Manual Apoio Turismo 16julho
Manual Apoio Turismo 16julho
Manual Apoio Turismo 16julho
- AUTOPROTEÇÃO E SEGURANÇA
MANUAL DE APOIO
À FORMAÇÃO CONTÍNUA
Síntese
Este manual serve de apoio à
formação contínua em incên-
dios rurais.
ÍNDICE
PREÂMBULO 7
1. NOÇÕES GERAIS SOBRE RISCO, FOGO E INCÊNDIOS RURAIS 9
_RISCO E GESTÃO INTEGRADA DO FOGO
_O TRIÂNGULO DO FOGO
_EVACUAÇÕES E CONFINAMENTOS
ANEXOS 113
PREÂMBULO
Este Manual resulta de uma colaboração entre a Agência para a Gestão Integrada de Fogos
Rurais. I.P. (AGIF) e o Turismo de Portugal I.P. Pretende difundir conhecimento técnico sobre
o tema dos incêndios rurais, que permita envolver praticantes, profissionais, empresas, enti-
dades públicas e privadas e a comunidade na adoção de comportamentos preventivos e na
sua capacitação para responder a um incêndio rural.
As sociedades atuais estão cada vez mais expostas ao risco (de múltiplas origens e escalas)
que se traduz em crises, desastres e catástrofes cada vez mais violentas e associadas a
perdas humanas e ambientais severas. Num cenário de crescente imprevisibilidade, vulne-
rabilidade e incerteza (social, ambiental e económica) urge encontrar soluções mais ajus-
tadas (costumizadas) e formas de adaptação mais eficientes e eficazes como resposta ao
risco, algo difícil de atingir num curto espaço de tempo. Nesse contexto, conhecer os riscos
e as formas como os mesmos se manifestam, nomeadamente os incêndios rurais, torna-se
decisivo para o modo como uma sociedade mais preparada contribuirá para a sua gestão.
Os incêndios no espaço rural são o maior risco natural em Portugal. A gestão deste risco
é complexa e exige, por isso, um modelo de governança e de governação avançado, que
envolva, mobilize e responsabilize, de modo participativo e colaborativo, todas as pessoas,
comunidades, profissionais, stakeholders, entidades e governo em torno de objetivos co-
muns que vão desde evitar a ocorrência de vítimas mortais à sustentabilidade ambiental.
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O turismo é hoje a maior indústria exportadora de Portugal e reúne condições para con-
tinuar a crescer. O turismo de natureza, onde se inserem as atividades de pedestrianismo
e ciclismo, tem ganho relevância e padrões de exigência nas áreas da qualidade e da
segurança, aspetos determinantes para ser competitivo e defender a boa imagem da área
de destino.
A primeira parte deste manual incide em noções gerais sobre o que é o risco, o que é o
fogo e o que são os incêndios rurais, de forma a consolidar definições e criar um contex-
to para a compreensão das matérias seguintes. Num segundo momento aborda matérias
associadas à proteção civil, emergência e operações de socorro, com particular enfoque
para as questões associadas com a segurança em incêndios rurais. Por último, este manual
aponta medidas de preparação, autoproteção e segurança face aos incêndios rurais, que
devem ser adotadas, também como forma de elevar a qualidade dos percursos pedestres e
cicláveis de Portugal.
Esta iniciativa insere-se no quadro dos objetivos estratégicos definidos pelo Plano Nacional
de Gestão Integrada de Fogos Rurais (Resolução do Conselho de Ministros n.º 12/2019,
de 21 de janeiro), e procura respaldo nas orientações aprovadas pelas Nações Unidas, no-
meadamente naquelas plasmadas no Sendai Framework for Disaster Risk Reduction 2015-
2030 e no Sustainable Development Goals.
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1. NOÇÕES GERAIS
SOBRE O RISCO, FOGO
E INCÊNDIOS RURAIS
1. NOÇÕES GERAIS SOBRE RISCO, FOGO E INCÊNDIOS RURAIS
O fogo é um elemento dos ecossistemas terrestres, que está por isso intrinsecamente asso-
ciado à evolução dos mesmos.
No espaço rural, um incêndio (rural) é todo o fogo que aí ocorre com exceção daquele
que é propositadamente originado e controlado pelo homem (fogo controlado), segundo um
plano de prescrição técnica e objetivos bem definidos (ex. gerir combustíveis vegetais, gerir
espécies e ecossistemas; reproduzir um “fogo natural”).
Consideram-se aqui dois tipos de risco de incêndio rural: o estrutural e o conjuntural e me-
teorológico.
O risco de incêndio “estrutural” (R) resulta do produto entre a perigosidade (P) [pro-
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babilidade de um incêndio ocorrer num determinado local multiplicada pelas propriedades
intrínsecas desse local, nomeadamente a topografia e a ocupação do solo] e o dano poten-
cial (D) provocado pelo incêndio [grau de perda potencial – vulnerabilidade – multiplicado
pelo valor económico do elemento em risco).
No turismo de natureza o risco de incêndio pode agravar-se não só pela perda potencial
de vidas humanas como pela perda de infraestruturas de apoio à atividade (alojamento,
abrigos e equipamentos de apoio aos trilhos e vias cicláveis).
O FWI é composto por seis sub-índices (calculados com base nos elementos meteorológicos
de acordo com o diagrama da Figura 1) e é calculado diariamente no IPMA, utilizando os
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parâmetros meteorológicos observados às 12 UTC (temperatura do ar, humidade relativa
do ar, intensidade do vento e precipitação acumulada nas últimas 24 horas). O FWI per-
mite ainda, analisar o risco para a realização de determinadas atividades nesse dia, como
aquelas associadas ao turismo de natureza.
Velocidade do Vento
Temperatura
Temperatura
Observações Humidade relativa Temperatura
Humidade relativa
meteorológicas Velocidade do Vento Precipitação
Precipitação
Precipitação
FFMC DMC
Sub-índices de DC
Índice de humidade dos Índice de humidade da
teor de humidade Índice de seca
combustíveis finos camada orgânica
ISI BUI
Índice de propagação Índice de combustível
inicial disponível
Índices de
comportamento
do fogo
FWI
Índice de intensidade
do fogo
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Por sua vez, a cartografia de perigosidade de incêndio rural é calculada anualmente pelo
Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF) a partir das carta de ocupação do
solo, dos declives e das áreas ardidas.
http://www.ipma.pt/pt/riscoincendio/rcm.pt/
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Outro meio de comunicação de divulgação do RCM é a sinalética informativa que se encon-
tra distribuída pelo território nacional, em locais estratégicos.
14
instituição do conceito e da prática de um Sistema de Gestão Integrada de Fogos Rurais
(SGIFR), onde todas as entidades integradas e com responsabilidades no Sistema são envol-
vidas na partilha de num conjunto de processos e de meios, que dão forma a uma cadeia de
processos com seis fases (Figura 4), onde se pretende que todos fiquem melhor preparados
e utilizem com maior eficiência os recursos públicos.
SISTEMAS DE
GOVERNANÇA QUALIFICAÇÃO INFORMAÇÃO
E COMUNICAÇÃO
15
1.2. O TRIÂNGULO DO FOGO
No caso particular dos incêndios rurais o combustível é todo o material vegetal que se en-
contra disponível para arder no espaço rural (independentemente da sua tipologia, como
por exemplo herbáceas, arbustos ou árvores). O comburente é o oxigénio presente no ar,
e a energia de ativação pode surgir de várias formas, mas apenas com duas origens: a
humana ou a natural.
E
CO
NT
M
RE
BU
BU
ST
M
ÍV
CO
EL
ENERGIA DE ATIVAÇÃO
16
De modo sintético a combustão pode definir-se como uma reação química entre o combustí-
vel e o oxigénio de onde resultam, entre outros, dióxido de carbono (CO2), vapor de água
(H2O) e energia libertada.
Nos combustíveis vegetais, ao contrário dos industriais, o início da combustão exige sempre
uma fonte de energia externa, que pode ser de vários tipos e origens (ex. chama direta,
beata de um cigarro, chispas metálicas, descarga elétrica, etc.). No entanto, para que a
combustão se mantenha de uma forma sustentada, é necessário desenvolver-se uma reação
em cadeia (“Tetraedro do Fogo”).
COMBURENTE COMBUSTÍVEL
REAÇÃO EM
CADEIA
ENERGIA DE
ATIVAÇÃO
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A combustão decorre em várias fases: 1) pré-ignição; 2) ignição; 3) combustão com chama;
4) combustão sem chama.
