Reta, Plano, Esfera - 1

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Reta, plano e esfera – 1

Equação do plano

Um plano fica definido por três pontos não colineares.


Por exemplo, dados os pontos 𝐴, 𝐵 e 𝐶, não colineares, definimos dois vetores 𝑢 = ⃗⃗⃗⃗⃗
𝐴𝐵
e 𝑣 = ⃗⃗⃗⃗⃗
𝐴𝐶 e o plano que contém esses três pontos é o conjunto dos pontos
𝑃 = 𝐴 + 𝛼𝑢 + 𝛽𝑣
onde 𝛼 e 𝛽 são números reais.

Exemplo
Determine a equação do plano que contém os pontos 𝐴 = (3, 1, 2), 𝐵 = (5, 2, −1) e
𝐶 = (4, 3, 1).

Solução
Não sabemos ainda que forma tem a equação de um plano no espaço, mas vamos
descobrir. Seguindo os passos acima,
⃗⃗⃗⃗⃗ = (2, 1, −3) 𝑒
𝑢 = 𝐴𝐵 ⃗⃗⃗⃗⃗ = (1, 2, −1)
𝑣 = 𝐴𝐶
A equação vetorial do plano fica:
𝑃 = 𝐴 + 𝛼𝑢 + 𝛽𝑣

𝑃 = (𝑥, 𝑦, 𝑧) = (3, 1, 2) + 𝛼(2, 1, −3) + 𝛽(1, 2, −1)

Exercício
O ponto 𝑃 = (8, −1, −7) pertence a esse plano?

Solução
Vamos ver se existem reais 𝛼 e 𝛽 tais que
(8, −1, −7) = (3, 1, 2) + 𝛼(2, 1, −3) + 𝛽(1, 2, −1)
Ou ainda,
(5, −2, −9) = 𝛼(2, 1, −3) + 𝛽(1, 2, −1)

Essa equação vetorial implica o sistema


2𝛼 + 𝛽 = 5
{𝛼 + 2𝛽 = −2
3𝛼 + 𝛽 = 9
Resolvendo, encontramos 𝛼 = 4 e 𝛽 = −3.
O ponto 𝑃 pertence ao plano (𝐴𝐵𝐶), pois
𝑃 = 𝐴 + 4𝑢 − 3𝑣

Continuando.
A partir da equação do exemplo: (𝑥, 𝑦, 𝑧) = (3, 1, 2) + 𝛼(2, 1, −3) + 𝛽(1, 2, −1)
vamos eliminar os parâmetros 𝑐 para obter uma equação cartesiana

2𝛼 + 𝛽 = 𝑥 − 3
{ 𝛼 + 2𝛽 = 𝑦 − 1
−3𝛼 − 𝛽 = 𝑧 − 2
Consideremos a primeira e terceira equações
2𝛼 + 𝛽 = 𝑥 − 3
{
−3𝛼 − 𝛽 = 𝑧 − 2

Resolvendo nas incógnitas 𝛼 e 𝛽 encontramos 𝛼 = −𝑥 − 𝑧 + 5 e 𝛽 = 3𝑥 + 2𝑧 − 13.


Substituindo na segunda equação temos
𝛼 + 2𝛽 = 𝑦 − 1

−𝑥 − 𝑧 + 5 + 2(3𝑥 + 2𝑧 − 13) = 𝑦 − 1
Arrumando,
5𝑥 − 𝑦 + 3𝑧 = 20

A equação do plano é do primeiro grau nas três variáveis,

O vetor normal

Vamos agora definir o plano de outra forma; por um ponto de passagem e um vetor
perpendicular.
O plano passará por um ponto dado 𝑃0 = (𝑥0 , 𝑦0 , 𝑧𝑜 ) e será perpendicular ao vetor dado
𝑛 = (𝑎, 𝑏, 𝑐).

Para todo ponto 𝑃 desse plano, o vetor 𝑛 será perpendicular ao vetor ⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗
𝑃0 𝑃.
Fazendo 𝑃 = (𝑥, , 𝑦, 𝑧) temos ⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗
𝑃0 𝑃 = (𝑥 − 𝑥0 , 𝑦 − 𝑦0 , 𝑧 − 𝑧0 ) e 𝑛 ∙ ⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗
𝑃0 𝑃 = 0.

(𝑎, 𝑏, 𝑐) ∙ (𝑥 − 𝑥0 , 𝑦 − 𝑦0 , 𝑧 − 𝑧0 ) = 0
Desenvolvendo e arrumando,

𝑎𝑥 + 𝑏𝑦 + 𝑐𝑧 = 𝑎𝑥0 + 𝑏𝑦0 + 𝑐𝑧0


ou
𝑎𝑥 + 𝑏𝑦 + 𝑐𝑧 = 𝑑
Todo plano tem uma equação da forma 𝑎𝑥 + 𝑏𝑦 + 𝑐𝑧 = 𝑑 onde 𝑛 = (𝑎, 𝑏, 𝑐) é um
vetor normal.
Retomamos então o exemplo anterior, agora sob outro ponto de vista.

