Este documento é um resumo de capítulos do livro "A Grande Transformação" de Karl Polanyi. Contém citações e discussões sobre como as sociedades primitivas eram organizadas em torno de princípios como reciprocidade, redistribuição e autossuficiência, em vez de mercados. Também analisa como os mercados evoluíram gradualmente para se tornarem mais importantes na organização das economias e do comércio exterior.
Este documento é um resumo de capítulos do livro "A Grande Transformação" de Karl Polanyi. Contém citações e discussões sobre como as sociedades primitivas eram organizadas em torno de princípios como reciprocidade, redistribuição e autossuficiência, em vez de mercados. Também analisa como os mercados evoluíram gradualmente para se tornarem mais importantes na organização das economias e do comércio exterior.
Este documento é um resumo de capítulos do livro "A Grande Transformação" de Karl Polanyi. Contém citações e discussões sobre como as sociedades primitivas eram organizadas em torno de princípios como reciprocidade, redistribuição e autossuficiência, em vez de mercados. Também analisa como os mercados evoluíram gradualmente para se tornarem mais importantes na organização das economias e do comércio exterior.
Este documento é um resumo de capítulos do livro "A Grande Transformação" de Karl Polanyi. Contém citações e discussões sobre como as sociedades primitivas eram organizadas em torno de princípios como reciprocidade, redistribuição e autossuficiência, em vez de mercados. Também analisa como os mercados evoluíram gradualmente para se tornarem mais importantes na organização das economias e do comércio exterior.
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Vitorio Vinicius De Souza Melo
Universidade Federal do Acre
Curso de Ciências Econômicas
História Economica
Profº. Raimundo Claudio Gomes Maciel
Assunto
Fichamento dos capítulos 4 á 5 (págs.62 a 88)
Obra estudada – A Grande Transformação, de Polany (2000)
Citações:
POLANY, Karl. A Grande Transformação. 2000
- Sociedades e Sistema Econômico (Págs. 62 a 75) Quarto
Capitulo -
“Uma economia, de mercado significa um sistema auto
regulável de mercados, em termos ligeiramente mais técnicos, é uma economia dirigida pelos preços do mercado e nada além dos preços do mercado. Um tal sistema, capaz de organizar a totalidade da vida econômica sem qualquer ajuda ou interferência externa, certamente mereceria ser chamado auto regulável. Essas condições preliminares devem ser suficientes para revelar a natureza inteiramente sem precedentes de um tal acontecimento na história da raça humana.” (Pag: 62) “Nenhuma sociedade poderia sobreviver durante qualquer período de tempo, naturalmente, a menos que possuísse uma economia de alguma espécie. Acontece, porém, que, anteriormente à nossa época, nenhuma economia existiu, mesmo em princípio, que fosse controlada por mercados.” (Pág.: 62)
“Um pensador do quilate de Adam Smith sugeriu que a divisão
do trabalho na sociedade dependia da existência de mercados ou, como ele colocou, da "propensão do homem de barganhar, permutar e trocar uma coisa pela outra". Esta frase resultou, mais tarde, no conceito do Homem Econômico. Em retrospecto, pode-se dizer que nenhuma leitura errada do passado foi tão profética do futuro” (Págs.62 e 63)
“A divisão do trabalho, um fenômeno tão antigo como a
sociedade, origina-se de diferenças inerentes a fatos como sexo, geografia e capacidade individual. A alegada propensão do homem para a barganha, permuta e troca é quase que inteiramente apócrifa.” (Pág. 63)
“... a evidência parece indicar que o homem primitivo, longe de
ter uma psicologia capitalista, tinha, na verdade, uma psicologia comunista (mais tarde também isto foi provado como erro).” (Pág. 64)
“Hoje em dia não podemos continuar nesse caminho. O hábito
de olhar para os últimos dez anos, assim como para o conjunto de sociedades primitivas, como mero prelúdio da verdadeira história da nossa civilização” (Pág. 64)
“A tradição dos economistas clássicos, que tentaram basear a
lei do mercado na alegada propensão do homem no seu estado natural, foi substituída por um abandono de qualquer interesse na cultura do homem "não-civilizado" como irrelevante para se compreender os problemas da nossa era.” (Pág. 64)
“As diferenças que existem entre povos "civilizados" e "não-
civilizados" foram demasiado exageradas, principalmente na esfera econômica.” (Pág. 64)
“Max Weber foi primeiro entre os historiadores da economia
moderna a protestar contra o fato de se deixar de lado as economias primitivas como irrelevantes para a questão das motivações e mecanismos das sociedades civilizadas. O trabalho subsequente da antropologia social comprovou que ele estava inteiramente certo. e qualquer conclusão pode ser destacada, com mais clareza que as outras, no estudo recente das sociedades primitivas, é justamente a não-modificação do homem como ser social.” (Pág. 65)
“A descoberta mais importante nas recentes pesquisas
históricas e antropológicas é que a economia do homem, como regra, está submersa em suas relações sociais. Ele não age desta forma para salvaguardar seu interesse individual na posse de bens materiais, ele age assim para salvaguardar sua situação social, suas exigências sociais, seu patrimônio social.” (Pág. 65)
“Em termos de sobrevivência, a explicação é simples.