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Figura 7. Formas de Transmissão de Energia
A convecção é uma forma de transmissão de energia muito importante num incêndio rural
pois é a principal responsável pela ignição das copas das árvores em resultado da ascen-
são de ar quente a partir dos combustíveis da superfície que se encontram a arder. É uma
forma de transmissão de energia que se processa na vertical, de baixo para cima, e que
resulta da transferência de calor através de massas de ar aquecido, que por ser mais leve
que o ar circundante, sobe.
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Por último temos a condução. Este mecanismo tem um papel praticamente insignificante
nos incêndios rurais pelo facto das partículas de combustível terem uma condutividade tér-
mica muito baixa. No entanto, está sempre presente em qualquer combustão.
A causa dos incêndios rurais pode ter origem humana (ex. fogueira) ou origem natural (ex.
trovoada). Em Portugal, a maioria dos incêndios rurais têm origem no uso negligente do
fogo pelo ser humano.
Qualquer incêndio rural antes de atingir grandes proporções passa por vários estágios
desde que eclode até que começa a ganhar dimensão. Inicialmente o incêndio começa por
ser um ponto a arder e, à medida que as chamas atingem combustíveis adjacentes, transfor-
ma-se num círculo com uma determinada área em chamas e mais tarde numa frente/linha
de chamas que evolui e cresce. Quando estamos na presença de vento ou de declive, o
perímetro circular do incêndio sofre uma deformação, assemelhando-se a um ovo ou elipse.
Num incêndio rural é possível identificar diferentes partes (no sentido de maior progressão
das chamas):
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Dedo
Frente principal
Flanco Esquerdo ou Cabeça
Bolsa
Foco Secundário
Ponto de Início
Flanco Direito
Retaguarda
ou Cauda
• Retaguarda ou cauda: zona oposta à frente, onde o incêndio assume menor inten-
sidade, ainda que possa também progredir nessa direção;
• Flancos: partes laterais situadas entre a frente e a retaguarda; o flanco direito situa-se
no lado direito do sentido de progressão e o flanco esquerdo do lado esquerdo;
• Dedo: saliência num flanco onde o incêndio se propaga com maior velocidade;
• Foco secundário: novo foco de incêndio originado pelo incêndio principal e situado
no exterior do perímetro principal;
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FENÓMENOS FÍSICOS QUE DESCREVEM O COMPORTAMENTO DO FOGO
SEM DECLIVE
COM DECLIVE
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O comprimento da chama (distância medida entre o ponto médio da base e o ponto
mais alto) está associado à intensidade do incêndio e permite avaliar a capacidade e as
condições de segurança para a sua extinção e ainda avaliar qual a possibilidade de um
incêndio de superfície se poder transformar num incêndio de copas (árvores).
A altura da chama é a distância medida na vertical desde a base até ao seu ponto mais
alto.
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1.3. FATORES QUE AFETAM O DESENVOLVIMENTO
E COMPORTAMENTO DO FOGO
METEOROLOGIA TOPOGRAFIA
COMBUSTÍVEL
TEMPO
24
TOPOGRAFIA
Importa então perceber muito bem qual a influência que as formas de relevo, a exposição,
a altitude, o declive e a configuração do terreno têm no comportamento do fogo.
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As montanhas são formas de relevo caracterizadas pelas suas acentuadas elevações
apresentando uma grande variabilidade de altitudes, exposições e declives, e onde o com-
portamento do fogo é determinado maioritariamente pelo declive (sem desprezar a influên-
cia indireta da altitude e da exposição). Quando as montanhas se apresentam seguidas
dando origem a um conjunto extenso denominam-se de cadeias montanhosas ou também
de cordilheiras.
Os planaltos são zonas mais ou menos planas situadas a uma altitude superior à das
áreas circundantes. Têm limites bem definidos e superfícies mais acidentadas do que as
planícies. Nos planaltos o comportamento do fogo é diferente daquele que se observa nas
planícies, mesmo que o leito de combustível seja idêntico, alterando-se principalmente por
efeito do vento.
As planícies são zonas com pouca ou nenhuma variação de altitude e, por isso, a forma
de relevo mais propicia à ocupação humana. Nestes locais o comportamento do fogo é
determinado principalmente pela direção e velocidade do vento (elemento meteorológico
determinante para um combate eficaz e seguro).
As depressões são áreas com altitude mais baixa daquelas que a circundam e possuem
geralmente uma superfície plana ou côncava.
A exposição de uma encosta é a direção que esta apresenta relativamente aos pontos
cardeais e que influencia a radiação solar e o vento que a mesma recebe.
As encostas com exposição a Sul recebem mais horas de radiação solar e são por isso
mais secas, mais quentes e mais expostas ao vento. Quando comparadas com as encostas
de exposição a Norte apresentam uma carga de combustível menor, combustíveis com
menor teor de humidade e um rácio de combustíveis mortos/vivos maior. Nestas encostas
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o comportamento do fogo caracteriza-se principalmente por ter elevadas velocidades de
propagação e maior probabilidade de provocar a ocorrência de focos secundários.
As encostas com exposição a Norte recebem menor radiação solar e por isso são mais
húmidas, mais frias e mais protegidas do vento. Quando comparadas com as encostas vol-
tadas da Sul, a carga de combustível é maior, os combustíveis têm maior teor de humidade
e o rácio de combustíveis mortos/vivos é menor. Nestas encostas o comportamento do fogo
caracteriza-se por ter menor velocidade de propagação e menor probabilidade de provocar
a ocorrência de focos secundários.
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Nas exposições a Este e a Oeste deve ter-se em consideração que ao nascer do Sol
(primeiras horas do dia) as encostas alinhadas a Este são aquecidas proporcionando pro-
blemas com reativações. Já as encostas alinhadas a Oeste representam maiores dificulda-
des para a supressão uma vez que são aquecidas até ao pôr do sol.
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Quanto maior for o declive de uma encosta (ângulo formado pela encosta com o plano
horizontal do lugar, expresso em graus) maior será a velocidade de propagação de uma
frente de chamas encosta acima, dado o pré-aquecimento dos combustíveis pela sua apro-
ximação às chamas. Quando uma frente de chamas desce uma encosta a velocidade de
propagação é praticamente independente da inclinação do terreno uma vez que as chamas
tendem a inclinar-se para a zona queimada e o contributo da radiação para a propagação
das chamas é desprezível.
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O declive influencia ainda o comportamento do fogo: i) pela formação de brisas locais;
ii) pelo favorecimento na transição das chamas para as copas; iii) pelo aumento do com-
primento das chamas; iv) pela amplificação do efeito da radiação solar; v) pelo potencial
comportamento Eruptivo. O declive impõe ainda condicionantes ao posicionamento dos veí-
culos de combate (pelas limitações de inclinação lateral (30%) e frontal (50%)) e à utilização
de máquinas de rasto e cria ainda dificuldade à progressão dos operacionais no terreno.
Em declives acentuados e muito acentuados pode ainda ocorrer a projeção de partículas
incandescentes por rolamento.
METEOROLOGIA
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Elementos meteorológicos determinantes, que favorecem a propagação do incêndio:
Vento e Estabilidade da Atmosfera.
Ao longo do dia, a temperatura do ar atinge o seu máximo por volta das 14h00-15h00 e
o seu valor mínimo um pouco antes do nascer do sol.
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Figura 15. Variação da temperatura e humidade relativa ao ar
Por outro lado, a temperatura do ar tem um impacto direto na resistência física dos opera-
cionais envolvidos no combate, pelo aumento do risco de desidratação e de stress térmico.
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ELEMENTOS METEOROLÓGICOS DETERMINANTES
Figura 16. Propagação das chamas sem vento (a) e com vento (b)
Existem ventos planetários (ou gerais) e ventos locais (ou brisas). A brisa marítima ocorre
junto à costa e resulta das diferenças de temperatura entre e terra e o mar. Em grandes la-
gos (ex. Alqueva) também pode ocorrer um efeito semelhante ao da brisa marítima. A brisa
marítima pode sentir-se até cerca de 80km para dentro do continente e em geral faz-se notar
a partir das 17h00-18h00.
