PRINCIPAL
PRINCIPAL
PRINCIPAL
| 209
Resumo
O Brasil possui demasiado acervo de processos nos Tribunais, culminando no
considerável descrédito da sociedade em relação à justiça. Sob este prisma, os
meios autocompositivos funcionam como uma alternativa à atual ineficiência
gerada pelo mencionado excesso de judicialização. A escolha do tema se justifica
na necessidade de fortalecer as soluções dialogadas e não impositivas de
resolução de conflitos, indispensáveis à construção democrática e participada do
provimento final pelos sujeitos envolvidos no conflito. O código de processo
civil brasileiro de 2015 instituiu a obrigatoriedade de comparecimento das partes
nas audiências de conciliação e mediação, para permitir que as mesmas
conheçam os meios autocompositivos e compreendam outras formas de
resolução da lide jurídica e sociológica, tendo a liberdade de resolver ou não o
conflito de forma consensual. Por meio de uma equipe com formação
transdisciplinar, as partes poderão compreender as raízes do conflito e pelo
princípio da oralidade os sujeitos estreitarão o diálogo, enxergarão o conflito e se
enxergarão no conflito, antes de construir o provimento final. O sistema
multiportas oferece opções às partes para resolver o conflito, superando-se a
cultura da litigiosidade e rompendo com a heterocompositividade típica da
jurisdição autocrática. Por meio da pesquisa bibliográfica e documental,
demonstrou-se que a justiça de primeira classe é aquela que oferece diversas
opções de escolhas para resolver conflitos; já a justiça de segunda classe impõe
os meios autocompositivos com o objetivo de desafogar o judiciário.
Palavras-chave
Acesso à Justiça. Sistema multiportas. Obrigatoriedade da audiência de
autocomposição. Processo constitucional democrático. Justiça de segunda classe.
Abstract
Brazil has too much collection of cases in the Courts, culminating in the considerable discredit of
society in relation to justice. In this light, the autocompositive means work as an alternative to
the current inefficiency generated by the aforementioned excess of judicialization. The choice of
theme is justified by the need to strengthen dialogue and non-imposition solutions to conflict
resolution, indispensable for democratic construction and participation in the final provision by
the subjects involved in the conflict. The Brazilian Civil Procedure Code of 2015 established
the obligation of parties to attend conciliation and mediation hearings to allow them to know the
means of self-settlement and to understand other ways of resolving legal and sociological issues,
with the freedom to resolve or not conflict in a consensual way. Through a team with a transdis-
ciplinary background, the parties will be able to understand the roots of the conflict and by the
orality principle, the subjects will narrow the dialogue, see the conflict and see the conflict, before
constructing the final provision. The multiport system offers options for the parties to resolve the
conflict, overcoming the culture of litigation and breaking with the typical heterocompositivity of
autocratic jurisdiction. Through bibliographical and documentary research, it has been demon-
strated that first-class justice is one that offers several options of choices to resolve conflicts;
already the second class justice imposes the autocompositivos means with the objective to unbur-
den the judiciary.
Keywords
Access to justice. Multiport system. Obligation of the hearing of self-composition. Constitutional
democratic process. Second-class justice.
1. INTRODUÇÃO
2
Art.334: Se a petição inicial preencher os requisitos essenciais e não for o caso
de improcedência liminar do pedido, o juiz designará audiência de conciliação ou
de mediação com antecedência mínima de 30 (trinta) dias, devendo ser citado o
réu com pelo menos 20 (vinte) dias de antecedência.§ 1 o O conciliador ou medi-
ador, onde houver, atuará necessariamente na audiência de conciliação ou de
mediação, observando o disposto neste Código, bem como as disposições da lei
Revista Duc In Altum Cadernos de Direito, vol. 12, nº 28, set-dez. 2020. | 211
3 Art. 8º, 1. Toda pessoa tem direito de ser ouvida, com as devidas garantias e
dentro de um prazo razoável, por um juiz ou tribunal competente, independente
e imparcial, estabelecido anteriormente por lei, na apuração de qualquer acusação
penal contra ela, ou para que se determinem seus direitos ou obrigações de
natureza civil, trabalhista, fiscal ou de qualquer natureza.
4 Art. 10. Todo ser humano tem direito, em plena igualdade, a uma justa e
Toda pessoa terá o direito de ser ouvida publicamente e com devidas garantias
por um tribunal competente, independente e imparcial, estabelecido por lei, na
apuração de qualquer acusação de caráter penal formulada contra ela ou na
determinação de seus direitos e obrigações de caráter civil. A imprensa e o
público poderão ser excluídos de parte da totalidade de um julgamento, quer por
motivo de moral pública, de ordem pública ou de segurança nacional em uma
sociedade democrática, quer quando o interesse da vida privada das Partes o
exija, que na medida em que isso seja estritamente necessário na opinião da
justiça, em circunstâncias específicas, nas quais a publicidade venha a prejudicar
os interesses da justiça; entretanto, qualquer sentença proferida em matéria penal
ou civil deverá torna-se pública, a menos que o interesse de menores exija
procedimento oposto, ou processo diga respeito à controvérsias matrimoniais ou
à tutela de menores.
Revista Duc In Altum Cadernos de Direito, vol. 12, nº 28, set-dez. 2020. | 217
8
Art. 277. O juiz designará a audiência de conciliação a ser realizada no prazo de
trinta dias, citando-se o réu com a antecedência mínima de dez dias e sob adver-
tência prevista no § 2º deste artigo, determinando o comparecimento das partes.
Sendo ré a Fazenda Pública, os prazos contar-se-ão em dobro. (Redação dada
pela Lei nº 9.245, de 26.12.1995)§ 1º A conciliação será reduzida a termo e ho-
mologada por sentença, podendo o juiz ser auxiliado por conciliador.(Incluído
pela Lei nº 9.245, de 26.12.1995)§ 2º Deixando injustificadamente o réu de com-
parecer à audiência, reputar-se-ão verdadeiros os fatos alegados na petição inicial
(art. 319), salvo se o contrário resultar da prova dos autos, proferindo o juiz,
desde logo, a sentença. (Incluído pela Lei nº 9.245, de 26.12.1995)§ 3º As partes
comparecerão pessoalmente à audiência, podendo fazer-se representar por pre-
posto com poderes para transigir. (Incluído pela Lei nº 9.245, de 26.12.1995)§
4º O juiz, na audiência, decidirá de plano a impugnação ao valor da causa ou a
controvérsia sobre a natureza da demanda, determinando, se for o caso, a con-
versão do procedimento sumário em ordinário. ((Incluído pela Lei nº 9.245, de
26.12.1995)§ 5º A conversão também ocorrerá quando houver necessidade de
prova técnica de maior complexidade. (Incluído pela Lei nº 9.245, de 26.12.1995)
230 | Revista Duc In Altum - Cadernos de Direito, vol. 12, nº 28 set-dez. 2020.
REFERÊNCIAS