Desnecessidade, Inutilidade e Inadequação Do PL 533/19

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 9

05/12/2022 20:07 Envio | Revista dos Tribunais

Desnecessidade, inutilidade e inadequação do Projeto de Lei 533/2019: uma


análise interdisciplinar

DESNECESSIDADE, INUTILIDADE E INADEQUAÇÃO DO PROJETO DE LEI 533/2019: UMA


ANÁLISE INTERDISCIPLINAR
Needlessness, uselessness and inadequacy of Bill 533/2019 an interdisciplinary analysis
Revista de Processo | vol. 334/2022 | p. 49 - 64 | Dez / 2022
DTR\2022\17301

Caio Augusto Tedesco Romani


Acadêmico de Direito na UFPR. [email protected]
 
Área do Direito: Civil; Processual
Resumo: O presente artigo analisa o Projeto de Lei 533/2019, cujo objetivo é condicionar a existência de interesse
processual à demonstração da “resistência do réu em satisfazer a pretensão do autor”. A análise do Projeto de Lei é
feita em duas etapas: a primeira, a partir de uma perspectiva pragmática, na qual serão avaliadas as premissas que
justificam o Projeto de Lei; e a segunda, a partir de uma perspectiva dogmática, por meio da qual serão avaliadas a
técnica legislativa e processual do Projeto, bem como sua adequação ao atual sistema.
 
Palavras-chave:  Interesse processual – Projeto de Lei 533/2019 – Litigância em massa – Acordos
Abstract: The present article analyzes the Bill 533/2019, which aims to condition the existence of procedural interest to
the demonstration of “the defendant’s resistance to satisfy the plaintiff’s claim”. The analysis of the Bill is made in two
stages: the first, from a pragmatic perspective, in which the premises that justify the Bill will be evaluated; and the
second, from a dogmatic perspective, through which the legislative and procedural technique of the Bill will be
evaluated, as well as its adequacy to the current system.
 
Keywords:  Procedural interest – Bill 533/2019 – Mass litigation – Agreements
Para citar este artigo: Romani, Caio Augusto Tedesco. Desnecessidade, inutilidade e inadequação do Projeto de Lei
533/2019: uma análise interdisciplinar. Revista de Processo. vol. 334. ano 47. p. 49-64. São Paulo: Ed. RT, dezembro
2022. Disponível em: inserir link consultado. Acesso em: DD.MM.AAAA.
Assista agora aos comentários do autor para este artigo
Sumário:
 
1.Introdução - 2.Primeira parte: análise pragmática - 3.Segunda parte: análise dogmática - 4.Conclusão -
5.Referências bibliográficas
 
1.Introdução
Em 06.02.2019, o Deputado Federal Júlio Delgado (PSB-MG) apresentou à Comissão de Defesa do Consumidor o
Projeto de Lei (“PL”) 533, cujo objetivo é acrescentar ao art.  17, do Código de Processo Civil (“CPC
(LGL\2015\1656)”), este parágrafo: “Em caso de direitos patrimoniais disponíveis, para haver interesse processual é
necessário ficar evidenciada a resistência do réu em satisfazer a pretensão do autor” e ao art.  491, do mesmo
diploma, um terceiro parágrafo: “Na definição da extensão da obrigação, o juiz levará em consideração a efetiva
resistência do réu em satisfazer a pretensão do autor, inclusive, no caso de direitos patrimoniais disponíveis, se o
autor, por qualquer meio, buscou a conciliação antes de iniciar o processo judicial”.
Na exposição de motivos, o Deputado justificou que, por meio do PL, busca-se “estabelecer na lei o conceito da
pretensão resistida, que consiste na demonstração de que o autor da ação procurou resolver o conflito antes de
demandar o Judiciário”. Isso porque não seria “razoável que o Judiciário, até por um aspecto estrutural e orçamentário,
continue sendo o primeiro, único e o mais atrativo – financeiramente – acesso de materialização de direitos”.
Acrescenta que, com a aprovação do PL, espera-se que “muitos casos poderão ser solucionados sem a intervenção
do Judiciário, o que, consequentemente, reduzirá o número de ações ajuizadas, beneficiando toda a sociedade [...]”.
O Relator do projeto, Deputado Vinicius Carvalho (Republicanos–SP) apresentou parecer favorável à aprovação do
PL, com substitutivo para incluir mais um parágrafo ao art. 17, restando a redação final deste dispositivo da seguinte
forma:
“Art. 17. Para postular em juízo é necessário ter interesse e legitimidade.
§ 1º Em caso de direitos patrimoniais disponíveis, para haver interesse processual é necessário ficar evidenciada a
resistência do réu em satisfazer a pretensão do autor.
§ 2º Tratando-se de ação decorrente da relação de consumo, a resistência mencionada no §  1º poderá ser
demonstrada pela comprovação de tentativa extrajudicial de satisfação da pretensão do autor diretamente com o réu,

https://www.revistadostribunais.com.br/maf/app/delivery/document 1/9
05/12/2022 20:07 Envio | Revista dos Tribunais
ou junto aos órgãos integrantes da Administração Pública ou do Sistema Nacional de Defesa do Consumidor,
presencialmente ou pelos meios eletrônicos disponíveis.”
Já o Deputado Gilson Marques (Novo-SC) apresentou voto separado pela não aprovação do projeto, considerando
que
“A proposição cria ônus exagerado para os credores/consumidores, sobretudo em situações caracterizadas por mora
‘ex persona’, e que “há inúmeras situações em que o credor já não consegue localizar o devedor e a exigência em si
só advirá com o recurso ao Poder Judiciário, com meios próprios para localização e citação.”
Ainda, apontou que o STF tem considerado inconstitucionais as tentativas de maiores condicionamentos ao exercício
da ação.1

Em 17.06.2021, houve aprovação de requerimento para Audiência Pública, realizada em 18.11.2021.2


