Metodologias de Encadernação de Livros Restaurados

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Metodologias de encadernação de livros raros restaurados por

meio de máquina obturadora de papéis na Fundação Biblioteca


Nacional.

Tatiana Ribeiro Christo (FBN) - [email protected]

Resumo:

O presente trabalho tem como objetivo principal apresentar de forma mais abrangente os
critérios e metodologias de encadernação de livros raros restaurados por meio da MOP –
Máquina Obturadora de Papéis no Laboratório de Restauração da Fundação Biblioteca
Nacional do Rio de Janeiro.

Palavras-chave: Metodologias de encadernação de obras raras. Encadernação flexível em


pergaminho. Espinosa. Restauração da encadernação.

Área temática: Temática III: Bibliotecas, serviços de informação & sustentabilidade

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Congresso Brasileiro de Biblioteconomia, Documentação e Ciência da Informação –
Florianópolis, SC, Brasil, 07 a 10 de julho de 2013.

Metodologias de encadernação de livros raros restaurados por meio de


máquina obturadora de papéis na Fundação Biblioteca Nacional.

Resumo
O presente trabalho tem como objetivo principal apresentar de forma mais
abrangente os critérios e metodologias de encadernação de livros raros restaurados
por meio da MOP – Máquina Obturadora de Papéis no Laboratório de Restauração
da Fundação Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro.

Palavras-chave: Metodologias de encadernação. Encadernação flexível em


pergaminho. Espinosa. Restauração da encadernação

Temática III: Bibliotecas, serviços de informação & sustentabilidade.

1 INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem como objetivo apresentar de forma mais abrangente


os critérios e metodologias de encadernação de livros raros restaurados através da
MOP – Máquina Obturadora de Papéis no Laboratório de Restauração da Fundação
Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. Para uma melhor compreensão dos métodos
adotados, é importante informar sobre a origem da maioria dos livros raros
restaurados no setor e as circunstancias que causaram a degradação através dos
tempos.
Em 1808, a família Real trouxe para o Brasil preciosidades da Real Biblioteca
de Lisboa. Atravessou o oceano em naus deixando para trás um clima mais propício
à conservação deste tesouro e encontrando no novo continente um ambiente quente
e úmido não favorável. No Rio de Janeiro, a Real Biblioteca foi acomodada em
primeiro lugar no Hospital da Ordem Terceira do Convento do Carmo na Rua Direita,
atualmente denominada Rua Primeiro de Março. Em 1855, foi transferida para a Rua
do Passeio no prédio onde atualmente está abrigada a Escola de Música da
Universidade Federal do Rio de Janeiro e em 1910, foi instalada no atual prédio na
Av. Rio Branco especialmente construído para este fim. As mudanças de endereço
ocasionaram danos à coleção: livros perderam as capas, as lombadas e o ataque de
insetos xilófagos muito contribuiu para o agravamento dos danos. O manuseio
inadequado das obras resultou no comprometimento de sua integridade física,
principalmente da costura e dos cabeceados.

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Congresso Brasileiro de Biblioteconomia, Documentação e Ciência da Informação –
Florianópolis, SC, Brasil, 07 a 10 de julho de 2013.

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Figuras 1,2 e 3: Aspecto dos livros antes do tratamento de restauração.

Durante a gestão de Célia Zaher na direção da Biblioteca Nacional de 1981 a


1984, os serviços prestados pela Biblioteca foram informatizados, o prédio foi
restaurado, adaptações foram feitas para a criação de novos espaços de guarda de
acervo e equipes foram formadas para integrar os novos setores de conservação,
restauração e encadernação. Alguns funcionários receberam bolsa de estudos para
cursos de restauração no exterior e equipamentos foram adquiridos na Espanha,
entre eles, a Máquina Obturadora de Papéis “Vinyector”, equipamento utilizado para
reconstituir os orifícios causados por ataque de insetos. A compra da MOP -
Máquina Obturadora de Papéis - foi considerada medida importante e urgente no
projeto de recuperação de centenas de livros raros em mau estado de conservação.
Uma questão surgiu em seguida: Qual seria a melhor estrutura de encadernação a
ser adotada para os livros recém-restaurados? Optou-se então pela “encadernação
monástica”, também denominada “encadernação flexível em pergaminho - modelo
plena” – estilo que predominou no período anterior à descoberta da imprensa em
1500 e executada nos mosteiros e conventos da Idade Média.

