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METODOLOGIA

CIENTÍFICA

Gisele Lozada
Introdução ao método
de pesquisa
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Reconhecer a importância da escolha de um método científico


para a realização de uma pesquisa.
 Diferenciar as abordagens dos métodos clássicos de pesquisa.
 Reconhecer os demais métodos de pesquisa.

Introdução
Para elaborar uma pesquisa científica, você deve seguir o método
cien- tífico. Assim, seu trabalho terá o rigor e as propriedades
necessárias para ser considerado científico. Contudo, o método
científico possui particula- ridades, como a existência de diferentes
métodos de pesquisa, que vão desde os clássicos até os
contemporâneos. Por isso, além de conhecer as características de
sua pesquisa, você também precisa conhecer os diferentes métodos
de pesquisa existentes. A ideia é que você consiga avaliar e escolher
aquele que melhor serve aos propósitos do seu trabalho. Neste
capítulo, você vai verificar a importância do método científico para a
realização de uma pesquisa. Você também vai conhecer os dife-
rentes métodos de pesquisa existentes. Ao final, você deve ser capaz
de diferenciar as abordagens dos métodos de pesquisa clássicos e
ainda
reconhecer os demais métodos.

A importância do método científico


Todos os ramos de estudo utilizam algum tipo de método. As ciências, como
um todo, possuem como característica fundamental a utilização do método
científico. Em síntese, tal utilização não é exclusividade da ciência, mas não
existe ciência sem ela (MARCONI; LAKATOS, 2017). De modo geral, o
2 Introdução ao método de pesquisa

método é o caminho pelo qual se chega a determinado resultado. Ou


melhor: o método indica como o pesquisador deve proceder ao longo do
caminho para obter o resultado pretendido. Para tanto, o método se
apresenta como um conjunto de processos ordenado, regular, explícito e
passível de repetição que deve ser seguido em uma investigação para que ela
seja capaz de atingir dado fim (MARCONI; LAKATOS, 2017; MATIAS-
PEREIRA, 2016).
No contexto da ciência, o método consiste em uma combinação de procedi-
mentos por meio dos quais problemas científicos são propostos e colocados
à prova. Ele ajuda a compreender a investigação e seus resultados; assim,
permite demonstrar a verdade. Em outras palavras, o método científico é a
sequência de operações realizadas com a intenção de alcançar certo
resultado, sendo um modo sistemático e ordenado de pensar e investigar,
formando um conjunto de procedimentos que permitem alcançar a verdade
científica.
Assim, o método científico conduz o estudo ao encontro de seus
objetivos, facilitando a apresentação do problema científico que a pesquisa
pretende investigar, bem como a comprovação (ou refutação) das hipóteses
propostas por ela. Afinal, uma hipótese consiste em uma resposta suposta,
provável e provisória para o problema apresentado. Para ser incorporada ao
contexto da ciência, essa resposta precisa ser comprovada. Como você sabe,
tal compro- vação não pode ser singular, ou seja, outro pesquisador precisa
ser capaz de chegar ao mesmo resultado se repetir os mesmos
procedimentos — e isso é algo que o método científico oportuniza.
Desse modo, um método é utilizado quando se pretende converter uma
consideração ideológica, filosófica ou literária em uma explicação científica.
Ou seja, trata-se do critério para a obtenção do conhecimento científico, que
é a própria lógica da investigação científica. Nesse sentido, o método
científico pode ser compreendido como a teoria da investigação, que atinge
seus obje- tivos de forma científica, dedicando-se ao cumprimento das
seguintes etapas (MARCONI; LAKATOS, 2017; MATIAS-PEREIRA,
2016):

 descobrir um problema, uma lacuna, num conjunto de conhecimentos;


 apresentar o problema de forma precisa, seja ele novo ou antigo, à luz
de novos conhecimentos;
 procurar conhecimentos ou instrumentos (como teorias, técnicas e
dados empíricos) que auxiliem na solução do problema;
 buscar solução para o problema com a utilização dos meios identificados;
 promover novas ideias ou gerar novos dados empíricos;
 obter uma solução para o problema;
Introdução ao método de pesquisa 3

 investigar as consequências da solução obtida;


4 Introdução ao método de pesquisa

 comprovar a solução indicada;


 corrigir hipóteses, teorias, procedimentos ou dados empregados na
obtenção da solução (no caso de ela se mostrar incorreta).