O PL se apresenta como mais uma tentativa do legislador para mitigar o problema da litigância em massa no Brasil,
baseando-se em três pilares: i) identificação de uma das causas do problema  – o Poder Judiciário ser o “primeiro,
único e o mais atrativo – financeiramente – acesso de materialização de direitos”; ii) estipulação de um objetivo, um
cenário ideal que se deseja alcançar – a resolução de muitos desses litígios pela via conciliatória; e iii) a escolha de
um meio para alcançar esse objetivo – dificultar o acesso à justiça com relação a litígios que provavelmente poderiam
ser resolvidos extrajudicialmente, sobretudo os que envolvem consumidores, inserindo na legislação o conceito de
“pretensão resistida”.
Todavia, parece-nos que a causa do problema elencada, o cenário ideal desenhado e o meio para alcançar esse ideal
estão equivocados. Por isso, a nosso ver, o PL é desnecessário, inútil e inadequado ao sistema processual vigente.
A demonstração dessa constatação passará pelo exame das pretendidas modificações no art.  17 do CPC
(LGL\2015\1656), e será realizada em duas etapas de análise: a primeira, pragmática; e a segunda, dogmática.
Inicialmente, a partir de uma perspectiva pragmática, buscar-se-á demonstrar que o Judiciário não é a opção mais
atraente para os brasileiros e que os consumidores não são os verdadeiros “culpados” pela litigância de massa no
Brasil. Ainda, serão expostas as razões do porquê a maximização da resolução de conflitos extrajudicialmente não é a
opção mais adequada sob o ponto de vista social.
Já na segunda parte, por meio de uma análise dogmática, demonstrar-se-á como a solução que o Projeto de Lei
anuncia é inadequada, do ponto de vista da técnica processual e de redação legislativa, assim como desnecessária/
inútil do ponto de vista sistemático.
2.Primeira parte: análise pragmática
Inicia-se o presente artigo a partir de uma análise pragmática das mudanças no art.  17, do CPC (LGL\2015\1656),
propostas pelo PL. Essa análise se justifica por pelo menos duas razões. Por primeiro porque, no Direito Processual, é
insuficiente a produção de institutos pensados somente em tese, que desconsideram a experiência e o
comportamento das partes. Para que se crie melhores institutos, é necessário incluir, portanto, o “fator humano” na
equação e pensá-los com o auxílio de ciências comportamentais (como psicologia e economia).3
Por segundo porque o Projeto em questão tem o potencial de influenciar estruturalmente o processo civil
contemporâneo, afetando sobremodo os jurisdicionados mais vulneráveis.
Assim, a análise, nessa primeira parte, passará pela demonstração de que: i) a justificativa apresentada pelo PL no
sentido de que o acesso à justiça é excessivamente facilitado não corresponde à realidade; e ii) a maximização da
solução de conflitos por acordos não é desejável socialmente.
2.1.Os mitos da facilitação do acesso à justiça e do consumidor como “vilão” da litigância em massa
Uma das causas do problema da litigância em massa no Brasil, conforme apontada pelo PL, é que o acesso à justiça
é tão fácil que o Judiciário se torna “o primeiro, o único e o mais atrativo” para os litigantes, principalmente os
consumidores.
Sobre o acesso à justiça, é clássica a lição de Mauro Capelletti que identifica, no Direito Comparado, a ocorrência de
três ondas de promoção do acesso à justiça: i) assistência judiciária, por meio da qual se buscou superar a barreira
econômica de acesso à justiça; ii) tutela de interesses coletivos e difusos; e iii) o “enfoque no acesso à justiça”, que
inclui as duas ondas anteriores, mas vai além, centrando sua atenção no “conjunto geral de instituições e
mecanismos, pessoas e procedimentos utilizados para processar e mesmo prevenir disputas nas sociedades
modernas”.4
Mundialmente, essas ondas coincidem com a crise do estado liberal-individualista e a implementação de um Estado
de Bem-Estar Social, em um movimento de universalização do acesso à justiça.
Não é, no entanto, o que acontece no Brasil. O paradigma do acesso à justiça, no Brasil ocorre em um momento de
redemocratização, privatização e abertura de mercado, sem, necessariamente, a implementação da lógica do bem-
estar social. Por isso, para compreender o acesso à justiça, no Brasil, é necessário entendê-lo como um recurso
escasso, que é distribuído conforme escolhas políticas, influenciadas pelo jogo de interesses no processo legislativo.5
https://www.revistadostribunais.com.br/maf/app/delivery/document 2/9
05/12/2022 20:07 Envio | Revista dos Tribunais
E, embora seja comum a percepção de que o caminho ao Judiciário é bastante facilitado  – sobretudo, para
consumidores e litigantes individuais em geral –, isso não se sustenta perante dados empíricos, inclusive, como bem
demonstrado pela professora Susana Henriques da Costa, na audiência pública realizada pela Comissão de Defesa
do Consumidor, em 18 de novembro de 2021, para discussão do PL 533/2019.6
Para saber se o acesso à justiça é fácil e se os consumidores “abusam” da facilidade desse acesso, é necessário
investigar se: i) os litígios envolvendo consumidores e/ou direitos patrimoniais disponíveis são grande parte dos litígios
presentes no Judiciário; ii) se há uma crença entre os litigantes de que a justiça é confiável e acessível; e iii) se a
maioria dos indivíduos que se sentem lesados levam essas questões ao Judiciário.
Em primeiro lugar, não é difícil perceber que uma das parcelas mais significativas dos litígios presentes no Judiciário
são referentes a direitos patrimoniais disponíveis, inclusive referentes ao direito do consumidor. Nesse sentido, o
relatório Justiça em Números, de 2021, do CNJ, demonstrou que, na Justiça Estadual, que concentra cerca de 66%
dos processos no Judiciário, entre os cinco temais mais frequentes estão o Direito do Consumidor e o Direito Civil
(contratos e obrigações).7
No entanto, o elevado número desse tipo de litígios não revela, por si só, que o acesso à justiça é excessivamente
fácil. Revela, tão somente, que há demasiados conflitos (o que, em última análise, traz à tona a questão da ineficiência
e inefetividade do Direito no Brasil).
Para saber se, de fato, há excessiva facilitação do acesso à justiça, é necessário saber, primeiramente, se os próprios
jurisdicionados sentem essa facilidade. Ou seja, se há uma percepção geral de confiança no Judiciário e de facilidade
de acesso à justiça. Com relação a isso, o relatório do Índice de Confiança na Justiça do Brasil, desenvolvido pela
FGV-SP, dá conta de demonstrar que a maioria dos brasileiros não confia no Judiciário  – apenas 4  em cada 10
brasileiros afirmam confiar ou confiar muito no Judiciário. Ainda, a imensa maioria dos brasileiros considera o
Judiciário lento (83% dos entrevistados), caro (77% dos entrevistados) e difícil de utilizar (73% dos entrevistados).8
Tais dados seriam suficientes para desqualificar a premissa estabelecida pelo PL de que o Judiciário é a primeira,
única e mais atrativa opção.
Mas há dados ainda mais reveladores: o povo brasileiro litiga pouco, se comparado à média global. Dados
apresentados pelo relatório Global Insights on Access to Justice: ­Findings from the World Justice Project General
Population Poll in 101 Countries, no ano de 2019, demonstram que o brasileiro, apesar de ter mais problemas legais
que a média global, procura menos ajuda e litiga ainda menos.
Enquanto na média global, 49% das pessoas entrevistadas tiveram problemas legais nos últimos dois anos, no Brasil
elas representam 69%. Com relação às pessoas que tiveram esses problemas, a média global daquelas que procuram
algum tipo de ajuda é de 29%, ao passo que, no Brasil, elas representam apenas 13%. E, desses 13% que buscaram
algum tipo de ajuda, apenas 1% foram às cortes, e 32% a advogados.9
Inegavelmente, esses dados revelam que o elevado número de litígios no Brasil se dá apesar da baixa propensão à
litigância do povo brasileiro, da baixa confiança no Judiciário e das dificuldades de acesso à justiça. É dizer: a
litigância em massa é, na verdade, fruto de violações sistemáticas de direitos que, não raro, restam impunes.
Diante disso, percebe-se que o foco para a diminuição dos litígios não deveria ser o encurtamento do acesso à justiça
aos jurisdicionados mais vulneráveis, mas a garantia da aplicação do Direito, não permitindo que lesões, por menores
que sejam, fiquem impunes. Ou seja, é necessário, na verdade, ampliar o acesso à justiça, sobretudo, por meio de um
processo coletivo efetivo.10
A primeira premissa adotada pelo PL é, portanto, equivocada.
2.2.Quanto mais acordos, melhor. Será?
O Projeto, além de ter como uma de suas premissas a excessiva facilidade de acesso à justiça, estabelece que o ideal
seria que muitos conflitos pudessem ser resolvidos pela via conciliatória.
Vimos, anteriormente, que a primeira premissa está equivocada. Agora, demonstraremos que nem sequer o cenário
ideal proposto pelo Projeto é desejável, dado que a promoção indistinta de acordos é prejudicial à sociedade como um
todo.
Na justificativa que fundamentou a deflagração do Projeto, restou consignado que, uma vez obrigatória a tentativa
prévia de conciliação, “muitos casos poderão ser solucionados sem a intervenção do Judiciário, o que,
consequentemente, reduzirá o número de ações ajuizadas, beneficiando toda a sociedade [...]”.
A conta que parece estar sendo feita é a seguinte: quanto mais acordos, menos gastos processuais e mais benefícios
para a sociedade (aumento do bem-estar social). Ocorre que essa conclusão nem sempre é verdadeira.
Ora, não há dúvidas de que, se houvesse mais acordos, no estado da arte atual do Judiciário brasileiro, haveria maior
eficiência do sistema. Por isso, o CNJ tem imprimido esforços e incentivos para promover a autocomposição. No
entanto, há um perigo em buscar promover a autocomposição indiscriminadamente (isso é, a qualquer custo): pode-se
causar um efeito deletério de promoção de acordos ineficientes, ou seja, que não beneficiam a sociedade.

