Ultimar Discussao
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FLORIANÓPOLIS
2012
i
FLORIANÓPOLIS
2012
ii
AGRADECIMENTOS
Ao Banco do Brasil, pela concessão de licença para que pudesse continuar e concluir o curso
de graduação em agronomia;
A EPAGRI, por gentilmente disponibilizar dados meteorológicos para este trabalho e outros
durante o curso;
Aos professores com os quais tive aulas durante o curso, por repassarem seus conhecimentos
contribuindo para minha formação profissional;
Aos professores componentes da banca avaliadora, Arcângelo Loss e Jorge Barcelos pela
pronta disposição;
RESUMO
ÍNDICE DE FIGURAS
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 4: Análise do número de folhas em cada período avaliado e o incremento no cultivo (%)
utilizando malha em relação ao solo nu. ............................................................................................... 23
Tabela 5: Análise da área foliar em cada período avaliado e o incremento no cultivo (%) utilizando
malha em relação ao solo nu. ................................................................................................................ 23
Tabela 6: Análise da massa fresca das folhas > 4 cm, em cada período avaliado e o incremento no
cultivo (%) utilizando malha em relação ao solo nu. ............................................................................ 24
Tabela 7. Análises e comparação de médias entre tratamentos para as variáveis: número de folhas
(NF), área foliar (AF) e massa fresca (MF)........................................................................................... 24
Tabela 8: Produtividades médias (kg/ha) em cada período e média final em cada tratamento.
Percentual de aumento ou redução na produtividade com o uso da malha. .......................................... 25
Tabela 9. Percentual de dias sob condições de nebulosidade nos três períodos avaliados.................... 27
vi
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 7
2. OBJETIVOS ......................................................................................................................... 8
2.1 OBJETIVO GERAL ............................................................................................................. 8
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ................................................................................................. 8
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................................ 9
3.1. ALFACE: ORIGEM, TAXIONOMIA E CARACTERÍSTICAS GERAIS .................................... 9
3.2 RADIAÇÃO SOLAR E TERRESTRE .................................................................................... 12
3.3 RADIAÇÃO SOLAR E RELAÇÃO COM O SOLO .................................................................. 13
3.4 RADIAÇÃO SOLAR E RELAÇÃO COM AS PLANTAS........................................................... 15
3.5 COBERTURAS DO SOLO ................................................................................................... 15
3.6 ASPECTOS DO CULTIVO DE ALFACE ............................................................................... 18
3.6.1 TRANSPLANTE.............................................................................................................. 18
3.6.2 IRRIGAÇÃO................................................................................................................... 19
3.6.3 CONTROLE DE PLANTAS ESPONTÂNEAS ...................................................................... 19
3.6.4 COLHEITA .................................................................................................................... 19
4. MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................................... 20
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ....................................................................................... 23
6. CONCLUSÃO..................................................................................................................... 29
7. REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 30
7
1. INTRODUÇÃO
2. OBJETIVOS
Avaliar o efeito da cobertura do solo com malha de sombreamento (50%) sobre o cultivo
da alface.
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
(2009) mediante as regras para análise de sementes, os testes de germinação com a espécie
devem ser realizados à temperatura constante de 15°C ou 20°C. Temperaturas acima de 30°C
inibem a germinação. A emissão da radícula ocorre quando as sementes de alface atingem de
55 a 60% de umidade, entretanto a umidade excessiva pode ocasionar problemas de aeração e
aumentar a incidência de patógenos. Recomenda-se que após a semeadura até a emergência
façam-se irrigações leves várias vezes ao dia. Apesar de ser considerada fotoblástica positiva,
ou seja, requer luz para ocorrer a germinação, a maioria das cultivares atuais não requer luz
para que ocorra a germinação, contudo, para algumas variedades pode ser favorável a
incidência luminosa devendo-se atentar para não enterrar profundamente as sementes sob
pena de não germinarem de maneira uniforme (NASCIMENTO, 2002).