Para fazer ciência, é primordial utilizar métodos rigorosos. É dessa maneira


que se atinge um conhecimento sistemático, preciso e objetivo. Ou seja, o
método científico é um meio que busca alcançar um fim; é o percurso
percor- rido pelo cientista na busca pela produção de conhecimentos. Para
direcionar o método e, consequentemente, as técnicas e procedimentos, cujo
conjunto constitui a metodologia para alcançar os seus objetivos, cada
ciência, em sua particularidade, define princípios filosóficos, lógicos, etc.
Assim, o método deve levar em consideração as concepções e os
pressupostos epistemológicos e mesmo ontológicos da base científica da
investigação que se deseja realizar. Nesse contexto, entram em cena
procedimentos como: formação de conceitos e hipóteses, observação e
medida, realização de experimentos, construção de modelos e de teorias,
elaboração de explicações e predição.
Isso permite que o método seja entendido como o conjunto de procedi-
mentos e técnicas utilizados de forma regular e passíveis de serem repetidos
para se alcançar um objetivo material ou conceitual e para se compreender
o processo de investigação. O método se apoia em procedimentos lógicos
para alcançar uma verdade científica, ou seja, é o conjunto de procedimentos
que ordenam o pensamento e esclarecem acerca dos meios adequados para
se chegar ao conhecimento (CRESWELL, 2010; MATIAS-PEREIRA,
2016; SEVERINO, 2007).

Existem diferentes ramos da ciência que geram o conhecimento, assim como


existem diferentes correntes filosóficas que promovem o estudo de diversos
assuntos sob ângulos distintos. Então, cada ciência procura promover o
conhecimento à sua maneira. Para isso, utiliza as correntes filosóficas como
apoio, a fim de, por exemplo, estabelecer os métodos que vai utilizar.
Racionalismo e empirismo são exemplos clássicos de correntes filosóficas. Eles
servem a diferentes ciências: o racionalismo (conhecimento vem do indivíduo,
de dentro para fora), por exemplo, serve às ciências formais, como a
matemática e a lógica. Já o empirismo (conhecimento vem da experiência, de
fora para dentro) serve às ciências factuais, como as ciências naturais e as
sociais.
Introdução ao método de pesquisa 5

Como você viu, o método é um fator fundamental para a atividade científica.


Em síntese, essa atividade tem como finalidade a obtenção de conhecimento
válido e verdadeiro, por meio da comprovação de hipóteses que conectam a
observação da realidade à teoria científica, permitindo explicar a primeira. O
método, por sua vez, é o conjunto de atividades sistemáticas e racionais que
permitem que a ciência atinja seu objetivo com maior segurança e economia,
uma vez que auxilia o cientista, indicando o caminho a ser seguido,
detectando erros e ajudando em suas decisões (MARCONI; LAKATOS,
2017; MATIAS-
-PEREIRA, 2016).
Contudo, não há somente um método científico. Na verdade, existem inúme-
ros métodos da ciência. Alguns, por exemplo, baseiam-se na lógica,
buscando conclusões ou deduções a partir de hipóteses, ou definindo as
implicações lógicas de relações causais em termos de condições necessárias
ou suficientes. Outros métodos são empíricos, como os que trabalham com
experiências controladas, ou aqueles que projetam instrumentos que serão
utilizados nas coletas de dados ou observações (MATIAS-PEREIRA, 2016).
A realização de uma pesquisa tem o propósito de promover uma
investigação, que pode servir às mais diversas áreas do conhecimento, como
ciências naturais e humanas, ciências sociais, política e medicina, etc. Os
métodos de pesquisa, por sua vez, são os possíveis caminhos a serem
percorridos pelo pesquisador para obter respostas aos questionamentos
traçados para a investigação proposta. O emprego de um método promove a
utilização de técnicas e normas espe- cíficas. Além disso, o rigor na
aplicação impacta diretamente a qualidade dos resultados da pesquisa
executada. Contudo, para que a aplicação de um método propicie os efeitos
esperados, não basta que ele seja aplicado com rigor; antes disso, o método
precisa ser adequadamente selecionado, sendo apropriado à
pesquisa que se pretende realizar (WALLIMAN, 2015).