https://www.revistadostribunais.com.br/maf/app/delivery/document 3/9
05/12/2022 20:07 Envio | Revista dos Tribunais
Diferentemente do que se pode imaginar, nem sempre o acordo em um litígio pode ser socialmente desejável. Os
acordos ineficientes ocorrem exatamente quando, nada obstante o litígio fosse a solução ótima para a sociedade, um
acordo é realizado entre as partes.11
Dado que os acordos ineficientes geralmente ocorrem em função da assimetria de informação entre as partes, obrigá-
las a tentar autocomposição em momento prévio à lide – quando a assimetria de informação geralmente é maior, pois
antes da fase probatória – pode estimular a formação de acordos indesejados (socialmente).
Dentre os problemas decorrentes desses acordos estão o aumento de erros judiciários –vindo do incentivo a réus
culpados para transigir, junto do desincentivo de vítimas para litigar  –, bem como o custo da possível judicialização
desses acordos.12 Em última análise, os acordos ineficientes têm o potencial de colidir com a Justiça, de modo que “a
sociedade obtém menos do que parece, por um preço que não sabe que está pagando”.13
Nesse sentido, Luiz Fux e Bruno Bodart ressaltam que há pesquisas empíricas que demonstram que as situações nas
quais as partes são obrigadas a se submeter à conciliação ou a sessões de mediação antes da apreciação judicial do
pedido são “especialmente negativas para a sociedade”. Isso porque “o custo de litigar aumenta, o que pode forçar as
partes a um acordo para evitar incorrer nesse custo ou até tornar proibitiva a demanda para o autor, mesmo quando a
litigância seria socialmente desejada”.14
Deve-se buscar, portanto, a promoção de acordos eficientes. Parece-nos que o ambiente mais eficiente é aquele em
que as pessoas, ao contrário de serem obrigadas a tentar transigir, são incentivadas a cooperar e, a partir de uma
postura cooperativa, eventualmente transigir.
Há diversas formas de incentivar as pessoas à autocomposição sem obrigá-las a “sentarem” para negociar.
Tradicionalmente, entende-se que os fatores que influenciam na tomada de decisão entre litigância ou
autocomposição são: valor da causa, probabilidade (otimismo) de sucesso, tolerância a risco e estratégia das partes.
Assim, para avaliar a possibilidade de autocomposição, é necessária a constatação do chamado preço de reserva,
que é o menor preço que a vítima está disposta a aceitar e o maior preço que o culpado está disposto a pagar.15 Em
situações de neutralidade quanto ao risco, a autocomposição é possível quando o preço de reserva do requerente é
menor que o preço de reserva do requerido. Ainda, a diferença entre esses preços é chamada de zona de acordos, na
qual os acordos formados são benéficos a ambas as partes.16
Diante disso, uma medida eficaz para o incentivo da cooperação é a diminuição dos custos de autocomposição. A
experiência internacional tem demonstrado que a utilização  – sem obrigatoriedade  – de canais ODR (online dispute
resolution), que diminuem os custos para transigir, tem ajudado a melhorar a eficiência e qualidade na resolução de
disputas.17
Assim, em que pese seja necessário incentivar a cooperação das partes, nem sempre os acordos são socialmente
desejáveis e, portanto, o cenário ideal buscado pelo PL não é apto a gerar maior bem-estar social.
Encerra-se, então, a primeira parte deste artigo, concluindo-se que a causa do problema apontada na exposição de
motivos do PL não corresponde à realidade, e que a meta a ser alcançada não é desejável socialmente.
3.Segunda parte: análise dogmática
Nos capítulos anteriores, avaliou-se o Projeto de Lei a partir de perspectivas práticas, buscando-se demonstrar que as
premissas de que o acesso à justiça, no Brasil, é demasiadamente facilitado, e de que quanto mais acordos
extrajudiciais, mais a sociedade se beneficia, estão equivocadas.
Agora, na segunda parte, buscar-se-á observar o PL a partir de uma perspectiva dogmática, por meio da qual se
demonstrará que a Proposta é inadequada, ponto de vista da técnica processual e de redação legislativa, assim como
desnecessária/inútil do ponto de vista sistemático.
3.1.Inadequação do PL 533/19
Da leitura da justificativa do PL, vê-se que ele tem por objetivo “estabelecer na lei o conceito da pretensão resistida,
que consiste na demonstração de que o autor da ação procurou resolver o conflito antes de demandar o Judiciário”. O
instituto escolhido para “abrigar” essa inserção foi o do interesse processual (de agir).
A nosso ver, qualquer alteração nesse instituto deve ser cuidadosa. Isso porque, em primeiro lugar, o interesse de agir
é um conceito lógico-jurídico, de modo que, “independente das características de cada ordenamento e das definições
que se lhe atribuam, ele permanece em essência o mesmo, uniforme e constante em todo o mundo”.18
Em segundo lugar, no Brasil, tem-se optado por não definir, na lei, os meios de aferição do interesse de agir. Esse
trabalho, então, tem sido desenvolvido principalmente pela doutrina, que vem sedimentando, há anos, a compreensão
e aplicação do interesse de agir.19
Desse modo, qualquer modificação legislativa deve observar os pilares já construídos sobre a matéria e ser clara em
suas disposições. No entanto, a redação do PL deixa muitas questões importantes sem uma resposta clara no seu
próprio texto e, por isso, é inadequada.

