Resumo Do Livro de Paulo FREIRE PEDAGOGIA DA AUTONOMIA
Resumo Do Livro de Paulo FREIRE PEDAGOGIA DA AUTONOMIA
Resumo Do Livro de Paulo FREIRE PEDAGOGIA DA AUTONOMIA
Resumo do livro da parte geral do concurso para docentes da rede estadual de São Paulo (2013): FREIRE,
Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 43. ed., São Paulo: Paz e Terra,
2011.
A reflexão crítica da prática é uma exigência da relação teoria/ prática, sem a qual a teoria
ele recebe os conhecimentos – conteúdos acumulados pelo sujeito, o aluno, que sabe e lhe
transmite.
Neste sentido, ensinar não é transferir conhecimentos, conteúdos, nem formar é ação pela
qual um sujeito criador dá forma, alma a um corpo indeciso e acomodado. Não há docência
sem discência, as duas se explicam e seus sujeitos, apesar das diferenças, não se
Ensinar é mais que verbo-transitivo relativo, pede um objeto direto: quem ensina, ensina
alguma coisa; pede um objeto indireto: à alguém, mas também ensinar inexiste sem
de recriar ou refazer o ensinado, ou seja, em que o que foi ensinado foi realmente
Nós somos “seres programados, mas, para aprender” (François Jacob). O processo de
aprender pode deflagrar no aprendiz uma curiosidade crescente que pode torná-lo mais e
cognoscíveis, é uma de suas tarefas primordiais. Para isso, ele precisa ser um educador
criador, instigador, inquieto, rigorosamente curioso, humilde e persistente. Deve ser claro
certos saberes e que estes não podem ser simplesmente transferidos a eles.
com o texto que a mim se dá e a que me dou e de cuja compreensão fundamental me vou
Só pode ensinar certo quem pensa certo, mesmo que às vezes, pense errado. E uma das
certezas. O professor que pensa certo deixa transparecer aos educandos a beleza de
Ensinar, aprender e pesquisar lidam com dois momentos do ciclo gnosiológico: o momento
2. ENSINAR EXIGE PESQUISA Não há ensino sem pesquisa, nem pesquisa sem ensino.
Enquanto ensino continuo buscando, reprocurando. Ensino porque busco, porque indaguei,
porque indago e me indago. Educo e me educo. Pesquiso para conhecer o que ainda não
os saberes socialmente construídos pelos alunos na prática comunitária. Discutir com eles
problemas por eles vividos. Estabelecer uma intimidade entre os saberes curriculares
fundamentais aos alunos e a experiência social que eles têm como indivíduos. Discutir as
dos procedimentos metodicamente rigorosos, não há uma ruptura, mas uma superação
metodicamente.
comparar, valorizar, intervir, escolher, decidir, romper e por isso, nos fizemos seres éticos.
educativo: o seu caráter formador. Se se respeita a natureza do ser humano, o ensino dos
conteúdos não pode dar-se alheio à formação moral do educando. Divinizar ou diabolizar a
possível mudar e fazer de conta que não mudou. Coerência entre o pensar certo e o agir
certo. Não há pensar certo à margem de princípios éticos, se mudar é uma possibilidade e
O professor que ensina certo não aceita o “faça o que eu mando e não o que eu faço”. Ele
sabe que as palavras às quais falta corporeidade do exemplo quase nada valem. É preciso
DE DISCRIMINAÇÃO - O novo não pode ser negado ou acolhido só porque é novo, nem o
velho recusado, apenas por ser velho. O velho que preserva sua validade continua novo.
Ensinar a pensar certo é algo que se faz e que se vive enquanto dele se fala com a força
que vem sendo comunicado. O pensar certo é intercomunicação dialógica e não polêmica.
movimento dinâmico, dialético entre o fazer e o pensar sobre o fazer. É fundamental que o
aprendiz da prática docente saiba que deve superar o pensar ingênuo, assumindo o pensar
certo produzido por ele próprio, juntamente com o professor formador. Por outro lado, ele
Através da reflexão crítica sobre a prática de hoje ou de ontem é que se pode melhorar a
próxima prática. E, ainda, quanto mais me assumo como estou sendo e percebo a razão de
ser como estou sendo, mais me torno capaz de mudar, de promover-me do estado da
assumo.
assumir-se. Como ser social e histórico, ser pensante, transformador, criador, capaz de ter
assunção do indivíduo por ele mesmo e se dá, através do conflito entre forças que
obstaculizam essa busca de si e as que favorecem essa assunção. Isto é incompatível com
deformação que se vive na escola, não pode ser negligênciada e exige reflexão.