Considere a medicina e a relação entre as doenças e os medicamentos. Cada doença requer a adm
6 Introdução ao método de pesquisa

Além de reconhecer a importância do método para uma pesquisa científica,


você precisa compreender que existem diferentes métodos e que é
necessário escolher aquele que melhor atende aos seus propósitos de
pesquisa. É isso que você vai ver a seguir (MATIAS-PEREIRA, 2016).

Métodos de pesquisa clássicos


Você já viu que existem diversos métodos disponíveis. Como pesquisador, você
deve eleger aquele que melhor se conecta com os propósitos da sua
pesquisa. Se necessário, você pode utilizar mais de um método. Entre os
métodos, há aqueles integrantes da abordagem clássica, que proporcionam as
bases lógicas da investigação, promovendo esclarecimentos acerca dos
procedimentos a serem seguidos no processo de investigação científica.
Os métodos clássicos possuem como característica marcante um elevado
grau de abstração e possibilitam ao pesquisador decidir acerca do alcance de
sua investigação, das regras de explicação dos fatos e da validade de suas
ge- neralizações. Entre os métodos clássicos, estão os métodos: dedutivo,
indutivo, dialético, hipotético-dedutivo e fenomenológico. Você vai conhecê-los
melhor a seguir (GIL, 2017; MARCONI; LAKATOS, 2017; MATIAS-
PEREIRA, 2016).

Além dos métodos clássicos de pesquisa, existem métodos integrantes de outras abordagens e que sã

Método indutivo
O método indutivo é baseado na indução, um processo mental que se funda-
menta em premissas, buscando permitir que, a partir de dados particulares
(suficientemente constatados), se infira uma verdade geral e universal.
Assim, no raciocínio indutivo, a generalização deriva de observações de
casos da realidade concreta, e as constatações particulares levam à
elaboração de generalizações.
Introdução ao método de pesquisa 7

Desse modo, o argumento indutivo busca conclusões mais amplas do que


as premissas nas quais a pesquisa se baseia. O método indutivo considera
que o conhecimento é fundamentado na experiência, não levando em conta
princípios preestabelecidos. Contudo, é importante você notar que as premissas
consideradas nese método levam a conclusões prováveis, não necessariamente
verdadeiras — ou seja, são conclusões provavelmente verdadeiras (MARCONI;
LAKATOS, 2017; MATIAS-PEREIRA, 2016).
Segundo o método indutivo, se você analisar três corvos e eles forem
negros, provavelmente todo corvo seja negro. O exemplo permite perceber
que no método indutivo, a partir de premissas decorrentes de fenômenos
observados, é estabelecida uma conclusão para fenômenos não observados,
indo do especial para o geral. Ou seja, faz-se uma generalização: quando
uma relação entre duas propriedades ou fenômenos é descoberta,
considera-se que essa relação é universal. O método indutivo é composto
por três etapas (MARCONI; LAKATOS, 2017; MATIAS-PEREIRA, 2016):

 observação dos fenômenos;


 descoberta da relação entre eles;
 generalização da relação.

Essas etapas do método indutivo são baseadas em leis observadas na


natureza, segundo as quais (MARCONI; LAKATOS, 2017):

 nas mesmas circunstâncias, as mesmas causas produzem os mesmos


efeitos;
 o que é verdade para muitas partes suficientemente constatadas é ver-
dade para o todo.

