A Certeza Da Resposta À Oração

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A CERTEZA DA RESPOSTA À ORAÇÃO

Pedi, e dar-se-vos-á; buscai e achareis; batei, e abrir-se- vos-á. Pois todo o


que pede recebe; o que busca encontra; e, a quem bate, abrir-se-lhe-á. -
Mateus 7.7-8
... pedis e não recebeis, porque pedis mal... - Tiago 4.3
Andrew Murray

Nosso Senhor volta a falar sobre oração, pela segunda vez, no


Sermão da Montanha. A primeira vez falou sobre o Pai, que deve ser
achado em secreto, que recompensa abertamente e nos deu o modelo de
oração (Mateus 6.5). Agora Ele quer nos ensinar o que em toda Escritura é
considerada a principal questão em oração: a garantia de que a oração
será ouvida e respondida. Observe como Ele usa palavras que significam
quase a mesma coisa e cada vez repete a promessa de forma tão distinta:
dar-se-vos-á, achareis, abrir-se-vos-á; e depois oferece como fundamento
de tal certeza a lei do reino: "Pois todo o que pede recebe; o que busca
encontra; e, a quem bate, abrir-se- lhe-á". Não podemos deixar de sentir
com essa sexta repetição que Ele quer imprimir de modo profundo em
nossas mentes uma única verdade: que podemos e devemos com muita
confiança esperar uma resposta para a nossa oração. Depois da
revelação do amor do Pai não há, no curso todo, lição mais importante do
que esta: todo aquele que pede recebe.
Nas três palavras que o Senhor usa - pedir, buscar, bater- uma
diferença de significado foi pretendida. Se esse era de fato Seu propósito,
então a primeira, pedir, refere-se aos dons que pedimos. Mas eu posso
pedir e receber o dom sem o Doador. Buscar é a palavra que a Escritura
usa referindo-se ao próprio Deus; Cristo me assegura que eu posso
encontra-lo. Mas não é suficiente achar Deus em tempo de necessidade,
sem ir a Ele para permanecer em comunhão. Bater fala da permissão
para habitar n'Ele e com Ele. Pedir e receber o dom nos levaria desta
forma a buscar e achar o Doador, e isso novamente nos levaria a bater e
abrir a porta da casa e do amor do Pai. Uma coisa é certa: o Senhor
realmente quer que tenhamos absoluta certeza de que pedir, buscar e bater
nunca é em vão: receber uma resposta, achar Deus, o coração aberto e a
casa do Pai são frutos garantidos da oração.
O fato de o Senhor achar necessário repetir essa verdade de tantas
formas revela a tremenda importância dessa lição. Prova que Ele conhece
nosso coração, sabe que dúvida e falta de confiança em Deus é algo
natural para nós e sabe como facilmente temos a tendência de pensar
sobre a oração como um trabalho religioso sem uma resposta. Sabe
também que mesmo quando cremos que Deus ouve a oração, a oração com
confiança, que se agarra à promessa, é algo espiritual, muito alto e difícil
para o discípulo indeciso. Portanto, bem no início de Sua instrução àqueles
que vão aprender a orar, procura fixar essa verdade bem no íntimo de
seus corações: a vos oração vale muito; pedi e dar-se--á; todo o que pede
recebe. Essa é a lei permanente e eterna do reino: se você pedir e não
receber, é porque deve haver algo errado ou faltando na oração. Persevere;
deixe a palavra e o Espírito ensiná-lo a orar corretamente, mas não deixe
que a confiança que Ele busca despertar se vá: todo o que pede recebe.
"Pedi, e dar-se-vos-á." Cristo não oferece estímulo maior para
perseverar em oração em Sua escola do que esse. Como uma criança tem
de tirar a prova para ver se a soma está correta, assim a prova de que
oramos corretamente é a resposta à oração. Se pedimos e não recebemos, é
porque não aprendemos a pedir corretamente. Portanto, que todo aluno na
escola de Cristo confie na palavra do Mestre com toda simplicidade: todo
o que pede recebe. Ele teve boas razões para falar de forma tão
incondicional. Que tenhamos cuidado para não enfraquecer a Palavra com
nossa sabedoria humana. Quando Ele nos fala coisas celestiais, creiamos
n'Ele. Sua Palavra explicará a si mesma àquele que crê nela totalmente. Se
surgirem perguntas e dificuldades, não procuremos entendê-las primeiro
para depois aceitar a Palavra. Não; confiemos tudo a Ele: cabe a Ele
resolver tudo isso. Nosso trabalho é, antes de tudo, aceitar plenamente e
agarrar Sua promessa. Que em nosso quarto secreto, e também no quarto
secreto de nosso coração, a Palavra seja gravada com letras reluzentes:
pois todo o que pede recebe.
De acordo com esse ensinamento do Mestre, a oração consiste de
duas partes ou dois lados: um humano e um divino. O humano é pedir, o
divino é dar. Ou, olhando para ambos a partir de uma perspectiva humana,