Segundo FILGUEIRA (2008), as cultivares são agrupadas conforme características
das folhas e a formação ou não de cabeça conforme a seguir:
• Tipo Repolhuda-crespa (Americana): as folhas são consistentes, crespas e
imbricam formando uma cabeça compacta sendo as folhas internas mais
crocantes e preferidas em relação ás externas. Apresenta boa resistência ao
transporte e conservação;
• Tipo Repolhuda-manteiga: forma cabeça, no entanto as folhas são lisas e
delicadas com aspecto amanteigado;
• Tipo Solta-lisa: não forma cabeça sendo as folhas lisas, soltas e macias;
• Tipo Solta-crespa: não forma cabeça e as folhas são crespas e soltas;
• Tipo Mimosa: não forma cabeça e as folhas possuem aspecto arrepiado e
delicadas. Está entre as mais apreciadas pelos consumidores;
• Tipo Romana: forma cabeça não compacta e as folhas são alongadas.
Porém, de acordo com a classificação taxionômica, tem-se:
• Lactuca sativa var. capitata L.: compreende aquelas variedades que formam
cabeça;
• Lactuca sativa var. crispa L.: compreende as variedades com folhas crespas
que não imbricam;
• Lactuca sativa var. longifolia Lam.: inclui as variedades com folhas lisas e
alongadas.
Temperaturas máximas médias entre 21 e 24°C e temperaturas mínimas médias
próximas a 7°C são as mais indicadas ao cultivo de alface. Altas temperaturas e fotoperíodo
longo estimulam o florescimento precoce, também denominado “Bolting” (SONNENBERG,
11
Os comprimentos das ondas de radiação solar que atingem a superfície terrestre são
em sua maioria menores que 3000 nm, sendo consideradas ondas curtas. A superfície terrestre
por sua vez emite radiação de ondas longas (PEREIRA et al. 2002).
Densidade de fluxo radiativo, assim é chamada a quantidade de radiação solar recebida
por uma superfície unitária na unidade de tempo. Esse fluxo também é denominado
irradiância solar. A radiação antes de sofrer os efeitos atenuantes da atmosfera é medida por
satélites e denominada irradiância solar no topo da atmosfera (Ro). A radiação que atinge a
superfície terrestre é denominada irradiância solar global (Rg), sendo composta pela
irradiância solar direta (Rd) e pela irradiância solar difusa (Rc). A proporção entre Rd e Rc é
variável conforme a nebulosidade e ângulo de incidência dos raios solares. A fração Rg/Ro
representa a quantidade de radiação solar que realmente atinge a superfície terrestre,
considerando uma superfície paralela ao plano do horizonte, sendo denominada de
transmitância global (PEREIRA et al. 2002). Apenas parte da Rg é disponível às plantas para
realização de fotossíntese, sendo esta fração denominada de radiação fotossinteticamente ativa
(PAR). Para o município de Ponta Grossa/PR em um dia ensolarado, BERUSKI et al. (2012),
encontraram transmitância referente à radiação global de 0,618 e para a PAR de 0,26.
A razão entre a radiação de ondas curtas refletida e a incidente à nível de superfície
terrestre denomina-se coeficiente de reflexão de superfície ou albedo. O teor de umidade afeta
13
inversamente o albedo, ou seja, quanto maior o teor de água em uma superfície menor será o
albedo desta mesma superfície. A aplicação de irrigação no período diurno promove queda
brusca do albedo que retorna próximo à normalidade algumas horas após o término da
irrigação, principalmente em solos arenosos por possuírem baixa capacidade de retenção de
água (LEITÃO et al., 2000). Conforme ANGSTROM (1925) citado por GEIGER (1990), a
luz vinda de qualquer direção penetra na película de água, mas não sai, exceto os raios que
não atingem o ângulo de reflexão total. O coeficiente de reflexão relativo a cultura da alface é
de aproximadamente 22% (adaptado de ROSENBERG et al. (1983) e de VIANELLO &
ALVES (1991) por PEREIRA et al. 2002).
A temperatura próxima à superfície do solo varia em consequência das propriedades
térmicas e condições meteorológicas sendo a radiação solar incidente elemento determinante.
Quanto maior a densidade de fluxo de calor e menor a condutividade térmica do meio, maior
será a variação da temperatura. O fluxo de calor sensível que sai da superfície é a principal
fonte de aquecimento da atmosfera (REICHARDT, 2012).
