Tutoria Dia 5
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Princípio da tipicidade
Normas penais em branco:
Sentido amplo – normas constitucionais + inconstitucionais, são normas remissivas
para outras normas
Sentido estrito – são inconstitucionais, porque remetem para normas que não têm o
mesmo estatuto na hierarquia de normas que tem no topo a constituição são normas
emanadas por entidades que não têm competência ex.: regulamentos; ordens da
autoridade administrativa » o conteúdo ilícito e percetível só é inferido pela remissão
que fazem para uma norma hierarquicamente inferior emanada por entidades que não
têm competência para definir os crimes e as penas
Não pode haver crime, nem pena ou medida de segurança que não resulte de lei
prévia, escrita, certa e estrita estando consequentemente proibido o recurso à
analogia
MFP = o princípio da legalidade só é violado quando a possibilidade de compreensão e
controlo do desvalor no tipo legal deixou de existir. A técnica remissiva é legítima
quando não obstante a remissão, a norma penal contiver o critério de ilicitude (núcleo
essencial) de tal forma que o destinatário da norma penal em branco consiga
compreender qual:
1. O bem jurídico a tutelar
2. A ação desvaliosa que se pretende evitar
3. Resultado a prevenir
A norma complementar não pode assumir um papel criativo e inovador. Desrespeita o
princípio da legalidade quando esvazia o conteúdo precetivo. Sendo a norma penal em
branco uma norma incompleta, pois precisa de uma norma complementar ou
integradora para preencher o sentido normativo.
A análise de certa forma passa sempre por três grandes pilares:
1. Problema da violação do princípio da legalidade: reserva relativa de
competência legislativa da AR 165º c) e 29/1
2. Violação do princípio da legalidade na vertente da lei certa art. 29º/3 –
princípio da tipicidade (um esforço do intérprete para compreender a exata
extensão do proibido). A descrição da matéria proibida e da sanção
correspondente deve ser determinável
3. Princípio da culpa 27º + 1º e 2º CRP – o destinatário não ficará suficientemente
orientado sobre os limites do permitido, de forma a conformar o seu
comportamento com as exigências do direito
O princípio da legalidade pode estar em causa quando estamos perante um certo grau
de esvaziamento do conteúdo percetivo da norma penal.
Reserva de lei é uma reserva de segurança, certeza e previsibilidade dos destinatários
das normas e impede a arbitrariedade dos poderes legislativos não autorizados – é
este parâmetro que temos que ter em vista.
Para Gomes Canotilho o princípio da tipicidade implica que a lei especifique
suficientemente os factos que constituem o tipo legal de crime e que permita que haja
uma conexão entre o crime e a pena que lhe corresponde. Impede assim que o
legislador utilize fórmulas vagas na descrição dos tipos legais de crime ou que as penas
sejam indefinidas ou com uma moldura penal tão ampla que seja difícil determinar a
pena a aplicar num caso concreto. É um princípio que constitui uma garantia de
certeza e de segurança na determinação das condutas que realmente revelam para o
direito criminal
FD – são normas que cominam uma pena para comportamentos que não
descrevem, mas se alcançam através de uma remissão da norma penal para
leis, regulamentos ou atos administrativos. A parte sancionatória tem que estar
sujeita à reserva de lei
Prof. regente – normas que estabelecem o conteúdo da sua previsão ou da sua
estatuição por remissão para outras normas constantes de leis
hierarquicamente inferiores como regulamentos ou leis do governo sem
autorização legislativa (estas definem os elementos de que vai resultar a pena
aplicável) *a prof. adota uma posição abrangente sendo norma em branco toda
aquela em que a definição da área de proteção é feita total ou parcialmente
por norma diferente da norma que contém a ameaça penal
Critério orientador quanto à conformidade constitucional das normas penais
em branco poderá ser o seguinte: quando a remissão feita pela norma
sancionadora principal para a norma complementar tornar o tipo de ilícito
incaraterístico, dificultar o seu conhecimento pelos destinatários para além
do que é exigível a uma pessoa média ou implicar recurso a critérios
autónomos ou critérios novos de ilicitude, a remissão e concretização violam
o princípio da legalidade (exigência de lei penal expressa e certa). Nos demais
casos deverá se ponderar a situação em concreto e o grau de concretização
feito pela norma complementar. É também o que podemos retirar da
jurisprudência constitucional: a validade das normas penais em branco terá de
ser averiguada, em cada caso, em função do grau de precisão que for possível
atribuir aos respetivos pressupostos de punição
Jurisprudência:1
1
Existe mais jurisprudência sobre o assunto e isto é só uma pequena cábula, recomendo que leiam os
acórdãos para compreender melhor o que estava em causa e os critérios que daí resultaram
Analogia
Resolução:
Durante quase todos os dias do mês de outubro, A envia sms perturbadoras a B, sua
ex-namorada, censurando-a por ter rompido a relação de ambos e ter iniciado outra
com C.
Pratica A o crime previsto e punido no art. 190.º, n.º 2, do CP?