Exportação de Artesanato

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EXPORTAÇÃO DO ARTESANATO

EXPORTAR! Vejo que quase a totalidade dos artesãos tem o sonho de exportar como
se fosse a solução de todos os problemas.

Exportar é muito bom, mas para isto a pessoa tem que estar preparada. O primeiro
ponto a analisar é se ela consegue escoar toda a sua produção no mercado interno.
Se sim, ou seja, não existe sobra da produção, o meu conselho é não mexer com
exportação.

Isto por que existem muitas variáveis na exportação, tais como: o câmbio – às vezes
fica a favor, mas às vezes fica contra – vejam nos últimos meses, quando o dólar
chegou a quase R$ 4,00 e hoje está em R$ 3 e pouco. Quando você fecha um negócio
internacional, o cliente lá fora não quer saber se o dólar aumentou ou diminuiu. Se
ele comprou um produto a U$ 10 vai pagar os U$10.

Outra questão é capital de giro. Na maioria das vezes o cliente faz um pedido, você
envia, e somente quando ele receber os produtos é que faz o pagamento. Isto pode
chegar de 30 a 90 dias e você tem que ter recurso para pagar a produção, embalagem,
despesas com despachante, etc. Então se não tiver capital de giro não se arrisque.

Mas tem também um lado muito bom. Nossas pesquisas mostram que o artesão
que exporta melhora consideravelmente a sua produção, pois como tem que
atender as exigências do cliente quanto ao produto, a forma de apresentação, a
embalagem, ele acaba tratando do mesmo modo o mercado interno, melhorando
a sua competitividade e agregando valor ao produto.

Outra questão é para seu curriculum, pois quando você exporta o mercado interno
olha para ele com outros olhos pensando “olha ele exporta, então o produto dele
tem muita qualidade”.

Agora, se decidir exportar, pelo menos no primeiro ano, busque ajuda de entidades
que já tenham know-how e experiência em exportação de artesanato. Não tente fazer
sozinho. Ache uma comercial exportadora, trading ou mesmo um bom despachante
com larga experiência.

Bons negócios!

Tânia Machado
Presidente do Centro Cape

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EXPORTAÇÃO DO ARTESANATO

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 5

COMO EXPORTAR.................................................................................................. 7
O QUE É O MERCADO EXTERNO?........................................................................................ 7
PESQUISANDO NO MERCADO............................................................................................10
ONDE BUSCAR APOIO PARA EXPORTAR.........................................................................12
FONTES DE CONSULTA - INFORMAÇÕES........................................................................13

QUALIDADE DO PRODUTO ................................................................................. 17

QUESTÕES LEGAIS............................................................................................... 22
COMO VENDER O PRODUTO? . ..........................................................................................25
Condições de Venda..................................................................................................28
Condições de Pagamento........................................................................................31
COMO ENVIAR O PRODUTO?..............................................................................................32
COMO RECEBER DO CLIENTE?............................................................................................33
FECHAMENTO DE CÂMBIO..................................................................................................35
LINHAS DE CRÉDITO PARA A EXPORTAÇÃO..................................................................35
DOCUMENTOS DE EXPORTAÇÃO......................................................................................37

QUESTÕES TRIBUTÁRIAS..................................................................................... 39
EXPORTAÇÃO INDIRETA........................................................................................................39
EXPORTAÇÃO DIRETA............................................................................................................40

COMO PLANEJAR UMA EXPORTAÇÃO?.............................................................. 42

CONCLUSÃO......................................................................................................... 45

GLOSSÁRIO.......................................................................................................... 46

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EXPORTAÇÃO DO ARTESANATO

INTRODUÇÃO

EXPORTANDO ARTESANATO ..... E POR QUE NÃO?

O bom produto não só encontra comprador no mercado interno como também


no mercado externo, pois é notória a influência que a qualidade e o preço têm
sobre o consumidor ao adquirir o seu produto.

Cada vez mais o artesanato brasileiro vem ocupando seu espaço em nossa
economia e chamando a atenção de compradores estrangeiros.

A identidade do artesanato se torna um grande apelo comercial, aliado à defesa


do meio ambiente. O artesão ao descobrir sua realidade, e através das suas mãos
a transforma em arte, atrai cada vez mais o mercado consumidor, que nem sempre
tem acesso a esta história. Portanto é preciso que a divulgue da melhor forma.

Porém, para se exportar, é muito importante que o artesão e/ou sua associação/
cooperativa (de preferência) estejam bem preparados para enfrentar um mercado
cada vez mais competitivo e exigente. Várias organizações têm-se dedicado a este
público.

O artesão, além de um bom produto, necessita de quantidade para atender ao


mercado externo. As despesas com exportação (frete interno e internacional,
embalagens, taxas bancárias, desembaraço aduaneiro) faz com que só compense
exportar volumes maiores, motivo pelo qual a venda através da associação/
cooperativa se torna menos onerosa para ambas as partes.

Quanto à promoção, a elaboração de catálogos de boa qualidade para divulgação


dos produtos e a participação em feiras internacionais são importantes para a
apresentação do artesanato no exterior, devendo ser previamente definido qual
o segmento de mercado que se pretende alcançar.

Cabe ao artesão atentar para a importância em buscar informações sobre as


tendências do mercado, podendo ser através de revistas, empresas especializadas,
e se capacitar, não só para conquistar novos mercados, mas principalmente para
se manter no mercado global. Podemos certamente acreditar que cada vez mais

5
EXPORTAÇÃO DO ARTESANATO

nosso artesanato ocupará um lugar de destaque no mercado internacional.....


CRIATIVIDADE é o que não nos falta !!!

Esperamos que este Manual seja de grande valia para o seu crescimento.

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EXPORTAÇÃO DO ARTESANATO

COMO EXPORTAR

O QUE É O MERCADO EXTERNO?

Utiliza-se a expressão “mercado externo” para identificar negócios com outros países.
E EXPORTAÇÃO, a venda de um produto ou serviço com destino a este mercado, em
moeda forte, como o dólar americano.
Portanto não adianta só enviar
EXPORTADOR – é quem vende o produto para outro país; para
se caracterizar uma exportação é
importante que a moeda estrangeira,
IMPORTADOR – é quem compra
em troca, entre no Brasil.

Quando buscamos o mercado externo para escoar a produção, devemos nos


atentar para a necessidade de planejar as ações. Considerando que, para atender
o mercado externo, todos os envolvidos na produção e comercialização devem se
sentir importantes e responsáveis pelo passo tomado. Ao iniciarmos uma exportação,
estamos iniciando uma expansão estratégica, ofensiva, que irá
requerer muita energia de todos os envolvidos.

Todos devem estar voltados para a exportação e


conscientes da importância do seu trabalho para que
o sucesso seja alcançado. É NECESSÁRIO, A CADA DIA,
PENSAR EM NOVAS POSSIBILIDADES
DE NEGÓCIOS E TER A CONSCIÊNCIA
DE QUE, AO PARTIR PARA AS
TROCAS INTERNACIONAIS, A
EXIGÊNCIA DE QUALIDADE E
COMPETITIVIDADE, SOB TODOS
OS SEUS ASPECTOS, SÃO DE
GRANDE IMPORTÂNCIA.

