O Livro Do Profeta Isaías - Volume 3
O Livro Do Profeta Isaías - Volume 3
O Livro Do Profeta Isaías - Volume 3
Dedico este livro a todos os filhos de Deus que buscam o conhecimento da Sua vontade
e acreditam na imutabilidade da Sua palavra, na Sua bondade para conosco e no Seu
poder libertador em nossas vidas.
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Agradeço ao Espírito Santo, Deus presente e companheiro fiel, que me ensina a cada dia
a vencer Seus desafios pela fé e me faz conhecer um pouco mais de Jesus, o Senhor e
Rei de todas as coisas, cuja palavra fiel e imutável é capaz de transformar todas as
situações, a fim de cumprir na íntegra o projeto do Pai para as nossas vidas.
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“Eis que a mão do Senhor não está encolhida, para que não possa salvar; nem surdo o
seu ouvido, para não poder ouvir” (Is 59: 1).
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Introdução
Tânia Cristina
Notas:
• A versão evangélica aqui utilizada é a ‘Revista e Atualizada’ de João Ferreira de
Almeida (ARA), 2ª ed., Sociedade Bíblica do Brasil, 2008.
• As palavras ou frases colocadas entre colchetes [ ] ou parêntesis ( ), em itálico, foram
colocadas por mim para explicar o texto bíblico, embora alguns versículos já as
contenham. Neste caso, o texto entre colchetes não está em itálico.
• NVI = Nova Versão Internacional (será usada entre colchetes em alguns versículos
para facilitar o entendimento dos leitores).
Fontes de pesquisa:
• Douglas, J.D., O novo dicionário da bíblia, 2ª ed. 1995, Ed. Vida Nova.
• wikipedia.org e crystalinks.com (para algumas imagens).
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Índice
Capítulo 56 8
Capítulo 57 10
Capítulo 58 14
Capítulo 59 22
Capítulo 60 27
Capítulo 61 44
Capítulo 62 51
Capítulo 63 54
Capítulo 64 61
Capítulo 65 63
Capítulo 66 73
Capítulo 56
firmemente], na orla da veste de um judeu e lhe dirão: Iremos convosco, porque temos
ouvido que Deus está convosco” (Zc 8: 20-23), mostrando que logo após a reconstrução
do templo, muitos gentios aceitaram o judaísmo. Aconteceria muito mais após a vinda
de Jesus, quando o evangelho por Ele pregado atrairia os povos a Deus.
Quando Isaías fala em nome do Senhor, ‘porque a minha salvação está prestes a vir,
e a minha justiça, prestes a manifestar-se’, está mais do que clara a salvação vinda
através do Messias. Para eles, essa profecia ainda demoraria a se manifestar, setecentos
anos, mas para Deus, que é atemporal e eterno, o nascimento de Jesus estava bem perto
de acontecer.
‘Aos eunucos que guardam os meus sábados, escolhem aquilo que me agrada e
abraçam a minha aliança, darei na minha casa e dentro dos meus muros, um memorial e
um nome melhor do que filhos e filhas; um nome eterno darei a cada um deles, que
nunca se apagará’ – isso quer dizer que mesmo aqueles que eram proibidos pela lei de
Moisés de participar das assembléias solenes (Dt 23: 1), pela lei de Cristo estariam
livres para participar da bênção da salvação trazida a todos os verdadeiros crentes. A
dignidade desses fiéis seria até maior que a dos judeus da antiga aliança, pois o nome de
Jesus em suas frontes teria grande valor diante do mundo espiritual (‘Um nome eterno
darei a cada um deles, que nunca se apagará’). O nome de Jesus é eterno e o selo do Seu
senhorio sobre nós (Seu sangue na nossa testa) jamais se apaga. Eles eram a recompensa
pelo sacrifício de Jesus na cruz. A adoração desses estrangeiros ao Deus Vivo seria
aceita por Ele com alegria.
Capítulo 57
sacrifícios. Ou fazem os seus altares em um lugar aberto, nos montes (‘lugares altos’), e
ali se entregam à adoração idólatra como uma adúltera impudente que não se preocupa
se seu marido vai vê-la ou não. Ou ainda sacrificam nos vales, como costumavam a
fazer no vale de Hinom ao sul de Jerusalém, onde se queimavam cadáveres de
criminosos. Josias, por exemplo, queimou os ossos dos sacerdotes idólatras do tempo de
Jeroboão (2 Rs 23: 15-20; 1 Rs 12: 28-32; 1 Rs 13: 2), pois no mesmo vale eram
também oferecidos sacrifícios humanos a Moloque [Milcom ou Malcom], o deus dos
amonitas (2 Rs 17: 17; 31; 2 Rs 23: 10; 2 Cr 28: 2-3; 2 Cr 33: 6-7; Jr 19: 1-6) ou
Quemós (deus Moabita), adorado com o sacrifício de crianças. O significado de
‘Hinom’ é desconhecido; alguns sugerem: ‘Ben Hinom’, filho de Hinom [por causa do
termo grego para o vale: Geenna – ge (vale de) hinnõm (Hinom)], dando a entender que
é um nome próprio (2 Cr 28: 3; 2 Rs 23: 10 – ‘vale dos filhos de Hinom’). Em Jr 7: 32 e
Jr 19: 6 o nome é alterado pelo profeta para ‘vale da matança’. É chamado de ‘Vale de
Tofete’ (‘local de fogo, local de queima’ ou ‘local de torra’, ‘torrefação’) pelos
Cananeus (Jr 7: 31-32; Jr 19: 12); em hebraico: ‘lugar de chama ou aborrecimento’,
‘fornalha’. As pedras lisas dos ribeiros eram pedras abobadadas que eles usavam para
fazer sombra, ou já eram abóbadas escuras em rochas, convenientes para os sacrifícios
idólatras. Aqui neste texto de Isaías, ‘o rei’ se refere a Moloque, Milcom ou Malcom,
deus amonita adorado com o sacrifício de crianças; era chamado de ‘rei’ pelos seus
adoradores. Reis de Judá ofereceram seus próprios filhos como sacrifício a esses deuses
estranhos, provocando a ira de Deus (Acaz e Manassés).
‘Detrás das portas e das ombreiras pões os teus símbolos eróticos [NVI: ‘seus
símbolos pagãos’]’ – onde os pagãos colocavam seus deuses domésticos, protetores das
suas casas, da mesma forma que a Mezuzá (Dt 6: 9; Dt 11: 20) foi dada para ser
colocada nos batentes das portas com a palavra de Deus para que eles a guardassem
sempre na memória.
‘Puxas as cobertas, sobes ao leito e o alargas para os adúlteros [NVI: ‘subiu nele e o
deixou escancarado’]; dizes-lhes as tuas exigências, amas-lhes a coabitação e lhes miras
a nudez [NVI: ‘fez acordo com aqueles cujas camas você ama, e dos quais contemplou a
nudez’]’ – significa a multiplicação de deuses e altares, convidando-os para dentro de
sua vida e adorando-os. ‘Puxas as cobertas’ – Ele compara esses comportamentos todos
à de uma prostituta, pois a aliança com os ídolos é uma violação à aliança deles com
Deus (Êx 19: 5-8; Êx 23: 32).
‘Vais ao rei [Moloque], com óleo [NVI: ‘azeite de oliva’] e multiplicas os teus
perfumes’ – diz respeito ao ídolo que eles vieram adorar, perfumado com óleo, como as
prostitutas levam presentes aos seus amantes para conseguir vantagens (Os 12: 1; Ez 16:
33). Em Am 5: 26, o ídolo (Sicute) também é chamado de ‘rei’.
‘Envias os teus embaixadores [ou ‘seus ídolos’, no original] para longe, até à
profundidade do sepulcro [NVI: ‘ao fundo do poço’; em hebraico, ‘sheol’: sepultura,
profundezas, pó, morte]’ – quando o profeta fala ‘embaixadores’, ele se refere aos
ídolos que o povo leva às nações vizinhas em busca de novos ídolos ou para corromper
outros povos com os seus ídolos, levando muitas pessoas à morte espiritual por causa da
idolatria (‘ao fundo do poço’; em hebraico, ‘sheol’).
‘Na tua longa viagem te cansas, mas não dizes: É em vão [NVI: ‘Não há
esperança!’]; achas o que buscas; por isso, não desfaleces [NVI: ‘Você recuperou as
forças, e por isso não esmoreceu’]’ – a devoção a esses ídolos é tamanha que as pessoas
não poupam esforços para realizar a sua adoração. Eles se cansam na caminhada, mas
renovam suas forças para chegar até o lugar onde devem oferecer os sacrifícios. Ou,
então, essa frase se refere à jornada espiritual dessas pessoas na busca de deuses
estranhos (Jr 2: 23-24), dos quais elas não desistem (Jr 2: 25; Jr 18: 12). A diligência
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delas é inútil, pois estão sendo enganadas. É a mesma diligência mencionada em Is 44:
12, ao falar do artífice que faz o ídolo e que fica sem comer, sem beber e até desfalece,
mas não desiste até acabar a obra de escultura.
Por causa de toda a teimosia, rebeldia e irreverência, Deus não ouvirá o clamor
deles no dia da angústia. Sua ira será violenta e repentina, e os ídolos serão consumidos.
altivos, tu os abates” (Sl 18: 25-27). Até mesmo Jesus se comportou dessa maneira.
Mostrou misericórdia e compaixão para com o pecador arrependido, mas deixou muito
clara a Sua autoridade com os altivos e orgulhosos mestres da lei, que tentavam sabotar
Sua doutrina e Sua missão, afastando o povo da verdade do evangelho. Ao morrer na
cruz, Ele deixou o caminho aberto para todos aqueles que sentem a necessidade de
perdão e reconciliação com Deus. Mas os que insistem em seus caminhos perversos, Ele
permite que sigam seu livre-arbítrio porque vai chegar o dia do acerto de todas as
coisas.
Capítulo 58
O Senhor diz que está disposto a usar toda diligência e severidade para repreender
os hipócritas. Ele diz ao profeta: ‘Clama a plenos pulmões’ ou ‘Em voz alta’; em
hebraico: ‘com a garganta’ (Garown, ‘garganta’ – Strong #1627), isto é, com voz cheia,
não apenas dos lábios (1 Sam. 1: 13). Ele deveria falar alto o suficiente para chamar a
atenção. Deus estava pedindo a ele que anunciasse a transgressão do Seu povo.
Transgressão (em hebraico, pesha` – Strong #6588) significa: desobediência; ato ou
efeito transgredir; ir além dos limites; atravessar; não observar, não respeitar (as leis ou
regulamentos); infringir. Como sempre, eles estavam mais preocupados com o exterior,
com as aparências e com a religiosidade, mas seu interior não acompanhava seus atos,
ou seja, não havia devoção; o coração, na verdade, estava longe do Senhor, Seus
mandamentos estavam sendo cumpridos como um ritual sem vida.
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‘Ergue a voz como a trombeta’ – nesta frase, a palavra trombeta, em hebraico, diz
respeito ao chifre de carneiro (Showphar ou shophar – Strong #7782, de forma a dar um
som bem claro).
‘Mesmo neste estado’ (ARA) ou ‘dia a dia’ (NVI), nas versões em inglês e em
hebraico é ‘dia a dia’ ou ‘diariamente’ (Strong #3117 – yowm). O texto dá seqüência ao
capítulo 57, que é dirigido ao povo que ainda está em Israel, pois não poderiam subir
aos altos para prestar culto idólatra, nem oferecer sacrifícios debaixo de terebintos ou
carvalhos estando em cativeiro em terra estranha. Por isso, presume-se que todas essas
práticas, inclusive o jejum, estavam sendo realizadas em Israel mesmo. Não se refere
aos judeus no cativeiro na Babilônia.
O povo em questão parecia sentir prazer em ir ao templo, oferecer sacrifícios, ouvir
a palavra de Deus e procurar saber qual a Sua vontade, mas não colocavam em prática
as orientações que eram dadas através dos profetas. Assim, nós podemos pensar que a
frase acima ‘Mesmo neste estado’ signifique: ‘mesmo que eles continuem em pecado,
com dupla prática religiosa, ainda me buscam todo o dia, dia após dia’ (o Senhor estava
falando).
Entretanto, eles ainda argumentavam com Deus: por que Ele não sentia prazer
neles, por que tanta palavra profética de advertência, por que palavras tão pesadas se
eles estavam fazendo tudo direitinho, e ainda afligiam suas almas com jejum? ‘Por que
afligimos a nossa alma, e tu não o levas em conta?’
O verbo ‘afligir’ usado em Lv 16: 29 para o dia do jejum (ARA e KJV) é
substituído por ‘vocês se humilharão’ (NVI em Português) e ‘vocês devem negar a si
mesmos’ (NVI em Inglês). Em hebraico é: `anah (Strong #6031), que significa: olhar
para baixo ou intimidar, amedrontar; deprimir (literalmente ou figurativamente),
rebaixar, humilhar, humilhar-se, degradar, afligir, aflição, afligir-se, castigar-se,
gentileza, magoar, submeter-se, enfraquecer. A palavra `anah (Strong #6031) dá origem
à outra: `anav (Strong #6035, Nm 12: 3): manso, deprimido (figurativamente) na mente
(gentil, manso) ou nas circunstâncias (necessitado, santo, virtuoso): humilde, modesto,
manso, pobre.
Mas Deus responde: “Eis que, no dia em que jejuais, cuidais dos vossos próprios
interesses e exigis que se faça todo o vosso trabalho [NVI: ‘no dia do seu jejum vocês
fazem o que é do agrado de vocês, e exploram os seus empregados’]”.
Isso significa que, embora eles se abstivessem da comida material (corporal) as
inclinações pecaminosas da alma continuavam; faziam o que agradava à sua alma, e não
deixavam de ganhar seu dinheiro, pois seus empregados continuavam a trabalhar para
eles e o dinheiro dos empréstimos continuava a chegar aos seus bolsos, até com usura.
Mas Isaías escreve as razões de Deus sobre o jejum que eles estavam fazendo. Não
era para buscá-lo. Além de cuidarem dos próprios interesses, eles jejuavam para
“contendas e rixas e para ferirdes com punho iníquo [NVI: ‘Seu jejum termina em
discussão e rixa, e em brigas de socos brutais’]; jejuando assim como hoje, não se fará
ouvir a vossa voz no alto” (Is 58: 4).