Contudo, alguns cuidados são necessários na utilização do método in-


dutivo, a fim de evitar equívocos. Entre esses cuidados, estão (MARCONI;
LAKATOS, 2017):

 certificar-se de que a relação que se pretende generalizar é verdadei-


ramente essencial;
 assegurar-se de que os fenômenos cuja relação se pretende
generalizar são realmente idênticos;
 lembrar-se do aspecto quantitativo dos fenômenos.
8 Introdução ao método de pesquisa

A indução pode ser feita de diferentes formas (como completa ou formal, incompleta ou científica)

Método dedutivo
O método dedutivo pressupõe que só a razão é capaz de levar ao conhecimento
verdadeiro, pois os fatos, por si só, não são fonte de todos os conhecimentos.
O raciocínio dedutivo tem o objetivo de explicar o conteúdo das premissas
e, por intermédio de uma cadeia de raciocínio em ordem descendente (da
análise do geral para o particular), chegar a uma conclusão. Para tanto,
utiliza o silogismo, construção lógica que, a partir de duas premissas, obtém
uma terceira logicamente decorrente, denominada conclusão.
A dedução, por sua vez, consiste em um processo semelhante ao da indução:
é baseada em premissas com a intenção de promover uma conclusão geral.
Porém, há uma diferença importante no caso da dedução: ela leva a uma
conclusão verdadeira, enquanto a indução conduz a uma conclusão provável
(MARCONI; LAKATOS, 2017; MATIAS-PEREIRA, 2016).

Segundo o método dedutivo, se todo mamífero tem um coração e todos os cães são mamíferos, todo

Para propor uma conclusão para o fenômeno estudado, o método


dedutivo utiliza um argumento que é baseado em duas noções básicas
(MARCONI; LAKATOS, 2017). Veja:

 para que a conclusão gerada seja falsa, é necessário que uma ou todas
as premissas consideradas sejam falsas;
Introdução ao método de pesquisa 9

 a conclusão gerada já estava contida nas premissas, ou seja, a informação


contida nas premissas é reformulada ou enunciada de modo explícito
e, assim, se as premissas forem verdadeiras, a conclusão também
será.

Os argumentos dedutivos têm o propósito de explicitar o conteúdo das


premissas, levando a uma conclusão verdadeira, que indicará se a relação entre
os fenômenos estudados é correta ou incorreta, sem gradações
intermediárias (MARCONI; LAKATOS, 2017).

Método hipotético-dedutivo
O método hipotético-dedutivo decorre dos métodos indutivos e dedutivos.
Seus aspectos mais relevantes são dois: ele parte da observação de alguns
fenômenos de determinada classe para abranger todos daquela mesma classe;
e, com base nas generalizações aceitas do todo, de leis abrangentes, parte para
casos concretos, componentes da classe que já se encontram na generalização.
Ou seja, enquanto a indução afirma que, em primeiro lugar, vem a ob-
servação dos fatos particulares e depois as hipóteses a confirmar, a dedução
defende o aparecimento, em primeiro lugar, do problema e da conjectura,
que serão testados pela observação e pela experimentação. Há, portanto, uma
inversão de procedimentos, dando origem ao método hipotético-dedutivo
(MARCONI; LAKATOS, 2017).
Em outras palavras, o método hipotético-dedutivo consiste na adoção da
seguinte linha de raciocínio: quando os conhecimentos disponíveis sobre
determinado assunto são insuficientes para a explicação de um fenômeno,
surge o problema. Para tentar explicar as dificuldades expressas no
problema, são formuladas conjecturas ou hipóteses. Das hipóteses formuladas,
deduzem-
-se consequências que deverão ser testadas ou falseadas, sendo que falsear
significa tornar falsas as consequências deduzidas das hipóteses. Enquanto
no método dedutivo se procura a todo custo confirmar a hipótese, no método
hipotético-dedutivo, ao contrário, procuram-se evidências empíricas para
derrubá-la (MATIAS-PEREIRA, 2016).

