ARTIGO ORIGINAL 1

Perfil clinico de pacientes internados em unidades

de neurologia
Clinical profile of patients hospitalized in neurology units
Francisco Mayron Morais Soares1 l Carlos Lucas Damasceno Pequeno2 l Mariana Pereira Maia2
Monaliza Ribeiro Mariano3 l Rita Neuma Dantas Cavalcante de Abreu4
Silvestre Pericles Cavalcante Sampaio Filho5 l Italo Rigoberto Cavalcante Andrade6 l Julyana Gomes Freitas7

RESUMO
Objetiva-se identificar o perfil clínico e sociodemográfico de pacientes internados em unidade de neurologia. Trata-se
de um Estudo documental, retrospectivo, com abordagem quantitativa. A pesquisa foi realizada em um Hospital Terciário,
localizado em Fortaleza, entre o período de dezembro de 2017 e março de 2018, tendo uma amostra de 184 prontuários.
Os dados foram coletados por meio um instrumento com perfil sociodemográfico e clínico e analisados por meio de um
Software estatístico. Houve predominância do sexo masculino representando 83,2%, com idade média entre 38,3, de cor
parda (77,7%) e natural do interior (60,3%) do Ceará. Os diagnósticos médicos mais encontrados foram o de traumatismo
cranioencefálico (54,8%) e trauma raquimedular (26%). Quanto ao desfecho dos pacientes, destaca-se que 88% obtiveram
alta hospitalar, sendo que 28,8% apresentaram complicações neurológicas. Com uma média de 26 dias de internação hos-
pitalar. Conclui-se o destaque da importância das tecnologias para adquirir todas as informações sobre o paciente e, assim,
a partir das suas individualidades, realizar as intervenções necessárias para o cuidado do mesmo.
Palavras-chave: Cuidados de Enfermagem; Enfermagem em Neurociência; Enfermagem de Cuidados Críticos.

ABSTRACT
The objective was to identify the clinical and sociodemographic profile of patients hospitalized in a neurology unit.This is a
retrospective, documentary study with a quantitative approach.The study was conducted in a Tertiary Hospital, located in
Fortaleza, between December 2017 and March 2018, with a sample of 184 medical records. Data were collected through
an instrument with sociodemographic and clinical profile and analyzed using statistical software.There was a predominan-
ce of males, representing 83.2%, with a mean age of 38.3, brown (77.7%) and from the countryside (60.3%) in Ceará. The
most frequent medical diagnoses were traumatic brain injury (54.8%) and spinal cord trauma (26%). Regarding the patients’
outcome, 88% were discharged from hospital, and 28.8% presented neurological complications.With an average of 26 days
of hospitalization. The conclusion of the importance of the technologies to acquire all the information about the patient
and, from their individualities, to carry out the necessary interventions for the care of the same.
Keywords: Nursing Care; Nursing in Neuroscience; Critical Care Nursing.

NOTA

1
Enfermeiro. Mestrando em Enfermagem pela Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira – UNILAB. Professor Orientador do Labo-
ratório de Tecnologia em Enfermagem. [email protected].
2
Enfermeiros pela Universidade de Fortaleza. Membro do Laboratório de Tecnologia em Enfermagem. [email protected] e marianamaia_06@
hotmail.com.
3
Enfermeira. Doutora em Enfermagem pela Universidade Federal do Ceará. Docente da graduação em enfermagem da Universidade da Integração Internacional
da Lusofonia Afro-Brasileira – UNILAB. [email protected].
4
Enfermeira. Doutora. Docente da Graduação e do Mestrado Profissional em Enfermagem da Universidade de Fortaleza. [email protected].
5
Enfermeiro. Mestrando em Enfermagem pela Universidade de Fortaleza. [email protected].
6
Enfermeiro. Mestre em Saúde Coletiva. Docente da Graduação em Enfermagem da Universidade de Fortaleza. [email protected].
7
Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Docente da Graduação e do Mestrado Profissional em Enfermagem da Universidade de Fortaleza. [email protected]
Autor correspondente: Francisco Mayron Morais Soares. Rua Raimundo de Castro, 775, Centro. 62500-000. Itapipoca/Ceará. (88) 9 9651616. mayronenfo@
gmail.com

Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons Attribution 3.0 REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME - ESPECIAL 2019; 87
 Francisco Mayron Morais Soares, Carlos Lucas Damasceno Pequeno, Mariana Pereira Maia, Monaliza Ribeiro Mariano, Rita Neuma Dantas Cavalcante de Abreu,
2 Silvestre Pericles Cavalcante Sampaio Filho, Italo Rigoberto Cavalcante Andrade, Julyana Gomes Freitas

INTRODUÇÃO A amostra utilizada é do tipo probabilístico e sistemáti-

As doenças neurológicas são aquelas que acometem o co, sendo calculada com base na fórmula para populações
cérebro, medula, nervos e músculos. Estes problemas são finitas, a qual é indicada para o cálculo da amostra para es-
multifatoriais e comprometem de forma multissistêmica o tudos transversais. (9) Com isso, obteve-se uma população
corpo humano, tendo como maior frequência o Trauma- de trezentos e cinquenta e cinco (355) prontuários, che-
tismo Crânio Encefálicos (TCE) e Acidente Vascular Cere- gando a um valor total utilizado para amostra do estudo
bral (AVC), que se apresentam como a principal causa de igual a cento e oitenta e quatro (184) prontuários a serem
morte em jovens adultos no mundo e terceira causa de coletados nas unidades de neurologia.
morte países desenvolvidos, respectivamente. (1-3) O período da coleta de dados ocorreu entre os me-
O paciente acometido por uma patologia neurológica ses de dezembro de 2017 e março de 2018. A coleta foi
exige identificação rápida e acompanhamento efetivo da realizada por meio de um instrumento construído pelos
equipe de saúde, a fim de evitar sequelas que se constituem autores, contemplando variáveis referentes ao perfil so-
na perda do controle voluntário dos movimentos muscu- ciodemográfico e clínico. O preenchimento do formulá-
lares, problemas sensoriais, incontinência, distúrbios na co- rio realizou-se através do levantamento das informações
municação e na fala, que prejudica a saúde emocional, física contidas nos prontuários utilizados pela própria institui-
e social do acometido. Tais dificuldades e/ou incapacidades ção, a qual é preenchida pelos profissionais envolvidos na
ocorrem em decorrência das diversas doenças, traumas, assistência ao cliente. Participaram do estudo pacientes
que podem acometer o sistema nervoso da vítima. (4) que atenderam aos seguintes critérios de inclusão: ter
Dentro deste contexto, o enfermeiro deve conhecer sido internado nas unidades de neurologia do referido
as alterações que podem ocorrer no doente para poder hospital, ter tido diagnóstico médico, de acordo com a
atuar corretamente, pois grande parte da assistência de Classificação Internacional de Doenças (CID-10), confir-
enfermagem baseia-se em cuidados, raciocínio clínico e mado presente no prontuário, ter tido no mínimo 12
avaliação contínua. A avaliação de enfermagem da condi- horas de internamento no local do estudo. Foram ado-