Participar efetivamente
do Comércio Exterior
requer algumas
atitudes:
• ter QUALIDADE
E PREÇO
COMPETITIVO;

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EXPORTAÇÃO DO ARTESANATO

•• não esperar resultados de imediato - as épocas de plantio e colheita podem vir


a ser longas e onerosas;
•• vencer resistências;
•• disponibilidade para adaptar-se às exigências do mercado – adequação
do produto;
•• integrar todos os envolvidos no processo “Espírito da Coisa” - gerenciamento
harmônico e participativo;
•• substituir a filosofia do “eu ganho, alguém perde”, por “TODOS PODEMOS
GANHAR”;
•• no Brasil, utiliza-se muito “Talvez”, “Vou pensar”, “Vou fazer o possível” etc. No
Comércio Internacional, diz-se “SIM” ou “NÃO”. As negociações devem ser sempre
muito objetivas.

Novamente ressaltamos: antes da tomada de decisão sobre seu ingresso na


atividade exportadora, a Associação/Cooperativa deve avaliar, com profundidade,
suas reais perspectivas, no sentido de resultar em benefício para seu desempenho
como um todo. Ao buscar outros mercados em outros países ela amplia suas
atividades comerciais.

Dificuldades existem, é claro, mas não são intransponíveis. Para aqueles que
acreditam que o momento é de romper fronteiras, buscar parcerias, desbravar os
mares do comércio externo e marcar sua presença, PLANEJANDO, pode-se ingressar
e operar, com segurança e sucesso, na EXPORTAÇÃO.

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EXPORTAÇÃO DO ARTESANATO

Vale ressaltar:

COMÉRCIO EXTERIOR é o comércio


de compra e venda de mercadorias
que o Brasil realiza com outros
países. O Comércio Exterior tem
sentido restrito às fronteiras do
país. É um segmento da economia.
Ele propicia à Cooperativa a sua
internacionalização, ampliando
suas atividades para além das
fronteiras pátrias. O Comércio
Exterior segue normas legais
dentro do próprio país.

Por este conceito, podemos


distinguir Comércio Exterior de
Comércio Internacional.

O Comércio Internacional baseia-se em leis, acordos e outros dispositivos aplicáveis


igualmente a todos os participantes das atividades comerciais realizadas entre
as nações e fora de suas próprias
fronteiras.

Portanto:

Comércio Exterior do Brasil refere-


se a ações no mercado brasileiro.

Comércio Internacional - refere-se


a ações no mercado internacional.

Para que possamos enfrentar novos


mercados, com competência,
se faz necessário investirmos
no aprendizado da técnica ou
d a “A R T E D E C O M E R C I A R
INTERNACIONALMENTE”.

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EXPORTAÇÃO DO ARTESANATO

PESQUISANDO NO MERCADO

Identificando possíveis compradores no mercado externo.

Quando você vai comprar um instrumento de


trabalho, certamente você procura saber tudo sobre ele, para
não fazer um mau negócio. O dinheiro está difícil e não dá para arriscar.
Este princípio lógico em nossa vida deve ser aplicado quando se parte para
conquistar um novo mercado para o produto que se fabrica. Então, quando
falamos “em exportar”, estamos “comprando” um novo espaço para
colocarmos nosso produto. Portanto, é preciso saber bem sobre esses
novos compradores antes de iniciarmos o processo.

Normalmente em todos os países para


onde se pretende exportar, existem órgãos
oficiais com dados já formatados desse
mercado – uma radiografia oficial.

Todo mercado pode ser visto como um universo de informações.


Há informações no mercado e informações sobre o mercado,
aquelas que estão nos documentos escritos e devem ser o
ponto de partida para um levantamento de dados, também
chamado pesquisa documental. Essa pesquisa, no entanto, pode
ser insuficiente para fornecer uma avaliação correta e acabada do
seu objetivo, sendo necessário colher informação no mercado,
ou seja, realizar uma pesquisa de campo. Gasta-se mais dinheiro,
porém, é muito mais eficaz saber diretamente dos consumidores
seus desejos sobre determinado produto.

A necessidade de uma pesquisa de campo, viajando para


outros países, varia caso a caso, e ela só deve ser iniciada uma
vez esgotada as fontes documentais de informação.
Obviamente é indicada apenas para os mercados
que ofereçam as melhores condições de venda
para o produto. Deve-se decidir pela pesquisa
de campo no mercado se forem necessárias
informações muito específicas e se houver
dinheiro suficiente e disponível para isto. O custo
da pesquisa, claro, deve ser avaliado em relação ao
volume de negócios que ela poderá render.

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EXPORTAÇÃO DO ARTESANATO

Em ambos os casos é preciso analisar


muito bem o mercado para o qual
Não devemos nos arriscar fazendo dívidas
se deseja vender. Será que o seu
para estas viagens. É necessário poupar
produto, inclusive embalagens
antes e até mesmo buscar parceiros.
(tipo, qualidade, quantidade de
produto por embalagem, visual etc.),
está de acordo com os hábitos e preferências
dos consumidores de lá? Quais são os
costumes e práticas de compra e venda no país
comprador? Existem exigências especiais para conseguir
vender para aquele país?

É importante também para o exportador


conhecer o seu importador, o seu representante
no mercado que se pretende conquistar, saber
se ele realmente conhece o mercado onde
vai atuar. Por outro lado, o importador, para
comprar o seu produto, espera principalmente
regularidade de fornecimento, seriedade e
profissionalismo.

Análise
de
Mercado

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EXPORTAÇÃO DO ARTESANATO

ONDE BUSCAR APOIO PARA EXPORTAR

REDE AGENTES – O agente de comércio exterior é treinado para ser o elemento


facilitador que auxilie os empreendedores de sua região, em todos os aspectos
necessários, para que eles possam ingressar ou expandir sua participação, com
segurança, no mercado externo.

