Classificar Um Ser Vivo
Classificar Um Ser Vivo
Classificar Um Ser Vivo
Kellen Giani1
Maria Helena da Silva Carneiro2
1
Mestranda em Ensino de Ciências - UnB/[email protected]
2
Faculdade de Educação - UnB/[email protected]
Resumo
Este artigo descreve uma experiência didática envolvendo a utilização de uma atividade
prática no Ensino de Ciências, com alunos do 7º ano do Ensino Fundamental de uma
escola privada do Distrito Federal. O objetivo central foi desenvolver habilidades de
observação e identificação de diferenças e semelhanças entre objetos, para que o aluno
percebesse o princípio básico da taxonomia usada para classificar os seres vivos. Os
resultados da pesquisa constatam que a experiência foi bem sucedida, pois as atividades
conseguiram despertar bastante interesse nos alunos, os quais foram capazes de
compreender a fragilidade e vulnerabilidade dos sistemas de classificação, além da
necessidade de unidade das propriedades utilizadas.
Abstract
This article describes a didactic experience involving the use of a practical activity in
the Teaching of Science, with 7th grade students of a private school in Distrito Federal.
The main objective was to develop observation abilities and to identify differences and
similarities among objects, so that the student could notice the basic principle of the
taxonomia used to classify the alive beings. The results of the research verify that the
experience was well succeeded, because of the fact that the activities got to wake up
plenty interest in the students, who were able to understand the fragility and
vulnerability of the classification systems besides the need of unit of the used
properties.
Referencial Teórico
O trabalho que ora apresentamos faz parte de um projeto mais amplo de pesquisa,
desenvolvido no contexto de um Mestrado na área de Ensino de Ciências. Considerando a
amplitude da pesquisa apresentaremos, nesse artigo, apenas a análise de uma das atividades
práticas. Essa atividade tinha como objetivo central, o desenvolvimento das habilidades de
observação e identificação de diferenças e semelhanças entre objetos, para que o aluno
perceba o princípio básico da taxonomia usada para classificar os seres vivos. As atividades
propostas foram adaptadas do artigo de Franco Mariscal (2005), que apresenta um
exemplo de trabalho prático utilizando botões com o objetivo de estudar erros
conceituais cometidos pelos alunos ao descrever e classificar elementos.
O estudo foi realizado em uma escola privada do Distrito Federal. As atividades
foram desenvolvidas durante os meses de fevereiro e março de 2009 com uma turma de
6ª série (7º ano), 31 alunos com faixa etária entre 11-12 anos. A escola em questão
possui um laboratório bem equipado e conta com um técnico de laboratório.
Tabela III – Quantidade de grupos formados por botões com atributos iguais
Grupo A Grupo B
6 3
Ao final abrimos uma discussão com todos e percebemos que de maneira geral os
objetivos foram alcançados. Assim extrapolamos a discussão perguntando o seguinte: Então
que critérios devemos utilizar para descrever os seres vivos? É fácil descrever um ser vivo?
É fácil classificar um ser vivo? É importante classificar?
Gerou-se uma polêmica enorme e maioria da turma conseguiu concluir que:
• É imprescindível a padronização das características utilizadas em uma
descrição.
• Devem-se evitar critérios frágeis (aqueles que variam de um observador para
outro) como forma, tamanho e cor de um ser vivo.
• Não é aconselhável a existência de muitos sistemas diferentes de
classificação. Perceberam que isso tornaria muito difícil a
“comunicação” entre cientistas.
• A importância da classificação biológica é facilitar a compreensão da
enorme variedade de seres vivos existentes.
Durante o desenvolvimento das atividades foi possível identificar que estas
promoveram a interação entre os alunos o que gerou bastante discussão entre eles.
Apesar de os alunos considerarem as atividades difíceis de serem realizadas eles
ressaltaram que são bastante interessantes. Isso pode ser justificado pelo fato de os
alunos estarem familiarizados apenas com protocolos do nível 0 (Herron 1971). Esse
tipo de protocolo diz exatamente o que deve ser feito e o que vai acontecer se
caracterizando por utilizar generalizações já aprendidas, treinar técnicas e não por
promover a aquisição de conceitos e desenvolver habilidades cognitivas. Jiménez et al.
(2006) ressalta que os alunos não estão habituados com este tipo de atividade, sendo
assim, pode haver uma resistência por parte dos mesmos na utilização de protocolos
mais flexíveis (nível 2 e 3), pois os mesmos estão familiarizados com o roteiro tipo
“receita”, em que tudo já vem pronto e podem se sentir inseguros para a execução dos
mesmos, quando não recebem orientação adequada. Considerando tais pontos é
aconselhável que haja uma graduação com relação à utilização de protocolos abertos,
começando com protocolos ilustrativos e aos poucos introduzindo uma investigação.
Para a verificação da ocorrência de uma aprendizagem significativa,
Ausubel(apud Moreira1999) propõe formular questões e problemas de maneira nova e
não familiar que requeira máxima transformação do conhecimento adquirido. Essa
transformação deve ser realmente estimulada, uma vez que os alunos habituados a uma
avaliação que exige a repetição da fala do professor ou do texto contido no livro
didático, tendem a reproduzir aquilo que o professor quer saber o que não quer dizer que
isso tenha, realmente, algum significado para eles. Sendo assim, como evidência de que
realmente houve uma aprendizagem significativa, destacamos que quando foi solicitado
aos alunos que criassem critérios para classificar livros, todos evitaram utilizar critérios
frágeis como: tamanho, cor, formato e preferiram utilizar características como: autor,
gênero literário, faixa etária e assunto.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Objetivos:
Compreender a importância e o significado da classificação, além da necessidade de
unidade das características utilizadas.
Reconhecer a vulnerabilidade e a dificuldade dos sistemas de classificação.
Procedimento 1:
Preencha a tabela de descrição dos botões seguindo as instruções abaixo:
• cada botão deve ser descrito seguindo sua identificação e a identificação da
primeira coluna da tabela.
• descreva cada botão com o maior detalhamento possível, indicando cada
propriedade (característica) do mesmo em uma coluna.
• utilize quantas colunas achar necessário para descrever de forma detalhada os
botões.
Botões
A
B
Procedimento 2:
• Para descobrir outras características dos botões podemos realizar observações
com aparelhos e eventualmente fazer alguns testes no laboratório. Sendo assim,
descreva o que você sugeri para descobrir novas características e quais materiais
serão necessários.
Botões
A
B
Protocolo 2 - Classificação dos Botões
Imagine que você é funcionário de uma loja de aviamentos e que seu trabalho é
separar uma série de botões utilizando características similares (semelhantes) para
classificá-los em recipientes distintos (separados). Sendo assim, observe novamente os
10 botões e siga o procedimento abaixo:
• forme um grupo que contenha o maior número de botões possíveis, sendo que
todos devem possuir uma característica em comum. Indique qual é esta
característica na tabela abaixo e que botões se incluem neste grupo.
• forme agora outro grupo de botões com duas características comuns. Indique
quais são as características na tabela abaixo e quais botões se incluem no grupo.
• crie novamente mais um grupo de botões, sendo este formado por três
características comuns. Indique quais são as características na tabela abaixo e
quais botões se incluem no grupo.
• continue a classificação acrescentando sempre uma nova característica até
conseguir usar o máximo de características possíveis.