Exemplo
Determine a equação do plano que contém os pontos 𝐴 = (3, 1, 2), 𝐵 = (5, 2, −1) e
𝐶 = (4, 3, 1).

Solução
Determinamos os vetores
𝑢 = ⃗⃗⃗⃗⃗
𝐴𝐵 = (2, 1, −3) e 𝑣 = ⃗⃗⃗⃗⃗
𝐴𝐶 = (1, 2, −1)
e adotamos 𝑛 = 𝑢 × 𝑣.
1 −3 2 1
2 −1 1 2
Encontramos 𝑛 = (5, −1, 3). Assim, a equação desse plano é 5𝑥 − 𝑦 + 3𝑧 = 𝑑 e
substituindo, por exemplo, 𝐴 = (3, 1, 2), obtemos 5 ∙ 3 − 1 + 3 ∙ 2 = 20 = 𝑑
Assim, a equação do plano que passa pelos pontos dados 𝐴, 𝐵 e 𝐶 é
5𝑥 − 𝑦 + 3𝑧 = 20

Exercício
Determine os pontos de interseção do plano 𝑥 + 2𝑦 + 3𝑧 = 6 om os eixos.

Solução
𝑦=𝑧=0 → 𝑥=6
𝑥=𝑧=0 → 𝑦=3
𝑥=𝑦=0 → 𝑧=2

Os pontos são 𝐴 = (6, 0, 0), 𝐵 = (0, 3, 0), 𝐶 = (0, 0, 2).


Visualização

Exercício
O que representa no espaço a equação 𝑥 + 2𝑦 = 4?

Solução
Um plano que corta o eixo X em (4, 0, 0), o eixo Y em (0, 2, 0) e é paralelo ao eixo Z.

Visualização

Exercício
O que representa no espaço a equação 𝑧 = 2?
Solução
Um plano que contém o ponto (0, 0, 2) e é paralelo aos eixos X e Y. Esse plano é,
portanto, perpendicular ao eixo Z

Posições relativas entre reta e plano

Dados uma reta e um plano, a reta pode estar contida no plano, pode ser secante ao
plano ou pode ser paralela ao plano. Veremos esses casos com exemplos (exercícios).

Exercício
A reta 𝑟 passa pelos pontos 𝐴 = (1, 2, −5) e 𝐵 = (2, 1, −3) e o plano Π tem equação
2𝑥 + 3𝑦 − 4𝑧 = 1. Determine 𝑟 ∩ Π.

Solução
Vamos determinar as equações paramétricas da reta 𝑟.
Temos o vetor diretor 𝑣 = ⃗⃗⃗⃗⃗
𝐴𝐵 = (1, −1, 2). Então todo ponto 𝑃 da reta 𝑟 é tal que
𝑃 = 𝐴 + 𝑡𝑣
(𝑥, 𝑦, 𝑧) = (1, 2, −5) + 𝑡(1, −1, 2)
As equações paramétricas são
𝑥 = 1+𝑡
{ 𝑦 =2−𝑡
𝑧 = −5 + 2𝑡

Vamos agora ver para que valor de 𝑡 um ponto de 𝑟 pertence a Π.

2(1 + 𝑡) + 3(2 − 𝑡) − 4(−5 + 2𝑡) = 1


2 + 2𝑡 + 6 − 3𝑡 + 20 − 8𝑡 − 1 = 0
−9𝑡 = −27 → 𝑡=3

𝑥 = 1+3= 4
{ 𝑦 = 2 − 3 = −1 → 𝑃 = (4, −1, 1)
𝑧 = −5 + 2 ∙ 3 = 1

Exercício
𝑥 = 1 + 2𝑡
Determine 𝑘 para que a reta 𝑟: { 𝑦 = 3 − 𝑡 seja paralela ao plano 3𝑥 + 4𝑦 − 2𝑧 = 0.
𝑧 = −5 + 𝑘𝑡

Solução 1
Podemos usar o mesmo método anterior e impor a condição que a interseção seja vazia.
3𝑥 + 4𝑦 − 2𝑧 = 0

3(1 + 2𝑡) + 4(3 − 𝑡) − 2(−5 + 𝑘𝑡) = 0

3 + 6𝑡 + 12 − 4𝑡 + 10 − 2𝑘𝑡 = 0

(2 − 2𝑘)𝑡 = −25

Para que não exista solução devemos ter 𝑘 = 1.


