Legislação Empresarial

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LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL

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INTRODUÇÃO

O tema “Legislação Empresarial” é muito vasto e aconselha-se o acompanhamento de um


profissional da área jurídica para assessoria.

A importância de estar estudando esta disciplina, destaca-se no fato de que, os profissionais da área
de administração devem praticar uma conduta ética e profissional se desejam proteger-se de ações
na justiça questionando os direitos dos colaboradores, clientes e fornecedores. O conhecimento da
legislação, tributos, formulários, alíquotas, métodos de cálculo e órgãos vinculados são
imprescindíveis para o seu entendimento.

Busca-se nesta apostila trazer um manual de orientação, com enfoque prático nas relações jurídicas
que são vivenciadas nas empresas nos dias atuais, bem como as definições básicas de legislação no
contexto empresarial das pequenas empresas no Brasil.

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TEMA 1: NOÇÕES DE DIREITO

Direito

Etimologicamente, a palavra Direito tem origem no latim directum, que significam, basicamente, “reto”
e “em linha reta”. (SILVA, DE PLÁCIDO, 1999, p.268).

Nesse sentido, imagine o ser humano lá nos primórdios onde não havia a noção de organização
social, ou seja, não havia regras e cada um fazia o que bem entendia.

Em um determinado momento quando ocorreu a organização em grupos alguém pensou e viu a


necessidade de criar regras para que essa sociedade evolua para uma determinada direção, logo
nasce o Direito, no sentido de orientar, guiar esse grupo de pessoas à um certo objetivo.

O exemplo mais fácil para compreender essa ideia do Direito, em ser um guia social é a passagem
bíblica dos dez mandamentos.

Repara que na passagem bíblica, os Hebreu após deixarem o Egito se viram sem rumo, sem
direção, quando Moises por intermédio divino traz consigo os dez mandamentos, com a finalidade de
trazer um guia uma direção para os Hebreus.

Justiça - O conceito de justiça tem a sua origem no termo latino iustitĭa e


refere-se a uma virtude entre outras; e, sob outra perspectiva, envolve a
moralidade, sentido pelo qual contrabalança os outros valores a ela ligados,
aquela que é uma constante e firme vontade de dar aos outros o que lhes é
devido. (PERELMAN, 2005, p. 8) Justiça é a particularidade do que é justo e
correto, como o respeito à igualdade de todos os cidadãos, por exemplo.

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Em Roma, a justiça foi representada por uma estátua de uma mulher, com olhos vendados, que
significa que "todos são iguais perante a lei" e "todos têm iguais garantias legais", ou ainda, "todos
têm iguais direitos". (MASCARO, 2018, p.82) A justiça deve buscar a igualdade entre todos. Símbolo
que até os dias de hoje é adotado pelo Poder Judiciário.
Segundo o filósofo grego Aristóteles, o termo justiça denota, ao mesmo tempo, legalidade e
igualdade. Assim, justo é tanto aquele que cumpre a lei, justiça em sentido estrito, quanto aquele que
realiza a igualdade, justiça em sentido universal. (MASCARO, 2018, p.78)

Direito Positivo.

O Direito Positivo é o conjunto de regras elaborados e vigentes num determinado país em


determinada época, são as normas, as leis, todo o sistema normativo posto, ou seja, vigente no país.
Possui como características: o caráter temporal, territorial, formal (tem origem nas fontes formais),
revogável, variável e mutável. (BOBBIO, 2001, p.40)

Direito positivo consiste no conjunto de todas as regras e leis que regem a vida social e as
instituições de determinado local e durante certo período de tempo. Para os positivistas, a lei é um
produto do Direito que age como um mecanismo de organização social, firmada a partir de um
"Contrato Social". O direito positivo é aquele estabelecedor de ações que, antes de serem reguladas,
podem ser cumpridas indiferentemente de um modo ou outro, mas, uma vez reguladas pela lei,
importa que sejam desempenhadas do modo prescrito por ela. (BOBBIO, 2001, p.43)
O direito positivo também conhecido como direito objetivo, ou seja, quando se faz referência ao
conjunto de normas jurídicas que regem o comportamento humano num determinado tempo e
espaço está se falando em direito positivo e objetivo.

Direito Natural.

O direito natural é a ideia universal de justiça. É o conjunto de normas e direitos que já nascem
incorporados ao homem, como o direito à vida. Pode ser entendido como os princípios do Direito e é
também chamado de jusnaturalismo. Diferente do que se entende pelo nome, não são apenas as leis
da natureza que fazem parte do conjunto das normas jurídicas naturais. O Direito Natural tem seus
valores estabelecidos por ordem divina, assim como pela razão. (MASCARO, 2018, p.57)

Norma.
Quando o ser humano decidiu se organizar em grupos sociais, a transmissão dos costumes, as
tradições e os valores para as próximas gerações, isso se deu por meio de regras ou leis, que
permitem às pessoas estabelecerem os parâmetros que vão guiar os seus julgamentos, suas

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relações sociais e atividades profissionais, visando a adequação dos comportamentos individuais e


os coletivos, são as normas. Com uma norma busca-se harmonizar práticas, de modo que as
pessoas tenham as mesmas orientações e expectativas em relação ao meio social que convivem e
com isso uma evolução social.

Normas são padrões, regras e diretrizes usadas para dirigir o comportamento humano. Norma é um
conjunto de padrões, regras e diretrizes colocadas de forma simples, que contém orientações
comportamentais ou especificações técnicas ou outros critérios que devem ser seguidos ou
respeitados. (BETINHO, 2012, p. 33) A norma busca reconhecer e padronizar determinadas
condutas ou atividades em meio a sociedade.

O Código Civil e o Código Penal são exemplos de normas formais que guiam o comportamento dos
cidadãos brasileiros em diversas situações, definindo aquilo que é ou o que não é permitido ser
praticado em meio a sociedade.

Princípios de Direito.

Princípios são, pois verdades ou juízos fundamentais, que servem de alicerce ou de garantia de
certeza a um conjunto de juízos, ordenados em um sistema de conceitos relativos à dada porção da
realidade. Às vezes também se denominam princípios certas proposições, que apesar de não serem
evidentes ou resultantes de evidências, são assumidas como fundantes da validez de um sistema
particular de conhecimentos, como seus pressupostos necessários. (REALE, 1986, p. 60)

O Saudoso Jurista e estudioso do Direito, professor Miguel Reale, informou que o princípio é
o fundamento de uma norma jurídica, são os alicerces do direito que não se encontra em nenhum
diploma legal. É possível verificar que o princípio traz aspiração para a criação da norma, ou seja,
tem a função de instruir o legislador quando da criação da norma.

Por exemplo, o que motivou a Constituição Brasileira de 1988 em seu artigo 205 prescrever que o
Estado será responsável por promover educação gratuita a todo cidadão? Resposta, a busca de uma
sociedade democrática onde todos os cidadãos teriam mesmas condições de evolução intelectual,
esse é o princípio.

Segurança Jurídica.

Segurança jurídica trata-se de um princípio constitucional pelo qual o Estado deve buscar ser o
garantidor dos direitos fundamentais dos cidadãos. Isso significa que o Estado, por meio de um

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ordenamento jurídico sólido, garante a previsibilidade e estabilidade das relações entre os cidadãos.
(BARCELLOS, 2018, p. 433) A segurança jurídica busca que a legislação de um país seja estável, e
que mesmo mudanças repentinas na lei não possam prejudicar decisões anteriores. Essa concepção
acerca da segurança jurídica tem um efeito prático bastante evidente na sociedade, vez que as
legislações ditam as atividades das pessoas em meio a sociedade.

Imaginemos a seguinte situação: um sujeito ingressa com uma demanda judicial de acordo com a lei
X, seu caso é julgado. Anos depois essa lei X vem ser substituída pela lei Y, nesse caso de acordo
com a segurança jurídica, uma nova regulamentação jurídica não pode prejudicar o direito adquirido.
Isto é, não pode ir de encontro a uma situação já julgada. Isso afeta diretamente, por exemplo, as
relações empresariais, econômicas e societárias objeto de nosso estudo.

A Constituição Federal Brasileira de 1988 em seu Art. 5º, inciso XXXVI, estabelece ferramentas
legais para materialização estabilização da segurança jurídica em nosso país:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:

XXXVI – a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a


coisa julgada;

São três, portanto, os mecanismos legais para se garantir a eficiência da segurança jurídica: direito
adquirido, ato jurídico perfeito e coisa julgada.

– Direito adquirido

Segundo o que rege a segurança jurídica, uma vez que uma pessoa física ou jurídica adquire um
direito por meio da lei, ainda que esta lei se modifique ou seja substituída por nova legislação, a
pessoa não poderá ser prejudicada. Isto é, não poderá perder o direito já adquirido.

Aqui, importa destacar que o direito adquirido não se refere necessariamente a uma vantagem legal
de que o favorecido já goza. Pelo contrário, pode se tratar de uma expectativa sobre uma vantagem
legal, que a lei tratava de garantir.

Nesse sentido, o parágrafo 2º do artigo 6º do Decreto-lei nº 4.657/1942 descreve direito adquirido


com sendo o seguinte:

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Art. 6º A Lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico
perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada.

§ 2º Consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu titular, ou alguém


por ele, possa exercer, como aqueles cujo começo do exercício tenha termo
pré-fixo, ou condição pré-estabelecida inalterável, a arbítrio de outrem.

Vale destacar que o direito adquirido pode se aplicar a uma série de áreas, como o direito
previdenciário, empresarial, imobiliário, trabalhista e assim por diante.

Para melhor compreensão, imagine a seguinte situação: uma pessoa física estabelece um contrato
de trabalho com uma empresa. No contrato, fica pactuado que o pagamento das horas in itinere
(horas de deslocamento entre a casa e o local de trabalho), serão consideradas como tempo
trabalhado.

Algum tempo depois, ocorre uma alteração na legislação trabalhista e as horas in itinere deixam de
ser consideradas como período de trabalho. Nesse exemplo, o funcionário deixará de receber
pagamento por essas horas?

De acordo com o princípio da segurança jurídica, a resposta é não. Como se tratava de um direito
anteriormente adquirido, ainda que a legislação se altere, prevalece o gozo do direito.

– Ato jurídico perfeito


Na redação do o parágrafo 1º do artigo 6º do Decreto-lei nº 4.657/1942, o ato jurídico perfeito é
aquele que já foi concluído e consumado, de acordo com a lei vigente à época de sua ocorrência.
Não poderá, portanto, ser desfeito, à despeito de qualquer mudança na lei.
Art. 6º A Lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico
perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada.
§ 1º Reputa-se ato jurídico perfeito o já consumado segundo a lei vigente ao
tempo em que se efetuou.
Para exemplificar, imaginemos que duas empresas tenham realizado contrato entre si, para compra
de valores, com um determinado percentual previsto no contrato. O contrato foi cumprido nos prazos
e condições pactuadas.
Posteriormente, suponhamos que surja uma lei nova estabelecendo a obrigatoriedade de uma taxa
de juros maior ou menor a qual foi prevista no contrato. Nessa situação, o contrato cumprido e
finalizado não será alterado e a taxa de juros não precisará ser modificada, tendo em vista que o
contrato consumado, configurou um ato jurídico perfeito.

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– Coisa julgada
Por fim, nos termos do parágrafo 3º do artigo 6º do Decreto-lei nº 4.657/1942, a coisa julgada diz
respeito a todo conflito, demanda ou ação que já tenha recebido uma decisão judicial a qual não
cabe mais recurso.
Trata-se de um caso que foi submetido a julgamento perante o poder judiciário e não há mais como
modificar a sentença, a decisão, valendo o que foi determinado ali, independentemente de mudanças
na lei.
Art. 6º A Lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico
perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada.
§ 3º Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão judicial de que já não
caiba recurso.
Em outras palavras, não se pode reapreciar uma decisão a cada
alteração da lei, caso contrário estaríamos diante verdadeira
instabilidade jurídica, pois é extremamente normal que as leis sejam
alteradas no decorrer do tempo acompanhando a evolução e
comportamento humano que se modifica ao longo do tempo.

DESAFIO

Faça um quadro comparativo, entre o Direito Natural e o Direito Positivo, aponte exemplos do
cotidiano.

Faça um quadro comparativo, entre o ato jurídico perfeito e a coisa julgada, aponte exemplos de
acordo com uma pesquisa na internet.

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TEMA 2: ESTADO BRASILEIRO E A CONSTITUIÇÃO FEDERAL.

Compreendendo o Estado Brasileiro

Para iniciar a conversa, é importante definir o que é o Estado Brasileiro. O Estado brasileiro é
definido segundo o Código Civil Brasileiro, em seu art. 41, inciso I, como “a pessoa jurídica de direito
público interno, visando regular os interesses estatais e sociais”. (BRASIL, 2002)

Assim, a lei define como elementos do Estado brasileiro: o povo, o território nacional e Governo
soberano. Ela não faz distinção entre o “Estado” e o “país”. Contudo, na prática, o Estado brasileiro
se refere ao Governo soberano, ou seja, ao Estado em si a pessoa jurídica de direito público. Assim,
o país, que inclui Estado, povo e território, é mais amplo do que apenas o Estado. (BASTOS, 1998,
p. 158) No que diz respeito à hierarquia dentro de cada um dos poderes, esses obedecem a uma
ordem decrescente de autoridade que são: Poderes públicos, Órgãos Independentes, Órgãos
Autônomos, Órgãos Superiores e Órgãos Subalternos, como você verá abaixo: (BASTOS, 1994,
p.69)

Órgãos independentes

São os órgãos que representam os poderes do Estado.

• Poder Executivo: Presidência da República, governos estaduais, Distrito Federal e prefeituras;

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• Poder Legislativo: Congresso Nacional, Câmara dos Deputados do Brasil, Senado Federal,
assembleias legislativas estaduais e câmaras municipais (ou câmaras de vereadores);

• Poder Judiciário: Supremo Tribunal Federal, Superior Tribunal de Justiça, Tribunal Regional
Federal, Tribunal de Justiça e de Alçada dos Estados-Membros, Tribunais do Júri, Vara da Justiça
Comum e Vara da Justiça Especial.

Órgãos autônomos

São os órgãos da cúpula administrativa, abaixo dos órgãos independentes e subordinados aos seus
chefes diretamente. Têm autonomia técnica, financeira e administrativa. São todos os órgãos
subordinados diretamente aos chefes dos poderes, a saber:

• Ministérios
• Secretarias estaduais
• Secretaria municipais
• Advocacia-Geral da União
• Defensoria Pública da União

Órgãos superiores

São órgãos que detém o comando dos assuntos sob sua alçada, mas estão sempre sujeitos à
subordinação a uma chefia mais alta, pois não detêm autonomia financeira nem administrativa. São
eles: os gabinetes, as secretarias-gerais, as inspetorias-gerais, as procuradorias administrativas e
judiciais, as coordenadorias, os departamentos (como o Departamento de Polícia Federal e as
divisões administrativas).

Órgãos subalternos

São as Portarias e a seção de expediente inferiormente hierarquizados, com as Repartições Públicas


e as Escolas.

Classificação
Os órgãos do Estado podem ser classificados de acordo com os seguintes critérios:

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Quanto à atomicidade

Simples (constituído de um só centro de competência) ou compostos (quando há a existência de


outro (s) órgão (s) na sua estrutura para fazer o seu trabalho).

Quanto à atuação funcional

Singulares (sua função é atribuída a um só agente, o chefe) ou órgãos colegiados (atuam e


manifestam sua decisão de uma forma conjunta e majoritária, através de comitês).

Constituição da República Federativa do Brasil

Entende-se por Constituição o mínimo de preceitos jurídicos referentes à estrutura que os Estados
adotaram com relação ao poder. Um Conjunto de normas que regem a nação, devendo ser
entendida como a lei fundamental de um Estado. (BASTOS, 1992, p. 37)

Ser “República” significa ser a nação governada por pessoas escolhidas no seio do próprio povo,
sem vocação hereditária, o que ocorria na monarquia.

Pela etimologia, a palavra “res” significa pública, ou seja, as coisas todas pertencem ao povo, e, por
isso, devem ser geridas pelo povo constituindo assim um Estado Democrático de Direito que sintetiza
a submissão do Brasil à vontade soberana do povo, segundo leis editadas pelo próprio povo, no
exercício desta soberania. A conquista do poder governante só se poderá fazer, democraticamente,
pelas vias legais. Em 1964 o Brasil estava sob o regime da ditadura militar, e no ano de 1967,
particularmente subjugado às alterações decorrentes dos Atos Institucionais sob uma Constituição
imposta pelo governo. O regime de exceção, em que as garantias individuais e sociais eram
diminuídas ou até mesmo ignoradas, tinha a finalidade de garantir os interesses da ditadura
internalizado conceitos como segurança nacional, restrição das garantias fundamentais, etc. e
fazendo crescer, durante o processo de abertura política, o anseio por dotar o Brasil de uma nova
Constituição, defensora dos valores democráticos. Anseio este que se tornou necessidade após o fim
da ditadura militar e a redemocratização do Brasil, a partir de 1985. (BASTOS, 1992, p. 48)

A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 foi elaborada com o objetivo de instituir um
Estado democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade,
a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de
uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida,
na ordem interna e internacional e com a solução pacífica das controvérsias.

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Os fundamentos da Constituição são: (BRASIL,


1988)

–– a soberania;
–– a cidadania;
–– a dignidade da pessoa humana;
–– os valores sociais do trabalho e livre
iniciativa;
–– o pluralismo político.

Além de evidenciar que: “Todo o poder emana


do povo, que o exerce por meio de
representantes eleitos ou diretamente, nos
termos desta Constituição”. (Constituição
Federal do Brasil,1988, art. 1, parágrafo único)

Ressaltam-se, ainda, no art. 3º e seus incisos, os objetivos fundamentais da República Federativa do


Brasil:

I- construir uma sociedade livre, justa e solidária;


II - garantir o desenvolvimento nacional;
II - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras
formas de discriminação.

A redação da Constituição Da República Federativa do Brasil é desenvolvida e apresentada por meio


dos temas ou Títulos, abaixo relacionados:

–– Dos Princípios Fundamentais


–– Dos Direitos e Garantias Fundamentais
–– Da Organização do Estado
–– Da Organização dos Poderes
–– Da Defesa do Estado e das Instituições Democráticas
–– Da Tributação e do Orçamento
–– Da Ordem Econômica e Financeira
–– Da Ordem Social
–– Das Disposições Constitucionais Gerais

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Ordem Econômica e Constituição Econômica

Um ponto importante na Constituição Federal para nossa matéria diz respeito ao tratamento
constitucional acerca da ordem econômica.

Vale ressaltar para o aluno, conforme exposto anteriormente à Constituição Federal é o diploma legal
superior em nosso país, ou seja, todas as outras normas devem seguir as diretrizes determinas na
Constituição.

Para tratarmos da ordem econômica constitucional devemos antes mencionar algumas noções sobre
“ordem econômica” e “Constituição econômica”.

A ordem econômica é uma ordem jurídica da economia, a define como sendo “a expressão de um
certo arranjo econômico, dentro de um específico sistema econômico, preordenado juridicamente. É
a sua estrutura ordenadora, composta por um conjunto de elementos que confronta um sistema
econômico.”(TAVARES, 2006, p. 81).

As bases constitucionais da atual Constituição de 1988 sistema econômico brasileiro encontram-se


dispostas no Título VII, “Da Ordem Econômica e Financeira”, nos artigos 170 a 192.
Destaca-se que a ordem econômica, consubstanciada em nossa Constituição vigente é uma forma
econômica capitalista, porque ela se fundamenta na apropriação privada dos meios de produção e
na iniciativa (SILVA, 2001, p. 764).

Vejamos o disposto no artigo 170 da Constituição Federal de 1988:

Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e


na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os
ditames da justiça social, observados os seguintes princípios:
I – soberania nacional;
II – propriedade privada;
III – função social da propriedade;
IV – livre concorrência;
V – defesa do consumidor;
VI – defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado
conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos
de elaboração e prestação;
VII – redução das desigualdades regionais e sociais;
VIII – busca do pleno emprego;

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IX – tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas


sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no País.

Parágrafo único. É assegurado a todos o livre exercício de qualquer atividade


econômica, independentemente de autorização de órgãos públicos, salvo nos
casos previstos em lei.

A valorização do trabalho humano é também fundamento da República Federativa do Brasil, nos


termos no art. 1º, inc. IV da CF/88, nos levando a crer que a valorização do trabalho é um princípio
(CANOTILHO, 2006, p. 201.). Nesse sentido a ordem econômica brasileira embora de natureza
capitalista que “dá prioridade aos valores do trabalho humano sobre todos os demais valores da
economia de mercado” ou seja, a liberdade econômica possui restrições acerca da proteção dada ao
trabalho (SILVA, 2001, p. 766). Temos a livre iniciativa, como segundo fundamento da ordem
econômica, a qual consagra uma economia de mercado, de natureza capitalista, já que a iniciativa
privada é um princípio básico da ordem capitalista, e afirma também que “a liberdade de iniciativa
envolve a liberdade de indústria e comércio ou liberdade de empresa e a liberdade de contrato”.
Porém, em contrapartida. (SILVA, 2001, p. 768)

Necessário evidenciar que esses fundamentos da valorização do trabalho humano e da livre iniciativa
têm por finalidade assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social.

Ainda, necessário ressaltar acerca da Dignidade de Pessoa Humana que se trata de um valor
supremo que atrai o conteúdo de todos os direitos fundamentais do homem, desde o direito à vida.
“Concebido como referência constitucional unificadora de todos os direitos fundamentais, o conceito
de dignidade da pessoa humana obriga a uma atenção valorativa que tenha em conta o seu amplo
sentido normativo-constitucional e não uma qualquer ideia simplificada, não podendo reduzir-se o
sentido de dignidade humana à defesa dos direitos pessoais tradicionais, esquecendo-a nos casos
de direitos sociais, ou invoca-la para construir ‘teoria do núcleo da personalidade’ individual,
ignorando-a quando se trate de garantir as bases da existência humana. Daí decorre que a ordem
econômica há de ter por fim assegurar a todos existência digna (art. 170), a ordem social visará a
realização da justiça social (art. 193), a educação o desenvolvimento da pessoa e o seu preparo para
o exercício da cidadania (art. 205) etc., não como meros enunciados formais, mas como indicadores
do conteúdo normativo eficaz da dignidade da pessoa humana”. (SILVA, 2001, p. 109)

A Constituição Federal inscreveu também a propriedade privada e a sua função social como
princípios da ordem econômica (170, incs. II e III). Não obstante, no art. 5º, incs. XXII e XXIII, da
CF/88 existem normas idênticas, além de vários outros dispositivos constitucionais a respeito onde a

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propriedade é tratada como direito individual. Assim, deve-se ter em mente que “a propriedade
privada vertida sob a ótica de princípio da ordem econômica, é aquela que se insere no processo
produtivo, envolvendo basicamente a propriedade – dita dinâmica – dos bens de consumo e dos
bens de produção” (ARAUJO; SERRANO JUNIOR, 2006, p. 467).

Quanto aos bens de consumo (aqueles que são consumidos no mercado a satisfazem as
necessidades humanas), são imprescindíveis à própria existência digna das pessoas, e não
constituem nunca instrumentos de opressão, pois satisfazem necessidades diretamente (SILVA,
2001, p. 790 e 791.). Já quanto os bens de produção (aqueles que irão gerar outros bens ou
rendas), para Eros Roberto Grau, é sobre eles incidindo “que se realiza a função social da
propriedade. Por isso se expressa, em regra, já que os bens de produção são postos em dinamismo,
no capitalismo, em regime de empresa, como função social da empresa” (GRAU, 2004, p. 216.).

Em linhas gerais, significa dizer que garante-se a propriedade privada dos bens de produção, até
porque estamos diante de um sistema capitalista, contudo seu uso está condicionado à um fim, qual
seja “assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social” (art.170 da CF/88).
Estão ainda inseridos como princípios a defesa do consumidor (inc. V), a defesa do meio ambiente
(inc. VI), a redução das desigualdades regionais e sociais (inc. VII) e a busca do pleno emprego (inc.
VIII). Eles são denominados como “princípios de integração, porque todos estão dirigidos a resolver
os problemas da marginalização regional ou social” (SILVA, p. 774.).

Por fim como último princípio o tratamento favorecido para as empresas de


pequeno porte (inc. IX). Da leitura rápida deste princípio poder-se-ia pensar
que se trata de regra contrária a livre concorrência, contudo este tratamento
favorecido, visa proteger os organismos que possuem menores condições
de competitividade em relação às grandes empresas e conglomerados,
para que dessa forma se efetive a liberdade de concorrência e de iniciativa.
Nesse sentido proclama Manoel Gonçalves Ferreira Filho, “numa era de
gigantismo empresarial, a sobrevivência das empresas de pequeno porte é extremamente difícil. São
elas, porém, um elemento de equilíbrio e, consequentemente, merecem um tratamento especial”
(FERREIRA FILHO, 2007, p. 362).

DESAFIO
Quais são os órgãos que representam os poderes do Estado? Desafio você elaborar em grupo um
representante de cada Poder de acordo com as características exemplificando os Poderes de acordo
com a Constituição Federal.

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TEMA 3: Breve Histórico da Atividade Empresarial.

Na Grécia.
A base da economia grega era a agricultura, os produtos artesanais e o comércio. Os gregos
produziam itens com materiais como metal, couro e tecidos. Eram produtos que davam muito
trabalho para serem feitos, uma vez que todas as etapas de produção, da fiação ao tingimento, eram
bastante demoradas. (FANTAGUSSI, 2018, p. 6) Já os cultivos estavam dedicados a oliveiras,
vinhas e trigo. Também havia a criação de animais de pequeno porte. O comércio era realizado entre
as cidades gregas às margens do Mediterrâneo e impactava toda a sociedade grega. A moeda
usada para as trocas comerciais era a “dracma”. (FANTAGUSSI, 2018, p. 7)

O pequeno e o grande comerciante realizavam suas atividades. O primeiro levava a sua colheita ao
mercado local e o segundo era aquele que tinha barcos para fazer toda a rota do Mediterrâneo.

Persas.

A leste da Mesopotâmia, nas terras elevadas do Planalto iraniano, viviam medos e persas, povos de
origem indo-europeia que desenvolveram uma intensa atividade pastoril, devido à inexistência de
grandes rios. No início, houve a preponderância dos medos sobre os persas, quando Ciáxares
construiu um poderoso reino. Com o declínio da hegemonia medá, Ciro, rei dos persas, uniu os dois
povos e fundou o Império Persa, o maior até então organizado na Ásia Ocidental. Esse império
desapareceu quando da expansão macedônica, comandada por Alexandre Magno.(SO HIST0RIA,
2009) Em 522, Dario I subiu ao poder; com ele, o Império Persa atingiu o apogeu. Seus domínios
estendiam-se desde a Trácia, na Europa, até a Ásia Central. Dano consolidou o despotismo real,
dando à sua pessoa um caráter semi-divino. (SO HIST0RIA, 2009)

O ambiente econômico do Império teve seu período de apogeu sob o reinado de Dario I, que
procurou estimular o comércio e a agricultura. Com a introdução de um padrão monetário que ficou
conhecido com o nome de dárico, cunhado em ouro ou prata, de peso fixo e com a efígie do rei
(inovação trazida da Lídia), o comércio interno foi incrementado de maneira espetacular. (SO
HIST0RIA, 2009) A construção de estradas, bem como um eficiente policiamento efetuado por tropas
reais, permitiram um tráfego maior de caravanas que demandavam a Mesopotâmia, provenientes
dos confins da Ásia. Os correios reais facilitavam as comunicações e dizia-se que “na capital podia-
se comer o peixe pescado no mar no mesmo dia”.