Experiências vividas nas ruas, praças, trabalho, salas de aula, pátios e recreios são cheias
de significação.
. . . mas, criar possibilidades ao aluno para sua própria construção. Este é o primeiro saber
assumir diante dos outros e com os outros, face ao mundo e aos fatos, ante nós mesmos.
cultural o ser, maior o suporte ou espaço ao qual o ser se prende “afetivamente” em seu
escolher. Seres capazes de grandes ações, mas também de grandes baixezas. Não é
possível existir sem assumir o direito e o dever de optar, decidir, lutar, fazer política. Daí a
imperiosidade da prática formadora eminentemente ética. Posso ter esperança, sei que é
possível intervir para melhorar o mundo. Meu “destino” não é predeterminado, ele precisa
ser feito e dessa responsabilidade não posso me eximir. A História em que me faço com os
outros e dela tomo parte é um tempo de possibilidades, de problematização do futuro e não
de inexorabilidade.
É o saber da nossa inconclusão assumida. Sei que sou inacabado, porém consciente disto,
sei que posso ir mais além, através da tensão entre o que herdo geneticamente e o que
herdo social, cultural e historicamente. Lutando deixo de ser apenas objeto, para ser
mas para aprender”, exercitarão tanto melhor sua capacidade de aprender e ensinar,
à sua inquietude, linguagem, às suas diferenças. O professor não pode eximir-se de seu
4. ENSINAR EXIGE BOM SENSO - Quanto mais pomos em prática de forma metódica
nossa capacidade de indagar, aferir e duvidar, tanto mais crítico se faz nosso bom senso.
Esse exercício vai superando o que há de instintivo na avaliação que fazemos de fatos e
acontecimentos. O bom senso tem papel importante na nossa tomada de posição em face
Comentado [U2]: Na pesquisa por exemplo....
do que devemos ou não fazer, e a ele não pode faltar a ética NA PESQUISA POR
EXEMPLO.
entendida como um momento importante de sua prática docente, enquanto prática ética.
tarefa altamente política, e repensar a eficácia das greves. Não é parar de lutar, mas
homem é um ser consciente que usa sua capacidade de aprender não apenas para se
nos tornamos capazes de apreender. Para nós, aprender é aventura criadora, é construir,
reconstruir, constatar para mudar, e isto não se faz sem abertura ao risco.
educando seja artífice de sua formação, e ajudá-lo nesse empenho. Deve estar atento à
juntos podem aprender, ensinar, inquietar-se, produzir e também resistir aos obstáculos à
Comentado [U5]: Vejo nestas palavras os depoimentos dos
alegria. O homem é um ser naturalmente esperançoso. A esperança crítica é indispensável meus alunos de química... esperançosos pelo mundo melhor e uma
carreira profissional.
à experiência histórica que só acontece onde há problematização do futuro. Um futuro não
História como possibilidade e não como determinação. O mundo não é, está sendo. Meu
papel histórico não é só o de constatar o que ocorre, mas também o de intervir como
sujeito de ocorrências. Constato não para me adaptar, mas para mudar a realidade.
A partir desse saber é que vamos programar nossa ação político-pedagógica, seja qual for
considerar o saber de “experiência feito” pelos grupos populares, sua explicação do mundo
e a compreensão de sua própria presença nele. Tudo isso vem explicitado na “leitura do
dialogar com eles, desafiando-os a pensar sua história social e a perceber a necessidade
curiosidade não tem o direito de invadir a privacidade do outro, nem expô-la aos demais.
Como professor devo saber que sem a curiosidade que me move, não aprendo nem
Saibam que sua postura é dialógica, aberta, curiosa, indagadora e não apassivada,
não arrogante. Deve reconhecer a eticidade. O educando que exercita sua liberdade vai se
aprendizado da autonomia.