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Figura 17. Mecanismo de formação de brisa marítima e terrestre
Nas regiões mais interiores e montanhosas a variação de temperatura durante o dia é bas-
tante evidente. Os topos das serras recebem mais energia solar durante o dia e durante a
noite libertam-na mais rapidamente. Os vales, pelo contrário, estão normalmente em zonas
de sombra e por isso recebem menos energia solar durante o dia, e aquela que recebem
libertam mais lentamente durante a noite. Deste modo, durante o dia o topo da serra está
com uma temperatura maior que a do vale. Forma-se uma zona de baixa pressão no topo
da serra e uma de alta pressão no vale e em consequência disso observa-se uma movimen-
tação ascendente do ar quente pelas encostas. Esta movimentação corresponde à brisa de
vale, sendo esses ventos conhecidos como vento upslope ou ventos anabáticos.
Figura 18. Mecanismo de formação de brisa de vale e de montanha (ventos anabáticos e catabáticos)
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Durante a noite, a temperatura no topo das serras é menor do que aquela que se regista
no fundo dos vales. Forma-se então um centro de alta pressão no topo da serra e um de
baixa pressão no vale. O ar frio desce então as encostas, sendo esta movimentação de ar
designada por brisa de montanha e os ventos conhecidos como downslope ou ventos
catabáticos.
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COMBUSTÍVEL RURAL
O combustível é, muitas vezes, o fator que determina se um incêndio tem ou não início; se
será mais ou menos difícil de combater e se possibilita a ocorrência de fenómenos de com-
portamento extremo.
Os combustíveis rurais são o único elemento do triângulo do fogo que o Homem pode con-
trolar e manipular. Uma gestão adequada dos combustíveis (com efeitos na alteração do
comportamento do fogo) exige o conhecimento das suas propriedades.
Os combustíveis rurais podem ser classificados de acordo com diversos critérios e defini-
ções. A sua caracterização tridimensional, quando associada a determinadas condições
meteorológicas pode originar comportamentos mais ou menos previsíveis do fogo (velocida-
de de propagação, intensidade na frente de chamas, risco de propagação por partículas
incandescentes (spotting), fogos de copas). Neste sentido, dividem-se os combustíveis em
três estratos ou grupos, dependendo da sua localização no espaço: combustíveis do
solo, combustíveis da superfície ou superficiais e combustíveis aéreos.
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RAMOS
INCÊNDIOS
COMBUSTÍVEIS AÉREOS FOLHAS
DE COPAS
LÍQUENES
VEGETAÇÃO ARBUSTIVA
INCÊNDIOS
| TRONCOS | FOLHADA|
DE SUPERFÍCIE
HÚMUS
COMBUSTÍVEIS SUPERFÍCIE
COMBUSTÍVEIS DO SOLO
Os combustíveis do solo são formados por húmus, por raízes e por troncos podres sob
a camada mais fresca de manta morta. De um modo geral estão bastante compactados,
parcialmente decompostos e com algum teor de humidade, pelo que podem sustentar uma
combustão lenta durante dias (dificulta o rescaldo do incêndio e potencia a reativação do
mesmo).
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Os combustíveis de superfície são formados por vegetação herbácea, arbustiva, re-
síduos de exploração, e manta morta (folhas, ramos, cascas, pouco decomposta e pouco
compactada). Estes combustíveis são muito importantes para a propagação dos incêndios.
Os combustíveis aéreos são constituídos por folhas (vivas e mortas) e por ramos finos
mortos existentes nas copas das árvores, os quais podem ser consumidos de forma isolada,
ou dar origem a um fogo de copas.
À escala das partículas o teor de humidade é uma das propriedades mais importan-
tes dos combustíveis, por condicionar a sua inflamabilidade e combustibilidade. Quando
a humidade desce abaixo dos 6 -7% a velocidade de propagação da frente de chamas é
superior ao normal, ocorre fogo de copas e a propagação do fogo também é feita através
da projeção de partículas incandescentes a curta e média distância.
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Quanto à forma e à dimensão/volume das partículas os combustíveis podem agrupar-se em
finos (0-0.6 cm), médios (0.6-2.5 cm) e pesados (> 7.6 cm).
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A composição química das partículas é outro dos fatores que influenciam os processos
de combustão. Uma grande percentagem de compostos voláteis (resinas, óleos, etc.): i)
potencia a combustão com chama; ii) permite a combustão de combustíveis vivos (mesmo
que os teores de humidade sejam elevados); iii) é responsável por grande parte da energia
libertada na combustão de certos arbustos. Já os compostos minerais (ex. potássio) favore-
cem uma combustão lenta, sem chama.
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A altura do leito, ou profundidade, é a medida vertical que um determinado estrato
apresenta, tendo por base de referência o solo e a medida na vertical até ao cimo da ve-
getação. Qualquer combustível quando arde produz um comprimento de chama no mínimo
duas ou quatro vezes maior que o da sua altura o que dá uma ideia prévia da intensidade
das chamas potencial.
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A porosidade (espaço existente entre as partículas de combustível) e a compactação in-
fluenciam o fluxo de oxigénio às partículas em combustão e a transferência de calor para
as partículas que ainda não estão a arder. Em estratos pouco compactados o volume de
oxigénio é maior e as partículas têm um teor de humidade mais baixo (o que provoca de um
modo geral velocidades de propagação e intensidades superiores).
A combustibilidade pode ser traduzida pela velocidade com que a frente de chamas
se propaga, pela taxa de combustão, pela direção e intensidade de propagação, assim
como pelo comprimento e altura das chamas. A combustibilidade é fundamental para se
adotar medidas preventivas na salvaguarda de pessoas e de bens, e decidir pelas melhores
técnicas de combate.
A propagação dos incêndios rurais é determinada pelas propriedades dos leitos de com-
bustível e do arranjo espacial da vegetação. Pode originar incêndios subterrâneos,
incêndios de superfície, incêndios de copas e incêndios de projeção.
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detetar a zona em combustão e podem provocar reacendimentos passados vários dias (um
bom rescaldo é muito importante nestes casos).
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Os incêndios de copas consomem não só os combustíveis do solo e os de superfície,
como também os das copas das árvores. São responsáveis pela destruição de grandes
áreas rurais e estão associados a velocidades e intensidades extremas da frente de chamas.
O controlo destes incêndios é muito difícil ou impossível e são a principal fonte de partículas
incandescentes que vão originar focos secundários fora do perímetro de incêndio (“novos
incêndios”).
44
Figura 26. Incêndio de projeção
45
1.4. COMPORTAMENTO EXTREMO DOS INCÊNDIOS
METEOROLOGIA
ME
EL
COMBUSTÍVEL
ÍV
TE
ST
OR
TEMPO
BU
OL
M
OG
CO
IA
a) b)
TOPOGRAFIA TOPOGRAFIA
Figura 27. Triângulo (a) e Tetraedro do Fogo (b) (Adaptado de Viegas, 2005)
46
COMPORTAMENTO EXTREMO
A propagação por fogo nas copas das árvores está geralmente associada a condições
meteorológicas extremas, cargas elevadas e contínuas de combustível, declives acentuados
e atmosferas instáveis. Este tipo de comportamento do fogo apresenta grandes dificuldades
à supressão e à segurança, e é muito destrutivo.
47
Figura 28. Evidências de Fogo de Copas
48
O fogo de copas é uma grande fonte de partículas incandescentes que são elevadas pela
coluna de convecção gerada e transportadas horizontalmente pelo vento provocando poten-
ciais novos focos de incêndio (contribuindo para a propagação descontínua do incêndio).
Para além do fumo, dos gases, das chamas e do calor, os incêndios rurais produzem partí-
culas incandescentes, algumas destas com a capacidade de provocar a ignição de outras
partículas, e assim gerar novos focos de incêndios.
49
As projeções de partículas podem ser classificadas em função da distância de projeção
(curta (≤ 50 m), média (≤ 500 m) e longa distância (> 500 m até vários quilómetros).
COMPORTAMENTO ERUPTIVO
Este fenómeno contribui para que a uma dada altura ocorra uma aceleração brusca do
fogo, passando-se de uma velocidade de propagação baixa para uma muito elevada (ace-
leração favorecida por um fenómeno de realimentação do ar devido ao consumo de oxigé-
nio e aos efeitos térmicos)
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Figura 31. Evidências de comportamento eruptivo (Fotos: ADAI, 2005)
Este tipo de comportamento apresenta grande perigosidade para quem se encontre nas
imediações do incêndio, civis ou profissionais envolvidos no combate.
A maioria das vítimas registadas nos incêndios rurais resultam deste tipo de comportamento
pelo que se torna muito importante reconhecer os fatores que favorecem este tipo de com-
portamento extremo.