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O Império Persa nasceu do conflito entre as tribos pastoras e agricultoras. Quando o persa Ciro se
impôs pela força, a nobreza agrária e guerreira também se sobrepôs. O povo, constituído de
artesãos, agricultores e pastores, que podiam ser recrutados para a guerra, ocupava uma posição
superior aos escravos.

Entre os persas, o poder da camada sacerdotal era menor do que na maioria das civilizações da
Antiguidade Oriental.

Em Roma.

A economia romana foi marcada por duas atividades principais: a agricultura e o comércio. No
Império Romano havia uma certa estabilidade econômica, e, portanto, conseguiam manter uma única
moeda corrente, as tarifas alfandegárias eram baixas e as estradas e os portos eram protegidos.
Mas, para conquistar essa estabilidade econômica os romanos passaram por processos de
conquista e expansão, especialmente ao longo do período republicano.

Uma das principais marcas da república romana foram as Guerras Púnicas, conflitos com Cartago,
ao norte da África, em que as duas potências do mundo antigo disputaram a hegemonia econômica
da região, ou seja, disputaram os domínios sobre o Mar Mediterrâneo, até então dominada por
Cartago. Estes foram derrotados pelos romanos que passaram a explorar o comércio marítimo da
região, conseguindo, inclusive, expandir seu território. A conquista do poder sobre o mediterrâneo e
sobre a Península Itálica foi fundamental para o desenvolvimento da economia romana a partir do
comércio marítimo, por onde circulavam mercadorias destinadas não apenas para a subsistência
como também de artigos de luxo. Na época Roma importava insumos de diversas partes do mundo
antigo. Consumiam cereais da Sicília e do norte africano, azeites do Egito e da região onde hoje se
localiza a Espanha e o mármore para as suas construções vinha da Ásia e do norte da África. Outra
importante conquista das guerras, como as Guerras Púnicas, foram os escravos, que acabavam
destinados ao trabalho na agricultura e nas confecções. Os artesãos não produziam em larga escala,
confeccionando produtos diretamente para os usuários. (SO HIST0RIA, 2009)

Durante muitos séculos a agricultura foi a principal atividade econômica romana. Foi durante a
República, após a vitória nas Guerras contra Cartago, que Roma passou a ser um importante centro
comercial da região. Isso levou os romanos a controlarem o Mediterrâneo e, portanto, o fluxo de
metais que transitavam pelo mar. Assim, a circulação comercial entre Roma e suas províncias
passou a ser intenso. As províncias enviavam trigo, madeira, cobre, estanho, prata, peles, objetos de
luxo, queijos e especiarias a baixo custo, e ainda pagavam impostos aos romanos.

17
Legislação Empresarial

Outro fenômeno evidente à época foi a ascensão e enriquecimento de alguns plebeus, que
conquistaram terras e poderes políticos. Assim, o tamanho das propriedades de terras foram
aumentando, transformando-se em grandes propriedades de plebeus enriquecidos, promovendo a
saída do campo de plebeus que continuavam pobres e que não conseguiram prosperar sem as
terras. (SO HIST0RIA, 2009)

A saída do campo e o empobrecimento de uma parcela significativa dos plebeus gerou uma crise
social no território romano. Para isso foi preciso criar uma política por parte do estado para subsidiar
a sobrevivência desta população. Foi então criada a política de pão e circo, que ofertava alimentos a
baixo custo e espetáculos sem custo para entretenimento.

Idade Média.

Para maior compreensão do tema, se faz necessário um breve relato das origens da atividade
comercial para maior compreensão do seu desenvolvimento e importância nos dias atuais. É óbivio
que a atividade empresarial já existia antes da idade médica, porém é na idade média,
principalmente com relação a regulamentação, que a atividade empresarial ganha relevância.

A Idade Média é o período da história que tem inicio no século V, logo após a queda do Império
Romano do Ocidente e termina no século XV, com a conquista de Constantinopla pelo Império
Turco-Otomano. Foi um período marcado pela síntese da herança romana com a cultura dos povos
bárbaros que invadiram o Império Romano. (FANTAGUSSI, 2018, p. 24)

A Igreja Católica tornou-se uma instituição poderosa e influente não apenas na religião, mas também
na sociedade medieval. A invasão bárbara provocou a fuga da cidade em direção ao campo. A
Europa ocidental ruralizava-se, e a riqueza era a terra. A agricultura tornou-se a principal atividade
econômica, e a produção dos feudos era para o próprio sustento. (FANTAGUSSI, 2018, p. 26)

A partir do século XIII, por conta dos renascimentos comercial e urbano, o mundo medieval começou
a entrar em crise. A centralização do poder nas mãos dos reis derrotou os senhores feudais,
pacificou as revoltas servis e abriu as portas da Europa para a Idade Moderna.

A economia, no período medieval, era essencialmente agrária e autossuficiente. A produção era de


consumo imediato, não voltando-se para a produção excedentes de para a comercialização. A terra
era a principal fonte de riqueza e de poder. Já o trabalho era firmado pelas relações servis, fixadas
pelos costumes. (FANTAGUSSI, 2018, p. 24)

18
Legislação Empresarial

Na organização política, o período medieval se caracteriza pela descentralização, ou seja, o poder


era distribuído entre o rei e os membros do alto clero e da nobreza. Cada feudo era, por si só, uma
unidade autônoma governada por um senhor feudal. As relações feudais estavam baseadas no
sistema de suserania e vassalagem, o suserano geralmente era um nobre que doava um feudo e o
vassalo era o nobre que recebia. A cultura feudal era teocêntrica, ou seja, a figura de Deus estava no
centro de todas as coisas, tendo em vista a forte influência da igreja católica neste período.

A sociedade feudal estava dividida em três estamentos. Estamentos são camadas sociais. Eram
definidas por relações de parentesco e pelo conceito de honra. O primeiro estamento da sociedade
feudal era o clero, o segundo a nobreza, e o terceiro o campesinato, do qual faziam parte os servos e
vilões (moradores de vilas). A estratificação social estava fundamentada no privilégio de nascimento,
impedindo a mobilidade social. (FANTAGUSSI, 2018, p. 27)

Destaca-se que entre o século XI ao XIII um conjunto de progressos na economia rural constituiu
uma verdadeira Revolução Agrícola. A difusão dos moinhos a água e a vento, a elevação do
rendimento do trabalho dos animais de tração, os progressos da rotação trienal dos solos, o
aparecimento de novas culturas, são seus principais aspectos.

Todas essas novidades concorrem para o vasto movimento de ocupação de novas terras que
aumenta consideravelmente a superfície das terras cultivadas da cristandade.

A fase final do sistema feudal foi caracterizada por um longo período – início do século XIV–XV até o
XVIII, quando surge o iluminismo e a derrubada da monarquia, muito impulsionada pelos burgueses,
que foram comerciantes que enriqueceram e buscavam um novo modelo de sociedade que
proporcionasse maior liberdade para a atividade comercial. (FANTAGUSSI, 2018, p. 28)

Vale destacar que todo um conjunto de fatores foi o que favoreceu a crise feudal, não sendo somente
um fator isolado. Vejamos abaixo alguns deles:

- A fome: o problema da alimentação, jamais resolvido, era um problema crônico dentro das camadas
mais pobres da sociedade euro- peia. A Grande Fome foi registrada no período de 1315–1317, no
momento em que nem as Províncias mais férteis da Europa escaparam do acontecimento.
(FANTAGUSSI, 2018, p. 29)

- Revoltas camponesas contra miséria.


- Esgotamento das fontes de minérios preciosos.

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Legislação Empresarial

- Guerras: como, por exemplo, a Guerra dos Cem Anos, que foi caracterizada pelo conflito entre a
Inglaterra e a França. Os conflitos nunca desapareceram, porém, durante o século XIV, o duelo entre
franceses e ingleses, entre turcos e o Império Bizantino, a luta entre os cavaleiros teutônicos e
lituanos, adquiriu uma ferocidade jamais vista naquela época, e favoreceu o fortalecimento do
sentimento nacionalista em determinadas regiões, o que facilitou mais tarde o processo de formação
do Estado nacional moderno.

- Epidemias: Peste Negra

Superada a Idade Média, por conta do Iluminismo promovida em especial pela Revolução Francesa,
surge os conhecidos fisiocratas, os economistas iluministas que defendiam a liberdade econômica,
ou seja, que a economia pudesse se movimentar de acordo com suas próprias leis o que influenciou
muito os modelos empresariais atuais. (FANTAGUSSI, 2018, p. 29)

Com a Revolução Francesa de 1789, com os ideais de Liberdade, Igualdade, Fraternidade, chegou a
fase dos Atos de Comércio. O sistema das corporações de ofício não era um sistema igualitário para
todos os comerciantes e ia de encontro com os novos ideias de igualdade, assim, com o Código
Napoleônico, passaram a ser considerados comerciantes aqueles que praticassem os atos de
comércio, atividade comercial listada no Código Comercial Francês. Esse trazia literalmente uma lista
dos atos considerados de comércio, sendo essa teoria fundada no objetivismo dos atos de comércio.

Inicio da Regulamentação da Atividade Empresarial


O histórico da legislação empresarial se desenvolve em 3 fases. A primeira chamada de fase das
Corporações de Ofício, a segunda é a fase dos Atos de Comércio e a terceira é a fase da Teoria da
Empresa.

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Legislação Empresarial

No Mercantilismo, quando houve grande expansão do comércio e do mercado, entre o século XV e o


final do século XVIII, começaram a surgir as Corporações de Ofício, onde os comerciantes inscritos
criaram suas próprias normas para regular a atividade comercial. Essas regras eram aplicáveis
apenas aos comerciantes inscritos nas corporações, os que não eram inscritos eram regidos pelas
leis civis comuns à todos. Como se pode observar, o elemento subjetivo de ser ou não comerciante
inscrito, era o que determinava se as regras das corporações de ofício se aplicavam para
determinado comerciante. Conforme ateriormente exposto, a história da atividade empresarial ganha
força na Idade Média e vincula-se essencialmente à afirmação de uma civilização burguesa e
urbana, empreendedora e com o anseio de uma nova formulação de negócios (NEGRÃO, 2011, p.
25/26).

Nos primórdios, o registro dos comerciantes nas chamadas corporações, também era entendido
como uma forma de privilégio e, portanto, de indução aos oligopólios e monopólios, ante o caráter
consuetudinário e corporativista da própria legislação empresarial à época (BERTOLDI; RIBEIRO,
2015, p. 29). No século XIII já havia notícias do registro das procurações outorgadas pelos dirigentes
das sociedades mercantis aos seus empregados de categoria e também de suas marcas de
comércio características (SILVA, 2002, p. 5).

Remete-se às corporações italianas a precedência no registro do comércio nos idos do século XV,
com a promulgação da Lei de 30/11/1408 na cidade de Florença, quando se tornou obrigatório levar
ao registro da corporação de mercadores o contrato de sociedade em comandita simples (REQUIÃO,
2010, p. 140). O registro estabelecido pela lei italiana visava a coibir a fraude contra credores, em
virtude da sagacidade dos sócios comanditários que se mantinham ocultos e, quando o negócio
fracassava e a sociedade em comandita simples ia à falência, não havendo nenhum registro da
sociedade, o então sócio oculto apresentava-se como credor, simples prestador de capitais, sem
vinculação societária, reclamando o seu crédito.

Nesse sentido, o Código Comercial da Itália, datado de 1882, não criou o instituto do registro do
comércio, porém verifica-se que o legislador optou pela omissão do instituto muito por conta de
inconvenientes que poderia trazer aos casos em que a pessoa nele inscrita não exercitasse de fato o
comércio ou em que a pessoa, de fato comerciante, não se inscrevesse. Trata-se possivelmente de
uma resposta ao impacto do sistema de privilégios estabelecido pelo registro nas corporações.
(SILVA, 2002, p. 5)

21
Legislação Empresarial

Vale registrar que o Código Napoleônico, de 1807, destaca-se por ser o primeiro grande Código de
Direito Comercial e verdadeiro marco para o Direito Mercantil – que influenciou as legislações
comerciais de outros países, como a espanhola (1829), a portuguesa (1833) e a brasileira (1850), e
instituiu a teoria dos atos de comércio, onde reservou seção legal para o registro comercial, não
obstante a exigência da autenticação dos livros mercantis, prevista no art. 11 do Código de
Napoleão.(Bertoldi e Ribeiro, 2015, p. 30).

Destaca-se que o Código espanhol de 1829, que foi influenciado pelo Código Napoleônico,
efetivamente prescreveu o registro comercial, sendo o primeiro Código a apresentar regras
específicas sobre “el registro público del comercio” em seus arts. 22 a 31. (SILVA, 2002, p. 8).

É interessante notar, todavia, que o registro do comércio na Espanha não surgiu com a promulgação
do Código de 1829, mas o antecede, sendo instituto já materializado no ideário espanhol e apenas
positivado com a promulgação do aludido Código Comercial. (SILVA, 2002, p. 8)

Na Alemanha, as primeiras noções do instituto do registro do comércio remontam ao segundo quarto


do século XVIII. Contudo, foram mais bem trabalhadas somente nos Códigos de 1861 e 1897. Assim
como na Espanha, o registro do comércio alemão era obrigatório para os comerciantes, que
deveriam inscrever a firma, a assinatura comercial, as sociedades e todos os demais atos da vida
mercantil (SILVA, 2002, p. 9).

Inicio da Regulamentação Empresarial no Brasil


No Brasil, o inicio da regulamentação comercial coincide com a chegada da família real portuguesa
no Rio de Janeiro em 1808. Nesta ocasião, D. João VI expediu o Alvará de 23/08/1808, inaugurando
o Tribunal da Real Junta do Comércio, Agricultura, Fábrica e Navegação do Estado do Brasil e
Domínios Ultramarinos, no qual se mantinham os assentos dos comerciantes (SILVA, 2002, p. 11).

Influênciado pelos Códigos francês, espanhol e português, em 26/6/1850 promulgou-se a Lei nº 556,
instituindo-se o Código Comercial do Império do Brasil, que estabeleceu, a exemplo da legislação
espanhola e portuguesa, e de acordo com o Alvará de 23/8/1808, o registro de comércio e levando
aos Tribunais do Comércio a responsabilidade no julgamento de matéria comercial e também as
funções administrativas relativas ao registro de comerciantes e sociedades comerciais (SILVA, 2002,
p. 11).

Destaca-se que em outubro de 1890, o governo da República promulgou o Decreto nº 916, criando o
registro das firmas ou razões comerciais, a cargo da secretaria das Juntas Comerciais das

22
Legislação Empresarial

inspetorias comerciais. Trouxe ainda diretrizes para estabelecer a forma de constituição do nome
comercial dos comerciantes individuais, das sociedades de pessoas e das sociedades de capitais, os
direitos decorrentes do nome comercial e as formalidades do registro (NEGRÃO, 2011, p. 199).

Na Constituição republicana de 1891, orientada pelos ideais federativos, as atribuições de


julgamento passaram para a autonomia dos estados membros, assim como a competência para
organizar o registro público do comércio. Antes disso, porém, o governo federal editou o Decreto nº
596, de 1890, e reorganizou as juntas e inspetorias comerciais. (REQUIÃO, 2010, p. 143; SILVA,
2002, p. 12). Posteriormnete, com a promulgação da Constituição da República de 1946, atribuiu-se
à União a competência privativa para legislar sobre registros públicos e Juntas Comerciais (art. 5º ,
XV, e), o que foi mantido pela Constituição de 1967 (art. 8º , XVII, e). Relevante marco ocorre me
1994, após atuação conjunta do Departamento Nacional do Registro do Comércio e das respectivas
Juntas Comerciais, com a maturação da teoria da empresa, advinda do sistema italiano, foi
promulgada a Lei nº 8.934/1994, que reorganizou a estrutura do registro de comércio brasileiro,
agora designado Registro Público de Empresas Mercantis e Afins, sendo esta considerada a
principal medida legal acerca do registro empresarial no país. (BRASIL, 1994)

Em 10/01/2002, após mais de 25 anos de tramitação no Congresso


Nacional, o Projeto de Código Civil, idealizado pelo Jurista Miguel Reale,
sancionado pelo presidente Fernando Henrique Cardoso, originpu-se à
Lei no 10.406/2002, o Código Civil.

O referido e atual Código Civil de 2002 adotou a teoria da empresa,


representando a consolidação do trabalho de unificação formal do
Direito Comercial e do Direito Civil. No Livro II da Parte Especial, trata do denominado Direito de
Empresa e, no Capítulo I do Título IV (Dos Institutos Complementares), da disciplina específica do
registro empresarial (BRASIL, 2002).
Recentemente, a Lei no 13.874/2019 (Lei da Liberdade Econômica), instituiu a Declaração de
Direitos de Liberdade Econômica, prevendo regras e promoveu importantes mudanças no âmbito do
registro empresarial, indicativo de que a facilitação de abertura de empresas e negócios no Brasil
constitui uma das prioridades do País. Resumidamente, atualmente a atividade empresarial brasileira
encontra-se regulamentada basicamente em três normas: as Leis nos 8.934/1994, 10.406/2002
(Código Civil) e 11.598/2007.

DESAFIO
Trabalho de Pesquisa: Como é feito o registro de uma Empresa no Brasil? Quais os órgãos
responsáveis pela regulamentação empresarial?

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Legislação Empresarial

TEMA 4: CONCEITO DE EMPRESA.

Pessoa Jurídica
Antes de explorar o conceito legal de empresa se faz necessário compreender o conceito de pessoa
jurídica, vez que empresa é uma espécie de pessoa jurídica.
A pessoa jurídica é um agrupamento de pessoas humanas (a soma de esforços humanos) ou a
destinação de um patrimônio (ex.: Fundações) com uma finalidade específica lícita e constituída na
forma da lei.
Simplificando, a pessoa jurídica pode ser o conjunto de pessoas ou de bens, sendo uma criação da
lei uma ficção jurídica, vez que a pessoa jurídica possui responsabilidades se distinguindo da pessoa
física.
Para facilitar a compreensão imaginemos a seguinte situação: Fulano e Sicrano são os sócios
proprietários da Loja X, que é uma empresa espécie de pessoa jurídica. Uma determinada pessoa
compra um produto na Loja X e esse produto apresenta um grave problema. O cliente poderá
acionar na justiça a Loja X, pois está enquanto pessoa jurídica possui responsabilidades.
Em que pese a pessoa jurídica não ser um ser vivo a lei cria, e por isso ficção, capacidade de a
pessoa jurídica ser responsabilizada e responder por seus atos, porém, é obvio que o exercício de
seus atos e responsabilidades se dá por meio de seus responsáveis.
Nesse sentido, a pessoa jurídica não se confunde com seus membros, sócios e administradores,
conforme acima exposto.

Elementos que Caracterizam uma Pessoa Jurídica.

Para que uma pessoa jurídica se caracterize são necessários três elementos em harmonia:
• Soma de esforços ou destinação patrimonial;
• Finalidade específica lícita, ou seja, de acordo com as leis;
• Constituição na forma da lei.

A Importância do registro da Pessoa Jurídica.

O registro é o ato que vai conferir personalidade jurídica, ou seja, é que vai reconhecer a existência
da pessoa jurídica.
Assim a pessoa jurídica ganha existência a partir do momento do registro, o “nascimento” da pessoa
jurídica.
Em nosso país o registro ocorre com retroatividade de 30 dias para acobertar os atos desenvolvidos
pela “Empresa” durante o seu processo de constituição. (BRASIL, 2002)

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Legislação Empresarial

Art. 45. Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado
com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando
necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se
no registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo.
Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular a constituição das
pessoas jurídicas de direito privado, por defeito do ato respectivo, contado o
prazo da publicação de sua inscrição no registro.

A pessoa jurídica não tem direitos da personalidade como possui o ser humano, mas tem a proteção
que deles decorre, no que couber.
Exemplo: o ser humano possui direito à reparação de dano moral por sofrer algum abalo psicológico,
o que não ocorre com a pessoa jurídica, pois essa última não possui consciência. Mas a pessoa
jurídica tem direito de ser reparada a título de dano moral caso sua imagem sofra algum dano.
Assim a pessoa jurídica pode sofrer dano moral, conforme a súmula 227 do Superior Tribuna de
Justiça que diz o seguinte:
SÚMULA N. 227 A pessoa jurídica pode sofrer dano moral.

Vale enaltecer que se trata de uma obrigação prevista em lei que impões a todo e qualquer
empresário o ato de se inscrever na Junta Comercial antes de iniciar a atividade, sob pena de
começar a exercer a empresa irregularmente.
Referida obrigação se encontra prevista no art. 967 do Código Civil, (BRASIL, 2002) o qual dispõe o
seguinte:
Art. 927. obrigatória a inscrição do empresário no Registro Público de
Empresas Mercantis da respectiva sede, antes do início de sua atividade.
Saliente-se, porém, que o registro na Junta Comercial, embora seja uma formalidade legal imposta
pela lei a todo e qualquer empresário individual ou sociedade empresária, com exceção daqueles
que exercem atividade econômica rural (artigos 971 e 984 Código Civil), não é requisito para a
caracterização do empresário e sua consequente submissão ao regime jurídico empresarial.
Dessa forma, verifica-se que o registro não tem natureza constitutiva, exceto para o empresário rural,
ou seja, o registro não é essencial para exercício da atividade empresarial.
Todavia, se não for registrado, o empresário se torna irregular, sofrendo, com isso, algumas
restrições impostas pela lei.
Ex. O empresário irregular não pode pedir a falência de terceiros, embora possa pedir a sua própria
falência (autofalência).
Para fazer a inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis, realizado pela Junta Comercial, o
empresário individual terá de obedecer às formalidades legais previstas no art. 968 do Código Civil
(BRASIL, 2002), ou seja, fazer requerimento que contenha:

Art. 968. A inscrição do empresário far-se-á mediante requerimento que


contenha:

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Legislação Empresarial

I – o seu nome, nacionalidade, domicílio, estado civil e, se casado, o regime


de bens;
II – a firma, com a respectiva assinatura autógrafa que poderá ser substituída
pela assinatura autenticada com certificação digital ou meio equivalente que
comprove a sua autenticidade, ressalvado o disposto no inciso I do § 1.º do
art. 4.º da Lei Complementar n.º 123, de 14 de dezembro de 2006;
III – o capital;
IV – o objeto e a sede da empresa”.

Tratando-se, por outro lado, de sociedade empresária, deve-se levar a registro o ato constitutivo, o
contrato social ou estatuto social, que conterá todas as informações necessárias.

Modalidades de Pessoa Jurídica


O artigo 44 do Código Civil elenca as modalidades de pessoa jurídicas de direito privado
(BRASIL,2002):

- Associações = conjunto de pessoas


- Sociedades = conjunto de pessoas
- Fundações = conjunto de bens
- Organizações Religiosas = conjunto de pessoas Lei 10.825/03
- Partidos Políticos = conjunto de pessoas Lei 10.825/03
- EIRELIS = PJ formada só por uma pessoa Lei 12.441/2011

Teoria dos Atos de Comércio.


Empresário é quem pratica os chamados atos de comércio, previstos expressamente na legislação.
Nesse sentido o artigo 966 do Código Civil conceitua empresário nos seguintes termos:
Art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade
econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de
serviços.
Simplificando, empresário é aquele que exerce profissionalmente atividade econômica que implica na
circulação de bens e serviços com a finalidade de lucro.
Verifica-se os critérios utilizados para se identificar o empresário, que são:
- atividade: deve ser um conjunto de atos ordenados para se atingir determinado objetivo;
- profissionalismo: exercício habitual da atividade, não se exige que seja ininterrupto, mas que seja
habitual;

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Legislação Empresarial

- economicidade: o exercício da atividade deve ter o objetivo de lucro, ou seja, verificação de um


saldo positivo no balanço entre despesa e receita;
-organização: os meios de produção devem ser organizados para a produção de bens e serviços, de
forma a satisfazer necessidades alheias;
Assim, no exercício da atividade empresarial, quatro fatores de produção são manipulados pelos
empresários: capital, mão de obra, insumos e tecnologia.
O empresário, então, manipula esses fatores para obtenção de lucro.
Assim, os empresários são destinatários de normas próprias, voltadas ao desenvolvimento de sua
atividade e por isso se faz tão importante definir quem são essas pessoas que poderão usufruir das
prerrogativas do ramo de Direito Empresarial, como por exemplo requerer a auto-falência e pleitear
recuperação judicial, dentre outros benefícios que somente serão permitidos para as pessoas que se
classificam como empresários.

Atividades Não Empresárias.

Por sua vez, algumas atividades que, por sua natureza, não serão consideradas atividades
empresariais, tais como atividades intelectuais, de origem científica, literária ou artística, conforme
determina o art. 966, parágrafo único do Código Civil Brasileiro.

Art. 966. (...)

Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão


intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso
de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir
elemento de empresa.

Trata-se de uma exceção legal prevista em lei para determinadas atividades, que a princípio, não
serão caracterizadas como atividades empresárias.

Assim, por exemplo, médicos dentistas e advogados não são considerados empresários.
Atenção ! O próprio texto da lei propõe uma ressalva: quando o elemento de empresa se tornar mais
forte do que a própria atividade exercida, nesse caso, embora a atividade esteja no rol das exceções,
ela irá se encaixar como atividade empresária.
Quando o exercício da atividade profissional estiver dentro do rol das atividades excluídas há de se
verificar o elemento da empresa, ou seja, o nível de organização dos meios e produção; se for mais
relevante que a própria atividade incidirá as normas de direito empresarial.
Como por exemplo um médico que exerce sua atividade num prédio de 8 andares com auxílio de 100
colaboradores e 200 aparelhos cirúrgicos, bem como dez linhas de atendimento aos pacientes.
Vale destacar que determinadas profissões como médicos, advogados, engenheiros, químicos,
arquitetos, músicos dentre muitas outras possuem órgãos que estipulam diretrizes específicas para o
registro e desenvolvimento da atividade.
Teoria da Empresa.

A empresa é a atividade econômica explorada pelo empresário, constituída pela produção e

27
Legislação Empresarial

circulação de bens e serviços para o mercado. Veja caro aluno, que empresa é a “atividade” e não
conjunto de bens. Nesse sentido, uma empresa não necessariamente necessita ter uma sede
física ou um aparato de bens, como por exemplo uma loja de roupas. Podemos muito bem ter uma
empresa que não possui uma sede física, não possui um conjunto de bens, por exemplo várias
empresas no ramo do e-commerce.

Assim, o termo empresa é concebido na acepção de “exercício de atividade”. Atividade nada mais
é que o complexo de atos que compõem a vida empresarial. Por fim, vale destacar que a
empresa pode ser exercida pelo empresário individual (pessoa natural) ou pela sociedade
empresária (pessoa jurídica).

Fontes da Legislação Empresarial.