Todos os processos ambientais terrestres são decorrentes e dependem da distribuição
da energia proveniente da radiação solar na atmosfera e no solo (PREVEDELLO, 2010).
venha atingir o solo modificando o balanço energético, minimizando muitas vezes o regime
térmico. Solos arenosos possuem menor condutividade térmica, as ondas de calor penetram
profundidades menores, entretanto a amplitude térmica nas camadas superficiais é maior em
relação aos solos argilosos. Solos argilosos conduzem o calor a maiores profundidades e a
amplitude térmica nas camadas superiores é menor (PEREIRA et al. 2002).
MAZURKIEVICZ & MINUZZI (2011) ao analisarem o comportamento da
temperatura do solo gramado e desnudo em diferentes condições meteorológicas concluíram
que as temperaturas a 2 cm de profundidade em solo gramado às 12 horas no Tempo Médio
de Greenwich (TMG), foram em média, maiores em relação ao solo desnudo para todas as
condições meteorológicas avaliadas. Entretanto, registraram temperaturas sempre mais
elevadas em solo desnudo às 18 horas TMG, constatando-se maior amplitude térmica diária
na condição de solo desnudo.
A condutividade térmica e o calor específico gravimétrico ou volumétrico são as
principais propriedades do solo que influenciam o fluxo de calor por condução. A
condutividade é a capacidade de transmitir calor enquanto o calor específico refere-se à
capacidade de armazenamento de calor. O teor de água afeta as propriedades citadas. A água
possui maior condutividade que o ar e a quantidade de energia para elevar a temperatura do
solo em 1°C será maior com o aumento da umidade. Em um solo com diferentes coberturas
recebendo a mesma intensidade de radiação, aquela (cobertura) que tiver maior condutividade
apresentará menor variação térmica à superfície e temperaturas mais elevadas em
profundidade. Ao contrário, o material que tiver menor condutividade irá proporcionar maior
variação térmica na superfície e as temperaturas do solo não se elevaram muito
(PREVEDELLO, 2010). Segundo OLIVEIRA et al. (2005) o tipo de cobertura do solo e o
nível de sombreamento influenciam diretamente nas flutuações de temperatura e umidade do
solo. O polietileno na coloração preta apresenta baixa condutividade térmica funcionando
como um isolante térmico sofrendo este grande variação de temperatura e a temperatura do
solo não se eleva muito (PEREIRA et al. 2002).
As estações do ano, assim como a nebulosidade, influenciam na amplitude térmica do
solo. A temperatura à superfície responde mais rapidamente do que a temperatura do ar frente
às oscilações de tempo (GEIGER, 1990).
15
O cultivo a campo ocorre em canteiros com o solo nu, com cobertura vegetal morta ou
cobertura artificial com lona plástica de polietileno de baixa densidade. A cobertura do solo
16
utilizado casca de arroz ou plástico prateado para cobertura do solo, em relação ao solo
descoberto ou plantio direto. MOGOR et al. (2007), também obtiveram maiores
produtividades na cultura da alface com utilização de cobertura do solo com plástico preto em
relação á cobertura morta ou solo nu.
A utilização de filme de polietileno de coloração azul como cobertura de solo resultou
em consumo de água 34% menor no cultivo de alface em relação ao solo sem cobertura
devido a menor evaporação ocorrida no solo coberto. A menor evaporação deve-se ao fato de
que a cobertura altera o albedo da superfície modificando desta forma as propriedades
térmicas do solo, absorção de energia inclusive. Desta forma a cultura foi mais eficiente no
uso da água em solo coberto, contudo o índice de área foliar não diferiu estatisticamente
(GONCALVES et al., 2005).
A temperatura do solo é fator importante para o crescimento e desenvolvimento
vegetal influenciando diretamente a germinação de sementes, desenvolvimento radicular,
atividade dos microrganismos, reações químicas e difusão de solutos e gases no perfil do solo.
A composição mineralógica do solo, densidade, umidade, teor de matéria orgânica, coloração
e tipos de cobertura do solo são alguns dos fatores que afetam a temperatura do solo. A
condução é o principal processo de transferência de energia térmica abaixo da superfície do
solo em direção às camadas mais profundas, a radiação e a convecção também são processos
com importância (REICHARDT, 2012).