Sabe-se que está associada a uma grande instabilidade atmosférica e a cargas elevadas de
combustível. Pode-se atingir temperaturas na ordem dos 1000º C, comprimentos de chamas
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de 10 a 50 metros, ventos de 200km/h capazes de arrancar árvores de 15 metros de altura
e de projetar material de grandes dimensões a arder para fora do perímetro. Os tornados
de fogo persistem por mais de 20 minutos.
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2. NOÇÕES GERAIS
SOBRE PROTEÇÃO CIVIL,
EMERGÊNCIA E OPERAÇÕES
DE SOCORRO
2. NOÇÕES GERAIS SOBRE PROTEÇÃO CIVIL,
EMERGÊNCIA E OPERAÇÕES DE SOCORRO
Nas atividades de turismo de natureza saber comunicar de modo preciso e com anteci-
pação o risco de incêndio rural torna-se decisivo para adotar medidas mais eficazes de
autoproteção e segurança.
Os Aviso incluem quatro categorias: Verde - não se prevê nenhuma situação meteorológica
de risco; Amarelo - situação de risco para determinadas atividades que dependem da
situação meteorológica pelo que se aconselha o acompanhamento da evolução das condi-
ções meteorológicas; Laranja - situação meteorológica de risco moderado a elevado onde
54
a população deve manter-se a par da evolução das condições meteorológicas e seguir as
orientações da Proteção Civil; Vermelho situação meteorológica de risco extremo, onde
é muito importante estar ao corrente da evolução das condições meteorológicas e seguir as
orientações da Proteção Civil.
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2.2. SISTEMA DE GESTÃO DE OPERAÇÕES (SGO)
Sempre que uma equipa de qualquer APC ou entidades com especial dever de cooperação
seja acionada para uma ocorrência, o chefe da primeira equipa a chegar ao local assume
de imediato o comando da operação na função de Comandante das Operações de Socor-
ro (COS), garantindo o desenvolvimento de um sistema evolutivo de comando e controlo
adequado à situação em curso.
O comando das operações deve ter em conta a adequação técnica dos agentes presentes
no Teatro de Operações (TO) e as suas legais atribuições.
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CONFIGURAÇÃO DO SISTEMA DE GESTÃO DE OPERAÇÕES (SGO)
O SGO configura-se em três níveis, sendo estes o nível estratégico, o tático e o de manobra.
O nível estratégico assegura a gestão da operação. No nível tático dirigem-se as atividades
operacionais, tendo em consideração os objetivos a alcançar de acordo com a estratégia
definida pelo COS. Finalmente no nível de manobra, executam-se as atividades operacio-
nais, sob direção do nível tático, considerando os objetivos definidos.
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O exercício da função de COS compete, pela ordem indicada:
Em qualquer fase da operação e sempre que a ocorrência o justificar, quer pela sua nature-
za, gravidade, extensão, quer pelos meios envolvidos ou a envolver ou quer pelo impacto
previsível, a estrutura operacional da ANEPC pode assumir a função de COS.
Os Capitães dos Portos têm, de acordo com o Decreto-Lei n.º 44/2002, de 2 de março,
competências de Proteção Civil na faixa litoral e nos espaços do Domínio Público Hídrico
sob jurisdição da Autoridade Marítima Nacional, e no âmbito das competências que a lei
lhes confere, assumem as funções de COS no seu espaço de jurisdição e em articulação
estreita com o Comando Distrital de Operações de Socorro (CDOS) onde se inserem as res-
petivas capitanias dos portos, sem prejuízo das competências nacionais da Proteção Civil e
do Sistema Nacional para a Busca e Salvamento Marítimo.
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O PCO é constituído pelas células de planeamento, de operações e de logística, cada uma
com um responsável nomeado pelo COS que assume a designação de oficial de planea-
mento, de oficial de operações e de oficial de logística, respetivamente. As células são
coordenadas pelo COS, dimensionando-se de acordo com as necessidades operacionais e
logísticas, podendo possuir núcleos funcionais.
Zonas de Intervenção (ZI) são áreas com configuração e amplitude variáveis e adap-
tadas às circunstâncias e tipo de ocorrência, podendo compreender a Zona de Sinistro
(ZS), a Zona de Apoio (ZA), a Zona de Concentração e Reserva (ZCR) e a Zona
de Receção de Reforços (ZRR).
ZA Posto Comando
Operacional
Área Área
Reabastecimentos Reservas
ZS
Local Reforço
RBT Tático Local Reforço
Tático
RSV
LRT
LRT
PT PT
Área
Apoio e Serviços
AAS
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• Zona de Sinistro (ZS)
A ZRR constitui-se como uma zona de controlo e apoio logístico sob a responsabilidade
do Comandante Operacional Distrital da área onde se desenvolve o sinistro, para onde se
dirigem os meios de reforço atribuídos antes de atingirem a ZCR no TO.
60
Área de atuação (AA) é a área geográfica predefinida, na qual um Corpo de Bombeiros
(CB) opera regularmente e é responsável pela primeira intervenção.
61
Comandante
FASE VI Operações de Socorro
Coordenador do PCO
Oficial R. Públicas
Área
Comandantes de Frente
Área de Descanso Z
C
Até 6 Setores Frente
Área de Manutenção R
Até 6 Grupos
Reab. Combustíveis
Reabastecimentos
62
2.3. SEGURANÇA EM CONTEXTO DE INCÊNDIO RURAL
Neste sentido, é muito importante ter presente que ao praticar uma determinada atividade
de lazer no espaço rural, o risco de aí poder ocorrer uma ignição é muito grande, e que
esta pode resultar num grande incêndio, o qual poderá vir a interferir nessa atividade e
fundamentalmente na segurança dos seus praticantes.
Há alguns cuidados e procedimentos, que podem ser adotados e que contribuirão para que
determinado praticante ou grupo de praticantes, fiquem em segurança no caso de estarem
a realizar uma atividade num local, onde em determinado momento começou um incêndio,
ou então se a zona onde se encontram apesar de estar afastada de um grande incêndio,
tem potencial para ser atingida por este.
Apresentam-se em seguida algumas considerações que deverão ser tidas em conta pelos
praticantes e que contribuirão garantidamente para a sua segurança, fundamentalmente em
caso de incêndio, mas de um modo geral em qualquer situação.
Ao executar uma atividade de lazer no espaço rural, é muito importante estar preparado
física e psiquicamente para o nível de exigência associada. Antes de realizar uma determi-
63
nada atividade, tente perceber qual o seu grau de dificuldade, pois se não está preparado
para a concretizar, em caso de incêndio, esse facto poderá contribuir para que tenha
dificuldades acrescidas na evacuação para um local seguro. Estar bem preparado física e
psiquicamente, vai ajudar a ultrapassar as barreiras que poderão surgir para se colocar em
segurança.
O facto de não estar devidamente equipado com acessórios adequados à atividade que
vai praticar, também poderá contribuir para que haja um maior desgaste físico, podendo
mesmo surgir lesões, que podem em muito dificultar a evacuação.
Ao deslocar-se no espaço rural durante a prática de uma qualquer atividade de lazer, deve
ter sempre em atenção, que para além de poder ser atingido por um incêndio com uma
origem externa ao que está a praticar, existem algumas atividades que por si só, também
poderão ser causadoras de incêndios rurais, principalmente aquelas que impliquem a utili-
zação de veículos com motor a combustão. Os praticantes devem estar conscientes que a
sua atividade também poderá potenciar a ocorrência de um incêndio.
Deve-se então evitar dias em que a temperatura do ar seja muito elevada e a humidade
relativa do ar muito baixa, pois para além do risco de incêndio ser mais elevado, também o
desgaste físico será maior, principalmente pelo risco acrescido de desidratação.
64
gico de incêndio para o(s) dia(s) em que está a planear realizar a sua atividade, e caso a
conjuntura meteorológica não seja a mais favorável, reconsidere e re-calendarize a ativida-
de para uma nova data. Consulte o site do IPMA e esteja atento à sinalética com informação
de risco de incêndio que estão disseminadas pelo território.
Sempre que exista risco de incêndio, tente, caso seja possível, informar as entidades locais
ou os operadores do(s) dia(s), em que vai realizar uma determinada atividade na área de
atuação deles, assim como o período do dia em que estará a executá-la. É importante infor-
mar também do número de pessoas que estarão consigo, deixar o seu contacto telefónico
e caso esteja acompanhado, faculte mais do que um, preferencialmente de operadoras
diferentes.