Quando falamos em fontes de legislação, devemos compreender como sendo de onde surgem as
leis. No caso da legislação empresarial, temos as fontes materiais e as fontes formais, essas ultimas
se dividem formais Primárias ou Indiretas e Diretas ou Indiretas, conforme veremos a seguir.
- Materiais: Destacam-se os fatores econômicos.
É o conjunto jurídico-empresarial de um país que será absolutamente influenciado pela economia
desse país.
Simplificando, a fonte material trata-se da econômica, a qual irá ditar as regras e diretrizes da
atividade empresarial, ou seja, as leis empresariais sofrem influência da economia.
Por exemplo, um país mais liberal, do ponto de vista econômico, terá regras empresariais menos
intervencionistas, que garantam um ambiente de livre mercado mais seguro e estável para os
empreendedores.
É verdade que a economia influencia o ordenamento jurídico como um todo, mas não é exagero
afirmar que é no direito empresarial onde sua influência se mostra mais intensa, tendo em vista a
influência social que possui a atividade empresarial.

- Formais Primárias ou Diretas, são as leis propriamente ditas, tais como:

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Legislação Empresarial

Código Comercial de 1850 (apenas comércio marítimo);


Código Civil de 2002; (artigos 966 e 1.195)
Outras leis tais como: Lei nº 8.934/1994, Registro de Empresas; a Lei nº 6.404/1976, Sociedades por
Ações; Lei Complementar nº 123/2006, Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte; Lei nº
11.101/2005, Falência e de Recuperação de Empresas.
Tratados Internacionais também são importantes fontes formais primárias desse ramo jurídico.
Nesse sentido, podem ser citados a Convenção da União de Paris e os Acordos TRIPS, que
orientam a nossa Lei de Propriedade Industrial (Lei nº 9.279/1996), bem como a Lei Uniforme de
Genebra, ela própria incorporada ao nosso ordenamento jurídico pelos Decretos nº 57.595/1966 e nº
57.663/1966.
- Formais Subsidiárias ou indiretas:
Usos e costumes mercantis;
Por exemplo de uso de direito à previsão que traz o código Civil de 2002 em seu artigo 488 que
prescreve o seguinte ao trata dos contratos de compra e venda:
Art. 488. Convencionada a venda sem fixação de preço ou de critérios para a
sua determinação, se não houver tabelamento oficial, entende-se que as
partes se sujeitaram ao preço corrente nas vendas habituais do vendedor.
Na expressão “preço corrente nas vendas habituais do vendedor” a própria lei está legitimando o
costume.
Limitações Para Exercício da Atividade Empresarial
Apesar da atividade econômica ser de grande importância e necessário seu incentivo, igualmente
necessária previsão de limites para seu exercício.
Assim, não podem exercer atividade empresarial quem não está no pleno gozo da capacidade civil,
ou seja, não possui capacidade de exercer seus direitos.
Nos termos do Código Civil são absolutamente incapazes, não podendo exercer nenhum ato da vida
civil os menores de 16 anos, conforme artigo 3º que traz a seguinte redação:
Art. 3 o São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da
vida civil os menores de 16 (dezesseis) anos.
Também há os relativamente incapazes, os quais podem, se devidamente assistidos, exercer alguns
atos da vida civil nos termos do artigo 4º do Código Civil que elenca o seguinte:
Art. 4 o São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os
exercer:
I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;
II - os ébrios habituais e os viciados em tóxico;
III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir
sua vontade;
IV - os pródigos.
Parágrafo único. A capacidade dos indígenas será regulada por legislação
especial.

29
Legislação Empresarial

Dessa forma, em regra as pessoa acima elencadas não podem exercer atividade empresarial, com
exceção no caso de atividade empresarial por incapaz, mediante autorização judicial, conforme
previsto no artigo 974 do Código Civil de 2002 que diz o seguinte:
Art. 974. Poderá o incapaz, por meio de representante ou devidamente
assistido, continuar a empresa antes exercida por ele enquanto capaz, por
seus pais ou pelo autor de herança.
§ 1º Nos casos deste artigo, precederá autorização judicial, após exame das
circunstâncias e dos riscos da empresa, bem como da conveniência em
continua-la, podendo a autorização ser revogada pelo juiz, ouvidos os pais,
tutores ou representantes legais do menor ou do interdito, sem prejuízo dos
direitos adquiridos por terceiros.
§ 2º Não ficam sujeitos ao resultado da empresa os bens que o incapaz já
possuía, ao tempo da sucessão ou da interdição, desde que estranhos ao
acervo daquela, devendo tais fatos constar do alvará que conceder a
autorização.
Ainda, as pessoas abaixo listadas igualmente não poderão exercer
atividade empresarial, são eles:
- Os condenados a determinados crimes (Art. 1011, §1º do Código Civil);
- Os servidores públicos federais (Art. 117, X da Lei nº 8.112/90);
- Os magistrados (Art. 36, I da Lei Complementar nº 35/79);
- Os membros do Ministério Público (Art. 44, III da Lei nº 8.625/93);
- Os militares (Art. 29 da Lei nº 6.880/80)
Vale informar para o fato de que a proibição é para o exercício de empresa, não sendo limitado, pois,
que alguns impedidos sejam sócios de sociedades empresárias, uma vez que, nesse caso, quem
exerce a atividade empresarial é a própria pessoa jurídica, e não seus sócios.
Simplificando, os impedimentos acima elencados se dirigem aos empresários individuais, e não aos
sócios de sociedades empresárias.
Nesse sentido, pode-se afirmar então que os impedidos não podem se registrar na Junta Comercial
como empresários individuais (pessoas físicas que exercem atividade empresarial), não significando,
que eles não possam participar de uma sociedade empresária como quotistas ou acionistas, por
exemplo.
No entanto, a possibilidade de os impedidos participarem de sociedades empresárias não é absoluta,
somente podendo ocorrer se forem sócios de responsabilidade limitada e, ainda assim, se não
exercerem funções de gerência ou administração.
Por fim, vale destacar a situação do empresário casado, e aqui vale informar que para alguns atos da
vida a pessoa casada precisa de autorização, outorga do seu cônjuge, o que não ocorre no caso da
atividade empresarial por isso o destaque conforme artigo 978 do Código Civil:
Art. 978. O empresário casado pode, sem necessidade de outorga conjugal,
qualquer que seja o regime de bens, alienar os imóveis que integrem o
patrimônio da empresa ou gravá-los de ônus real.

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Legislação Empresarial

DESAFIO
Procure em seu bairro ou cidade se existem alguma das modalidades de Pessoa Jurídica:
Associações, Sociedades, Fundações, Organizações Religiosas e Partidos Políticos e de forma elas
atuam.

31
Legislação Empresarial

TEMA 5: Identificação Empresarial.


Introdução.
Para compreensão do tema se faz necessário destacar que o nome empresarial, as marcas de
indústria, comércio e serviço constituem os chamados elementos de identificação da empresa, que
tem por finalidade apresentar uma distinção dentre as empresas, evitando, assim, qualquer tipo de
confusão perante os consumidores, fornecedores, trabalhadores, para o fisco, nas operações
comerciais, etc.
Destaca-se que o nome empresarial é um elemento de identificação da empresa totalmente distinto
das marcas de indústria, comércio e serviço.
Assim, pode-se afirmar que o nome empresarial designa o empresário, seja uma pessoa física ou
jurídica.
Por sua vez, a marca, seja ela de indústria, comércio ou serviço distingue uma mercadoria, um
produto ou um serviço.
Não se confundem ainda, os elementos de identificação da empresa com os elementos de exercício
da empresa, categoria onde figuram como exemplo, o título de estabelecimento ou nome fantasia.
O Código Civil trouxe em seu Artigo 1.155 que o nome empresarial é a denominação adotada para o
exercício da empresa, equiparando ao nome empresarial, as sociedades simples, as associações e
as fundações.
Art. 1.155. Considera-se nome empresarial a firma ou a denominação
adotada, de conformidade com este Capítulo, para o exercício de empresa.

Parágrafo único. Equipara-se ao nome empresarial, para os efeitos da


proteção da lei, a denominação das sociedades simples, associações e
fundações.

O Código Civil também disciplinou o registro do nome empresarial, junto ao Registro Público de
Empresas Mercantis e no Registro Civil das Pessoas Jurídicas, dependendo do tipo de empresa a
ser constituída.
Conforme aponta o artigo 1.150 do Código Civil que tanto o empresário quanto a sociedade
empresária vinculam-se ao Registro Público de Empresas Mercantis, de acordo com as Juntas
Comerciais. Já, as sociedades simples, as associações e as fundações, deverão ser registradas no
Registro Civil das Pessoas Jurídicas, obedecidas as formas para o registro.
Art. 1.150. O empresário e a sociedade empresária vinculam-se ao Registro
Público de Empresas Mercantis a cargo das Juntas Comerciais, e a
sociedade simples ao Registro Civil das Pessoas Jurídicas, o qual deverá
obedecer às normas fixadas para aquele registro, se a sociedade simples
adotar um dos tipos de sociedade empresária.
Destaca-se a importância do nome empresarial, vez que enquanto elemento de empresa também é
objeto de proteção constitucional e de outras leis, decretos e atos normativos.
Segundo o Art. 5º, XXIX da Constituição Federal de 1988:
XXIX- a lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio
temporário para sua utilização, bem como, proteção às criações industriais, à
propriedade das marcas, aos nomes de empresa e a outros signos distintivos,

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Legislação Empresarial

tendo em vista o interesse social e o desenvolvimento econômico e


tecnológico do País.
De acordo com a legislação brasileira o nome empresarial é um gênero, do qual há duas espécies:
- Firma ou a razão comercial/ empresarial;
- Denominação social.
Firma.
A palavra “firma” faz referência ao nome ou à assinatura de pessoa.
Na atividade empresarial, a firma é mais utilizada por empresário individual, por isso se refere ao
porquê do uso firma individual, pois o nome da pessoa física do empresário deverá constar na
inscrição na Junta Comercial, por exemplo:
“Carlos Antônio dos Santos ME”.
Nos dizeres do artigo 1.156 do Código Civil, na firma do empresário individual é necessário constar
seu nome de pessoa física, completo ou abreviado, podendo ou não ser acrescido de uma
designação mais precisa da sua pessoa (como Carlos Antônio dos Santos “Careca” EPP) ou do ramo
de sua atividade (por exemplo, Carlos Antônio dos Santos Comércio de Bebidas EPP).
Art. 1.156. O empresário opera sob firma constituída por seu nome, completo
ou abreviado, aditando-lhe, se quiser, designação mais precisa da sua
pessoa ou do gênero de atividade.
Destaca-se que a firma deve ser usada por sociedades em que haja sócios de responsabilidade
“ilimitada”, devendo constar no nome empresarial o nome civil de pelo menos um desses sócios
conforme regulamentam os artigos. 1.157 e 1.158, § 1º do Código Civil:
Art. 1.157. A sociedade em que houver sócios de responsabilidade ilimitada
operará sob firma, na qual somente os nomes daqueles poderão figurar,
bastando para formá-la aditar ao nome de um deles a expressão "e
companhia" ou sua abreviatura.

Parágrafo único. Ficam solidária e ilimitadamente responsáveis pelas


obrigações contraídas sob a firma social aqueles que, por seus nomes,
figurarem na firma da sociedade de que trata este artigo.

Art. 1.158. Pode a sociedade limitada adotar firma ou denominação,


integradas pela palavra final "limitada" ou a sua abreviatura.

§ 1 o A firma será composta com o nome de um ou mais sócios, desde que


pessoas físicas, de modo indicativo da relação social.

Nota-se ainda, que o art. 1.158 do Código Civil faculta, ou seja, dá a opção de à sociedade limitada a
adoção de firma ou denominação, desde que acompanhada da palavra “limitada” ou sua abreviação
“Ltda.”.

Denominação
Conforme já dito, trata-se da outra espécie do gênero, nome empresarial, cuja composição ou
formação ocorre sem que haja a necessidade da representação do nome dos sócios que integram a

33
Legislação Empresarial

sociedade, sejam eles pessoas físicas ou jurídicas, trata-se a empresa de grande, médio ou pequeno
porte.
Complementando, denominação significa a designação que deve ser formada pelo objeto social da
sociedade.
Desse modo, a denominação é utilizada pelas sociedades empresárias e deve expressar o objeto da
sociedade em seu nome empresarial conforme determina artigo 1.158, § 2º do Código Civil:
Art. 1.158. Pode a sociedade limitada adotar firma ou denominação,
integradas pela palavra final "limitada" ou a sua abreviatura.

§ 2 o A denominação deve designar o objeto da sociedade, sendo permitido


nela figurar o nome de um ou mais sócios.

Simplificando, o objeto social deve fazer parte da denominação, como por exemplo “Pampas
Indústria de Calçados Ltda.”
Destaca-se que a denominação pode ser formada com o nome de um ou mais sócios ou pode ter um
elemento ou expressão fantasia, por exemplo, formado pela sigla composta das letras iniciais dos
nomes dos sócios.
No caso da Sociedade limitada deve ter a palavra “Limitada” ou “Ltda.”, sob pena de
responsabilidade solidária e ilimitada dos administradores de acordo com o determinado no artigo
1.158, § 3º do Código Civil:
Art. 1.158. Pode a sociedade limitada adotar firma ou denominação,
integradas pela palavra final "limitada" ou a sua abreviatura.

§ 3 o A omissão da palavra "limitada" determina a responsabilidade solidária e


ilimitada dos administradores que assim empregarem a firma ou a
denominação da sociedade.

Quando se trata de sociedade cooperativa deve ter na sua denominação a palavra “Cooperativa” de
acordo com o artigo 1.159 do Código Civil:
Art. 1.159. A sociedade cooperativa funciona sob denominação integrada pelo
vocábulo "cooperativa".

As sociedades anônimas devem ter em sua denominação a expressão “Sociedade Anônima” ou


“Companhia”, ou a abreviação “S.A.”, “S/A” ou “Cia.” nos termos do art. 1.160 do Código Civil:
Art. 1.160. A sociedade anônima opera sob denominação integrada
pelas expressões “sociedade anônima” ou “companhia”, por extenso ou
abreviadamente, facultada a designação do objeto social.
Por fim, no que diz respeito às denominações das sociedades simples, associações e fundações,
mesmo não sendo atividade empresarial, elas possuem a mesma proteção jurídica do nome
empresarial conforme leciona o artigo 1.155, parágrafo único do Código Civil:
Art. 1,155 (...)

34
Legislação Empresarial

Parágrafo único. Equipara-se ao nome empresarial, para os efeitos da


proteção da lei, a denominação das sociedades simples, associações e
fundações.

Título de Estabelecimento e Nome Fantasia.


Título de estabelecimento se trata do nome ou a expressão utilizada pelo empresário para identificar
o local onde ele está instalado.
É o título do estabelecimento que identifica o ponto em que o empresário está estabelecido.
Necessário identificar a seguinte distinção: o título de estabelecimento não é necessariamente o
nome empresarial. Ele pode ser uma parte do nome empresarial ou uma expressão totalmente
inexistente no nome empresarial.
Várias vezes é um nome fantasia que se atribui a um estabelecimento, que, por sua vez, não é
correspondente ao nome empresarial efetivamente.
Por exemplo, uma sociedade pode ter o nome empresarial “Pereira Comércio de Roupas Ltda.” e
usar o nome fantasia “Império das Roupas”.
Um exemplo de título de estabelecimento com nome fantasia é o do Grupo Pão de Açúcar, pois o
nome empresarial dessa rede de supermercados é Companhia Brasileira de Distribuição de
Alimentos. Ou, Assai que é o nome fantasia e Barcelona Com. Varejista e Atacadista S/A que é o
nome empresarial.
O título de estabelecimento não tem um tratamento jurídico próprio, diferentemente do que ocorre
tanto com o nome empresarial, que é protegido pelo registro na Junta Comercial, quanto com a
marca, que tem uma proteção jurídica específica na Lei nº 9.279/96.
Em que pese o tratamento legal acima exposto, não se admite a usurpação que significa apossar-se
ilegitimamente ou por fraude do título de estabelecimento. Nesse caso, a proteção para o título de
estabelecimento pode ocorrer pelo princípio do ato ilícito previsto no artigo 186 do Código Civil, bem
como pela concorrência desleal destacada na Lei nº 9.279/96 nos artigos 195, V e 209, que,
inclusive, é pratica reconhecida como sendo crime.
É pratica recorrente colocar no ato constitutivo da empresa o nome fantasia que será utilizado no
desenvolvimento da atividade empresarial. Isso não tem o papel de garantir proteção jurídica ao
nome empresarial, mas, sim, possibilitar que este nome fantasia conste no cartão do Cadastro
Nacional de Pessoas Jurídicas conhecido popularmente pela sigla “CNPJ”, documento no qual
constam as principais informações da empresa.
Ocorre que eventualmente, poderá servir de prova num confronto com outra empresa que invoque
utilizar inicialmente o nome fantasia; ou seja, expressado no ato constitutivo, serviria para marcar o
início do uso do nome fantasia.
Vale destacar que existem casos de títulos de estabelecimento que acabam se tornando também a
marca do empresarial, o que ocorre por exemplo com o já informado Pão de Açúcar.
Dessa forma, um título de estabelecimento poderá ser registrado como marca se não estiver entre as
proibições da Lei nº 9.279/96, art. 124, sendo protegida pelas regras que regulamentam a marca.

35
Legislação Empresarial

Insígnia
Outro elemento importante de identificação na atividade empresarial é a Insígnia.
A Insígnia refere-se a um símbolo ou um emblema que tem como função a identificação do
estabelecimento empresarial.
Trata-se de um sinal distintivo; um detalhe para diferenciar um estabelecimento de outro. Esse sinal
pode também corresponder a uma expressão gráfica, uma letra ou uma palavra.
A empresa pode ter em conjunto título de estabelecimento e insígnia, sendo que não
necessariamente terão elementos comuns e, ainda que possam ter algum elemento do nome
empresarial, com ele não se confundem.
Um bom exemplo é o título do estabelecimento “McDonald’s”, sendo a sua insígnia a letra “M”,
maiúscula e amarela, estilizada de forma grande e arredondada; ou o título de estabelecimento “Pão
de Açúcar”, cuja insígnia são os dois morros em verde. Igualmente são insígnias os peixinhos
sobrepostos da Hering, os símbolos das montadoras de veículos utilizados nas fachadas das
concessionárias, entre outros.

Assim como ocorre com o título de estabelecimento, também não há um regime jurídico próprio para
a insígnia, o que não acontece com o nome empresarial e a marca, pois cada um possui sua
proteção legal.

36
Legislação Empresarial

Destaca-se ainda que não se admite a usurpação da insígnia, sendo que, nessa hipótese, a tutela
jurídica da insígnia ocorrerá pela concorrência desleal e pelos princípios gerais do ato ilícito, da
mesma forma que pela proteção do título de estabelecimento.
Para finalidade de marca, a insígnia poderá ser registrada como marca, desde que preencha os
requisitos da Lei nº 9.279/96, em especial do art. 122 e o art. 124, II, devendo ser considerada um
sinal distintivo visualmente perceptível, ou seja, um caractere que a torna reconhecível pelas
pessoas com o intuito de distinguir um produto ou serviço, que assim disciplinam:
Art. 122. São suscetíveis de registro como marca os sinais distintivos
visualmente perceptíveis, não compreendidos nas proibições legais.

Art. 124. Não são registráveis como marca:

II - letra, algarismo e data, isoladamente, salvo


quando revestidos de suficiente forma distintiva;

Por fim, vale ressaltar que letra, algarismo e data, isoladamente, não
podem ser registrados como marca, conforme disposto no acima
mencionado artigo 124, II, da Lei nº 9.279/96.
Mas poderão ser objeto de marca quando estiverem revestidos de
suficiente forma distintiva. Nesse caso, a insígnia gozará da proteção
legal de marca.

DESAFIO
Apresente 4 empresas com insígnias bem conhecidos, faça um cartaz somente com simbologia e
veja se seus colegas conseguem identificar.
Obs: pesquise os mais desafiadores;

37
Legislação Empresarial

TEMA 6: Regimes Jurídicos e Tipos Empresariais.

Empresário individual.
Inicialmente vale informar que “empresário” é gênero do qual o empresário individual, a sociedade
empresária e a empresa individual de responsabilidade limitada são espécies.
O empresário individual é o sujeito que, independentemente da motivação, faz a opção de
desenvolver sua atividade econômica de forma isolada, sem a participação de sócios.
Devemos destacar que o empresário individual é a pessoa física titular de uma atividade empresarial,
que por sua vez não se confunde com o sócio da sociedade empresária.
Nesse sentido, o sócio não é empresário, mas, sim, integrante do quadro social de uma sociedade
empresária.
Ao empresário individual é assegurado alguns direitos como:
- inscrição/regularidade (a lei considera isso um dever);
- recuperação de empresas (judicial e extrajudicial);
- autofalência;
- requerer a falência de outro empresário sendo credor;
- proteção da sua identificação;

Todos esses direitos e outros também são direitos assegurados à sociedade empresária e às
EIRELIs. A principal característica e diferença do empresário individual para os outros tipos
empresariais, é o fato de o empresário individual não possui a limitação de responsabilidade e da
separação patrimonial.
Na atividade do empresário individual não se considera em separado o patrimônio da empresa e o
patrimônio pessoal; logo, a responsabilidade do empresário individual pelas obrigações firmadas em
razão do seu negócio é ilimitada. Ele responde, inclusive, com seu patrimônio pessoal, ainda que sua
empresa tenha patrimônio próprio. A título de exemplo podemos citar o seguinte: imagine que Dona
Augusta na condição de empresária individual tenha uma pequena oficina de costura chamada
“Senhora do Tecido”. Nessa situação caso a empresa “Senhora do Tecido” tenha alguma dívida a
Dona Augusta poderá ser responsabilizada inclusive com seu patrimônio particular, por isso se fala
responsabilidade ilimitada, ou seja, não existe limite entre o patrimônio do empresário e da empresa.
Ainda importante destacar que o fato de o empresário individual se regularizar o que lhe trará
benefícios e alguns direitos tais como:
- recuperação de empresas,
- uso dos livros contábeis como prova em processo judicial;
- vantagens tributárias (que somente são possíveis se tiver o CNPJ).
Por fim, é necessário apontar que o empresário individual pode admitir sócios, neste caso solicitará
ao Registro Público das Empresas Mercantis a transformação de sua inscrição como empresário
individual para sociedade empresária ou solicitar sua transformação para EIRELI, conforme
prescreve o artigo 968, §3º do Código Civil:

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Legislação Empresarial

Art. 968. A inscrição do empresário far-se-á mediante requerimento que


contenha:
§ 3º Caso venha a admitir sócios, o empresário individual poderá solicitar ao
Registro Público de Empresas Mercantis a transformação de seu registro de
empresário para registro de sociedade empresária, observado, no que
couber, o disposto nos arts. 1.113 a 1.115 deste Código.
Sociedade empresária.
A sociedade empresária, como espécie do gênero empresário, trata-se de um contrato, um acordo
de vontades entre duas ou mais partes para constituir, regular ou extinguir entre elas uma relação
jurídica.
Sócios podem ser pessoas físicas ou jurídicas.
Uma sociedade pressupõe no mínimo duas partes, as quais firmam um contrato de sociedade e
passam a ser sócias.
No caso das sociedades empresárias existem dois princípios básicos que direcionam a sociedade
empresária, são:
- Princípio da Separação Patrimonial
- Princípio da Limitação da Responsabilidade.
O Princípio da Separação Patrimonial também conhecido Autonomia Patrimonial, o qual determina
que o patrimônio da empresa é diferente do patrimônio pessoal dos sócios, pois estes ao
constituírem uma sociedade fazem um aporte de bens ou capital para formar o patrimônio da
empresa. Isso faz com que o seu patrimônio de sócio seja distinto do patrimônio da empresa
sociedade, sendo que, em geral, seu patrimônio pessoal não poderá ser afetado por dívidas da
sociedade, conforme artigo 595 do Código de Processo Civil.
Art. 795. Os bens particulares dos sócios não respondem pelas dívidas da
sociedade, senão nos casos previstos em lei.
No que diz respeito a limitação da responsabilidade, significa que a responsabilidade dos sócios é
limitada ao valor de sua participação na sociedade, ou seja, ao valor de suas quotas ou ações que
possui na empresa. Assim, ao se constituir uma sociedade a responsabilidade dos sócios é limitada
se ocorrer caso o negócio não progrida. Esse limite é, em regra, o valor das respectivas quotas de
cada sócio do capital social da sociedade o que se descreve o artigo 1.052 do Código Civil:
Art. 1.052. Na sociedade limitada, a responsabilidade de cada sócio é restrita
ao valor de suas quotas, mas todos respondem solidariamente pela
integralização do capital social.
Vale informa, quando da abertura de uma empresa os sócios estabelecem o capital social da
empresa, que é o valor investido que será colocado a disposição da empresa por cada um dos
sócios, seja bens financeiros ou bens materiais.
Os mencionados princípios não são aplicáveis ao empresário individual. Conforme visto no tópico
anterior, neste caso não há a separação de patrimônio e nem limitação de responsabilidade, ou seja,
seu patrimônio é único e responde por todas as dívidas de qualquer natureza, civil ou empresarial.
Assim, com a constituição regular de uma sociedade empresária garante se, via de regra, a
separação patrimonial dos bens da empresa em relação aos bens dos sócios, bem como a limitação

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Legislação Empresarial

de responsabilidade dos sócios pelas dívidas da empresa ao valor de suas respectivas quotas, à não
ser, de forma excepcional em caso de desconsideração da personalidade jurídica.
Essas são razões relevantes que levam algumas pessoas a constituírem sociedades empresárias ao
invés de optarem pela figura do empresário individual.

