Art 12
Art 12
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Documento produzido em 16-01-2010
2008
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RESUMO
A depressão é um síndrome frequente e que afecta uma larga percentagem da população geral
(Kessler et al, 2003, citado por Overholser, 2006). Tratando-a como uma perturbação de humor, a
comunidade científica coloca os antidepressivos na primeira linha de tratamento desta ‘doença’.
Contudo, inúmeros estudos demonstram que não existem drogas que especificamente mitiguem a
depressão, nem uma ‘síndrome bioquímica da depressão’ (contrariamente ao que dizem as
companhias farmacêuticas e certa literatura psiquiátrica), e que a eficácia dos antidepressivos pode
ser facilmente equivalente ao do placebo.
DESENVOLVIMENTO
Existe poucas evidências empíricas que comprovem que a depressão é causada por um
desequilíbrio químico (Overholser, 2006).
Define-se como um placebo qualquer produto quimicamente inerte ou, pelo menos, não
contendo o princípio activo indicado para a situação na qual é administrado. Naturalmente o
placebo actua com base em diversas características que passam desapercebidas aos mais
desatentos, como a cor, forma de administração, local, contexto, etc.
Segundo Kirsch (2007), “a diferença entre o efeito dos anti depressivos e o efeito placebo
é tão pequena que não chega a ter significado clínico”. “Só a expectativa pode provocar
melhorias significativas na pessoa”. Um
estudo levado a cabo por este investigador em
2002 sobre os dados estatísticos relativos a
todos os anti depressivos aprovados pela
entidade reguladora dos fármacos nos EUA (a
Food and Drugs Administration) revelou que Photo by Craig Cutler, The New York Times
cerca de 80 por cento dos efeitos considerados terapêuticos são, na verdade, efeitos placebo
(Almeida, 2007).
Num estudo meta-analitico publicado (Junho de 1999), Kirsch e Guy Sapirstein analisaram
19 testes clínicos de anti depressivos (como Tricíclicos e Tetracíclicos) e concluíram que as
expectativas de melhoras, decorrentes do efeito placebo, e não ajustes na química do cérebro,
foram responsáveis por 75% por cento da eficácia das drogas (Carroll, 2007). "O factor crítico,"
afirma Kirsch, "são as nossas crenças do que irá ocorrer no nosso caso. Não é preciso confiar nas
drogas para ver uma profunda transformação" (Kirsch, 2007). Num estudo anterior, Sapirstein
analisou 39 estudos, feitos entre 1974 e 1995, de pacientes depressivos tratados com drogas,
psicoterapia, ou uma combinação de ambos, descobrindo que 50 por cento do efeito das drogas
se deve à resposta placebo (Carroll, 2007). De acordo com Kirsch (2007), “a adição de uma
substância activa à expectativa produz uma melhoria que é muito ligeira”, referindo mesmo que
“este pequeno efeito de melhoria através da substância activa só se observa nas depressões mais
severas”. Naquelas que são mais moderadas, não há, sequer, “diferenças entre o efeito placebo e
a administração da substância activa”.
De facto, os restantes 25% do resultado positivo podem ser gerados pelo efeito do placebo
activo, que se encontra relacionado com o facto de que os antidepressivos, ao contrário dos
placebos, detém sintomas secundários evidentes, levando os sujeitos a afirmar que o fármaco
possui um maior efeito terapêutico, sendo direccionadas para o velho princípio da “venda da
banha da cobra”, de que algo de que produza efeitos fortes é a “verdadeira salvação” dos
deprimidos.
As crenças e esperanças de uma pessoa sobre um tratamento, combinadas com a sua
sugestibilidade, podem ter um efeito bioquímico significativo. Sabemos que as experiências
comprovar. Os fármacos frequentemente demonstram não ser mais efectivos do que comprimidos
de açúcar, ou placebos, e mesmo para obter tais conclusões limitadas, os ensaios clínicos e dados
que geram tipicamente devem ser demonstrados eficácia em estudos durante mais do que quatro
semanas ou meses. No campo geral da psicopatologia, e no caso específico da depressão, o efeito
placebo desempenha uma importância vital.
Bibliografia
2.Breggin, P. & Cohen, D. (2000). Your drug may be your problem. USA: Da Capo Press
4.Overholser, J. (2006). Panacea or Placebo: The Historical Quest for Medication to treat
Depression. Springer Science nº 36: 183-190
Recursos Internet:
3.Pires, C. (2007) Entrevista à Revista Saúde & Lar nº 721 (Novembro 2007). Retirado em
Janeiro, 13 de 2008 da fonte: http://www.saudelar.com/
4.Talbot, M. (2000). The Placebo Prescription. The New York Times (January 2000).
Retirado da fonte: http://www.nytimes.com