Em caso de incêndio num local onde normalmente é praticada uma determinada atividade,
ou então que tenha potencial para ser atingido por um, é muito importante para as entida-
des com responsabilidades operacionais, saberem se está lá alguém ou não naquele mo-
mento, para que possam proceder rapidamente à evacuação das pessoas, em segurança e
com os meios ajustados às necessidades.
65
VERIFICAÇÃO DE PLANO DE EVACUAÇÃO
Antes de realizar uma determinada atividade, deverá informar-se junto das entidades ope-
racionais ou dos operadores, se existe ou não plano de evacuação em caso de incêndio,
para a atividade que se vai realizar.
Este documento fornece um conjunto de informações e procedimentos que serão muito úteis
em caso de incêndio e que deverão ser seguidos na íntegra, garantido assim deste modo a
segurança dos praticantes.
Quando a atividade não é realizada num circuito “fechado”, torna-se mais difícil a im-
plementação de um plano de evacuação, no entanto quando é o caso, deve ser uma das
primeiras informações a serem consultadas, principalmente se a zona onde se vai praticar
a atividade tem um grande risco de incêndio.
Durante a realização de uma qualquer atividade, numa zona de grande risco de incêndio
rural, há dois momentos em que a atitude de qualquer praticante ou conjunto de pratican-
tes tem de ser de prevenção e grande proatividade. O primeiro momento, diz respeito à
postura que deve ser adotada “sem incêndio”, o segundo é a postura a adotar “com
incêndio”.
66
POSTURA A ADOTAR SEM INCÊNDIO
Para além dos procedimentos que já foram referidos anteriormente, ter em atenção os se-
guintes aspetos:
• Faça um pequeno estudo da área onde vai desenvolver a atividade antes de se deslocar
para a mesma (avalie o terreno e a Toponímia);
• Caso se desloque em veículo particular para a zona onde vai realizar a atividade,
assegure-se que este fica devidamente estacionado numa zona segura, com os vidros
totalmente fechados e fundamentalmente, que não está a impedir a circulação nas vias
de comunicação de qualquer tipo de veículo de combate a incêndios rurais;
• À medida que desenvolve a sua atividade, vá identificando locais que possam funcionar
como local de refúgio temporário ou zona de segurança. Uma zona de segurança, é
um local onde se poderá resguardar e aguentar a passagem da frente de chamas, sem
sofrer ferimentos;
• Certifique-se que tem os contactos das entidades locais ou operadores para que em
caso de emergência, possa facilmente contatá-los.
67
POSTURA A ADOTAR COM INCÊNDIO
Por muito pequeno que o incêndio possa parecer, não o deve subestimar e adotar sempre
uma postura “defensiva”, no sentido de se colocar em segurança o quanto antes. Muitos
dos acidentes registados durante os incêndios rurais, ocorreram em incêndios relativamente
pequenos, principalmente porque foi menosprezado o seu potencial.
• Em primeiro lugar deve manter a calma e se estiver muito próximo do incêndio, contatar
as autoridades ou operadores para os informar desse facto e solicitar indicações;
• Deve retirar-se do local em que se encontra para uma zona segura, sem nunca aban-
donar o trilho e embrenhar-se na vegetação. Poderá sair do trilho caso verifique a
existência de algum caminho e esteja seguro de que essa opção não constitui um risco
acrescido;
• Evite realizar atividades que sejam coincidentes com o final do dia, principalmente em
locais que para si são desconhecidos. A falta de conhecimento do terreno, nomeada-
mente no que diz respeito aos acessos, trilhos e ao seu estado de conservação, assim
como da existência de elementos que possam constituir ameaças, são um fator de risco,
o que associado ao incêndio agravam a situação de perigo;
• Se o incêndio estiver muito próximo deve proteger-se do calor. Evite estar de t-shirt junto
das chamas, se tiver uma camisola de manga comprida, vista-a para se proteger da
radiação;
• Proteja as vias respiratórias utilizando um pano a tapar a zona das vias aéreas;
68
• Esteja atento às mudanças de direção e intensidade do vento. Pode facilmente verificar
essas alterações através da observação da coluna de fumo. Se estiver numa zona para
a qual a coluna está inclinada, tente sair dali o mais rápido possível, pois o potencial
do incêndio progredir para esse local ou aí caírem partículas a arder é muito grande;
• Se está num local a meia encosta e o incêndio vem de montante, terá mais tempo para
se colocar em segurança, o que já não acontece se o incêndio evolui encosta acima
ou na base de uma linha de água. Nesta situação é crítico sair o quanto antes do local
onde se encontra;
• Não se esqueça que com as alterações socioculturais e o êxodo das populações para
os grandes centros urbanos, os terrenos agrícolas deixaram de fazer a compartimenta-
ção e proporcionar zonas seguras, principalmente onde existiam culturas de regadio;
69
• Se encontrou outras pessoas pelo caminho, que estão na mesma situação e caso já
tenha recebido indicações das autoridades, transmita-lhes essas informações, informe
as autoridades desse facto e sigam todos juntos até ao local seguro;
70
2.4. EVACUAÇÕES E CONFINAMENTOS
Quando estão pessoas em risco, as autoridades podem tomar uma opção isoladamente
ou duas em conjunto, para garantir a segurança das mesmas. Estas opções, devem ser
tomadas após uma análise detalhada à zona do sinistro e ao comportamento do fogo, e
compreendem a opção de confinamento e de evacuação da população.
A opção de confinamento deve ser sempre considerada como a primeira hipótese em de-
trimento da evacuação. O confinamento apresenta algumas vantagens em relação à eva-
cuação, uma vez que não implica a necessidade de meios, para deslocar as pessoas a
grandes distâncias, de uns locais para outros, e de ter que haver um sítio, para recolocar
as pessoas. No confinamento não existe o risco, de durante a evacuação, as pessoas e os
meios poderem ser atingidos pelo incêndio.
O confinamento, consiste então em reunir as pessoas num sítio específico, que garanta
condições de segurança e com dimensões adequadas ao número de pessoas que se pre-
tende proteger. Deverá ser um local seguro, onde não exista perigo de ser atingido pelo
incêndio, estanque e que garanta condições de conforto e higiene às pessoas. Dependendo
da tipologia de construção, numa aldeia, normalmente a igreja, a capela, edifícios em al-
venaria, a junta de freguesia, etc., poderão ser locais adequados para o confinamento total
ou parcial da população. Caso a tipologia de construção o permita e estejam reunidas as
condições de segurança, a população poderá ser confinada nas suas próprias habitações.
A evacuação consiste na retirada de pessoas, de um local que já foi ou pode vir a ser
atingido por um incêndio rural, para um outro, que não tenha risco de ser atingido e no
qual, as pessoas possam ficar em segurança. Em função da evolução do incêndio, e das
condições do local onde as pessoas se encontram, pode existir necessidade de efetuar
uma evacuação parcial (evacuar crianças, idosos, pessoas com dificuldades respiratórias
71
ou mobilidade reduzida) ou uma evacuação total (evacuar toda a população). Para tal, é
necessário que seja planeada atempadamente e que o incêndio ainda se encontre distante,
dada a logística envolvida.
De acordo com o Despacho n.º 3317-A/2018, que regulamenta o SGO, quem tem compe-
tência para decidir a realização de evacuações ou confinamento de pessoas é o Coman-
dante das Operações de Socorro (COS). O COS é apoiado pelos Comandantes de Setor
(CS), Comandantes de Frente (CF) e Comandantes de Área de Intervenção Municipal (CA),
que garantem a segurança e apoio à evacuação de pessoas das áreas que poderão vir a
ser afetadas pelos incêndios ou que já o foram.
72
LOCAIS DE REFÚGIO TEMPORÁRIO
Quando não é possível chegar ao local indicado pelas autoridades ou operadores, e onde
posteriormente se vai proceder ao confinamento ou à evacuação das pessoas, deve-se
tentar encontrar um local de refúgio temporário. O local de refúgio temporário, é um
sítio pré-planeado e que deverá estar devidamente assinalado, em que as pessoas podem
ficar refugiadas e temporariamente abrigadas, quando os caminhos de acesso à Zona de
Segurança ficam comprometidos.
Estes locais permitem desenvolver um plano alternativo para sobrevivência numa situação
em que há uma alteração brusca do comportamento do incêndio.