Isso quer dizer que ao invés de buscar a Deus nesse dia de jejum e demonstrar
compaixão pelo semelhante, eles se ocupavam em contender e debater idéias, oprimir os
mais fracos (servos e devedores, por exemplo), brigar com eles e até feri-los
fisicamente; tudo por ostentação. Dessa forma, suas orações não seriam ouvidas.
Na verdade, o jejum é uma abstinência de algo que gostamos e, aparentemente, nos
faz muita falta, não apenas em questão de alimentos, como também certos hábitos
‘gostosos’ que servem de alimento para a carne: maledicência, mexerico, inveja,
consumismo, cigarro, bebidas, certos programas de rádio e televisão, sexo etc. Trata-se
da abstinência de algo que já se tornou um hábito, em particular o alimento, e que nos
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• Sétimo mês (Jr 41: 1 – Gedalias foi morto). Gedalias (Jr 40: 5), filho de Aicão,
filho de Safã, foi a quem o rei da Babilônia nomeou governador das cidades de Judá.
Este jejum não deve ser confundido com o jejum da Expiação (Êx 30: 10; Lv 16: 29-34;
Lv 23: 26-32) ou ‘Yom Kippur’.
• Décimo mês (2 Rs 25: 1; Ez 24: 1 – quando o exército Babilônico sitiou a cidade).
Esta profecia de Zacarias é dirigida aos judeus que retornaram do cativeiro, e
continuaram com os jejuns que eles mesmos tinham instituído. Entretanto (Zc 7: 3-5), a
motivação não parecia ser apenas agradar a Deus e buscá-lo, e sim buscar seus próprios
interesses; por isso, o Senhor perguntou: “Quando jejuastes e pranteastes, no quinto e no
sétimo mês, durante estes setenta anos, acaso foi para mim que jejuastes, com efeito,
para mim?” (Zc 7: 5b) Muito provavelmente, eles estavam fazendo o que faziam antes
de irem para o cativeiro. Então, usou o profeta para lhes dizer o que Ele esperava deles:
“Eis as coisas que deveis fazer: Falai a verdade cada um com o seu próximo, executai
juízo nas vossas portas, segundo a verdade, em favor da paz; nenhum de vós pense mal
no seu coração contra o seu próximo, nem ame o juramento falso, porque a todas estas
coisas eu aborreço, diz o Senhor” (Zc 8: 16-17).
Ele explica que tipo de jejum seria agradável a Deus: soltar as correntes da
injustiça, desatar as cordas da servidão, pôr em liberdade os oprimidos e despedaçar
todo jugo; repartir o pão com o faminto, abrigar o pobre desamparado, vestir o que está
nu e não recusar ajuda ao próximo. Parar com as ameaças e com as acusações e com a
falsidade do falar, abrir mão do egoísmo, beneficiar os necessitados e satisfazer o anseio
dos aflitos. Perdoar as ofensas do seu próximo e perdoar suas dívidas financeiras
também. Em resumo: o Dia do jejum (O dia da expiação – Yom Kippur – Lv 23: 26-28)
seria um dia de implorar o perdão de Deus pelos seus pecados, buscar Sua misericórdia
e demonstrar compaixão por todos os homens, libertando-os da escravidão (física e
espiritual), suprindo sua alma de todas as maneiras e não se escondendo daqueles que
pediam ajuda; sobretudo, praticar a justiça, deixando de lado as acusações, a boca falsa,
cheia de insulto e que causava feridas de todos os tipos. Também deveriam acabar com
a opressão cruel da usura (um empréstimo com juros excessivos) e da extorsão. Essa
nova prática era uma forma de mostrar que havia uma mudança real em suas almas.
Apenas um parêntese aqui para explicar certas coisas:
No AT os empréstimos em Israel não tinham cunho comercial e, sim caritativo,
concedidos não para permitir a um comerciante que se estabelecesse e expandisse seu
negócio, mas para sustentar um fazendeiro aldeão em período de pobreza. No NT o
quadro se altera. Os devedores (parábola do administrador infiel, Lc 16: 1-8) eram
arrendatários (pessoas que alugavam algo de alguém) que pagavam em dinheiro ou
eram comerciantes que haviam recebido mercadorias a crédito.
A palavra usura não tem o mesmo sentido de hoje, usado para lucro exorbitante. No
AT era prática proibida para que não houvesse exploração contra irmãos, aproveitando-
se da desgraça do compatriota (Êx 22: 25-27; Lv 25: 35-37; Dt 23: 19-20; Dt 24: 10-
13). Entretanto, permitia-se cobrar os juros ao estrangeiro (Dt 23: 20).
Penhor: era usado para um empréstimo temporário, na hipoteca de uma propriedade
ou na fiança de um financiador (Êx 22: 26; Dt 24: 10-13). Nos casos em que não
houvesse garantia pela dívida os devedores poderiam ser vendidos como escravos (Ne
5: 5).
Dessa forma, se eles seguissem a lei dada por Deus, que beneficiava uns aos outros
na área financeira, não a que eles fizeram posteriormente para benefício próprio, eles
receberiam algumas ‘vantagens’ da parte do Senhor: a luz deles (a presença de Deus
neles, com sinceridade, verdade, ousadia e autoridade) romperia como se fosse a
alvorada, quando o sol termina com a escuridão da noite ou atravessa uma nuvem após a
chuva, mostrando que, mesmo em meio às dificuldades, eles receberiam as bênçãos do
alto e seriam vitoriosos sobre as adversidades. Conosco é a mesma coisa: a presença de
Deus em nós rompe as dificuldades e os impedimentos em nosso caminho. A cura que
eles necessitavam viria rapidamente. A sua justiça iria adiante deles, ou seja, a fama da
sua retidão seria um caminho aberto à sua frente para qualquer tipo de relacionamento
ou de transação comercial porque todos saberiam que eles eram pessoas de confiança. A
dignidade, a honra e o poder de provisão de Deus seriam como um exército à sua
retaguarda para que ninguém trapaceasse com eles ou os traíssem pelas costas. Deus os
guardaria. O testemunho da bondade deles apareceria diante de Deus e dos homens.
Também, se eles usassem sua boca da maneira correta, não ameaçassem ninguém, não
trapaceassem nos negócios nem mentissem a fim de ter lucro egoísta e se eles
beneficiassem os menos privilegiados, então, a verdade e a aprovação de Deus
prevaleceriam, pois onde há verdade está a presença do Espírito de Deus, que traz
liberdade. Debaixo da clareza e da verdade, nada fica escondido e não há desconfiança.
A adversidade se transforma em prosperidade.
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O Senhor prometia que, se eles procedessem da maneira correta, Ele seria seu guia,
como um pastor que vai à frente do seu rebanho e leva suas ovelhas para lugares onde
há grama e pasto, não para um deserto seco, onde elas não têm o que comer. Mesmo
durante períodos difíceis, Ele lhes daria um escape e eles não passariam necessidade. E
essa promessa de ser seu guia é contínua, não temporária. Em lugares áridos (escassez,
necessidade e esterilidade) não tem alimento suficiente para se acumular gordura no
corpo; a pessoa que passa por muito tempo nessas condições fica só ‘pele e osso’, como
costumamos dizer, e, depois, até seus ossos enfraquecem. Por isso, Deus os estava
confortando nesse sentido para que eles não vivessem ansiosos por causa das coisas
materiais como seus antepassados no deserto reclamaram tanto com Moisés. A bíblia
diz que seus pés não incharam nem suas vestes envelheceram, nem seus sapatos se
gastaram (Ne 9: 21; Dt 8: 4; 14-16; Dt 29: 5). O Senhor fortaleceria seus ossos e faria
deles um manancial de vida, pela palavra de fé que brotaria dos seus lábios e colocaria o
poder de Deus em ação. Ele não abriu um poço de água no deserto para saciar a sede de
Agar quando ela estava fugindo de Sara (Gn 16: 7; 14)? E não deu água a ela e a Ismael
quando foram mandados embora do acampamento de Abraão (Gn 21: 16; 17; 19)?
Quando a bênção de Deus está presente, a vida do crente é sempre fértil como um
jardim regado, pois ainda que tenha poucos recursos materiais, Deus consegue lhe dar
uma capacidade incrível de administração do que a pessoa tem em suas mãos, e nada
fica faltando.
O Senhor também promete para sua descendência a capacidade de reparar cidades
arruinadas, com muros destruídos, como aconteceu com a própria cidade de Jerusalém
após o exílio. Os muros foram construídos com pedras inteiras e com cascalho, mesmo
de baixo da zombaria do inimigo, mas permaneceram de pé; e séculos mais tarde eles
conseguiram refazê-los de maneira melhor. Muitas outras cidades de Judá outrora
destruídas foram recuperadas antes mesmo de chegar os tempos do evangelho. Mais do
que edificar as antigas ruínas materiais das cidades, aqui há uma promessa de
reconstrução espiritual da igreja em Jerusalém nos tempos do Messias através dos
apóstolos, onde ‘cidades arruinadas’ é o símbolo das pessoas destruídas pelas falsas
doutrinas religiosas e carentes da presença do Deus Vivo, da fé e da esperança de
salvação. As boas tradições deixadas, ou seja, ‘os alicerces antigos’, ‘os fundamentos de
muitas gerações’ serão erguidos novamente, pois são os alicerces plantados por Deus
para a humanidade, Suas leis imutáveis que mantêm o ser humano no caminho da
verdade. Ser reparador de brechas não diz respeito apenas a manter suas cidades
fortificadas em bom estado de conservação, mas restaurar a vida daqueles que estão se
desviando da palavra de Deus e deixando o inimigo entrar para destruir tudo. Significa
dar uma palavra de conforto para os aflitos para que não percam a fé e consigam erguer
sua auto-estima em meio às provações, quando os pessimistas à sua volta tentam
destruí-los ou fazê-los desistir de lutar e conquistar seus objetivos. Ser ‘restaurador de
veredas para que o país se torne habitável’ ou ‘você será chamado restaurador de ruas e
moradias’ é ter a capacidade de colocar no caminho correto as pessoas que se desviam
ou que se acham perdidas, sem saber o que fazer ou para onde ir, no sentido físico,
emocional e espiritual. É pelo Espírito de Deus que se consegue esse dom, pois a Sua
palavra traz junto a justiça para qualquer situação e, portanto, a liberdade, removendo
dúvidas e confusões das trevas que desencaminham as pessoas.
seguindo os teus caminhos, não pretendendo fazer a tua própria vontade, nem falando
palavras vãs, então, te deleitarás no Senhor [NVI: ‘então você terá no Senhor a sua
alegria’]. Eu te farei cavalgar sobre os altos da terra e te sustentarei com a herança de
Jacó, teu pai [NVI: ‘eu farei com que você... se banqueteie com a herança de Jacó, seu
pai’], porque a boca do Senhor o disse”.
Em Lv 23: 30-32; Lv 16: 29-34 e Nm 29: 7, o Jejum da Expiação está intimamente
relacionado ao sábado; assim como o sábado é mencionado junto com as festas solenes
do Senhor (Lv 23: 2-3; Êx 23: 12). Em Lv 16: 31 (Em relação ao Dia da Expiação, Yom
Kippur), por exemplo, está escrito: “É sábado de descanso solene para vós outros, e
afligireis a vossa alma; é estatuto perpétuo”, onde o uso da palavra sábado era para
denotar um dia solene de descanso, não tanto uma celebração. Nesse versículo, a
palavra ‘sábado’, em hebraico, é ‘shabbat’ – Strong #7676, significando: pausa,
intervalo, interrupção. E a palavra ‘descanso’ é ‘shabbathon’ – Strong #7677, derivada
de Shabbat, significando: um sabatismo (descanso sabático), um feriado especial. Isso
quer dizer que o Yom Kippur não seria celebrado necessariamente num sábado, mas
seria como um sábado.
O Senhor deixou para o Seu povo o dia de sábado não como um fardo ou uma
obrigação, mas como uma forma de descansarem Nele neste dia para receberem Dele a
instrução, a renovação de suas forças e aprenderem a ter com Ele a intimidade que não
estava presente nos povos pagãos. Era um dia de separação das coisas mundanas para se
lembrar das coisas espirituais. A falha dos judeus em obedecer a este mandamento foi
uma das causas de serem levados para o cativeiro (2 Cr 36: 21; Jr 25: 11-12; Jr 29: 10;
Dn 9: 2), pois o sábado não era apenas um dia de descanso na semana, como também
representava o Ano do descanso ou Ano Sabático, ou seja, o descanso da terra a cada
sete anos (Lv 25: 2-4; Êx 23: 10-11) para que a terra descansasse e voltasse a ser
produtiva. Essa era uma forma de honrar o Senhor. Como, porém, deixaram de fazer
isso ao longo dos séculos, Deus os condenou e retirou todos os sábados de descanso de
uma só vez. A terra ficaria adormecida durante o cativeiro na Babilônia (Lv 26: 34-35;
43), setenta anos. Por isso Neemias (Ne 13: 15-22) fez questão de restabelecer a
observância do sábado, quando a cidade foi reconstruída, para que eles continuassem
debaixo da graça de Deus.
Sábado vem do hebraico, Shabbat, que significa: ‘descanso, cessação ou
interrupção’. O Senhor separou um dia da semana para descansarmos das nossas
atividades rotineiras, para recondicionarmos nossa alma em contato com Ele. Deus nos
concedeu este dia para que tenhamos oportunidade de desfrutar algumas das melhores e
mais importantes realidades da vida, e não para que fosse um dia de proibições. Nesse
dia de descanso, sem nos preocuparmos em trabalhar para acumular riquezas, podemos
entrar em contato não só com Deus para ouvir Sua voz, mas com a família e os amigos
dando valor à amizade verdadeira e aos relacionamentos sadios onde Ele também quer
participar. Ou é um dia em que nos separamos do barulho da civilização para estarmos
em contato com a natureza onde Deus também pode se manifestar a nós e nos ensinar
lições importantes. Para nós, cristãos, o domingo foi separado como um dia de
consagração a Deus. Isso não quer dizer que devemos conversar com Ele só no
domingo, mas deve ser um dia especial, quando ouvir Sua voz significa recebermos Sua
direção para a nossa nova semana e podermos entregar a Ele os frutos da semana que
passou, agradecendo-Lhe por Sua ajuda. Devemos dar descanso à nossa terra, à nossa
alma, como era prescrito na Lei, periodicamente, após um período de luta espiritual para
que o nosso interior possa refazer-se do esgotamento sofrido. É dar descanso à nossa
terra interior e nos afastar da convivência com tudo aquilo que não agrada ao Senhor
para estarmos no altar em intimidade com o Seu Espírito, recebendo Seu consolo, Sua
21
direção e Sua força. Entretanto, a palavra Shabbat tem um significado mais profundo do
que simplesmente um descanso físico. Ela significa que, qualquer que seja o dia da
semana que separemos para Deus, nós devemos descansar Nele naquilo que não
podemos fazer, por isso, em certas situações da nossa vida, podemos viver um tempo de
Shabbat, esperando no livramento e no socorro do Senhor.
