Cruzsacrificiounicooudiario
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Índice
Introdução 6
1ª parte – O sacrifício de Jesus e Sua conquista 10
A cruz foi o centro da missão de Jesus 12
Jesus preparou Seus discípulos para o Seu sacrifício e se preparou para ele 20
A experiência da cruz 26
O tempo que Jesus ficou no inferno 33
A salvação dos pecadores (Cristo nos substituiu) 37
A revelação do caráter de Deus – amor e justiça 45
A vitória sobre o mal 53
Novo relacionamento com Deus 61
Revisão da primeira parte 64
2ª parte – A nossa cruz e a nossa conquista 66
Epílogo 73
Oração 73
Referências bíblicas 75
5
INTRODUÇÃO
Rm 5: 8: “Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo
morrido por nós, sendo nós ainda pecadores”.
Ef 5: 2: “e andai em amor, como também Cristo nos amou e se entregou a si mesmo
por nós, como oferta e sacrifício a Deus, em aroma suave”.
1 Ts 5: 10: “que morreu por nós para que, quer vigiemos, quer durmamos, vivamos
em união com ele”.
Tt 2: 14: “o qual a si mesmo deu por nós, a fim de remir-nos de toda a iniqüidade e
purificar, para si mesmo, um povo exclusivamente seu, zeloso de boas obras”.
A bíblia diz também que a mensagem da cruz é loucura para os que não crêem, mas
poder para os que crêem (1 Co 1: 18; 23-24). Como está escrito em Cânticos 2: 3,
devemos desejar estar à Sua sombra, deixando que o amor daquele sangue derramado
seja um verdadeiro manto de proteção sobre nós como Seus imitadores (1 Co 11: 1).
Peço ao Senhor Jesus que o meu coração e o seu sejam cada dia mais conscientes
desse sacrifício e inundados de gratidão e amor por Ele, que nos mostrou o que é VIDA.
Amo você em Jesus.
Notas:
• As palavras ou frases colocadas entre colchetes [ ] ou parêntesis ( ), em itálico, foram
colocadas por mim, na maior parte das vezes, para explicar o texto bíblico, embora
alguns versículos já as contenham [não estão em itálico].
• NVI = Nova Versão Internacional (será usada entre colchetes em alguns versículos
para facilitar o entendimento dos leitores).
• A versão evangélica aqui utilizada é a ‘Revista e Atualizada’ de João Ferreira de
Almeida, 2ª ed., Sociedade Bíblica do Brasil.
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1ª parte
Is 50: 6-7: “Ofereci as costas aos que me feriam as faces, aos que me arrancavam os
cabelos; não escondi o rosto aos que me afrontavam e me cuspiam. Porque o Senhor
Deus me ajudou, pelo que não me senti envergonhado; por isso, fiz o meu rosto como
um seixo e sei que não serei envergonhado”.
Is 52: 13-15: “Eis que o meu servo procederá com prudência; será exaltado e
elevado e será mui sublime. Como pasmaram muitos à vista dele (pois o seu aspecto
estava mui desfigurado, mais do que o de outro qualquer, e a sua aparência, mais do que
a dos outros filhos dos homens), assim causará admiração às nações, e os reis fecharão a
sua boca por causa dele, porque aquilo que não lhes foi anunciado verão, e aquilo que
não ouviram entenderão”.