EIRELI – Empresa Individual de Responsabilidade Limitada


Inicialmente cumpre informar nosso aluno, que essa modalidade EIRELI foi extinta e substituída pela
Sociedade Limitada Unipessoal, que a seguir estudaremos.
Importante conhecermos a EIRELI pois essa espécie ainda existe e pode ser convertida em
Sociedade Limitada Unipessoal e ainda serviu de alicerce apara a construção da Sociedade Limitada
Unipessoal, conforme veremos a seguir.
A EIRELI – Empresa Individual de Responsabilidade Limitada foi criada pela Lei nº 12.441, de 11 de
julho de 2011, cuja vigência teve início em janeiro de 2012. Esta lei trouxe importantes alterações no
Código Civil, especificamente nos artigos 44, 980 e 1.033.
Regulamentando a matéria, o DREI – Departamento de Registro Empresarial e Integração editou a
Instrução Normativa n. 10/2013, que aprovou o Manual de Atos de Registro de Empresa Individual de
Responsabilidade Limitada, e dá outras providências.
Pode-se afirmar que a EIRELI é um instituto jurídico parecido com uma sociedade limitada, mas
tendo apenas uma pessoa. Também se assemelha à figura do empresário individual, no entanto,
com responsabilidade limitada deste empresário. Ou seja, a EIRELI é uma mistura do empresário
individual e da sociedade empresária.
Aqui vale informar acerca da criação da EIRELI, ocorre que na pratica muitos empresários individuais
para afastar a responsabilidade ilimitada colocavam um “falso” sócio no ato constitutivo da empresa
apenas para enquadrar a empresa como sendo uma sociedade empresaria limitada. Era muito
comum que empresários indicassem irmão, sogra, pai etc. um familiar próximo que possuía apenas
1% do capital social apenas para escaparem da empresa individual e consequentemente da
responsabilidade ilimitada.
Assim, a EIRELI é o instituto pelo qual traz a alternativa de um empreendedor individual, utilizar-se
dos princípios da separação patrimonial e da limitação da responsabilidade, anteriormente vistos,
para assim desenvolver uma atividade econômica. Destacando que estes princípios até então eram
exclusivos às sociedades, não sendo aplicáveis ao empresário individual.
Como se sabe, via de regra, uma sociedade é composta de no mínimo duas pessoas. Então, para
formar uma sociedade e assim obter a limitação da responsabilidade, o empreendedor se torna sócio
de uma sociedade com participação de 99,5% do capital social, convidando outra para ser sua sócia
com uma participação de 0,5%, meramente para fins de se compor a sociedade. Formando assim o
que se conhece vulgarmente por “sociedade de fachada” ou “sociedade de faz de conta”, conforme
informado anteriormente.
Daí podemos indicar que a EIRELI se trata de uma espécie de empresário individual com direito a
separação patrimonial e limitação de responsabilidade.
Curiosamente, a lei preferiu denominar essa figura jurídica como sendo “empresa individual de
responsabilidade limitada”. Porém, respeitosamente, o emprego da palavra “empresa”, neste caso,
parece ser equivocado, haja vista que o vocábulo “empresa” significa atividade. Ou melhor, no Direito
Empresarial “empresa” significa atividade econômica, que consiste no conjunto de atos coordenados

40
Legislação Empresarial

pelo empresário a fim de alcançar o lucro. Por isso, o termo mais adequado nos parece ser
“empresário individual de responsabilidade limitada”. Pois estamos diante de um empresário que é
“aquele que exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a
circulação de bens ou de serviços” nos termos do art. 966 do Código Civil de 2002. E ainda, porque a
limitação de responsabilidade se dá em relação ao empresário e não à atividade, a empresa.
Destaca-se que a lei dá à EIRELI o status de ser uma nova espécie de pessoa jurídica de direito
privado em razão do inc. VI acrescido ao art. 44 do Código Civil, por força da Lei n. 12.441/2011.
Apesar de ser uma alternativa para o empresário individual, importante ressaltar que alei trouxe
requisitos, para a criação da EIRELI a qual será crida observando os seguintes critérios nos termos
do art. 980-A do Código Civil:
a) formada por uma única pessoa;
b) a pessoa natural não pode constituir mais de uma EIRELI.
A pessoa física (natural) poderá ser titular tão somente de uma EIRELI.
c) a pessoa deverá ser a titular da totalidade do capital social;
d) o capital não pode ser inferior a 100 vezes o maior salário mínimo vigente no País38;
e) o capital deve ser totalmente integralizado (integralizado de fato e de direito, não meramente
documental);
f) o nome empresarial deverá ser formado pela inclusão da expressão “EIRELI” após a firma ou a
denominação (temas que estudaremos adiante).
Vale informar que a EIRELI foi extinta pela Lei nº 14.195/2021 que trouxe a próxima espécie
empresarial a ser estudada, a Sociedade Limitada Unipessoal.
Mas por que estudamos a EIRELI ?
SLU – Sociedade Limitada Unipessoal
Assim como a extinta EIRELI a SLU, Sociedade Limitada Unipessoal, é um tipo de empresa no qual
não há necessidade de sócio para abertura.
Na realidade a SLU é uma forma facilitada, com menos exigência e menos burocrática da EIRELI.
Ainda que tenha a palavra “sociedade” na sua composição, a SLU é formada por apenas uma
pessoa, o próprio empreendedor.
Além disso, o patrimônio pessoal fica separado do patrimônio da empresa. Assim, caso haja algum
problema financeiro relevante, ou mesmo falência, os bens do empreendedor não podem ser
utilizados para quitação das dívidas.
Por conta dessas características, a Sociedade Unipessoal é bastante confundida com a Eireli,
Empresa Individual de Responsabilidade Limitada.
No entanto, essas duas naturezas jurídicas têm uma diferença bastante significativa que pode
influenciar no momento da escolha entre uma e outra.
Na Sociedade Limitada Unipessoal não é exigido valor mínimo de Capital Social. Ou seja, este
formato traz a facilidade de ter um valor de abertura acessível, desobrigando o empreendedor a
integralizar valores altos no momento inicial da empresa.

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Legislação Empresarial

Já na Eireli é preciso integrar o valor correspondente a 100 vezes o salário mínimo vigente na época
da abertura da empresa.
A Sociedade Limitada Unilateral foi criada por meio da MP 881/2019. Conhecida como “MP da
Liberdade Econômica”, foi convertida na Lei 13.874/2019.

A proposta principal que levou à criação dessas legislações foi desburocratizar o processo de
abertura de empresas no Brasil.
A ideia foi criar um formato de empresa que pudesse ser aberta sem o custo elevado do Capital
Social exigido na EIRELI, sem a necessidade de sócios e que mantivesse o patrimônio do
empreendedor protegido.
Essa possibilidade fomenta a legalização de negócios e colabora para o desenvolvimento e o
crescimento da economia nacional.
MEI – Microempreendedor Individual
O Microempreendedor Individual, se trata de em um tipo de empresa com apenas um proprietário,
cujo faturamento anual não pode ultrapassar R$ 81 mil.
Aquele que adota o tipo MEI não pode ter sócios, nem ter participação em outra empresa. Além
disso, esse modelo empresarial permite a contratação de apenas 1 (um) empregado que deve
receber, no mínimo, o piso salarial da sua categoria profissional.
O MEI tem a vantagem de se enquadrar automaticamente no Simples Nacional, regime tributário que
facilita o recolhimento de impostos em uma única guia, o DAS, Documento de Arrecadação do
Simples Nacional, que veremos em um capitulo próprio.
Por fim, cumpre destacar que nem todas as atividades econômicas são permitidas nesse tipo de
empresa as quais devem se enquadrar na Tabela de Atividades Permitidas no MEI.
ME – Microempresa
Microempresa (ME) é um porte de empresa, ou seja, uma classificação de seu tamanho. Possui as
seguintes características:
- Rendimento bruto de até R$360 mil por ano;
- Opção de escolha do regime tributário entre Simples Nacional, Lucro Presumido e Lucro Real;
- Opção de escolha entre três categorias de natureza jurídica: Sociedade Simples, Sociedade
Empresária e Empresário Individual);
- Menos burocrática e com procedimentos simplificados;
- Emissão de notas fiscais para todas as vendas, seja para pessoa física ou jurídica.
Uma característica muito importante das MEs, e que acaba sendo uma grande vantagem, é o fato
delas se enquadrarem na Lei Geral das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte. Graças a
essa legislação, que foi instituída em 2006 com o objetivo de regulamentar as atividades, as
Microempresas (ME) e Empresas de Pequeno Porte (EPP) são protegidas e até mesmo favorecidas
de modo a usufruir de certas importantes vantagens, como pagar menos impostos.
Conforme citado acima, ao explicar o que é uma empresa ME e quais são suas principais
características e vantagens, o faturamento total de uma ME é de até R$360 mil por ano. Isso significa

42
Legislação Empresarial

que existe uma média de R$30 mil por mês que é permitida para que sua empresa ainda se
enquadre como uma Microempresa.
Inclusive, o rendimento bruto anual de sua empresa é importante justamente para decidir entre os
regimes tributários disponíveis e qual deles melhor se aplicará à sua ME – o Simples Nacional, o
Lucro Real ou o Lucro Presumido. No entanto, devemos ressaltar que, para tomar essa decisão e
saber qual opção será mais vantajosa para seu negócio, é necessário contratar um contador.

EPP – Empresa de Pequeno Porte


Uma Empresa de Pequeno Porte (EPP) é um empreendimento com receita bruta anual entre R$ R$
360 mil e R$ 4,8 milhões. Caso não exerça uma atividade vedada pela Lei Complementar 123/2006,
a empresa também poderá optar pelo Simples Nacional.
Além do faturamento bruto anual, também pode ser usado o número de funcionários para categorizar
uma empresa.
De acordo com a legislação brasileira, são consideradas pequenas empresas negócios que tem até
99 funcionários na indústria. Setores do comércio e serviço, podem contratar entre 10 e 49 pessoas
por empresa.
Uma empresa de pequeno porte pode atingir o faturamento de 4,8 milhões de reais e continuar
fazendo determinadas vendas sem perder os direitos de pequena empresa. Isso porque a legislação
brasileira incentiva a exportação de produtos.
Por isso, pequenas empresas, mesmo atingindo o faturamento, ainda podem obter adicionais de
receita no valor de 3,6 milhões de reais. Mas esse valor é válido, apenas, para vendas para outros
países.
Desde 2006, existe a Lei Geral da Micro e Pequena Empresa, que garante uma série de direitos e
incentivos fiscais para pequenas empresas.
Os benefícios para as EPPs são uma forma do governo federal garantir o desenvolvimento dessas
empresas. Além disso, a consolidação de uma empresa de pequeno porte contribui para a geração
de emprego, a inclusão social e a distribuição de renda.
Além disso, a Lei Geral da Micro e Pequena Empresa tornou menos burocrático e mais simples os
processos de abertura e administração das pequenas empresas no país.
Empresa de Médio e Grande Porte.
No Brasil, a classificação da empresa é baseada em dois critérios.
Primeiro o número de funcionários que ela emprega e segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística classifica as empresas da seguinte forma:
- Micro: com até 19 empregados.
- Pequena: de 20 a 99 empregados.
- Média: 100 a 499 empregados.
- Grande: mais de 500 empregados..
A segunda forma de classificação seria o faturamento anual bruto da empresa e de acordo com esse
critério O Banco Nacional do Desenvolvimento o BNDS classifica as empresas assim:

43
Legislação Empresarial

- Microempresa Menor ou igual a R$ 360 mil


- Pequena empresa Maior que R$ 360 mil e menor ou igual a R$ 4,8 milhões
- Média empresa Maior que R$ 4,8 milhões e menor ou igual a R$ 300 milhões
- Grande empresa Maior que R$ 300 milhões
A classificação do BNDS segue modelos internacionais e possui como
finalidade tributar e fiscalizar as empresas de acordo com seu
faturamento.
Para manter-se num mercado tão competitivo, é necessário que a
empresa esteja em permanente avanço em todos os campos de
conhecimento.

DESAFIO
Pesquise qual a classificação Empresarial se enquadram os Bancos, e se existe diferença entre os
Bancos que mantém agências físicas e os Bancos Digitais.

44
Legislação Empresarial

TEMA 7: Títulos de Crédito.

Título de Crédito é o documento necessário para o exercício do direito, literal e autônomo, nele
descrito conforme descreve o artigo 887 do Código Civil:
art. 887. O título de crédito, documento necessário ao exercício do direito
literal e autônomo nele contido, somente produz efeito quando preencha os
requisitos da lei.
Perante a definição legal acima é possível compreendermos o seguinte:
A expressão "Documento" significa que o título de crédito é o conteúdo escrito em algo palpável,
portanto, material.
Dessa forma, não será admitido, por exemplo, uma gravação em uma mídia onde apareça o devedor
confessando o débito e fazendo uma promessa de pagamento.
Ainda, a expressão "necessário para exercício do direito nele mencionado" aponta que se trata de
um Título de Apresentação, ou seja: quando se quiser exercer o direito nele descrito, é necessária
sua apresentação.
Por esse motivo é que a mera cópia do título, ainda que autenticada, não serve para cobrança
extrajudicial ou judicial.
Importante destacar que o título de crédito possui dois elementos em destaque que retratam a sua
finalidade.
Primeiro é a Garantia ao credor, onde o título de crédito tem como finalidade garantir o crédito ali
descrito ao credor. Pois na proporção em que o devedor confessa dever uma determinada
importância e promete pagar, fazendo-o por escrito, o credor terá o documento, o título, como prova
de seu crédito.
Em segundo diz respeito à Circulação do crédito, vez que os títulos de crédito, sendo meios de
circulação de valores, podem ser transferidos a terceiros, ou seja, é possível transmitir o título
recebendo, antecipadamente, o valor nele contido.

Princípios dos Títulos de Crédito.


Para a plena circulação do título de crédito, foi necessário a elaboração de alguns princípios
indispensáveis a conceituar o documento como título de crédito, a literalidade é um dos mais
importantes.
Por conta do princípio da literalidade este indica que só valerá o que estiver escrito no título de
crédito, de modo que o que não estiver o escrito no título de crédito não tem o menor valor em
relação a ele, como por exemplo, a quitação não escrita no título de crédito, a não ser que fique
comprovada má-fé do portador.
Trata-se de um princípio de extrema importância, vez que é a garantia de quem recebe o título de
crédito, de que nada mais existe que possa comprometer o título, salvo o que nele estiver escrito.
Além de que corresponde à uma garantia para o devedor que se compromete apenas no limite do
débito descrito no documento e, por consequência, nada mais poderá lhe ser cobrado na execução
cambial, nem mesmo eventuais compromissos assumidos em outros documentos paralelos ao título.

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Legislação Empresarial

Simplificando, para os negócios realizados mediante título de crédito apenas interessa o valor
descrito no documento, não sendo relevante as causas ou outras circunstâncias do negócio.
Merece atenção também a autonomia que é outro princípio essencial que orienta a utilização dos
títulos de crédito.
A palavra autonomia orienta que qualquer pessoa que se vincular ao título de crédito assume uma
obrigação autônoma, independente da legitimidade das obrigações assumidas por outrem.
Dessa forma, aquele que legitimamente lançou a sua assinatura no título de maneira válida, seja a
que circunstância for, não pode opor-se ao portador.
Para exemplificar, imagine a seguinte situação: se Paulo, menor de 14 anos, emite uma nota
promissória em favor de Joaquim, e se Carlos concede o aval, é notório que a assinatura de Paulo
não tem validade porque não pode assumir tal obrigação, por ser menor de idade, absolutamente
incapaz. Todavia o aval de Carlos é válido e Joaquim pode cobrar dele, Carlos, o valor descrito no
título.
A autonomia dos títulos de crédito é extremamente relevante para garantir ao portador do título,
porquanto dispensa a verificação da legitimidade das assinaturas anteriores.
Mais um princípio importante para legitimar a circulação dos títulos de crédito é a abstração do
crédito.
Vale informar que não se pode confundir a abstração do crédito com a abstração do título, pois não
existe título de crédito abstrato, sendo todos materiais conforme dito anteriormente, até porque, como
já descrito, só é título de crédito a obrigação escrita em algo palpável, algo material.
Frise-se: a abstração não é do título, mas do crédito nele descrito.
Deste modo, uma vez feito e posto em circulação um título, o crédito nele descrito desprende-se da
causa de origem, valendo por si mesmo.
Para ilustrar imagine a seguinte situação: se Carlos compra algumas mercadorias de Fernando e, por
não ter dinheiro no momento, emite uma nota promissória em favor de Fernando, não poderá,
depois, alegar que a mercadoria está com algum vício, como forma de se desvencilhar de pagar,
porquanto, emitida a nota promissória, afastou-se, abstraiu-se, o crédito da causa de origem.
A abstração também é importante, porque, se não existisse, o portador do título ficaria sempre na
insegurança e na incerteza da legalidade da existência do crédito.
Devemos destacar que alguns títulos que são denominados títulos causais, haja vista que a própria
lei que os criou admitiu a possibilidade de examinar a causa de origem, ou causa subjacente,
também chamada de causa debendi.
Nesse caso, se trata de títulos derivados de uma operação.
É por exemplo o caso da duplicata que só pode ser emitida por conta de uma fatura que represente a
compra e venda ou a prestação de um serviço. A fatura, a seu turno, é emitida com lastro na nota
fiscal.
Nos títulos causais se for nula a causa de origem, nulo também será o crédito decorrente do título
emitido.

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Legislação Empresarial

Características dos Títulos de Crédito.


Conforme veremos a seguir, cada título de crédito possui uma legislação própria que o regulamenta.
Porém, existem algumas características comum, de acordo com o que veremos a seguir:
Os títulos de créditos são formais. Isto quer dizer que deverão obedecer a uma forma prescrita em
lei, sob pena de não representarem valor como título de crédito, ou seja, não possuírem validade.
Se no título faltar, por exemplo, a expressão "Nota Promissória", este documento poderá ser
considerado como uma confissão de dívida, mas nunca uma Nota Promissória. É que, nessa
hipótese, estará ausente um requisito essencial de ordem legal.
Outro exemplo é caso da Nota Promissória que não contenha o valor por extenso ou em que o valor
escrito esteja rasurado.
Por fim, o Código Civil traz de forma clara e objetiva as características gerais dos títulos de crédito,
que são as seguintes:
Art. 887. O título de crédito, documento necessário ao exercício do direito
literal e autônomo nele contido, somente produz efeito quando preencha os
requisitos da lei.
Art. 888. A omissão de qualquer requisito legal, que tire ao escrito a sua
validade como título de crédito, não implica a invalidade do negócio jurídico
que lhe deu origem.
Art. 889. Deve o título de crédito conter a data da emissão, a indicação
precisa dos direitos que confere, e a assinatura do emitente.
§ 1º É à vista o título de crédito que não contenha indicação de vencimento.
§ 2º Considera-se lugar de emissão e de pagamento, quando não indicado no
título, o domicílio do emitente.
§ 3º O título poderá ser emitido a partir dos caracteres criados em computador
ou meio técnico equivalente e que constem da escrituração do emitente,
observados os requisitos mínimos previstos neste artigo.
Art. 890. Consideram-se não escritas no título a cláusula de juros, a proibitiva
de endosso, a excludente de responsabilidade pelo pagamento ou por
despesas, a que dispense a observância de termos e formalidade prescritas,
e a que, além dos limites fixados em lei, exclua ou restrinja direitos e
obrigações.
Art. 891. O título de crédito, incompleto ao tempo da emissão, deve ser
preenchido de conformidade com os ajustes realizados.
Parágrafo único. O descumprimento dos ajustes previstos neste artigo pelos
que deles participaram, não constitui motivo de oposição ao terceiro portador,
salvo se este, ao adquirir o título, tiver agido de má-fé.
Art. 892. Aquele que, sem ter poderes, ou excedendo os que tem, lança a sua
assinatura em título de crédito, como mandatário ou representante de outrem,
fica pessoalmente obrigado, e, pagando o título, tem ele os mesmos direitos
que teria o suposto mandante ou representado.

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Legislação Empresarial

Art. 893. A transferência do título de crédito implica a de todos os direitos que


lhe são inerentes.
Art. 894. O portador de título representativo de mercadoria tem o direito de
transferi-lo, de conformidade com as normas que regulam a sua circulação,
ou de receber aquela independentemente de quaisquer formalidades, além da
entrega do título devidamente quitado.
Art. 895. Enquanto o título de crédito estiver em circulação, só ele poderá ser
dado em garantia, ou ser objeto de medidas judiciais, e não, separadamente,
os direitos ou mercadorias que representa.
Art. 896. O título de crédito não pode ser reivindicado do portador que o
adquiriu de boa-fé e na conformidade das normas que disciplinam a sua
circulação.
Abaixo iremos identificar e explanar as principais características de cada um dos títulos de crédito.
Expressões Importantes na Relação Cambiária.
A área do direito que estuda os títulos de crédito é conhecida como Direito Cambiário, por isso antes
de explorarmos os títulos em espécie, importante destacar algumas expressões relevantes na
relação cambiária, conforme destacamos a seguir:
Sacar – Significa emitir o título (pode significar abater/descontar de conta bancária).
Saque – É a expedição do título, emissão ou criação.
Aceite – É a concordância em pagar.
Sacador – É o emitente, quem cria o título; ele saca, por exemplo, a letra de câmbio, dando a ordem
para o sacado pagar determinado valor em determinada data.
Sacado – É o aceitante, o devedor, pois aceitando (aceite) o título estará concordando; portanto,
deverá pagá-lo no vencimento.
Tomador – É o credor, o beneficiário, que poderá ser um terceiro (cheque ou letra de câmbio), ou ser
a mesma pessoa que o sacador (duplicata).
Cheque.
O Cheque é uma ordem de pagamento à vista, emitida contra um banco, considerando a provisão de
fundos suficientes.
Tendo em vistas que o cheque é uma ordem de pagamento, teremos três figuras: o emitente,
chamado de sacador, o sacado que é o banco que é quem recebe a ordem e efetua o pagamento e
portador, que é beneficiário, tomador ou credor.
O cheque é regulamentado pela Lei nº 7.357/85, conhecida como Lei do Cheque.
Destaca-se que o cheque ainda é um dos títulos de crédito muito utilizados, mas cabe ressaltar que
se trata de um título de crédito à vista, mesmo que por pratica comercial utilizá-o com vencimento a
prazo, é que se extrai do artigo 32 da Lei de Cheque:
Art . 32 O cheque é pagável à vista. Considera-se não-estrita qualquer
menção em contrário.
Na leitura do referido artigo verifica-se que qualquer cláusula inserida no cheque é considerada não
escrita para efeitos cambiais, como pré-datá-lo.

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Legislação Empresarial

Porém, se ao combinar com o credor do cheque que este deveria ser levado à compensação em
uma data posterior, e não sendo essa combinação cumprida, o emissor do cheque tem direito a
pleitear indenização contra o descumpridor dessa cláusula, que tem valor para efeitos civis. Esse é o
entendimento do Superior Tribunal de Justiça em sua Súmula nº 370:
Súmula 370 do STJ: Caracteriza dano moral a apresentação antecipada de
cheque pré-datado.
Em que pese ser um título pagável à vista, conforme anteriormente visto, no caso de cheque da
mesma praça/município (mesmo local de emissão e pagamento), deve ser apresentado para
pagamento até 30 dias após a data de sua emissão, caso o cheque de outra praça (locais de
emissão e pagamento distintos), o prazo é de até 60 dias, conforme artigo 33 da Lei do Cheque:
Art . 33 O cheque deve ser apresentado para pagamento, a contar do dia da
emissão, no prazo de 30 (trinta) dias, quando emitido no lugar onde houver de
ser pago; e de 60 (sessenta) dias, quando emitido em outro lugar do País ou
no exterior.
Parágrafo único - Quando o cheque é emitido entre lugares com calendários
diferentes, considera-se como de emissão o dia correspondente do calendário
do lugar de pagamento.
O cheque tem como requisitos os seguintes: a expressão “cheque”, quantia, nome do banco, data e
lugar de emissão, assinatura do emitente ou o seu mandatário especial, conforme determina o artigo
1º da Lei de Cheque:
Art . 1º O cheque contêm:
I - a denominação ‘’cheque’’ inscrita no contexto do título e expressa na língua
em que este é redigido;
II - a ordem incondicional de pagar quantia determinada;
III - o nome do banco ou da instituição financeira que deve pagar (sacado);
IV - a indicação do lugar de pagamento;
V - a indicação da data e do lugar de emissão;
VI - a assinatura do emitente (sacador), ou de seu mandatário com poderes
especiais.
Parágrafo único - A assinatura do emitente ou a de seu mandatário com
poderes especiais pode ser constituída, na forma de legislação específica, por
chancela mecânica ou processo equivalente.
É importante ter em conta que o cheque é um título vinculado, devendo, portanto, seguir os padrões
previstos na legislação quanto à sua formatação.
Além disso, pode-se perceber que o vencimento não está entre os requisitos do cheque, pois trata-se
de um título à vista, como já informado anteriormente.
Vale informar de acordo com a Lei do Cheque a possibilidade da revogação ou a sustação do
cheque.
A revogação do cheque refere-se a uma contraordem, para não pagamento ou compensação do
título, que deve ter razões motivadas de acordo com o artigo 35 da Lei do Cheque:

49
Legislação Empresarial

Art . 35 O emitente do cheque pagável no Brasil pode revogá-lo, mercê de


contra-ordem dada por aviso epistolar, ou por via judicial ou extrajudicial, com
as razões motivadoras do ato.
Parágrafo único - A revogação ou contra-ordem só produz efeito depois de
expirado o prazo de apresentação e, não sendo promovida, pode o sacado
pagar o cheque até que decorra o prazo de prescrição, nos termos do art. 59
desta Lei.
Já a sustação do cheque é uma oposição que deve ser fundada em relevante razão de direito, nos
termos do artigo 36 da Lei de Cheque:
Art . 36 Mesmo durante o prazo de apresentação, o emitente e o portador
legitimado podem fazer sustar o pagamento, manifestando ao sacado, por
escrito, oposição fundada em relevante razão de direito.
§ 1º A oposição do emitente e a revogação ou contra-ordem se excluem
reciprocamente.
§ 2º Não cabe ao sacado julgar da relevância da razão invocada pelo
oponente.
Para finalizar, precisamos mencionar alguns tipos de cheques:
Cheque pré-datado (pós-datado) é aquele em que se fixa um vencimento a prazo (uma data futura
para ser levado à compensação ou à quitação); no entanto, por ser uma ordem de pagamento à
vista, poderá ser apresentado ao banco para compensação/quitação antes da data.
O cheque cruzado é aquele que deve ser creditado a uma conta bancária, não podendo ser pago
diretamente ao credor/portador, isto é, não pode ser descontado em agência bancária por dinheiro
pelo credor, artigos 44 e 45 da Lei de Cheque.
Existe também o cheque administrativo que é aquele sacado/emitido por um banco contra um dos
seus próprios estabelecimentos ou filiais em favor de terceiro. Nesta operação de emissão de cheque
administrativo, o banco retira da conta bancária do cliente a importância e transfere para uma conta
interna sua, ou seja, do próprio banco.
Há o Cheque visado que se trata daquele em que o banco declara suficiência de fundos na conta
bancária do emissor, a pedido do credor ou do próprio emitente, artigo 7º da Lei de Cheque.
Seria algo parecido com o aceite.
Também há o cheque viagem (o traveller’s check), que é aquele emitido por agentes autorizados
para operar com moedas estrangeiras (bancos ou agências de turismo) em favor de terceiro para
utilizar o crédito em viagem.
O denominado cheque sem fundo é aquele não pago ou não
compensado por insuficiência de fundos. Se o cheque for devolvido por
falta de provisão duas vezes, seu emissor será inscrito no Cadastro de
Emitentes de Cheques sem Fundos.
Duplicata.
Duplicata, também chamada de duplicata mercantil, é o título de crédito
criado a partir de uma compra e venda mercantil, sendo emitida pelo
vendedor contra o comprador, que efetuará o pagamento.