22
Capítulo 59
pensamentos eram maus, mas eles também conseguiam executar o que haviam
planejado. Assim como a cobra tem veneno na língua, os discursos e conselhos desses
perversos em qualquer lugar eram como veneno, e os ovos (o resultado dessa maldade),
depois de chocados, davam origem a outro pequeno ser venenoso, ou seja, depois de
muito repensados, seus planos impuros vinham a se materializar. ‘Tecer teias de aranha’
significa armar ciladas e armadilhas para pegar de surpresa os ingênuos ou aqueles que
parecem concordar com eles, mas no interior pensam o contrário. Por medo de traição,
eles usam de artifícios para pegar os falsos amigos. Porém, o Senhor diz que seus
artifícios são inúteis e não podem encobrir os que os projetam. Mais cedo ou mais tarde,
suas obras malignas e seus atos de violência serão descobertos. Esses ímpios escolhem
sempre o caminho errado e tudo o que eles tocam acaba sendo arruinado e destruído.
Eles não conhecem o caminho da paz, pois vivem em contendas e injustiças; complicam
o que é simples e levam outros com eles para os caminhos do erro.
contra Deus e optar por ídolos, os pecados de fomentar a opressão e os atos de traição e
rebeldia. Ele anda pelas ruas e não vê mais a verdade, nem justiça, nem honestidade,
pois o povo com maus governantes segue seu exemplo. Quem tenta se desviar do mal
está marcado, é ridicularizado e corre o risco de ser morto. O Senhor tem visto tudo
isso; por isso os desaprova. Um Deus de justiça não pode ficar feliz com a injustiça. E
Isaías parece que fala não apenas em relação ao seu tempo, onde ele vivenciava todas
essas situações, mas a um futuro próximo (poucas décadas depois, menos de cem anos),
sobre os reis e pessoas da corte que viriam logo a seguir, os governantes que reinariam
em Jerusalém bem antes da invasão da cidade por Nabucodonosor.
Essa profecia não se refere aos exilados como muitos pensam. Ela se relaciona a um
tempo antes do cativeiro e da invasão da cidade de Sião, onde isso era praticado lá na
terra de Israel, não entre os ímpios da Babilônia.
intercedeu’]; pelo que o seu próprio braço lhe trouxe a salvação, e a sua própria justiça o
susteve” – isso nos lembra muito de Jesus quando, em Seu sofrimento na cruz, não viu
ninguém que pudesse ajudá-lo ou interceder por Ele para livrá-lo daquele sofrimento,
mas sabia que a salvação viria do Pai e do Seu Espírito Nele, o Filho, e que na força
deste mesmo Espírito Ele conseguiria consumar Sua missão como Redentor. Ao mesmo
tempo em que sofria ali, era Ele o único salvador que a humanidade tinha. Da mesma
forma, o povo de que Isaías estava falando também não tinha um intercessor que o
ajudasse, senão o próprio Deus. Foi por isso, que Paulo deixou escrito para os crentes
como se revestir da armadura de Deus. A justiça realizada na cruz, nos livrando das
acusações do inimigo, é a couraça que protege os nossos sentimentos e o nosso coração
de tudo aquilo que não nasce do amor de Deus. Jesus recebeu uma lança no Seu peito
para que o nosso coração estivesse protegido pelo Seu amor e pela Sua justiça, pois Ele
se importou com as nossas dores emocionais. Ele recebeu a angústia, o sofrimento, o
choro e todos os tipos de dardo inflamado do maligno em seu coração para que o nosso
fosse livre para amar e entrar na presença de Deus, despido, sem fantasias, sem
mentiras, mas com a honestidade e a sinceridade de um filho de Deus, confessando a
Ele nossas fraquezas e pecados sem medo da punição, pois o castigo que nos traz a paz
estava sobre Ele, e pelas Suas pisaduras formos sarados. A vinda do Messias traria a
vingança de Deus sobre os adversários do Seu povo, e Ele mostra a Isaías que Ele está
presente como o Deus vivo, temível em Sua ira. Entre essa profecia e a vinda de Jesus
houve muitas guerras e muitos instrumentos humanos de Deus (como Ciro, por
exemplo) para realizar a vingança do Senhor contra os inimigos de Israel. Muito sangue
foi derramado e Deus realmente se vingou de ímpios, mostrando Sua soberania sobre os
deuses das nações pagãs. Isso foi um preparo para a vinda de Cristo, que ninguém sabia
quando ocorreria. Entretanto, Ele viria trazendo um poderoso mover mundial e, junto
com Ele, um novo tempo, uma nova dispensação para a humanidade: “pois virá como
torrente impetuosa, impelida pelo Espírito do Senhor [NVI: ‘Pois ele virá como uma
inundação impelida pelo sopro do Senhor’]”. Os judeus mantinham dentro deles a
imagem física do Messias como a de um guerreiro, vindo para libertar Seu povo de toda
opressão. Jesus, o Messias veio em forma humana, como era esperado pelos judeus, mas
trouxe uma nova maneira de se guerrear, que eles não captaram nem aceitaram.
Além da figura de Ciro já comentada em capítulos anteriores, o Conquistador
Ungido seria um rei a governar sobre judeus e gentios, executando a vingança de Deus
contra Seus inimigos, se vestindo com a armadura da salvação (Is 59: 16-21) e
derrotando-os completamente, redimindo Seu povo. No capítulo 63: 1-6, o
Conquistador Ungido, usando veste apropriada, realiza vingança e redenção. Em sua
pessoa, esse conquistador messiânico dificilmente difere do rei e do Servo. Possui os
mesmos dotes espirituais e é um homem entre os homens. Mas mostra outras duas
facetas sobre sua pessoa. Primeira: ele é descrito como o conquistador de Edom (Is
63: 1), uma tarefa que não foi realizada por qualquer outro rei israelita além de Davi:
Nm 24: 17-19; 1 Cr 18: 11-12; 2 Sm 8: 13-14; Sl 60 – quando Davi lutou contra os siros
da Mesopotâmia (Rio Eufrates – 1 Cr 18: 3) e os siros de Zobá, e quando Joabe,
regressando, derrotou de Edom doze mil homens, no vale do Sal – cf. Sl 108: 6-13.
Aqui, nós podemos ver a identidade do Conquistador Ungido com o Messias Davídico.
Segunda: ele veste as vestes de salvação e de vingança, com as quais o próprio
YHWH se vestirá (Is 59: 16-21), e em Is 61: 1-3 podemos ver outra característica do
Messias, que é alguém dotado do Espírito e da Palavra:
• Is 61: 1-3: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque o Senhor me ungiu para
pregar boas-novas aos quebrantados, enviou-me a curar os quebrantados de coração, a
proclamar libertação aos cativos e a pôr em liberdade os algemados, a apregoar o ano
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aceitável do Senhor e o dia da vingança do nosso Deus; a consolar todos os que choram
e a pôr sobre os que em Sião estão de luto uma coroa em vez de cinzas, óleo de alegria,
em vez de pranto, veste de louvor, em vez de espírito angustiado; a fim de que se
chamem carvalhos de justiça, plantados pelo Senhor para a sua glória”. Jesus assumiu
esta profecia, com está escrito em Lc 4: 18-19: “O Espírito do Senhor está sobre mim,
pelo que o Senhor me ungiu para evangelizar os pobres; enviou-me para proclamar
libertação aos cativos e restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os
oprimidos, e apregoar o ano aceitável do Senhor (NVI, ‘o ano da graça do Senhor’)”.
Capítulo 60
Aqui, o Senhor dá uma palavra de força e incentivo para Jerusalém, fazendo alusão
à vinda do Messias, que a encherá de glória com a Sua presença e lhe trará a salvação. A
luz indica um tempo de alegria e prosperidade, ao mesmo tempo o entendimento e a
revelação de Deus. Cristo chegou como a luz do mundo, de uma maneira espiritual. No
Período Intertestamentário o mundo se achava em grandes trevas espirituais, incluindo a
Judéia, pois várias nações dominaram ali e trouxeram uma grande influência da cultura
grega com toda a sua idolatria. Também neste período de silêncio de Deus, que durou
quatrocentos anos, não houve profetas enviados por Ele para endireitar o caminho do
Seu povo, pois eles retornaram ao patamar de rebeldia que tinham antes do exílio
Babilônico, e além disso, surgiram muitas novas doutrinas religiosas de Saduceus e
outras correntes do judaísmo naquela época. Houve um esfriamento nas coisas
espirituais até mesmo naqueles que eram sacerdotes. Mas a profecia de Isaías diz que
para esta terra de Israel, o Messias viria trazendo luz; e essa luz iluminaria as nações
gentias que andavam em trevas. Nações e reis ficariam sabendo da notícia de um
despertar espiritual em Israel. Até os judeus de outras partes do mundo retornariam à
sua pátria (‘teus filhos chegam de longe, e tuas filhas são trazidas nos braços’). Isso
seria um motivo de alegria para Jerusalém. ‘A riqueza dos mares’ ou ‘a abundância do
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mar’ se refere às nações gentias que estavam longe de Israel, e que voltariam a fazer
novamente o comércio e o intercâmbio com Israel, e isso traria riquezas para Jerusalém
e Judá.
Abraão e Quetura (1 Cr 1: 32; Gn 25: 1-4) geraram Zinrã, Jocsã, Medã, Midiã,
Isbaque e Sua (Suá). Jocsã gerou Sabá e Dedã (estes dois últimos também são nomes
mencionados na bíblia como filhos de Raamá, descendente de Cuxe, filho de Cam, filho
de Noé – 1 Cr 1: 9; Gn 10: 1-32). Os filhos de Midiã foram: Efá ou Efa, Éfer, Enoque,
Abida e Elda. Sabá, neto de Abraão e Quetura (1 Cr 1: 32) está descrito com o nome de
Seba em Gn 25: 3. De Sabá veio sua rainha trazendo grandes riquezas a Salomão (2 Cr
9: 1-12; 1 Rs 10: 1-13). Sabá manteve nos primeiros séculos DC as tradições judaicas,
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Quedar (como foi descrito em Is 21: 16) era um dos filhos de Ismael (Gn 25: 13; 1
Cr 1: 29) e irmão de Nebaiote. Essa tribo era composta por árabes beduínos que viviam
em tendas e guardavam seus rebanhos; por causa dos animais, eles se moviam de lugar
em lugar para o pasto e acampavam onde lhes era mais conveniente. Sua ‘glória’ eram
seus rebanhos de ovelhas (Is 60: 7), cabras e bodes. Em Ct 1: 5 há uma referência às
tendas de Quedar, cujas tendas eram, em geral, feitas de peles de bodes negros. O Sl
120: 5 também faz menção a esta tribo. Além dos seus rebanhos, essa tribo nômade era
dotada de habilidosos arqueiros. Quedar ou Kedar, em hebraico, significa ‘obscuro’ (da
pele ou da tenda). Neste versículo de Isaías 60 a bíblia fala: “servir-te-ão os carneiros de
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Nebaiote; para o meu agrado subirão ao meu altar, e eu tornarei mais gloriosa a casa da
minha glória [NVI: ‘serão aceitos como ofertas em meu altar, e adornarei o meu
glorioso templo’]”, o que quer dizer que muitos desses povos trariam seus animais
como um sacrifício agradável a Deus no Seu altar em Jerusalém.
‘Quem são estes que vêm voando como nuvens e como pombas, ao seu pombal?’ –
a nuvem e as pombas aqui são uma metáfora de um grande número ou da velocidade
com que os povos virão a Jerusalém, atraídos pela nova doutrina de Cristo (Is 49: 8-13).
Quanto ao termo ‘navios de Társis’, podemos traduzi-lo por ‘navios de refinação ou
mineração’, navios equipados para transportar minério derretido (carga de ouro, prata),
madeiras duras, jóias, marfim e variedades de macacos (1 Rs 9: 26-28; 1 Rs 10: 22 – A
palavra traduzida como pavões pode se referir a babuínos). A profecia de Isaías 23: 1;
14 também menciona os navios de Társis em relação ao seu comércio com Tiro. Társis,
onde havia uma colônia de Tiro, não tem ainda uma localização certa, podendo se
referir a um porto desde o Oceano Índico até Cartago (na África) ou um porto fenício na
Espanha. Segundo o Easton’s Bible Dictionary, a palavra, anglicizada como ‘tarshish’, é
de origem sânscrita (língua ancestral da índia) ou ariana (relativo aos antigos povos
Iranianos), e significa ‘a costa do mar’. A localização de Társis poderia ser: uma cidade
do Leste, na costa do Oceano Índico, com base em que ‘navios de Társis’ saíram de
Eziom-Geber, no Mar Vermelho. Segundo a Concordância Lexicon Strong (tarshiysh –
Strong #8659; #8658) pode se referir à região da pedra topázio ou berilo; ou Társis, um
lugar no Mediterrâneo, daí o epíteto de uma embarcação mercante (como se ‘para’ ou
‘daquele’ porto).
serem pagos a um império. Portanto, nos dá a idéia de algo extremamente precioso, algo
mais diretamente separado para Deus ou muito importante para uma nação, como um
resgate, por exemplo. Também é um símbolo da glória de Deus.
Alguns lugares na Antiguidade eram conhecidos pela abundância de ouro que eles
continham: Parvaim (2 Cr 3: 6), Ofir (Jó 22: 24; Jó 28: 16; 1 Cr 29: 4), Sabá (2 Cr 9: 1;
9; Ez 27: 22) e Ramá (Ez 27: 22), estes três últimos lugares localizados no sudoeste da
Arábia Saudita. Quanto ao termo ‘Ofir’, outros estudiosos preferem ler ‘uphaz (Ufaz),
em lugar de ’üphïr ou ’owphiyr (Ofir – Strong #211), por causa da semelhança dos
caracteres hebraicos para z e r. Ao invés de uma localidade, ‘Ofir’ pode ter sido um
termo técnico com o sentido de ‘ouro refinado’ [1 Rs 10: 18: müphãz; Is 13: 12:
mippãz, semelhante à definição de ‘ouro puro’ (zãhãbh tãhôr de 2 Cr 9: 17; zãhãbh –
Strong #2091; tãhôr – Strong #2889)]. Ofir era filho de Joctã, filho de Héber,
descendente de Sem, filho de Noé (1 Cr 1: 19-23; Gn 10: 25-29). Quanto a Parvaim,
trata-se uma localidade não identificada.