Para seleção dos mercados potenciais baseada em PESQUISA DOCUMENTAL


(pesquisa no seu próprio local de produção, junto a sua Associação/Cooperativa, via
Internet, ou indo diretamente nos órgãos de apoio), relacionamos algumas Fontes
de Informação para Pesquisa:

Secretaria de Comércio
Exterior

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EXPORTAÇÃO DO ARTESANATO

FONTES DE CONSULTA - INFORMAÇÕES

Feiras Internacionais

•• SECEX/NUCEX – Secretaria de Comércio Exterior/


Núcleo de Informações de Comércio Exterior
– homepage: www.mdic.gov.br/comext/pag/
comext.html
•• MRE/DPR – Ministério das Relações Exteriores –
home-page : www.braziltradenet.gov.br
•• Centros Internacionais de Promoção de Importação
(CBI da Holanda, JETRO do Japão etc.)
•• Centros Internacionais de Negócios – Rede CIN
•• Publicações sobre comércio exterior
•• Internet

Potenciais compradores no exterior

•• MRE/DPR
•• Centros Internacionais de Negócios – Rede CIN
•• Centros Internacionais de Promoção de Importação
(CBI da Holanda, JETRO do Japão etc.)
•• Publicações sobre comércio exterior
•• Internet

Pesquisa de mercado
•• SECEX/DECEX
•• MRE/DPR
•• Setores de Promoção Comercial – SECOM’s nas
embaixadas brasileiras
•• Centros Internacionais de Promoção de
Importação (CBI, JETRO, etc.)
•• International Trade Center – ITC
•• Revistas especializadas

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EXPORTAÇÃO DO ARTESANATO

Dados Estatísticos do Comércio Exterior Brasileiro

•• SECEX/DECEX – Depto. de Operações de Comércio Exterior – (Sistema ALICE)

Estatística de Importação por país

•• Câmaras de comércio bilaterais


•• Publicações estrangeiras

Acordos Internacionais
•• SECEX/DEINT – Secretaria de Comércio Exterior/Depto. de Negociações
Internacionais
•• MRE/DPR
•• Internet
Regras de Importação no mercado-alvo
•• Câmaras de comércio bilaterais
•• Potenciais compradores no mercado-alvo
•• Centros Internacionais de Promoção de Importação
•• SECOM’s nas embaixadas brasileiras
Sistema de Financiamento
•• SECEX/DECEX
•• BNDES
•• Bancos em geral, no Brasil e no exterior
Contratos Comerciais
•• Consultores/advogados especializados
•• Câmaras de comércio bilaterais
•• Publicações especializadas
Oportunidades de Investimento
•• MRE/DPR
•• Câmaras de comércio bilaterais
Exportadores locais do seu produto
•• Feiras internacionais
•• Diretórios nacionais (CNI – Confederação Nacional da Indústria, diretórios
estaduais etc.)
•• Internet

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EXPORTAÇÃO DO ARTESANATO

O INSTITUTO CENTRO CAPE


www.centrocape.org.br disponibiliza
atendimento de consultoria de
exportação para seus associados.

Ao buscar ajuda em
entidades tais como
CENTRO CAPE, Mãos de
Minas ou outra Instituição
que apóia o fortalecimento
do seu segmento, fica mais
fácil encontrar o caminho
para estes novos mercados.
Além de se reduzir custos, o
que você gastaria sozinho,
agora você pode dividir om
outros. Seu bolso agradece.

Ao surgir uma oportunidade


de exportar, não se assuste.
Existem profissionais que estarão
dispostos e com conhecimento
suficiente para auxiliá-lo em mais
esta conquista, executando
algumas etapas do processo
de exportação.

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EXPORTAÇÃO DO ARTESANATO

Dentre eles, citamos:

DESPACHANTE ADUANEIRO

Representa o exportador junto à Receita Federal na liberação da carga para


exportação. Normalmente é quem prepara o Registro de Exportação (RE) e a
Declaração de Despacho da Exportação (DDE), comprovando o embarque da
mercadoria através da emissão de um extrato.

AGENTE DE CARGA

É quem cuida da reserva de espaço da carga, quem pode instruir sobre um tipo
adequado de embalagem, quanto à legislação de entrada do país importador, retirar
a carga do estabelecimento produtor e transportar até ao aeroporto de origem,
proceder a liberação para embarque da carga e coordenar o acompanhamento da
carga até o seu destino final e a entrega ao importador.

TRADER / Agente Comercial

Tem a função de um representante comercial autônomo ou firma de representações


situada no território nacional ou no exterior. Atua no processo, comercializando o
produto no exterior.

EMPRESA COMERCIAL EXPORTADORA

Atua como uma distribuidora, adquire produtos no mercado interno para serem
exclusivamente comercializados para o mercado externo. É beneficiada com
incentivos fiscais e tributários por se dedicar à comercialização no mercado externo.
Normalmente é empresa com grande conhecimento no mercado comprador.

Ao escolhê-los é importante observar: os antecedentes; a área de atuação; a


especialização da empresa com relação ao seu produto.

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EXPORTAÇÃO DO ARTESANATO

QUALIDADE DO PRODUTO
A princípio pode haver cliente para produto de qualquer padrão. A qualidade a ser
exportada é aquela que está de acordo com a exigência do mercado comprador.
Vale lembrar que VENDER é SATISFAZER NECESSIDADES. O importante é que
haja uma padronagem definida e constante, ou seja, as características como cor,
tamanho, formato, sabor, espessura, peso, capacidade, durabilidade, acabamento,...,
representam um padrão único de qualidade. É NECESSÁRIO MANTER SEMPRE A
MESMA QUALIDADE.

A baixa qualidade se relaciona com a produção, porém pode ser consequência


de anos durante o armazenamento, o empacotamento ou o transporte. Deve -se
controlar todas as matérias-primas destinadas à utilização na produção artesanal.
Por exemplo : a madeira deve ser inspecionada quanto à elasticidade, durabilidade
e ausência de pragas e é necessário secá-la para que não trinque, não torça e não
dobre. A tecelagem deve ter cores firmes e não deve encolher. A qualidade dos
materiais deve ser uma constante. No produto final todos os detalhes referentes à
cor, revestimento e a elementos externos, devem ser de alta qualidade. Nunca se
deve sacrificar a qualidade de um produto para reduzir custos.

Seu produto deve ser exatamente como


foi prometido – na sua descrição, no seu
catálogo, no seu folder, na sua propaganda.
Ele deve durar ou aguentar o manuseio. Ele
não deve quebrar. Ele não deve amassar
ou rasgar. Ou desbotar. Ele deve se manter
impecável quando oferecido ao mercado.

Os erros e a comprovação de exigências na produção, como tamanhos inadequados,


cores que desbotam ou a presença de insetos, podem provocar devoluções,

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EXPORTAÇÃO DO ARTESANATO

reclamações e aos poucos o desinteresse do mercado comprador, não só pelo


produto deste exportador, como também de toda a comunidade, região ou país.

É imprescindível conservar
protótipos (modelos) de NUNCA REMETA MERCADORIA
amostras pelas quais foram QUE NÃO CORRESPONDA À
baseados os pedidos e AMOSTRA PREVIAMENTE
assegurar que a produção ENCAMINHADA AO CLIENTE.
corresponda a cada detalhe
da amostra, a fim de se evitar
reclamações baseadas em envios que
não correspondem ao modelo
apresentado.

O exportador deve analisar muito detalhadamente e


compreender com exatidão as exigências do comprador
quanto aos materiais, formato, desenho, cores e textura.
Também deve atentar para as exigências de qualidade
quanto ao produto acabado e estar em condições de
produzir artigos de acordo com as solicitações no
preço e prazo de entrega negociados. Desta forma,
o exportador deve criar condições de manter a
qualidade de forma sistemática, com inspeções
regulares nos procedimentos de produção e nos
resultados.

