Curso Armazenamento de Graos

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DOSSIÊ TÉCNICO

ARMAZENAMENTO DE GRÃOS

Ivo Pessoa Neves

Rede de Tecnologia da Bahia – RETEC/BA

JUL
2007
DOSSIÊ TÉCNICO

Sumário

1 INTRODUÇÃO ...............................................................................................................2
2 CONDIÇÕES ESTRUTURAIS DAS INSTALAÇÕES....................................................6
2.1 Tipos de estruturas para armazenamento ..............................................................7
2.2 Etapas que antecedem o armazenamento de grãos..............................................8
3 ASPECTOS DE CONTROLE DAS CONDIÇÕES PARA O ARMAZENAMENTO
ADEQUADO E CONSERVAÇÃO DE GRÃOS.................................................................8
4 MODELOS DE MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS UTILIZADOS NO PROCESSAMENTO DE
GRÃOS .............................................................................................................................9
5 TÉCNICAS PARA ARMAZENAMENTO .......................................................................10
5.1 Classificações do setor ............................................................................................10
5.2 Elementos institucionais ..........................................................................................10
6 TERMINAIS PARA EXPORTAÇÃO DE GRÃOS ..........................................................11
7 CARACTERIZAÇÃO DOS GRÃOS...............................................................................13
7.1 Qualidade dos grãos armazenados.........................................................................13
8 PERIGOS NO ARMAZENAMENTO DE GRÃOS ..........................................................14
8.1 Fungos e micotoxinas ..............................................................................................15
8.2 Pragas ........................................................................................................................16
9 PRINCÍPIO BÁSICO DO ARMAZENAMENTO 16
9.1 PEPS – O primeiro produto que entra é o primeiro a sair .....................................17
10 MÉTODOS DE CONSERVAÇÃO 17
10.1 Secagem de grãos 17
10.2 Resfriamento da massa de grãos ..........................................................................18
Conclusão ........................................................................................................................19
Referência ........................................................................................................................19
ANEXO 01 – ESTRUTUTA E INSTALAÇÕES DA PLATAFORMA DE CARGA E DESCARGA
..........................................................................................................................................20

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DOSSIÊ TÉCNICO

Título

Armazenamento de grãos

Assunto

Depósitos de mercadorias para terceiros, exceto armazéns gerais e guarda-móveis

Resumo

Condições estruturais das instalações, tipo de estruturas para armazenamento, caracterização


dos grãos, processo de seleção, aspectos de controle das condições ambientais para o
armazenamento e conservação, acondicionamento, técnicas de armazenamentos.

Palavras chave

Armazenamento;estocagem;grão

Conteúdo

1 INTRODUÇÃO

A agricultura brasileira vem apresentando nos últimos anos expressivas taxas de crescimento,
sobretudo no setor de grãos, contribuindo fortemente para a expansão da balança comercial.
No entanto, o desempenho da produção não tem sido acompanhado de melhoria dos serviços
de comercialização agrícola, especificamente de armazenagem e transporte, o que tem
frustrado em parte as condições de competitividade do produto brasileiro nos mercados interno
e externo.

A tecnologia empregada nas atividades agrícolas permite produzir, não apenas maior
quantidade por unidade de área e de melhor qualidade, como também em épocas e regiões
distintas das tradicionalmente conhecidas. Em conseqüência, os períodos de colheita se
alargaram no decorrer do ano e as amplitudes de variação estacional dos preços agrícolas se
reduziram significativamente, beneficiando a todos os agentes de mercado.

Não obstante isso, a concentração da crescente produção agrícola em poucos itens (grãos),
com períodos de colheitas coincidentes, tem levado ao crescimento substancial da demanda
pela modernização da atual infra-estrutura de armazenagem e transporte, visando a um
eficiente sistema logístico para escoamento (no tempo e no espaço) das safras.

Estima-se que, no Brasil, ainda apenas 5% da capacidade armazenadora total estejam


localizada nas unidades de produção, cifra bastante baixa quando comparada à proporção
existente nas propriedades rurais estadunidenses (65%), européias (50%) e argentinas (25%).
Condição esta que sobrecarrega sobremaneira a rede coletora (intermediária) e compromete a
rede terminal (portos).

Pode-se considerar, de modo geral, que há um relativo equilíbrio entre capacidade de guarda e
de produção: a capacidade estática atual de armazenagem no Brasil é de 90,5 milhões de
toneladas e a produção de grãos (safra 2002/03), de 122,6 milhões de t, segundo dados do

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último levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB).

A capacidade total passa para 135,8 milhões de toneladas - o que aparenta até haver ligeira
folga na 'cobertura' da produção - quando convertida para capacidade dinâmica, com base
numa rotatividade de 1,5 no período de um ano, fator universalmente utilizado, devido às
diferentes estacionalidades das safras e à não-coincidência plena da guarda das mercadorias
nas unidades armazenadoras.(GRA. 01)

Gráfico 01: Evolução da produção e da capacidade de armazenamento

Fonte:Anuário Estatístico CONAB, 2003.

Entretanto, ao desagregar a produção em grãos normalmente armazenada a granel e


armazenada ensacada e a capacidade de armazenagem por essas formas, constata-se que há
um descompasso entre a produção de grãos do primeiro tipo (107,3 milhões de t) e a
capacidade de silos e armazéns graneleiros (66,3 milhões de toneladas).

Portanto, mesmo se considerada a capacidade dinâmica (99,4 milhões de t), não se atinge a
necessidade de espaço para guarda dos produtos.

Para os grãos armazenados ensacados, de acordo com os dados do cadastro da CONAB, há


uma relativa folga entre as capacidades estática e dinâmica de, respectivamente, 24,2 milhões
de t e 36,3 milhões de t e a produção, de 15,3 milhões de t.

Assim, não tem havido um desenvolvimento harmônico nas regiões agrícolas do país, com
respeito às funções físicas da comercialização agrícola – transporte e armazenagem –, de
modo a proporcionar estabilidade de preços e redução dos custos de comercialização; maior
competitividade externa; e menores preços aos consumidores.

Ressalte-se que a formação de estoques reguladores tem sido um importante instrumento de


controle da inflação e hoje se torna estratégica para o sucesso do 'Programa Fome Zero'.