A profecia de Isaías não menciona apenas o ouro como uma dádiva a ser trazida
para Jerusalém; ela também menciona a prata. A prata (hebr. Keseph – Strong #3701) é
o segundo dos metais nobres, depois do ouro. O processo de refinação pode significar
obediência a Deus. Era o metal mais disponível na Palestina, assim como na Assíria e
na Babilônia e era o mais freqüentemente usado. Keseph é a palavra hebraica para
‘prata’ (Is 60: 9) e para ‘dinheiro’ (Gn 17: 13). A prata é símbolo de redenção e
obediência a Deus, levando à santificação.
Isaías (Is 60: 6) também menciona o incenso: “A multidão de camelos te cobrirá, os
dromedários (camelos) de Midiã e de Efa; todos virão de Sabá; trarão ouro e incenso e
publicarão os louvores do Senhor”.
O incenso de que Isaías fala aqui é o olíbano, também conhecido como
franquincenso, uma resina aromática muito usada na perfumaria e fabricação de
incensos. É obtido de árvores africanas e asiáticas (Arábia e Índia) do gênero Boswellia.
Embora tenha sido re-introduzido na Europa pelos Francos, seu nome ‘franquincenso’ é
derivado do francês antigo ‘franc encens’ que significa ‘incenso de alta qualidade’; por
outro lado, ‘olíbano’ é derivado do árabe al-lubán (‘o leite’), em referência à seiva
leitosa que escorre após a incisão da casca da árvore de olíbano. Em hebraico, a palavra
usada é bownah ou u·lbne [ = הנובלfranquincenso ou olíbano, segundo a Versão
Concordante do Antigo Testamento – CVOT] ou lbonah, que, por sua vez, é derivada de
laban ou laben, como Labão (em Gn 49: 12), que significa: branco ()הנבל. Assim, ficou
conhecido como olíbano pela sua brancura ou pela sua fumaça branca, que procede da
combustão da resina. A seiva da árvore seca e dá origem à resina. Embora a resina seja
amarela e tenha gosto amargo e picante, é bastante perfumada. Dentre as quatro
espécies de árvore do gênero Boswellia, da Família Burseraceae, de onde se extrai a
seiva (e a resina) do incenso, a espécie ‘sacra’ (Boswellia sacra) é a mais utilizada. As
demais são: B. frereana, B. serrata (na Índia) e B. papyrifera. Cada espécie produz um
tipo de resina ligeiramente diferente, principalmente por causa das diferenças no solo e
no clima. As árvores da espécie Boswellia sacra são mais usadas por sua capacidade de
crescer até em ambientes aparentemente impróprios, como, por exemplo, em rocha
sólida. As árvores começam a produzir resina quando já têm oito a dez anos de idade.
Geralmente as resinas mais opacas são de melhor qualidade. Uma resina bem fina é
produzida na Somália. Devido à exploração excessiva dessas árvores pela civilização
moderna, elas estão em processo de declínio; além das queimadas, do desmatamento
para pastos e agricultura, e ataques de besouros. As melhores árvores produzem
sementes que germinam apenas 16% quando cultivadas. As demais sementes de árvores
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Franquincenso do Iêmen
Assim, analisando o texto de Isaías 60: 6, os povos de longe viriam para adorar o
Senhor no templo e fazer a Ele suas preces naquele lugar, povos da Arábia, da África e
do continente europeu. E Ele seria favorável a eles.
Pinheiros
judeus e não são, mas mentem, eis que os farei vir e prostrar-se aos teus pés e conhecer
que eu ter amei”.
• Is 60: 15: “De abandonada e odiada que eras, de modo que ninguém passava por
ti, eu te constituirei glória eterna, regozijo, de geração em geração [NVI: ‘farei de você
um orgulho, uma alegria para todas as gerações’]”.
Isso é compreensível quando se pensa na cidade de Jerusalém após a destruição dos
babilônios e do que Jeremias escreveu em Lm 1: 4, por exemplo: “Os caminhos de Sião
estão de luto, porque não há quem venha à reunião solene [NVI: ‘festas fixas’]; todas as
suas portas estão desoladas; os seus sacerdotes gemem; as suas virgens estão tristes, e
ela mesma se acha em amargura [NVI: ‘angústia profunda’]”.
A cidade foi queimada e ficou desolada, com os poucos habitantes deixados em
Judá por Nabucodonosor para cultivar a terra. Não havendo condições para se morar lá,
não haveria condições para o comércio também e, portanto, nem caravanas passavam
por Jerusalém. Parecia que Deus os tinha abandonado, mas Ele apenas estava realizando
a Sua disciplina e punição sobre eles pelos seus pecados, até que estivessem prontos
novamente para reatar a aliança de fidelidade com Ele. Como Deus não se ira para
sempre, a restauração viria também para Jerusalém e para os seus moradores, revertendo
seu quadro de desolação e o escárnio e zombaria por parte de seus inimigos. Jerusalém
voltaria a ser habitada, e lembrada de geração em geração como a cidade santa. Isso
permanece até hoje, apesar de todas as dificuldades pelas quais Jerusalém passou, e por
todos os povos (conseqüentemente suas religiões) que dividem o espaço entre si dentro
dela.
• Is 60: 16: “Mamarás o leite das nações [No original: ‘dos Gentios’] e te
alimentarás ao peito dos reis; saberás que eu sou o Senhor, o teu Salvador, o teu
Redentor, o Poderoso de Jacó”.
Nós mencionamos nas profecias anteriores que a vinda do Messias seria um novo
tempo para Israel, como uma nova criação de Deus, como se Ele estivesse formando
outra vez uma nova terra, sem as manchas da idolatria do Seu povo, e de tantos outros
pecados que lhe trouxeram a destruição. Dessa forma, podemos comparar a Jerusalém
reconstruída após o retorno dos exilados e, sobretudo após a vinda de Jesus, com uma
cidade recém-nascida, necessitada do leite, ao invés do alimento sólido, para poder
crescer debaixo de outros padrões. Entretanto, antes de falarmos sobre as coisas
espirituais, vamos raciocinar da maneira material. Nós podemos perguntar:
– De que forma os gentios poderiam fornecer este ‘leite’ a Jerusalém?
– Eles não tinham nada a oferecer espiritualmente, pois eram pagãos, mas baseados
no próximo versículo de Isaías, nós podemos ver aqui uma correlação com Ciro e com
os governantes persas que se seguiram, suprindo os exilados, as cidades de Judá e a
Jerusalém, com bens, gado e dádivas voluntárias não só para a reconstrução do templo
(Ed 1: 6-11), como também com coisas básicas para reconstruírem suas casas e suas
vidas. Foi comentado que no tempo de Esdras e Neemias, os reis persas que se seguiram
a Ciro supriram os judeus em tudo o que eles pediram para erguer o templo, desde Ciro
até Dario I, e os muros da cidade, no tempo de Artaxerxes I. Se pensarmos na parte
emocional daqueles que voltaram do cativeiro, nós podemos supor que estavam
desmotivados, desmoralizados e com medo, por isso Deus levantou Seus profetas, Ageu
e Zacarias, para incentivá-los (Ed 5: 1-2; Ed 3: 3; Ne 2: 17-18; Zc 1: 1-3; Ag 1: 1-4; 8;
12-15; Ag 2: 6-9). Com a força do Espírito eles conseguiram reconstruir o altar, o
templo e a cidade de Jerusalém. A fé de Esdras e Neemias foi um grande ponto de apoio
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para eles, da mesma forma que as riquezas (‘leite’) da Pérsia deram a força material
para eles se erguerem.
Esdras
que os gentios que começaram a contribuir para a igreja cristã não foram gentios ricos
que, de repente, decidiram contribuir com a nova doutrina de Jesus, mas foram gentios,
não tão ricos, que se converteram ao Cristianismo e passaram a ofertar para o
fortalecimento e a manutenção da igreja.
A bíblia diz que Barnabé e Paulo ficaram durante um ano em Antioquia da Síria
estabelecendo e fortalecendo a igreja cristã, e lá, pela primeira vez, os discípulos
passaram a ser chamados cristãos – At 11: 26. Naqueles dias (At 11: 27-30) o profeta
Ágabo fez a previsão de um período de fome não só na Judéia, mas em grande parte das
nações, o que aconteceu nos dias do reinado do imperador Cláudio. Por isso, os
discípulos enviaram socorro financeiro para os irmãos em Jerusalém por intermédio de
Paulo e Barnabé (At 11: 30).
Outras passagens que confirmam a ajuda dos gentios à igreja:
• Na versão bíblica ARA o título do texto de 2 Co 8: 1-15 é ‘as ofertas das igrejas
da Macedônia para os pobres da Judéia’. Mesmo tendo poucas condições financeiras (2
Co 8: 2), eles ofertaram aos irmãos com generosidade (cf. Rm 15: 25-26). Parece ter
sido uma situação diferente da relatada em At 11: 27-30, sobre o período de fome no
tempo do imperador Cláudio.
• O centurião Cornélio também parece ter sido um gentio que contribuía com a
igreja recém-nascida (At 10: 4; 31), vindo ele mesmo a ser um cristão.
• Paulo também menciona os Filipenses, que o sustentaram quando estava preso (Fp
1: 5-7; Fp 4: 15-16).
• Paulo adotou a prática de ajudar financeiramente a igreja em Jerusalém, ensinando
seus colaboradores e discípulos a fazerem o mesmo: At 24: 17. E essa prática foi
considerada por ele como um sinal de união entre os judeus convertidos e a parte
gentílica da igreja de Cristo: Rm 15: 25-27; 1 Co 16: 1-4; 2 Co 9: 1-15; Gl 2: 10.
Isso é o que está escrito na bíblia. Livros apócrifos são de pouca serventia para
confirmar a participação de gentios ricos que ofertaram sem se tornarem membros da
igreja Cristã.
• Is 60: 17: “Por bronze trarei ouro, por ferro trarei prata, por madeira, bronze e por
pedras, ferro; farei da paz os teus inspetores [NVI: ‘o seu dominador ‘] e da justiça, os
teus exatores [NVI: ‘o seu governador’]”.
Isso é uma maneira figurada de se referir aos móveis e utensílios do templo que
foram roubados pelos babilônios, e agora, depois do cativeiro, seriam devolvidos à Casa
de Deus. Ele estava levantando governantes justos e pacíficos como Zorobabel e
Neemias para governar sobre Seu povo, assim como sacerdotes (Esdras e Josué, por
exemplo) para recomeçar a ensinar a palavra de Deus aos que voltaram do exílio.
‘Por bronze trarei ouro, por ferro trarei prata, por madeira, bronze e por pedras,
ferro’ pode ser também uma linguagem figurada no que diz respeito à substituição das
coisas materiais pelas espirituais, ou da mudança da dispensação do AT para a do NT.
Neste versículo, os metais e os materiais da natureza são citados numa escala
crescente de valores, comparando-os entre si (bronze, de menor valor, por ouro, de
maior valor; ferro, de menor valor, por prata, de maior valor; etc.).
Poderíamos dizer que por bronze, símbolo do julgamento e do juízo de Deus sobre
o pecado, o Senhor traria o ouro, símbolo da Sua glória e das coisas preciosas para Ele,
como corações arrependidos e uma alma limpa. Por ferro, símbolo da força da carne
para realizar a sua santificação tentando obedecer a lei, o Senhor traria a obediência a
Ele, levando à santificação e à redenção (prata) na força do Seu Espírito (Zc 4: 6). Por
madeira, símbolo da natureza carnal tentando governar o homem, Ele traria o bronze,
agora simbolizando o arrependimento do ser humano e seu sacrifício de entrega total no
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altar do Senhor para ser mudado conforme a santa vontade de Deus. E no lugar de
pedra, simbolizando a maneira rústica de construir o templo interior e as coisas
materiais da vida de um homem, Deus traria a força (ferro) e a autoridade do Seu
Espírito para que o que se construísse de valoroso não mais viesse a perecer ou se
perder.
• Is 60: 18: “Nunca mais se ouvirá de violência na tua terra, de desolação ou ruínas,
nos teus limites [NVI: ‘dentro de suas fronteiras’]; mas aos teus muros chamarás
Salvação, e às tuas portas, Louvor”.
Em primeiro lugar é uma promessa de paz e segurança após o período de destruição
pelos babilônios; uma promessa de descanso e tranqüilidade material para que eles
voltassem a acreditar em Deus e pudessem ser preparados espiritualmente para a vinda
do Messias. Agora, eles olharão para os muros construídos e se lembrarão da salvação
que Deus lhes deu, e se sentirão a salvo de prováveis inimigos; olharão para as portas da
cidade e cantarão de júbilo pela proteção da cidade de Davi, da mesma forma que no
passado as portas foram locais de ações de graças (Sl 9: 14; Sl 24: 7; Sl 100: 4). O nome
‘Judá’ (Yehüdhâ, em hebraico) significa ‘louvado’, ‘celebrado’, ‘festejado em louvor
(ydh) ao Senhor’ [Gn 29: 35 b: “Esta vez louvarei o Senhor. E por isso lhe chamou
Judá; e cessou de dar á luz” (Lia lhe deu o nome)].
Mas também há uma mensagem espiritual em tudo isso para nós. Quando o Senhor
entra em nossa vida e nos liberta do cativeiro de Satanás, Seu Espírito nos ajuda a
construir os muros destruídos da nossa alma, as brechas do pecado e da ignorância por
onde o inimigo entrou e assolou. Agora, com a ajuda do Espírito Santo, nós podemos ter
a chance de reconstruir nossos muros através do sangue de Jesus nos perdoando e nos
justificando, removendo todas as acusações sobre nós; portanto, fechando nossas
brechas espirituais. Então passamos a entender que temos um protetor, um Salvador, e
que nenhuma violência das trevas vai nos atingir novamente, nem haverá áreas
desoladas ou abandonadas em nossa vida. Nossas carências serão preenchidas pelo amor
do Senhor. Olhamos para os muros da nossa alma e podemos chamá-lo de Salvação, ou
seja, Yeshua ()עושי, o nome hebraico de Jesus. A palavra ‘salvação’ (em hebraico,
)העושיaparece 146 vezes na bíblia – 103 vezes no AT e 43 vezes no NT. No AT ela é
transliterada como yeshu`âh (o significado do nome ‘Jesus’ – Mt 1: 21; Lc 1: 31). A
palavra hebraica yeshu`âh (salvação) é claramente vista em 3 versículos de Isaías:
• Is 26: 1: “Naquele dia, se entoará este cântico na terra de Judá: Temos uma cidade
forte; Deus lhe põe a salvação (yeshu`âh) por muros e baluartes”.