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Legislação Empresarial

Compra e venda mercantil, no que se refere a emissão de duplicata, se refere aquela celebrada entre
empresários ou entre empresário e consumidor. Assim, é irrelevante a distinção entre compra e
venda empresarial e de consumo.
Na duplicata, o principal devedor é o sacado, que é o comprador, mas ele não é o emitente. Por sua
vez, o vendedor é ao mesmo tempo sacador, o emissor, e beneficiário, credor.
A duplicata é regulamentada pela Lei nº 5.474/68, conhecida como Lei da Duplicata.
Nos termos do art. 1º da Lei da Duplicata, é obrigatória a extração da fatura que dá origem à
duplicata nas vendas com prazo para pagamento superior a 30 dias, e facultativa nas vendas
inferiores a 30 dias:
Art . 1º Em todo o contrato de compra e venda mercantil entre partes
domiciliadas no território brasileiro, com prazo não inferior a 30 (trinta) dias,
contado da data da entrega ou despacho das mercadorias, o vendedor
extrairá a respectiva fatura para apresentação ao comprador.
O mencionado prazo começa a contar da data de entrega ou despacho da mercadoria.
Importante informar que em casos de perda ou extravio da duplicata, o vendedor é obrigado a emitir
uma cópia, uma segunda via da duplicata, chamada de triplicata, que terá idênticos efeitos e
requisitos, nos termos do artigo 23 da Lei da Duplicata:
Art . 23. A perda ou extravio da duplicata obrigará o vendedor a extrair
triplicata, que terá os mesmos efeitos e requisitos e obedecerá às mesmas
formalidades daquela.
Curioso que a emissão da triplicata é baseada na escrituração do Livro de Registro de Duplicatas.
O Livro de Registro de Duplicatas é um livro obrigatório para o empresário que emite duplicatas, pois
nele devem ser escrituradas as duplicatas, conforme artigo 19 da Lei da Duplicata:
Art . 19. A adoção do regime de vendas de que trata o art. 2º desta Lei obriga
o vendedor a ter e a escriturar o Livro de Registro de Duplicatas.
§ 1º No Registro de Duplicatas serão escrituradas, cronològicamente, tôdas
as duplicatas emitidas, com o número de ordem, data e valor das faturas
originárias e data de sua expedição; nome e domicílio do comprador;
anotações das reformas; prorrogações e outras circunstâncias necessárias.
§ 2º Os Registros de Duplicatas, que não poderão conter emendas, borrões,
rasuras ou entrelinhas, deverão ser conservados nos próprios
estabelecimentos.
§ 3º O Registro de Duplicatas poderá ser substituído por qualquer sistema
mecanizado, desde que os requesitos dêste artigo sejam observados.
O prazo prescricional para executar a duplicata é de 3 anos contra o sacado e seu avalista e de 1
ano contra os demais coobrigados, nos termos do artigo 18 da Lei de Duplicata:
Art 18 - A pretensão à execução da duplicata prescreve:
l - contra o sacado e respectivos avalistas, em 3(três) anos, contados da data
do vencimento do título;
ll - contra endossante e seus avalistas, em 1 (um) ano, contado da data do
protesto;

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Legislação Empresarial

Ill - de qualquer dos coobrigados contra os demais, em 1 (um) ano, contado


da data em que haja sido efetuado o pagamento do título.
§ 1º - A cobrança judicial poderá ser proposta contra um ou contra todos os
coobrigados, sem observância da ordem em que figurem no título
§ 2º - Os coobrigados da duplicata respondem solidariamente pelo aceite e
pelo pagamento.
Cumpre destacar que a duplicata é um título de crédito causal, pois apenas pode ser emitida nas
hipóteses previstas na lei conforme informado, ou seja, trata-se de um título vinculado.
Por fim, os requisitos da duplicata são os seguintes, conforme artigo 2º, § 1º da Lei da Duplicata:
Art . 2º No ato da emissão da fatura, dela poderá ser extraída uma duplicata
para circulação como efeito comercial, não sendo admitida qualquer outra
espécie de título de crédito para documentar o saque do vendedor pela
importância faturada ao comprador.
§ 1º A duplicata conterá:
I - a denominação "duplicata", a data de sua emissão e o número de ordem;
II - o número da fatura;
III - a data certa do vencimento ou a declaração de ser a duplicata à vista;
IV - o nome e domicílio do vendedor e do comprador;
V - a importância a pagar, em algarismos e por extenso;
VI - a praça de pagamento;
VII - a cláusula à ordem;
VIII - a declaração do reconhecimento de sua exatidão e da obrigação de
pagá-la, a ser assinada pelo comprador, como aceite, cambial;
IX - a assinatura do emitente.
Letra de Cambio.
Letra de câmbio é uma ordem de pagamento que o sacador dirige ao sacado para que este pague a
importância firmada a um terceiro denominado tomador.
A letra de cambio tem como principal legislação aplicável o Decreto nº 57.663/66, que também
regulamenta a nota promissória, e também o Decreto nº 2.044/1908 que ainda tem alguns
dispositivos em vigor, que não foram revogados, aplicando-se ainda à letra de câmbio.
Os requisitos da letra de câmbio estão previstos no Decreto n. 2.044/1908 e no Decreto n. 57.663/66
cumulativamente.
O Decreto nº 2.044/1908 e em seu artigo 1º traz os seguintes requisitos:
Art. 1º A letra de câmbio é uma ordem de pagamento e deve conter
requisitos, lançados, por extenso, no contexto:
I. A denominação “letra de câmbio” ou a denominação equivalente na língua
em que for emitida.
II. A soma de dinheiro a pagar e a espécie de moeda.

52
Legislação Empresarial

III. O nome da pessoa que deve pagá-la. Esta indicação pode ser inserida
abaixo do contexto.
IV. O nome da pessoa a quem deve ser paga. A letra pode ser ao portador e
também pode ser emitida por ordem e conta de terceiro. O sacador pode
designar-se como tomador.
V. A assinatura do próprio punho do sacador ou do mandatário especial. A
assinatura deve ser firmada abaixo do contexto.
Ao passo que o Decreto n. 57.663/66 em seu artigo 1º elenca os mesmos requisitos, acrescentando
apenas:
7 – indicação da data em que, e do lugar onde a letra é passada;

Nota Promissória.
Quando se fala em nota promissória, se trata de título de crédito consistente em uma promessa de
pagamento, de determinado valor, emitida pelo devedor ao credor.
Refere-se, à uma promessa escrita, ou melhor, uma promessa de pagamento formalizada em um
título, cujo emissor assume um compromisso em favor do credor, isto é, confessa que é devedor e
promete pagar.
Cumpre destacar que devedor na nota promissória também pode ser chamado de emitente ou
subscritor. O Credor, por sua vez, pode ser chamado beneficiário.
A legislação aplicável à nota promissória, segue a mesma norma da letra de câmbio, ou seja, a Lei
Uniforme, o Decreto nº 57.663/66 e também o já citado Decreto nº 2.044/1908 que ainda possui
alguns dispositivos em vigor, aplicando-se também à nota promissória.
Os dados lançados na nota promissória podem ser preenchidos pelo credor, sendo indispensável, no
momento da emissão, apenas a assinatura do devedor
Aqui cumpre informar o entendimento do Supremo Tribunal Federal, que entende o seguinte sobre
inserir informações após a emissão da nota promissória, em sua Súmula 387:
STF Súmula nº 387: A cambial emitida ou aceita com omissões, ou em
branco, pode ser completada pelo credor de boa-fé antes da cobrança ou do
protesto.
No mesmo sentido da mencionada Súmula, o Código Civil em seu artigo 891 prescreve o seguinte:
Art. 891. O título de crédito, incompleto ao tempo da emissão, deve ser
preenchido de conformidade com os ajustes realizados.
Verifica-se que o entendimento do STF e do Código Civil se aplicam a todos os títulos de crédito.
No que diz respeito aos requisitos da nota promissória, há os obrigatórios e outros facultativos, ou
seja, podem ou não estarem presentes no título.
Ambos estão previstos, respectivamente, nos arts. 75 e 76 do Decreto nº 57.663/66:
Os obrigatórios são os seguintes:
Art. 75. A nota promissória contém:

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Legislação Empresarial

1. denominação "nota promissória" inserta no próprio texto do título e


expressa na língua empregada para a redação desse título;
2. a promessa pura e simples de pagar uma quantia determinada;
3. a época do pagamento;
4. a indicação do lugar em que se efetuar o pagamento;
5. o nome da pessoa a quem ou à ordem de quem deve ser paga;
6. a indicação da data em que e do lugar onde a nota promissória é passada;
7. a assinatura de quem passa a nota promissória (subscritor).

Os facultativos se referem ao lugar do pagamento e a previsão de vencimento, conforme se extrai da


redação do artigo 76 do Decreto nº 57.663/66:
Art. 76. O título em que faltar algum dos requisitos indicados no artigo anterior
não produzirá efeito como nota promissória, salvo nos casos determinados
das alíneas seguintes.
A nota promissória em que se não indique a época do pagamento será
considerada à vista.
Na falta de indicação especial, o lugar onde o título foi passado considera-se
como sendo o lugar do pagamento e, ao mesmo tempo, o lugar do domicílio
do subscritor da nota promissória.
A nota promissória que não contenha indicação do lugar onde foi passada
considera-se como tendo-o sido no lugar designado ao lado do nome do
subscritor.

DESAFIO
Nos títulos de crédito, como é feita a execução (cobrança) de cada título?

54
Legislação Empresarial

TEMA 8: Contratos Empresariais.


Noções Gerais de Contrato.
Antes de abordarmos acerca dos contratos especificadamente empresariais, devemos entender
sobre a contratação de uma maneira mais ampla.
Em nosso pais não encontramos na lei uma definição de contrato.
Apesar de existir ausência de um conceito em nossa norma, no Brasil o conceito de contrato é
formulado pelos estudiosos do direito, conhecida como doutrina jurídica.
O professor Pablo Stolze Gagliano em seu livro Manual de Direito Civil volume único, Saraiva, São
Paulo, 2017, p. 385 define contrato com sendo o seguinte;
(...) o contrato é um negócio jurídico por meio do qual as partes declarantes,
limitadas pelos princípios da função social e da boa-fé objetiva,
autodisciplinam os efeitos patrimoniais que pretendem atingir, segundo a
autonomia das suas próprias vontades.
Acerca desse conceito destaca-se que o termo “autonomia das vontades” deve ser entendido como o
ato de encontro das vontades.
Por sua vez, a palavra “patrimonial” significa que a relação jurídica deve ser de direito com conteúdo
econômico, correndo o risco de não ser um contrato.
Destaca-se que o contrato é uma espécie de obrigação.
Vale ressaltar, que de forma simplificada, que a contratação poderá ser dividida, em regra, em três
fases, quais sejam: a pré-contratação; a contratação propriamente dita e pós-contratação.
No que diz respeito à fase pré-contratual, também chamada de puntuação, esta é constituída pelas
negociações, as tratativas preliminares, podendo refletir-se em convites para negociar, minutas,
intenções, estudos, discussões prévias, reuniões etc., avaliações de negócio que antecedem à
contratação.
A fase da contratação propriamente dita, também denominada conclusão contratual é a celebração
do contrato, por meio do encontro de vontades. É a efetivação deste, que pode acontecer de forma
escrita, verbal e eletrônica.
E, por fim, a fase da pós-contratação significa a execução do contrato, ou seja, o cumprimento das
prestações assumidas pelas partes. A prestação pode ser o pagamento em dinheiro de uma quantia
pelo comprador ou a entrega de um bem pelo vendedor.
Assim, pode-se dizer que a formação do contrato inicia-se com as negociações preliminares,
posteriormente ocorre a celebração do contrato, e por fim a execução dele. Mas ainda pode-se falar
em pós-cumprimento quanto aos deveres dos contratantes que são posteriores à execução do
contrato, como o dever de as partes manterem sigilo sobre detalhes sensíveis acerca do contrato
finalizado.
A seguir trataremos dos contratos empresariais que são aqueles celebrados pelo empresário
individual ou sociedade empresária, no desenvolvimento de sua atividade ou aquele celebrado entre
empresários, ou seja, os interempresariais em busca de lucratividade.
Cumpre informar que iremos apresentar as espécies de contratos com maior relevância
considerando que durante a atividade empresarial há a incidência de inúmeros contratos.

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Legislação Empresarial

Compre e venda Mercantil.


O contrato de compra e venda se encontra descrito no Código Civil indicando que se trata que uma
das partes se obriga a transferir o domínio de determinada coisa, pela qual a outra parte deverá
pagar certo preço conforme artigo 481:
Art. 481. Pelo contrato de compra e venda, um dos contratantes se obriga a
transferir o domínio de certa coisa, e o outro, a pagar-lhe certo preço em
dinheiro.
A realização da contratação de compra e venda é considerada mercantil ou empresarial, quando,
além da transferência da coisa e do seu pagamento, as partes envolvidas forem empresários, de
acordo com o conceito de empresário do já estudado artigo 966 do Código Civil.
Dessa forma, a compra e venda empresarial é aquela em que o objeto da negociação está
relacionado à atividade econômica organizada e exercida profissionalmente pelo empresário.
Na esfera do Direito Empresarial, é bastante comum a compra e venda estar associada a outros
tipos de relações contratuais, como por exemplo a prestação de serviços. Igualmente comum a
compra e venda empresarial sendo utilizada como condição, termo ou encargo a fim de adaptar as
necessidades dos contratantes. Quando não há condição, termo ou encargo, a compra e venda é
tida como pura.
Sendo pura, a compra e venda é obrigatória e perfeita quando as partes chegarem a um acordo
sobre o objeto e o preço do negócio conforme descreve o artigo 482 do Código Civil:
Art. 482. A compra e venda, quando pura, considerar-se-á obrigatória e
perfeita, desde que as partes acordarem no objeto e no preço.
Se estiver presente na contratação de compra e venda condição, termo ou encargo, nesse caso será
considerada impura, devendo assim ocorrer acordo sobre coisa, preço e demais disposições
estabelecidas.
Condição - é a cláusula que subordina o efeito do negócio jurídico a evento futuro e incerto, pode ser
suspensiva ou resolutiva. Condição suspensiva é a que suspende os efeitos do negócio durante um
período até que o evento futuro aconteça. Condição resolutiva é a que extingue o negócio assim que
ocorrer o evento futuro; podendo ser expressa ou tácita. Exemplo: O pai vai dar um carro ao filho, se
esse passar na faculdade, condição “passar na faculdade”.
Termo – se trata do acontecimento futuro e certo que subordina o início ou o término da eficácia
jurídica de determinado ato negocial. Logo, uma obrigação a termo é aquela em que se estabelece
um prazo certo para seu cumprimento, ou seja, tem um prazo definido para produzir ou não efeitos.
Exemplo: No dia 06 do próximo mês ira ser entregue o produto e realizado o pagamento.
Encargo ou modo – refere-se a uma forma como uma obrigação é cumprida. Trata-se de um ônus ou
dever estabelecido pela obrigação a uma parte do negócio. Exemplo: Só será aceito o produto se
form entregue no seguinte endereço ....
Destaca-se ainda que a compra e venda pode ser realizada mediante amostras, protótipos ou
modelos sendo que nestes casos fica entendido que o vendedor garante que o bem adquirido tenha
a qualidade correspondente, conforme indica o artigo 484 do código Civil:
Art. 484. Se a venda se realizar à vista de amostras, protótipos ou modelos,
entender-se-á que o vendedor assegura ter a coisa as qualidades que a elas
correspondem.

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Legislação Empresarial

Parágrafo único. Prevalece a amostra, o protótipo ou o modelo, se houver


contradição ou diferença com a maneira pela qual se descreveu a coisa no
contrato.
Com relação ao preço, os contratantes poderão fixar conforme as taxas de mercado ou de bolsa,
indicando a data e local para a apuração conforme se apura da leitura dos artigos 485 e 486 do
Código Civil:
Art. 485. A fixação do preço pode ser deixada ao arbítrio de terceiro, que os
contratantes logo designarem ou prometerem designar. Se o terceiro não
aceitar a incumbência, ficará sem efeito o contrato, salvo quando acordarem
os contratantes designar outra pessoa.
Art. 486. Também se poderá deixar a fixação do preço à taxa de mercado ou
de bolsa, em certo e determinado dia e lugar.
Mencionada situação é bastante utilizada em compra e venda empresarial, uma vez que os bens
negociados, muitas vezes, sofrem oscilações de preço, sendo essa uma alternativa para a fixação do
valor de forma justa.
Também é possível que os contratantes fixem os preços em função de índices ou parâmetros, desde
que existam critérios objetivos para a sua determinação, conforme artigo 487 do código Civil:
Art. 487. É lícito às partes fixar o preço em função de índices ou parâmetros,
desde que suscetíveis de objetiva determinação.
Tal procedimento, da mesma forma, costuma ser utilizado como modo de correção monetária ao
preço, a partir de índices fornecidos pelo governo ou entidades não governamentais. Sua utilização é
possível desde que os critérios para a sua determinação sejam objetivos, livre totalmente de caráter
subjetivo, que possa abrir margem à dúvida ou discussão.
Importante destacar, que se a fixação de preço ocorrer pela vontade exclusiva de uma das partes, o
contrato será considerado nulo, é o entendimento do artigo 489 do Código Civil:
Art. 489. Nulo é o contrato de compra e venda, quando se deixa ao arbítrio
exclusivo de uma das partes a fixação do preço.
Quando a compra e venda ser paga à vista, o vendedor não é obrigado a entregar a coisa antes de
receber o preço do comprador, nos termos do artigo 491 do código Civil:
Art. 491. Não sendo a venda a crédito, o vendedor não é obrigado a entregar
a coisa antes de receber o preço.
E por fim, vale destacar quando existir despesas com escritura e registro, essas ficam a cargo do
comprador; já as despesas com a tradição, que significa entrega, do bem ficam a cargo do vendedor,
porém é possível os contratantes estabelecerem de forma diversa por meio de cláusula contratual
conforme artigo 490 do Código Civil:
Art. 490. Salvo cláusula em contrário, ficarão as despesas de escritura e
registro a cargo do comprador, e a cargo do vendedor as da tradição.

Alienação Fiduciária.
Quando se fala em alienação fiduciária, essa é uma garantia em favor de quem financia a venda de
bens a prazo.

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Legislação Empresarial

A legislação que regulamenta a alienação fiduciária de bens móveis é a Lei nº 4.728/65, art. 66-B:
Art. 66-B. O contrato de alienação fiduciária celebrado no âmbito do mercado
financeiro e de capitais, bem como em garantia de créditos fiscais e
previdenciários, deverá conter, além dos requisitos definidos na Lei no
10.406, de 10 de janeiro de 2002 - Código Civil, a taxa de juros, a cláusula
penal, o índice de atualização monetária, se houver, e as demais comissões e
encargos.
§ 1º Se a coisa objeto de propriedade fiduciária não se identifica por números,
marcas e sinais no contrato de alienação fiduciária, cabe ao proprietário
fiduciário o ônus da prova, contra terceiros, da identificação dos bens do seu
domínio que se encontram em poder do devedor.
§ 2º O devedor que alienar, ou der em garantia a terceiros, coisa que já
alienara fiduciariamente em garantia, ficará sujeito à pena prevista no art.
171, § 2º, I, do Código Penal.
§ 3º É admitida a alienação fiduciária de coisa fungível e a cessão fiduciária
de direitos sobre coisas móveis, bem como de títulos de crédito, hipóteses em
que, salvo disposição em contrário, a posse direta e indireta do bem objeto da
propriedade fiduciária ou do título representativo do direito ou do crédito é
atribuída ao credor, que, em caso de inadimplemento ou mora da obrigação
garantida, poderá vender a terceiros o bem objeto da propriedade fiduciária
independente de leilão, hasta pública ou qualquer outra medida judicial ou
extrajudicial, devendo aplicar o preço da venda no pagamento do seu crédito
e das despesas decorrentes da realização da garantia, entregando ao
devedor o saldo, se houver, acompanhado do demonstrativo da operação
realizada
§ 4º No tocante à cessão fiduciária de direitos sobre coisas móveis ou sobre
títulos de crédito aplica-se, também, o disposto nos arts. 18 a 20 da Lei no
9.514, de 20 de novembro de 1997.
§ 5º Aplicam-se à alienação fiduciária e à cessão fiduciária de que trata esta
Lei os arts. 1.421, 1.425, 1.426, 1.435 e 1.436 da Lei nº 10.406, de 10 de
janeiro de 2002.
§ 6º Não se aplica à alienação fiduciária e à cessão fiduciária de que trata
esta Lei o disposto no art. 644 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002
No caso de bens imóveis é a Lei nº 9.514/97, artigos 22 e seguintes:
Art. 22. A alienação fiduciária regulada por esta Lei é o negócio jurídico pelo
qual o devedor, ou fiduciante, com o escopo de garantia, contrata a
transferência ao credor, ou fiduciário, da propriedade resolúvel de coisa
imóvel.
§ 1º A alienação fiduciária poderá ser contratada por pessoa física ou jurídica,
não sendo privativa das entidades que operam no SFI, podendo ter como
objeto, além da propriedade plena.
I - bens enfitêuticos, hipótese em que será exigível o pagamento do laudêmio,
se houver a consolidação do domínio útil no fiduciário;
II - o direito de uso especial para fins de moradia;

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Legislação Empresarial

III - o direito real de uso, desde que suscetível de alienação;


IV - a propriedade superficiária.
§ 2º Os direitos de garantia instituídos nas hipóteses dos incisos III e IV do §
1o deste artigo ficam limitados à duração da concessão ou direito de
superfície, caso tenham sido transferidos por período determinado.
Art. 23. Constitui-se a propriedade fiduciária de coisa imóvel mediante
registro, no competente Registro de Imóveis, do contrato que lhe serve de
título.
Parágrafo único. Com a constituição da propriedade fiduciária, dá-se o
desdobramento da posse, tornando-se o fiduciante possuidor direto e o
fiduciário possuidor indireto da coisa imóvel.
E ainda, só a título de informação tendo em vista que se trata de assunto de maior profundidade
sendo dedicada a profissionais da aera jurídica, o Decreto-Lei n. 911/69, que estabelece normas
processuais sobre essa alienação.
Em caso de omissões dessas normas especificas, aplicam-se supletivamente as regras do Código
Civil inerentes à matéria, presente nos seus artigos 1.361 a 1.368-B.
E ainda, se for caso de relação de consumo, aplicam-se as regras do Código de Defesa do
Consumidor, entre as quais a prevista no art. 53.
No dia-dia, os termos contratuais apresentam o título “venda e compra com alienação fiduciária”.
Esta modalidade contratual também é chamada de “alienação fiduciária em garantia”; de modo que a
alienação fiduciária não se trata, necessariamente, de um tipo contratual, mas sim de uma cláusula
em contrato de compra e venda.
O que ocorre é que a financiadora empresta recursos ao tomador para que este adquira determinado
bem junto ao vendedor, quase sempre uma loja. Nesse sentido a financeira efetua o pagamento ao
vendedor e se torna credora do comprador, ficando como proprietária do bem, e este acaba sendo
sua “garantia”.
O bem é alienado em fidúcia, que é garantia, em favor do financiador-credor, o fiduciário, que passa
a ter a posse indireta e o domínio resolúvel, independentemente da tradição do bem; enquanto o
comprador devedor, chamado de fiduciante, passa a ser possuidor direto e depositário do bem.
Tratando-se de domínio resolúvel e havendo inadimplemento, o contrato será resolvido, cabendo ao
credor pedir a devolução do bem conforme determina o artigo 1.359 do Código Civil:
Art. 1.359. Resolvida a propriedade pelo implemento da condição ou pelo
advento do termo, entendem-se também resolvidos os direitos reais
concedidos na sua pendência, e o proprietário, em cujo favor se opera a
resolução, pode reivindicar a coisa do poder de quem a possua ou detenha.
Contrato de Franquia.
A franquia consiste na cessão do uso de um sinal distintivo por um terceiro, que passará a pagar pelo
direito de vincular suas vendas à imagem de uma marca já consolidada no mercado. Sua
regulamentação é feita pela Lei nº 13.966/2019, embora as condições de cada negócio possam ser
livremente estabelecidas pelas partes signatárias.

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Legislação Empresarial

O artigo 1º traz o conceito de franquia que é o seguinte:


Art.1º Esta Lei disciplina o sistema de franquia empresarial, pelo qual um
franqueador autoriza por meio de contrato um franqueado a usar marcas e
outros objetos de propriedade intelectual, sempre associados ao direito de
produção ou distribuição exclusiva ou não exclusiva de produtos ou serviços e
também ao direito de uso de métodos e sistemas de implantação e
administração de negócio ou sistema operacional desenvolvido ou detido pelo
franqueador, mediante remuneração direta ou indireta, sem caracterizar
relação de consumo ou vínculo empregatício em relação ao franqueado ou a
seus empregados, ainda que durante o período de treinamento.
§ 1º Para os fins da autorização referida no caput, o franqueador deve ser
titular ou requerente de direitos sobre as marcas e outros objetos de
propriedade intelectual negociados no âmbito do contrato de franquia, ou
estar expressamente autorizado pelo titular.
§ 2º A franquia pode ser adotada por empresa privada, empresa estatal ou
entidade sem fins lucrativos, independentemente do segmento em que
desenvolva as atividades.
Trata-se de contrato bilateral, consensual, comutativo e oneroso.
Há adoção do mesmo sistema de organização e métodos de venda pelas empresas signatárias.
Diferente do que ocorre com a abertura de uma filial, a franquia conserva sua autonomia
administrativa em relação à matriz, ainda que esteja submetida a certos requisitos e padrões.
Não há incidência dos preceitos contidos no Código de Defesa do Consumidor na relação entre as
partes.
O contrato deve necessariamente obedecer às regras elencadas no artigo 7º que determina o
seguinte:
Art. 7º Os contratos de franquia obedecerão às seguintes condições:
I - os que produzirem efeitos exclusivamente no território nacional serão
escritos em língua portuguesa e regidos pela legislação brasileira;
II - os contratos de franquia internacional serão escritos originalmente em
língua portuguesa ou terão tradução certificada para a língua portuguesa
custeada pelo franqueador, e os contratantes poderão optar, no contrato, pelo
foro de um de seus países de domicílio.
§ 1º As partes poderão eleger juízo arbitral para solução de controvérsias
relacionadas ao contrato de franquia.
§ 2º Para os fins desta Lei, entende-se como contrato internacional de
franquia aquele que, pelos atos concernentes à sua conclusão ou execução,
à situação das partes quanto a nacionalidade ou domicílio, ou à localização
de seu objeto, tem liames com mais de um sistema jurídico.
§ 3º Caso expresso o foro de opção no contrato internacional de franquia, as
partes deverão constituir e manter representante legal ou procurador
devidamente qualificado e domiciliado no país do foro definido, com poderes
para representá-las administrativa e judicialmente, inclusive para receber
citações.

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Legislação Empresarial

Contratos de Agência e Distribuição.


Trata-se de dois tipos contratuais, agência e distribuição.
Agência - é um acordo no qual uma pessoa ou empresa assume, de forma permanente, mas sem
vínculo de dependência, a obrigação de promover negócios em uma região determinada, a conta da
parte contrária, mediante remuneração conforme artigo 710, 1ª parte (grifamos) do Código Civil:
Art. 710. Pelo contrato de agência, uma pessoa assume, em caráter não
eventual e sem vínculos de dependência, a obrigação de promover, à
conta de outra, mediante retribuição, a realização de certos negócios,
em zona determinada, caracterizando-se a distribuição quando o agente
tiver à sua disposição a coisa a ser negociada.
Parágrafo único. O proponente pode conferir poderes ao agente para que
este o represente na conclusão dos contratos.
Por sua vez o contrato de distribuição ocorre quando, além das obrigações assumidas no contrato de
agência, o agente tiver à sua disposição a coisa a ser negociada conforme a parte final do artigo 710
do Código Civil, que grifamos para facilitar a compreensão:
Art. 710. Pelo contrato de agência, uma pessoa assume, em caráter não
eventual e sem vínculos de dependência, a obrigação de promover, à conta
de outra, mediante retribuição, a realização de certos negócios, em zona
determinada, caracterizando-se a distribuição quando o agente tiver à sua
disposição a coisa a ser negociada.
Parágrafo único. O proponente pode conferir poderes ao agente para que
este o represente na conclusão dos contratos.
Na distribuição, o distribuidor é um ponto de venda efetivo, ou seja, o cliente já pode ter acesso ao
produto imediatamente em razão da sua disponibilidade.
Disponibilidade comercial, significa que o distribuidor tem a posse do
produto destinado a comercialização.
Verifica-se que o distribuidor não é um mero tirador de pedidos ou de
propostas como pode ocorre no contrato de agência; em verdade, na
distribuição há um vendedor e entregador efetivo da mercadoria, no
varejo ou no atacado.
Registre-se que nos dois contratos, o agente ou o distribuidor é um
real promotor de venda, que busca promover negócios para outrem,
chamado de preponente.
Vale destacar que o agente ou o distribuidor tem o dever de agir com toda diligência cabível,
orientado de acordo com as instruções do preponente conforme artigo 712 do Código Civil:
Art. 712. O agente, no desempenho que lhe foi cometido, deve agir com toda
diligência, atendo-se às instruções recebidas do proponente.
As despesas do agente ou do distribuidor correm por sua destes, a não ser que na contratação fique
previsto de forma diversa conforme artigo 713 do Código Civil:
Art. 713. Salvo estipulação diversa, todas as despesas com a agência ou
distribuição correm a cargo do agente ou distribuidor.