https://www.revistadostribunais.com.br/maf/app/delivery/document 4/9
05/12/2022 20:07 Envio | Revista dos Tribunais
Como visto, o PL propõe adicionar dois parágrafos ao art. 17, do CPC (LGL\2015\1656). A função dos parágrafos na
redação das leis é estabelecida no art. 11, inciso III, alínea “c”, da Lei Complementar 95/1988, que prescreve que as
normas serão redigidas de modo a “expressar por meio dos parágrafos os aspectos complementares à norma
enunciada no caput do artigo e as exceções à regra por este estabelecida”. Disso, tem-se que um parágrafo serve
para complementar e/ou excetuar a regra estabelecida no caput.
Considere-se, portanto, a redação do parágrafo primeiro: “Em caso de direitos patrimoniais disponíveis, para haver
interesse processual é necessário ficar evidenciada a resistência do réu em satisfazer a pretensão do autor”.
Há bastantes perguntas que podem surgir da leitura desse parágrafo. Qual é sua finalidade – complementar, excetuar
ou ambos? Qual o momento em que a resistência à pretensão deve ocorrer? De sua redação, extrai-se uma tentativa
de modificação do conceito de interesse de agir? Ou apenas a fixação de um meio de verificação do interesse? Sendo
esta a opção correta, bastaria a demonstração de prévia tentativa de autocomposição para demonstração do
interesse?
Considerem-se as possibilidades. Em primeiro lugar, parece-nos óbvio que o parágrafo está excetuando uma situação
particular: Em caso de direitos patrimoniais disponíveis. Ao mesmo tempo, ele complementa: nesses casos, para
haver interesse processual é necessário ficar evidenciada a resistência do réu em satisfazer a pretensão do autor.
Daí, surge a primeira dúvida. Lendo-se a exposição dos motivos, resta clara a intenção do legislador no sentido de que
que a resistência à pretensão do autor deve ocorrer em momento anterior à lide. No entanto, isso não está claro na
redação do parágrafo. Isso porque é perfeitamente possível que, já angularizada a relação processual, o réu
apresente ou não resistência à pretensão do autor. Se ele não resistir, fica evidente o interesse do autor. Mas se, em
contestação, o réu apresentar qualquer resistência, restaria preenchido o requisito do parágrafo primeiro?
A dúvida resta agravada se comparado o parágrafo primeiro com o segundo: “Tratando-se de ação decorrente da
relação de consumo, a resistência mencionada no §  1º poderá ser demonstrada pela comprovação de tentativa
extrajudicial de satisfação da pretensão do autor diretamente com o réu (...).”
Ao que parece, essa seria uma exceção da exceção do parágrafo primeiro. Somente nas relações de consumo, então,
é que seria possível a demonstração de interesse por tentativa prévia de autocomposição?
Mas mesmo nas relações de consumo, não restaria claro o momento da resistência da pretensão. Isso porque o uso
do verbo poder indica uma faculdade ao autor: ele pode demonstrar a resistência por meio de tentativa frustrada de
autocomposição, mas pode, também, esperar que a resistência seja apresentada em sede de contestação?
A nosso ver, nada obstante a inobservância da técnica legislativa na redação desses parágrafos, para que se
compreendesse adequadamente a norma, seria necessária a adoção da interpretação teleológica do texto. É que
qualquer interpretação que não reconhecesse a necessidade de que seja demonstrada resistência em momento pré-
processual tornaria a mudança legislativa completamente inócua.
Então, pode-se avançar ao questionamento: o PL tem o potencial de modificar o conceito de interesse de agir ou de
apenas definir, legalmente, um meio de verificação de ­interesse?
Embora na exposição de motivos tenha se afirmado que a intenção do PL seria a de estabelecer na lei o conceito de
pretensão resistida, o que poderia levar à compreensão de que ocorreria alguma modificação no conceito de interesse
processual, é impossível que se mude um conceito lógico-jurídico pela via legal. Isso porque esses conceitos são uma
construção cultural, formulados a partir da observação de uma manifestação também cultural: o fenômeno jurídico. Se,
portanto, sua construção é cultural, sua modificação/desconstituição, também será um produto cultural.20
Dessa forma, só se pode concluir que o parágrafo cria um meio de verificação do interesse de agir. Mas, então, seria
esse meio suficiente? Ou seja, em casos de direito patrimonial disponível, demonstrada a resistência à pretensão em
momento pré-processual, não seria necessário demonstrar a utilidade, nem sequer a adequação do pedido?
Novamente, não há clareza na redação do dispositivo.
De todo modo, não se poderia defender que esse meio seria suficiente, sob pena de se ignorar toda construção
doutrinária e jurisprudencial com relação ao interesse processual – seria ignorar, ao fim e ao cabo, o conceito lógico-
jurídico do interesse. Ainda, tal interpretação seria contraproducente, pois dificultaria a aplicação do interesse como
um “filtro de eficiência” por meio do qual se busca “evitar o dispêndio de atividade jurisdicional inútil”.21
Ao que parece, o PL está positivando uma concepção doutrinária e jurisprudencial minoritária no sentido de que a
tentativa prévia de acordo seria um dos requisitos, mas não o único, para verificação do interesse de agir.22
Mas, para isso, o PL deveria ser mais claro. Uma redação possivelmente assertiva se resolveria com um parágrafo
único: Em caso de direitos patrimoniais disponíveis, um dos meios necessários para a verificação do interesse
processual  – sem prejuízo da verificação por outros meios  –, é a demonstração pelo autor de que houve tentativa
frustrada de autocomposição em momento anterior à petição inicial.
No entanto, mesmo superadas as inadequações apontadas, o PL ainda seria desnecessário e inútil ao atual sistema
processual.
3.2.Desnecessidade e inutilidade do PL 533/19