• Is 49: 8: “Diz ainda o Senhor: no tempo aceitável, eu te ouvi e te socorri no dia da
salvação (yeshu`âh); guardar-te-ei e te farei mediador da aliança do povo, para
restaurares a terra e lhe repartires as herdades assoladas”.
• Is 60: 18: “Nunca mais se ouvirá de violência na tua terra, de desolação ou ruínas,
nos teus limites; mas aos teus muros chamarás Salvação (yeshu`ah), e às tuas portas,
Louvor”.
Mesmo sendo transliterada de maneiras diferentes (yeshu, yshu, yish etc.) em outros
versículos bíblicos, a palavra mantém as mesmas letras básicas, e o mais importante, o
mesmo significado: salvação. A palavra yshuw`ah (ou yeshu`âh) significa ‘algo salvo’,
isto é, ‘libertação’, portanto, ajuda, vitória, prosperidade, salvamento, saúde, socorro,
salvar, proteger, guardar, preservar (saúde), bem-estar. A palavra yshuw`ah está ligada à
palavra yasha`, que é uma raiz primitiva cujo significado é: ser aberto, largo (espaçoso)
ou livre e, conseqüentemente, estar seguro, livre; ou socorro (ou vir em socorro de),
vingar, defender, libertar (ou libertador), socorrer, preservar, resgatar, trazer ou ter
salvação, salvar (ou salvador), obter vitória. Yshuw`ah (ou yeshu`âh) é palavra derivada
42
• Is 60: 19-20: “Nunca mais te servirá o sol para luz do dia, nem com o seu
resplendor a lua te alumiará; mas o Senhor será a tua luz perpétua [NVI: ‘O sol não será
mais a sua luz de dia, e você não terá mais o brilho do luar, pois o Senhor será a sua luz
para sempre’], e o teu Deus, a tua glória. Nunca mais se porá o teu sol, nem a tua lua
minguará, porque o Senhor será a tua luz perpétua, e os dias do teu luto findarão”.
Para os judeus daquela época essa profecia era o anúncio da vinda do Messias, com
uma luz espiritual maior do que o sol ou do que a lua e um brilho constante, e trazendo
a dignidade e a honra da Sua presença para o Seu povo de uma forma física, e tão
perceptível e gloriosa como apareceu no Sinai para os seus antepassados. A presença do
Senhor traria a esperança da salvação e da vida eterna; por isso, não havia mais
necessidade do luto.
Esses versículos também são uma profecia sobre a nova Jerusalém espiritual; é só
comparar com Ap 21: 23; Ap 22: 5, quando Jesus preencherá todas as coisas e a alma de
todos os Seus filhos com a Sua presença.
• Is 60: 21-22: “Todos os do teu povo serão justos, para sempre herdarão a terra
[NVI: ‘Então todo o seu povo será justo, e possuirá a terra para sempre’]; serão renovos
por mim plantados, obra das minhas mãos, para que eu seja glorificado [NVI: ‘para
manifestação da minha glória’]. O menor virá a ser mil, e o mínimo, uma nação forte
[NVI: ‘O mais pequenino se tornará mil, o menor será uma nação poderosa’]; eu, o
Senhor, a seu tempo farei isso prontamente [NVI: ‘que isso aconteça depressa’]”.
Quando Isaías fala aqui sobre todos os judeus serem justos, isso significa a
conversão deles a Cristo e, portanto, serem justificados pelo Seu sangue. Seguindo a
verdade do Senhor e andando nela, seus descendentes possuirão a terra, ou seja,
espalharão a nova doutrina por toda parte, a começar pela terra de Israel, ganhando
vidas para Ele, e herdarão também o reino de Deus. A esses convertidos, o Senhor
chama de renovos plantados por Ele, pela semente da Sua palavra que foi pregada e pelo
Seu sacrifício definitivo na cruz. E esse chamamento não veio por mãos de homens, e
sim pelo Espírito Santo, por isso Ele diz que foi ‘obra das minhas mãos, para que eu
seja glorificado’ (Is 60: 21 cf. Is 29: 23; Is 49: 3). Ninguém se vangloriaria por esse
feito, pois esses renovos seriam as primícias do trabalho de Jesus na terra. Podemos
43
pensar que esses primeiros renovos foram os apóstolos, e depois deles, todos os que
creram em Jesus em Jerusalém, na Judéia e em Samaria pela pregação deles. E o Senhor
mesmo adicionava vidas à Sua nova igreja (At 1: 8; At 2: 41; 47b; At 5: 12-16; At 8: 4-
6; 12; At 8: 14-17; At 9: 31; At 10: 1-2; 22; 33; 44-48; At 11: 19-21; At 12: 24; At 13:
47-49).
44
Capítulo 61
demônio que atormentava; e tantos outros casos. Ele igualmente nos traz o consolo no
momento em que não estamos mais agüentando a angústia e as opressões externas,
quando nos sentimos urgentemente necessitados de um socorro financeiro ou quando
estamos doentes e precisamos de ajuda. Ele usa, muitas vezes, corpos humanos como
instrumento do Seu consolo. Nem sempre o consolo é uma palavra que aquieta os
temores. Às vezes, o consolo precisa ser algo palpável, natural, físico, que vem para
aquietar a alma aflita. As ressurreições de mortos realizadas por Jesus e citadas acima
são um exemplo disso.
‘E a pôr sobre os que em Sião estão de luto uma coroa em vez de cinzas, óleo de
alegria, em vez de pranto, veste de louvor, em vez de espírito angustiado; a fim de que
se chamem carvalhos de justiça, plantados pelo Senhor para a sua glória’ – essa
promessa não só pode ser empregada como um consolo aos exilados que ainda
choravam pela destruição de sua cidade ou que ainda esperavam a vinda do Messias
para serem salvos e conhecer a verdade de Deus; é uma promessa para o povo do
passado e para a igreja de hoje, a Sião espiritual de Deus, que chora e está de luto por
algum tipo de perda: perda da fé, da esperança, da unção, perda da comunhão profunda
com Deus, perda da liberdade de pregar livremente Sua palavra, pois foi impedida pelo
inimigo. O Senhor promete remover as cinzas do luto e colocar na cabeça dos Seus
guerreiros uma coroa de alegria, porque sempre há um escape, sempre há uma solução,
sempre há um livramento. Ele vai trocar o pranto pelo óleo da alegria, pois Seu reino é
justiça, paz e alegria no Espírito Santo (Rm 14: 17). A alegria é um fruto do Espírito (Gl
5: 22).
Ele vai dar uma veste de louvor, em vez de espírito angustiado – isso quer dizer que
a angústia do peito pode ser removida quando colocamos nossa fé em ação, clamamos a
Deus e vemos Sua resposta numa causa que parecia impossível, e isso nos leva a
agradecer-Lhe, pois recebemos uma solução para o nosso problema. Por isso o apóstolo
Pedro disse: “Humilhai-vos, portanto, sob a poderosa mão de Deus, para que ele, em
tempo oportuno, vos exalte, lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem
cuidado de vós” (1 Pe 5: 6-7).
Em Fp 4: 6-7, Paulo escreveu: “Não andeis ansiosos de coisa alguma; em tudo,
porém, sejam conhecidas, diante de Deus, as vossas petições, pela oração e pela súplica,
com ações de graças. E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará o
vosso coração e a vossa mente em Cristo Jesus”. Nosso Deus é um Deus de justiça, um
Deus do hoje, do presente, que providencia o que necessitamos para cada dia da nossa
vida, em todas as áreas dela. O que precisamos desenvolver para ver a nossa bênção
materializada é justamente a fé; a fé aliada à perseverança, pois o reino de Deus é
tomado por esforço, e os que se esforçam se apoderam dele (Mt 11: 12). Muitas vezes,
ter fé em alguma coisa que nunca tivemos ou nunca vimos é um grande esforço, mas a
bíblia também diz que sem fé é impossível agradar a Deus (Hb 11: 6: “De fato, sem fé é
impossível agradar a Deus, porquanto é necessário que aquele que se aproxima de Deus
creia que ele existe e que se torna galardoador dos que o buscam”).
Resumindo: Deus não mudou. Ele não mudou Suas leis escritas no AT só porque
Jesus veio. Jesus veio e cumpriu a lei, mas não a aboliu. Nele se cumpriram as profecias
sobre a redenção de Israel através do Messias. Ele abriu para nós a realidade espiritual,
ou seja, nos deu a consciência da necessidade de salvação da nossa alma e nos fez
entender quem é o nosso verdadeiro inimigo. Mas não deixou de agir na terra, na
matéria. A palavra de Deus continua viva. Jesus é Deus, e, portanto, é capaz de realizar
todo tipo de milagre em todas as áreas da nossa vida. Se você tem dificuldade de
entender isso, creia apenas. Nada vai ficar postergado para a nova Jerusalém. A justiça
que muitas vezes nós gostaríamos de ver na terra vai ser feita, sim, por Ele. Lá na Nova
47
Jerusalém o cumprimento de toda a palavra de Deus será pleno, mas Sua justiça, Seus
milagres, Sua recompensa para nós é feita aqui na terra também. Em outras palavras:
aqui nós conquistamos as pérolas. Lá, nós vamos receber a coroa completa e adornada
com as pérolas que conquistamos aqui, em vida. Por isso, passamos as provas de
aperfeiçoamento.
‘A fim de que se chamem carvalhos de justiça, plantados pelo Senhor para a sua
glória’ – o Senhor mostra o motivo da transformação mencionada acima: Ele coroa os
enlutados, unge-os com óleo de alegria e põe sobre eles vestes de louvor para que eles
sejam chamados ‘carvalhos de justiça, plantados pelo Senhor para a Sua glória’. O
carvalho é uma árvore do gênero Quercus, que tem vinte e quatro espécies na Palestina;
por isso fica difícil determinar qual a espécie a que pertencem a palavras hebraicas
como: ‘allâ, ’allôn (ou ’allown) e ’elâ. Esta última parece ser a mais usada na bíblia
(’elâ). O termo hebraico ’asherâ era traduzido (segundo a Septuaginta, ‘alsos’) como
‘bosque’ ou ‘lugar alto’ idólatra (Êx 34: 13; Dt 16: 21; 2 Rs 17: 16), pensando-se que se
tratava de bosques de carvalhos. Mas os pesquisadores atuais afirmam que a referência
ali não é a uma árvore, e sim a uma imagem ou poste-ídolo de Aserá, deusa pagã da
fertilidade e do amor.
O carvalho era a árvore favorita sob cujas sombras os israelitas se assentavam (1 Rs
13: 14) ou sepultavam seus mortos (Gn 35: 8; 1 Cr 10: 12). Sua madeira, embora dura,
não era empregada em construção. Era usada na fabricação de remos (Ez 27: 6) e de
imagens de escultura (Is 44: 14-15). Basã era região repleta de carvalhos (Is 2: 13; Ez
27: 6; Zc 11: 2). O amorreu era forte como os carvalhos (Am 2: 9). Algumas espécies
são perenemente verdes, mas a maioria muda de folhas anualmente (Is 6: 13). É uma
árvore vigorosa, de madeira dura, que vive muitos séculos. Portanto, simboliza poder,
força, longevidade, estabilidade e determinação; e isso é o que o Senhor espera daqueles
a quem Ele resgata e abençoa: que sejam firmes na prática da justiça; permaneçam
enraizados no reino de Deus para mostrar a Sua presença diante dos ímpios e
irreverentes e diante dos inconstantes, que por qualquer coisa voltam ao pecado porque
não querem pagar o preço da santidade e da realização dos seus sonhos.
É prometido que as suas casas serão reconstruídas, suas cidades serão levantadas
das ruínas em que se encontram há muito tempo, e eles reconstruirão seus lares e suas
terras novamente. Eles vieram do exílio e reconstruíram.
‘Estranhos se apresentarão e apascentarão os vossos rebanhos; estrangeiros serão os
vossos lavradores e os vossos vinhateiros’ – isso aconteceu, em parte, quando
retornaram do cativeiro e tiveram ajuda de alguns povos por ordem de Ciro (Ed 1: 4; 6)
e, provavelmente dos moradores da Mesopotâmia e da Assíria que haviam sido
enviados para a Palestina para colaborar com os judeus, ou povos de outras terras que se
estabeleceram em Israel depois do seu exílio, e agora ajudariam voluntariamente os
judeus com seus rebanhos e suas vinhas. Os judeus, sem dúvida, se sentiram
privilegiados após seu retorno, pois agora sabiam valorizar a liberdade e as suas
propriedades, além de valorizar sua crença no Deus vivo, não mais nos ídolos. Embora
tivessem reconstruído suas casas e o templo, essas construções foram bastante inferiores
às que possuíam antes de serem cativos, entretanto, era motivo de júbilo para quem
chegou a perder tudo. Eles tinham novamente sua porção de terra, a terra de Israel, e
não eram mais estrangeiros nela como foram na Babilônia.
A promessa de Isaías para eles era de um estado de alegria duradoura, muito mais
duradoura do que o cativeiro na Babilônia. Porém, essa alegria não durou tanto tempo
quanto se pensava (pelo menos na área material), pois eles tiveram paz durante o
domínio do império persa, mas logo depois, com o domínio grego de Alexandre o
Grande e seus generais, Israel trocou várias vezes de mãos: primeiro, sob domínio
ptolomaico (os Egípcios), depois sob domínio selêucida (os Sírios), revolução dos
Macabeus numa transição para o período Hasmoneano e que, de forma alguma trouxe
alegria ou paz para a nação; apenas guerras, revoluções, mortes e mais destruição e
divisões internas no âmbito civil e religioso até o domínio romano e o nascimento de
Cristo. Por isso, eu disse anteriormente que esta profecia foi mais direcionada aos
crentes, mais especificamente, à parte espiritual da igreja, pois também a parte material,
física, dos novos convertidos foi bastante assolada, perseguida, e sua alegria, de pouca
duração. O que tem durado até hoje é a esperança de a salvação ser completada na
segunda vinda de Cristo, bem como a realização plena da Sua justiça. Não estou
dizendo que o profeta ou que Deus estava mentindo; somente que esta parte da profecia
de Isaías passa a ter uma natureza bastante diferente das profecias iniciais, já mostrando
que, a partir do retorno dos judeus do exílio Deus estava e estaria tratando com a
humanidade em outros termos.