É de grande valia
as discussões entre
os participantes da
produção, para que
possam analisar
os problemas de
determinados
pedidos e trocar
idéias sobre o
aperfeiçoamento
do produto.

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EXPORTAÇÃO DO ARTESANATO

Devem entender os problemas que ocorrem durante a produção e encontrar uma


forma de determinar os produtos que atendem às exigências de qualidade para
exportação.

Recomendações básicas para a manutenção de uma boa qualidade que podem


ser feitas por você mesmo:

•• Dispor de amostras ou de fichas de especificações e fotografias de todos os


produtos. Isto facilita a consulta futura e ajuda a garantir as cores, dimensões e
demais especificações na efetiva produção.

•• Estabelecer os critérios de qualidade conforme os quais se avaliarão o


cumprimento das especificações.

•• Criar normas, ao máximo, quanto aos procedimentos de produção para facilitar


sem sacrificar a qualidade manual do artesanato.

•• Estabelecer procedimentos de controle de qualidade, instalar um sistema de


qualidade e assegurar sua aplicação.

•• Somente podem ser vendidos os produtos que tenham sido aprovados em uma
avaliação rigorosa de qualidade.

•• Os produtos defeituosos devem ser vendidos com desconto – em liquidação.

O controle de qualidade equivale realmente a assegurar que os produtos sejam


produzidos conforme as exigências do cliente. Embora às vezes seja difícil colocar
em aplicação sistemas de controle referentes aos produtos feitos à mão, não se
justifica o envio de produtos defeituosos ou que não se ajustam às descrições no
cumprimento do pedido.

Além das exigências do mercado, existem normas legais que regem a qualidade
dos produtos. Os artesãos devem atentar para que seus produtos se ajustem às
regulamentações nacionais, assim como a dos países importadores. A segurança é
uma das principais preocupações no processo de exportação e também deve ser
para os artesãos.

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EXPORTAÇÃO DO ARTESANATO

Dependendo do mercado-alvo, a adequação do produto ao gosto desse mercado,


em seus inúmeros níveis de exigência (cor, forma, tamanho, gosto, preço), se faz
necessária. Ter um processo produtivo disposto a mudanças, ágil, a ponto de
promover qualquer alteração no produto para satisfazer o mercado comprador, é
um ponto importante neste processo de conquista de novos mercados.

É preciso levar muito a sério


tudo o que for prometido,
contratado; assim você constrói
uma relação duradoura e seu
importador passa a confiar em
você. Cumpra rigorosamente
com os prazos de entrega;
padrões do produto, preço e
condições etc. Não prometa
nada que não possa cumprir.
Saber dizer não, antes, muitas
vezes é tão importante como
o SIM. Lembre -se que a
frase “vou dar um jeitinho”
não existe no dicionário de
Comércio Internacional.

Portanto, é importante estar atento para as seguintes questões:


1. Você conhece bem:
•• a qualidade dos seus produtos?
•• a sua capacidade de produção?
•• os seus custos?

Baseado nestas respostas, fica mais fácil poder apresentar propostas para serem
aceitas pelo importador.

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EXPORTAÇÃO DO ARTESANATO

2. Dentre os produtos que você comercializa, quais deles possuem as maiores e


melhores condições de:
•• ter preços competitivos?
•• manter uma QUALIDADE uniforme e/ou um mesmo padrão desde a amostra
apresentada ao cliente até a última remessa entregue?
•• aumentar a produção?
•• poder adequar o produto às novas exigências requeridas pelo importador
e/ou mercado a ser atingido?
•• possibilitar mudanças nas embalagens/apresentação?

Não aceite encomendas que você não está preparado para fazer sozinho.
Neste caso, convidar outros artesãos para produzirem juntos pode ser uma
boa solução, desde que haja tempo e condições para produzirem peças com
o mesmo nível de qualidade prometido ao importador.

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EXPORTAÇÃO DO ARTESANATO

QUESTÕES LEGAIS
Dentre os passos a serem seguidos podemos citar:

qualquer Associação/Cooperativa pode exportar desde que seja uma empresa


legalmente constituída e faça seu registro junto ao Sistema Integrado de
Comércio Exterior – SISCOMEX. Trata-se de um sistema informatizado de registro,
acompanhamento e controle computadorizado de informações de comércio exterior,
administrado pelos seguintes órgãos gestores no comércio exterior do Brasil:
•• Secretaria de Comércio Exterior (SECEX) do Ministério do Desenvolvimento,
Indústria e Comércio Exterior (MDIC)
•• Secretaria da Receita Federal (SRF) do Ministério da Fazenda (MF)
•• Banco Central do Brasil (BACEN) do Ministério da Fazenda (MF)

O acesso ao SISCOMEX poderá ser efetuado, desde que habilitado e credenciado


em:

•• Agências do Banco do Brasil que operam em Comércio Exterior


•• Demais Bancos que operam em Câmbio
•• Corretoras de Câmbio
•• Despachantes Aduaneiros
•• Agências do Correio
•• No próprio estabelecimento do exportador ou do importador,
observados os critérios específicos para ligação
•• Outras entidades habilitadas
•• Salas de contribuintes da Receita Federal

A partir da realização da primeira operação de exportação, a Associação/Cooperativa


será automaticamente cadastrada como exportadora no SISCOMEX. É importante
observar que deverá constar no objeto do Estatuto Social a atividade de exportação.
Recomenda-se a consulta a um Contador para que este verifique as questões
Tributárias e Fiscais do Estatuto.

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EXPORTAÇÃO DO ARTESANATO

A princípio todo produto pode ser exportado; são raras as exceções. Alguns produtos,
tipo : armas, ouro, pedras preciosas, material explosivo, necessitam de autorização
especial dos órgãos competentes, mas podem também ser exportados.

Todo produto é exportável?

Para saber se o seu produto pode


ser vendido no mercado externo,
pela legislação brasileira, você
deve verificar o “tratamento
administrativo do produto”.

Através da Norma Administrativa


de Exportação – Portaria SCE n.º 2
de 22/12/1992 é possível termos
conhecimento da legislação de
exportação brasileira.

Para cumprir esta exigência é necessário identificar o


produto através da NCM/SH (Nomenclatura Comum
do Mercosul baseada no Sistema Harmonizado). Este
é o código fiscal do produto, também conhecido por
código de classificação do IPI – Imposto sobre Produto
Industrializado. Assim, com uma simples
consulta às Normas Administrativas,
que orientam as Exportações, você saberá
qual é o tratamento dispensado ao produto
que deseja vender para o exterior.

23
EXPORTAÇÃO DO ARTESANATO

Vale ressaltar

Para saber se o seu produto pode


ser comercializado em um
determinado país é necessário
solicitar informações junto às
Câmaras de Comércio, Setores
Comerciais da Embaixada Brasileira
no país importador, e principalmente
junto ao seu parceiro/comprador/
importador.