ção neurológica do paciente incorpora o monitoramento tados os seguintes critérios de exclusão: prontuário que
do nível de consciência, escala de glasgow a reação pupilar, impossibilite a coleta de dados por ter sido extraviada,
as funções motoras e a observação dos sinais vitais. (4-6) não identificada previamente com o nome do paciente
Com isso, compreender as causas e as consequências de ou que esteja ilegível, entre outros.
uma doença é primordial durante processo de saúde-doença, Os dados obtidos pelo preenchimento dos formu-
a fim de estabelecer um diagnóstico e contribuir para a ação lários foram digitados em um software estatístico. As
de medidas de prevenção, controle, assistência e educação.(7) informações obtidas foram apresentadas em tabelas e
Nesse contexto, destaca-se aos profissionais de saúde, analisadas conforme literatura pertinente, tendo como
sobretudo aos enfermeiros, a importância de qualificar o estatística descritiva as medidas de tendência central e
conhecimento prático e teórico frente aos cuidados com como analise inferencial qui quadrado e teste de normali-
pacientes neurológicos, com o intuito de ofertar assistên- dade de Kolmogorov–Smirnov (K-S), aceitando como valor
cia de qualidade.Assim, conhecer a incidência dos diagnós- de p resultado menor que 0,05 (p < 0,05). (9)
ticos em pacientes neurológicos é coerente com o perfil A pesquisa foi autorizada pelo Comitê de Ética em
de morbidade e mortalidade nacional, além de fornecer Pesquisa da Universidade de Fortaleza (UNIFOR), sob o
subsídios para a atuação do enfermeiro com maior segu- parecer nº 2.066.492. Foram respeitados todos os pre-
rança nesse campo, a fim de distinguir e prestar atendi- ceitos éticos e legais da Resolução n.º 466/12 do Conse-
mento diante às particularidades de cada paciente. lho Nacional de Saúde – CNS.
Diante de tais constatações, surgiu o seguinte ques-
tionamento: qual o perfil clínico e sociodemográfico de RESULTADOS
pacientes neurológicos? A partir do exposto, o estudo Realizou-se análise de 184 prontuários de pacientes
objetivou identificar o perfil clínico e sociodemográfico internados em unidades de neurologia. A tabela abaixo
de pacientes internados em unidade de neurologia. apresenta o perfil sociodemográfico no qual observou-
se a predominância do sexo masculino, perfazendo um
METÓDO total de 153 (83,2%). Em relação à idade, constatou-se
Estudo documental, retrospectivo, com abordagem prevalência de indivíduos com idade inferior 40 anos
quantitativa. (58,2%), cuja média resultou em 38,3 anos (±16,6). No
A pesquisa foi realizada em um Hospital Terciário, locali- que se refere à raça/cor em os pacientes se declaravam,
zado em Fortaleza, Ceará. Este é considerado o maior cen- em sua maioria, pardos, resultando assim 77,7%. Ao ava-
tro médico de urgência e emergência, tendo duas unidades liar a procedência identificou-se que 60,3% eram naturais
de internação exclusivas ao paciente neurológico. (8) do interior do estado do Ceará.