‘Mas vós sereis chamados sacerdotes do Senhor, e vos chamarão ministros de nosso
Deus; comereis as riquezas das nações e na sua glória vos gloriareis [NVI: ‘e do que era
o orgulho delas vocês se orgulharão’]’ – quando Deus libertou Israel do Egito, Ele os
separou para Ele (“Ser-me-eis santos, porque eu, o Senhor, sou santo e separei-vos dos
povos, para serdes meus” – Lv 20: 26) e os chamou de um reino de sacerdotes (Ex 19:
6: “vós me sereis reino de sacerdotes e nação santa. São estas as palavras que falarás aos
filhos de Israel”), significando, num sentido amplo, que através deles Suas leis seriam
conhecidas entre as nações e eles trariam outros povos para Deus, como um sacerdote
faz a ligação entre Deus e o povo e vice-versa. Para os crentes do NT essa lei continua a
ser válida levando em conta que a Igreja de Cristo é o Israel espiritual de Deus: “Vós,
porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de
Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua
maravilhosa luz” (1 Pe 2: 9).
Isso quer dizer que após o exílio, a posição dos judeus como mediadores entre Deus
e os gentios voltaria a ser como foi planejada no início por Ele.
49
‘Em lugar da vossa vergonha, tereis dupla honra; em lugar da afronta, exultareis na
vossa herança [NVI: ‘Em lugar da vergonha que sofreu, o meu povo receberá porção
dupla, e ao invés da humilhação, ele se regozijará em sua herança’]; por isso, na vossa
terra possuireis o dobro e tereis perpétua alegria’ – no lugar da vergonha que eles
haviam passado durante o cativeiro (e até antes, por causa dos julgamentos de Deus
contra a idolatria do Seu povo), eles teriam honra dobrada, assim como o regozijo de
voltar a possuir a terra de Canaã. Aqui volta o comentário acima sobre a ‘alegria
perpétua’, que passou a ser algo espiritual para os que entenderam o projeto de Deus
através de Jesus. Apesar das circunstâncias externas, os crentes saberiam o que é a
alegria da salvação e da companhia eterna do Espírito Santo. O que havia sido roubado
deles seria restituído em dobro pelo Senhor, a mesma palavra (em Português) usada em
Is 40: 2: “Falai ao coração de Jerusalém, bradai-lhe que já é findo o tempo da sua
milícia, que a sua iniqüidade está perdoada e que já recebeu em dobro das mãos do
Senhor por todos os seus pecados”.
Em Is 40: 2 a palavra ‘dobro’ em hebraico é: kephel (Strong #3718), que significa:
uma duplicata, dobro.
Em Is 61: 7 a palavra hebraica é: mishneh (Strong #4932), que significa, mais
exatamente: uma repetição, ou seja, uma duplicata (cópia de um documento) ou uma
dupla porção (em quantidade); por implicação, uma posição secundária, o próximo,
segundo (ordem), o dobro, duas vezes mais.
Embora se tratando da mesma coisa, nós podemos até tentar explicar a diferença de
palavras da seguinte forma: em Is 40: 2, o dobro (ou a duplicata) seria a quantidade de
punição de Deus em medida dobrada à quantidade dos pecados deles.
E em Is 61: 7, o dobro corresponderia uma repetição, uma cópia do que tinham com
Deus no início, antes de começarem a pecar e idolatrar imagens (como as tábuas da Lei
foram escritas pela segunda vez para refazer o pacto). Seria uma aliança que estava
sendo refeita entre eles e Deus; ou, então, uma porção dobrada (como a unção de Eliseu
em relação a Elias) como uma maneira de compensar uma perda, uma necessidade ou
um desejo de algo que foi conquistado com muita dedicação e esforço.
Na lei de Moisés está escrito:
Êx 22: 1; 4; 9: “Se alguém furtar boi ou ovelha e o abater ou vender, por um boi
pagará cinco bois, e quatro ovelhas por uma ovelha... Se aquilo que roubou for achado
vivo em seu poder, seja boi, jumento ou ovelha, pagará o dobro... Em todo negócio
frauduloso, seja a respeito de boi, ou de jumento, ou de ovelhas, ou de roupas, ou de
qualquer coisa perdida, de que uma das partes diz: Esta é a coisa, a causa de ambas as
partes se levará perante os juízes; aquele a quem os juízes condenarem pagará o dobro
ao seu próximo”.
Dessa forma, isso seria uma dupla recompensa para eles por todo roubo e vexame
que sofreram nas mãos dos babilônios, como uma causa na justiça, onde se paga a
indenização pelos danos morais sofridos pela vítima, ou seja, o litigante que primeiro
deu entrada no pedido legal. A dupla riqueza que eles receberiam seria não apenas a
posição de filhos de Deus, mas a bênção do primogênito (‘Dirás a Faraó: Assim diz o
Senhor: Israel é meu filho, meu primogênito’ – Êx 4: 22), que recebia a porção dobrada
da herança do pai, em relação aos outros filhos (Dt 21: 17).
‘Porque eu, o Senhor, amo o juízo e odeio a iniqüidade do roubo; dar-lhes-ei
fielmente a sua recompensa e com eles farei aliança eterna. A sua posteridade será
conhecida entre as nações (no hebraico, gowy = gentios; nações, povos), os seus
descendentes, no meio dos povos; todos quantos os virem os reconhecerão como família
bendita do Senhor [NVI: ‘são um povo abençoado pelo Senhor’]’ – eles seriam
reconhecidos pelos gentios como o povo escolhido de Deus.
50
Capítulo 62
• Is 62: 6-9: “Sobre os teus muros, ó Jerusalém, pus guardas [NVI: ‘sentinelas’],
que todo o dia e toda a noite jamais se calarão; vós, os que fareis lembrado o Senhor
[NVI: ‘Vocês que clamam pelo Senhor’], não descanseis, nem deis a ele descanso até
que restabeleça Jerusalém e a ponha por objeto de louvor na terra. Jurou o Senhor pela
sua mão direita e pelo seu braço poderoso: Nunca mais darei o teu cereal por sustento
aos teus inimigos, nem os estrangeiros beberão o teu vinho, fruto de tuas fadigas. Mas
os que o ajuntarem o comerão e louvarão ao Senhor; e os que o recolherem beberão nos
átrios do meu santuário [NVI: ‘aqueles que juntarem as uvas delas beberão nos pátios
do meu santuário’]”.
52
O profeta fala em nome de Deus, dizendo que Ele mesmo colocou sentinelas
(atalaias) sobre os muros de Jerusalém, mostrando de maneira figurada que Ele mesmo
levantaria intercessores e sacerdotes que ensinariam o povo a clamar sempre diante Dele
pelo livramento da cidade e pela sua restauração, até que ela volte a ser um louvor na
terra, e eles dariam a notícia da sua salvação e do favor do Senhor por ela, afastando
todos os inimigos. Eles lembrariam o Senhor de dia e de noite das promessas que Ele já
havia feito em relação à salvação da filha de Sião. A promessa é do próprio Deus, como
um juramento de que Ele não vai mais entregar seu cereal (seu alimento) nas mãos de
estrangeiros, como foi com os babilônios e outros antes deles; nem dará mais o fruto das
suas vinhas a esses estranhos. Mas o que pertencer a Jerusalém será dela e de seus
filhos; eles louvarão o nome do Senhor pela Sua abundância e prosperidade, e levarão
suas ofertas de manjares ao templo do Senhor como gratidão.
Com a Jerusalém espiritual (a Igreja) é a mesma coisa: Jesus é o muro protetor de
Sua igreja; e seus ministros, profetas e intercessores são os que estão sobre os muros
(como Habacuque no AT), em proximidade com o Senhor, para interceder pela
santidade dela e dar-lhe o aviso da parte Dele para que a igreja sempre encontre o favor
de Deus e siga Sua direção. A intercessão e a pregação da Palavra são os dois alicerces
principais da igreja, e devem ser exercidos continuamente (de dia e de noite, nos
momentos de alegria e nos momentos de provação, em tempo oportuno e não – 2 Tm 4:
2), ou ‘em tempo e fora de tempo’ para que os olhos do Senhor estejam continuamente
sobre ela, e pessoas possam ser arrebanhadas para Ele.
• Is 62: 10-12: “Passai, passai pelas portas; preparai o caminho ao povo; aterrai,
aterrai a estrada, limpai-a das pedras; arvorai bandeira aos povos [NVI: ‘Construam,
construam a estrada! Removam as pedras. Ergam uma bandeira para as nações’]. Eis
que o Senhor fez ouvir até às extremidades da terra estas palavras: Dizei à filha de Sião:
Eis que vem o teu Salvador; vem com ele a sua recompensa, e diante dele, o seu
galardão [NVI: ‘Ele traz a sua recompensa e o seu galardão o acompanha’]. Chamar-
vos-ão Povo Santo, Remidos-Do- Senhor; e tu, Sião, serás chamada Procurada, Cidade-
Não-Deserta”.
A primeira frase: ‘Passai, passai pelas portas; preparai o caminho ao povo; aterrai,
aterrai a estrada, limpai-a das pedras; arvorai bandeira aos povos’ pode ser comparada
com Is 49: 22: ‘Assim diz o Senhor Deus: Eis que levantarei a mão para as nações e
ante os povos arvorarei a minha bandeira; eles trarão os teus filhos nos braços, e as tuas
filhas serão levadas sobre os ombros’. Deus promete (Is 49: 22) que até os judeus que
foram levados durante a invasão da cidade ou que nasceram durante o exílio virão a ela;
e os gentios que ela nunca viu virão por amor do Senhor, pois Ele mesmo os chamará.
Mas em Is 62: 10-12 a alusão à vinda do Messias parece mais clara, bem como o
chamado profético a estar com o coração preparado para Ele, ou seja, tirar os
impedimentos no Seu caminho, seja nos corações dos judeus ou dos gentios. Ele virá
trazendo salvação (Zc 9: 9) e, junto com Ele, virá a Sua recompensa e o Seu galardão
(cf. Is 40: 10). Galardão significa: recompensa de serviços valiosos, prêmio, honra e
glória; e isso se refere ao grande serviço prestado por Jesus na cruz. O povo convertido
é Sua recompensa (e Seu galardão) e a confirmação da Sua glória. Em hebraico, a
palavra para ‘recompensa’ é sakar (Strong #7939), que significa: ‘pagamento de
contrato; concretamente, salário, tarifa, manutenção; por implicação, compensação,
benefício, recompensa’. Depois, a bíblia diz: “Chamar-vos-ão Povo Santo, Remidos-
Do-Senhor; e tu, Sião, serás chamada Procurada, Cidade-Não-Deserta”.
‘Redimidos’ (hebraico, ga’al, Strong #1350) é uma raiz primitiva que significa
‘redimir’ (de acordo com a lei oriental do parentesco), ou seja, ser o parente mais
53
próximo (e, como tal, exercer o papel de resgatador); vingar, libertar, fazer libertação,
executar a parte de parente próximo, parente masculino, comprar, redimir, resgatar
(resgatador), vingador. O Resgatador, em Hebraico, Goel (go’el ou gho’êl), vem do
verbo ga’al (‘redimir’), é também chamado ‘parente-redentor’ e ‘vingador’. O
resgatador era um parente não tão distante, influente, a quem a família podia em geral
recorrer quando a sua linhagem ou os seus bens corressem o risco de ser perdidos. Ele
deveria: comprar de volta a terra da família vendida em tempos de crise (Lv 25: 25);
resgatar parentes escravizados (Lv 25: 47-49); garantir um herdeiro para o irmão morto
(Dt 25: 5-10); vingar a morte de um parente (Nm 35: 19-21); e tomar conta de parentes
em circunstâncias difíceis (Jr 32: 6-25). O Resgatador de Rute e Noemi foi Boaz. Em
relação a Israel, a idéia de resgate (Resgatador) é também usada em referência a Deus e
à redenção por Ele efetuada:
• Êx 6: 6-8: “Portanto, dize aos filhos de Israel: eu sou o Senhor, e vos tirarei de
debaixo das cargas do Egito, e vos livrarei da sua servidão, e vos resgatarei com braço
estendido e com grandes manifestações de julgamento. Tomar-vos-ei por meu povo e
serei vosso Deus; e sabereis que eu sou o Senhor, vosso Deus que vos tiro de debaixo
das cargas do Egito. E vos levarei à terra a qual jurei dar a Abraão, a Isaque e a Jacó; e
vô-la darei como possessão. Eu sou o Senhor”.
• Jó 19: 25: “Porque eu sei que o meu redentor vive e por fim se levantará sobre a
terra”.
• Sl 19: 14: “As palavras dos meus lábios e o meditar do meu coração sejam
agradáveis na tua presença, Senhor, rocha minha e redentor meu”.
• Sl 69: 18: “Aproxima-te de minha alma e redime-a; resgata-me por causa dos
meus inimigos”.
• Is 43: 1: “Mas agora, assim diz o Senhor, que te criou, ó Jacó, e que te formou, ó
Israel: Não temas, porque eu te remi; chamei-te pelo teu nome, tu és meu”.
Nessas passagens, Deus é o parente mais próximo de Israel, surgindo para trazer a
nação de volta à Sua família, já que o próprio povo não tinha condições para isso.
A palavra ‘resgatador’ é também empregada como um prenúncio da vinda do
Messias (Is 59: 20: ‘Virá o Redentor a Sião e aos de Jacó que se converterem, diz o
Senhor’). Cristo é o nosso parente próximo que veio nos comprar de volta para a família
de Deus. No NT o conceito de resgate se revela nos vários sinônimos de resgatar, que
transmite a idéia de: pagar um resgate, fazer uma aquisição ou reaver o que se perdeu.