O artesanato de produtos típicos normalmente


atende somente turistas.Verificamos uma
tendência para utilitários, pois as pessoas cada
vez mais buscam “lembrancinhas”, que têm, além
do aspecto decorativo, uma utilidade no dia-
a-dia. Nem sempre o que comercializamos em
nossa cidade para estrangeiro tem comprador
no exterior.

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EXPORTAÇÃO DO ARTESANATO

COMO VENDER O PRODUTO?

Considerando que o possível comprador já foi encontrado, deve-se atentar para


a formação do preço de venda. Em geral o exportador, ao tomar conhecimento
da realidade em outros mercados, sente a necessidade de atualizar seu modo de
produção utilizando técnicas modernas, para que possa baratear seu custo e se
tornar competitivo neste mercado global. Sem contar que muitas vezes o produtor
não sabe calcular seu real custo de produção e formar seu preço de venda.

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EXPORTAÇÃO DO ARTESANATO

TABELA PARA FORMAÇÃO DE PREÇO DE EXPORTAÇÃO

TRANSPORTE TRANSPORTE TRANSPORTE


DISCRIMINAÇÃO
RODOVIÁRIO AÉREO MARÍTIMO

1 Custo de Produção
1.1 Matéria-Prima = = =
1.2 Mão-de-Obra = = =
1.3 Custo Indireto de Produção = = =

2. Despesas
2.1 Financeiras V V V
2.2 Administrativas V V V
2.3 Comercialização (envio amostras) A A A

3. Impostos e Taxas
3.1 ICMS NT NT NT
3.2 IPI NT NT NT
3.3 PIS NT NT NT
3.4 COFINS (ex-FINSOCIAL) NT NT NT
3.5 Imposto de Renda D D D

4. Custo de Exportação (*)


4.1 Embalagem especial A A A
4.2 Marcação de volume = = =
4.3 Transporte interno até o (aero)porto NT A A
4.4 Seguro local de produção / (aero)porto NT A A
4.5 Seguro de armazenagem no porto NT NT A
4.6 Despesas consulares/documentos A A A
4.7 Despesas certificado de origem A A A
4.8 Despesas bancárias no Brasil A A A
4.9 Despesas de embarque A A A
4.10 Comissão de agente de venda A A A
4.11 Despesa com despachante A A A

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EXPORTAÇÃO DO ARTESANATO

Uma exportação segura exige muita


informação sobre as suas inúmeras
variáveis. E, uma delas, é a formação do
preço do produto.

Legenda
A = Igual ao mercado interno
V = Variável
D = Diminui em relação ao mercado interno
NT = Não tem
A = Acrescenta custo
(*) Quanto ao item 4, a tabela varia de
acordo com as exigências do importador.
Portanto, o que se apresenta no quadro é
apenas um exemplo.

Numa economia altamente competitiva, o mercado determina o preço que está


disposto a pagar e você deve ter a capacidade de administrar seus custos e o lucro
pretendido para viabilizar a venda, ou outro concorrente mais produtivo ganhará
o negócio.

É preciso saber muito bem quanto custa para produzir e, conforme a necessidade,
adequar esses custos a ponto de torná-lo COMPETITIVO.

Para formação do preço de venda, também leva-se em consideração as condições


de venda e a modalidade de pagamento.
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EXPORTAÇÃO DO ARTESANATO

Condições de Venda

Define-se as condições de venda e forma de entrega ao importador através


dos INCOTERMS, siglas com significados em inglês que definem até onde vai a
responsabilidade do Exportador (Vendedor) e até onde vai a responsabilidade do
Importador (Comprador).

Vale lembrar

Desembaraço aduaneiro:
Atividade do fiscal da Secretaria da Receita Federal ao conferir a mercadoria
a ser exportada com a documentação apresentada, legalizando o processo
de saída do País, através do registro dos dados no SISCOMEX.

EXW (Ex-Works/Fora da Fábrica) – O produto e a fatura devem estar à disposição do


importador no estabelecimento do exportador. Todas as despesas e quaisquer perdas
e danos a partir da entrega da mercadoria, inclusive o despacho da mercadoria para
o exterior, são da responsabilidade do importador. O exportador não possui nenhum
custo. Quando solicitado, o exportador deverá prestar ao importador assistência na
obtenção de documentos para o despacho do produto. Esta modalidade pode ser
utilizada com relação a qualquer via de transporte (modal) Seguro Facultativo.

FCA (Free Carrier/Livre no Transportador) - O exportador entrega as mercadorias,


desembaraçadas para exportação, à custódia do transportador, no local indicado pelo
importador, cessando aí todas as responsabilidades do exportador. Essa condição
pode ser utilizada em qualquer tipo de transporte, inclusive o multimodal. Seguro
Facultativo.

FAS (Free Alongside Ship/Livre ao Lado do Navio) - As obrigações do exportador


encerram-se ao colocar a mercadoria, já desembaraçada para exportação, no cais,
livre junto ao costado do navio. A partir desse momento, o importador assume
todos os riscos, devendo pagar inclusive as despesas de colocação da mercadoria
dentro do navio. O termo é utilizado para transporte marítimo ou hidroviário interior.
Seguro Facultativo.

28
EXPORTAÇÃO DO ARTESANATO

FOB (Free On Board/Livre a Bordo) - O exportador deve entregar a mercadoria,


desembaraçada, a bordo do navio indicado pelo importador, no porto de embarque.
Esta modalidade é válida para o transporte marítimo ou hidroviário interior. Todas
as despesas, até o momento em que o produto é colocado a bordo do veículo
transportador, são da responsabilidade do exportador. Ao importador cabem as
despesas e os riscos de perda ou dano do produto a partir do momento que este
transpuser a amurada do navio. Seguro Facultativo.

CFR (Cost and Freight/Custo e Frete) - O exportador deve entregar a mercadoria


no porto de destino escolhido pelo importador. As despesas de transporte ficam,
portanto, a cargo do exportador. O importador deve arcar com as despesas de seguro
e de desembarque da mercadoria. A utilização desse termo obriga o exportador a
desembaraçar a mercadoria para exportação e utilizar apenas o transporte marítimo
ou hidroviário interior. Seguro Facultativo.

CIF (Cost Insurance and Freight/Custo, Seguro e Frete) - Modalidade equivalente


ao CFR, com a diferença de que as despesas de seguro ficam a cargo do exportador.
O exportador deve entregar a mercadoria a bordo do navio, no porto de embarque,
com frete e seguro pagos. A responsabilidade do exportador cessa no momento
em que o produto cruza a amurada do navio no porto de destino. Esta modalidade
só pode ser utilizada para transporte marítimo ou hidroviário interior. Seguro
Internacional Obrigatório.