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TABELA 1 – Caracterização do perfil sociodemográfico da amostra. Fortaleza/Ce. Brasil, 2018.

Variáveis N % Valor de p IC 95% Md (±DP)
Idade
< 40 107 58,2 0,01* 35,9 – 40,7 38,3 (±16,6)
≥ 40 77 41,8 0,00**
Sexo
Masculino 153 83,2 0,00*
Feminino 31 16,8
Raça/Cor
Branca 17 9,2
0,00*
Parda 143 77,7
NHR 24 13,1
Procedência
Capital (Fortaleza – CE) 73 39,7 0,05*
Interior 111 60,3
Filhos
0 182 98,9 0,00*
1 2 1,1
Destino 0,00*
Alta Hospitalar 162 88,0
Enfermaria 8 4,3
Óbito 1 0,5
Outra Instituição 3 1,6
NHR 10 5,6
Total 184 100
Md: média; DP: desvio padrão; NHR: não há registro | *Teste de qui quadrado** Teste de normalidade K-S
Fonte: Dados da pesquisa

Quando associado ao desfecho, a procedência foi a Quanto ao sistema urinário, no que diz respeito à
única variável que não apresentou significância estatística. sondagem vesical de demora (SVD), este procedimen-
Em relação à tabela 2, quanto ao diagnóstico médico to foi registrado pelos profissionais de enfermagem em
em pacientes neurológicos admitidos nas unidades em mais da metade dos prontuários (51,1%; n=94).
estudo, os traumas de cabeça foram a principal represen- Referente à avaliação de presença de lesão por pres-
tação dos estudos e conforme a Classificação Estatística são (LPP), o estudo traz um total de apenas 27 prontuá-
Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à rios contendo registros de enfermeiros quanto o apare-
Saúde (CID-10), o traumatismo cranioencefálico (TCE) cimento dessas lesões ou não, representando 14,7% da
ou traumatismo cerebral difuso (S06.2), como mais pre- amostra total de 184. Além desses dados, foi constatado
dominante, resultando em 54,8%, seguido do trauma ra- também que dos pacientes que adquiriram LPP, em so-
quimedular (TRM) ou sequelas de traumatismo da me- mente em onze prontuários foi realizada a sua classifica-
dula espinhal (T91.3) com 26,0%. ção quanto ao estágio da lesão.
Em relação ao tempo de internação, apresenta-se que .
a maioria dos pacientes ficaram internados em um tem- DISCUSSÃO
po superior a 20 dias. Em relação à idade, os dados apresentados asseme-
A seguir na tabela 3, serão apresentados os dados lham-se a outras publicações de estudos referentes ao
subdivididos pelos sistemas do corpo humano, seguindo perfil sociodemográfico de pacientes neurológicos. Em
a anatomia cefalopodálica. consonância com os resultados apresentados, pesquisas
Foi evidenciado que 54,9% apresentaram como clas- realizadas em Fortaleza-CE acerca do perfil epidemiológi-
sificação da escala de coma de Glasgow como leve, re- co de pacientes com TCE, e em Ananindeua-PA que avalia-
ferente a 13 a 15 pontos, mas apresentando média de ram o perfil clínico-epidemiológico de pacientes atendidos
Glasgow 12,28, com desvio padrão de aproximadamente em hospital de referência em trauma, demonstraram que
a 3,9. Contudo, ainda ocorreram negligências por parte o índice de idade dos pacientes iguais ou inferiores a 40
dos profissionais de enfermagem que não registraram a anos foram de 64% e 72,8%, respectivamente. (10, 11)
mesma (21,7%) nos prontuários. Os dados evidenciados neste estudo referentes ao gê-
No que diz respeito à avaliação pupilar, outro parâ- nero sexual com predominância no sexo masculino asse-
metro utilizado para avaliação neurológica, o estudo em melham-se com outros estudos que mostram uma preva-
questão obteve uma amostra de 90 prontuários, cujos lência respectiva de 82% por Silva et al.(10), 88% por Viégas
enfermeiros realizaram registros quanto às informações et al.(11) e 76,2% por Lima et al.(12) Em pesquisa realizada
da pupila. Destes registros, houve predominância das especificamente em setor de neurologia, no ano de 2014,
pupilas isocóricas (43,5%; n= 80), condição do tamanho constatou-se que houve também o domínio da classe do
normal entre as pupilas. sexo masculino em suas coletas, resultando em 58,57%. (13)

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 Francisco Mayron Morais Soares, Carlos Lucas Damasceno Pequeno, Mariana Pereira Maia, Monaliza Ribeiro Mariano, Rita Neuma Dantas Cavalcante de Abreu,
4 Silvestre Pericles Cavalcante Sampaio Filho, Italo Rigoberto Cavalcante Andrade, Julyana Gomes Freitas

TABELA 2 – Caracterização dos Diagnósticos, sintomas tempo de internação e destino.

Fortaleza/Ce. Brasil, 2018.
Variáveis n % Valor de p Md (±DP)
Diagnóstico Médico
Traumatismo Cranioencefálico 101 54,8
Traumatismo Raquimedular 48 26,0
Outros 35 19,2
Sinais e Sintomas
Hemorragia 7 3,8
Cefaleia 13 7,1
Otorréia 9 4,9
Fraturas 29 15,8
Convulsão 14 7,6
Outras 61 33,2
NHR 51 27,6
Dias de Internação Hospitalar
<20 90 48,9 0,00* 25,4 (±19,4)
>20 94 51,1
Complicações Decorrentes do Trauma
Neurológicas 53 28,8
Infecções 23 12,5
Outras 15 8,2
NHR 93 50,5
Total 184 100
*Teste de qui quadrado
Fonte: Dados da pesquisa

TABELA 3 – Caracterização do perfil clínico. Fortaleza/Ce. Brasil, 2018.