‘Tu, Sião, serás chamada Procurada, Cidade-Não-Deserta’ – com a libertação do
cativeiro, Sião não será mais uma cidade deserta, abandonada, pois o Senhor trará sua
reconstrução e o seu repovoamento, não apenas com a volta dos exilados, mas com
gentios que se achegarão a ela. Com a salvação trazida pelo Messias, a glória de
Jerusalém será ainda maior por causa Dele, pois sua fama correrá até as nações mais
longínquas.
54
Capítulo 63
Na figura abaixo nós vemos um lagar da Antiguidade (este data de mais ou menos
2.000 anos). Era uma espécie de cisterna rasa cavada na rocha, com a dimensão de
aproximadamente 2,40m x 1,50 m e geralmente cercado com postes de madeira com e
barrotes de madeira no teto, onde se amarravam cordas, que ficavam penduradas. Nelas,
os pisadores de uva se seguravam para pisar as uvas. O suco de uva recém-espremido
(mosto) corria por um canalete e era armazenado em buracos mais fundos cavados na
rocha, como cavernas. Os homens desciam por uma escada e iam coletando o suco de
uva em recipientes. A parte superior do lagar, onde as uvas eram pisadas se chamava
gath; e a menor em baixo, de Yéqev ou Yeqavím (plural). Em Joel 3: 13 está escrita a
palavra ‘compartimentos’ (ARA) ou ‘tanques’ (NTLH) ou ‘vasos dos lagares’ (ARC).
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Então, Deus fala que é chegado o ano dos Seus redimidos [NVI: ‘chegou o ano da
minha redenção’], se referindo à época da graça do Senhor.
Em Is 59: 16-19 está escrito: “Viu que não havia ajudador algum e maravilhou-se
de que não houvesse um intercessor [NVI: ‘Ele viu que não havia ninguém, admirou-se
porque ninguém intercedeu’]; pelo que o seu próprio braço lhe trouxe a salvação, e a sua
própria justiça o susteve. Vestiu-se de justiça, como de uma couraça, e pôs o capacete
da salvação na cabeça; pôs sobre si a vestidura da vingança e se cobriu de zelo, como de
um manto. Segundo as obras deles, assim retribuirá; furor aos seus adversários e o
devido aos seus inimigos [NVI: ‘aos seus adversários, o que merecem’]; às terras do
mar, dar-lhes-á a paga. Temerão, pois, o nome do Senhor desde o poente e a sua glória,
desde o nascente do sol; pois virá como torrente impetuosa, impelida pelo Espírito do
Senhor [NVI: ‘Pois ele virá como uma inundação impelida pelo sopro do Senhor’]”.
Isaías recebeu a revelação do Messias como um homem de guerra, vestindo-se de
zelo pelo nome e pela santidade de Deus (armadura) e se dispondo a vingar Seu povo
daquilo que o prendia nas cadeias do pecado e das trevas. O Messias viu que não havia
quem o ajudasse e o Seu próprio braço lhe trouxe a salvação, e a Sua própria justiça o
susteve. Deus mostra a Isaías que Ele está presente como o Deus vivo e é temível em
Sua ira. Ele veste as vestes de salvação e de vingança para libertar Seu povo (Is 59: 16-
21).
Nós vimos que a vinda do Messias traria a vingança divina sobre os adversários dos
judeus. Mas entre essas profecias (Is 59 e Is 63) e a vinda de Jesus houve muitas guerras
e muitos instrumentos humanos de Deus para realizar a vingança do Senhor contra os
inimigos de Israel. Muito sangue foi derramado (‘o seu sangue me salpicou as vestes e
me manchou o traje todo’) e Deus realmente se vingou de ímpios, mostrando Sua
soberania sobre os deuses das nações pagãs. Isso foi um preparo para a vinda de Cristo,
que ninguém sabia quando ocorreria. Quando nós falamos sobre as características do
Messias, algumas delas eram mais importantes, sendo que pessoas comuns
personificavam aqui na terra o verdadeiro Messias por vir. As características eram: o
Servo sofredor (algumas vezes representado pelo próprio profeta em sua árdua missão
no meio daquele povo incrédulo) e o conquistador ungido (na figura de Ciro ou Davi),
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ou seja, de um rei que virá para governar sobre judeus e gentios, executando a vingança
de Deus contra Seus inimigos, se vestindo com a armadura da salvação (Is 59: 16-21) e
derrotando-os completamente, redimindo Seu povo.
No capítulo 63: 1-6 esse conquistador messiânico é um homem entre os homens,
mostrando igualmente as qualidades do rei e do Servo, com os mesmos dotes espirituais
deles. Ele também se mostra como o conquistador de Edom, uma tarefa que foi
realizada através de Davi: Nm 24: 17-19 (a ‘estrela de Jacó’ diz respeito a Davi); 1 Cr
18: 11-12; 2 Sm 8: 13-14; Sl 60 (Quando lutou contra os siros da Mesopotâmia – 1 Cr
18: 3 – e os siros de Zobá, e quando Joabe regressou e derrotou doze mil edomitas no
vale do Sal) cf. Sl 108: 6-13. Aqui, nós podemos ver a identidade do Conquistador
Ungido com o Messias Davídico. Os judeus mantinham na mente a imagem física do
Messias, como um guerreiro, vindo para libertar Seu povo de toda opressão. Entretanto,
Ele viria trazendo um poderoso mover mundial, e junto com Ele um novo tempo, uma
nova dispensação para a humanidade. Jesus, o Messias veio em forma humana, como
era esperado pelos judeus, mas trouxe uma nova maneira de se guerrear, que eles não
captaram nem aceitaram.
Assim, Deus mostra aqui a destruição dos edomitas, mas não deixa claro qual o
personagem humano usado para esta destruição (‘o seu sangue me salpicou as vestes e
me manchou o traje todo’), embora no âmbito espiritual nós saibamos que se trata de
Jesus (cf. Is 53: na cruz Seu sangue foi derramado para propiciar a ira de Deus). Seja
como for, Deus mostra que Ele não precisa da ajuda humana para realizar libertação.
A figura de um homem bêbado, cambaleante, mostra quão desnorteados ficarão os
inimigos do povo de Deus com a vingança do Senhor.
Nele. Ele menciona o relacionamento de Deus com Israel nos primeiros dias de sua
existência, quando os tirou do Egito e fez aliança com eles e disse que eles não
mentiriam para Ele, ou seja, não o trairiam. Ele sabia que eles o trocariam por outros
deuses, mas aqui Ele fala como se fosse um homem como eles, que esperasse gratidão
em troca da Sua benevolência. Mesmo decepcionado com eles, Ele os salvou.
‘O Anjo da sua presença’ (‘da Sua presença’, literalmente: ‘do Seu rosto’, ‘da Sua
face’, isto é, que permanece diante de Deus continuamente; no hebraico: ‘Paniym,
Strong #6440) é o mesmo que a expressão comumente vista na bíblia em outras
passagens do AT, ‘o Anjo do Senhor’, se referindo a Jesus. Ele apareceu para Moisés na
sarça, como os conduziu pelo deserto e os salvou de muitas coisas. ‘Em toda a angústia
deles, foi ele angustiado’ – mostra que Ele sofreu as aflições deles, e muito mais na
cruz, de maneira definitiva para que a salvação fosse completa e eterna.
Então o povo se lembrou dos dias de Moisés e se pergunta se o mesmo Deus que
livrou seus antepassados pode fazer o mesmo agora.
‘Aquele cujo braço glorioso ele fez andar à mão direita de Moisés’ – o Anjo do
Senhor estava à direita de Moisés fazendo os milagres. Moisés era apenas Seu
instrumento, mas o braço glorioso ou poderoso era o de Deus.
‘Aquele que os guiou pelos abismos, como o cavalo no deserto, de modo que nunca
tropeçaram? Como o animal que desce aos vales], o Espírito do Senhor lhes deu
descanso. Assim, guiaste o teu povo, para te criares um nome glorioso’ – Deus os
dirigiu como um cavaleiro hábil dirige o seu cavalo numa planície aberta para que não
tropece. Seu nome ficou famoso entre as nações por ter dividido o Mar Vermelho para
eles passarem. Deus conduziu o Seu povo para lugares de descanso, como os animais
descem das montanhas à planície para poder repousar. Canaã era o Seu lugar de
descanso para eles.
promessa. Também diz que o tempo que possuíram a terra de Canaã foi muito pouco
também.
‘Tornamo-nos como aqueles sobre quem tu nunca dominaste e como os que nunca
se chamaram pelo teu nome’, ou segundo a nota da NVI, ‘Somos como aqueles que
jamais governaste, como os que jamais foram chamados pelo teu nome’ – isso denota o
afastamento e a falta de intimidade com Deus que eles sentem, como se jamais tivessem
sido Seu povo, e sim, como os ímpios, que não eram chamados pelo Seu nome.
61
Capítulo 64
pois foi reduzido a cinzas. Tudo o que era precioso para eles foi arruinado. Será que
Deus continuaria impassível diante de todas essas calamidades? Castigá-los-ia além da
conta? Era insuportável para ele ver tudo isso. Embora Isaías estivesse descrevendo a
angústia deles todos e a ruína de sua terra como se exaltando o poder de destruição do
inimigo, ele sabia em seu coração que o Senhor era mais forte do que as evidências e
poderia reverter tudo isso no momento propício.
63
Capítulo 65
Ele não queria pedras lavradas porque era costume dos povos idólatras o manejo de
ferramentas de ferro, e sobre eles eram inscritas superstições dos ídolos, como as
inscrições cuneiformes da Babilônia e dos cananeus, que colocavam telhados planos
com tijolos em suas casas, e altares ali, onde eles queimavam incenso ao sol (2 Rs 23:
12, Jr 19: 13). Na época de Moisés, Israel só manejava instrumentos e ferramentas de
bronze. O manejo de ferramentas e armas de ferro só ocorreu no reinado de Davi, que
importou a técnica dos filisteus.
Não se subia por degraus para que a nudez dos sacerdotes não fosse exposta. Por
isso, em Êx 27: 1-8 e Êx 38: 1-7 a bíblia descreve o altar do holocausto de madeira de
acácia e coberto de bronze, medindo cinco côvados de comprimento, cinco côvados de
largura e três de altura (aproximadamente 2,5 m x 2,5 m x 1,5 m), com chifres (pontas
erguidas) em cada canto, que serviam para amarrar os animais do sacrifício. Porém,
mais tarde, no templo de Salomão, a bíblia descreve o altar de bronze onde eram feitos
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Muito provavelmente era uma escada, uma vez que Ezequiel menciona escadas na
descrição do altar do templo que ele visualizou (Ez 43: 13-17); e ele, como sacerdote, se
lembrava do primeiro templo. Os degraus estavam voltados para o oriente. Quanto à
precaução sobre a nudez do sacerdote não ser exposta, era por causa do seu ofício
sagrado, para não despertar em ninguém nenhum tipo de sentimento contrário à
reverência ao Senhor, caso suas vestes balançassem com o vento ou, se os degraus
estivessem a uma maior distância uns dos outros, o que o obrigaria a dar grandes
passos; assim as partes do corpo ficariam expostas. As túnicas de linho eram longas e
soltas, do cinto para baixo. Por isso, o Senhor falou para Moisés que os Levitas
deveriam usar os calções de linho, que se estendiam da cintura até os joelhos (Êx 39:
28; Êx 28: 42-43; Lv 16: 4). Os calções ficavam escondidos pela túnica. É interessante
que os calções de linho (roupa de baixo) eram permitidos naquela época apenas aos
sacerdotes, não aos homens do povo.
‘Que mora entre as sepulturas e passa as noites em lugares misteriosos [NVI: ‘povo
que vive nos túmulos e à noite se oculta nas covas’]’ – nos túmulos eles consultavam
demônios, ou praticavam necromancia (Is 8: 19; 1 Sm 28: 7-8; 14-15), o que foi
proibido deste o início pelo Senhor (Dt 18: 11-12). ‘lugares misteriosos’ ou ‘covas’
eram onde os pagãos adoravam seus ídolos, e dormiam muitas vezes nesses ‘recintos
consagrados’ para comunicações divinas nos sonhos.
‘Come carne de porco e tem no seu prato ensopado de carne abominável [NVI:
‘carne impura’]’ cf. Is 66: 17 – Deus havia dado aos israelitas certas regras alimentares;
entre elas, era proibido comer carne de porco (Lv 11: 7; Dt 14: 8), o que os povos
pagãos faziam constantemente. Agora, Seu próprio povo rebelde seguia essas regras e
isso era abominável para Ele. Os suínos foram usados pela primeira vez em sacrifícios.
A imagem das abominações idólatras era o pecado mais repugnante aos olhos de Deus e
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no cacho de uvas (Is 65: 8), ou o suco doce de uvas recém-colhidas (Dt 11: 14; Pv 3: 10;
Jl 2: 24). Tïrôsh ( )תירושaparece 37 vezes no Antigo Testamento.
Essas uvas no cacho representavam os judeus que permaneceram fiéis a Deus, as
uvas boas, a vinha frutífera. Essa resposta consola o profeta em sua oração do capítulo
anterior, suplicando a aliança de Deus com os descendentes de Abraão.
‘Assim farei por amor de meus servos’ – isso se refere a Abraão, Isaque e Jacó, os
patriarcas desse povo; ou, então, todos os Seus ungidos do passado, que fizeram a Sua
vontade e permaneceram firmes na Sua palavra.
Monte Sião
‘Farei sair de Jacó descendência e de Judá, um herdeiro que possua os meus montes
[NVI: ‘quem receba por herança as minhas montanhas’]’ – ‘Farei sair de Jacó
descendência’ se refere aos remanescentes fiéis dos judeus; ‘e de Judá, um herdeiro que
possua os meus montes’ se refere a Jesus, o Messias, descendente da tribo de Judá, o
herdeiro legal de todas as coisas e pessoas do Pai (Hb 1: 2), do qual somos co-herdeiros
do reino de Deus (Rm 8: 17). Ele, o herdeiro, possuirá os montes. ‘Os meus montes’ ou
‘as minhas montanhas’ representam as montanhas da Judéia, ou mais especificamente,
as colinas de Jerusalém, onde está o monte Sião e o templo. Nós vimos em outros
capítulos de Isaías que o reinado do Messias traria muitos povos ao monte de Sião (Is 2:
2). A descendência (ou sementes) são os que se tornam servos de Deus, através do
poder da Sua graça, e servem-no alegre e voluntariamente.