https://www.revistadostribunais.com.br/maf/app/delivery/document 5/9
05/12/2022 20:07 Envio | Revista dos Tribunais
Além de apresentar inadequações, o PL não é necessário no atual sistema processual civil contemporâneo, tendo em
vista a existência de certa obrigatoriedade na audiência preliminar de conciliação e mediação. Também, o PL não é
útil, tendo em vista que não será capaz de cumprir seu propósito: mitigar a litigância em massa.
O CPC/2015 (LGL\2015\1656) adotou o modelo de Justiça Multiportas. Isso implica no reconhecimento de que a
jurisdição estatal não é a única maneira de resolução de conflitos e, muitas vezes, não é a mais adequada.23 Desse
modo, a ideia principal desse sistema é a de oferecer e/ou possibilitar diversos meios de solução, para que o mais
adequado para determinado conflito possa ser prestigiado e até escolhido pelas partes. A partir disso, buscava-se a
diminuição da litigiosidade repetitiva no Brasil.24
Foi com esse espírito que, no art. 334, caput, do CPC de 2015, foi instituída a obrigatoriedade da audiência preliminar
de conciliação ou mediação, nos casos em que for possível.25
Importante ressaltar que tal obrigatoriedade não pode ser confundida com a ideia de norma cogente, de modo que as
partes podem afastar sua aplicação se concordarem pela desnecessidade da audiência preliminar.26 Todavia, o não
comparecimento injustificado das partes à audiência implica em sanção de multa, conforme o §  8º do mencionado
dispositivo.
Logo, já há, em alguma medida, obrigatoriedade de tentativa de autocomposição no sistema atual, de modo que não
há necessidade de um outro dispositivo que obrigue as partes à tentativa prévia de autocomposição.
Na verdade, se aprovado, o PL esvaziaria qualquer utilidade da audiência preliminar, afetando a lógica multiportas
adotada inicialmente. Isso porque, ao menos em tese, nem sempre o ajuizamento de uma ação quer significar
litigiosidade. A rigor, a obrigatoriedade da audiência de conciliação se torna, no sistema multiportas, o oferecimento do
serviço de auxílio na composição, pelo Estado: se ao menos uma das partes desejar cooperar para uma transação,
terá o suporte do Judiciário para tal.
Logo, o ajuizamento da ação pode se dar na finalidade de, utilizando-se o autor do aparelho estatal (conciliador,
mediador, necessidade de comparecimento sob pena de multa) e da sinalização da sua pretensão de uma maneira
fundamentada, na inicial, conseguir um acordo ótimo, sendo o seguimento do processo intenção apenas subsidiária à
de autocomposição.
Por isso, exigir-se a demonstração de tentativa de composição anterior à propositura da ação significaria, em última
análise, a retirada do acesso do jurisdicionado ao serviço de composição oferecido pelo Estado.
Mais: além de desnecessário, o PL é inútil porque não cumpriria a promessa de mitigar os litígios em massa.
Em primeiro lugar, porque, nada obstante coadune com a louvável adoção do sistema multiportas e ofereça um
serviço útil ao jurisdicionado, a adoção de audiência preliminar de conciliação não tem sido eficaz para a mitigação da
litigância em massa. Não há motivo para acreditar, então, que se utilizar novamente da mesma estratégia poderia
surtir efeito distinto.
E, em segundo lugar, porque, de uma perspectiva comportamental, o efeito de obrigar as partes à tentativa prévia de
autocomposição pode ser exatamente o contrário do esperado: as partes litigarem com ainda mais voracidade. Isso
porque, como explica Erick Navarro Wolkart:
“Quando os indivíduos entendem que estão sendo tratados injustamente, como no caso em que não houve uma oferta
justa de acordo, logo no início ou mesmo antes do processo, o comportamento seguinte tende a ser punitivo e não
cooperativo, ou seja, a parte buscará punir o comportamento injusto do seu adversário, mesmo que isso lhe acarrete
prejuízos morais ou financeiros (bounded self-interest). Como resultado, frustrada a tentativa de acordo, é mais
provável que o processo desenvolva-se embebido por sentimentos de vingança, raiva, desgosto e outras
animosidades.”27
Resta claro, portanto, que, sob vários prismas, o PL é desnecessário, inútil e inadequado ao ordenamento processual.
4.Conclusão
Por meio deste trabalho, buscou-se avaliar a solução proposta para a diminuição da litigiosidade no Brasil no PL 533/
2019. A análise se desenvolveu a partir de duas perspectivas: primeiro, a pragmática, e, então, a dogmática. Decidiu-
se pela conjugação de ambas as perspectivas por se compreender que a interdisciplinaridade é benéfica para a
discussão acadêmica e que o ponto de vista pragmático pode auxiliar instrumentalmente o desenvolvimento da
dogmática.
Desse modo, em um primeiro momento, de análise pragmática, foram avaliadas as premissas lançadas na exposição
de motivos do PL. Avaliou-se, então, se, de fato, haveria excessiva facilitação do acesso à justiça no atual sistema e
se a maximização de resolução dos litígios por acordos beneficiaria, de fato, a sociedade.
As conclusões foram de que ambas as premissas estão equivocadas: o acesso à justiça no Brasil não é facilitado e a
promoção indistinta de acordos acabaria por prejudicar a sociedade. Logo, entendeu-se que a solução para a litigância
massificada, no Brasil, não é o encurtamento do acesso à justiça.

