Teste de Diagnóstico2

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Outras Expressões 11

Porto Editora

Teste diagnóstico 2
Português 11.º ano

Grupo I

Lê atentamente o texto que se segue.

Soneto contando-se

1 Começa o poema como sempre começa:


um verso na página ainda por encher,
de uma imagem que me surge na cabeça,
com um sentimento que se tem de dizer.

5 Continuo em busca de rima e de ritmo,


mesmo que sem eles pudesse passar:
a poesia nasce de outro logaritmo1,
e pode mesmo viver apenas do ar.

Mas está no teu corpo o seu pensamento,


10 com a música e o fôlego do amor.
És tu, ausente e viva, sempre, minha amada,

quem sopra entre as estrofes um doce lamento:


prazer e pranto que registo com rigor,
nos catorze versos desta forma acabada.

JÚDICE, Nuno, 2000. Poesia Reunida 1967-2000.


Lisboa: Dom Quixote (p. 1063).

1na matemática, expoente ao qual se deve elevar o


número escolhido para base para se obter o número dado.

Apresenta, de forma bem estruturada, as tuas respostas aos itens que se seguem.

1. Explicita a conceção de poesia apresentada nas primeiras estrofes.

2. Delimita os diferentes momentos da organização interna do poema.

3. Justifica o título, considerando o assunto e a estrutura externa do texto.

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Lê o texto que se segue.

Nuno Júdice
O grande navio da melancolia

1 No seu novo livro de poemas, Nuno Júdice (n. 1949) volta a deambular1, com a habitual
proficiência2, por algumas das suas obsessões temáticas: a lírica amorosa; o “pensamento
queimado pela memória”; as argumentações lúdicas; a autoconsciência poética; os
exercícios eruditos; a aproximação irónica à realidade. A facilidade enunciativa e os amplos
5 recursos estilísticos permitem ao poeta escrever sobre praticamente tudo, em vários registos,
o que nem sempre favorece a consistência e equilíbrio do livro como um todo. Resultado: em
Fórmulas de Uma Luz Inexplicável […] deparamos mais uma vez com poemas dispensáveis
(repetitivos ou redundantes), embora em menor número do que na obra anterior (Guia de
Conceitos Básicos, 2009). [...]
10 Os melhores poemas são os que recuperam uma “infância antiga”, a partir de evocações
nostálgicas, despertadas pela visão de um “coreto vazio” numa praça de província ou pela
imagem da mesa à volta da qual se reunia a família. Há ainda casas carregadas de tempo,
figuras extintas que só existem numa “caixa de fotografias”, lugares que mudam ou
desaparecem, histórias de desencontro, acasos que criam bifurcações e desvios cruciais nas
15 nossas vidas. Júdice também brinca em quadras rimadas (Almoço Cosmopolita) [...]. Mas o
que passa no horizonte é sempre o “grande navio da melancolia”, naufragando com os
“porões esvaziados do seu lastro3 de frases”.

SILVA, José Mário, 2012. “O grande navio da melancolia”. Ler, n.º 114, junho de 2012 (p. 63)

1 divagar; 2 habilidade; 3 peso que se mete no porão de uma embarcação para lhe aumentar a estabilidade.

Apresenta, de forma bem estruturada, as tuas respostas aos itens que se seguem.

4. O texto constitui uma apreciação crítica.


4.1. Fundamenta a afirmação, referindo duas características que comprovem a sua
integração no género referido.

5. Interpreta o título do artigo, atendendo às relações temáticas que estabelece com o conteúdo.

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Grupo II
Lê atentamente o texto.