Acrescente-se que a infra-estrutura é prioridade do atual Governo. Através do programa


Parceria Público-Privado, espera-se contar com a colaboração dos agentes econômicos
particulares, por se tratar de empreendimentos que exigem grandes somas e tempo
relativamente longo de maturação. No caso de construção de silos, as obras podem ser
cronologicamente mais aceleradas, devido às suas particularidades.

Contudo, no momento, há escassez de aço, o que vem atrasando a construção de algumas


obras contratadas, segundo informações da Kepler Weber2, empresa líder do segmento de
instalações para armazenagem de grãos na América Latina.

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A maioria dos estudos realizados sobre armazenagem diz respeito à sua função física de
guarda e conservação de mercadorias, havendo pouca literatura sobre sua importância na
logística, na estabilização de preços e na formulação de políticas para o setor. Verificação feita
na Revista Brasileira de Armazenagem, editada pelo Centro Nacional de Treinamento em
Armazenagem (CENTREINAR), publicação especializada sobre o tema, e em outros veículos
de divulgação comprova a escassez de artigos técnico-científicos na área de
economia/comercialização agrícola.

A concorrência do trigo importado e das produções internas de café e açúcar pelo espaço
armazenador, de certa forma, limita o funcionamento da atividade. Este fato merece um estudo
mais aprofundado, pois na maioria das abordagens sobre o tema (armazenagem) esta questão
não tem sido considerada.

A qualidade das unidades existentes e a sua adequação (granel x sacaria) ainda deixam a
desejar, sobretudo nas regiões tradicionais, pela própria idade das instalações, dada à menor
inversão de recursos em infra–estrutura, em contraponto àquelas com incorporação recente de
novas áreas ao processo produtivo, onde predominam unidades para armazenagem a granel.

O crescimento da exploração agrícola em direção à região Centro-Norte do País exigiu e


continua a exigir maciços investimentos na rede de armazenagem e nos modos de transporte,
ao mesmo tempo, que os problemas de adequação e de localização das unidades existentes
precisam ser resolvidos.

Outra questão importante é o atendimento da necessidade de infra-estrutura adicional para


culturas em expansão (sorgo granífero e triticale), cujos produtos demandam silos (células)
específicos, bem como dos grãos geneticamente modificados, cuja produção exige igualmente
um sistema próprio de guarda.

Daí a necessidade de novas pesquisas para um posicionamento sobre a situação atual e as


perspectivas para a armazenagem frente à nova geografia do Brasil Rural.

O Instituto de Economia Agrícola (IEA) desenvolve um projeto de pesquisa que tem como
objetivo confrontar, em nível regional, os dados de produção de grãos e da capacidade de
armazenagem para se detectar os entraves e apontar medidas que possam amenizar a crise já
instalada neste segmento de prestação de serviços, que ainda não absorveu, a contento, as
mudanças que se esperava com a desregulamentação.

Espera-se que os resultados obtidos forneçam elementos para tomadas de decisão dos
agentes envolvidos no agro-negócio, com a indicação das áreas carentes ou que necessitam de
ajustes, para que agricultura de grãos seja explorada com racionalidade e mantenha-se
competitiva nos cenários nacional e internacional, podendo assim oferecer produtos de baixo
custo, garantir renda para os agricultores e gerar divisas para o país.

A produção de grãos constitui-se um dos principais segmentos do setor agrícola em todo o


mundo. Culturas como a soja, o milho, o trigo e o arroz, entre outras, representam fonte segura
de alimentação para muitos países. Somente no Brasil, toda a produção de grãos representou,
em 2001, cerca de 110 milhões de toneladas (CONAB, 2003).

Toda safra de grãos, após a colheita precisa ser direcionada a um destino, o que envolve locais
de armazenamento. Processo de suma importância, o armazenamento está diretamente ligado
à conservação e qualidade do grão. Ademais, este tem sido um dos principais problemas
enfrentados por produtores de grãos de todo o mundo, que por falta de condições propícias de
acondicionamento de sua colheita amargam grandes perdas.

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Estruturalmente, uma rede de armazenagem de grãos apresenta-se como elemento
indispensável ao incentivo da produção agrícola, sendo esta constituída de estruturas
destinadas a receber a produção de grãos, conservá-los e redistribuí-los posteriormente.
Segundo Silva (2003), as unidades armazenadoras podem ser classificadas sob três critérios:

• Entidades a que pertencem órgãos governamentais;

• Cooperativas e particulares;

• Localização (terminais, unidades coletoras, fazendas).

O agro-negócio no Brasil, de reconhecida importância estratégica para a economia, vem


registrando safras recordes. Os incontestáveis avanços de produção têm sido obtidos mediante
sucessivos acréscimos de produtividade.

Uma conjugação de fatores tem sido responsável por esses resultados, entre os quais se
incluem o esforço empreendedor do agricultor, a maior profissionalização do setor, a
incorporação de tecnologias de produção agrícola desenvolvidas pelas instituições de pesquisa,
a utilização de máquinas tecnologicamente preparadas para assegurar maior produtividade na
colheita.

Mas, se por um lado, o sucesso do agro-negócio é motivo de comemoração, por outro lado, as
limitações da logística de armazenamento são motivos de preocupação, principalmente para os
produtores envolvidos, por não disporem de espaço suficiente para armazenar sua produção.

Os investimentos em novas tecnologias agrícolas que permitiram aumentar substancialmente a


produção de grãos, nos últimos anos, não foi acompanhada pelo investimento na ampliação,
modernização e adequação das estruturas armazenadoras, levando o Brasil, a sofrer as
conseqüências da ineficiência de sua rede, pagando com elevadas perdas na cadeia agro -
alimentar, fato inconcebível para uma nação, cujo povo convive com graves problemas de
nutrição.

Diversos são os fatores que dão origem a essas perdas, destacando-se como principais, a
ineficiência no processo de colheita e na logística de transporte e a inadequada estrutura
armazenadora, em termos quantitativos e qualitativos.

A carência de unidades armazenadoras tem obrigado ao produtor a fazer uso de instalações


inadequadas em termos de ventilação, iluminação, impermeabilização e movimentação, sem
controle ao ataque de insetos, roedores e fungos, provocando perdas físicas e comprometendo
a qualidade dos grãos armazenados.