Método dialético
O método dialético tem como base a dialética, que possui sua origem ainda
na Grécia Antiga. Naquele contexto, o conceito de dialética era equivalente
ao de diálogo, passando depois a referir-se, ainda dentro do diálogo, a uma
10 Introdução ao método de pesquisa

argumentação que fazia clara distinção entre os conceitos envolvidos na


discussão (MARCONI; LAKATOS, 2017).
Em outras palavras, na dialética as contradições se transcendem, dando
origem a novas contradições que passam a requerer solução. Desse modo, o
método dialético consiste em um método de interpretação dinâmica e tota-
lizante da realidade. Ou seja, nele, os fatos não podem ser considerados fora
de um contexto social, político, econômico, etc (MATIAS-PEREIRA,
2016). Você ainda deve notar que o método dialético é baseado nas leis da
dia- lética, que podem ser apresentadas de forma sintética nos seguintes
itens
(MARCONI; LAKATOS, 2017):

 ação recíproca, unidade polar ou “tudo se relaciona”;


 mudança dialética, negação da negação ou “tudo se transforma”;
 passagem da quantidade à qualidade ou mudança qualitativa;
 interpenetração dos contrários, contradição ou luta dos contrários.

Você pode aprender mais sobre as leis da dialética em Marconi e Lakatos (2017, p. 76–81).

Método fenomenológico
O método fenomenológico não é dedutivo nem indutivo. Ele tem como
preo- cupação central a descrição direta da experiência tal como ela é. A
realidade é construída socialmente e entendida como o compreendido, o
interpretado, o comunicado. Então, a realidade não é única: existem tantas
quantas forem as suas interpretações e comunicações, sendo o homem
reconhecidamente importante no processo de construção do conhecimento
(MATIAS-PEREIRA, 2016).
Em outras palavras, o método fenomenológico se propõe a promover
uma pesquisa voltada para a descrição da experiência vivida, expondo suas
carac- terísticas empíricas e sua consideração no plano da realidade. Desse
modo, busca descrever e interpretar os fenômenos que se apresentam à
percepção, isto é, interpretar o mundo por meio da consciência do sujeito
formulada com base em suas experiências.
Introdução ao método de pesquisa 11

O objeto do método fenomenológico é, portanto, o próprio fenômeno, tal


como se apresenta à consciência, ou seja, o que aparece, e não o que se
pensa ou se afirma a seu respeito. Para a fenomenologia, um objeto pode ser
uma coisa concreta, mas também uma sensação, uma recordação, não
importando se constitui uma realidade ou uma aparência (GIL, 2017).

Os métodos elencados são alguns entre os diversos disponíveis ao pesquisador, que deve escolher

Demais métodos de pesquisa


Perceber a existência de um problema a ser resolvido é o primeiro passo
para o desenvolvimento de uma pesquisa. O problema é que dá origem à
questão de pesquisa, que é o ponto central do estudo. Por isso, ele deve ser
apresentado e trabalhado em profundidade para que seja adequadamente
entendido e resolvido. Desse modo, é preciso fragmentar o problema de
pesquisa em partes menores. Isso permite analisá-lo melhor, avaliando-o sob
diferentes ângulos, com base nos propósitos e nas dúvidas do pesquisador,
buscando desenvolver questiona- mentos significativos, claros e exequíveis.
A ideia não é antecipar respostas, e sim direcionar o caráter investigativo da
pesquisa (DE SORDI, 2017).
Tais considerações sobre a questão de pesquisa permitem perceber a im-
portância que tal questão possui para a execução do estudo e também para
a definição dos métodos a serem empregados. Afinal, de acordo com os
propósitos do estudo, o pesquisador deve escolher o método mais adequado
para a pesquisa que pretende realizar. Nessa tarefa, um fator importante, que
pode colaborar para tal escolha, é a questão de pesquisa.
O método de pesquisa, como você viu, auxilia o pesquisador na
resolução de problemas. Ele implica uma forma de observar, classificar,
demonstrar e interpretar fenômenos que possibilita a predição e a explicação
das questões que o pesquisador se propôs a estudar. Assim, para a aplicação
do método de pes- quisa, é recomendável seguir os seguintes passos
(MATIAS-PEREIRA, 2016):
12 Introdução ao método de pesquisa

 formular adequadamente as perguntas, criando campo para a pesquisa;


 arbitrar conjunturas ou hipóteses fundadas e contrastáveis com a ex-
periência, para que se possa responder às perguntas;
 derivar consequências lógicas dessas conjunturas;
 arbitrar técnicas para submeter as hipóteses à verificação;
 submeter essa verificação às mesmas técnicas, para comprovar sua
relevância e sua credibilidade;
 concluir as verificações, interpretando os seus resultados;
 estimar a veracidade das hipóteses e a fidedignidade das técnicas;
 determinar os domínios nos quais são válidas essas hipóteses e técnicas,
formulando novos problemas que surgiram com a investigação.