Caso esteja a praticar uma atividade que envolva a utilização de um carro, e no caso de
ficar cercado, este poderá funcionar como local de refúgio temporário. Deve escolher no tro-
ço da via, uma zona onde a carga de combustível seja menor e manter o carro a trabalhar,
os vidros fechados e a circulação interna de ar do veículo a funcionar. Deve aí permanecer
até que já não seja seguro manter-se dentro do carro.
73
3. MEDIDAS DE PREPARAÇÃO,
AUTOPROTEÇÃO E SEGURANÇA
3. MEDIDAS DE PREPARAÇÃO, AUTOPROTEÇÃO E SEGURANÇA
O Turismo em Portugal constitui-se com uma das principais fontes de receitas para o país,
sendo nos últimos anos considerado, internacionalmente, como o melhor destino do mundo
ganhando vários prémios em diversas categorias associadas ao Turismo.
Esta notoriedade, traduz-se na visita de vários milhões de turistas ao nosso país, situação
que aliada ao risco de incêndio, deverá obrigar os decisores e os stakeholders a fomentar
medidas de autoproteção para estes novos atores sociais.
76
2015, foi adotado o Quadro de Ação de Sendai para a Redução do Risco de Catástrofes
2015-2030.
O principal objetivo definido para o atual ciclo de 15 anos é “prevenir novos riscos e re-
duzir os riscos de catástrofes existentes, através da implementação de medidas integradas
e inclusivas ao nível económico, estrutural, legal, social, da saúde, cultural, educacional,
ambiental, tecnológico, político e institucional, para prevenção e redução da exposição a
perigos e vulnerabilidades a catástrofes, aumentar o grau de preparação para resposta e
recuperação, e assim reforçar a resiliência”.
77
De acordo com a Plataforma Nacional de
Redução de Risco de Catástrofes (2017), os
diferentes stakeholders devem trabalhar em
conjunto, criando oportunidades de coope-
ração, juntando sinergias, partilhando infor-
mação e divulgando-a, tanto quanto possí-
vel. A atividade empresarial deve integrar a
redução do risco nas suas práticas normais
de gestão, com vista ao aumento da sua re-
siliência organizacional, onde é fundamental a sensibilização e informação de todos os
direta ou indiretamente envolvidos.
78
Pretendeu-se, em simultâneo, suscitar um maior envolvimento dos cidadãos, estimulando a
participação das populações e reforçando a consciência coletiva de que a proteção e a
segurança são responsabilidade de todos e para todos – sendo que tal propósito apenas se
torna possível de alcançar quando acompanhado pela adoção de medidas apropriadas a
uma redução efetiva do risco dos aglomerados e populações aí residentes.
79
autoproteção e realização de simulacros de planos de evacuação, em articulação com as
autarquias locais”, e estipula a criação de “uma rede automática de avisos à população em
dias de elevado risco de incêndio, com o objetivo da emissão de alertas para proibição do
uso do fogo, bem como outras atividades de risco e ainda medidas de autoproteção, dirigi-
das para públicos específicos”. É, pois, este programa, que orientará o presente trabalho.
Este programa constitui um ponto de partida para que os responsáveis possam ter uma ân-
cora na estruturação das medidas que melhor se adequam ao seu modelo de negócio e ao
grau ou nível de risco a que estão expostos. De igual modo, as medidas de autoproteção
previstas na segurança contra incêndios em edifícios (DL n.º 220/2008 de 12 de novem-
bro, na sua última alteração o DL n.º 123/2019 de 18 de outubro) e a utilização de Planos
Especiais de Segurança podem ser adaptadas na mesma lógica.
80
O objetivo é dotar as Organizações com competências mínimas e autonomia suficiente, que
lhes permitam identificarem potenciais situações que possam vir a ocorrer (eliminando-as
ou reduzindo-as) ou, na sua impossibilidade, adotar medidas ou estabelecer protocolos que
reduzam o seu impacto quando acontecerem.
81
Desta forma, a Organização pondera todos os prós e contras do desenvolvimento das
atividades em co-associação com os riscos existentes no espaço em que o seu negócio se
desenvolve, estabelecendo de imediato o valor mínimo pelo qual não se justifica continuar
a desenvolver determinada atividade e introduzindo alternativas mais seguras.
O risco quantificado deve ser então confrontado com as medidas já implementadas pela
Organização, de modo a perceber se essas medidas permitem uma redução do impacto e/
ou da probabilidade, que permita desta forma trazer a quantificação do risco para um nível
abaixo do apetite de risco1 da Organização.
Caso a estratégia seja de aceitar o risco (por exemplo por falta de recursos ou falta de
solução técnica), então, esta decisão deverá ser comunicada a todas as partes
interessadas (clientes, trabalhadores, fornecedores, etc.), de modo a estarem conscientes
da situação.
82
2. Identificar os aglomerados, locais ou rotas, que se encontram localizados nas classes de
perigo de incêndio mais elevadas e promover a sua georreferenciação cartográfica.
3. Para cada aglomerado populacional, locais ou rotas identificadas, efetuar uma análise
da sua caracterização:
• Distribuição da população por faixa etária, mobilidade física, estado de saúde (capaci-
dade auditiva, capacidade visual, saúde mental) e nacionalidade;
83
• Rede viária florestal.
• Tipo de ocupação (ex. 1.ª ou 2.ª habitação; hotel, estalagem, armazém agrícola; co-
mércio; oficina; palheiro, tendas etc.);
• Largura das ruas e pontos de viragem (interior dos aglomerados; vias de acesso a habi-
tações isoladas; monumentos; pontos de interesse; etc.);
84
Nível de aplicabilidade da legislação em vigor:
85
3.2. EDUCAÇÃO, SENSIBILIZAÇÃO E CAPACITAÇÃO
Apesar desta indicação mencionar o risco de incêndio rural, facilmente se pode estender
este conceito também aos restantes riscos presentes no território em que se está a intervir.
Neste capítulo procura-se ir mais além do que sensibilizar e/ou informar, procura-se que o
público-alvo possa adquirir competências ao nível do saber-saber, mas também do saber-fa-
zer. Competências que permitam o público-alvo ser autónomo, líder e exemplo a seguir, ter
capacidade de fazer escolhas conscientes, lógicas e baseadas na melhor/última informa-
ção disponível para lidar com qualquer tipo de risco que ameace o território.
Para o efeito, as entidades devem levar a cabo uma série de atividades, por iniciativa
própria ou em parceria (público/privado), ao longo do ano, com públicos-alvo dife-
renciados ou identificando situações passíveis de resolução, de modo a preparar o
território e as comunidades.
86
Para o efeito, as Organizações devem ter presentes os seguintes objetivos e metas:
Objetivo
Meta
87
cantes de pedestrianismo, BTT ou desportos de montanha; ocupantes de estabelecimen-
tos de turismo rural), etc.;
• Difundir material didático sobre medidas de autoproteção para o risco de incêndios ru-
rais, adaptado à realidade específica dos territórios do Município, das diferentes faixas
etárias, nacionalidades e etnias e às características da sua população;
_Colocar informação e sinalética nos aglomerados rurais localizados nas zonas com
risco de incêndio rural mais elevado;
88
Figura 35. Folheto tríptico “Aldeia Segura Pessoas Seguras” - Versão inglês
89
Figura 36. Folheto quadrado “Se organiza um Festival, organize os planos de emergência.”
90
Figura 37. Folheto quadrado “No calor do Festival tem cuidado com o Fogo.”
91
Figura 38. Folheto quadrado “Se é responsável pelo Parque, seja responsável pela segurança.”
92
Figura 39. Folheto quadrado “Na época de incêndios, não dê barraca.”
93
Figura 40. Folheto quadrado “Ponha os seus clientes no bom caminho, alerte-os para os perigos do Fogo.”
94
Figura 41. Folheto quadrado “A pé ou de bicicleta, vá pelo seguro.”
95
Ao nível da prevenção estrutural e material:
96
• Avaliar/reforçar o sistema público de distribuição de água, de modo a acautelar a sua
operacionalidade mesmo nas situações de maior pressão ao nível dos consumos;
• Dotar as rotas pedestres, rotas históricas, aldeias históricas, parques de campismo, par-
ques de caravanismo, locais de festivais, etc., com infografia de sinalização de emer-
gência (direção, distância das localidades e locais de abrigo, contacto de emergência,
estou aqui georreferenciado e em material ignífugo).