Uma das razões dessa defasagem, sem dúvida, tem sido a falta de recursos financeiros
adequados ao perfil do setor, em termos de taxas e prazos, para investimentos na ampliação e
modernização da rede armazenadora, uma vez que o último grande investimento do governo,
na atividade, foi efetuado ao abrigo do

Programa Nacional de Armazenagem – Pronazem, na década de 70. Outra razão é a


ineficiência, ainda vigente, no sistema armazenador, que gera dificuldades para eliminar, ou
pelo menos, para reduzir as perdas ocorridas durante o processo de armazenagem . Apesar
dos vários dispositivos legais que regulamentam a atividade, não existe uma uniformidade de
procedimentos e parâmetros técnicos que devam ser seguidos e possam ser criteriosamente
cobrados dos armazenadores.

Com o objetivo de modernizar o setor e dar maior credibilidade, eficiência e transparência nas
atividades de guarda e conservação de produtos agropecuários, o governo federal, criou a Lei

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nº. 9.973, que dispõe sobre o Sistema de Armazenamento dos Produtos Agropecuários. A nova
lei institui, entre outros, a obrigatoriedade de certificação de qualidade, para as pessoas
jurídicas que prestam serviços remunerados de guarda e conservação de produtos de terceiros.

O sistema de certificação, por sua vez, estabelece os requisitos técnicos mínimos e as


condições operacionais adequadas que as unidades armazenadores devem seguir, para
atuarem com competência técnica e dentro de padrões de qualidade e de legalidade. A não
obediência a tais critérios poderá resultar na aplicação de penalidades cabíveis, como
suspensão e até exclusão do Sistema.

O milho, juntamente com a soja e produzidos no mundo. No Brasil, tem sido, historicamente,
líder de produção, só perdendo essa posição nos últimos tempos para a soja, por razões
ligadas às características de produção e, sobretudo, de mercado.

2 CONDIÇÕES ESTRUTURAIS DAS INSTALAÇÕES

O Brasil está aumentado sua produção de grãos a cada ano, esperando cerca de 130 milhões
de toneladas para esta próxima safra. É óbvio que a capacidade de armazenagem do país
deverá atender a este aumento de produção e mais ainda, com a qualidade que o mercado
exige.

As pragas são os principais contaminantes dos grãos durante a armazenagem e comprometem


a comercialização, pois é exigido que os grãos a serem comercializados, tanto no mercado
interno quanto externo, estejam isentos de pragas. Este padrão é internacional e o país ou o
armazenador que não atender a isto não terá mais acesso ao mercado e arcará com prejuízos
financeiros.

A capacidade estática de armazenagem no Brasil está em torno de 94 milhões de toneladas


(Conab, 2005), muito aquém da real necessidade para a atual produção anual de grãos, que
seria no mínimo de 1,5 vezes este valor. Mais grave que isto é a não existência de armazéns ou
silos vedados, condição essencial para fazer um expurgo de qualidade, que garanta o controle
de 100% das pragas.

O expurgo dos grãos é uma necessidade que nenhum país no mundo pode negligenciar e que
deve ser feito de forma correta e eficiente. Pela eficácia e praticabilidade de uso, a fosfina é o
único fumigante usado para controle das pragas de produtos armazenados no Brasil e o
principal na maioria dos países do mundo. Com isso, o problema de resistência das pragas à
fosfina vem crescendo ano após ano nos países onde está sendo usada, que também é o caso
do Brasil.

A resistência é uma mudança genética na praga que a faz suportar doses de fosfina cada vez
mais elevadas. Contudo, esta praga ainda pode ser controlada com um expurgo eficiente nos
armazéns e silos.

No Brasil, existe um grande número de armazéns chamados convencionais, para armazenagem


a granel. Este tipo de instalação tem fundo plano (o que dificulta a descarga), equipamentos de
transporte vertical e horizontal do grão (esteiras e tiras).

São confeccionados em cimento (tijolos) com vigas de concreto, o que dificulta a limpeza.

Possuem um só compartimento, em que os produtos são colocados em blocos individualizados,


segundo sua origem e características. O ideal seria uma maior automação dos silos e demais
equipamentos utilizados nas etapas da armazenagem de grãos (limpeza, classificação,
acondicionamento, climatização, controle sanitário, etc.).(FIG. 01)

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Figura 01: Armazém hermético australiano
Fonte: <http:www.agricultura.gov.br.>

2.1 Tipos de estruturas para armazenamento

Os tipos de edificação conforme sua destinação podem ser:

• Convencional : são aquelas edificações que se destinam à armazenagem de produtos


acondicionados em embalagens, como, por exemplo, sacarias;

• A granel : são aquelas que dispensam o uso de embalagens caracterizando-se por


estruturas em silos metálicos, silos em concreto ou armazéns graneleiros.

Em termos de cadeia, o processo de armazenagem contempla uma série de etapas, dado que o
acondicionamento do grão não pode ser feito de forma direta, colheita-armazenagem, pois
necessita ser preparado visando obter o aproveitamento total diminuindo possíveis perdas.(FIG
02.)

Figura 02: Tipos de estruturas para armazenamento a granel


Fonte: <http:www.agricultura.gov.br.>

2.2 Etapas que antecedem o armazenamento de grãos:

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• Pré-limpeza : retirada de impurezas existentes na massa de grãos;

• Secagem convencional : os grãos são submetidos a correntes de ar aquecido por geradores


de calor (fornalhas), a partir dos mais diversos tipos de secadores mecânicos;

• Transporte e descarga : após as etapas de preparação, o produto é transferido para o


interior do armazém por meio de correias transportadoras onde a descarga é processada.

3 ASPECTOS DE CONTROLE DAS CONDIÇÕES PARA O ARMAZENAMENTO ADEQUADO


E CONSERVAÇÃO DE GRÃOS :

• Aeração : movimento forçado de ar através da massa de grãos, diminuindo e uniformizando


a temperatura, propiciando condições favoráveis para conservação da qualidade durante o
tempo de armazenamento. Impede a migração de umidade e a formação de bolsas de calor;

• Transilagem :movimento da massa de grãos para uniformização e diminuição da


temperatura;

• Termometria : conjunto de sensores distribuídos simetricamente no interior de um silo ou


graneleiro, objetivando a medição periódica de temperatura da massa de grãos;

• Tratamento fitossanitário : busca prevenir o aparecimento de insetos e eliminá-los quando


constatados;

• Higienização do armazém : evita a formação de focos de infestação de insetos e roedores.