Tomemos o caso de uma sociedade tribal. O interesse econômico individual só raramente é predominante, pois a comunidade vela para que nenhum de seus membros esteja faminto, a não ser que ela própria seja avassalada por uma catástrofe, em cujo caso os interesses são ameaçados coletiva e não individualmente. Por outro lado, a manutenção dos laços sociais é crucial.” (Págs. 65 e 66)
“O princípio da reciprocidade atuará principalmente em
benefício da sua mulher e de seus filhos, compensando-o assim, economicamente, por seus atos de virtude cívica.” (Pág. 67)
“O princípio da redistribuição não é menos efetivo. Uma parte
substancial de toda a produção da ilha é entregue pelo chefe da aldeia ao chefe geral, que a armazena.... torna-se aparente a extrema importância do sistema de armazenamento. Do ponto de vista econômico, é parte essencial do sistema vigente de divisão do trabalho, do comércio exterior, da taxação para finalidades públicas, das provisões de defesa” (Pág. 67)
“Princípios de comportamento como esse, contudo, não podem
ser efetivos a menos que os padrões institucionais existentes levem à sua aplicação. A reciprocidade e a redistribuição são capazes de assegurar o funcionamento de um sistema econômico sem a ajuda de registros escritos e de uma complexa administração apenas porque a organização das sociedades em questão cumpre as exigências de uma tal solução com a ajuda de padrões tais como a simetria e a centralidade.” (Pág. 68)
“O padrão institucional da centralidade, por seu lado, que está
presente, de alguma forma, em todos os grupos humanos, fornece um conduto para a coleta, armazenagem e redistribuição de bens e serviços.” (Pág. 68)
“Numa tal comunidade, é vedada a ideia do lucro; as disputas e
os regateios são desacreditados; ao dar graciosamente é considerado como virtude; não aparece a suposta propensão à barganha, à permuta e à troca. Na verdade, o sistema econômico é mera função da organização social.” (Pág. 69)
“encontramos o processo de redistribuição como parte do
regime político vigente, seja ele o de urna tribo, de uma cidade- estado, do despotismo ou do feudalismo, do gado ou da terra. A produção e a distribuição de mercadorias são organizadas principalmente através da arrecadação, do armazenamento e da redistribuição, sendo o padrão focalizado o chefe, o templo, o déspota ou o senhor. Uma vez que as relações do grupo dominante com os dominados são diferentes, de acordo com os fundamentos em que repousa o poder político, o princípio da redistribuição envolverá motivações individuais tão diferentes como a partilha voluntária da caça pelos caçadores e o medo do castigo que impulsiona a pagarem seus impostos em espécie” (Pág. 72)
“O terceiro princípio, destinado a desempenhar um grande
papel na história, e ao qual chamaremos o princípio da domesticidade, consiste na produção para uso próprio.” (Pág. 73)
“Aristóteles insiste na produção para uso, contra a produção
visando lucro, como essência da domesticidade propriamente dita. Assim, uma produção acessória para o mercado, argumenta ele, não precisa destruir a autossuficiência doméstica, uma vez que a colheita seja reinvestida na fazenda, para sustento, seja como gado ou cereal. A venda dos excedentes não precisa destruir a base da domesticidade” (Pág. 74)
“É verdade que Aristóteles não reconheceu claramente as
implicações da divisão do trabalho e sua ligação com os mercados e o dinheiro, assim como não compreendeu as utilizações do dinheiro como crédito e capital.” (Pág. 75)
“Ao denunciar o princípio da produção visando lucro "como não
natural ao homem", por ser infinito e ilimitado, Aristóteles estava apontando, na verdade, para o seu ponto crucial, a saber, a separação de uma motivação econômica isolada das relações sociais nas quais as limitações eram inerentes.” (Pág. 75) - Evolução do Padrão de Mercado. Págs. 76 a 88 –