Is 53: 2-12: “Porque foi subindo como um renovo perante ele e como raiz duma
terra seca; não tinha aparência nem formosura; olhamo-lo, mas nenhuma beleza havia
que nos agradasse. Era desprezado e o mais rejeitado entre os homens; homem de dores
e que sabe o que é padecer; e, como um de quem os homens escondem o rosto, era
desprezado, e dele não fizemos caso. Certamente, ele tomou sobre si as nossas
enfermidades e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de
Deus e oprimido. Mas ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas
nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras
fomos sarados. Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava
pelo caminho, mas o Senhor fez cair sobre ele a iniqüidade de todos nós. Ele foi
oprimido e humilhado, mas não abriu a boca; como cordeiro foi levado ao matadouro; e,
como ovelha muda perante os seus tosquiadores, ele não abriu a boca. Por juízo
opressor foi arrebatado, e de sua linhagem, quem dela cogitou? Porquanto foi cortado da
terra dos viventes; por causa da transgressão do meu povo, ele foi ferido. Designaram-
lhe a sepultura com os perversos, mas com o rico esteve na sua morte, posto que nunca
fez injustiça, nem dolo algum se achou em sua boca. Todavia, ao Senhor agradou moê-
lo, fazendo-o enfermar; quando der ele a sua alma como oferta pelo pecado, verá a sua
posteridade e prolongará os seus dias, e a vontade do Senhor prosperará nas suas mãos.
Ele verá o fruto do penoso trabalho de sua alma e ficará satisfeito; o meu Servo, o Justo,
com o seu conhecimento, justificará a muitos, porque as iniqüidades deles levará sobre
si. Por isso, eu lhe darei muitos como a sua parte, e com os poderosos repartirá ele o
despojo, porquanto derramou a sua alma na morte; foi contado com os transgressores;
contudo levou sobre si o pecado de muitos e pelos transgressores intercedeu”.
Jr 31: 34: “Não ensinará jamais cada um ao seu próximo, nem cada um ao seu
irmão, dizendo: conhece o Senhor, porque todos me conhecerão, desde o menor até o
maior deles, diz o Senhor. Pois perdoarei as suas iniqüidades e dos seus pecados jamais
me lembrarei”.
Jesus mesmo falava do nosso resgate por meio da cruz:
Mc 10: 45: “Pois o próprio Filho do Homem não veio para ser servido, mas para
servir e dar a sua vida em resgate por muitos”.
Lc 19: 10: “Porque o Filho do Homem veio para buscar e salvar o perdido”.
Ele, de livre vontade, abraçou o propósito do Pai com o fim de salvar os pecadores:
Jo 6: 38-39: “Porque eu desci do céu, não para fazer a minha própria vontade, e sim
a vontade daquele que me enviou. E a vontade de quem me enviou é esta: que nenhum
eu perca de todos os que me deu; pelo contrário, eu o ressuscitarei no último dia”.
Jesus, na verdade, foi morto obedecendo a um plano humano e a um plano divino
conjuntamente. No plano humano, a cruz foi o resultado da hostilidade dos líderes
nacionais judaicos, pois Jesus era uma ameaça à sua posição e autoridade e, por isso, o
invejavam. Para os romanos, Ele era um revolucionário, alguém que perturbou o ‘status
quo’, por isso, com sua mediocridade, O mataram:
14
Mt 27: 18: “Porque sabia [a bíblia está falando de Pilatos] que por inveja, o tinham
entregado”.
Mc 15: 10: “Pois ele [a bíblia está falando de Pilatos] bem percebia que por inveja
os principais sacerdotes lho haviam entregado”.
Pilatos o entregou à morte, mesmo sabendo ser Ele inocente, por ambição de manter
sua posição e por covardia, pensando em César:
Mt 27: 24-25: “Vendo Pilatos que nada conseguia, antes, pelo contrário, aumentava
o tumulto, mandando vir água, lavou as mãos perante o povo, dizendo: estou inocente
do sangue deste [justo]; fique o caso convosco! E o povo todo respondeu: Caia sobre
nós o seu sangue e sobre nossos filhos”.
Mc 15: 15: “Então, Pilatos, querendo contentar a multidão, soltou-lhes Barrabás; e,
após mandar açoitar a Jesus, entregou-o para ser crucificado”.