‘E os meus eleitos herdarão a terra e os meus servos habitarão nela [NVI: ‘Os meus
escolhidos as herdarão, e ali viverão os meus servos’]’ – ‘os meus eleitos’, ou seja, os
escolhidos de Deus segundo a eleição da graça, o Israel de Deus, que possuirá a Terra
Santa (Rm 9: 29; Rm 11: 4-5).
‘Sarom servirá de campo de pasto de ovelhas, e o vale de Acor, de lugar de repouso
de gado, para o meu povo que me buscar’ – Sarom é a maior planície costeira da parte
norte da Palestina à beira do Mediterrâneo, ao sul do Monte Carmelo. Fica entre os
extensos pantanais do baixo curso do rio Zarqa (Nahr az-Zarqa ou Nahal Taninim) ao
norte (marca o extremo sul do Monte Carmelo), e o vale de Aijalom e Jope no sul, ou
seja, até o rio Jarcom (em hebraico: Yarqon), no sul, no limite norte de Tel Aviv. O rio
Zarqa (em árabe, Nahr az-Zarqā, ‘o rio azul’) é comumente identificado com o Rio
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Jaboque (Nahal Yabok) descrito na bíblia (atualmente o rio está altamente poluído). O
rio Jarcom é o limite natural entre Sarom e a Filístia.
Planície de Sarom
que se abençoará [NVI: ‘Quem pedir bênção para si na terra, que o faça pelo Deus da
verdade’]; e aquele que jurar na terra, pelo Deus da verdade é que jurará; porque já
estão esquecidas as angústias passadas e estão escondidas dos meus olhos” [NVI:
‘Porquanto as aflições passadas serão esquecidas e estarão ocultas aos meus olhos’] –
isso quer dizer que ser chamado de ‘judeu’ seria vergonhoso, como uma maldição, pois
lembraria a todos a rejeição de Deus por causa da infidelidade e da maldade dos judeus
incrédulos. Ao passo que os judeus tementes a Deus e aceitando Jesus como o Messias
passariam a ser chamados da mesma forma que os gentios, de Cristãos, o novo nome
dos filhos da dispensação da graça de Deus (At 11: 26).
‘De sorte que aquele que se abençoar na terra, pelo Deus da verdade é que se
abençoará’ – significa o próprio nome do Messias; portanto, seriam todos abençoados
em o nome de Jesus, o Deus da verdade, não em nome de outros deuses, pois Deus era
fiel em Suas promessas (Jo 1: 17; 2 Co 1: 19-20; Ap 3: 14).
Capítulo 66
Na parte seguinte da profecia Deus se dirigia aos judeus tementes que por causa do
Seu nome foram desprezados pelos seus irmãos e até expulsos de sua companhia, e que
eram zombados pelos religiosos, os quais arrogantemente diziam para o Senhor mostrar
Sua glória. Então, Deus disse que estes é que seriam envergonhados. Assim, Ele
encoraja os fiéis a permanecerem firmes Nele, pois Ele mesmo destruirá seus inimigos.
à hora nona, houve trevas sobre toda a terra... E Jesus, clamando outra vez com grande
voz, entregou o espírito. Eis que o véu do santuário se rasgou em duas partes de alto a
baixo; tremeu a terra, fenderam-se as rochas; abriram-se os sepulcros, e muitos corpos
de santos, que dormiam, ressuscitaram; e, saindo dos sepulcros depois da ressurreição
de Jesus, entraram na cidade santa e apareceram a muitos. O centurião e os que com ele
guardavam a Jesus, vendo o terremoto e tudo o que se passava, ficaram possuídos de
grande temor e disseram: Verdadeiramente este era Filho de Deus” (Mt 27: 45; 50-54).
Por isso, o profeta diz: “Voz de grande tumulto virá da cidade, voz do templo, voz
do Senhor, que dá o pago aos seus inimigos”. O texto bíblico diz que Jesus clamou com
grande voz. Quando Ele entregou Sua vida ao Pai e o véu do templo se rasgou isso foi
como a voz de Deus gritando ferozmente do templo contra os inimigos espirituais do
Seu povo que os separavam da verdade e da salvação. Os sacerdotes que estavam no
templo e viram o véu ser rasgado de forma sobre-humana, com certeza gritaram de
medo, e saíram correndo dali, e seus gritos de pavor também poderiam ser ouvidos de
longe.
O terremoto e a escuridão devem ter assustado muita gente, por isso Isaías diz que
ouviu um ruído assustador que vinha da cidade, o que nos faz pensar em algo abrupto,
amedrontador, como som de destruição e de gente correndo de um lado para o outro
porque nunca tinham visto algo parecido, além do som estranho que dever ter vindo do
templo na hora que o véu do santuário foi rasgado, sem ser por mãos humanas. Acabou-
se naquele momento a dispensação do Antigo Testamento e começou a dispensação do
Novo Testamento. Deus estava extinguindo a hipocrisia e a soberba do antigo
sacerdócio e da antiga prática religiosa do Seu povo.
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que a igreja em Jerusalém não parou de fazer novos convertidos. A bíblia diz que o
Senhor acrescentava, dia a dia, os que iam sendo salvos (At 2: 47; At 5: 14; 16).
Em seguida, o profeta fala: “Regozijai-vos juntamente com Jerusalém e alegrai-vos
por ela, vós todos os que a amais; exultai com ela, todos os que por ela pranteastes, para
que mameis e vos farteis dos peitos das suas consolações; para que sugueis e vos
deleiteis com a abundância da sua glória [NVI: ‘se deleitarão em sua fartura’]. Porque
assim diz o Senhor: Eis que estenderei sobre ela a paz como um rio, e a glória [NVI: ‘a
riqueza’] das nações, como uma torrente que transborda [NVI: ‘uma corrente
avassaladora’]; então, mamareis, nos braços vos trarão e sobre os joelhos vos
acalentarão. Como alguém a quem sua mãe consola, assim eu vos consolarei; e em
Jerusalém vós sereis consolados. Vós o vereis, e o vosso coração se regozijará [NVI:
‘Quando vocês virem isso, o seu coração se regozijará’], e os vossos ossos revigorarão
como a erva tenra [NVI: ‘e vocês florescerão como a relva’]; então, o poder do Senhor
será notório aos seus servos [NVI: ‘a mão do Senhor estará com os seus servos’], e ele
se indignará contra os seus inimigos”.
Muitos versículos de Atos dos Apóstolos testificam as palavras profetizadas, pois a
palavra de Jesus por meio deles era a consolação e a abundância que supria muitas
almas carentes, por isso havia paz e alegria na igreja recém-nascida, apesar da
perseguição iniciada por Saulo de Tarso; e essa paz (At 9: 31) e essa graça (At 4: 33; At
11: 23) derramadas gratuitamente sobre as pessoas aumentavam o número de agregados
à igreja (At 6: 1; At 9: 31; At 9: 33-35; At 9: 42; At 11: 21; At 11: 26). Até sacerdotes
obedeciam à nova fé (At 6: 7). Mesmo em outras cidades onde o evangelho era pregado
havia alegria por causa da salvação: At 8: 4-8 (Filipe em Samaria); At 8: 12; 17; At 11:
19 (judeus da Fenícia, Chipre, Antioquia); At 8: 39. Por causa da força do Espírito
Santo e da determinação dos apóstolos do Senhor a palavra de Deus crescia (At 6: 7; At
12: 24) e continuava a ser pregada destemidamente (At 4: 10-12; 19-20; 29-31; 33; At
5: 29; 38-39). Como um rio, a doutrina de Jesus se espalhou também para os gentios: At
8: 26-40; At 10: 44-48; At 11: 20; At 11: 26.
Os judeus viram todas as maravilhas de Deus em Jerusalém, a começar pelo
ministério de Jesus, e aqueles que o receberam de coração aberto também se alegraram
e se regozijaram pela grande transformação ocorrida no meio do Seu povo. Jerusalém
teve o privilégio de ver a salvação de Deus antes de qualquer cidade do mundo, e isso,
por si só, já era um motivo de regozijo: “Vós o vereis, e o vosso coração se regozijará, e
os vossos ossos revigorarão como a erva tenra; então, o poder do Senhor será notório
aos seus servos [NVI: ‘a mão do Senhor estará com os seus servos’], e ele se indignará
contra os seus inimigos”.
Todos os que se opuseram à Igreja de Cristo caíram, desde os judeus que rejeitaram
Jesus até os gentios opressores. Ele continua fazendo isso com todos os que se
opuserem ao caminhar santo dos Seus servos: “Também eu te digo que tu és Pedro, e
sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra
ela” (Mt 16: 18).
um dos seus templos’], que comem carne de porco, coisas abomináveis [NVI: ‘outras
coisas repugnantes’] e rato serão consumidos, diz o Senhor”.
Fogo, carros, torvelinho ou turbilhão e espada são símbolos do juízo de Deus sobre
os que rejeitam Sua correção e o desprezam. Ele entra em juízo contra os ímpios da
maneira que Ele quer, seja usando exércitos humanos sobre a terra, seja por calamidades
da natureza ou qualquer outra forma. Ele sempre executa a Sua justiça e o Seu juízo,
ainda que nós não entendamos Seus métodos. A bíblia diz que Ele retém Sua fúria, é
tardio em irar-se, mas quando Ele se levanta contra algo, ninguém pode detê-lo. Aqui
parece ser repetida a profecia de Is 65: 11-15 sobre a hipocrisia, a idolatria e a adoração
dupla por parte daqueles que se diziam judeus.
‘Alguns dos que foram salvos [NVI: ‘alguns dos sobreviventes’] enviarei às
nações’ – pode significar Seus apóstolos ou todos os judeus remanescentes daquela
época que voltando até mesmo às suas habitações em outras terras, como foi visto em
At 2: 9-11, pudessem levar as boas novas da Salvação. Mas aqui, em especial, Ele
menciona algumas nações: Társis, Pul [NVI: ‘aos líbios’], Lude [NVI: ‘aos lídios’],
Tubal, Javã [NVI: ‘à Grécia’] até às terras do mar mais remotas (às nações mais
longínquas, como Itália – Roma e nações do Oriente, por exemplo).
Como vimos anteriormente nas outras profecias de Isaías, Társis poderia
corresponder tanto à região da Índia quanto à atual Espanha. Acima, o profeta cita
também a Líbia (Pul ou Pute), a Lídia (Lude, atual região oeste da Turquia), Grécia
(Javã) e Tubal. Pul ou Pute era descendente de Cam, filho de Noé. Lude era descendente
de Sem, filho de Noé. Társis, Javã e Tubal eram descendentes de Jafé, o terceiro filho de
Noé, o pai dos povos indo-europeus. Javã pode ser identificada com a Grécia.
Quanto a Tubal, muitas vezes é citado na bíblia junto com Meseque e Magogue,
outros descendentes de Jafé. Em Ez 38: 1-3, por exemplo, estas nações são descritas
juntas: “Veio a mim a palavra do Senhor, dizendo: Filho do homem, volve o rosto
contra Gogue, da terra de Magogue, príncipe de Rôs [na Septuaginta, significa ‘príncipe
maior’, ‘príncipe de Rosh’ ou ‘Rhos’], de Meseque e Tubal [Em Russo moderno,
Moscou e Tobolsk]; profetiza contra ele e dize: Assim diz o Senhor Deus: Eis que eu
sou contra ti, ó Gogue, príncipe de Rôs, de Meseque e Tubal [Magogue era o reino
original de Gogue, embora ele tenha adquirido também Meseque e Tubal, para ser
chamado de seu ‘príncipe chefe’, ou ‘príncipe maior’]”.
Tobolsk é uma cidade na Rússia, e era a antiga capital da Sibéria (uma vasta região
da Rússia e do Norte do Casaquistão).
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Vamos ver as nações evangelizadas pelos apóstolos do Senhor (todos, exceto João,
foram martirizados):
• Simão Pedro chegou a levar a palavra aos crentes de Roma, junto com João
Marcos (o evangelista, filho de Maria – At 12: 25; At 13: 13; At 15: 37-40; Cl 4: 10; 2
Tm 4: 11; Fm 24; 1 Pe 5: 13). Pedro morreu em Roma.
• João Marcos (autor do segundo evangelho) levou o evangelho a Alexandria, no
Egito, e morreu lá.
• Tiago (o maior), irmão do apóstolo João e filho de Zebedeu, foi decapitado pelo
rei Herodes Agripa em 44 DC em Jerusalém.
• Filipe (apóstolo de Jesus) pregou o evangelho na Palestina, Grécia e na Ásia
Menor, onde morreu (em Hierápolis, na Frígia).
• André, irmão de Pedro, é considerado o fundador da igreja em Bizâncio
(Constantinopla e, atualmente, Istambul), onde o imperador Constantino mais tarde
atuou, instituindo a Igreja Católica Apostólica Romana. Morreu na Grécia (domínio
romano).
• Paulo de Tarso evangelizou toda a Ásia Menor, Síria, Chipre, Macedônia e levou
também o evangelho a Roma, onde morreu. A bíblia fala que no início de sua conversão
ele também levou o evangelho à Arábia (Gl 1: 17); não a Arábia Saudita de hoje, na
Península Arábica, mas a Arabia Petraea (em Latim) ou Arábia Petréia, que incluía o
reino Nabateu, a Península do Sinai e o Noroeste da Península Arábica. Mais tarde foi
incorporada pelo Império Romano em 106 DC no reinado de Trajano.
• Lucas (médico e evangelista): morreu em Tebas, na Beócia (prefeitura da Grécia),
com 84 anos. Não se sabe se foi martirizado. Provavelmente, evangelizou algumas
regiões da Grécia.
• Tomé: foi até o leste da Síria, pregando até a Índia, onde morreu.
• Bartolomeu (também conhecido por Natanael): pregou até na Índia com Tomé,
voltando à Armênia, Etiópia e ao sul da Arábia. Provavelmente, ele foi esfolado vivo e
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• Is 66: 24: “Eles sairão e verão os cadáveres dos homens que prevaricaram [NVI:
‘rebelaram’] contra mim; porque o seu verme nunca morrerá, nem o seu fogo se
apagará; e eles serão um horror para toda a carne [NVI: ‘causarão repugnância a toda a
humanidade’]”.
O Senhor havia mostrado a alegria dos fiéis dentro da Sua igreja, e agora mostra o
destino dos ímpios, ou seja, além de um tormento contínuo da consciência, impedindo
seu descanso em Deus e os acusando sempre, esta figura de linguagem foi usada por
Jesus para designar o inferno, a morte eterna (Mc 9: 44; Ap 14: 10).