Segundo STRECK et al. (1995) o uso de polietileno na cor preta como cobertura do
solo reduz a amplitude diária da temperatura do solo, entretanto as temperaturas mínimas,
médias e máximas são mais elevadas em relação ao solo desnudo. Cobertura do solo com
polietileno transparente acarretou em temperatura do solo mais elevada em comparação aos
plásticos coloridos, entretanto a produtividade do tomateiro cultivado em estufa plástica em
experimento conduzido no Rio Grande do Sul não diferiu estatisticamente (STRECK et al.,
1995). Para a mesma cultura, LOPES et al. (2011) concluíram que, cobertura do solo com
polipropileno preto (TNT) acarretou as maiores médias de acúmulo de matéria seca em
folhas, ramos e frutos, taxa de crescimento e índice de área foliar, quando comparado ao
cultivo com filme de polietileno (preto, branco ou prateado) e este ao solo descoberto.
Resultado contrário foi encontrado por BOGIANI et al. (2008), onde a utilização de filme de
polietileno não acarretou diferença na produtividade do tomateiro. OLINIK et al. (2011) em
experimento com a cultura da abobrinha obtiveram como resultado que o uso de filmes de
polietileno em cobertura do solo proporcionou melhores resultados em relação ao solo
desnudo, com uso de polipropileno ou casca de arroz na cobertura do solo.
18
3.6.1 Transplante
O transplante deve ocorrer quando as plantas tiverem de 4 a 8 folhas. Ocorre geralmente
na terceira ou quarta semana após a semeadura e as plantas tem entre 5 e 10 cm de altura.
Recomenda-se reduzir a irrigação nos dias antecedentes ao transplante para as mudas ficarem
mais resistentes (SONNENBERG, 1982). Em experimento realizado em Santa Maria/RS por
ANDRIOLO et al. (2003), as plantas após o transplante requereram o acúmulo de 54,5 a 75
graus-dia para emissão de uma nova folha e a eficiência da conversão da radiação solar em
massa seca variou entre 0,45 g MS. MJ-1 e 0,22 g MS. MJ-1 dependendo do número de folhas
na ocasião do transplante. Os autores recomendaram que o transplante seja realizado quando
as mudas tiverem em média 5 folhas.
19
3.6.2 Irrigação
Considera-se consumo de água pelas plantas aquele resultado da evapotranspiração
porque a retida pela planta representa menos de 1% desta. A arquitetura da planta incluindo a
área foliar é fator preponderante na taxa de evapotranspiração (REICHARDT & TIMM,
2012). A irrigação por aspersão na cultura da alface tendo como referência o tensiômetro deve
ser feita quando este indicar tensão de água no solo entre 10 e 20 KPa. Em solos de textura
arenosa e nas fases da cultura mais críticas ao déficit hídrico deve-se adotar a irrigação tendo
como referência 10 KPa. Desta forma possibilita boa aeração do solo evitando encharcamento
e ao mesmo tempo não acarreta em perdas por déficit hídrico na cultura (MAROUELLI et al.,
2008). Condição de umidade excessiva no solo é favorável à ocorrência de patógenos.
Segundo NOBRE et al. (2009), a manutenção de umidade excessiva no solo por período
superior a seis horas provoca redução no número de folhas, altura do caule e fitomassa da
cultura da alface. Ocasiona também redução da área foliar. Segundo HERMES et al. (2001) a
deficiência hídrica pode afetar o filocrono de alface atrasando a emissão de novas folhas.
3.6.4 Colheita
As plantas ao entrarem em estádio reprodutivo tornam-se amargas, devido á maior
concentração de látex resultando em baixa aceitação comercial, por isso faz-se a colheita
quando as plantas atingem seu máximo desenvolvimento vegetativo sem apresentarem sinais
de pendoamento. Geralmente as plantas são cortadas rentes ao solo, retirando-se as folhas
impróprias ao consumo melhorando o aspecto visual do produto comercial. Para a maioria das
cultivares o período entre a semeadura e colheita é de aproximadamente 80 dias (VENZON e
PAULA JUNIOR, 2007).