Que relações é possível traçar entre os métodos de pesquisa e a pesquisa


em si? Como os métodos podem auxiliar o pesquisador na resolução de suas
questões, na verificação de suas hipóteses ou ainda no alcance de seus obje-
tivos? A busca por respostas para esses questionamentos implica considerar
que os métodos de pesquisa podem auxiliar na obtenção de novos conhe-
cimentos. Nesse sentido, dependendo do objetivo que o pesquisador quer
atingir, a pesquisa terá um viés voltado para uma das ações listadas a seguir
(WALLIMAN, 2015).

 Categorizar: consiste em formar uma tipologia de objetos, eventos


ou conceitos, isto é, formar conjuntos que classifiquem determinado
grupo por características ou particularidades. Isso pode ser útil para
explicar o que pertence a determinado conjunto e por quê.
 Explorar: por meio da pesquisa, pode-se analisar o tema em questão
visando a um maior conhecimento ou à elaboração de hipóteses. Ao
ter como objetivo a exploração, a pesquisa tende a ser mais flexível e
a buscar possibilidades para lacunas investigadas.
 Descrever: permite a descrição de fenômenos e recorre à observação
como um meio predominante para a coleta de dados. Tenta exami-
nar situações de modo a estabelecer o que é padrão em determinado
contexto, isto é, o que se pode prever que acontecerá sob as mesmas
circunstâncias.
 Explicar: constitui um tipo de pesquisa projetada especificamente para
tratar de questões complexas. Procura ir além da obtenção dos fatos, de
modo a dar sentido às miríades de outros elementos envolvidos, como
aspectos humanos, políticos, sociais, culturais e contextuais.
Introdução ao método de pesquisa 13

 Avaliar: os métodos favorecem a análise dos achados de forma que


se possa conjecturar sobre possíveis resultados, seja em sentido
absoluto ou em base comparativa, sempre levando em consideração o
contexto e as intenções da pesquisa.
 Comparar: dois ou mais casos contrastantes podem ser examinados
para destacar diferenças e similaridades entre eles, o que conduz a um
melhor entendimento dos fenômenos.
 Correlacionar: as relações entre dois fenômenos são investigadas para
verificar se (e como) eles influenciam um ao outro. A relação pode
ser apenas uma conexão indireta entre os fenômenos, como a
interferência de um no outro sem reciprocidade, ou uma conexão
direta, quando um fenômeno causa o outro. Tais correlações são
medidas como níveis de associação.
 Predizer: às vezes, isso é possível em áreas de pesquisa nas quais já
se conhecem as correlações. As predições de comportamentos ou
eventos são feitas na seguinte base: se houve, no passado, uma forte
relação entre dois ou mais eventos ou características, então ela
deve existir em circunstâncias semelhantes no futuro, conduzindo a
resultados previsíveis.
 Controlar: pesquisar possibilita compreender determinado evento ou
problema, facilitando o controle dos componentes em estudo, na medida
em que se entendem as relações de causa e efeito.