Variáveis N % Valor de p Md (±DP)
SISTEMA NEUROLÓGICO
Escala de Coma de Glasgow
Leve 101 54,9
Moderada 19 10,3 0,00* 12,2 (±3,9)
Grave 25 13,6
NHR 39 21,2
Avaliação Pupilar
Reagentes à luz 69 37,5
Não reagentes à luz 6 3,3
NHR 109 59,2
Simetria das Pupilas
Isocórica 80 43,5
Anisocórica 10 5,4
NHR 94 51,1
Escala de Ramsay
5 9 4,9
6 24 13,0
SISTEMA CARDIOVASCULAR
Frequência Cardíaca
Normocárdico 105 59,2 0,02* 85,1 (±19,7)
Taquicárdico 23 12,5
Pressão Arterial
PA Normal 90 48,9
PA Elevada 37 20,1
Hipertensão Arterial Sistêmica 2 40 21,7
NHR 17 9,3
SISTEMA RESPIRATÓRIO
Frequência Respiratória
Eupneico 120 65,4
Taquipneico 17 9,1
Oxigenoterapia
Cateter Nasal 3 1,6
Máscara de Venturi 13 7,1
Máscara de O2 com reservatório 1 0,5
Nenhum 102 55,4
NHR 65 35,4
Via Aérea Artificial
Traqueostomizado 3 1,6

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Tubo orotraqueal 47 25,5

Ventilação Mecânica
Sim 51 28,3
Não 133 71,7
SISTEMA GASTROINTESTINAL
Sonda
Sonda Nasogástrica 31 16,8
Sonda Orogástrica 9 4,9
Sonda Nasoenteral 4 2,2
Nenhuma 96 52,2
NHR 44 23,9
SISTEMA URINÁRIO
Dispositivo Urinário
Espontânea 56 30,4
Sonda Vesical de Alívio 4 2,2
Sonda Vesical de Demora 94 51,1
NHR 30 16,3
SISTEMA TEGUMENTAR
Escala de Braden
Risco Baixo 7 3,8
Risco Moderado 9 4,9
Risco Alto 16 8,7
Lesão Por Pressão (LPP)
Sim 27 14,7
Não 34 18,5
NHR 123 66,8
Total 184 100
*Teste de qui quadrado
Fonte: Dados da pesquisa

Salienta-se que o hospital em estudo é referência em Logo, foi evidenciado que 54,9% apresentaram
atendimentos a pacientes vítimas de traumas no estado GCS classificado em leve, referente a 13-15 pontos,
do Ceará. É visto que as principais admissões em uni- mas apresentando média de Glasgow 12,28, com des-
dades que atendam a pacientes vítimas de trauma que vio padrão de aproximadamente a 3,9. Contudo, ain-
necessitem de atendimentos neurológicos, são em sua da ocorreram negligências por parte dos profissionais
maioria do sexo masculino e de faixa etária jovem adulta, de enfermagem que não registraram o GCS (21,7%)
condizendo um fator de risco para acidentes do tipo au- nos prontuários. Constatou-se ao estudo de Gomes
tomobilístico, agressão física (violência doméstica, perfu- et al.(17) que 58,1% das fichas de atendimento de enfer-
ração por arma de fogo e/ou branca), consumo excessivo magem de 1.960 ocorrências assistidas pelo Serviço
de álcool e outras drogas. (14, 15) de Atendimento Móvel de Urgência do Rio Grande
Dados referentes ao estado civil, nível de escolarida- do Norte (SAMU 192 RN), representavam GCS leve,
de, situação ocupacional e renda mensal não se apresen- além do mais, o mesmo autor, informou que em 39%
tavam registrados nos prontuários do respectivo Hospi- dessas fichas o profissional de enfermagem não reali-
tal, fato esse que em consonância com inúmeros dados zou registro dos dados.
que não apresentam registros, subnotificam possíveis al- No que diz respeito à avaliação pupilar, outro parâ-
terações, tornando-o muitas vezes até difícil à associação metro utilizado para avaliação neurológica, o estudo em
dos mesmos. questão obteve uma amostra de noventa (90) prontu-
É importante salientar que as notificações refe- ários, cujos enfermeiros realizaram registros quanto às
rentes às informações dos pacientes, mesmo algumas informações da pupila. Destes registros, houve predo-
sendo dados secundários para o tratamento, facilita- minância das pupilas isocóricas (43,5%; n= 80), condição
rão ao reconhecimento do mesmo pela equipe pro- do tamanho normal entre as pupilas. Ratifica-se a esse
fissional, auxiliando, por fim, cuidados perante as par- resultado um estudo realizado a partir de uma amostra
ticularidades de cada um. Além de trazer respaldo e com 113 pacientes, 87 (77%) apresentaram pupilas iso-
resultados positivos para melhora do quadro clínico córicas, enquanto apenas 16 (14,2%) tiveram as pupilas
do paciente. (16) anisocóricas. (18)
A escala de coma de Glasgow, em inglês Glasgow Coma Em relação à utilização de via aérea artificial e a
Scale (GCS), é um dos parâmetros utilizados para realizar escala de sedação de Ramsay, a partir do exposto
a avaliação neurológica dos pacientes, no momento da por Barboza, Silva(19), que avaliou o perfil de pacien-
sua admissão e durante todo o período de internação tes internados em unidades de neurologia, os índi-
hospitalar. (10, 17) ces apresentados no estudo foram corroborativos,