Solução 2
𝑥 = 1 + 2𝑡
Reta 𝑟: { 𝑦 = 3 − 𝑡
𝑧 = −5 + 𝑘𝑡
Plano: 3𝑥 + 4𝑦 − 2𝑧 = 0

O ponto 𝐴 = (1, 3, −5) pertence à reta e


não pertence ao plano. Além disso, o
vetor diretor da reta, 𝑣 = (2, −1, 𝑘) é
perpendicular ao vetor normal do plano 𝑛 = (3, 4, −2).
𝑣∙𝑛 =0 → 2 ∙ 3 + (−1) ∙ 4 + 𝑘 ∙ (−2) = 0 → 𝑘=1

Exercício
𝑥 = 1 + 3𝑡
Determine os parâmetros 𝑎 e 𝑏 para que a reta {𝑦 = −1 + 𝑎𝑡 fique contida no plano
𝑧 =𝑏+𝑡
𝑥 + 2𝑦 − 𝑧 = 6.

Resposta
𝑎 = 6, 𝑏 = −7

Posições relativas entre dois planos

Dois planos distintos ou são paralelos ou se intersectam segundo uma reta.


É fácil reconhecer planos paralelos.
Os planos Π1 : 𝑎1 𝑥 + 𝑏1 𝑦 + 𝑐1 𝑧 = 𝑑1 e Π2 : 𝑎2 𝑥 + 𝑏2 𝑦 + 𝑐2 𝑧 = 𝑑2 são paralelos se, e
somente se,
𝑎1 𝑏1 𝑐1 𝑑1
= = ≠
𝑎2 𝑏2 𝑐2 𝑑2
Com coeficientes não nulos.
Se os vetores normais dos dois planos não forem proporcionais, os planos são secantes e
sua interseção é uma reta Como encontrar essa reta?

Exemplo
Dados Π1 : 2𝑥 − 3𝑦 + 𝑧 = 1 e Π2 : 𝑥 + 𝑦 − 2𝑧 = 3, determine Π1 ∩ Π2 .

Solução
A reta de interseção desses planos é o conjunto solução do sistema
2𝑥 − 3𝑦 + 𝑧 = 1
{
𝑥 + 𝑦 − 2𝑧 = 3

Temos aqui 1 liberdade, o que é natural. Fazendo 𝑧 = 𝑡 ficamos com


2𝑥 − 3𝑦 = 1 − 𝑡
{
𝑥 + 𝑦 = 3 + 2𝑡

Resolvendo nas incógnitas 𝑥 e 𝑦 encontramos o conjunto solução:

r = Π1 ∩ Π2 = {(2 + 𝑡, 1 + 𝑡, 𝑡); 𝑡 ∈ ℝ}
Ângulo entre dois planos

O ângulo entre dois planos é o menor ângulo formado por seus vetores normais. O
esquema abaixo permite visualizar esse ângulo.

|𝑛1 ∙ 𝑛2 |
cos 𝜃 =
|𝑛1 ||𝑛2 |

Dois planos são perpendiculares quando seus vetores normais são perpendiculares.
Problema

A reta 𝑟 contém o ponto 𝐴 = (3, 4, 5) e é paralela aos planos 𝛼: 𝑥 − 𝑦 + 2𝑧 = 3 e


𝛽: 2𝑥 + 𝑦 + 𝑧 = 4. Determine o ponto onde a reta 𝑟 fura o plano 𝛾: 𝑥 + 2𝑦 − 3𝑧 = 0.

Solução

Os vetores normais dos planos 𝛼 e 𝛽 são 𝑛𝛼 = (1, −1, 2) e 𝑛𝛽 = (2, 1, 1).

Seja 𝑣 = (𝑎, 𝑏, 𝑐) um vetor diretor da reta 𝑟.

Se uma reta é paralela a um plano então seu vetor diretor é perpendicular ao vetor
normal do plano. Portanto, 𝑛𝛼 ∙ 𝑣 = 0 𝑒 𝑛𝛽 ∙ 𝑣 = 0. Assim,

𝑎 − 𝑏 + 2𝑐 = 0
{
2𝑎 + 𝑏 + 𝑐 = 0
Uma solução particular é 𝑣 = (1, −1, −1).
A reta 𝑟 tem equação vetorial

(𝑥, 𝑦, 𝑧) = (3, 4, 5) + 𝑡(1, −1, −1)

e equações paramétricas

𝑥 = 3+𝑡
{𝑦 = 4 − 𝑡
𝑧 =5−𝑡

Um ponto do tipo 𝑃 = (3 + 𝑡, 4 − 𝑡, 5 − 𝑡) deve pertencer ao plano 𝑥 + 2𝑦 − 3𝑧 = 0.

Daí,

3 + 3𝑡 + 2(4 − 𝑡) − 3(5 − 𝑡) = 0

Resolvendo, encontramos 𝑡 = 2.

Daí, 𝑃 = (5, 2, 3).

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