Em geral, as unidades armazenadoras são edificações dotadas de condições para coletar, pré-
processar e preservar, quantitativa e qualitativamente, os grãos, utilizando-se de tecnologias
específicas para o desenvolvimento de cada etapa e processo. Além dos silos, as unidades
contemplam:

• Secadores de grãos;

• Equipamentos para moagem;

• Transportadores e elevadores;

• Ventiladores;

• Controladores de peso;

• Classificadores de cereais;

• Sistemas de controle de armazenagem;

• Coletores de amostras;

• Equipamentos para movimentação de cargas;

• Sensores de nível para silos;

• Máquinas para empacotamento de cereais.

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4 MODELOS DE MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS UTILIZADOS NO PROCESSAMENTO DE
GRÃOS

A máquina limpadora, abaixo indicada, elimina as impurezas grossas e finas dos grãos que vêm
da lavoura, secando apenas o grão, dessa forma, tornando o mesmo limpo, com isso, tendo um
menor risco de estragar, quando armazenado, garantindo assim a qualidade dos grãos. (FIG.
03 e 04).

Figura 03: Modelo de máquinas e equipamentos para processamento de grãos.


Fonte: Revista Higiene Alimentar,ed. 2002

Figura 04: Modelo de máquinas e equipamentos para processamento de grãos.


Fonte: Revista Higiene Alimentar,ed. 2002

5 TÉCNICAS PARA O ARMAZENAMENTO

As técnicas de armazenamento por classificação do setor e por elementos institucionais são as


mais utilizadas.

5.1 Classificações do setor

Para o segmento de Silos e Armazenagem de Grãos, a classificação de atividades com base na


Classificação Nacional de Atividade Econômica - CNAE está relacionada de forma agregada a
outros setores, como o de máquinas e equipamentos.

Em termos de produtos, a Nomenclatura Comum do Mercosul - NCM apresenta classificação


específica para o setor, relacionando algumas das principais tecnologias utilizadas em etapas
da armazenagem de grãos, tais como:

• Silos metálicos para cereais;

• Secadores para produtos agrícolas; básculas de pesagem contínua em transportadores;

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• Aparelhos elevadores e transportadores de mercadorias de tira e correia;

• Partes de máquinas;

• Aparelhos de limpeza e seleção de grãos.

5.2 Elementos institucionais

As exigências cada vez maiores do mercado e dos consumidores estão forçando a


modernização das unidades armazenadoras. A busca de excelência na qualidade emprega
fatores que há pouco não eram considerados prioritários, tais como:

• Aspectos do meio ambiente e instalações;

• Tendência zero dos defeitos e resíduos contidos nos grãos;

• Preservação de identidade dos produtos.

Estes pressionam a gerência de unidades armazenadoras e constituem aspectos relacionados


à questão da rastreabilidade. Problemas e dificuldades no decorrer do processo de
armazenamento de grãos implicam significativas perdas da produção.

O processo de rastreabilidade tem buscado uma adequação nas características envoltas na


armazenagem de grãos. As características de maior interesse em rastreabilidade, em termos do
armazenamento, para os países compradores de grãos e seus subprodutos:

• Descarga de modo indevido do produto no armazém;

• Massa de grãos não homogeneizada em termos de impurezas;

• Massa de grãos não homogeneizada em termos de umidade;

• Aparecimento de bolsas de calor;

• Infestação de fungos e bactérias;

• Danos mecânicos;

• Grãos quebrados e trincados;

• Secagem de grãos;

• Aeração.

No Brasil, a participação de silos nas propriedades agrícolas é considerada baixa, o que


ocasiona custos de transporte até os terminais. Segundo notas do Ministério da Agricultura
(2003), um dos principais problemas na estrutura de armazenagem de grãos no Brasil está
diretamente ligado à falta de silos nas propriedades rurais.

Em termos de comparação, nos Estados Unidos, dada à importância atribuída à armazenagem


dos grãos, é muito difícil encontrar fazendas sem grandes silos em perfeito estado. As fazendas
norte-americanas são responsáveis por aproximados 60% do armazenamento primário dos
grãos.

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Em geral, os países importadores de grãos, como Japão, China, países do Oriente Médio,
recebem o produto em uma etapa seguinte do processo de beneficiando e armazenagem, o que
dispensa o uso de determinadas tecnologias necessárias tanto para o recebimento quanto para
o tratamento do produto. Deste modo, a atuação da indústria de máquinas e equipamentos para
o setor possui um mercado muito mais dinâmico nos países produtores agrícolas.

Uma outra área a ser destacada é a comercialização de partes de máquinas e aparelhos para
limpeza de grãos, onde as exportações mostraram-se pouco expressivas diante das
importações. Em sua grande maioria, a procedência das partes de máquinas e aparelhos para
limpeza de grãos são da União Européia (47%), Estados Unidos e Canadá (33%), Mercosul,
basicamente Argentina (6%), entre outros.

Os equipamentos de precisão e tecnologias de automação não são produzidos por empresas


instaladas no país. Os demandantes desse tipo específico de tecnologia, entre outros, são as
empresas produtoras de unidades de armazenamento (silos e armazéns) que vendem e
instalam unidades completas de armazenamento.

6 TERMINAIS PARA EXPORTAÇÃO DE GRÃOS

No Brasil o Estado do Maranhão se prepara para se tornar referência no armazenamento e


escoamento de grãos, com a ampliação da capacidade atual do Porto do Itaqui com a
implantação do Terminal de Grãos, com isso garantir infra-estrutura de armazenamento e
escoamento da produção de grãos, principalmente soja, aos produtores do Maranhão, Piauí,
Tocantins, Mato Grosso e sul do Pará.

Para atender a uma grande demanda existente para o escoamento de grãos que só tende a
aumentar nos próximos anos. Além de silos para armazenagem dos grãos, o terminal terá ainda
sistema de correia transportadora e carregador de navio com capacidade para movimentar 4 mil
toneladas/hora.