CPT (Carriage Paid To/Transporte Pago Até...) - Como o CFR, esta condição estipula
que o exportador deverá pagar as despesas de embarque da mercadoria e seu
frete internacional até o local de destino designado. Dessa forma, o risco de perda
ou dano dos bens, assim como quaisquer aumentos de custos são transferidos do
exportador para o importador, quando as mercadorias forem entregues à custódia
do transportador. Este INCOTERM pode ser utilizado com relação a qualquer meio
de transporte.

CIP (Carriage and Insurance Paid/ Transporte e Seguro Pago) - Adota princípio
semelhante ao CPT. O exportador, além de pagar as despesas de embarque da
mercadoria e do frete até o local de destino, também arca com as despesas do seguro
de transporte da mercadoria até o local de destino indicado. O CIP pode ser utilizado
com qualquer modalidade de transporte, inclusive multimodal.

29
EXPORTAÇÃO DO ARTESANATO

DDP (Delivered Duty Paid/Responsabilidade de Entrega Paga) - O exportador


assume o compromisso de entregar a mercadoria, desembaraçada para importação,
no local designado pelo importador, pagando todas as despesas, inclusive impostos
e outros encargos de importação. Não é de responsabilidade do exportador, porém, o
desembarque da mercadoria. O exportador é responsável também pelo frete interno
do local de desembarque até o local designado pelo importador. Este termo pode
ser utilizado com qualquer modalidade de transporte. Trata-se do INCOTERM que
estabelece o maior grau de compromissos para o exportador.

DAT (Delivered At Terminal/Entregue no Terminal) - Estabelece que as mercadorias


podem ser colocadas a disposição do comprador (importador) não desembraçadas
para importação num terminal portuário, ou em um galpão fora do porto destino.
O vendedor (exportador) termina com as suas responsabilidades quando coloca a
mercadorias a disposição do comprador.

DAP (Delivered at Port/Entregue no Porto) - As mercadorias poderão ser postas


à disposição do comprador (importador) no porto de destino ainda no interior do
navio transportador e antes do desembaraço para a importação.

30
EXPORTAÇÃO DO ARTESANATO

Condições de Pagamento

É definida pela forma com que o importador pagará ao exportador, sendo escolhida
pelas partes envolvidas (exportador e importador).

1 - COBRANÇA SIMPLES – à vista ou a prazo

Cabe ao vendedor entregar ao Banco negociador não somente a duplicata (draft,


cambial, letra de câmbio, saque) mas também os documentos de exportação
solicitados pelo importador. De posse destes documentos originais, o importador
poderá liberar a mercadoria comprada junto à alfândega de seu país.

Maior risco para o exportador e menor risco para o importador. É sugerido consignar
a documentação de exportação ao Banco no exterior, pois com isso é necessário ao
Banco no exterior endossar a documentação para o importador, negociando com
o mesmo o pagamento.

2 – CARTA DE CRÉDITO (letter of credit) – à vista ou a prazo

Também chamado crédito documentário, nesta forma o exportador exige que um


Banco internacional de 1ª linha (confiável) seja o avalista na transação comercial. Neste
caso, o importador apresenta um Banco de primeira linha, o qual, por intermédio de
uma carta de crédito, envia ao nosso Banco aqui no Brasil, que atesta sua origem,
informa os detalhes da negociação e que honrará o compromisso. O exportador
deverá entregar ao importador a documentação da forma como foi mencionada na
carta de crédito, para que ele possa liberar a mercadoria em seu país.

O ideal é solicitar que a carta de crédito seja irrevogável (qualquer alteração deve ser
aceita por ambas as partes envolvidas) e confirmada (um Banco bem conceituado
no mercado garante o pagamento).

Normalmente esta operação tem custo junto ao Banco do importador.

3 – PAGAMENTO ANTECIPADO

Usual para exportações de valor baixo, pois simplificam e diminuem os custos.


O pagamento antecipado pode ser feito através de ordem de pagamento para o
nosso Banco em nome do exportador. Pode ser pago por cheque ou em dinheiro
estrangeiro ou qualquer outra forma acordada entre as partes, desde que em moeda
estrangeira negociada no processo de exportação. Maior risco para o importador e
menor risco para o exportador.

31
EXPORTAÇÃO DO ARTESANATO

COMO ENVIAR O PRODUTO?

A contratação da companhia transportadora depende da condição de venda


negociada. Em todos os casos será necessário o contato com a companhia
transportadora (marítima, aérea, rodoviária), por intermédio de seus representantes,
e a verificação da data da disponibilidade dos transportes. Nos fretes rodoviários
e aéreos, normalmente a coleta da mercadoria no local de produção é feita pelas
companhias transportadoras. No frete marítimo, normalmente o exportador tem
que levar a carga até a área portuária. O nosso correio oferece o serviço EXPORTE
FÁCIL. Maiores informações podem ser obtidas no site www.correios.com.br ou na
agência mais próxima ao seu local de produção. Normalmente a cotação de frete é
fornecida em USD – dólar americano (moeda dos Estados Unidos da América).

Vale ressaltar
Embalagens muito
grandes ou muito
pesadas levam a
um frete mais caro.
Embalagens fracas
podem permitir
danos aos produtos.

32
EXPORTAÇÃO DO ARTESANATO

COMO RECEBER DO CLIENTE?

Considerando que
EXPORTAÇÃO é a venda
de um produto ou serviço
com destino ao mercado
externo, em moeda forte,
como o dólar americano,
então o pagamento deverá
ser sempre em moeda
estrangeira, de acordo
com a moeda mencionada
nos documentos de
exportação.

Para as condições de
pagamento através
de cobrança ou carta
de crédito, cabe ao
exportador apresentar
os documentos de
exportação solicitados
pelo importador ao
“Banco negociador”.
O Banco negociador
é um Banco brasileiro,
que enviará a
documentação ao
Banco no exterior, indicado pelo importador ou especificado na carta de crédito
enviada pelo importador.

O “Banco apresentador” é o Banco no exterior, que receberá a documentação


enviada pelo Banco negociador e entregará a documentação ao importador,
conforme as instruções de exportação. Exemplo:
•• se à vista: “somente liberar a documentação contra pagamento”
•• se à prazo: “somente liberar a documentação contra aceite nos saques”

33
EXPORTAÇÃO DO ARTESANATO

Ciclo da Exportação

34
EXPORTAÇÃO DO ARTESANATO

FECHAMENTO DE CÂMBIO

Ao receber a moeda estrangeira, seja através do Banco negociador ou diretamente


do importador, é obrigação do exportador converter a moeda estrangeira em moeda
nacional. A operação de conversão da moeda estrangeira em moeda nacional é
chamada de FECHAMENTO DE CÂMBIO em exportação.

Portanto o exportador somente terá acesso ao valor correspondente em moeda


nacional. O exportador VENDE ao Banco – normalmente ao Banco onde os
documentos de exportação foram entregues para serem repassados ao importador
– a moeda estrangeira. Este ato obrigatório de troca de moeda estrangeira é
regulamentado pelo Banco Central do Brasil. A negociação de venda da moeda
estrangeira é feita através de um “contrato de câmbio” entre o exportador e o Banco
negociador. Este contrato de câmbio pode ser efetuado antes ou depois do embarque
da mercadoria como forma de financiamento da exportação.