Lc 23: 1-7: “Levantando-se toda a assembléia, levaram Jesus a Pilatos. E ali
passaram a acusá-lo, dizendo: Encontramos este homem pervertendo a nossa nação,
vedando pagar tributo a César e afirmando ser ele o Cristo, o rei. Então, lhe perguntou
Pilatos: És tu o rei dos judeus? Respondeu Jesus: Tu o dizes. Disse Pilatos aos
principais sacerdotes e às multidões: Não vejo neste homem crime algum. Insistiam,
porém, cada vez mais, dizendo: Ele alvoroça o povo, ensinando por toda a Judéia, desde
a Galiléia, onde começou até aqui. Tendo Pilatos ouvido isto, perguntou se aquele
homem era Galileu. Ao saber que era da jurisdição de Herodes, estando este, naqueles
dias, em Jerusalém, lho remeteu”.
Lc 23: 20-25: “Desejando Pilatos soltar a Jesus, insistiu ainda. Eles, porém, mais
gritavam: Crucifica-o! Crucifica-o! Então, pela terceira vez, lhes perguntou: Que mal
fez este? De fato, nada achei contra ele para condená-lo à morte; portanto, depois de o
castigar, soltá-lo-ei. Mas eles instavam com grandes gritos, pedindo que fosse
crucificado. E o seu clamor prevaleceu. Então, Pilatos decidiu atender-lhes o pedido.
Soltou aquele que estava encarcerado por causa da sedição e do homicídio, a quem eles
pediam; e, quando a Jesus, entregou-o à vontade deles”.
Jo 19: 6-16: “Ao verem-nos, os principais sacerdotes e seus guardas gritaram:
Crucifica-o! Crucifica-o! Disse-lhes Pilatos: Tomai-o vós outros e crucificai-o; porque
eu não acho nele crime algum. Responderam-lhe os judeus: Temos uma lei, e, de
conformidade com a lei, ele deve morrer, porque a si mesmo se fez Filho de Deus.
Pilatos, ouvindo tal declaração, ainda mais atemorizado ficou, e, tornando a entrar no
pretório, perguntou a Jesus: Donde és tu? Mas Jesus não lhe deu resposta. Então, Pilatos
o advertiu: Não me respondes? Não sabes que tenho autoridade para te soltar e
autoridade para te crucificar? Respondeu Jesus: Nenhuma autoridade terias sobre mim,
se de cima não te fosse dada; por isso, quem me entregou a ti maior pecado tem. A
partir deste momento, Pilatos procurava soltá-lo, mas os judeus clamavam: Se soltas a
este, não és amigo de César! Todo aquele que se faz rei é contra César! Ouvindo Pilatos
estas palavras, trouxe Jesus para fora e sentou-se no tribunal, no lugar chamado
Pavimento, no hebraico Gabatá. E era a parasceve pascal, cerca da hora sexta; e disse
aos judeus: Eis aqui o vosso rei. Eles, porém, clamavam: Fora! Fora! Crucifica-o!
Disse-lhes Pilatos: Hei de crucificar o vosso rei? Responderam os principais sacerdotes:
Não temos rei, senão César! Então, Pilatos o entregou para ser crucificado”.
Judas O entregou por ganância [por causa de sua natureza gananciosa, foi usado
pelo diabo para se cumprirem as Escrituras, de que Jesus seria traído]:
Zc 11: 12-14: “Eu lhes disse: se vos parece bem, dai-me o meu salário; e, se não,
deixai-o [NVI: se não, não me paguem]. Pesaram, pois, por meu salário trinta moedas
de prata [NVI: Então eles me pagaram trinta moedas de prata]. Então, o Senhor me
disse: Arroja isso ao oleiro, esse magnífico preço em que fui avaliado por eles. Tomei as
15
Em Is 50: 6-7; Is 52: 14; Is 53: 2-3 nós vemos uma descrição de como ficou
desfigurado o rosto de Jesus pelos golpes dados pelos soldados. Cuspiram Nele,
arrancaram-Lhe a barba e O torturaram com socos, golpes e blasfêmias enquanto estava
no Sinédrio:
Mt 26: 67-68: “Então, uns cuspiram-lhe no rosto e davam murros, e outros o
esbofeteavam, dizendo: Profetiza-nos, ó Cristo, quem é que te bateu!”