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Legislação Empresarial

DESAFIO
Explique como funciona o Contrato de Franquia, pesquise uma franquia de sucesso e apresente aos
colegas de classe.

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Legislação Empresarial

TEMA 9: Falência Empresarial.


O futuro é algo incerto e para a atividade empresarial não é diferente tendo em vista que esta sofre
altos e baixos no decorrer do tempo.
Como estudado anteriormente, por meio de contratos e outros negócios é muito comum que
empresa e empresário assumam responsabilidades e obrigações de cunho econômico, como por
exemplo empréstimos, financiamentos de determinado equipamento, impostos, obrigações
trabalhistas etc.
E nesse sentido, o sobe e desce da economia, muitas vezes a empresa ou empresário podem
cumular mais dividas do que valores a receber, ter mais credores do que devedores.
Pensando nisso, foi criada a Lei de Falência e Recuperação a Lei nº 11.101/2006, um procedimento
judicial no qual perante o Poder Judiciário dá a oportunidade para que a empresa ou empresário em
desvantagem econômica, poderá encerrar suas atividades de forma digna ou buscar se reestruturar
e seguir suas atividades.
Nesse sentido a Lei nº 11.101/2005 em seu artigo 1º descreve o seguinte:
Art. 1º Esta Lei disciplina a recuperação judicial, a recuperação extrajudicial e
a falência do empresário e da sociedade empresária, doravante referidos
simplesmente como devedor.
Vale destacar que a lei de recuperação e falência não contempla todas as atividades empresárias, já
que estabelece de forma objetiva a quem se dirige e exclui da sua aplicação conforme artigo 2º da
Lei nº 11.101/2005:
Art. 2º Esta Lei não se aplica a:
I – empresa pública e sociedade de economia mista;
II – instituição financeira pública ou privada, cooperativa de crédito, consórcio,
entidade de previdência complementar, sociedade operadora de plano de
assistência à saúde, sociedade seguradora, sociedade de capitalização e
outras entidades legalmente equiparadas às anteriores.

As atividades empresariais não contempladas no artigo 2º da Lei nº 11.101/2005, acima exposto, há


procedimento previsto nos artigos 908 e 909 do Código de Processo Civil, denominado de "concurso
de credores", porém apenas apresentamos o tema a título de informação.
Resta evidente que o instituto da falência é destinado para a atividade empresarial e somente
abrange empresas ou empresários que se encontram na condição de devedores
Vale lembrar que empresários são as pessoas físicas e empresas são jurídicas que exercem
profissionalmente atividades econômicas organizadas para a produção de bens e serviços.
Desse modo, devemos observar que as sociedades simples, aquelas não empresárias, bem como as
associações, sindicatos, etc. não estão sujeitas à falência ou à recuperação judicial.
O estudo da Lei de Falência é conhecido no ramo jurídico como direito falimentar, este não é
simples, pelo contrário, guarda varia peculiaridades e até hoje dá origem à discussões sobre diversos
temas que o cercam.
Portanto, podemos concluir que o primeiro requisito para aplicação da falência será a qualidade de
empresário.

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Legislação Empresarial

O segundo requisito, considerando a intenção da lei, é a caracterização da insolvência do empresário


devedor, ou sociedade empresária devedora.
Quando falamos em insolvência, esta palavra se refere ao empresário ou sociedade empresária que
se encontra na situação de devedor em um ponto que não possui condições de cumprir com o
pagamento das dívidas.
Para aplicação da lei de falência, a insolvência não deve ser interpretada apenas no sentido
econômico, que significa que o patrimônio do devedor é insuficiente para pagar suas dívidas, ou seja,
o empresário ou sociedade empresária possui um montante de dívida maior do que o montante a
receber.
Deve-se considerar que para o direito falimentar a insolvência se manifesta também pela
incapacidade do devedor de quitar pontualmente as suas dívidas.
Portanto, mesmo que o patrimônio do devedor seja hipoteticamente maior que as dívidas, há ainda a
possibilidade de ser decretada sua falência entre outras situações, conforme se extrai da leitura do
artigo 94 da Lei nº 11.101/2005:
Art. 94. Será decretada a falência do devedor que:
I – sem relevante razão de direito, não paga, no vencimento, obrigação
líquida materializada em título ou títulos executivos protestados cuja soma
ultrapasse o equivalente a 40 (quarenta) salários-mínimos na data do pedido
de falência;
II – executado por qualquer quantia líquida, não paga, não deposita e não
nomeia à penhora bens suficientes dentro do prazo legal;
III – pratica qualquer dos seguintes atos, exceto se fizer parte de plano de
recuperação judicial:
a) procede à liquidação precipitada de seus ativos ou lança mão de meio
ruinoso ou fraudulento para realizar pagamentos;
b) realiza ou, por atos inequívocos, tenta realizar, com o objetivo de retardar
pagamentos ou fraudar credores, negócio simulado ou alienação de parte ou
da totalidade de seu ativo a terceiro, credor ou não;
c) transfere estabelecimento a terceiro, credor ou não, sem o consentimento
de todos os credores e sem ficar com bens suficientes para solver seu
passivo;
d) simula a transferência de seu principal estabelecimento com o objetivo de
burlar a legislação ou a fiscalização ou para prejudicar credor;
e) dá ou reforça garantia a credor por dívida contraída anteriormente sem
ficar com bens livres e desembaraçados suficientes para saldar seu passivo;
f) ausenta-se sem deixar representante habilitado e com recursos suficientes
para pagar os credores, abandona estabelecimento ou tenta ocultar-se de seu
domicílio, do local de sua sede ou de seu principal estabelecimento;
g) deixa de cumprir, no prazo estabelecido, obrigação assumida no plano de
recuperação judicial.
§ 1º Credores podem reunir-se em litisconsórcio a fim de perfazer o limite
mínimo para o pedido de falência com base no inciso I do caput deste artigo.

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Legislação Empresarial

§ 2º Ainda que líquidos, não legitimam o pedido de falência os créditos que


nela não se possam reclamar.
§ 3º Na hipótese do inciso I do caput deste artigo, o pedido de falência será
instruído com os títulos executivos na forma do parágrafo único do art. 9º
desta Lei, acompanhados, em qualquer caso, dos respectivos instrumentos
de protesto para fim falimentar nos termos da legislação específica.
§ 4º Na hipótese do inciso II do caput deste artigo, o pedido de falência será
instruído com certidão expedida pelo juízo em que se processa a execução.
§ 5º Na hipótese do inciso III do caput deste artigo, o pedido de falência
descreverá os fatos que a caracterizam, juntando-se as provas que houver e
especificando-se as que serão produzidas.
Antes do início do procedimento de falência propriamente dito, existe uma fase pré-falimentar, que
inicia com o pedido de falência, posteriormente com a resposta da empresa ou empresário devedor e
conclui quando o juiz, considerando os requisitos da qualidade de empresário e a caracterização ou
não do estado de insolvência do devedor, nega ou decreta a falência.
Assim, o decreto de falência, que se trata de uma decisão judicial, é o terceiro requisito que
determina o início da fase da chamada de execução concursal, que nada mais é do que a fase que
busca pagar em igualdade de condições os credores.
Observa-se que há possibilidades em que o próprio devedor tem a alternativa de pedir sua própria
falência, seus familiares, sócios e credores conforme já mencionado, porém, em algumas hipóteses
previstas, a lei é objetiva ao estabelecer a obrigação do devedor de requerer a sua própria falência
conforme artigos 97 e 105 da Lei nº 11.101/2005 determina:
Art. 97. Podem requerer a falência do devedor:
I – o próprio devedor, na forma do disposto nos arts. 105 a 107 desta Lei;
II – o cônjuge sobrevivente, qualquer herdeiro do devedor ou o inventariante;
III – o cotista ou o acionista do devedor na forma da lei ou do ato constitutivo
da sociedade;
IV – qualquer credor.
§ 1º O credor empresário apresentará certidão do Registro Público de
Empresas que comprove a regularidade de suas atividades.
§ 2º O credor que não tiver domicílio no Brasil deverá prestar caução relativa
às custas e ao pagamento da indenização de que trata o art. 101 desta Lei.
Art. 105. O devedor em crise econômico-financeira que julgue não atender
aos requisitos para pleitear sua recuperação judicial deverá requerer ao juízo
sua falência, expondo as razões da impossibilidade de prosseguimento da
atividade empresarial, acompanhadas dos seguintes documentos:
I – demonstrações contábeis referentes aos 3 (três) últimos exercícios sociais
e as levantadas especialmente para instruir o pedido, confeccionadas com
estrita observância da legislação societária aplicável e compostas
obrigatoriamente de:
a) balanço patrimonial;

65
Legislação Empresarial

b) demonstração de resultados acumulados;


c) demonstração do resultado desde o último exercício social;
d) relatório do fluxo de caixa;
II – relação nominal dos credores, indicando endereço, importância, natureza
e classificação dos respectivos créditos;
III – relação dos bens e direitos que compõem o ativo, com a respectiva
estimativa de valor e documentos comprobatórios de propriedade;
IV – prova da condição de empresário, contrato social ou estatuto em vigor
ou, se não houver, a indicação de todos os sócios, seus endereços e a
relação de seus bens pessoais;
V – os livros obrigatórios e documentos contábeis que lhe forem exigidos por
lei;
VI – relação de seus administradores nos últimos 5 (cinco) anos, com os
respectivos endereços, suas funções e participação societária.
Importante destacar, o quando o Poder Judiciário irá considerar a falência da mepresa ou do
empresário, ou seja, qual a data que ocorreu a falência.
Para o questionamento acima, o juiz, ao decretar a falência, fixa também o termo legal da falência,
ou seja, a partir de qual data a falência produzirá seus efeitos jurídicos, conforme artigo 99, II da Lei
nº 11.101/2005:
Art. 99. A sentença que decretar a falência do devedor, dentre outras
determinações:
I – conterá a síntese do pedido, a identificação do falido e os nomes dos que
forem a esse tempo seus administradores;
II – fixará o termo legal da falência, sem poder retrotraí-lo por mais de 90
(noventa) dias contados do pedido de falência, do pedido de recuperação
judicial ou do 1º (primeiro) protesto por falta de pagamento, excluindo-se, para
esta finalidade, os protestos que tenham sido cancelados;
Alguns estudiosos do direito, chamados de doutrinadores, chamam essa data a ser considerada pelo
juiz, o termo legal da falência, de período suspeito.
Essa data é importante pois vai delimitar o espaço de tempo em que os credores poderão investigar
os atos do falido, verificando se não houve qualquer movimentação de recursos e bens que deveriam
ser arrecadados para a massa falida e servir como pagamento das dívidas.
Importante destacar que este é um período de tempo, apenas para o processo judicial, que torna
ineficazes os atos eventualmente praticados em detrimento dos credores dentro do termo legal da
falência.
É que, se aparecerem provas de fraude, mesmo em período anterior ao termo legal, qualquer
interessado poderá ajuizar a ação revocatória, com o objetivo de anular as operações ilegais e trazer
para a massa falida todos os bens e recursos eventualmente desviados.

Vale informar, que o devedor no processo de falência, ou seja empresa ou empresário, não se
sujeitará a cumprir com eventuais obrigações contraídas a título gratuito e nem às despesas que os

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Legislação Empresarial

credores fizerem para tomar parte na recuperação judicial ou na falência, salvo as custas judiciais
originárias de litígio com o credor, conforme artigo 5º da Lei nº 11.101/2005:
Art. 5º Não são exigíveis do devedor, na recuperação judicial ou na falência:
I – as obrigações a título gratuito;
II – as despesas que os credores fizerem para tomar parte na recuperação
judicial ou na falência, salvo as custas judiciais decorrentes de litígio com o
devedor.
Merece destaque, quando decretada a falência ou deferido o processamento da recuperação judicial,
ocorrerá a suspensão da prescrição e de todas as ações e execuções em face do empresário ou da
sociedade empresária, inclusive aquelas dos credores particulares do sócio solidário, conforme artigo
6º da Lei nº 11.101/2005:
Art. 6º A decretação da falência ou o deferimento do processamento da
recuperação judicial implica
I - suspensão do curso da prescrição das obrigações do devedor sujeitas ao
regime desta Lei;
II - suspensão das execuções ajuizadas contra o devedor, inclusive daquelas
dos credores particulares do sócio solidário, relativas a créditos ou obrigações
sujeitos à recuperação judicial ou à falência;
III - proibição de qualquer forma de retenção, arresto, penhora, sequestro,
busca e apreensão e constrição judicial ou extrajudicial sobre os bens do
devedor, oriunda de demandas judiciais ou extrajudiciais cujos créditos ou
obrigações sujeitem-se à recuperação judicial ou à falência.
Só a título de informação, pois será tratado em tópico próprio, na recuperação judicial a suspensão
da prescrição das ações e execuções será de 180 (cento e oitenta) dias. Decorrido o prazo legal, os
credores readquirem o direito de iniciar ou continuar suas ações e execuções, ainda que não tenha
ocorrido o pronunciamento judicial.
No processo de falência o juiz poderá aceitar a recuperação judicial e
homologar o plano de recuperação extrajudicial ou decretar a falência do
principal estabelecimento do devedor, ou da filial de empresa ainda que
sediada no exterior.
O Administrador Judicial, escolhido pelo juiz, poderá ser pessoa física ou
jurídica, será um profissional idôneo, preferencialmente advogado,
economista, administrador de empresas, contador ou pessoa
juridicamente especializada.
Simplificando, o juiz nomeará o administrador judicial para que cuide dos bens da empresa em
falência e gerencie os bens que restaram para buscar pagar o maior número de credores possíveis.
Funciona assim: o juiz vai ordenar a expedição de um edital para sua publicação no órgão oficial, ou
da sentença que decretar a falência do devedor, também publicada em órgão oficial, os credores
terão prazo de 15 (quinze) dias para apresentar ao Administrador Judicial suas habilitações ou
divergências quanto aos créditos relacionados, ou seja, os credores terão que demonstrar para o
administrador o quanto tem direito a receber.
Superada a fase acima, o Administrador Judicial, atendidos os requisitos da lei, fará publicar edital
contendo a relação dos credores no prazo de 45 (quarenta e cinco) dias, devendo indicar o horário, o

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Legislação Empresarial

local e o prazo comum em que qualquer credor, o comitê, o devedor ou seus sócios, ou ainda o
Ministério Público terão acesso aos documentos que deram fundamento para a instauração do
processo judicial., conforme dispõe detalhadamente os artigos 7º e 7º-A da Lei nº 11.101/2005:
Art. 7º A verificação dos créditos será realizada pelo administrador judicial,
com base nos livros contábeis e documentos comerciais e fiscais do devedor
e nos documentos que lhe forem apresentados pelos credores, podendo
contar com o auxílio de profissionais ou empresas especializadas.
§ 1º Publicado o edital previsto no art. 52, § 1º , ou no parágrafo único do art.
99 desta Lei, os credores terão o prazo de 15 (quinze) dias para apresentar
ao administrador judicial suas habilitações ou suas divergências quanto aos
créditos relacionados.
§ 2º O administrador judicial, com base nas informações e documentos
colhidos na forma do caput e do § 1º deste artigo, fará publicar edital
contendo a relação de credores no prazo de 45 (quarenta e cinco) dias,
contado do fim do prazo do § 1º deste artigo, devendo indicar o local, o
horário e o prazo comum em que as pessoas indicadas no art. 8º desta Lei
terão acesso aos documentos que fundamentaram a elaboração dessa
relação.
Art. 7º-A. Na falência, após realizadas as intimações e publicado o edital,
conforme previsto, respectivamente, no inciso XIII do caput e no § 1º do art.
99 desta Lei, o juiz instaurará, de ofício, para cada Fazenda Pública credora,
incidente de classificação de crédito público e determinará a sua intimação
eletrônica para que, no prazo de 30 (trinta) dias, apresente diretamente ao
administrador judicial ou em juízo, a depender do momento processual, a
relação completa de seus créditos inscritos em dívida ativa, acompanhada
dos cálculos, da classificação e das informações sobre a situação atual.
§ 1º Para efeito do disposto no caput deste artigo, considera-se Fazenda
Pública credora aquela que conste da relação do edital previsto no § 1º do art.
99 desta Lei, ou que, após a intimação prevista no inciso XIII do caput do art.
99 desta Lei, alegue nos autos, no prazo de 15 (quinze) dias, possuir crédito
contra o falido.
§ 2º Os créditos não definitivamente constituídos, não inscritos em dívida
ativa ou com exigibilidade suspensa poderão ser informados em momento
posterior.
§ 3º Encerrado o prazo de que trata o caput deste artigo:
I - o falido, os demais credores e o administrador judicial disporão do prazo de
15 (quinze) dias para manifestar objeções, limitadamente, sobre os cálculos e
a classificação para os fins desta Lei;
II - a Fazenda Pública, ultrapassado o prazo de que trata o inciso I deste
parágrafo, será intimada para prestar, no prazo de 10 (dez) dias, eventuais
esclarecimentos a respeito das manifestações previstas no referido inciso;
III - os créditos serão objeto de reserva integral até o julgamento definitivo
quando rejeitados os argumentos apresentados de acordo com o inciso II
deste parágrafo;

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Legislação Empresarial

IV - os créditos incontroversos, desde que exigíveis, serão imediatamente


incluídos no quadro-geral de credores, observada a sua classificação;
V - o juiz, anteriormente à homologação do quadro-geral de credores,
concederá prazo comum de 10 (dez) dias para que o administrador judicial e
a Fazenda Pública titular de crédito objeto de reserva manifestem-se sobre a
situação atual desses créditos e, ao final do referido prazo, decidirá acerca da
necessidade de mantê-la.
§ 4º Com relação à aplicação do disposto neste artigo, serão observadas as
seguintes disposições:
I - a decisão sobre os cálculos e a classificação dos créditos para os fins do
disposto nesta Lei, bem como sobre a arrecadação dos bens, a realização do
ativo e o pagamento aos credores, competirá ao juízo falimentar;
II - a decisão sobre a existência, a exigibilidade e o valor do crédito,
observado o disposto no inciso II do caput do art. 9º desta Lei e as demais
regras do processo de falência, bem como sobre o eventual prosseguimento
da cobrança contra os corresponsáveis, competirá ao juízo da execução
fiscal;
III - a ressalva prevista no art. 76 desta Lei, ainda que o crédito reconhecido
não esteja em cobrança judicial mediante execução fiscal, aplicar-se-á, no
que couber, ao disposto no inciso II deste parágrafo;
IV - o administrador judicial e o juízo falimentar deverão respeitar a presunção
de certeza e liquidez de que trata o art. 3º da Lei nº 6.830, de 22 de setembro
de 1980, sem prejuízo do disposto nos incisos II e III deste parágrafo;
V - as execuções fiscais permanecerão suspensas até o encerramento da
falência, sem prejuízo da possibilidade de prosseguimento contra os
corresponsáveis;
VI - a restituição em dinheiro e a compensação serão preservadas, nos
termos dos arts. 86 e 122 desta Lei; e
VII - o disposto no art. 10 desta Lei será aplicado, no que couber, aos créditos
retardatários
§ 5º Na hipótese de não apresentação da relação referida no caput deste
artigo no prazo nele estipulado, o incidente será arquivado e a Fazenda
Pública credora poderá requerer o desarquivamento, observado, no que
couber, o disposto no art. 10 desta Lei
§ 6º As disposições deste artigo aplicam-se, no que couber, às execuções
fiscais e às execuções de ofício que se enquadrem no disposto nos incisos
VII e VIII do caput do art. 114 da Constituição Federal.
§ 7º O disposto neste artigo aplica-se, no que couber, aos créditos do Fundo
de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).
§ 8º Não haverá condenação em honorários de sucumbência no incidente de
que trata este artigo.

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Legislação Empresarial

Não obedecido este prazo, as habilitações de crédito serão recebidas como retardatárias.
Por fim, no processo de falência existe uma ordem de preferência de credores a serem pagos, ou
seja, dos credores da empresa ou empresário devedor existe uma ordem de que receberá primeiro,
segundo e assim por diante conforme artigo 83 da Lei nº 11.101/2005:
Art. 83. A classificação dos créditos na falência obedece à seguinte ordem:
I - os créditos derivados da legislação trabalhista, limitados a 150 (cento e
cinquenta) salários-mínimos por credor, e aqueles decorrentes de acidentes
de trabalho;
II - créditos com garantia real até o limite do valor do bem gravado;
II - os créditos gravados com direito real de garantia até o limite do valor do
bem gravado;
III – créditos tributários, independentemente da sua natureza e tempo de
constituição, excetuadas as multas tributárias;
III - os créditos tributários, independentemente da sua natureza e do tempo de
constituição, exceto os créditos extraconcursais e as multas tributárias;
VI - os créditos quirografários, a saber:
a) aqueles não previstos nos demais incisos deste artigo;
b) os saldos dos créditos não cobertos pelo produto da alienação dos bens
vinculados ao seu pagamento; e
c) os saldos dos créditos derivados da legislação trabalhista que excederem o
limite estabelecido no inciso I do caput deste artigo;
VII - as multas contratuais e as penas pecuniárias por infração das leis penais
ou administrativas, incluídas as multas tributárias;
VIII - os créditos subordinados, a saber:
a) os previstos em lei ou em contrato; e
b) os créditos dos sócios e dos administradores sem vínculo empregatício
cuja contratação não tenha observado as condições estritamente comutativas
e as práticas de mercado;
IX - os juros vencidos após a decretação da falência, conforme previsto no
art. 124 desta Lei.
§ 1º Para os fins do inciso II do caput deste artigo, será considerado como
valor do bem objeto de garantia real a importância efetivamente arrecadada
com sua venda, ou, no caso de alienação em bloco, o valor de avaliação do
bem individualmente considerado.
§ 2º Não são oponíveis à massa os valores decorrentes de direito de sócio ao
recebimento de sua parcela do capital social na liquidação da sociedade.
§ 3º As cláusulas penais dos contratos unilaterais não serão atendidas se as
obrigações neles estipuladas se vencerem em virtude da falência.
§ 4º (Revogado).

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Legislação Empresarial

§ 5º Para os fins do disposto nesta Lei, os créditos cedidos a qualquer título


manterão sua natureza e classificação.

§ 6º § 6º Para os fins do disposto nesta Lei, os créditos que disponham de


privilégio especial ou geral em outras normas integrarão a classe dos créditos
quirografários.
DESAFIO
Pesquise: No processo de falência, de que forma os bens e direitos da empresa são liquidados aos
credores?

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Legislação Empresarial

TEMA 10: Recuperação Empresarial.


Conforme dito anteriormente, a vida empresarial passa por altos e baixos.
E nesse contexto muitas vezes o empresário ou empresa possuem mais dividas do que valores a
receber.
Além da falência a mesma Lei nº 11.101/2005 possibilita a Recuperação Judicial da empresa ou
empresário em situação econômica delicada.
É como se fosse o outro lado da moeda da falência. Na falência a empresa ou empresário como
problemas econômicos vão até o Poder Judiciário informam que estarão encerrando as atividades
porém querem saldar o máximo de obrigações possíveis, na recuperação empresa ou empresário
com problemas vão até o Poder Judiciário para informar que passam por problemas econômicos
porém querem retomar e continuar suas atividades.
A recuperação judicial é uma ação que é apresentada perante o Poder Judiciário, que se destina,
essencialmente, a viabilizar a superação da situação de crises econômicas ou financeiras de
empresários ou sociedades empresárias conforme prescreve o artigo 47 da Lei nº 11.101/2005:
Art. 47. A recuperação judicial tem por objetivo viabilizar a superação da
situação de crise econômico-financeira do devedor, a fim de permitir a
manutenção da fonte produtora, do emprego dos trabalhadores e dos
interesses dos credores, promovendo, assim, a preservação da empresa, sua
função social e o estímulo à atividade econômica.
É de se notar que a lei buscou proteger o interesse social, o estímulo e a preservação da atividade
econômica, pois são fatores essenciais para o crescimento e desenvolvimento de uma sociedade.
Com a recuperação judicial e consequente preservação da empresa nascem certas finalidades, quais
sejam, a permissão da manutenção das fontes produtoras, bem como dos empregados e dos
interesses dos credores, além do estímulo ao fomento da atividade econômica e da função social.
A Lei 11.101/2005 prevê taxativamente as situações e requisitos para que se possa reconhecer o
direito à pedir recuperação judicial.
A enumeração das situações fáticas que ensejam o requerimento da recuperação judicial, embora
não impliquem na obrigatoriedade da concessão, afastam da hipótese de obtenção do benefício os
devedores que não atendam aos requisitos estabelecidos, conforme artigo 48 da Lei nº 11.101/2005:
Art. 48. Poderá requerer recuperação judicial o devedor que, no momento do
pedido, exerça regularmente suas atividades há mais de 2 (dois) anos e que
atenda aos seguintes requisitos, cumulativamente:
I – não ser falido e, se o foi, estejam declaradas extintas, por sentença
transitada em julgado, as responsabilidades daí decorrentes;
II – não ter, há menos de 5 (cinco) anos, obtido concessão de recuperação
judicial;
III - não ter, há menos de 5 (cinco) anos, obtido concessão de recuperação
judicial com base no plano especial de que trata a Seção V deste Capítulo;
IV – não ter sido condenado ou não ter, como administrador ou sócio
controlador, pessoa condenada por qualquer dos crimes previstos nesta Lei.
§ 1º A recuperação judicial também poderá ser requerida pelo cônjuge
sobrevivente, herdeiros do devedor, inventariante ou sócio remanescente.