O conjunto de iniciativas levadas a cabo pelas diversas entidades, por iniciativa própria
ou em parceria (público/privado), tornarão as comunidades mais resilientes, autónomas
e participativas na defesa do património material e imaterial presente nos seus territórios.
97
3.3. IMPLEMENTAÇÃO DE SISTEMAS DE ALERTA
Nesse sentido, os avisos poderão ser enviados à população através de diversas formas (ex.
voz, sinais sonoros, texto ou imagens), cada uma com as suas capacidades e limitações,
devendo ser escolhidas aquelas que, em cada caso, melhor se adaptem às características
locais e, assim, sejam mais eficazes para os fins pretendidos.
Para além dos mencionados no quadro guia em anexo, são válidas todas as formas que
permitam às populações, clientes e/ou utilizadores terem, prévia ou a qualquer momento,
informação relacionada com o nível de risco de incêndio rural, quer o aconselhamento
quanto a medidas de autoproteção a adotar em tempo real.
98
Importa ressalvar que não há métodos melhores do que outros, importa sim é que a comuni-
cação do risco seja eficaz e chegue ao público-alvo pelo qual a Organização é responsável.
99
3.4. MEDIDAS DE AUTOPROTEÇÃO E SEGURANÇA
Tendo como referencial o guia de apoio à implementação de aldeia segura, pessoas segu-
ras (2018), o abrigo ou refúgio coletivo (consoante se trate de espaço fechado ou aberto,
respetivamente) é um local seguro, muitas vezes dentro do aglomerado e poderá ser a
opção mais adequada face à aproximação de um incêndio rural, ao permitir resguardar as
pessoas do calor (da exposição direta às chamas ou à radiação) e do fumo, bem como da
projeção de objetos transportados pelo ar.
Com efeito, as construções mais recentes são, em regra, um local seguro desde que elas
próprias e a sua envolvente sejam mantidas em boas condições, limpas de mato e com uma
gestão de combustível ativa, de modo a proporcionar maior segurança. O mesmo se aplica
a espaços amplos no interior dos aglomerados, desde que evidenciem as mesmas condições
de segurança.
Neste sentido, os serviços municipais de proteção civil (SMPC), com o apoio das Freguesias
e dos representantes das populações, devem identificar espaços comuns (ex.: pavilhões/
polidesportivos, igrejas, piscinas, escolas, salões polivalentes, centros comunitários, equipa-
mentos públicos, etc.) ou edifícios habitacionais de fácil acesso dentro do aglomerado, que
sejam mais resistentes à ignição e que estejam dotados de condições para funcionar como
abrigo. Tais espaços não terão que possuir uma área muito grande – nalguns pequenos
aglomerados, por exemplo, uma casa poderá ser suficiente para acolher um número limita-
do de pessoas por um período até 1 hora.
De igual modo, deverão também ser identificados possíveis locais de refúgio em espaços ao
ar livre (ex. campos de futebol, adros de igreja, praças centrais, largos amplos, recintos de
feiras, tanques, lavadouros, piscinas, etc.) desde que afastados da vegetação e facilmente
acessíveis.
100
Caso se trate de um aglomerado de médias/grandes dimensões, ou em que a mobilidade
dos residentes seja limitada, será preferível identificar mais que um local de abrigo ou refú-
gio, distribuídos pelo aglomerado, de modo a poderem constituir alternativas em caso de
emergência.
Por outro lado, poderão ser potencializados locais, que ao longo dos percursos, trilhos,
rotas ou caminhos possam, com pequenas intervenções de redução de combustível ou pe-
quenas obras serem sinalizadas como pontos utilizáveis.
O abrigo coletivo tenderá a ser um espaço fechado que se destina a acolher as pessoas
antes ou durante a passagem do fogo, proporcionando segurança aos seus utilizadores.
O abrigo pode ser constituído por uma construção já existente ou construída de raiz para
este efeito.
Para a escolha de um local seguro que possa ser utilizado como abrigo coletivo, deverão
ser considerados como preferenciais os indicados nos pontos seguintes (requisitos válidos
para a preparação individual de habitação/indústria/turismo, etc.):
• Localização fora do cimo de uma encosta ou num desfiladeiro (a menos que existam
outros fatores que garantam a segurança do espaço);
101
• Existência de faixa de proteção na envolvente onde foi assegurada a devida gestão de
combustível;
• Existência de telhado composto de material não combustível, como por exemplo, azule-
jos, ardósia ou cimento, e isolamento interno ignífugo;
• Existência de portas e janelas herméticas (mas que se possam abrir de modo diferencia-
do para ventilar), com caixilharia à prova de fogo e, no caso das janelas, protegidas
com persianas ou portadas;
• Existência de pelo menos dois acessos de entrada/saída (em fachadas diferentes), com-
plementados com portas que reduzam a passagem de calor e fumo e que abram para
o exterior;
102
• Ausência de escadas íngremes e de portas estreitas ou baixas que possa constituir obs-
táculo à mobilidade (nos abrigos construídos de raiz, não deverão existir escadas, mas
rampas, nos acessos);
Ao chegar ao abrigo, os cidadãos deverão ter acesso a meios para satisfazer as suas ne-
cessidades básicas e a salvaguarda necessária para sua segurança e bem-estar.
Como tal, estes locais deverão estar providos de condições básicas que permitam a algu-
mas dezenas de pessoas permanecer no seu interior durante a passagem do incêndio (tipi-
camente, o tempo de passagem de uma frente de chama é inferior a 30 minutos, embora
haja relatos de durações superiores, em casos de uma envolvente particularmente perigosa).
Assim, será importante que os mesmos estejam dotados de um kit de abrigo, contendo al-
guns artigos básicos.
O Município deverá identificar a entidade/pessoa que ficará responsável por manter tal
kit operacional durante os períodos de maior risco de incêndio, assegurando também a
verificação periódica (por exemplo, em maio de cada ano) das condições do abrigo e sua
envolvente.
103
CONSTITUIÇÃO DO KIT DE ABRIGO COLETIVO
• Reserva de água engarrafada (1 litro por pessoa) e alimentos não perecíveis (ex. bola-
chas);
• Itens de higiene;
• Apito ou outro equipamento que emita um som forte e permita sinalizar o local a tercei-
ros, durante a noite ou em momentos de difícil visibilidade.
As medidas de autoproteção visam dotar os atores sociais com competências mínimas (pre-
ventivas ou reativas), que lhes permitam garantir a sobrevivência e/ou minimizar efeitos
nocivos à sua saúde quando confrontados com situações de risco iminente.
104
SE ESTIVER PRÓXIMO DE UM INCÊNDIO:
• Se não correr perigo e possuir vestuário adequado (tipicamente roupa de manga com-
prida, botas e luvas), tente extingui-lo com pás, enxadas ou ramos;
• Não prejudique a ação dos Bombeiros, Sapadores Florestais e outras forças de socorro
e siga as suas instruções;
• Se o incêndio estiver perto da sua casa, avise os vizinhos, corte o gás e molhe abundan-
temente as paredes e os arbustos que rodeiam a casa.
• Avise os vizinhos;
• Caso tenha condições de segurança, desligue e retire as botijas de gás para um local
seguro;
• Afaste o que possa arder junto às janelas e coloque toalhas molhadas nas frestas;
105
• Se não correr perigo, apague pequenos focos de incêndio com água, terra ou ramos
verdes.
• Se não estiver próximo, procure uma zona preferencialmente plana, com água ou com
pouca vegetação;
• Respire junto ao chão, se possível através de um pano molhado, para evitar inalar o
fumo;
106
TER PREPARADO UM KIT DE EVACUAÇÃO ONDE CONSTEM ARTIGOS ESSENCIAIS A UTI-
LIZAR EM CASO DE EMERGÊNCIA:
• Dinheiro;
• Manter livres as saídas de cada divisão e do edifício, sem objetos a bloquear a passa-
gem;
107
EM CASO DE EVACUAÇÃO PREVENTIVA, EFETUADA COM ANTECEDÊNCIA PARA O EXTE-
RIOR DO AGLOMERADO:
• Manter a calma;
• Fechar as portas e janelas à medida que sai para fora da edificação, bem como ou-
tras aberturas (ex. grelhas de ventilação) que possibilitem a entrada de faúlhas para o
interior;
• Afastar as cortinas e sofás que estejam junto às janelas e retirar o mobiliário de jardim,
lonas e lenhas que estejam nos alpendres ou junto à edificação;
• Desligar e retirar as botijas de gás para um local seguro, por exemplo mergulhando-as
dentro de tanques para minimizar o risco de explosão;
108
• Regar a envolvente à edificação (em especial o lado virado para a frente do incêndio)
e o respetivo telhado;
• Manter a roupa seca (a água é uma substância muito condutora pelo que a roupa mo-
lhada aquece rapidamente, podendo aumentar a gravidade das queimaduras);
• Escolher sempre o caminho de saída da edificação mais seguro (o que tiver menos fumo
e calor). Se estritamente necessário, atravessar os espaços com fumo da forma mais
próxima do chão possível;
• Dirigir-se rapidamente aos locais de abrigo ou refúgio coletivo mais próximos definidos
no interior do aglomerado. Não voltar atrás, até ordem em contrário.