2. ENSINAR EXIGE COMPROMETIMENTO - A maneira como os alunos me percebem tem
grande importância para o meu desempenho. Não há como sendo professor não revelar
minha maneira de ser, de pensar politicamente, diante de meus alunos. Assim, devo
preocupar-me em aproximar cada vez mais o que digo do que faço e o que pareço ser do
Minha presença é uma presença em si política, e assim sendo, não posso ser uma
omissão, mas um sujeito de opções. Devo revelar aos alunos, minha capacidade de
analisar, comparar, avaliar; de fazer justiça, de não falhar à verdade. Meu testemunho tem
que ser ético. O espaço pedagógico neutro prepara os alunos para práticas apolíticas. A
dominante quanto seu desmascaramento. Como professor minha prática exige de mim
uma definição. Decisão. Ruptura. Como professor sou a favor da luta contra qualquer forma
etc. Sou a favor da esperança que me anima apesar de tudo. Não posso reduzir minha
prática docente ao puro ensino dos conteúdos, pois meu testemunho ético ao ensiná-los é
busco superar com eles. É coerência entre o que digo, o que escrevo e o que faço.
experiência de várias e inúmeras decisões que vão sendo tomadas. Vamos amadurecendo
todo dia, ou não. A autonomia, enquanto amadurecimento do ser por si, é processo; é vir a
ser. Não posso aprender a ser eu mesmo se não decido nunca porque há sempre alguém
decidindo por mim. Quanto mais criticamente assumo a liberdade, tanto mais autoridade
direito ao trabalho, à terra, à educação, etc. quanto as que pelo contrário, pretendem
imobilizar a História e manter a ordem injusta. A educação não vira política por causa da
decisão deste ou daquele educador. Ela é política e sua raiz se acha na própria
educabilidade do ser humano, que se funde na sua natureza inacabada e da qual se tornou
consciente. O ser humano, assim se tornou um ser ético, um ser de opção, de decisão.
que se a educação não pode tudo, alguma coisa fundamental ela pode. O educador crítico
pode demonstrar que é possível mudar o país. E isto reforça nele a importância de sua
tarefa político-pedagógica. Ele sabe o valor que tem para a modificação da realidade, a
maneira consistente com que vive sua presença no mundo. Sabe que sua experiência na
quem escuta paciente e criticamente o outro, fala com ele, e sem precisar se impor. No
processo da fala e escuta, a disciplina do silêncio a ser assumido a seu tempo pelos
sujeitos que falam e escutam é um “sine qua” da comunicação dialógica. É preciso que
quem tem o que dizer saiba, que sem escutar o que quem escuta tem igualmente a dizer,
termina por esgotar sua capacidade de dizer. Quem tem o que dizer deve assim, desafiar
O espaço do educador democrático, que aprende a falar escutando, é cortado pelo silêncio
intermitente de quem falando, cala para escutar a quem, silencioso, e não silenciado, fala.
autoritário que recusa escutar os alunos, impede a afirmação do educando como sujeito de
Ideologia tem que ver diretamente com a ocultação da verdade dos fatos, com o uso da
linguagem para opacizar a realidade, ao mesmo tempo que nos torna “míopes”. Sabemos
que há algo no meio da penumbra, mas não o divisamos bem. Outra possibilidade que
temos é a de docilmente aceitar que o que vemos e ouvimos é o que na verdade é, e não a
verdade distorcida.
Por exemplo, o discurso da globalização que fala da ética, esconde porém, que a sua ética
é a do mercado e não a ética universal do ser humano, pela qual devemos lutar se
do homem enquanto ser fazedor da História, e por ela feito, ser da decisão, da ruptura, da
Os avanços científicos e tecnológicos devem ser colocados a serviço dos seres humanos.
Para superar a crise em que nos achamos, impõe-se o caminho ético. Como professor,
devo estar advertido do poder do discurso ideológico. Ele nos ameaça de anestesiar a
exercício crítico de minha resistência ao poder manhoso da ideologia, vou gerando certas
predisponho a uma atitude sempre aberta aos demais, aos dados da realidade, por um
lado; e por
certezas.
testemunhar aos alunos a segurança com que me comporto ao discutir um tema, analisar
um fato. Aberto ao mundo e aos outros, estabeleço a relação dialógica em que se confirma
9. ENSINAR EXIGE QUERER BEM AOS EDUCANDOS Querer bem aos educandos e à
própria prática educativa de que participo. Essa abertura significa que a afetividade não me
assusta, que não tenho medo de expressá-la. Seriedade docente e afetividade não são
Comentado [U10]: Me reporta aos estudos de de ADIR e
incompatíveis. Aberto ao querer bem significa minha disponibilidade à alegria de viver. HARGREAVRES, INTRESUBJETIVIDADE - FILOSOFIA
Quanto mais metodicamente rigoroso me torno na minha busca e minha docência, tanto