“A permuta, a barganha e a troca constituem um princípio de
comportamento econômico que depende do padrão de mercado para sua efetivação. Um mercado é um local de encontro para a finalidade da permuta ou da compra e venda.” (Pág. 76)
“Assim como a reciprocidade é auxiliada por um padrão
simétrico de organização, a redistribuição é facilitada por alguma medida de centralização, e a domesticidade tem que ser baseada na autarquia, assim também o princípio da permuta depende, para sua efetivação, do padrão de mercado.” (Pág. 76)
“Em alguns outros sentidos, porém, o princípio da permuta não
está em paridade estrita com os três outros princípios. O padrão de mercado, com o qual ele está associado, é mais específico do que a simetria, a centralidade ou a autarquia” (Pág. 77)
“Em vez de a economia estar embutida nas relações sociais,
são as relações sociais que estão embutidas no sistema econômico.... Desta vez, o sistema econômico é organizado em instituições separadas, baseado em motivos específicos e concedendo um status especial. A sociedade tem que ser modelada de tal maneira a permitir que o sistema funcione de acordo com as suas próprias leis.” (Pág. 77)
“A presença ou a ausência de mercados ou de dinheiro não
afeta necessariamente o sistema econômico de uma sociedade primitiva. Isto refuta o mito do século XIX de que o dinheiro foi uma invenção cujo aparecimento transformava inevitavelmente uma sociedade, com a criação de mercados, forçando o ritmo da divisão de trabalho, liberando a propensão natural do homem à permuta, à barganha e à troca.” (Pág. 78) “As razões são simples. Os mercados não são instituições que funcionam principalmente dentro de uma economia, mas fora dela. Eles são locais de encontro para um comércio de longa distância. Os mercados locais, propriamente ditos, são de pouca importância.” (Pág. 78)
“... embora as comunidades humanas nunca tenham deixado
de lado, inteiramente, o comércio exterior, esse comércio nem sempre envolvia mercados, necessariamente. Originalmente, o comércio exterior sempre esteve mais ligado à aventura, exploração, caça, pirataria e guerra do que à permuta. Ele pode implicar tanto em paz como em bilateralidade, porém, mesmo quando implica ambos, ele é baseado, habitualmente, no princípio da reciprocidade, e não da permuta.” (Pág. 80)
“Como sabemos, num estágio posterior os mercados se
tornaram predominantes na organização do comércio exterior. Entretanto, do ponto de vista econômico, os mercados externos são algo inteiramente diferente, tanto dos mercados locais quanto dos mercados internos. Eles não diferem apenas em tamanho; são instituições de função e origem diferentes.” (Pág. 80)
“Atos individuais de permuta ou troca esta é a verdade - não
levam, como regra, ao estabelecimento de mercados em sociedades onde predominam outros princípios de. comportamento econômico. Tais atos são comuns em quase todos os tipos de sociedades primitivas, porém são considerados incidentais uma vez que não preenchem as necessidades da vida.” (Pág. 81)
“O mesmo se aplica onde a reciprocidade é a regra: aqui, os
atos de permuta são geralmente inseridos em relações de longo alcance que implicam aceitação e confiança, uma situação que tende a obliterar o caráter bilateral da transação.” (Págs. 81 e 82)
“... seria audacioso afirmar que os mercados locais se
desenvolveram a partir de atos individuais de permuta. Embora seja muito obscuro o início do mercado local, podemos afirmar com segurança que, desde o princípio, essa instituição foi cercada por uma série de salvaguardas destinadas a proteger a organização econômica vigente na sociedade de interferência por parte das práticas de mercado.” (Pág. 82)
“O resultado mais significativo dos mercados - o nascimento de