109
EM CASO DE CONFINAMENTO NA EDIFICAÇÃO, CASO NÃO SEJA POSSÍVEL A FUGA
PARA ABRIGO OU REFÚGIO COLETIVO:
• Manter a calma;
• Afastar as cortinas e sofás que estejam junto às janelas e retirar o mobiliário de jardim,
lonas e lenhas que estejam nos alpendres ou junto à edificação;
• Caso tenha condições de segurança, desligar e retirar as botijas de gás para um local
seguro (ex. mergulhando-as dentro de tanques para minimizar o risco de explosão);
• Fechar portas, janelas e outras aberturas (ex. grelhas de ventilação) que possibilitem a
entrada de faúlhas para o interior;
• Procurar abrigo nas divisões do extremo oposto da edificação em relação ao lado por
onde o incêndio se está a aproximar;
110
• Utilizar o telemóvel apenas quando imprescindível;
111
ANEXOS
Anexo I - Lista de tarefas de avaliação de pontos críticos
Cruzar o mapa de distribuição dos aglomerados populacionais, edifícios isolados, rotas pedestres,
rotas históricas, aldeias históricas, parques de campismo, parques de caravanismo, locais de
festivais, etc., com a carta de perigosidade de incêndio, estabelecida no Plano Municipal de
Defesa da Floresta Contra Incêndios (ou documento oficial seu sucedâneo)
Identificar os aglomerados, locais ou rotas, que se encontram localizados nas classes de perigo de
incêndio mais elevadas e promover a sua georreferenciação cartográfica
Distribuição da população por faixa etária, mobilidade física, estado de saúde (capacidade
auditiva, capacidade visual, saúde mental) e nacionalidade
Existência de população flutuante sazonal (ex. emigrantes, turistas, número previsto de clientes,
etc.)
Caracterização de acordo com a sua envolvente (localização [meia encosta, fundo de vale, etc.],
nível de exposição face ao sentido de maior propagação de um eventual incêndio, extensão da
interface entre a área construída e a floresta/mato)
Tipo de ocupação (ex.: 1.ª ou 2.ª habitação; hotel, estalagem, armazém agrícola; comércio;
oficina; palheiro, tendas etc.)
114
Presença de áreas incultas ou de espaços ou áreas florestais/rurais no interior do aglomerado
populacional
Grau de concentração/dispersão do casario
Número e distribuição de habitações onde vivem acamados ou pessoas com mobilidade reduzida
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Anexo II - Educação e sensibilização de agentes e comunidades alvo
Limpeza da interface entre zonas industriais e áreas de floresta/mato, bem como à limpeza de
vegetação espontânea nas bermas das estradas municipais
Identificar zonas adequadas para garantir o abrigo coletivo ou o refúgio de pessoas e definir/
implementar mecanismos para evacuação do aglomerado
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Quadro Guia - Canais de comunicação para disseminação de avisos
Necessitam de
Complementar manutenções e
O Utilizados para
avisos, caso estejam substituições periódicas, Atualização da
comunicar diretamente
em locais de de forma a garantir informação pode ser
com o público, de modo
fácil visibilidade. boas condições de efetuada por elementos
a sinalizar zonas ou
Utilizados no âmbito legibilidade das dos Municípios (SMPC
Sinais de períodos de risco e a
de uma campanha mensagens, atualização e GTF), Freguesias,
aviso/ indicar os procedimentos
de sensibilização diária da informação. agentes de proteção civil,
Placards de proteção face a
pública, permitindo Limitação de apenas membros de organizações
informativos um incêndio rural. Em
que as pessoas que poderem ser usados para de voluntários ou
zonas frequentadas por
os vêm regularmente sensibilização preventiva/ (desejavelmente) pelos
turistas, as mensagens
possam apreender o informat iva e não para Oficiais de Segurança
indicadas nos sinais
que devem fazer na induzir um comportamento Local.
devem ser multilingues.
iminência do perigo. reativo de natureza
imediata.
É demorado e dispendioso
por exigir a alocação
Utilizado em áreas Elementos dos agentes
de um elevado número
pouco povoadas ou de proteção civil (ex.:
de pessoas, é necessário
em áreas onde não Forças de Segurança)
O contacto pessoal planear a forma de
exista cobertura através ou de outras entidades
tem a grande percorrer toda a área
de outros canais de (Municípios, Freguesias,
vantagem de ser o de risco, ensaiando
Porta-a- Porta comunicação. Nestas paróquias, escuteiros,
método que melhor o percurso de modo
situações, o contacto serviços de ação social,
persuade as pessoas a determinar o tempo
porta-a- porta poderá ser voluntários, etc.). A
da existência de risco. necessário para avisar
uma opção a explorar, utilização dos Oficiais de
a população, bem como
por ir ao encontro dos Segurança Local poderá
os meios necessários
cidadãos. ser uma mais-valia.
para executar este
procedimento.
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É demorado e dispendioso
por exigir a alocação
Utilizado em áreas Elementos dos agentes
de um elevado número
pouco povoadas ou de proteção civil (ex.:
de pessoas, é necessário
em áreas onde não Forças de Segurança)
O contacto pessoal planear a forma de
exista cobertura através ou de outras entidades
tem a grande percorrer toda a área
de outros canais de (Municípios, Freguesias,
vantagem de ser o de risco, ensaiando
Porta-a- Porta comunicação. Nestas paróquias, escuteiros,
método que melhor o percurso de modo
situações, o contacto serviços de ação social,
persuade as pessoas a determinar o tempo
porta-a- porta poderá ser voluntários, etc.). A
da existência de risco. necessário para avisar
uma opção a explorar, utilização dos Oficiais de
a população, bem como
por ir ao encontro dos Segurança Local poderá
os meios necessários
cidadãos. ser uma mais-valia.
para executar este
procedimento.
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A App poderá ser
desenvolvida pelo
Município/entidades. O
Necessidade de uma boa
Forte implantação aviso por App pressupõe
cobertura de Wi-Fi ou
de smartphones a existência de ações
A geolocalização de transmissão de dados
na população de sensibilização junto
permite tornar a App via GPS-R com naturais
App em portuguesa, tornando da população alvo,
uma boa possibilidade custos para o utilizador.
Smartphone esta solução atrativa, eventualmente envolvendo
para o seu uso no aviso Reduzida capacidade/
por exemplo para a as entidades publico
à população. conhecimento para a sua
divulgação do risco e e privadas, visando
utilização por parte da
incêndio. divulgar a existência
população mais idosa.
da App e fomentar o
seu carregamento no
aplicativo móvel.
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Anexo III - Requisitos para um local de Abrigo
Existência de faixa de proteção na envolvente onde foi assegurada a devida gestão de combustível
Existência de telhado composto de material não combustível, como por exemplo, azulejos, ardósia
ou cimento, e isolamento interno ignífugo
Existência de telhados, algerozes, parapeitos e esquinas limpas de detritos vegetais, isto é, sem
folhas secas, caruma, ramos ou musgo
Existência de pelo menos dois acessos de entrada/saída com portas que reduzam a passagem de
calor e fumo e que abram para o exterior
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Existência de acessibilidade para cadeiras de rodas e pessoas com mobilidade reduzida
Colocação de sinalização específica nos acessos aos locais de abrigo ou refúgio coletivo
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Anexo IV - Constituição do kit de Abrigo Coletivo (armazenados em caixas ou mochilas)
Reserva de água engarrafada (1 litro por pessoa) e alimentos não perecíveis (ex. bolachas)
Itens de higiene
Apito ou outro equipamento que emita um som forte e permita sinalizar o local a terceiros, durante
a noite ou em momentos de difícil visibilidade
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124