.1 .06 .02 9981000
51011 L NBarra 11 999-1.1 .045 .03 9981000
51012 L NBarra 12 999-1.1 .06 .035 9981000
51013 L NBarra 13 999-1.1 .06 .035 9981000
51014 L NBarra 14 999-1.1 .12 .08 9981000
51015 L NBarra 15 999-1.1 .06 .01 9981000
51016 L NBarra 16 999-1.1 .06 .02 9981000
51017 L NBarra 17 999-1.1 .06 .02 9981000
51018 L NBarra 18 999-1.1 .09 .04 9981000
51019 L NBarra 19 1000-1.2 .09 .04 9981000
51020 L NBarra 20 1000-1.2 .09 .04 9981000
51021 L NBarra 21 1000-1.2 .09 .04 9981000
51022 L NBarra 22 1000-1.2 .09 .04 9981000
51023 L NBarra 23 1000-1.2 .09 .05 9981000
51024 L NBarra 24 1000-1.2 .42 .2 9981000
51025 L NBarra 25 1000-1.2 .42 .2 9981000
51026 L NBarra 26 999-1.1 .06 .025 9981000
51027 L NBarra 27 999-1.1 .06 .025 9981000
51028 L NBarra 28 999-1.1 .06 .02 9981000
51029 L NBarra 29 999-1.1 .12 .07 9981000
51030 L NBarra 30 999-1.1 .2 .6 9981000
51031 L NBarra 31 999-1.1 .15 .07 9981000
51032 L NBarra 32 999-1.1 .21 .1 9981000
51033 L NBarra 33 999-1.1 .06 .04 9981000
51102 L NBarra 2 1000 0. -1.5 -.96 9981000
51103 L NBarra 3 1000-.05 .09 .04 9981000
51104 L NBarra 4 999-.08 .12 .08 9981000
51105 L NBarra 5 999-.12 .06 .03 9981000
51106 L NBarra 6 999-.21 .06 .02 9981000
51107 L NBarra 7 999-.25 .2 .1 9981000
51108 L NBarra 8 999-.31 .2 .1 9981000
51109 L NBarra 9 999-.42 .06 .02 9981000
51110 L NBarra 10 999-.52 .06 .02 9981000
51111 L NBarra 11 999-.54 .045 .03 9981000
51112 L NBarra 12 999-.57 .06 .035 9981000
51113 L NBarra 13 999-.73 .06 .035 9981000
51114 L NBarra 14 1000 -.8 .12 .08 9981000
52
51115 L NBarra 15 1000-.86 .06 .01 9981000
51116 L NBarra 16 1000-.94 .06 .02 9981000
51117 L NBarra 17 999 -1. .06 .02 9981000
51118 L NBarra 18 999-1.1 .09 .04 9981000
51119 L NBarra 19 1000 0. .09 .04 9981000
51120 L NBarra 20 1000-.01 .09 .04 9981000
51121 L NBarra 21 1000-.01 .09 .04 9981000
51122 L NBarra 22 1000-.01 .09 .04 9981000
51123 L NBarra 23 999-.05 .09 .05 9981000
51124 L NBarra 24 999-.05 .42 .2 9981000
51125 L NBarra 25 999-.06 .42 .2 9981000
51126 L NBarra 26 999-.21 .06 .025 9981000
51127 L NBarra 27 999 -.2 .06 .025 9981000
51128 L NBarra 28 998 -.2 .06 .02 9981000
51129 L NBarra 29 998 -.2 .12 .07 9981000
51130 L NBarra 30 998 -.2 .2 .6 9981000
51131 L NBarra 31 998 -.2 .15 .07 9981000
51132 L NBarra 32 998 -.2 .21 .1 9981000
51133 L NBarra 33 998 -.2 .06 .04 9981000
99999
DLIN
(De )d O d(Pa )NcEP ( R% )( X% )(Mvar)(Tap)(Tmn)(Tmx)(Phs)(Bc
)(Cn)(Ce)Ns(Cq)(1)(2)(3)(4)(5)(6)
50008 51102 1 .1725 .0879
50009 51002 1 .0575 .0293
51002 51003 1 .3076 .1567
51002 51019 1 .1023 .0976
51003 51004 1 .2284 .1163
51003 51023 1 .2815 .1924
51004 51005 1 .2378 .1211
51005 51006 1 .511 .4411
51006 51007 1 .1168 .3861
51006 51026 1 .1267 .0645
51007 51008 1 .4439 .1467
51008 51009 1 .6426 .4617
51009 51010 1 .6514 .4617
51010 51011 1 .1227 .0406
51011 51012 1 .2336 .0772
51012 51013 1 .9159 .7206
51013 51014 1 .3379 .4448
51014 51015 1 .3687 .3282
51015 51016 1 .4656 .3407
51016 51017 1 .80421.0738
51017 51018 1 .4567 .3581
51019 51020 1 .9385 .8457
51020 51021 1 .2555 .2985
51021 51022 1 .4423 .5848
51023 51024 1 .5603 .4424
51024 51025 1 .559 .4374
51026 51027 1 .1773 .0903
51027 51028 1 .6607 .5826
51027 51118 1 .0623 .0623 100 100 100
51028 51029 1 .5018 .4371
51029 51030 1 .3166 .1613
51030 51031 1 .608 .6008
51031 51032 1 .1937 .2258
51032 51033 1 .2128 .3308
51102 51103 1 .9228 .4701
51102 51119 1 .3069 .2928
51103 51104 1 .6852 .3489
53
51103 51123 1 .8445 .5772
51104 51105 1 .7134 .3633
51105 51106 1 1.533 1.323
51106 51107 1 .3504 1.158
51106 51126 1 .3801 .1935
51107 51108 1 1.331 .4401
51108 51109 1 1.927 1.385
51109 51110 1 1.954 1.385
51110 51111 1 .3681 .1218
51111 51112 1 .7008 .2316
51112 51113 1 2.747 2.161
51113 51114 1 1.013 1.334
51114 51115 1 1.106 .9846
51115 51116 1 1.396 1.022
51116 51117 1 2.412 .2214
51117 51118 1 1.37 1.074
51119 51120 1 2.815 2.537
51120 51121 1 .7665 .8955
51121 51122 1 1.326 1.754
51123 51124 1 1.68 1.327
51124 51125 1 1.677 1.312
51126 51127 1 .5319 .2709
51127 51128 1 1.982 1.747
51128 51129 1 1.505 1.311
51129 51130 1 .9498 .4839
51130 51131 1 1.824 1.802
51131 51132 1 .5811 .6774
51132 51133 1 .6384 .9924
99999
DGBT
(G ( kV)
N 12.66
99999
FIM
54
50025AL NVERAC_TF3_34 1000-27. 17.7912.96 9981000
50005AL NPALERM_TF1 1000-28. 20.82 7.45 9981000
50006AL NPALERM_TF2 1000-28. 20.82 7.47 9981000
50007AL NJBANDE_TF1 1000-28. 14.57 6.90 9981000
50008AL NJBANDE_TF2 1000-28. 11.48 5.59 9981000
50009AL NLONDR_TF1_13 1000-27. 17.56 6.70 9981000
50029AL NLONDR_TF#FIC 1000-27. 0. 0. 9981000
50030AL NLONDR_TF1_34 1000-27. 21.04 9.15 9981000
50010AL NIGAPO_TF1 1000-28. 19.93 8.50 9981000
50011AL NIGAPO_TF3 1000-28. 19.93 8.40 9981000
50012AL NJCANAD_TF1 1000-28. 14.80 6.68 9981000
55