O terminal movimentará até 2 milhões de toneladas de grãos por ano e terá dois silos verticais
com capacidade para armazenar 45 mil toneladas de grãos cada um, totalizando 90 mil
toneladas.

Num segundo momento, o Terminal garantirá mais dois silos para armazenar 120 mil toneladas
de grãos, movimentando 7 milhões de toneladas de grãos e quando tiver totalmente estiver
totalmente implantado movimentará 15 milhões de toneladas de grãos/ano, ofertando mais três
silos com capacidade total para armazenar 390 mil toneladas.

Nesta fase final, o sistema de transporte ferroviário estará operando com duas linhas paralelas
nos aconradouros 102 e 103 do Porto do Itaqui, facilitando ainda mais o acesso dos grãos aos
navios.(FIG. 05)

Figura 05: Terminais para exportações de grãos


Fonte: <http:www.agricultura.gov.br>

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A qualidade do armazenamento dos grãos é uma preocupação constante no Brasil, visto que é
um requisito para o aumento das exportações. É preciso dar atenção especial às questões
ligadas à segurança e qualidade dos terminais existentes e implantação de novos terminais já
adequados aos padrões internacionais.

As questões ligadas à segurança e rastreabilidade tornam-se requisitos importantes para o


ganho de competitividade do setor, envolvendo diretamente os setores produtores e
fornecedores de insumos. Condições adequadas de armazenamento envolvem a condução de
programas de financiamento para a instalação de silos nas próprias unidades produtoras de
grãos, evitando perdas e assegurando qualidade.
Modelo de um terminal marítimo, uma estrutura moderna de armazenagem de grãos para
exportação (FIG. 6) .

Figura 06: Terminal marítimo.


Fonte: www.agricultura.gov.br

7 CARACTERIZAÇÃO DOS GRÃOS

Como exemplos de características dos grãos são citadas: teor de umidade, umidade de
equilíbrio, porosidade, massa específica, peso hectolítrico, ângulo de repouso, coeficiente de
fricção, velocidade terminal, esfericidade, área superficial, calor latente de vaporização e calor
específico.

Diversos processos de engenharia são executados para a armazenagem e o beneficiamento de


grãos, que devido as característica destes, são de fundamental importância o conhecimento
como:

• Físicas são associadas a elaborações de projetos de máquinas e estruturas e a análises de


características de produtos submetidos a um determinado processo;

• Mecânicas estudam efeitos da compressão, impacto e cisalhamento sobre os materiais, o


que é aplicável aos processos de moagem e na adoção de medidas para evitar o danos
mecânicos a grãos e sementes;

• Térmicas definem parâmetros associados às trocas de calor e massa em processos como:


aquecimento, congelamento, refrigeração e secagem;

• Elétricas especificam características dos produtos agrícolas como: condutividade elétrica,


capacitância, propriedade dielétrica e reações ao eletromagnetismo e a radiação, sendo
estas utilizadas no desenvolvimento de equipamentos de medição e seleção;

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• Ópticas estudam a tramitância e reflectância para diferentes comprimentos de ondas, o que
tem sido aplicado no desenvolvimento de selecionadores eletrônicos e equipamentos de
tratamento térmico.

7.1 Qualidade dos grãos armazenados

Os cereais constituem a maior fonte de alimentos, tanto para os seres humanos como para os
animais. Aproximadamente 90% dos grãos produzidos para o consumo provêm dos cereais,
predominando o trigo, o milho e o arroz, que representam à base da alimentação de
praticamente todos os povos.

Atualmente, a busca pela qualidade dos grãos e subprodutos é prioridade para produtores,
processadores e, finalmente, para os distribuidores desses produtos.

Segundo Brooker et al. (1992), são muitos os fatores que contribuem para a perda de qualidade
e quantidade dos alimentos e, dentre eles, destacam-se: características da espécie e da
variedade, condições ambientais durante o seu desenvolvimento, época e procedimento de
colheita, método de secagem e práticas de armazenagem.

Para avaliar a qualidade dos grãos, Bakker-Arkema (1993) considera diversas propriedades,
tais como: teor de umidade, massa específica, percentual de grãos quebrados, teor de
impurezas e matéria estranha, danos causados pela temperatura de secagem, susceptibilidade
à quebra, características de moagem, conteúdo de proteína e óleo, valor para consumo animal,
viabilidade como semente, presença de insetos e fungos, tipo de grão e ano da produção.

No entanto, as propriedades qualitativas desejáveis dependem, especificamente, das


necessidades do comprador.

O aprimoramento dos padrões de classificação e o fator de qualidade são atualmente um dos


assuntos mais discutidos em todo o mundo, com base nas necessidades dos usuários finais
dos grãos. Por exemplo, o Canadá e a Austrália são muito rigorosos quanto ao grau de
infestação por insetos no período de armazenamento (Storey, 1988).

Na classificação norte-americana, o número de insetos não afeta diretamente a


comercialização, mas se dois ou mais insetos primários forem encontrados em um quilograma
de grãos, a designação "infestado" aparece no laudo, podendo ser retirada depois de uma
fumigação (Hagstrum e Flinn, 1992).

Já os processadores de grãos norte-americanos impõem como principal limite na


comercialização de grãos à presença de insetos. Além dos insetos, fungos e micotoxinas,
resíduos de pesticidas e índice de trincas são, em geral, atributos para as indústrias de
alimentos.

No Brasil, algumas indústrias admitem até 3% de grãos carunchados ou com insetos; outras, no
entanto, exigem a classificação "isento" como padrão de qualidade.

Verifica-se, portanto, a importância que as pragas de armazenamento passaram a ter na


avaliação da qualidade dos grãos.

8 PERIGOS NO ARMAZENAMENTO DE GRÃOS

Os danos causados por roedores em unidades de armazenagem de grãos, tem sido um


problema devido ao volume de produtos, que estes podem consumir, danificar e contaminar.

Estudos revelam que em média um roedor consome 25g de alimentos por dia, o que gera sérios

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prejuízos financeiro ao proprietário dos grãos armazenado, além disso alguns roedores
danificam de 5 a 10 vezes mais o que eles consomem, e, o mais grave que é a contaminação
dos produtos por meio dos pelos, fezes, urina e mordidas, podendo transmitir uma série de
doenças, dentre elas a leptospirose.

