Aula 05 - Consumação Tipo Penal, Sujeito, Objeto e Núcleo
Aula 05 - Consumação Tipo Penal, Sujeito, Objeto e Núcleo
Aula 05 - Consumação Tipo Penal, Sujeito, Objeto e Núcleo
4) Consumação
Segundo o artigo 14, inciso I, do CP, considera-se consumado o crime quando nele se
reúnam todos os elementos de sua definição legal, ou seja, quando o tipo penal se encontra
realizado. Exemplos:
a. O crime de homicídio (art. 121 do CP) se consuma com a morte da vítima (crime
material);
b. O estelionato (art. 171 do CP) também é um crime material, motivo pelo qual se
consuma quando o agente obtém efetivamente a vantagem ilícita;
c. O delito de induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio ou à automutilação (art.
122 do CP) é um crime formal, que se consuma com a mera prática de qualquer
dos verbos do tipo penal, não exigindo a produção do resultado naturalístico.
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Recordando!
Tipo penal. Trata-se da descrição da conduta humana prevista na lei penal. Os elementos do
tipo são: sujeito, objeto e núcleo.
Atenção! Ressalta-se, a título ilustrativo, que há decisões do STF e STJ admitindo a coautoria
do advogado no crime de falso testemunho, no entanto não se trata de um posicionamento
consolidado e há inúmeras críticas doutrinárias a respeito.
• O sujeito passivo pode ser direto, imediato ou eventual. Trata-se, nesse caso, do titular
do bem jurídico tutelado pela norma. Ex.: no caso de furto (art. 155 do CP), o bem jurídico é
atribuído ao titular da coisa alheia móvel.
• O sujeito passivo indireto, mediato ou constante, será sempre o Estado. Nas palavras
do doutrinador Rogério Greco, “o Estado sofre todas as vezes que suas leis são
desobedecidas”.
O Estado pode ser, em alguns casos, sujeito passivo direto e indireto ao mesmo tempo,
quando o próprio Estado for o titular do bem jurídico tutelado. Ex.: crimes contra a
administração pública (arts. 312 a 327 do CP).
Sempre haverá o objeto jurídico no tipo, que corresponde ao bem jurídico tutelado
pela norma, podendo ser uniofensivo ou pluriofensivo. No caso do furto, por exemplo, a
tutela é o patrimônio. No caso do crime de homicídio, é a vida. Ambos são uniofensivos. Ainda
nesse contexto, o crime poderá ser pluriofensivo quando a realização da conduta ofender
mais de um bem jurídico. Ex.: no latrocínio previsto no artigo 157, §3º, II, do CP, os bens
jurídicos tutelados são o patrimônio e a vida.
Importante! Não é todo crime que possui objeto material. Ex.: ato obsceno (art. 233 do CP) -
a pessoa fica pelada na rua ou fica exibindo seu órgão sexual.
O crime pode ser uninuclear, quando o tipo descreve apenas um verbo relacionado à
conduta criminosa. Ex.: subtrair. O crime pode ser plurinuclear. Ex.: induzir, instigar ou auxiliar
alguém ao suicídio ou à automutilação.
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Arrependimento posterior
Diz o artigo 16 do CP: “Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa,
reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato
voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois terços”.
Por critérios de política criminal, nos termos do que escreve Rogério Greco, esse artigo
tem por objetivo estimular a reparação do dano pelo agente, isso para os crimes cometidos
sem o emprego de violência ou grave ameaça.
O arrependimento posterior, por sua vez, não exclui o crime, pois este já se
consumou, mas é causa obrigatória de diminuição de pena.
O arrependimento posterior é chamado de ponte de prata!
Primeiramente, é necessário delinear que a violência pode ser física, com o emprego
de força física no sentido de que a vítima realize uma conduta ou não, e pode ser também
moral, traduzindo-se no emprego de grave ameaça à pessoa.
Nesse sentido, o art. 16 será aplicado somente para os casos em que o tipo não tenha,
como um de seus elementos, o emprego da violência ou grave ameaça. Um exemplo colocado
pela doutrina envolve o crime de furto, ainda que qualificado pela destruição ou rompimento
de obstáculo (art. 155, §4º, I, do CP), visto que, embora haja um ataque à coisa, inexiste
violência contra a pessoa.
Outro exemplo envolve o crime de dano (art. 163 do CP). A violência, nesse caso, é
voltada à coisa a qual se quer destruir, deteriorar ou inutilizar, o que possibilita a aplicação
da referida norma.
Resposta: não, pois não há como restituir ou reparar uma vida ceifada, ainda que se
trate de delito do tipo culposo.
Exige-se que o ato seja voluntário, porém não necessariamente espontâneo, isto é, é
possível que o agente tenha sido convencido por terceira pessoa, o que possibilita o uso do
instituto. Também será agraciado o agente que, descoberto pela autoridade policial como
autor do delito, devolve a coisa furtada. Nesse caso, ainda assim o arrependimento estará
caracterizado.
Por lógica, não se aplica o dispositivo se o objeto furtado for apreendido pela
autoridade policial, situação que afasta a voluntariedade.
Caso seja feita após o recebimento, o agente terá direito apenas à atenuante genérica
prevista no art. 65, III, “b” do CP:
b) procurado, por sua espontânea vontade e com eficiência, logo após o crime, evitar-lhe ou
minorar-lhe as consequências, ou ter, antes do julgamento, reparado o dano”.