Das Instituições de Crédito em Geral

Fazer download em doc, pdf ou txt
Fazer download em doc, pdf ou txt
Você está na página 1de 2

DAS INSTITUIÇÕES DE CRÉDITO EM GERAL

15. Noções e espécies


O art. 2º RGIC define instituições de crédito como: “empresas cuja actividade consiste em
receber do público depósitos ou outros fundos reembolsáveis, a fim de os aplicar por conta própria
mediante a concessão de crédito”.
O primeiro elemento da noção de instituição de crédito provém da sua assimilação a
“empresa”. A doutrina já tem procurado retirar, daí, consequências perceptivas,
procedendo à aproximação das “empresas” previstas no art. 230º CCom.
Como segundo elemento surge a actividade das instituições de crédito: a de receber
do público depósitos ou outros fundos reembolsáveis.
Receber do público equivale a receber de pessoas indeterminadas e, à partida,
indetermináveis.
Tem-se, de seguida, os depósitos e outros fundos reembolsáveis. Trata-se de dinheiro
ou de equivalente a dinheiro. Além disso, o banqueiro fica obrigado à restituição.
Finalmente, o art. 9º/1 RGIC afasta do universo dos fundos reembolsáveis os obtidos
“mediante emissão de obrigações dos fundos reembolsáveis os obtidos mediante emissão de
obrigações, nos termos do Código das Sociedades Comerciais, nem os fundos emitidos através da
emissão de papel comercial, nos termo e limites da legislação aplicável”. No seu conjunto, estas
regras permitem isolar o elemento do dinheiro que o banqueiro recebe não da
qualidade de sujeito económico que recorre ao crédito, endividando-se, para prosseguir
(ou não) a sua actividade, mas na de especialista no manuseio do dinheiro, que o recebe
do público para o fazer produzir enquanto dinheiro.
Finalmente, os fundos reembolsáveis serão aplicados por conta própria mediante a
concessão de crédito.
O art. 9º/2 RGIC exclui a concessão de crédito.
O art. 3º RGIC complementa a noção legal de instituições de crédito enumerando-as.
 
16. Princípios
Com base do regime geral das instituições de crédito é possível apontar alguns
princípios tendencialmente aplicáveis às diversas instituições de crédito e às suas
actividades.
O primeiro surge no art. 8º RGIC como princípio de exclusividade, ele tem uma
dupla formulação:
-         Só as instituições de crédito podem “exercer a actividade de recepção do público, de
depósitos ou outro fundos reembolsáveis, para utilização própria” (art. 8º/1 RGIC);
-         Só as instituições de crédito e as sociedades financeiras podem exercer, a título
profissional, as actividades referidas nas alíneas b) a i) do n.º 1 do art. 4º RGIC,
com excepção da consultadoria referida na última destas alíneas (art. 8º/2 RGIC).
De seguida tem-se o princípio da abertura internacional segundo o art. 10º RGIC
estão habilitadas a exercer actividades bancárias:
-         As instituições de crédito e sociedades financeiras com sede em Portugal;
-         As sucursais de instituições de crédito e sociedades financeiras com sede no
estrangeiro.
Ocorre, depois, o princípio da verdade das firmas e denominações. Segundo o art. 11º
RGIC só as entidades habilitadas como instituições de crédito ou sociedades financeiras
podem usar, na sua actividade, expressões que sugiram actividades bancárias.
Encontra-se, depois, o princípio da conformação legal. Segundo esse princípio, as
instituições de crédito com sede em Portugal, deve obedecer aos seguintes pontos (art.
14º RGIC):
-         Corresponder a um dos tipos previstos na lei portuguesa – tipicidade;
-         Adoptar a forma da sociedade anónima – anonimato;
-         Ter por objecto exclusivo o exercício da actividade bancária – dedicação
exclusiva;
-         Ter determinado capital social mínimo, representado por acções nominativas
ou ao portador registadas – capital mínimo e determinabilidade dos titulares;
-         Sede principal e efectiva em Portugal – sede em Portugal.
O art. 15º RGIC autonomiza um princípio de colegilalidade: o órgão de
administração do conselho de administração das instituições de crédito deve ser
constituído por um mínimo de três membros, com poderes de orientação efectiva.
 
17. Constituição e modificação
A constituição de instituições de crédito depende de autorização a conceder, caso a
caso, pelo Banco de Portugal – art. 16º/1 RGIC. Trata-se duma orientação que coloca, no
banco central, um aspecto nuclear de supervisão.
Apresentado o pedido, o Banco de Portugal decide, de acordo com uma dupla ordem
de factores:
-         A regularidade formal da instituição a constituir;
-         A idoneidade material de certos factores envolvidos.
A regularidade formal da instituição é, evidentemente requerida: o Direito estrito
deve ser cumprido, cabendo ao Banco de Portugal verificar o seu acatamento. Assim
segundo o art. 20º/1 RGIC o pedido de autorização será recusado sempre que:
-         Faltem informações ou documentos necessários;
-         A instrução do pedido enferme de inexactidões ou falsidades;
-         Não se mostre acatado o art. 14º RGIC (conformação legal).

Você também pode gostar