2 MATERIAIS E MÉTODOS

A encadernação flexível em pergaminho é comprovadamente mais apropriada


para fins de conservação pelas seguintes características: simplicidade de
construção, leveza, boa abertura, durabilidade dos materiais que a compõe.
Além das qualidades mecânicas, a encadernação flexível em pergaminho
atende ao princípio da reversibilidade, ou seja, é possível desfazer a encadernação
sem causar prejuízo ao bloco de texto e oferece a vantagem da facilidade de se
encontrar no Brasil materiais de boa qualidade e considerados básicos para a sua
execução como pergaminho, couro alumado e linhas de linho.

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Congresso Brasileiro de Biblioteconomia, Documentação e Ciência da Informação –
Florianópolis, SC, Brasil, 07 a 10 de julho de 2013.

Em termos percentuais, 95% dos livros raros impressos entre os séculos XV e


XVIII encaminhados ao Laboratório de Restauração, dão entrada no setor em mau
estado de conservação e sem encadernação, ou seja, desprovidos dos elementos
originais de encadernação e após a restauração, são reencadernados em
pergaminho, seja no modelo “Plena”, seja no modelo “Espinosa” e os 5% restantes
representam os livros nos quais é adotado o procedimento de “restauração da
encadernação”, quando as capas com as quais os livros dão entrada no Laboratório
de Restauração, por alguma razão, são preservadas e estruturalmente se encontram
em condições de reaproveitamento. Neste caso, após o tratamento de restauração
do bloco de texto, todos os elementos que compõem a encadernação são
reproduzidos tal qual o aspecto original.
É importante não deixar de mencionar os livros impressos a partir do século
XIX. Quando são encaminhados ao Laboratório de Restauração sem encadernação,
após a restauração do bloco de texto através da MOP, são reencadernados em capa
dura, seja com revestimento em pergaminho ou couro.
A seguir são apresentados os três métodos de re-encadernação mais executados
nos livros raros restaurados no Laboratório de Restauração da Biblioteca Nacional.

2.1 ENCADERNAÇÃO FLEXÍVEL EM PERGAMINHO – MODELO PLENA.

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Figura 4: Aspecto final da encadernação flexível em pergaminho modelo Plena; Figura 5: Costura sobre nervos duplos de
couro alumado e cabeceados sobre alma de couro alumado; Figura 6: Cobertura.

2.2 ENCADERNAÇÃO FLEXÍVEL EM PERGAMINHO – MODELO ESPINOSA

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Congresso Brasileiro de Biblioteconomia, Documentação e Ciência da Informação –
Florianópolis, SC, Brasil, 07 a 10 de julho de 2013.

Figura 7: Aspecto final da encadernação flexível em pergaminho modelo Espinosa; Figura 8: Aspecto do couro alumado que
reveste a lombada (bonnet) e costura sobre nervos duplos na parte interna e nervos simples nas extremidades; Figura 9: Vinco
dos nervos sobre a peça de couro alumado (bonnet) na prensa de pinos.

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Figura 10: O modelo Espinosa envolve dois cabeceados. O segundo cabeceado feito com linha de linho tingida com tinta
acrílica é executado sobre cabeceado tradicional; Figura 11: Nervos inseridos no “bonnet” e segundo cabeceado superior e
inferior concluídos; Figura 12: Coberturas independentes de pergaminho.

2.3 RESTAURAÇÃO DA ENCADERNAÇÃO


Exemplo 1

13 14 15 16 17
Figuras 13 e 14: Aspecto do livro antes da intervenção de restauração da encadernação; Figuras 15, 16 e 17: Aspecto do livro
depois da intervenção de restauração da encadernação.

Exemplo 2

18 19 20 21 22
Figuras 18 e 19: Aspecto do livro antes da intervenção de restauração da encadernação; Figuras 20,21 e 22: Aspecto do livro
depois da intervenção de restauração da encadernação.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

As técnicas mencionadas acima, pelas suas características, estão em


conformidade com o conceito de conservação preventiva que contempla a
recuperação de uma grande quantidade de obras em um curto prazo de tempo.
Todas as obras restauradas são microfilmadas e digitalizadas para assegurar o
acesso à informação pelos pesquisadores e usuários da Biblioteca Nacional.

REFERÊNCIAS
1- Espinosa, Robert. The Limp Vellum Binding: a Modification. The New
Bookbinder 13 (1993) 27-38.

2- Herkenhoff, Paulo, Biblioteca Nacional, a História de uma Coleção,


Editora Salamandra,1996.
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