cidades e a civilização urbana foi, de fato, o produto de um desenvolvimento paradoxal. As cidades, as crias dos mercados, não eram apenas as suas protetoras, mas também um meio de os impedir de se expandirem pelo campo e, assim, incrustarem-se na organização econômica corrente da sociedade.” (Pág. 82)
“As assim chamadas nações eram apenas unidades políticas,
na verdade bastante frouxas, e que consistiam, economicamente, de inúmeros ambientes domésticos autossuficientes, maiores ou menores, e insignificantes mercados locais nas aldeias. O comércio limitava-se a distritos organizados que o praticavam localmente, 'como comércio de vizinhança, ou como comércio de longa distância os dois eram estritamente separados e a nenhum deles era permitido infiltrar-se no campo indiscriminadamente.” (Pág. 84)
“A cidade era uma organização de burgueses. Só eles tinham
direito à cidadania e o sistema repousava na distinção entre burgueses e não burgueses.... os burgueses se encontravam numa posição inteiramente diferente em relação ao comércio local e ao comércio a longa distância.” (Pág. 85) “No que se refere ao suprimento de alimentos, a regulamentação envolvia a aplicação de métodos ... a fim de controlar o comércio e impedir a elevação dos preços. Tal regulamentação, porém, só era efetiva no comércio que era levado a efeito entre a cidade suas cercanias. A situação era inteiramente diferente no comércio de longa distância.” (Pág. 85)
“No que diz respeito aos artefatos industriais, a separação
entre o comércio local e o de longa distância era ainda mais profunda, pois neste caso toda a organização de produção para exportação era afetada.... No mercado local, a produção era regulada de acordo com as necessidades dos produtores, restringindo a produção a um nível remunerativo. Este princípio não se aplicava, naturalmente, às exportações, onde os interesses dos produtores não estabeleciam limites à produção. Em consequência, enquanto o comércio local era estritamente regulado, a produção para exportação da época era apenas formalmente controlada pelas corporações de artesãos.” (Pág. 85)
“A separação crescente mente estrita entre o comércio local e
o de exportação foi a reação da vida urbana à ameaça do capital móvel de desintegrar as instituições da cidade.” (Págs. 85 a 86)
“Na prática, isto significa que as cidades levantaram todos os
obstáculos possíveis à formação daquele mercado nacional ou interno pelo qual pressionava o atacadista capitalista. Mantendo o princípio de um comércio local não-competitivo e um comércio a longa distância igualmente não-competitivo, levado a efeito de cidade a cidade, os burgueses dificultaram, por todos os meios a seu dispor, a inclusão do campo no compasso do comércio e a abertura de um comércio indiscriminado entre as cidades e o campo. Foi esse desenvolvimento que forçou o estado territorial a se projetar como instrumento da "nacionalização" do mercado e criador do comércio interno.” (Pág. 86)
“Do ponto de vista político, o estado centralizado era uma nova
criação, estimulada pela Revolução Comercial.” (Pág. 86)
“A intervenção estatal, que havia liberado o comércio dos
limites da cidade privilegiada, era agora chamada a lidar com dois perigos estreitamente ligados, os quais a cidade havia contornado com sucesso, a saber, o monopólio e a competição. Já se compreendia, naquela época, que' a competição levaria, em última instância, ao monopólio, mas o monopólio era ainda mais temido do que posteriormente, pois ele muitas vezes estava ligado às necessidades da vida, e, portanto, podia tornar-se facilmente um perigo para a comunidade. O remédio encontrado foi a total regulamentação da vida econômica, só que agora em escala nacional e não mais apenas municipal.” (Pág. 87)
“A agricultura era suplementada, agora, pelo comércio interno -
um sistema de mercados relativamente isolados, inteiramente compatível com o princípio da domesticidade ainda dominante no campo.” (Pág. 88)