https://www.revistadostribunais.com.br/maf/app/delivery/document 6/9
05/12/2022 20:07 Envio | Revista dos Tribunais
Em um segundo momento, de análise dogmática, avaliou-se a técnica legislativa e processual do PL. Percebeu-se que
há inadequação na técnica legislativa de redação, sobretudo, porque o texto não é claro e nem se atenta às funções
dos parágrafos na redação legislativa, o que dificulta o processo de interpretação de identificação da norma. Ainda,
percebeu-se que o PL é inadequado em sua técnica processual, pois pretenderia modificar, pela via legal, um instituto
que é lógico-jurídico, o que não é possível.
Por fim, analisou-se o cabimento do PL no atual sistema, identificando-se a desnecessidade e inutilidade do Projeto.
Isso porque já há, no atual sistema, suficiente “obrigatoriedade” de tentativa de conciliação, por meio da audiência
preliminar de conciliação e mediação. Ademais, constatou-se que a adoção do PL iria de encontro às premissas de
Justiça Multiportas adotadas pelo CPC (LGL\2015\1656). Ainda, percebeu-se que o PL não seria idôneo a cumprir sua
promessa de mitigação dos litígios em massa, seja porque a própria audiência preliminar já existente no CPC
(LGL\2015\1656) não tem surtido esse efeito, seja porque a adoção do PL pode causar uma litigância ainda mais
voraz entre as partes.
Diante disso, percebe-se a necessidade de se buscarem outras maneiras para redução da litigiosidade em massa,
como a utilização de tecnologias para resolução de litígios (ODRs) e principalmente pela construção de um processo
coletivo eficiente.
5.Referências bibliográficas
ALVAREZ, Anselmo Pietro; PIERONI, Fabrizio de Lima; SERPA, Luciane. Estratégias do CPC/2015 (LGL\2015\1656)
para conter a litigiosidade repetitiva: expectativas e limites. Revista de Processo, v. 276, versão digital, p. 265-291, fev.
2018.
CABRAL, Antonio do Passo. Despolarização do processo e zonas de interesse: sobre a migração entre polos da
demanda. Revista da SJRJ, ano 2009, v. 16, n. 26, p. 19-55, dez. 2009.
CAPPELLETTI, Mauro; GARTH, Bryant. Acesso à justiça. Trad. Ellen Gracie Northfleet. Porto Alegre: Editora Sergio
Antonio Fabris, 1988.
DIDIER JR., Fredie. Sobre a teoria geral do processo, essa desconhecida. 3. ed. Salvador: Editora JusPodivm, 2016.
FISS, Owen. Contra o acordo. In: Um novo processo civil: estudos norte-americanos sobre jurisdição, Constituição e
Sociedade. Trad. Daniel Porto Godinho da Silva e Melina de Medeiros Rós. Coordenação da tradução: Carlos Alberto
de Salles; São Paulo: Ed. RT, 2004.
FUX, Luiz; BODART, Bruno. Processo civil e análise econômica. Rio de Janeiro: Forense, 2021.
GABBAY, Daniela; COSTA, Susana Henriques da; ASPERTI, Maria Cecília Araújo. Acesso à justiça no Brasil:
reflexões sobre escolhas políticas e a necessidade de construção de uma nova agenda de pesquisa. Revista Brasileira
de Sociologia do Direito, v. 6, n. 3, p. 152-181, set.-dez. 2019.
GAJARDONI, Fernando Fonseca. Comentários ao art. 334. In: AJARDONI, Fernando da F.; DELLORE, Luiz; ROQUE,
Andre V. et al. Comentários ao Código de Processo Civil. 4. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2021.
MANCUSO, Rodolfo de Camargo. O direito à tutela jurisdicional: o novo enfoque do art.  5.º, XXXV, da Constituição
Federal. Revista dos Tribunais, v. 926, versão digital, p. 135-175, dez. 2012.
MARÇAL, Felipe Barreto. Direito processual comportamental: repensando institutos processuais a partir da economia
comportamental, da psicologia cognitiva e da neurociência. Revista de Processo, São Paulo, v. 45, n. 305, p. 427-448,
jul. 2020.
NERY JUNIOR, Nelson; NERY, Rosa Maria de Andrade. Comentários ao código de processo civil. São Paulo: Ed. RT,
2015. E-book.
NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de Direito Processual Civil. 10. ed. Salvador: JusPodivm, 2018.
OSNA, Gustavo. Direitos individuais homogêneos? Relendo a coletivização instrumentalmente. 2013. Dissertação
(Mestrado) – Faculdade de Direito, Universidade Federal do Paraná. Curitiba, 2013.
PARO, Giacomo; MARQUES, Ricardo Dalmaso; DUARTE, Ricardo Quass. Online Dispute Resolution e o interesse
processual. In: WOLKART, Erick Navarro (Coord.). Direito, processo e tecnologia. São Paulo: Thomson Reuters Brasil,
2020. p. 275-323.
PRESCOTT, J.J; SANCHEZ, Alexander. Platform Procedure: Using Technology to Facilitate (Efficient) Civil Settlement
(December 1, 2019). Selection and Decision in Judicial Process around the World: Empirical Inquiries (Yun-chien
Chang,  ed.) (Cambridge Univ. Press, 2020), p.  30-72, U of Michigan Law & Econ Research Paper, N. 20-028.
Disponível em: [https://ssrn.com/abstract=3607528].
TALAMINI, Eduardo. WAMBIER, Luiz Rodrigues. Curso avançado de processo civil. 6.  ed. em e-book, baseada na
17. ed. impressa. São Paulo: Ed. RT, 2018. v. 1.
UZEDA, Carolina. Interesse Recursal. Salvador: JusPodivm, 2018.
WOLKART, Erik Navarro. O que é Cooperação no Processo Civil Brasileiro? Direito, teoria dos jogos e psicologia. In:
YEUNG, Luciana (Coord.). Análise econômica do direito: temas contemporâneos. Lisboa: Grupo Almedina, 2020.
https://www.revistadostribunais.com.br/maf/app/delivery/document 7/9
05/12/2022 20:07 Envio | Revista dos Tribunais
p. 240-271.
 