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Legislação Empresarial

§ 2º No caso de exercício de atividade rural por pessoa jurídica, admite-se a


comprovação do prazo estabelecido no caput deste artigo por meio da
Escrituração Contábil Fiscal (ECF), ou por meio de obrigação legal de
registros contábeis que venha a substituir a ECF, entregue tempestivamente.
§ 3º Para a comprovação do prazo estabelecido no caput deste artigo, o
cálculo do período de exercício de atividade rural por pessoa física é feito
com base no Livro Caixa Digital do Produtor Rural (LCDPR), ou por meio de
obrigação legal de registros contábeis que venha a substituir o LCDPR, e pela
Declaração do Imposto sobre a Renda da Pessoa Física (DIRPF) e balanço
patrimonial, todos entregues tempestivamente.
§ 4º Para efeito do disposto no § 3º deste artigo, no que diz respeito ao
período em que não for exigível a entrega do LCDPR, admitir-se-á a entrega
do livro-caixa utilizado para a elaboração da DIRPF.
§ 5º Para os fins de atendimento ao disposto nos §§ 2º e 3º deste artigo, as
informações contábeis relativas a receitas, a bens, a despesas, a custos e a
dívidas deverão estar organizadas de acordo com a legislação e com o
padrão contábil da legislação correlata vigente, bem como guardar obediência
ao regime de competência e de elaboração de balanço patrimonial por
contador habilitado.
Simplificando, considerando as disposições legais, possuem legitimidade ativa para requerer a
recuperação judicial as seguintes pessoas ou entes: o empresário; a sociedade empresária; o
cônjuge sobrevivente; os herdeiros; o inventariante e o sócio remanescente conforme acima exposto.
A recuperação judicial, por ficção legal, se estende aos valores, os créditos existentes na data do
pedido, mesmo aqueles ainda não vencidos:
Destaca-se que as obrigações anteriores à recuperação judicial estarão sujeitas às condições
originais estipuladas em contrato ou definidas em lei, inclusive em relação aos encargos conforme
descreve o artigo 49 da Lei nº 11.101/2005:
Art. 49. Estão sujeitos à recuperação judicial todos os créditos existentes na
data do pedido, ainda que não vencidos.
§ 1º Os credores do devedor em recuperação judicial conservam seus direitos
e privilégios contra os coobrigados, fiadores e obrigados de regresso.
§ 2º As obrigações anteriores à recuperação judicial observarão as condições
originalmente contratadas ou definidas em lei, inclusive no que diz respeito
aos encargos, salvo se de modo diverso ficar estabelecido no plano de
recuperação judicial.
§ 3º Tratando-se de credor titular da posição de proprietário fiduciário de bens
móveis ou imóveis, de arrendador mercantil, de proprietário ou promitente
vendedor de imóvel cujos respectivos contratos contenham cláusula de
irrevogabilidade ou irretratabilidade, inclusive em incorporações imobiliárias,
ou de proprietário em contrato de venda com reserva de domínio, seu crédito
não se submeterá aos efeitos da recuperação judicial e prevalecerão os
direitos de propriedade sobre a coisa e as condições contratuais, observada a
legislação respectiva, não se permitindo, contudo, durante o prazo de
suspensão a que se refere o § 4º do art. 6º desta Lei, a venda ou a retirada do

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Legislação Empresarial

estabelecimento do devedor dos bens de capital essenciais a sua atividade


empresarial.
§ 4º Não se sujeitará aos efeitos da recuperação judicial a importância a que
se refere o inciso II do art. 86 desta Lei.
§ 5º Tratando-se de crédito garantido por penhor sobre títulos de crédito,
direitos creditórios, aplicações financeiras ou valores mobiliários, poderão ser
substituídas ou renovadas as garantias liquidadas ou vencidas durante a
recuperação judicial e, enquanto não renovadas ou substituídas, o valor
eventualmente recebido em pagamento das garantias permanecerá em conta
vinculada durante o período de suspensão de que trata o § 4º do art. 6º desta
Lei.
§ 6º Nas hipóteses de que tratam os §§ 2º e 3º do art. 48 desta Lei, somente
estarão sujeitos à recuperação judicial os créditos que decorram
exclusivamente da atividade rural e estejam discriminados nos documentos a
que se referem os citados parágrafos, ainda que não vencidos.
§ 7º Não se sujeitarão aos efeitos da recuperação judicial os recursos
controlados e abrangidos nos termos dos arts. 14 e 21 da Lei nº 4.829, de 5
de novembro de 1965.
§ 8º Estarão sujeitos à recuperação judicial os recursos de que trata o § 7º
deste artigo que não tenham sido objeto de renegociação entre o devedor e a
instituição financeira antes do pedido de recuperação judicial, na forma de ato
do Poder Executivo.
§ 9º Não se enquadrará nos créditos referidos no caput deste artigo aquele
relativo à dívida constituída nos 3 (três) últimos anos anteriores ao pedido de
recuperação judicial, que tenha sido contraída com a finalidade de aquisição
de propriedades rurais, bem como as respectivas garantias.
Como visto no procedimento de falência o juiz nomeia um administrador para cuidar dos bens da
empresa ou empresário, aqui na recuperação judicial é previsão legal que o próprio devedor
demonstre para o juiz um plano de recuperação.
Conforme já dito, o plano de recuperação judicial deverá ser apresentado pelo devedor em juízo,
dentro do prazo de 60 (sessenta dias) da decisão de deferimento e deverá ser convincente na
demonstração de que a empresa tem capacidade de utilizar as formas e meios disponíveis para
viabilizar a sua recuperação econômico-financeira, respeitando os direitos e interesses gerais e
sociais.
A lei persegue o resguardo do interesse empresarial, tributário e social, contudo, se não existirem
condições para que a empresa se recupere, o único caminho que restará ao juiz será o decreto da
falência.
Simplificando, a empresa ou empresário que solicitar sua recuperação judicial, após autorizado pelo
juiz deverá apresentar um plano, chamado plano de recuperação judicial, demonstrando para o juiz
de forma clara e objetiva, a real possibilidade de que a empresa ou empresário em dificuldade
econômica poderá se recuperar e retomar suas atividades contribuindo socialmente, conforme artigo
53 da Lei nº 11.101/2005:
Art. 53. O plano de recuperação será apresentado pelo devedor em juízo no
prazo improrrogável de 60 (sessenta) dias da publicação da decisão que

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Legislação Empresarial

deferir o processamento da recuperação judicial, sob pena de convolação em


falência, e deverá conter:
I – discriminação pormenorizada dos meios de recuperação a ser
empregados, conforme o art. 50 desta Lei, e seu resumo;
II – demonstração de sua viabilidade econômica; e
III – laudo econômico-financeiro e de avaliação dos bens e ativos do devedor,
subscrito por profissional legalmente habilitado ou empresa especializada.
Parágrafo único. O juiz ordenará a publicação de edital contendo aviso aos
credores sobre o recebimento do plano de recuperação e fixando o prazo
para a manifestação de eventuais objeções, observado o art. 55 desta Lei.
Ainda, o Plano de Recuperação Judicial não poderá estabelecer prazo superior a um ano para a
realização dos pagamentos dos créditos fruto da legislação do trabalho ou dos créditos decorrentes
de acidentes de trabalho vencidos até a data do efetivo pedido de recuperação judicial.
Não é possível estabelecer prazo superior a 30 (trinta) dias para o pagamento, até o limite de 05
(cinco) salários-mínimos por trabalhador, dos créditos de natureza estritamente salarial, desde que
vencidos nos últimos três meses anteriores ao pedido de recuperação judicial, conforme descrito no
artigo 54 da Lei nº 11.101/2005:
Art. 54. O plano de recuperação judicial não poderá prever prazo superior a 1
(um) ano para pagamento dos créditos derivados da legislação do trabalho ou
decorrentes de acidentes de trabalho vencidos até a data do pedido de
recuperação judicial.
§ 1º. O plano não poderá, ainda, prever prazo superior a 30 (trinta) dias para
o pagamento, até o limite de 5 (cinco) salários-mínimos por trabalhador, dos
créditos de natureza estritamente salarial vencidos nos 3 (três) meses
anteriores ao pedido de recuperação judicial.
§ 2º O prazo estabelecido no caput deste artigo poderá ser estendido em até
2 (dois) anos, se o plano de recuperação judicial atender aos seguintes
requisitos, cumulativamente:
I - apresentação de garantias julgadas suficientes pelo juiz;
II - aprovação pelos credores titulares de créditos derivados da legislação
trabalhista ou decorrentes de acidentes de trabalho, na forma do § 2º do art.
45 desta Lei; e
III - garantia da integralidade do pagamento dos créditos trabalhistas.

Uma peculiaridade na Recuperação Judicial, diferentemente da Falência, e ainda se trata de uma


condição realmente importante é o tratamento igualitário entre credores da mesma classe.
Entretanto, a lei afastou a possibilidade de negociação dos créditos de natureza tributária, os
derivados da legislação trabalhista ou de acidentes do trabalho, e os negócios e contratos acertados
com terceiros anteriormente garantidos por outras formas legais conforme artigo 161 da Lei nº
11.101/2005:
Art. 161. O devedor que preencher os requisitos do art. 48 desta Lei poderá
propor e negociar com credores plano de recuperação extrajudicial.

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Legislação Empresarial

§ 1º Estão sujeitos à recuperação extrajudicial todos os créditos existentes na


data do pedido, exceto os créditos de natureza tributária e aqueles previstos
no § 3º do art. 49 e no inciso II do caput do art. 86 desta Lei, e a sujeição dos
créditos de natureza trabalhista e por acidentes de trabalho exige negociação
coletiva com o sindicato da respectiva categoria profissional.
§ 2º O plano não poderá contemplar o pagamento antecipado de dívidas nem
tratamento desfavorável aos credores que a ele não estejam sujeitos.

§ 3º O devedor não poderá requerer a homologação de plano extrajudicial, se


estiver pendente pedido de recuperação judicial ou se houver obtido
recuperação judicial ou homologação de outro plano de recuperação
extrajudicial há menos de 2 (dois) anos.
§ 4º O pedido de homologação do plano de recuperação extrajudicial não
acarretará suspensão de direitos, ações ou execuções, nem a impossibilidade
do pedido de decretação de falência pelos credores não sujeitos ao plano de
recuperação extrajudicial.
§ 5º Após a distribuição do pedido de homologação, os credores não poderão
desistir da adesão ao plano, salvo com a anuência expressa dos demais
signatários.
§ 6º A sentença de homologação do plano de recuperação extrajudicial
constituirá título executivo judicial, nos termos do art. 584, inciso III do caput,
da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil.
Ainda sobre o plano de recuperação judicial, nos termos do artigo 55 da Lei nº 11.101/2005, os
credores não estão obrigados a aceitar o plano de recuperação apresentado pelo empresário ou
empresa devedora, respeitado o momento e prazo processual descritos:
Art. 55. Qualquer credor poderá manifestar ao juiz sua objeção ao plano de
recuperação judicial no prazo de 30 (trinta) dias contado da publicação da
relação de credores de que trata o § 2º do art. 7º desta Lei.
Parágrafo único. Caso, na data da publicação da relação de que trata o caput
deste artigo, não tenha sido publicado o aviso previsto no art. 53, parágrafo
único, desta Lei, contar-se-á da publicação deste o prazo para as objeções.
Caso ocorra um dos credores não concorde com o plano de recuperação apresentado pelo
empresário ou empresa devedora conforme acima exposto, o juiz convocará os demais credores no
prazo de 150 (cento e cinquenta) dias, chamada de assembleia-geral de credores, para que esses
manifestem acerca do contestado plano de recuperação judicial.
Será realizado procedimento junto de administrador judicial, assemblei-geral de credores e
participação do devedor para elaboração de novo plano de recuperação, conforme descrito no artigo
56 da Lei nº 11.101/2005:
Art. 56. Havendo objeção de qualquer credor ao plano de recuperação
judicial, o juiz convocará a assembléia-geral de credores para deliberar sobre
o plano de recuperação.

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Legislação Empresarial

§ 1º A data designada para a realização da assembléia-geral não excederá


150 (cento e cinqüenta) dias contados do deferimento do processamento da
recuperação judicial.
§ 2º A assembléia-geral que aprovar o plano de recuperação judicial poderá
indicar os membros do Comitê de Credores, na forma do art. 26 desta Lei, se
já não estiver constituído.
§ 3º O plano de recuperação judicial poderá sofrer alterações na assembléia-
geral, desde que haja expressa concordância do devedor e em termos que
não impliquem diminuição dos direitos exclusivamente dos credores
ausentes.
§ 4º Rejeitado o plano de recuperação judicial, o administrador judicial
submeterá, no ato, à votação da assembleia-geral de credores a concessão
de prazo de 30 (trinta) dias para que seja apresentado plano de recuperação
judicial pelos credores.
§ 5º A concessão do prazo a que se refere o § 4º deste artigo deverá ser
aprovada por credores que representem mais da metade dos créditos
presentes à assembleia-geral de credores.
§ 6º O plano de recuperação judicial proposto pelos credores somente será
posto em votação caso satisfeitas, cumulativamente, as seguintes condições:
I - não preenchimento dos requisitos previstos no § 1º do art. 58 desta Lei;
II - preenchimento dos requisitos previstos nos incisos I, II e III do caput do
art. 53 desta Lei;
III - apoio por escrito de credores que representem, alternativamente:
a) mais de 25% (vinte e cinco por cento) dos créditos totais sujeitos à
recuperação judicial; ou
b) mais de 35% (trinta e cinco por cento) dos créditos dos credores presentes
à assembleia-geral a que se refere o § 4º deste artigo;
IV - não imputação de obrigações novas, não previstas em lei ou em
contratos anteriormente celebrados, aos sócios do devedor;
V - previsão de isenção das garantias pessoais prestadas por pessoas
naturais em relação aos créditos a serem novados e que sejam de titularidade
dos credores mencionados no inciso III deste parágrafo ou daqueles que
votarem favoravelmente ao plano de recuperação judicial apresentado pelos
credores, não permitidas ressalvas de voto; e
VI - não imposição ao devedor ou aos seus sócios de sacrifício maior do que
aquele que decorreria da liquidação na falência.
§ 7º O plano de recuperação judicial apresentado pelos credores poderá
prever a capitalização dos créditos, inclusive com a consequente alteração do
controle da sociedade devedora, permitido o exercício do direito de retirada
pelo sócio do devedor.

77
Legislação Empresarial

§ 8º Não aplicado o disposto nos §§ 4º, 5º e 6º deste artigo, ou rejeitado o


plano de recuperação judicial proposto pelos credores, o juiz convolará a
recuperação judicial em falência.
§ 9º Na hipótese de suspensão da assembleia-geral de credores convocada
para fins de votação do plano de recuperação judicial, a assembleia deverá
ser encerrada no prazo de até 90 (noventa) dias, contado da data de sua
instalação.
Resumindo, o Plano de Recuperação Judicial é o mais importante instrumento dentro do processo.

O Plano de Recuperação Judicial deverá ser apresentado pelo


devedor em juízo em 60 (sessenta) dias da publicação da decisão
que deferir o processamento da recuperação judicial, sob pena de
convolação em falência.
Com relação ao prazo de 60 (sessenta) dias, diz a Lei ser o mesmo
improrrogável.
Deverão constar alguns requisitos do Plano, quais sejam:
· Discriminação e detalhamento dos meios de recuperação que serão
empregados, em consonância com os ditames do Artigo 50 da LRF;
· Resumo dos meios de recuperação que serão empregados;
· Demonstração de sua viabilidade econômica;
· Laudo econômico-financeiro subscrito por profissional legalmente habilitado ou empresa
especializada;
· Avaliação dos bens e dos ativos do devedor, também subscritos por profissional legalmente
habilitado ou empresa especializada;
A Lei faz previsão de que o Plano de Recuperação Judicial poderá alterar ou promover novação dos
créditos trabalhistas ou dos créditos decorrentes de acidente de trabalho, exceto nos casos a seguir
analisados.
O Plano de Recuperação Judicial não poderá estabelecer prazo superior a 1 (um) ano para a
realização dos pagamentos dos créditos fruto da legislação do trabalho ou dos créditos decorrentes
de acidentes de trabalho vencidos até a data do efetivo pedido de recuperação judicial.
Também é vedado o estabelecimento de prazo superior a 30 (trinta) dias para o pagamento, até o
limite de 05 (cinco) salários- mínimos por trabalhador, dos créditos de natureza estritamente salarial,
desde que vencidos nos últimos 03 (três) meses anteriores ao pedido de recuperação judicial.
Vale informar, caso desrespeitado o plano de recuperação ou sendo insuficiente, este poderá ser
revisado e renovado em caso extremo convertendo-se em falência judicial.
Por fim, uma curiosidade, a empresa e empresário que ingressar com recuperação judicial, durante
todo o tramite judicial tem por obrigação, no exercício de suas atividades, será acrescentada a
expressão “em Recuperação Judicial”, uma forma de alertar os contratantes da empresa ou
empresário em recuperação judicial conforme determina artigo 69 da Lei nº 11.101/2005:

78
Legislação Empresarial

Art. 69. Em todos os atos, contratos e documentos firmados pelo devedor


sujeito ao procedimento de recuperação judicial deverá ser acrescida, após o
nome empresarial, a expressão "em Recuperação Judicial"

DESAFIO
Quais etapas devem ser seguidas num Plano de Recuperação Judicial?

79
Legislação Empresarial

TEMA 11: Noções de Direito Tributário.


Tributo.
Conforme visto no tema 1, quando o ser humano se organizou em sociedade criou o Direito
constituiu o Estado.
O Estado para exercer suas atividades e prestar serviços públicos aos cidadãos necessita de
elevados valores.
Parte desse custo o Estado consegue com empresas estatais tais como os Correios, Caixa
Econômica Federal etc. porém outra parte, e principal meio de receita, é através dos tributos
A Lei nº 5.172/1966, o Código Tributário Nacional, em seu artigo 3º traz a seguinte definição de
tributo:
Art. 3º Tributo é toda prestação pecuniária, compulsória, em moeda ou cujo
valor nela possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída
em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada.
O mencionado artigo 3º do Código Tributário nos revelam características extremamente importantes
para compreensão de um tributo, conforme veremos a seguir.
Características dos Tributos.
Vale destacar ao aluno, que quando mencionamos tributo, fazemos referência a todos as espécies
de tributos, as quais veremos com detalhes em momento oportuno cada uma das espécies.
O conceito de tributo inicia informando que o pagamento da obrigação será pecuniário, em dinheiro
“em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir”.
A motivação em optar que o pagamento seja realizado em moeda é bem simples, haja vista a
praticidade no momento dos gastos públicos.
A exigência por meio de dinheiro busca facilitar com que o ente político no momento de sua
arrecadação e realização do pagamento de suas despesas públicas, tais como contratação de
serviços, remuneração de funcionários públicos, funcionamento de hospitais e escolas etc.
Pois poderíamos imaginar que aqueles buscam contratar com a administração pública, realizando a
prestação de serviços ou entrega de mercadorias, não pretendam receber como contraprestação
algo diferente de dinheiro.
No mesmo sentido, um funcionário público não gostaria de receber como remuneração de sua
atividade a entrega de “cesta básica”.
Dessa forma, diante as várias situações que se encontra os entes públicos, fica fácil entender a
necessidade dessa arrecadação tributária ser efetuada por meio da entrega de dinheiro e não por
outra forma, objetivando simplificar o funcionamento da administração pública.
Vale informar que o inciso XI no art. 156 do Código Tributário Nacional, prevê a dação em
pagamento de bens imóveis como nova modalidade de quitação e consequente extinção do crédito
tributário:
Art. 156. Extinguem o crédito tributário:
XI – a dação em pagamento em bens imóveis, na forma e condições
estabelecidas em lei.

80
Legislação Empresarial

Para maior compreensão, a dação em pagamento é instituto do Direito Civil, e está descrito no artigo
356 do Código Civil, consistindo na possibilidade de pagamento da obrigação de maneira diversa
daquela originalmente estabelecida, e quando aceito pelo credor:
Art. 356. O credor pode consentir em receber prestação diversa da que lhe é
devida.
Ou seja, a dação em pagamento é uma exceção onde o direito tributário, por meio do Código
Tributário Nacional passou a, de forma expressa, aceitar quitação de tributos mediante com algo
diverso da moeda, notadamente o pagamento por meio da entrega de bem imóvel aos entes
políticos.
Vale informar que o poder público não estaria obrigado a aceitar esse bem, pois antes seria
necessário a identificação de sua utilidade para administração pública, podendo recusá-lo e insistir
em receber o crédito apenas por meio de dinheiro, por isso se trata de medida excepcional.
A segunda característica dos tributos, se refere como prestação compulsória e instituída em lei
A caracterização dos tributos como prestação compulsória diz respeito por ser algo obrigatório, ou
seja, o cidadão não escolhe se vai pagar ou não, deve pagar em obediência a lei por conta do
princípio da legalidade tributária.
Dessa forma, a obrigatoriedade compulsória do pagamento dos tributos, se dá por conta exatamente
do fato de ele ser previsto em lei, afinal, nosso ordenamento jurídico.
Conforme dito, no que diz respeito a relação jurídico tributária, esta não possui espaço para às
vontades das partes e sim à obrigação de obediência à lei, externando que seu pagamento não
depende da vontade do contribuinte e sim do interesse da arrecadação para a administração pública
para seu regular funcionamento.
Terceira característica dos tributos trata-se de compreender que os tributos não constituem uma
sanção por ato ilícito.
Conforme dito, o dever de pagar tributos advém da necessidade de funcionamento das atividades
dos serviços públicos e não pelo cometimento de ilegalidades.
Nesse sentido, o pagamento de tributos não pode ser visto como uma punição imposta aos cidadãos,
mas sim no sentimento maior de viver em coletividade e colaborar com os gastos da administração
pública para que esta ofereça aos cidadãos os serviços necessários para a vida em sociedade.
Por outro lado, as multas possuem como origem a ocorrência de atividades ilícitas realizadas por
cidadãos que não obedecem algum comando normativo, ao passo em que o dever de pagar tributos
tem base na realização de origem, chamado de fato gerador no direito tributário, lícitos.
Dessa forma, podemos compreender que as penalidades seriam exatamente aquilo que o tributo não
pode ser.
Em outras palavras, as multas constituem sanção ou penalidade por conta da ocorrência de um ato
ilícito e os tributos não.
Para maior compreensão imaginemos a seguinte situação fática na qual um sujeito que é proprietário
de veículo automotor.
Por conta de ser proprietário de veículo automotor, considerando-o ato lícito no ordenamento jurídico
brasileiro e dando origem o dever de pagar específico tributo: IPVA, o Imposto sobre a Propriedade
de Veículos Automotores.

81
Legislação Empresarial

Mas caso esse mesmo sujeito proprietário conduza veículo automotor sem possuir carteira de
motorista, ou seja, em via pública, sem a devida Permissão para Dirigir ou Habilitação, estará
cometendo infração às normas de trânsito nos termos do artigo 309 do Código de Trânsito Brasileiro,
sujeitando-se a detenção e ao pagamento de multa exatamente pelo cometimento de ato ilícito vez
que não obedeceu a lei.
Art. 309. Dirigir veículo automotor, em via pública, sem a devida Permissão
para Dirigir ou Habilitação ou, ainda, se cassado o direito de dirigir, gerando
perigo de dano:
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.
Relevante observar que no conceito de tributo (art. 3º do CTN), houve determinação de que o tributo
não constituiria sanção por ato ilícito, pouco se importando com as origens das relações que
desencadearam a submissão tributária.
Curioso informar, que o direito tributário não se interessa pela licitude, validades ou efeitos das
relações anteriores à obrigação tributária, apenas preocupando-se com a incidência sobre fatos
geradores lícitos e o dever de pagar tributos.
Suponha a seguinte situação fática: um sujeito busca auferir receita por meio de atividades
criminosas, por exemplo tráfico de drogas, venda de órgãos humanos ou animais silvestres,
exploração de jogos de azar etc. nessa situação estará sujeito à incidência do Imposto de Renda
previsto no artigo 43 do Código Tributário Nacional, como qualquer outra pessoa que receba
rendimentos:
Art. 43. O imposto, de competência da União, sobre a renda e proventos de
qualquer natureza tem como fato gerador a aquisição da disponibilidade
econômica ou jurídica:
I - de renda, assim entendido o produto do capital, do trabalho ou da
combinação de ambos;
II - de proventos de qualquer natureza, assim entendidos os acréscimos
patrimoniais não compreendidos no inciso anterior.
§ 1º A incidência do imposto independe da denominação da receita ou do
rendimento, da localização, condição jurídica ou nacionalidade da fonte, da
origem e da forma de percepção.
§ 2º Na hipótese de receita ou de rendimento oriundos do exterior, a lei
estabelecerá as condições e o momento em que se dará sua disponibilidade,
para fins de incidência do imposto referido neste artigo.
Veja que o artigo 43 do Código Tributário Nacional diz: “qualquer natureza”.
Dessa forma fica evidente que as relações que originaram essas receitas venham a ser ilícitas,
submeterá a aplicação das normas tributárias.
A lógica dessa incidência guarda aproximação com o sentido de justiça fiscal, haja vista que aquele
praticante de atividades lícitas pagaria seus tributos normalmente, ao passo em que o “criminoso”
teria verdadeiro privilégio fiscal se não fosse igualmente cobrado, além de sofrer penalidades por
conta da atividade ilícita.
O Direito Tributário manifesta esse entendimento no artigo 118 do Código Tributário Nacional ao
prescrever que a incidência de tributação não depende da validade jurídica dos atos ou efeitos
existentes:

82
Legislação Empresarial

Art. 118. A definição legal do fato gerador é interpretada abstraindo-se:


I - da validade jurídica dos atos efetivamente praticados pelos contribuintes,
responsáveis, ou terceiros, bem como da natureza do seu objeto ou dos seus
efeitos;
II - dos efeitos dos fatos efetivamente ocorridos.
Concluindo, o tributo permanece incidindo sobre fatos geradores lícitos, sendo-lhe proibido ser
previsto como penalidade por ato ilícito, ou seja, a multa, podendo, entretanto, originar-se a partir de
relações lícitas ou ilícitas.
Por fim, a quarta e última característica dos tributos dizem respeito ao fato de esses serem cobrados
mediante atividade administrativa plenamente vinculada
Nesse sentido, o crédito tributário se caracteriza como principal fonte de arrecadação de valores para
manutenção do serviço público em suas despesas necessárias à prestação de serviços públicos em
prol da coletividade, conforme amplamente já dito.
Dessa forma, o crédito tributário vincula-se ao interesse de toda a sociedade e, desse modo, possui
status de crédito público, devendo ser recolhido de todos aqueles que praticam fatos geradores,
como forma de colaborar com a vida social.
Os valores recebidos dos tributos não pertencem ao “gestor público” Presidente, Governadores ou
Prefeitos e mas sim a toda população, motivo pelo qual devem ser arrecadados, independente de
quem seja o contribuinte.
Aquele que atua na fiscalização terá, não apenas o poder de realizar a atividade de cobrança dos
tributos, mas, sim, o denominado “poder-dever”, sob pena de responderem funcionalmente conforme
prevê o artigo 142, parágrafo único, do Código Tributário Nacional:
Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o
crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento
administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação
correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do
tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação
da penalidade cabível.
Parágrafo único. A atividade administrativa de lançamento é vinculada e
obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional.
Veja que quando o parágrafo único do artigo 142 diz “(...) é vinculada e obrigatória”, significa dizer
que o fiscal quando da cobrança de um tributo não pode escolher se vai cobrar ou não, ele tem que
cobrar.
Desse modo, a atividade de cobrança dos tributos será plenamente vinculada, bastando a
configuração do fato gerador para que o agente público atue nessa relação.
A vinculação está intimamente ligada a previsão e obediência a lei.

Espécies de Tributo.
Aqui mais uma vez chamamos a atenção para a definição de fato gerador.
De maneira simplificada, podemos definir fato gerador do tributo como sendo a ocorrência fática
descrita em lei que torna legitima a cobrança do tributo face ao contribuinte.