Desse modo, as pesquisas podem ser classificadas por meio de critérios


que estabelecem categorias. Se você tomar como critério o nível de profun-
didade do estudo, pode classificar as pesquisas como exploratória, descritiva
e explicativa. Se levar em conta os procedimentos utilizados para a coleta de
dados, as pesquisas podem ser associadas a dois grandes grupos: aquelas que se
baseiam em fontes de “papel”, como as pesquisas bibliográfica e
documental, e aquelas cujas fontes de dados são pessoas, que incluem
modalidades como o levantamento e os estudos. Estes, por sua vez, se
subdividem em outras diversas categorias, como o estudo de caso e o estudo
de campo, entre outros (GIL, 2017).
14 Introdução ao método de pesquisa

Para aprender mais sobre a classificação de pesquisas, incluindo detalhes sobre as pesquisas explor

As pesquisas de levantamento se caracterizam pela interrogação direta das


pessoas cujo comportamento se deseja conhecer. Elas consistem
basicamente na solicitação de informações a um grupo significativo de
pessoas acerca do problema estudado. Em seguida, se obtêm as conclusões
correspondentes aos dados coletados por meio de análise quantitativa. As
pesquisas de levantamento costumam adotar procedimentos estatísticos a fim
de selecionar uma amostra da população em estudo. Afinal, na maioria das
vezes, não é possível coletar dados junto a todos os integrantes da
população estudada. A ideia, portanto, é inferir sobre a população com base
na amostra. Pesquisas para a verificação de votos, do comportamento do
consumidor e do nível de renda e desemprego são exemplos práticos de
levantamentos.
Já estudos de campo estão mais voltados ao aprofundamento das questões
propostas do que à verificação da distribuição das características da população
segundo determinadas variáveis. Esses estudos são focados em um único
grupo, ressaltando a interação de seus componentes. Por isso, tendem a utilizar
mais técnicas de observação do que técnicas de interrogação.

Os estudos de caso, por sua vez, são caracterizados pelo estudo


profundo e exaustivo de um ou de poucos objetos, de maneira a permitir um
conhecimento mais amplo e detalhado a respeito deles. Tais estudos se
constituem em estudos empíricos que investigam um fenômeno atual dentro
do seu contexto.
Como você viu, cada um dos métodos se volta a determinados tipos de
estudo. Além disso, os propósitos e as intenções de cada um deles estão
intimamente conectados à questão de pesquisa, o que faz dela um elemento
fundamental para a definição do método. Cabe a você, quando for realizar
uma pesquisa, avaliar criteriosamente os métodos existentes, ao mesmo
tempo em que avalia cuidadosamente a questão de pesquisa. Lembre-se
também de levar em conta as suas intenções e os seus propósitos com o
estudo a ser realizado.
Introdução ao método de pesquisa 15

O exemplo apresentado no enunciado ilustra o método


dedutivo, que conduz com estudo baseado na individualização
(indo do geral ao específico). Já sobre os demais métodos, é
possível considerar que: o método indutivo é baseado na
generalização (vai do particular ao geral); o método dialético é
focado na interpretação de uma realidade por meio da
argumentação baseada na distinção de conceitos; o método
fenomenológico é focado no fenômeno em si, como se apresenta
e não o que se pensa ou se afirma a seu respeito; e o método
hipotético-dedutivo é focado em um problema, o qual busca
explicar por meio da verificação de conjecturas (hipóteses).
16 Introdução ao método de pesquisa

CRESWELL, J. W. Projeto de pesquisa: métodos qualitativo, quantitativo e misto. 3. ed.


Porto Alegre: Artmed, 2010.
DE SORDI, J. O. Desenvolvimento de projeto de pesquisa. São Paulo: Saraiva, 2017.
GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2017.
MARCONI, M. A.; LAKATOS, E. M. Metodologia científica. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2017.
MATIAS-PEREIRA, J. Manual de metodologia da pesquisa científica. 4. ed. São Paulo:
Atlas, 2016.
SEVERINO, A. J. Metodologia do trabalho científico. 23. ed. São Paulo: Cortez, 2007.
WALLIMAN, N. Métodos de pesquisa. São Paulo: Saraiva, 2015.

Leituras recomendadas
FARIAS FILHO, M. C.; ARRUDA FILHO, E. J. M. Planejamento da pesquisa científica. 2. ed.
São Paulo: Atlas, 2015.
KOLLER, S. H.; COUTO, M. C. P P.; HOHENDORFF, J. V. (org.). Manual de produção
científica.
Porto Alegre: Penso, 2014.

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