 
 
1 .Informações sobre a tramitação do PL e manifestações dos deputados disponíveis em: [www.camara.leg.br/
propostas-legislativas/2191394].
 
2 .Disponível em: [www.youtube.com/watch?v=t0F7BcZUjCA].
 
3 .MARÇAL, Felipe Barreto. Direito processual comportamental: repensando institutos processuais a partir da
economia comportamental, da psicologia cognitiva e da neurociência. Revista de Processo, São Paulo, v. 45, n. 305,
p. 427-448, jul. 2020.
 
4 .CAPPELLETTI, Mauro; GARTH, Bryant. Acesso à Justiça. Trad. Ellen Gracie Northfleet. Porto Alegre: Editora
Sergio Antonio Fabris, 1988. p. 67-68.
 
5 .GABBAY, Daniela; COSTA, Susana Henriques da; ASPERTI, Maria Cecília Araújo. Acesso à justiça no Brasil:
reflexões sobre escolhas políticas e a necessidade de construção de uma nova agenda de pesquisa. Revista Brasileira
de Sociologia do Direito, v. 6, n. 3, p. 157, set.-dez. 2019.
 
6 .Vide audiência pública realizada, a partir de 1h1min do vídeo disponível em: [www.youtube.com/watch?
v=t0F7BcZUjCA].
 
7 .Disponível em: [www.cnj.jus.br/wp-content/uploads/2021/09/relatorio-justica-em-numeros2021-12.pdf]. Acesso em:
04.03.2022.
 
8 .Disponível em: [https://bibliotecadigital.fgv.br/dspace/bitstream/handle/10438/30922/
Relato%cc%81rio%20ICJBrasil%202021.pdf?sequence=1&isAllowed=y]. Acesso em: 04.03.2022.
 
9 .Disponível em: [https://worldjusticeproject.org/sites/default/files/documents/WJP-A2J-2019.pdf]. Acesso em:
04.03.2022.
 
10 .OSNA, Gustavo. Direitos individuais homogêneos? Relendo a coletivização instrumentalmente. 2013. Dissertação
(Mestrado) – Faculdade de Direito, Universidade Federal do Paraná. Curitiba, 2013. p. 96-97.
 
11 .Por exemplo, quando a solução correta do litígio dependerá de prova que só pode ser produzida em juízo. Nesse
sentido, recentemente o TRT-11 deixou de homologar acordo entre as partes juntado às vésperas do julgamento,
restando consignado pela relatora do caso, Ruth Barbosa Sampai, que: “sob o manto do acordo, as partes buscam,
incentivadas pela postura reiterada da reclamada de controlar a jurisprudência, obstar a análise do mérito”. Disponível
em: [www.conjur.com.br/2021-jun-28/trt-11-rejeita-acordo-reconhece-vinculo-entre-uber-motorista]. Acesso em:
05.01.2022, às 22h00.
 