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6 Silvestre Pericles Cavalcante Sampaio Filho, Italo Rigoberto Cavalcante Andrade, Julyana Gomes Freitas

entretanto, salienta-se a necessidade de estudos que CONCLUSÃO

abordem essas características, pois a literatura en- Frente aos achados do estudo, no perfil sociodemográ-
contra-se escassa. fico e clínico, observou-se que os tipos de diagnósticos que
Quanto ao sistema urinário, no que diz respeito sobre mais prevalecem aos pacientes neurológicos  foi o Trauma-
a sondagem vesical de demora (SVD), este procedimento tismo Cranioencefálico (TCE), sendo o mais prevalente na
foi registrado pelos profissionais de enfermagem em mais amostra, com predominância do sexo masculino, com mé-
da metade dos prontuários (51,1%; n=94), evidenciando a dia de idade igual a 38,3 anos, oriundos do interior do Ce-
predominância também do uso desse dispositivo em ou- ará. Observou-se ainda que no desfecho final houve uma
tras publicações de estudos. Assim, constatou através de prevalência de alta hospitalar ou enfermaria, demonstrando
Watanabe et al.(20) e Monagran et al.(21) que a relação de um excelente cuidado prestado a esses pacientes.
pacientes com cateterização vesical de demora resultou Durante a execução desse estudo, foram identifica-
em 50,2% e 47,0%, respectivamente. das algumas limitações que serão expostas a seguir: a
Sobre o sistema tegumentar, observamos um baixo ocorrência da ausência de tópicos específicos para os
índice de registros por parte da equipe de enfermagem estudos; a subnotificação de várias variáveis; a dificuldade
nas unidades de neurologia do referido hospital, sobre- de acesso aos prontuários, que por não serem ainda in-
tudo quanto à utilização da Escala de Braden (EB). Essa formatizados, geraram bastante trabalho na coleta.
escala é um parâmetro utilizado para avaliar o risco de o Nesse contexto, destaca-se a importância das tecno-
paciente desenvolver lesão por pressão (LPP), auxiliando logias para adquirir todas as informações sobre o pacien-
o enfermeiro quando em processo de decisão de medi- te e, assim, a partir das suas individualidades, realizar as
das preventivas a serem feitas de acordo com a necessi- intervenções necessárias para o cuidado do mesmo. Os
dade e o risco de cada paciente. A escala contempla seis profissionais enfermeiros destacam-se nessa situação ao
parêmetros: percepção sensorial, humidade, mobilidade e poder pôr em prática a sistematização da assistência de
atividade, nutrição, fricção e cisalhamento; onde se pode enfermagem (SAE), em virtude de sistematizar todas as
classificar o paciente com risco ausente, risco baixo, ris- etapas do cuidado ao paciente, sobre o conhecimento
co moderado, risco alto, ou risco muito alto para desen- do seu perfil e as intervenções de enfermagem a serem
volver algum tipo de LPP enquanto período de interna- voltadas para o mesmo. Sendo a SAE uma tecnologia
mento. (22-24) fundamental para compilar dados clínicos dos pacientes.

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