83
Legislação Empresarial

Ou seja, a lei descreve situações que, ao ocorrerem na vida real, fazem com que se torne possível a
cobrança de um tributo, a chamada obrigação tributária.
Exemplo: Fulano comprou um carro. Pelo fato de ter comprado um carro se tornou proprietário de um
veículo automotor, tal situação fática traz a obrigação de Fulano pagar o imposto estadual IPVA o
imposto sobre propriedade de veículo automotor previsto no artigo 155, III da Constituição Federal:
Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre:
III - propriedade de veículos automotores.
Outra informação introdutória importante é que temos tributos nas esferas Federais, Estaduais e
Municipais.
As espécies tributárias são: Impostos, Taxas, Contribuições de Melhoria, Empréstimos Compulsórios
e Contribuições Especiais.
IMPOSTO.
O artigo 16 do Código Tributário Nacional traz o seguinte conceito de imposto:
Art. 16. Imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação
independente de qualquer atividade estatal específica, relativa ao
contribuinte.
Além das características já estudadas comuns a todo tributo, da leitura do artigo acima extraímos a
principal característica do imposto que o difere dos outros tributos.
O Imposto é tributo que tem por fato gerador uma situação independente de qualquer atividade
estatal especifica relativa as contribuições.
Isso significa que para se cobrar imposto não existe a necessidade de prestação de serviço público
para sua cobrança.
Para maior compreensão, vamos exemplificar o seguinte, conforme já mencionado o sujeito que
compra um carro, veículo automotor terá que pagar IPVA imposto sobre propriedade de veículo
automotor ao estado.
Veja que o proprietário não receberá nada em troca do estado, terá que pagar imposto pelo fato de
ser proprietário de veículo automotor, isso é que significa fato gerador uma situação independente de
qualquer atividade estatal.
Curioso que o significado da própria palavra “imposto” é aquilo que é “obrigado”.
O artigo 153 da Constituição Federal elenca os seguintes impostos Federais:
Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre:
I - importação de produtos estrangeiros;
II - exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados;
III - renda e proventos de qualquer natureza;
IV - produtos industrializados;
V - operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores
mobiliários;
VI - propriedade territorial rural;

84
Legislação Empresarial

VII - grandes fortunas, nos termos de lei complementar.


Por sua vez o artigo 155 da Constituição Federal traz os impostos Estaduais:
Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre:
I - transmissão causa mortis e doação, de quaisquer bens ou direitos;
II - operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de
serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda
que as operações e as prestações se iniciem no exterior;
III - propriedade de veículos automotores.
No artigo 156 da Constituição Federal encontra-se discriminados os impostos municipais:
Art. 156. Compete aos Municípios instituir impostos sobre:
I - propriedade predial e territorial urbana;
II - transmissão "inter vivos", a qualquer título, por ato oneroso, de bens
imóveis, por natureza ou acessão física, e de direitos reais sobre imóveis,
exceto os de garantia, bem como cessão de direitos a sua aquisição;
III - serviços de qualquer natureza, não compreendidos no art. 155, II,
definidos em lei complementar.
Por fim, uma última informação acerca de impostos diz respeito ao Distrito Federa que poderá cobrar
impostos Estaduais e Municipais nos termos dos artigos 32, parte final do 147 e 155 da Constituição
Federal.
TAXA.
O conceito de taxa encontra estampado no artigo 145, II da Constituição Federal e no artigo 77 do
Código Tributário Nacional:
Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão
instituir os seguintes tributos:
II - taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva
ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao
contribuinte ou postos a sua disposição;
Art. 77. As taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou
pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, têm como fato
gerador o exercício regular do poder de polícia, ou a utilização, efetiva ou
potencial, de serviço público específico e divisível, prestado ao contribuinte ou
posto à sua disposição.
Parágrafo único. A taxa não pode ter base de cálculo ou fato gerador
idênticos aos que correspondam a imposto nem ser calculada em função do
capital das empresas.
Conforme se extrai da leitura dos artigos acima informados, a taxa possui como principal
característica possuir fato gerador o exercício regular do poder de polícia, ou a utilização, efetiva ou
potencial, de serviço público específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua
disposição.

85
Legislação Empresarial

Poder de polícia está relacionada a atividade de fiscalização do ente público, por exemplo a Taxa de
Controle e Fiscalização Ambiental.
A taxa por utilização de serviço é aquela em que o contribuinte utiliza um serviço e paga por esse
serviço, por exemplo o valor pago para intitulado custas processuais para aquele que busca o Poder
Judiciário para ingressar com ação judicial.
Repare que em ambas as situações, existe o viés contraprestacional, já que o Poder Público apenas
poderá lhes exigir se efetivamente realizar atividade em favor do contribuinte.

CONTRIBUIÇÃO DE MELHORIA
A contribuição de melhoria encontra-se definida no artigo 145, III da Constituição Federal e artigo 81
do Código Tributário Nacional:
Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão
instituir os seguintes tributos:
III - contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas.

Art. 81. A contribuição de melhoria cobrada pela União, pelos Estados, pelo
Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas
atribuições, é instituída para fazer face ao custo de obras públicas de que
decorra valorização imobiliária, tendo como limite total a despesa realizada e
como limite individual o acréscimo de valor que da obra resultar para cada
imóvel beneficiado.
O principal elemento caracterizador da contribuição de melhoria se encontra por conta de o seu fato
gerador na realização de uma obra pública e consequentemente a valorização imobiliária do
contribuinte.
Exemplo: Imagine que um determinado imóvel custe R$ 100.000,00 (cem mil reais) e próximo a este
imóvel a prefeitura realiza uma obra a qual venha a valorizar esse imóvel que passa a valer R$
200.000,00 (duzentos mil reais) por conta da obra.
Nesse caso, legitima à prefeitura a cobrar contribuição de melhoria diante a valorização imobiliária
decorrente da obra pública.

EMPRÉSTIMO COMPULSÓRIO.
O empréstimo compulsório esta conceituado no artigo 148 da Constituição Federal que traz a
seguinte redação:
Art. 148. A União, mediante lei complementar, poderá instituir empréstimos
compulsórios:
I - para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade
pública, de guerra externa ou sua iminência;
II - no caso de investimento público de caráter urgente e de relevante
interesse nacional, observado o disposto no art. 150, III, "b".

86
Legislação Empresarial

Parágrafo único. A aplicação dos recursos provenientes de empréstimo


compulsório será vinculada à despesa que fundamentou sua instituição.

Acerca do empréstimo compulsório, inicialmente se faz necessário observar que é um tributo


exclusivo de competência da União, ou seja, somente na esfera Federal.
Trata-se de diferentes situações passíveis de instituição dos Empréstimos Compulsórios, quais
sejam: calamidade pública, guerra externa ou sua iminência e investimento público.

CONTRIBUIÇÕES ESPECIAIS.
E por fim, os artigos 149 e 149-A da Constituição Federal trazem as contribuições especial definindo-
as da seguinte forma:
Art. 149. Compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais, de
intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais
ou econômicas, como instrumento de sua atuação nas respectivas áreas,
observado o disposto nos arts. 146, III, e 150, I e III, e sem prejuízo do
previsto no art. 195, § 6º, relativamente às contribuições a que alude o
dispositivo.
§ 1º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão, por
meio de lei, contribuições para custeio de regime próprio de previdência
social, cobradas dos servidores ativos, dos aposentados e dos pensionistas,
que poderão ter alíquotas progressivas de acordo com o valor da base de
contribuição ou dos proventos de aposentadoria e de pensões.
§ 1º-A. Quando houver deficit atuarial, a contribuição ordinária dos
aposentados e pensionistas poderá incidir sobre o valor dos proventos de
aposentadoria e de pensões que supere o salário-mínimo.
§ 1º-B. Demonstrada a insuficiência da medida prevista no § 1º-A para
equacionar o deficit atuarial, é facultada a instituição de contribuição
extraordinária, no âmbito da União, dos servidores públicos ativos, dos
aposentados e dos pensionistas.
§ 1º-C. A contribuição extraordinária de que trata o § 1º-B deverá ser
instituída simultaneamente com outras medidas para equacionamento do
deficit e vigorará por período determinado, contado da data de sua instituição.
§ 2º As contribuições sociais e de intervenção no domínio econômico de que
trata o caput deste artigo:
I - não incidirão sobre as receitas decorrentes de exportação;
II - incidirão também sobre a importação de produtos estrangeiros ou
serviços;
III - poderão ter alíquotas:
a) ad valorem , tendo por base o faturamento, a receita bruta ou o valor da
operação e, no caso de importação, o valor aduaneiro;
b) específica, tendo por base a unidade de medida adotada.

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Legislação Empresarial

§ 3º A pessoa natural destinatária das operações de importação poderá ser


equiparada a pessoa jurídica, na forma da lei.
§ 4º A lei definirá as hipóteses em que as contribuições incidirão uma única
vez.
Art. 149-A Os Municípios e o Distrito Federal poderão instituir contribuição, na
forma das respectivas leis, para o custeio do serviço de iluminação pública,
observado o disposto no art. 150, I e III.
Parágrafo único. É facultada a cobrança da contribuição a que se refere o
caput, na fatura de consumo de energia elétrica.

As contribuições especiais são cobranças criadas com a específica


finalidade de arrecadação para manutenção e intervenção em áreas
econômicas e sociais da população, são as Contribuição Social
Previdenciária e Contribuição para o custeio do serviço de iluminação
pública conhecida como COSIP.

DESAFIO
Faça uma lista com os tipos de tributos e suas incidências.

88
Legislação Empresarial

TEMA 12: Regimes Tributários.


Introdução.
O regime de tributação é um sistema que estabelece a cobrança de impostos de cada pessoa
jurídica, correspondente à sua arrecadação.
Além disso, ele também vai depender de vários outros fatores inerentes ao negócio, como o porte, o
tipo de atividade exercida, o faturamento etc.
A ideia é cobrar mais de quem lucra mais e menos de quem lucra menos, a lei buscou a
proporcionalidade.
No Brasil a Lei nº 9.430/1996 traz três tipos de regime tributário: Lucro Real, Lucro Presumido e
Lucro Arbitrado.
Ainda, a Lei Complementar nº 123/2006 trouxe o Simples Nacional e o MEI.
Lucro Real.
Trata-se de um regime tributário que tem por finalidade mensurar o Imposto de Renda de Pessoa
Jurídica e a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido das empresas.
Porém, incidem sobre esse regime as alíquotas de 15% e 9%, respectivamente, além do PIS e
COFINS que, dependendo da situação, podem ser de 0,65% a 7,60%.
Conforme determina o artigo 2º da Lei nº 9.430/1996:
Art. 2º A pessoa jurídica sujeita a tributação com base no lucro real poderá
optar pela pagamento do imposto, em cada mês, determinado sobre base de
cálculo estimada, mediante a aplicação dos percentuais de que trata o art. 15
da Lei no 9.249, de 26 de dezembro de 1995, sobre a receita bruta definida
pela art. 12 do Decreto-Lei no 1.598, de 26 de dezembro de 1977, auferida
mensalmente, deduzida das devoluções, vendas canceladas e dos descontos
incondicionais concedidos, observado o disposto nos §§ 1o e 2o do art. 29 e
nos arts. 30, 32, 34 e 35 da Lei no 8.981, de 20 de janeiro de 1995.
§ 1º O imposto a ser pago mensalmente na forma deste artigo será
determinado mediante a aplicação, sobre a base de cálculo, da alíquota de
quinze por cento.
§ 2º A parcela da base de cálculo, apurada mensalmente, que exceder a R$
20.000,00 (vinte mil reais) ficará sujeita à incidência de adicional de imposto
de renda à alíquota de dez por cento.
§ 3º A pessoa jurídica que optar pela pagamento do imposto na forma deste
artigo deverá apurar o lucro real em 31 de dezembro de cada ano, exceto nas
hipóteses de que tratam os §§ 1º e 2º do artigo anterior.
§ 4º Para efeito de determinação do saldo de imposto a pagar ou a ser
compensado, a pessoa jurídica poderá deduzir do imposto devido o valor:
I - dos incentivos fiscais de dedução do imposto, observados os limites e
prazos fixados na legislação vigente, bem como o disposto no § 4º do art. 3º
da Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995;
II - dos incentivos fiscais de redução e isenção do imposto, calculados com
base no lucro da exploração;

89
Legislação Empresarial

III - do imposto de renda pago ou retido na fonte, incidente sobre receitas


computadas na determinação do lucro real;
IV - do imposto de renda pago na forma deste artigo.
Verifica-se que no Lucro Real, o Imposto de Renda é definido por meio do lucro contábil da empresa,
acrescido dos ajustes requeridos pela lei fiscal.
Diante essas variações, é considerado um regime mais complexo e mais adequado para empresas
que têm margem de lucro menor que 32%, além de ser obrigatório para alguns negócios, como:

- instituições bancárias;
- sociedades de crédito, financiamento e investimento;
- sociedades corretoras de títulos, valores mobiliários e câmbio;
- caixas econômicas;
- empresas de arrendamento mercantil;
- cooperativas de crédito;
- empresas de seguros privados e de capitalização;
- entidades de previdência privada, aberta, entre outras.

Lucro Presumido.
Aqui neste regime de tributação existe uma forma de tributação simplificada para estabelecer a base
de cálculo do Imposto de Renda de Pessoa Jurídica e a Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido
das empresas.
No caso dos dois impostos as alíquotas podem variar conforme a atividade exercida, sendo de 8%
para atividades que envolvam a indústria e comércio e de 32% nos casos de prestação de serviços.
O Lucro Presumido poder ser adotado por empresas que faturam até R$ 78 milhões por ano, além
de, também, ser indicado para aquelas com lucro elevado e que não apresentam a obrigatoriedade
de se enquadrar no Lucro Real nos termos dos artigos 25 e 26 da Lei nº 9.430/1996:
Art. 25. O lucro presumido será o montante determinado pela soma das
seguintes parcelas:
I - o valor resultante da aplicação dos percentuais de que trata o art. 15 da Lei
nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995, sobre a receita bruta definida pela art.
12 do Decreto-Lei nº 1.598, de 26 de dezembro de 1977, auferida no período
de apuração de que trata o art. 1o, deduzida das devoluções e vendas
canceladas e dos descontos incondicionais concedidos; e
II - os ganhos de capital, os rendimentos e ganhos líquidos auferidos em
aplicações financeiras, as demais receitas, os resultados positivos
decorrentes de receitas não abrangidas pela inciso I, com os respectivos
valores decorrentes do ajuste a valor presente de que trata o inciso VIII do
caput do art. 183 da Lei no 6.404, de 15 de dezembro de 1976, e demais
valores determinados nesta Lei, auferidos naquele mesmo período.

90
Legislação Empresarial

§ 1º O ganho de capital nas alienações de investimentos, imobilizados e


intangíveis corresponderá à diferença positiva entre o valor da alienação e o
respectivo valor contábil.
§ 2º Para fins do disposto no § 1o, poderão ser considerados no valor
contábil, e na proporção deste, os respectivos valores decorrentes dos efeitos
do ajuste a valor presente de que trata o inciso III do caput do art. 184 da Lei
nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976.
§ 3º Os ganhos decorrentes de avaliação de ativo ou passivo com base no
valor justo não integrarão a base de cálculo do imposto, no momento em que
forem apurados.
§ 4º Para fins do disposto no inciso II do caput, os ganhos e perdas
decorrentes de avaliação do ativo com base em valor justo não serão
considerados como parte integrante do valor contábil.
§ 5º O disposto no § 4o não se aplica aos ganhos que tenham sido
anteriormente computados na base de cálculo do imposto.
Art. 26. A opção pela tributação com base no lucro presumido será aplicada
em relação a todo o período de atividade da empresa em cada ano-
calendário.
§ 1º A opção de que trata este artigo será manifestada com o pagamento da
primeira ou única quota do imposto devido correspondente ao primeiro
período de apuração de cada ano-calendário.
§ 2º A pessoa jurídica que houver iniciado atividade a partir do segundo
trimestre manifestará a opção de que trata este artigo com o pagamento da
primeira ou única quota do imposto devido relativa ao período de apuração do
início de atividade.
§ 3º A pessoa jurídica que houver pago o imposto com base no lucro
presumido e que, em relação ao mesmo ano-calendário, alterar a opção,
passando a ser tributada com base no lucro real, ficará sujeita ao pagamento
de multa e juros moratórios sobre a diferença de imposto paga a menor.
§ 4º A mudança de opção a que se refere o parágrafo anterior somente será
admitida quando formalizada até a entrega da correspondente declaração de
rendimentos e antes de iniciado procedimento de ofício relativo a qualquer
dos períodos de apuração do respectivo ano-calendário.

Acerca do PIS e COFINS, eles são apurados de maneira cumulativa.


Isso significa que as compras da empresa não geram abatimentos desses impostos e a alíquota é de
3,65% sobre o faturamento.
É entendido por ser um regime benéfico para empresas que tenham as margens de lucro acima da
presunção, poucos custos operacionais e uma folha de pagamento baixa.

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Legislação Empresarial

Lucro Arbitrado.
Diz respeito à uma forma de apuração da base de cálculo do imposto de renda utilizada pela
autoridade tributária ou pelo contribuinte.
É aplicável pela autoridade tributária quando a pessoa jurídica deixar de cumprir as obrigações
acessórias relativas à determinação do lucro real ou presumido, conforme o caso.
Por exemplo: quando o contribuinte optante pelo lucro real não tem o livro diário ou razão, quando
deixa de escriturar o livro inventário, etc.
Por esse motivo, para muitos estudiosos o Lucro Arbitrado teria um caráter de penalidade.
Quando determinada a receita bruta, e, desde que ocorrida qualquer das hipóteses de arbitramento
previstas na legislação fiscal, o contribuinte poderá efetuar o pagamento do imposto de renda
correspondente com base nas regras do lucro arbitrado.
O Lucro Arbitrado ocorrerá conforme descrito no artigo 27 da Lei nº 9.430/1996:
Art. 27. O lucro arbitrado será o montante determinado pela soma das
seguintes parcelas:
I - o valor resultante da aplicação dos percentuais de que trata o art. 16 da Lei
nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995, sobre a receita bruta definida pela art.
12 do Decreto-Lei nº 1.598, de 26 de dezembro de 1977, auferida no período
de apuração de que trata o art. 1o, deduzida das devoluções e vendas
canceladas e dos descontos incondicionais concedidos; e
II - os ganhos de capital, os rendimentos e ganhos líquidos auferidos em
aplicações financeiras, as demais receitas, os resultados positivos
decorrentes de receitas não abrangidas pela inciso I do caput, com os
respectivos valores decorrentes do ajuste a valor presente de que trata o
inciso VIII do caput do art. 183 da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, e
demais valores determinados nesta Lei, auferidos naquele mesmo período.
§ 1º Na apuração do lucro arbitrado, quando não conhecida a receita bruta, os
coeficientes de que tratam os incisos II, III e IV do art. 51 da Lei nº 8.981, de
20 de janeiro de 1995, deverão ser multiplicados pela número de meses do
período de apuração.
§ 2º Na hipótese de utilização das alternativas de cálculo previstas nos incisos
V a VIII do art. 51 da Lei nº 8.981, de 20 de janeiro de 1995, o lucro arbitrado
será o valor resultante da soma dos valores apurados para cada mês do
período de apuração.
§ 3º O ganho de capital nas alienações de investimentos, imobilizados e
intangíveis corresponderá à diferença positiva entre o valor da alienação e o
respectivo valor contábil.
§ 4º Para fins do disposto no § 3o, poderão ser considerados no valor
contábil, e na proporção deste, os respectivos valores decorrentes dos efeitos
do ajuste a valor presente de que trata o inciso III do caput do art. 184 da Lei
nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976.
§ 5º Os ganhos decorrentes de avaliação de ativo ou passivo com base no
valor justo não integrarão a base de cálculo do imposto, no momento em que
forem apurados.

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Legislação Empresarial

§ 6º Para fins do disposto no inciso II do caput, os ganhos e perdas


decorrentes de avaliação do ativo com base em valor justo não serão
considerados como parte integrante do valor contábil.
§ 7º O disposto no § 6º não se aplica aos ganhos que tenham sido
anteriormente computados na base de cálculo do imposto.
Por fim, a tributação com base no lucro arbitrado será manifestada mediante o pagamento da
primeira quota ou da quota única do imposto devido, correspondente ao período de apuração
trimestral em que o contribuinte, pelas razões determinantes na legislação, se encontrar em
condições de proceder o arbitramento do seu lucro.

Simples Nacional.
Por sua vez o Simples Nacional é um regime tributário previsto pela Lei Complementar nº 123 de
dezembro de 2006 com a finalidade de simplificar o pagamento de tributos por Microempresas e
Empresas de Pequeno porte, além de propiciar um tratamento diferente e simplificado para esses
pequenos empreendedores, conforme se extrai da leitura do artigo 1 da referida lei:
Art. 1º Esta Lei Complementar estabelece normas gerais relativas ao
tratamento diferenciado e favorecido a ser dispensado às microempresas e
empresas de pequeno porte no âmbito dos Poderes da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios, especialmente no que se refere:
I - à apuração e recolhimento dos impostos e contribuições da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, mediante regime único de
arrecadação, inclusive obrigações acessórias;
II - ao cumprimento de obrigações trabalhistas e previdenciárias, inclusive
obrigações acessórias;
III - ao acesso a crédito e ao mercado, inclusive quanto à preferência nas
aquisições de bens e serviços pelos Poderes Públicos, à tecnologia, ao
associativismo e às regras de inclusão.
IV - ao cadastro nacional único de contribuintes a que se refere o inciso IV do
parágrafo único do art. 146, in fine, da Constituição Federal.
§ 1º Cabe ao Comitê Gestor do Simples Nacional (CGSN) apreciar a
necessidade de revisão, a partir de 1o de janeiro de 2015, dos valores
expressos em moeda nesta Lei Complementar.
§ 2º (VETADO).
§ 3º Ressalvado o disposto no Capítulo IV, toda nova obrigação que atinja as
microempresas e empresas de pequeno porte deverá apresentar, no
instrumento que a instituiu, especificação do tratamento diferenciado,
simplificado e favorecido para cumprimento.
§ 4º Na especificação do tratamento diferenciado, simplificado e favorecido de
que trata o § 3o, deverá constar prazo máximo, quando forem necessários
procedimentos adicionais, para que os órgãos fiscalizadores cumpram as
medidas necessárias à emissão de documentos, realização de vistorias e
atendimento das demandas realizadas pelas microempresas e empresas de
pequeno porte com o objetivo de cumprir a nova obrigação.

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Legislação Empresarial

§ 5º Caso o órgão fiscalizador descumpra os prazos estabelecidos na


especificação do tratamento diferenciado e favorecido, conforme o disposto
no § 4o, a nova obrigação será inexigível até que seja realizada visita para
fiscalização orientadora e seja reiniciado o prazo para regularização.
§ 6º A ausência de especificação do tratamento diferenciado, simplificado e
favorecido ou da determinação de prazos máximos, de acordo com os §§ 3o
e 4o, tornará a nova obrigação inexigível para as microempresas e empresas
de pequeno porte.
§ 7º A inobservância do disposto nos §§ 3o a 6o resultará em atentado aos
direitos e garantias legais assegurados ao exercício profissional da atividade
empresarial.
As alíquotas desse regime tributário variam de 4% a 22,90%.
Aconselha-se que para as empresas com faturamento até R$ 4,8 milhões, a escolha do Simples
Nacional, em regra, passa a ser a opção mais adequada.
Mas para aa adoção do regime tributário é indispensável a orientação de um profissional da
contabilidade a ser consultado pelas empresas.
Pois o profissional ou o setor de contabilidade irá avaliar o faturamento empresarial, o número de
colaboradores e demais informações que alteram a alíquota definida inicialmente e indicar a melhor
opção de regime a ser adotada.
Microempreendedor Individual – MEI.
MEI é a sigla que se refere à Microempreendedor Individual.
Não é um regime tributário propriamente dito, mas se trata de um modelo empresarial simplificado,
instituído pela Lei Complementar nº 128, de 19 de dezembro de 2008 que alterou a Lei
Complementar 123 de 14 de dezembro de 2006, com o propósito de facilitar a formalização das
atividades de quem trabalha de maneira autônoma.
Conforme se extrai da leitura do artigo 18-A §1º da Lei Complementar nº 123/2006, a MEI é um
modelo empresarial simplificado, com limite de faturamento anual de R$ 81 mil, criado para facilitar a
formalização de pessoas que trabalham de maneira autônoma:
Art. 18-A. O Microempreendedor Individual - MEI poderá optar pelo
recolhimento dos impostos e contribuições abrangidos pelo Simples Nacional
em valores fixos mensais, independentemente da receita bruta por ele
auferida no mês, na forma prevista neste artigo.
§ 1º Para os efeitos desta Lei Complementar, considera-se MEI quem tenha
auferido receita bruta, no ano-calendário anterior, de até R$ 81.000,00
(oitenta e um mil reais), que seja optante pelo Simples Nacional e que não
esteja impedido de optar pela sistemática prevista neste artigo, e seja
empresário individual que se enquadre na definição do art. 966 da Lei nº
10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil), ou o empreendedor que
exerça:
I - as atividades de que trata o § 4º-A deste artigo;
II - as atividades de que trata o § 4º-B deste artigo estabelecidas pelo CGSN;
e

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Legislação Empresarial

III - as atividades de industrialização, comercialização e prestação de serviços


no âmbito rural.
Em que pese a MEI seja uma opção bastante interessante e econômica do ponto de vista estrutural
para quem deseja ter o próprio negócio, para ser MEI é preciso, primeiro, atender a uma série de
exigências e limitações, as principais são:
- Não ter sócios;
- Não ter outra empresa aberta em seu nome;
- Não participar de outro negócio, seja como sócio, seja como administrador;
- Pode contratar apenas um funcionário;
- Limite de atividades econômicas;
Ainda, conforme já dito o principal requisito está relacionado ao
limite de faturamento anual, à quantidade de funcionários que
podem ser contratados, e a qual atividade econômica será exercida.
No que se refere ao limite de faturamento MEI, atualmente, o valor é
de, no máximo, R$ 81 mil ao ano.
Com relação à quantidade de funcionários, um empreendedor MEI
só pode contratar 1 (um) colaborador. A esse deve ser pago, no
mínimo, um salário mínimo nacional ou o piso determinado pela
categoria.
Quanto às atividades econômicas, não pode ser MEI quem exerce atividades intelectuais, tais como
médicos, engenheiros, dentistas, advogados, psicólogos, nutricionistas, fisioterapeutas, entre outros.
O MEI funciona como um modelo empresarial simplificado para autônomos e pequenos
empreendedores.
A MEI, proporciona ao profissional que deseja trabalhar de forma autônoma possa ter um CNPJ e,
assim, pode emitir notas fiscais, além de contar com direitos de uma pessoa jurídica.
Esses direitos contemplam aposentadoria, auxílio-doença e auxílio-maternidade. Torna-se mais fácil
também a solicitação de crédito e abertura de conta bancária.
Por fim, uma das grandes vantagens de ser MEI é a simplicidade de regularização, vez que sua
abertura é feita integralmente pela internet, bem como para se manter regularizado é necessário
pagar apenas um valor fixo por mês, que é referente aos tributos da atividade que você exerce, que
são recolhidos por meio de um único boleto, o DAS que significa Documento de Arrecadação
Simplificada.

DESAFIO
Qual a diferença entre Lucro Presumido e Lucro Real, qual é mais vantajosa ?

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Legislação Empresarial

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5.452, de 1o de maio de 1943, da Lei no 10.189, de 14 de fevereiro de 2001, da Lei Complementar
no 63, de 11 de janeiro de 1990; e revoga as Leis no 9.317, de 5 de dezembro de 1996, e 9.841, de 5
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