Antes do Amor
1 Toda a gente sabe que um poema é um composto de relâmpagos de linguagem que nos
permite quebrar o vidro fosco do tempo e descrever as cores e a vibração das almas. Há
quem prefira definir o poeta como aquele que condensa num mínimo de palavras a corrente
contínua da experiência, a indefinição da personalidade humana e o choque frontal entre as
5 circunstâncias externas e a temperatura íntima. [...] Há poemas que matam, poemas que
curam. Alguns salvam e assassinam no mesmo verso – e esses, acreditem, são sempre
poemas de amor. [...]
Eugénio de Andrade disse um dia: “Às vezes sinto-me tão desesperado que me sento a
escrever como quem chora”. O poeta chora como só no absoluto da adolescência se sabe:
10 uma lágrima correndo do rosto para o coração, com pressa de se tornar fogo outra vez, outra
guardada a ferros dentro dos olhos, fazendo do corpo um submarino e do mundo visível uma
tempestade distante. Para chorar assim é preciso que a alma seja funda e cavada na rocha
como o precipício da eternidade. O fim da juventude sucede quando os exércitos do bom
senso aparecem ao redor das almas para as aplanarem, a poder de terra ou, nalguns casos,
15 de cimento. [...]
Trata-se de um processo lento, profissional, quase impercetível: um dia um amigo
abandona-nos e encolhemos os ombros, um dia descobrimo-nos cáusticos1 por tudo e
deslumbrados por nada, um dia a própria palavra deslumbramento nos dá vontade de rir, um
dia a febre da melancolia transforma-se na enxaqueca do tédio, um dia chamamos pudor ao
20 pavor e juramos que nunca mais havemos de chorar.
Os poetas sobrevivem a estas juras, pela arte que têm em escapar às fronteiras
epistemológicas2 que isolam essências e aparências. E pela contínua vigilância sobre a
corrosão das palavras. O seu trabalho intelectual parte da ousadia de se expor sentindo. [...]
Fazem da escrita uma fórmula infinita de multiplicação da vida, morrem e ressuscitam vezes
25 sem conta em busca da palavra, a canção ligeira sobre música séria onde cintila o sangue
desse movimento de passagem. Têm a coragem de manter a alma adolescente, velha, cheia
de musgo e de rasgões. [...]
Habituamo-nos a ouvir dizer que os tempos que correm são adversos à poesia, que os
poetas estão cada vez mais exilados numa ilha de silêncio e indiferença. Parece-me que esta
30 observação carece de perspetiva histórica: o tempo nunca esteve para a poesia, porque a
poesia vai sempre além do seu próprio tempo.
Apesar de tudo, Portugal até vai cumprindo o seu afável cliché3 de “país de poetas”:
temos muitas editoras vivamente dedicadas à edição de poesia, e as tiragens portuguesas
de poesia atingem números proporcionalmente muito superiores às praticadas em grandes
35 países da Europa como a Alemanha e a França. Isto significa que a poesia tem, em Portugal,
um considerável clube de fiéis.
O amor à poesia não se aprende – nada do que é verdadeiramente fundamental na vida
se aprende – mas pode contagiar-se.
PEDROSA, Inês, 2005. “Antes do Amor”. In Poemas de Amor. Antologia de poesia portuguesa.
7.ª ed. Lisboa: Dom Quixote (pp. 17-21)
1 sarcásticos; 2 relativas ao conhecimento; 3 ideia muito repetida ou estereotipada.

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Responde aos itens apresentados.


Nas respostas aos itens de escolha múltipla, seleciona a opção correta.

1. O texto inicia-se com recurso a


(A) uma metonímia.
(B) uma metáfora.
(C) uma antítese.
(D) uma apóstrofe.

2. Na primeira frase do texto, a palavra “que” é


(A) um pronome em ambos os casos.
(B) uma conjunção em ambos os casos.
(C) um pronome e uma conjunção, respetivamente.
(D) uma conjunção e um pronome, respetivamente.

3. Considerando o processo que determinou a sua entrada na língua portuguesa, as palavras


“choque” (l. 4) “cliché” (l. 32) são
(A) acrónimos.
(B) empréstimos.
(C) siglas.
(D) onomatopeias.

4. Os processos fonológicos presentes na evolução da palavra “lacrĭmam” para “lágrima” (l. 10)
são
(A) dissimilação e apócope.
(B) paragoge e palatalização.
(C) apócope e sonorização.
(D) vocalização e epêntese.

5. O adjetivo “cáusticos”, usado na linha 17, desempenha a função sintática de


(A) predicativo do sujeito.
(B) modificador do nome restritivo.
(C) complemento do nome.
(D) predicativo do complemento direto.

6. Com o recurso aos dois pontos, nas linhas 30 e 32, a autora


(A) introduz explicações.
(B) insere passagens em discurso direto.
(C) anuncia enumerações.
(D) introduz passagens que contradizem as afirmações anteriores.

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7. O vocábulo “país” (l. 32), relativamente às palavras “Portugal” (l. 32), “Alemanha” (l. 35) e
“França” (l. 35), é um
(A) merónimo.
(B) hipónimo.
(C) holónimo.
(D) hiperónimo.

8. Identifica o tipo de sujeito presente na frase “Alguns salvam e assassinam no mesmo verso”
(l. 6).

9. Classifica a oração subordinada introduzida por “que” na citação de Eugénio de Andrade,


nas linhas 8 e 9.

10. Indica a função sintática desempenhada pelo constituinte sublinhado na passagem:


“Parece-me que esta observação carece de perspetiva histórica” (ll. 29-30).

Grupo III

Partindo da tua experiência de leitura, redige uma exposição sobre uma das obras ou um dos
textos lidos no âmbito da disciplina de Português, no 10.º ano.
Escreve um texto bem estruturado, de duzentas a duzentas e cinquenta palavras, que respeite
as marcas do género.

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