Outro fator, são os danos estruturais causados pelos roedores, como por exemplo os
provocados aos cabos elétricos. O que pode causar curtos-circuitos ou ser fonte de ignição em
processos de explosões.

Deste modo, demonstra-se que empreendimentos agro-industriais necessitam implementar


programas de controle de roedores. E estes se fundamentam na adoção das seguintes
medidas: (a) implantação de barreiras físicas, (b) adoção de métodos para saneamento de
ambientes, e (c) redução do número de indivíduos de uma população.

8.1 Fungos e micotoxinas

Fungos, também denominados mofos ou bolores, são microrganismos multicelulares e


filamentosos, que ao infestarem os grãos podem produzir substâncias tóxicas tais como
micotoxinas. E estas ao serem ingeridas, inaladas ou absorvidas pela pele podem causar:
estado de letargia, perda de peso, intoxicações, câncer e óbito em homens e animais.

Os grãos podem ser infestados durante o cultivo ou no período pós-collheita. Desta forma, os
fungos são classificados em Fungos do Campo e Fungos do armazenamento.

Os fungos do campo contaminam os grãos durante o cultivo por estes requererem ambientes
com umidade relativa superior a 80%. Enquanto fungos do armazenamento demandam menor
quantidade de água, desta forma, estes proliferam em maior intensidade na massa de grãos no
período pós-colheita.

Materiais biológicos, como grãos, sementes e alimentos, possuem a característica de serem


higroscópios, pois, entre estes e o ar são estabelecidos trocas de água, principalmente na
forma de vapor.

Deste modo, sobre as superfícies dos produtos são estabelecidos micro climas, que têm suas
situações de estado influenciadas principalmente pelo teor de umidade dos produtos.

Neste micro clima a quantidade de água disponível é expressa pelo fator atividade aquosa (aa),
que varia de 0 a 1. Define-se este fator como sendo a razão entre os valores da pressão de
vapor de água atual no micro clima e a pressão de vapor na superfície de uma porção de água
pura, que representa a pressão de vapor para condição do ar saturado.

Deste modo, o teor de umidade define os valores da pressão de vapor e do fator aa sobre a
superfície do produto.

Sendo assim, no espaço formado entre os grãos, denominado como espaço intergranular,
durante o período de armazenagem é estabelecido um ambiente, que tem suas condições de
estado afetadas principalmente pelo teor de umidade da massa grãos. O que pode favorecer ou
não o desenvolvimento de microrganismo. Fato que irá depender do fator aa (armazenagem x
ambiente) .

As bactérias desenvolvem em produtos cuja atividade aquosa é superior a 0,90, enquanto para
fungos os valores variam de 0,65 a 0,90, faixa que os grãos podem possuir teor de umidade de
14 a 22%. Por isto, na conservação de grãos é empregado o processo de secagem. Este visa
reduzir o teor de umidade dos produtos a níveis que a atividade aquosa não propicie a
proliferação de fungos.

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Em situações de equilíbrio higroscópio a umidade relativa do ar intergranular corresponde a 100
vezes ao valor da atividade aquosa. Para esta situação a umidade relativa do ar é denominada
como umidade relativa de equilíbrio e a umidade do grãos umidade de equilíbrio.

Além da produção de toxinas outros danos causados pela ação dos fungos em grãos são a: (a)
redução do potencial de geminação, (b) descoloração, (c) geração de focos de aquecimento e
de migração de umidade na massa de grãos, (d) aceleração das trocas químicas e (e) redução
da quantidade de matéria seca.

8.2 Pragas

São muitas as espécies de pragas que se encontram em produtos armazenados e seus


subprodutos. Dentre elas, destacam-se os insetos como um dos mais importantes agentes
responsáveis pelas perdas no período pós-colheita. A maioria das espécies são cosmopolitas,
embora tenham sido disseminadas em todo o mundo, em razão, principalmente, dos
intercâmbios comerciais.

Os insetos que desenvolvem em produtos armazenados apresentam características de acordo


com o ambiente que se encontram os grãos e subprodutos. São pequenos, adaptados a viver
em ambientes muito secos e escuros, onde outros organismos não sobreviveriam.

Quanto aos seus hábitos alimentares, os insetos podem ser classificados em primários,
secundários e associados. Os primários são capazes de romper o grão para atingir o
endosperma; os secundários não são capazes de romper o grão e, geralmente, vivem
associados aos insetos primários, pois, uma vez rompida a parte externa do grão, são capazes
de se desenvolver; enquanto os insetos associados são freqüentemente encontrados nos
grãos, porém, sem danificá-los; alimentam-se de detritos e fungos, podendo, no entanto, alterar
a qualidade do produto final.

Os principais insetos de grãos e subprodutos armazenados pertencem à ordem Coleoptera,


pequenos gorgulhos, e à ordem Lepidoptera, mariposas ou traças.

Os gorgulhos, também conhecidos como carunchos, são muito resistentes, o que lhes permitem
o movimento pelos reduzidos espaços entre os grãos, inclusive nas grandes profundidades dos
silos e graneleiros, onde os espaços são muito comprimidos.

As mariposas são frágeis e, em geral, permanecem na superfície da massa de grãos, causando


assim menos prejuízos que os gorgulhos. Psocoptera. alimentam-se de uma grande variedade
de matéria orgânica e são considerados pragas pela sua presença e não pelos danos que
causam.

9 O PRINCÍPIO BÁSICO DO ARMAZENAMENTO

Para produtos alimentícios: Cuide de efetuar uma rotação do produto de acordo ao principio "o
primeiro que entrou - sai primeiro" para evitar que o produto fique armazenado demasiado
tempo!