12 .FUX, Luiz; BODART, Bruno. Processo civil e análise econômica. Rio de Janeiro: Forense, 2021. p. 57.
 
13 .FISS, Owen. Contra o acordo. In: Um novo processo civil: estudos norte-americanos sobre jurisdição, Constituição
e Sociedade. Coordenação da tradução: Carlos Alberto de Salles. Trad. Daniel Porto Godinho da Silva e Melina de
Medeiros Rós. São Paulo: Ed. RT, 2004. p. 140.
 
14 .FUX, Luiz; BODART, Bruno. Processo civil e análise econômica. Rio de Janeiro: Forense, 2021. p. 83.
 
15 .“A fórmula matemática do valor de reserva, tenhamos em mente, para manter as coisas simples, que esse valor é
definido, para o autor, pelo valor do pedido (Ua), multiplicado por sua expectativa de vitória (Pa), descontados os
custos administrativos não reembolsáveis (Ca). Já para o réu, o valor é definido pela multiplicação do valor do pedido
pela expectativa dele réu em relação à procedência do pedido (Pr), acrescido nas custas administrativas não
reembolsáveis” (WOLKART, Erik Navarro. O que é cooperação no processo civil brasileiro? Direito, teoria dos jogos e
psicologia. In: YEUNG, Luciana (Coord.). Análise econômica do direito: temas contemporâneos. Lisboa: Grupo
Almedina, 2020. p. 247).

https://www.revistadostribunais.com.br/maf/app/delivery/document 8/9
05/12/2022 20:07 Envio | Revista dos Tribunais
 
16 .FUX, Luiz; BODART, Bruno. Processo civil e análise econômica. Rio de Janeiro: Forense, 2021. p. 54.
 
17 .PRESCOTT, J.J; SANCHEZ, Alexander. Platform Procedure: Using Technology to Facilitate (Efficient) Civil
Settlement (December 1, 2019). Selection and Decision in Judicial Process around the World: Empirical Inquiries (Yun-
chien Chang, ed.) (Cambridge Univ. Press, 2020), p. 30–72, U of Michigan Law & Econ Research Paper, N. 20-028.
Disponível em: [https://ssrn.com/abstract=3607528].
 
18 .UZEDA, Carolina. Interesse recursal. Salvador: JusPodivm, 2018. p. 49.
 
19 .São duas principais correntes: a que entende que o interesse processual é verificado a partir do binômio
necessidade-utilidade e a que compreende essa verificação pelo trinômio necessidade-utilidade-adequação. Propondo
a aferição do interesse pelo binômio necessidade-utilidade: NERY JUNIOR, Nelson; NERY, Rosa Maria de Andrade.
Comentários ao código de processo civil. São Paulo: Ed. RT, 2015. E-book. Comentários ao art. 17. Propondo a
aferição do interesse pelo trinômio necessidade-utilidade-adequação: TALAMINI, Eduardo. WAMBIER, Luiz Rodrigues.
Curso avançado de processo civil, v. 1. 6. ed. Em e-book, baseada na 17. ed. impressa. São Paulo, Ed. RT, 2018.
Parte III. Capítulo. 10, 10.2.1.
 
20 .Nesse sentido: DIDIER JR., Fredie. Sobre a teoria geral do processo, essa desconhecida. 3. ed. Salvador: Editora
JusPodivm, 2016. p. 52-63.
 
21 .CABRAL, Antonio do Passo. Despolarização do processo e zonas de interesse: sobre a migração entre polos da
demanda. Revista da SJRJ, Rio de Janeiro, ano 2009, v. 16, n. 26, dez. 2009. p. 28.
 
22 .Nesse sentido: MANCUSO, Rodolfo de Camargo. O direito à tutela jurisdicional: o novo enfoque do art. 5.º, XXXV,
da Constituição Federal. Revista dos Tribunais, v. 926, versão digital, p. 135-175, dez. 2012; Mais recentemente, e
com enfoque nas ODRs: PARO, Giacomo; MARQUES, Ricardo Dalmaso; DUARTE, Ricardo Quass. Online Dispute
Resolution e o interesse processual. In: WOLKART, Erick Navarro (Coord.). Direito, processo e tecnologia. São Paulo:
Thomson Reuters Brasil, 2020. p. 323. Ainda, na jurisprudência: TJ-MG, Apelação Cível 1.0000.20.057723-7/001, rel.
Des. Shirley Fenzi Bertão, 11ª Câmara Cível, j. 17.06.2020.
 
23 .NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de Direito Processual Civil. 10. ed. Salvador: JusPodivm, 2018. p. 61.
 
24 .ALVAREZ, Anselmo Pietro; PIERONI, Fabrizio de Lima; SERPA, Luciane. Estratégias do CPC/2015 para conter a
litigiosidade repetitiva: expectativas e limites. Revista de Processo, v. 276, versão digital, p. 265-291, fev. 2018.
 
25 .GAJARDONI, Fernando Fonseca. Comentários ao art. 334. In: AJARDONI, Fernando da F.; DELLORE, Luiz;
ROQUE, Andre V. et al. Comentários ao Código de Processo Civil. 4. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2021. p. 490-494.
 
26 .Considera-se que tal possiblidade mitiga os efeitos indesejados que também poderiam decorrer da audiência de
conciliação preliminar, se fosse invariavelmente obrigatória.
 
27 .WOLKART, Erik Navarro. O que é Cooperação no Processo Civil Brasileiro? Direito, teoria dos jogos e psicologia.
In: YEUNG, Luciana (Coord.). Análise econômica do direito: temas contemporâneos. Lisboa: Grupo Almedina, 2020.
p. 263.

     

https://www.revistadostribunais.com.br/maf/app/delivery/document 9/9

Você também pode gostar