20
4. MATERIAL E MÉTODOS
O estudo foi realizado no Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal de
Santa Catarina (CCA/UFSC), localizado no bairro Itacorubi em Florianópolis (Latitude
27°35’ S; Longitude 48°34’W; Altitude 1,5m) durante o ano de 2012. O clima local é do tipo
Cfa, segundo a classificação de Köppen, sendo caracterizado como subtropical, sem estação
seca e temperatura do mês mais quente maior que 22°C. A cultura utilizada foi a alface
(Lactuca sativa L.), do grupo solta-crespa cv. Vanda. Foram instalados dois tratamentos: solo
nu (sem cobertura) e solo coberto com malha de sombreamento 50% (sombrite 50), fabricado
com polietileno de alta densidade de coloração preta. A escolha deste tipo de “mulching”
deve-se ao fato de evitar o contato das folhas com o solo e ser permeável a água. Foram feitas
três repetições para cada tratamento conforme consta na Tabela 2. Cada repetição ocorreu em
um período distinto, sendo que, o ciclo da primeira ocorreu no verão/outono, a segunda no
outono/inverno e a terceira no inverno/primavera. Como cada repetição correspondeu a um
período distinto, para tentar incluir os efeitos de cada período para efeito de análise estatística,
foi considerado o delineamento em blocos casualizados sendo, cada repetição um bloco. A
semeadura foi realizada em bandejas plásticas com 50 células cujo substrato utilizado foi o
mesmo solo da área de cultivo. O transplante para o canteiro ocorreu quando as mudas
apresentaram quatro folhas (Figura 1a). O espaçamento adotado para plantio foi de
30cmx30cm. Foi considerada como área útil do estudo aquela abrangida pelas quatro plantas
centrais de cada tratamento conforme Figura 2. Foram realizadas irrigações com lâmina fixa
de 3,4 mm em cada tratamento, assim que o tensiômetro instalado no canteiro à profundidade
de 15 cm indicava entre 10 KPa e 15 KPa (Figura 3) ou quando através do tato e visualmente
verificava-se que o solo estava seco, principalmente, na fase inicial de desenvolvimento das
plantas devido as raízes estarem próximas a superfície. Aplicou-se em cada planta,
aproximadamente 2,5 mm de solução nutritiva proposta por Furlani para cultivo de alface,
cuja composição consta na Tabela 3. O solo da área de cultivo possui textura arenosa sendo
classificado de acordo com o Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (Embrapa, 2006)
em Neossolo Quartzarênico ao qual previamente ao cultivo foi incorporado material orgânico
(grama cortada).
21
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A variável, número de folhas, não apresentou para nenhum dos períodos avaliados
diferença entre os tratamentos (Tabela 4). Entretanto, no primeiro período, o tratamento malha
50% apresentou uma maior proporção de número de folhas (12 %), ocorrendo o contrário no
segundo e no terceiro períodos. Para as variáveis, área foliar e massa fresca, também não
houve diferenças para nenhum dos períodos avaliados (Tabelas 5 e 6), mantendo-se as
mesmas tendências entre os tratamentos descritas previamente para a variável número de
folhas.
CV% 16 10 25
As médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si, pelo Teste de Tukey ao nível de 5%
de probabilidade. O primeiro período (1ºP.) corresponde à época verão/outono, o segundo (2ºP.) ao
outono/inverno e o terceiro período (3ºP.) corresponde ao inverno/primavera. M50= malha de sombreamento
50%. Inc. %=Incremento em relação ao solo nu. CV%= coeficiente de variação.
Tabela 5: Análise da área foliar em cada período avaliado e o incremento no cultivo (%)
utilizando malha em relação ao solo nu.
Área foliar (cm²/planta)
CV% 28 16 43
As médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si, pelo Teste de Tukey ao nível de 5%
de probabilidade. O primeiro período (1ºP.) corresponde à época verão/outono, o segundo (2ºP.) ao
outono/inverno e o terceiro período (3ºP.) corresponde ao inverno/primavera. M50= malha de sombreamento
50%. Inc. %= Incremento em relação ao solo nu. CV%= coeficiente de variação.
24
Tabela 6: Análise da massa fresca das folhas > 4 cm, em cada período avaliado e o
incremento no cultivo (%) utilizando malha em relação ao solo nu.
Massa Fresca (g/planta)
CV% 30 12 49
As médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si, pelo Teste de Tukey ao nível de 5%
de probabilidade. O primeiro período (1ºP.) corresponde à época verão/outono, o segundo (2ºP.) ao
outono/inverno e o terceiro período (3ºP.) corresponde ao inverno/primavera. M50= malha de sombreamento
50%. Inc. %= Incremento em relação ao solo nu. CV%= coeficiente de variação.
As médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si, pelo Teste de Tukey ao nível de 5%
de probabilidade. M50= malha de sombreamento 50%. CV%= coeficiente de variação. O primeiro período
(1ºP.) corresponde à época verão/outono, o segundo (2ºP.) ao outono/inverno e o terceiro período (3ºP.)
corresponde ao inverno/primavera. Inc. %= Incremento em relação ao solo nu.
25
Tabela 8: Produtividades médias (kg/ha) em cada período e média final em cada tratamento.
Percentual de aumento ou redução na produtividade com o uso da malha.
Produtividade (kg/ha)
O primeiro período (1ºP.) corresponde à época verão/outono, o segundo (2ºP.) ao outono/inverno e o terceiro
período (3ºP.) corresponde ao inverno/primavera. Inc. %= Incremento em relação ao solo nu. M50= malha de
sombreamento 50%.
A alta incidência de radiação solar na fase inicial do primeiro cultivo (Figura 4) aliada á
época de temperaturas geralmente ainda elevadas (final do verão e inicio do outono),
inclusive a temperatura do solo, podem ser explicações para os maiores valores encontrados
no cultivo com “mulching”. A temperatura mais amena do solo promovida pela malha pode
ter proporcionado menores taxas de evaporação. Na fase inicial a evaporação tem maior
importância no consumo de água e o uso da malha contribuiu para manter a umidade no solo.
GUALBERTO et al. (2009) encontraram maiores produtividades da alface nos cultivos de
outono em relação aos cultivos de inverno e primavera. Ao clima ameno do outono foram
atribuídas as diferenças encontradas.
26
A malha de sombreamento absorve parte da radiação solar, impedindo que esta atinja o
solo e devido a malha não ser fechada, permite as trocas de gases e calor entre solo e
atmosfera.
1
0.9
0.8
0.7
Indice Claridade
0.6
0.5
0.4
0.3
0.2
0.1
0
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43
Dias Após Transplante
Durante o segundo período do experimento (R2), não ocorreu uma sequência inicial de
dias favoráveis (Figura 5), o que resultou em lento desenvolvimento das plantas. A condição
de nebulosidade aliada a redução do fotoperíodo acarretaram em ciclo de cultivo mais longo
para que as plantas atingissem tamanho adequado à colheita em relação a R1.
0.9
0.8
0.7
Indice claridade
0.6
0.5
0.4
0.3
0.2
0.1
0
1 4 7 10 13 16 19 22 25 28 31 34 37 40 43 46 49 52 55 58 61 64 67
Dias Após Transplante
Indice de Claridade - IK Limite Superior IK - Céu Nublado
Limite Inferior IK - Céu Claro Tendência (Indice de Claridade - IK)
1
0.9
0.8
0.7
Indice Claridade
0.6
0.5
0.4
0.3
0.2
0.1
0
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47 49 51
Dias Após Transplante
Tabela 9. Percentual de dias sob condições de nebulosidade nos três períodos avaliados.
Condição nebulosidade Céu claro Parcialmente nublado Nublado
Períodos
R1 (1º período) 32 55 13
R2 (2º período) 43 27 30
R3 (3º período) 29 47 24
Considerando apenas os resultados obtidos, não seria viável o uso da malha ao menos
nas condições climáticas do local do estudo porque implicaria em aumento do custo de
implantação do cultivo sem garantias do aumento produtivo. Devido o tempo disponível para
realização do estudo não foi possível implantar uma repetição no verão, que corresponde à
época de temperatura do ar e intensidade da radiação solar mais elevadas. A maior
produtividade, observadas as proporções para o período verão/outono, é um indicativo de que
mais estudos são necessários, principalmente na estação verão, na qual o uso da malha de
sombreamento poderia resultar em diferenças positivas no cultivo da alface, mesmo que estas
ficassem restritas a determinada época do ano. Em regiões de clima quente e grande
incidência de radiação solar direta, também poderia apresentar resultados positivos com uso
do “mulching” malha de sombreamento.
Apesar de não ter ocorrido diferenças, para as variáveis analisadas, entre o tratamento
“mulching” com malha de sombreamento e o solo nu, a utilização de cobertura de solo é
importante por várias razões. Algumas destas razões são: evitar a incidência direta da radiação
29
6. CONCLUSÃO
7. REFERÊNCIAS
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produtividade do tomateiro em cultivo protegido. Bragantia, vol.67, n. 1, p. 145-151, 2008.
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