LINHAS DE CRÉDITO PARA A EXPORTAÇÃO

É preciso alertar que as duas linhas de crédito mencionadas são destinadas à


Associação/Cooperativa com fluxo de exportação definido, com conhecimento do
mercado-alvo e de suas condições de venda.

ACC – Adiantamento de Crédito de Câmbio


Tem como finalidade financiar o produto a ser exportado (antes do embarque da
mercadoria). A utilização deste crédito para outra finalidade pode levar a Associação/
Cooperativa a sofrer pesadas multas.

Por exemplo: Uma Associação de


Artesãos precisa de dinheiro para produzir as
peças de cerâmica para atender ao pedido feito
pela empresa compradora na Inglaterra. Então, um
representante da Associação vai ao Banco, que opera com
operações de câmbio, e solicita um ACC, cujo limite do valor
leva-se em consideração ao pedido feito pela empresa
compradora na Inglaterra e às condições financeiras da
Associação de Artesãos. A liberação da moeda nacional
normalmente é rápida, mas SE DESTINA EXCLUSIVAMENTE
PARA A PRODUÇÃO DE ALGO A SER EXPORTADO.
Sugere-se negociar com o Banco situações
de desistência do comprador.

35
EXPORTAÇÃO DO ARTESANATO

O pagamento ao Banco que concedeu o ACC é feito pelo Banco do comprador.


O Banco comprador da moeda estrangeira cobra um “juros” da data da entrega
da moeda nacional ao exportador até o recebimento da moeda estrangeira do
importador. A responsabilidade pela entrega da moeda estrangeira vendida, num
prazo pactuado, é do exportador .

ACE – Adiantamento sobre Cambiais Entregues

Tem como finalidade financiar a mercadoria embarcada (após o embarque da


mercadoria). O procedimento é muito parecido com um desconto de duplicata.
O Banco antecipa o pagamento ao exportador, depois de uma boa análise do
importador, que deve ter um conceito positivo quanto à pontualidade em seus
pagamentos. Como em todo o negócio, e ainda mais no comércio internacional, a
inadimplência pode ocorrer. Neste caso o exportador sempre assume esse risco.

O termo Adiantamento significa que o Banco negociador antecipa o valor em reais


para o exportador, correspondente ao valor da moeda estrangeira mencionada nos
documentos de exportação apresentados pelo exportador ao Banco. No momento
da liberação dos reais pelo Banco negociador ao exportador, nem o Banco nem o
exportador ainda não receberam o valor em moeda estrangeira negociada com o
importador. É uma operação comparada com o desconto de duplicata utilizada no
mercado interno.

BANCO

36
EXPORTAÇÃO DO ARTESANATO

DOCUMENTOS DE EXPORTAÇÃO

Dentre os documentos utilizados podemos ressaltar:

1 - Fatura Proforma (Proforma Invoice)

Compara-se a uma Confirmação de Pedido, normalmente emitida pelo exportador


após recebimento do pedido oficial de compra do importador, contendo
especificação da mercadoria(*), preço, modalidade de venda (FOB/CIF/CFR etc.),
forma de pagamento, prazo de entrega, validade de cotação, meio de transporte.

(*) Definição precisa dos produtos que se pretende exportar, incluindo a classificação
de mercadorias. É processo indispensável e da maior importância na exportação.
Um produto que tenha classificação feita de forma incorreta ou inadequada pode
ter tributação ou tratamento administrativo diverso do que deveria ocorrer. É muito
importante apresentar ao importador, previamente ao embarque, a classificação da
mercadoria. No Brasil, por fazermos parte do Bloco MERCOSUL – Mercado Comum
do Sul – utilizamos como código a NCM/SH – Nomenclatura Comum do Mercosul,
baseada no sistema harmonizado internacional.

2 – Nota Fiscal de Exportação

Documento que acompanha a mercadoria do estabelecimento do exportador até o


local de embarque para o exterior. Tem validade somente no mercado nacional.

3 – Romaneio de Embarque (Packing List)

Listagem dos volumes que compõem o embarque, mencionando para cada volume
o número, peso, marca, dentre outros. Auxilia a localização de um ítem dentro de
um lote, para fins de completa verificação no decorrer do desembaraço aduaneiro
na exportação.

4 – Fatura Comercial (Commercial Invoice)

Documento emitido pelo vendedor ao comprador, que substitui no exterior a Nota


Fiscal de Saída. Contém as características da transação efetuada: tipo de mercadoria,
quantidade, preço, condições de entrega e pagamento.

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EXPORTAÇÃO DO ARTESANATO

Para alguns países é exigida a Fatura Comercial Consular – a fatura vistada pelo
Consulado para fins de desembaraço aduaneiro no país de destino. As representações
diplomáticas destes países que fazem a exigência, emitem a fatura ou colocam o
visto consular nos documentos que se destinam ao importador.

5 – Conhecimento de Embarque

Documento emitido pela companhia de transporte que atesta o recebimento da


carga, as condições de transporte e a obrigação de entregá-la ao destinatário legal
por meio e local previamente determinado. É também um recibo de mercadorias,
um contrato de entrega e um documento de propriedade, tornandose um “título
de crédito”, podendo ser negociado com o Banco negociador.

Exemplos:
•• Transporte aéreo – Airway Bill (AWB)
•• Transporte marítimo – Bill of Lading (B/L)

6 – Certificado de Origem

Documento que atesta a origem da mercadoria; é emitido por exigência do


importador e de acordo com o país de destino da mercadoria. Normalmente é
solicitado pelo importador para obter benefícios fiscais na entrada da mercadoria
no país de destino (redução ou isenção de impostos/taxas na importação).

7 – Saque

Documento emitido pelo exportador (credor) contra o importador (devedor),


normalmente em inglês, à ordem do beneficiário indicado, que poderá endossálo,
a quem será pago o valor no prazo, data e local determinados. Normalmente ocorre
nas operações sob a modalidade de cobrança e carta de crédito.

38
EXPORTAÇÃO DO ARTESANATO

QUESTÕES TRIBUTÁRIAS
Para que possamos abordar o tratamento tributário nas exportações, faz-se
necessário conhecer algumas formas de exportação:

EXPORTAÇÃO INDIRETA

Trata-se de uma venda efetuada para


uma empresa no Brasil, cujos produtos
serão destinados exclusivamente ao
mercado externo. A empresa que está
adquirindo os produtos e irá revendê-
los para o mercado externo, deverá ser
uma “trading company” ou empresa
comercial exportadora (constituídas
conforme decreto-lei N.º 1248/72), para
que você possa utilizar os incentivos
fiscais existentes.

Este tipo de operação é utilizado


quando não se está tão seguro na
atividade de exportação ou quando se
trata de uma boa oportunidade.

Algumas Vantagens:
•• não se preocupar com a comercialização do produto no mercado externo;
•• não se preocupar com a documentação de exportação.