existe o pedir e o receber - as duas metades que formam o inteiro. É como
se Ele nos dissesse que nós não podemos ficar sem uma resposta, porque
esta é a vontade de Deus, a regra na família do Pai: toda petição feita com
fé como de uma criança obtém resposta. Se a resposta não vem, não
devemos nos sentar à mesa que se chama resignação e supor que não é a
vontade de Deus dar uma resposta. Não. Deve haver algo na oração que
não está de acordo com o desejo de Deus, uma oração que pede com fé
como a de uma criança; nós temos de buscar graça para orar para que a
resposta venha. É bem mais fácil para a carne resignar-se sem a resposta
do que se render para ser examinada e purificada pelo Espírito, até que
aprenda a orar a oração da fé.
É uma das terríveis características do estado doentio da vida cristã
nesses dias, que existam tantos que fiquem satisfeitos sem a distinta
experiência de resposta à oração. Eles oram diariamente, pedem muitas
coisas e confiam que algumas delas serão ouvidas, mas conhecem pouco
sobre a resposta direta e definida à oração como regra diária de vida. E é
isso que o Pai deseja; Ele busca diariamente relacionamento com Seus
filhos ouvindo e atendendo suas petições. Ele deseja que eu vá a Ele dia
após dia com pedidos definidos; Ele deseja dia após dia realizar o que eu
peço. Foi através de Sua resposta à oração que os santos de antigamente
aprenderam a conhecer a Deus como o Deus vivo e foram impulsionados a
louvá-IO e amá-IO (Salmos 34, Salmos 66.19, Salmos 116.1). Nosso
Professor espera imprimir isso em nossa mente; oração e sua resposta, o
filho pedindo e o Pai respondendo, as duas coisas pertencem uma à outra.
Pode haver casos em que a resposta seja uma recusa, porque o pedido
não está de acordo com a Palavra de Deus, como aconteceu com Moisés
quando pediu para entrar em Canaã. Mas mesmo assim ainda houve uma
resposta: Deus não deixou Seu servo em dúvida sobre Sua vontade. Os
deuses do ímpio são mudos e não podem falar. Nosso Pai permite que Seu
filho saiba quando Ele não pode lhe dar o que está sendo pedido, e ele
retira sua petição, assim como o Filho fez no Getsêmani. Tanto Moisés, o
servo, como Cristo, o Filho, souberam que o que pediam não estava de
acordo com aquilo que o Senhor falara: a oração deles foi a humilde
súplica para saber se não haveria possibilidade de mudar a decisão. Deus
ensinará àqueles que são dóceis e passam tempo com Ele, por Sua Palavra
e Espírito, para ver se seu pedido está de acordo com Sua vontade ou não.
Retiremos o pedido se não estiver de acordo com a mente de Deus, ou
perseveremos até que a resposta venha. O alvo da oração é a resposta. É
pela oração e por sua resposta que o intercâmbio de amor entre o Pai e Seu
filho ocorre.
Quão profundamente separado de Deus deve estar o nosso coração
para achar tão difícil se apossar de tais promessas. Mesmo quando
aceitamos as palavras e cremos na sua verdade, a fé do coração, que
totalmente as possui e se regozija nelas, vem tão lentamente. É porque
nossa vida espiritual ainda está tão fraca, e a capacidade de captar os
pensamentos de Deus é tão débil. Mas olhemos para Jesus para nos ensinar
como só Ele sabe. Se considerarmos Suas palavras com simplicidade e
confiarmos n'Ele por seu Espírito para torná-las em nós vida e poder, então
elas penetrarão nosso interior, fazendo com que a divina e espiritual
realidade que elas contêm faça parte de nós, e não nos daremos por
satisfeitos até que cada petição que apresentamos seja levada aos céus
conforme as palavras do próprio Jesus: "Pedi, e dar-se-vos-á".
Amado companheiro de discipulado, que nos disponhamos a
aprender bem essa lição. Que compreendamos essas palavras como elas
foram pronunciadas. Não permitamos que a razão humana enfraqueça sua
força. Vamos entender essas palavras como Jesus as oferece e crer nelas.
Ele nos ensinará na ocasião oportuna como entendê-las plenamente.
Comecemos crendo nelas inquestionavelmente. Vamos separar um tempo,
sempre que orarmos, para ouvir a Sua voz: todo o que pede recebe. Não
tornemos as débeis experiências de nossa incredulidade a medida do que
nossa fé pode esperar. Vamos buscar, não somente em nosso tempo de
oração, mas em todo o tempo, reter firmemente a jubilosa certeza: a oração
do homem na Terra e a resposta de Deus no céu se complementam.
Confiemos em Jesus para nos ensinar a orar dessa maneira, para que a
resposta possa vir. Ele fará isso, se nos apegarmos fortemente à palavra
que Ele dá hoje: "Pedi, e dar-se-vos-á".

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