Para sementes:

• Retire lotes que tenham uma quota de capacidade de germinação abaixo da prescrita e
utilize os mesmos para outro fim;

• Se a faculdade de germinação é conforme a norma prescrita, entregue primeiro o lote com a


menor faculdade de germinação. Quanto mais alta for a faculdade de germinação de um

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lote, mais tempo pode ser armazenado como semente;

• Elimine imediatamente todos os restos de tratamento (restos da limpeza das sementes)! Se


estes restos devem ficar provisoriamente no armazém, devem ser tratados como os outros
produtos armazenados. Caso contrário, eles podem significar um foco constante de
infestação;

• Empilhe os sacos vazios sobre paletas a uma distancia de 1 m da parede. Fumigue os


sacos vazios depois da sua utilização;

• Empilhe devidamente as paletas não utilizadas e trate as mesmas com inseticida de


contacto antes e depois de cada utilização.

9.1 PEPS - O PRIMEIRO PRODUTO QUE ENTRA É O PRIMEIRO A SAIR

Os grãos quando ensacados devem ser armazenados afastados da parede, de preferência a 50


cm, facilitando dessa forma a circulação, bem como a ventilação e não armazenar os grãos em
contato direto com o piso – para esse procedimento, recomenda-se a utilização de pallets ou
estrados.(FIG. 07)

Figura 07: Grãos ensacados


Fonte: Revista Higiene Alimentar,ed. 2002

10 MÉTODOS DE CONSERVAÇÃO

A massa de grãos armazenada constitui em um eco-sistema em que estão presentes elementos


abióticos e bióticos.

A massa de grãos armazenada constitui em um eco-sistema em que estão presentes elementos


abióticos e bióticos. Os abióticos, sem vida, são as impurezas e o volume de ar. Estes
encontram distribuídos entre os grãos no espaço denominado intragranular. Os elementos
bióticos são organismos vivos, tais como: (a) massa de grãos; (b) insetos, (c) ácaros; e (d)
microrganismos: fungos, bactérias.

As técnicas de conservação de grãos fundamentam na manipulação fatores intrínsecos e


extrínsecos à massa de grãos. Desta forma são preservadas qualidades físicas, fisiológicas e
nutricionais dos produtos, e conseqüentemente, a quantidade de matéria seca.

Os fatores intrínsecos referem as propriedades dos grãos, por exemplo: teor de umidade,

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composição química e resistência da estrutura de proteção a: (i) perfurações causadas por
insetos, e (it) choques térmicos e ou mecânicos.

Os fatores extrínsecos referem ao ambiente em que a massa de grãos está armazenada. Os


mais relevantes são: (a) umidade relativa do ar, (b) temperatura ambiente, e (c) composição
química do ar circunvizinho.

Genericamente, os grãos são compostos de água e matéria seca. Esta última fração tem por
composição nutrientes, como: carboidratos, lipídeos, proteínas, vitaminas e sais minerais. Estes
nutrientes apresentam como substratos essenciais ao desenvolvimento de diversos organismos
vivos, como: o homem e as pragas do armazenamento: insetos, fungos, roedores e pássaros.

Diante deste cenário são estabelecidas concorrências pela busca do alimento grãos. E para ter
sucesso o homem lança mão de diferentes técnicas de conservação.

Abaixo são descritas detalhes sobre as técnicas de secagem, refrigeração, atmosfera


modificada e emprego de agentes químicas.

10.1 Secagem de grãos

A técnica de secagem é aplicada para diminuir o teor de umidade de produtos agrícolas.

Conseqüentemente, é reduzida a disponibilidade de água para: (i) o desenvolvimento de fungos


e bactérias; (ii) a realização do processo de respiração dos grãos, o que provoca perda de peso
e gera calor; e (iii) a execução de reações bioquímicas no produto que promovem sua auto-
degeneração.

Para as condições brasileiras, o teor de umidade ideal para a armazenagem de grãos e


sementes é '13%. Para esta situação o nível de atividade aquosa do produto (Ag) inviabiliza,
principalmente, o desenvolvimento de fungos e bactérias.

Atividade aquosa (Aã) é um índice empregado para expressar a disponibilidade de água na


camada delgada de ar sobre a superfície dos grãos. Este índice varia de O a 1.
Quanto maior o teor de umidade do produto, maior é o índice de atividade aquosa.

As bactérias para multiplicarem, normalmente, requerem valores de atividade


aquosas superior a 0,90. Enquanto que os fungos do armazenamento necessitam de
valores entre 0,65 a 0,90. Nestes casos, o teor de umidade da massa de grãos pode variar
de 14a 28%.

Figura 08: Feijão para a secagem.


Fonte: Caderno Tecnológico, CENTEC,2004

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10.2 Resfriamento da massa de grãos

O resfriamento é um método empregado para preservar a qualidade do produto e


inviabilizar o desenvolvimento de fungos e insetos.

Sob condições de temperaturas acima de 25°C e teor de umidade acima de 16%


ocorre o rápido desenvolvimento de fungos e insetos. Os danos causados pêlos fungos
são observados em questão de dias. Enquanto que os causados por insetos são
percebidos somente após um mês. A diferença de tempo é função do ciclo de vida destes
agentes.

Ao secar produtos agrícolas a teores de umidade abaixo de 14%, geralmente, é


bloqueado o desenvolvimento de fungos. Pois, a umidade relativa do ar intragranular é
estabilizada em valores inferior a 60%. Isto faz estabelecer níveis de atividade aquosa
menores que 0,60. Para esta situação é inviabilizado o desenvolvimento de fungos e
bactérias.

No entanto, os insetos podem proliferar. Para impedir isto, é empregada a


técnica de resfriamento que consiste em reduzir a temperatura da massa de grãos a
valores abaixo de 17°C.

No mercado brasileiro existem empresas que comercializam e locam os geradores


de frio montados sob rodas, Figura 2. Estes permitem fácil acoplagem aos sistemas de
aeração de silos e graneleiros.

De modo geral, segundo recomendações de pesquisadores, no emprego da técnica


de resfriamento devem ser ponderados os seguintes pontos:

• A massa de grãos deve estar devidamente limpa. A remoção das impurezas facilita a
passagem do fluxo de ar resfriado pela massa de grãos o que fisicamente melhora a troca
de calor. Além disto, é tido o benefício de ser eliminados substratos para o desenvolvimento
de fungos, insetos e ácaros.

• Os grãos com teor de umidade entre 12,5 a 14% podem ser resfriados para desacelerar o
desenvolvimento de insetos e preservar a qualidade do produto. Neste caso,o sistema de
aeração deve possibilitar a aplicação de no mínimo 2 litros de ar/segundo/tonelada cte
produto (0,12 m3 de ar/min/tonelada de produto).