Algumas Desvantagens:
•• não é seu o mercado comprador no exterior;
•• o preço comercializado é mais baixo, considerando o custo da empresa comercial
exportadora;
•• você adquire pouca experiência da negociação internacional.

39
EXPORTAÇÃO DO ARTESANATO

EXPORTAÇÃO DIRETA

Trata-se de uma venda feita ao mercado externo pelo próprio produtor, ou através
de sua Associação/Cooperativa. Neste caso, você ou sua Associação/Cooperativa
faz todas as etapas da exportação. É você ou sua Associação/Cooperativa quem
vai vender seu produto ao cliente no exterior, definindo para qual mercado atuar
e para onde exportar.

A exportação através da Associação/Cooperativa é a mais indicada quando se


pretende obter melhores condições de venda do produto no mercado externo.

Vários pequenos
produtores se unem e querem
SOMAR PARA CRESCER, pois juntos
a produção é maior e os custos
de comercialização podem ser
divididos, facilitando a entrada do
produto em novos
mercados.

40
EXPORTAÇÃO DO ARTESANATO

QUADRO-RESUMO SOBRE ALGUMAS QUESTÕES TRIBUTÁRIAS NAS


EXPORTAÇÕES

EXPORTAÇÃO EXPORTAÇÃO
IMPOSTO
DIRETA INDIRETA

Imposto sobre Produtos


Não incidência Não incidência
Industrializados – IPI

Imposto sobre Circulação de


Não incidência Não incidência
Mercadorias e Serviços – ICMS

Contribuição para Financiamento da


Isenção Isenção
Seguridade Social - COFINS

Contribuição para os Programas de


Integração Social e de Formação do
Isenção Isenção
Patrimônio do Servidor Público – PIS/
PASEP

Imposto de Renda na Fonte

Alíquota de 0% nos casos de remessas para pagamentos de despesas de promoção,


propaganda, pesquisa de mercado, aluguéis e arrendamentos de stands para
exposições, comissões pagas a agentes, lucros de descontos de cambiais de
exportação.

Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguro

Alíquota de 0% nas operações de crédito à exportação e de adiantamento de contrato


de câmbio (ACC).

Existem leis que


regulamentam a isenção e a
não-incidência. Estas leis podem ser
consultadas através de nosso contador e de
nosso despachante ou em outros órgãos de
apoio. A agência de correio também pode
nos orientar a respeito.
Vamos procurá-los !!!!

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EXPORTAÇÃO DO ARTESANATO

COMO PLANEJAR UMA EXPORTAÇÃO?

Seguem algumas dicas para a elaboração de um plano de exportação para uma


Associação/Cooperativa de Artesãos

Objetivo da Associação/Cooperativa, tais como:


•• divulgar todos os produtos dos associados, ou de determinadas matérias-primas,
ou de algum grupo...
•• atender mercado local e / ou mercado externo.

Quanto ao Produtor :
•• ter conhecimento da formação do preço de venda; • estabelecer os produtos a
serem trabalhados;
•• ter interesse em se manter na Associação (grau de satisfação);
•• ter interesse e disponibilidade em adaptar o produto ao mercado-alvo.

Quanto à Pesquisa de Mercado:


•• definir os produtos que serão negociados;
•• definir quais mercados se pretende divulgar.
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EXPORTAÇÃO DO ARTESANATO

Ex.:
ƒƒ produtos que têm vários associados que produzem;
ƒƒ participação em feira em determinado país;
ƒƒ recurso disponível para participação na feira;
ƒƒ envio de amostras.

Custo do Produto:
•• frete internacional;
•• impostos / taxas de desembaraço no país de destino (normalmente por conta
do importador).

Quanto aos Canais de Distribuição:


•• a venda será diretamente para:
ƒƒ consumidor;
ƒƒ lojista;
ƒƒ atacadista comercial;
ƒƒ atacadista comércio solidário.

Quanto aos meios de comunicação, será necessário definir:


•• participação em feiras nacionais e / ou internacionais (quais - objetivo de cada
uma).

Visita a possíveis compradores com amostras ( amostras cedidas ou


vendidas).
•• prospectos (com especificações do produto, foto e preço);
•• mala-direta;
•• divulgação em home page (internet).

Quanto à imagem do produto:


•• qualidade;
•• preço;
•• credibilidade;
•• marca.

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EXPORTAÇÃO DO ARTESANATO

LEMBRETE:

Existe sempre um mercado para aqueles produtos que são considerados


especiais e que “têm uma história”, mas é preciso que se divulgue da melhor
forma.

Elaborar um orçamento com previsão de receitas e despesas para os próximos 3


anos, levando em consideração que no início as despesas tendem a ser maior que as
receitas, devido ao alto custo com “marketing”. (participação em feira, equipamentos,
catálogos, pesquisa de mercado, ...)

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EXPORTAÇÃO DO ARTESANATO

CONCLUSÃO
Por mais que tentemos escrever sobre EXPORTAÇÃO, sempre teremos algo mais
para contar. Esperamos que o “bicho de sete cabeças” se torne algo bem tranquilo e
fácil de ser conduzido. O primeiro processo é cheio de questionamentos. À medida
que tomamos conhecimento do assunto e praticamos as ações que planejamos, o
processo se torna mais fácil.

Sabemos que nem sempre a informação chega até você. É muito importante para o
sucesso do seu negócio buscar informações e se capacitar, não só para conquistar
novos mercados, mas principalmente para se manter no seu mercado.

O mais importante é encarar a exportação como um processo sério, de crescimento


do grupo. A exportação não pode ser praticada somente quando se tem problemas de
comercialização no mercado interno. É preciso exportar sistemática e continuamente,
pois o seu parceiro importador certamente vai programar negócios contando
com você. Deixá-lo na mão, ou interromper negociações já acordadas, se tornarão
empecilhos para uma retomada futuramente.

BONS NEGÓCIOS..... MERCADO É O QUE NÃO FALTA....

Exportar. Além de ser bom para sua comunidade, é ótimo para você.

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EXPORTAÇÃO DO ARTESANATO

GLOSSÁRIO

SECEX/NUCEX

Secretaria de Comércio Exterior/Núcleo de Informações de Comércio Exterior, do


Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior

SECEX/DECEX

Secretaria de Comércio Exterior/Departamento de Operações de Comércio Exterior,


do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior

SECEX/DEINT

Secretaria de Comércio Exterior/Departamento de Negociações Internacionais, do


Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior

MRE/DPR

Ministério das Relações Exteriores/Departamento de Promoção Comercial

CIN

Centros Internacionais de Negócios, normalmente pertencentes à Federações de


Indústrias e de Comércios

SECOM

Setores de Promoção Comercial, das Embaixadas Brasileiras no Exterior

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EXPORTAÇÃO DO ARTESANATO

ANOTAÇÕES

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EXPORTAÇÃO DO ARTESANATO

ANOTAÇÕES

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