Conclusão

A definição quanto ao uso do melhor método depende de diversos fatores, dentre eles, do nível
de instrução tecnológica do produtor, do seu poder aquisitivo, do volume de produção, da
velocidade de colheita e do fim a que se destinam os grãos.

Os grãos e sementes podem ser extremamente duráveis, mas são também altamente
perecíveis. Se forem colhidos em boas condições e subseqüentemente mantidos com baixos
teores de umidade e baixa temperatura, eles podem reter seu poder de germinação e outras
qualidades por longos períodos .

O objetivo de armazenamento adequada de grãos é manter a sua duração, as qualidades


biológicas, químicas e físicas que os grãos possuem, imediatamente após a colheita. A
operação de secagem é uma parte importante do processamento que antecede a
armazenagem.Grãos colhidos inadequadamente serão de qualidade baixa, não importando
como são armazenados. Dois fatores afetam de modo especial a qualidade dos grãos: alto teor

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de umidade e colheita inadequada.

Existem informações contidas de forma agregada em outros setores como o de máquinas e


equipamentos. Esse dossiê refere-se a questões técnicas para o entendimento de aspectos
econômicos e tecnológicos do setor.

Referências

BARELLA, W.D.; BRAGATTO, S. A. Otimização do Sistema de Armazenamento de Grãos:


Um estudo de caso. UNIP, São Paulo, 2002.

BRASIL. Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Secretaria de Comércio


Exterior. Sistema Aliceweb, 2003. Disponível em: <http://www.mdic.gov.br >. Acesso em : 20
jul. 2007.

BRASIL. Ministério da Agricultura e do Abastecimento e da Reforma Agrária. Unidades


Armazenadoras. Disponível em: <http://www.agricultura.gov.br>. Acesso em: 21 jul. 2007.

CADERNO Tecnológico, Instituto Centro de Ensino Tecnológico, CENTEC, ed. 2004.

CONAB. Companhia Nacional de Abastecimento. Estatísticas Armazenamento. CONAB, ed.


2005.

GUIA para elaboração do plano appcc; geral.2.ed.Brasília, SENAI/DN, 2000.301p.(Série


Qualidade e Segurança Alimentar).Projeto APPCC Indústria.Convênio CNI/SENAI/SEBRAE,
11p.

JANK, M. S. e NASSAR, A. M. Competitividade e Globalização. Economia e Gestão dos


Negócios Agroalimentares. Décio Zylbersztajn e Marcos Fava Neves organizadores. São Paulo:
Pioneira, 2003.

MANUAL de boas praticas de fabricação para indústria de alimentos. São Paulo, Sociedade
Brasileira de Ciência e Tecnologia de Alimentos.1990.27p.(publicações avulsas, n°1).

MANUAL sobre a prevenção das perdas de grãos depois da colheita . Armazenagem


centralizada. Disponível em:
<http://sleekfreak.ath.cx:81/3wdev/VLIBRARY/GTZHTML/X0065P/X0065P0A.HTM>. Acesso
em: 24 de jul. 2007.

PLANETA Orgânico. Secagem e Armazenagem de Grãos. Disponível em:


<http://www.planetaorganico.com.br/secarmgrao1.htm> . Acesso em: 24 jul. 2007.

REVISTA HIGIENE ALIMENTAR, Vol.16, ed. 2002.

SILVA, Luis César. Armazenamento de Grãos. Empresas Brasileiras. Universidade do Oeste


Paranaense. Cascavel, 2003. Disponível em: <http:www.unioeste.br/agais/emp_nacional.html> .
Acesso em: 24 jul. 2007.

SILVA, Luis César. Armazenamento de Grãos. Empresas Estrangeiras. Universidade do


Oeste Paranaense. Cascavel, 2003.Disponível em:
<http://www.unioeste.br/agais/emp_nacional.html>. Acesso em: 24 jul. 2007.

Anexos

ANEXO 01 - ESTRUTURA E INSTALAÇÕES DA PLATAFORMA DE CARGA E DESCARGA

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E ÁREAS DE APOIO EM UMA UNIDADE DE ARMAZENAMENTO DE GRÃOS

Quadro 01: Guia para armazenamento de grãos


HIGIENIZAÇÃO;
ACESSO E CIRCULAÇÃO;
PROTEÇÃO CONTRA ADVERSIDADES;
CLIMATIZAÇÃO;
MATERIAIS DE ACABAMENTO DE TETO, PAREDE E PISO;
CIRCULAÇÃO SEM OBSTÁCULOS;
ACESSO POR RAMPAS E PLATAFORMAS;
VESTIÁRIOS INDEPENDENTES PARA COLABORADORES TERCEIRIZADOS;
VESTIÁRIOS SEPARADOS POR SEXO;
INSTALAÇÕES SANITÁRIAS EM BOM ESTADO DE CONSERVAÇÃO E HIGIENE;
PRODUTOS ADEQUADOS PARA HIGIENE PESSOAL;
DUCHAS OU CHUVEIROS;
VESTIÁRIOS LIMPOS E ORGANIZADOS;
PROCEDIMENTOS DOCUMENTADOS PARA HIGIENIZAÇÃO DAS INSTALAÇÕES;
PRODUTOS ADEQUADOS PARA HIGIENIZAÇÃO DAS INSTALAÇÕES;
UTENSÍLIOS UTILIZADOS PARA HIGIENIZAÇÃO DAS INSTALAÇÕES;
FREQUENCIA DE HIGIENIZAÇÃO;
PROTEÇÃO DAS LUMINÁRIAS;
ABASTECIMENTO DE ÁGUA;
ACONDICIONAMENTO DO LIXO
LAY OUT
CAPACIDADE DE CARGA E DESCARGA;
LOGÍSTICA APLICADAS NAS ÁREAS DE CARGA E DESCARGA.
Fonte: Guia para elaboração do Plano APPCC, 2000

Nome do técnico responsável

Ivo Pessoa Neves

Nome da Instituição do SBRT responsável

Rede de Tecnologia da Bahia – RETEC/BA

Data de finalização

25 jul. 2007

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