Mc 14: 65: “Puseram-se alguns a cuspir nele, a cobrir-lhe o rosto, a dar-lhe murros e
a dizer-lhe: Profetiza! E os guardas o tomaram a bofetadas”.
Lc 22: 63-65: “Os que detinham Jesus zombavam dele, davam-lhe pancadas e,
vendando-lhe os olhos, diziam: Profetiza-nos: quem é que te bateu? E muitas outras
coisas diziam contra ele, blasfemando”.
O rosto é uma parte muito vascularizada do corpo e sangra muito quando
traumatizada. Os soldados que bateram Nele faziam parte de um grupo de elite (As
Coortes) da guarda romana mandada para a Judéia e todas as províncias romanas da
Ásia Menor (trezentos a seiscentos soldados, mais raramente atingindo mil), portanto,
eram os mais fortes, musculosos, violentos e preparados para grandes lutas. Seus socos
e golpes provavelmente vieram sobre Jesus com muita força provocando hematomas e
conseqüentemente desfigurando-Lhe completamente o rosto. O cordeiro pascal (para os
judeus) não poderia ter nenhum osso quebrado (Êx 12: 46; Nm 9: 12; Sl 34: 20; Jo 19:
36), como Jesus não teve nenhum dos Seus ossos quebrados.
Depois de pronunciada a sentença, era costume que a vítima fosse chicoteada com o
flagellum, um chicote de línguas de couro com pequenos pedaços de metal ou osso. Isso
ocorreu após Pilatos ter interrogado Jesus e liberado a sentença da crucificação:
Mt 27: 26: “Então Pilatos lhes soltou Barrabás; e, após haver açoitado a Jesus,
entregou-o para ser crucificado”.
Pela violência com que eram aplicados os golpes, pois o metal e os ossos do chicote
arrancavam pedaços de pele e músculos, era improvável que a vítima suportasse e
sobrevivesse a esse tipo de flagelo, mas Jesus sobreviveu. No Sl 129: 3 podemos ver
uma referência de como ficaram as costas de Jesus pelos os golpes, como uma terra
cheia de sulcos após passar o arado, ou seja, as feridas profundas dos golpes Lhe tiraram
pedaços de carne e pele: “Sobre o meu dorso lavraram os aradores; nele abriram longos
sulcos”. É bom lembrar que as mesmas costas que sofreram e sangraram com os açoites
foram novamente traumatizadas quando os soldados arrancaram as roupas de Jesus para
colocá-lO na cruz e quando suas costas entraram em contato com a madeira áspera.
Quando o sangue das feridas anteriores coagulava, outro suplício O fazia sangrar
novamente.
Depois dos açoites, Jesus foi novamente entregue aos soldados que O vestiram de
púrpura, como era conhecida a lã tingida, que cravaram sobre Sua cabeça uma coroa de
espinhos e novamente traumatizaram Seu couro cabeludo com golpes; mais sangue foi
vertido:
Mt 27: 27-31 (Mc 15: 16-20): “Logo a seguir, os soldados do governador, levando
Jesus para o pretório, reuniram em torno dele toda a coorte. Despojando-o das vestes,
cobriram-no com um manto escarlate; tecendo uma coroa de espinhos, puseram-lhe na
cabeça e, na mão direita, um caniço; e, ajoelhando-se diante dele, o escarneciam,
dizendo: Salve, rei dos judeus! E, cuspindo nele, tomaram o caniço e davam-lhe com ele
na cabeça. Depois de o terem escarnecido, despiram-lhe o manto e o vestiram com as
suas próprias vestes. Em seguida, o levaram para ser crucificado”.
A crucificação era realizada fora da cidade (Dt 16: 3-8 cf. Hb 13: 10-13) e as
vítimas carregavam sua cruz, provavelmente apenas o patibullum (a trave horizontal),
também chamado de antenna com o título pendurado no pescoço ou levado na frente
17
e o depositou em um túmulo que havia aberto numa rocha; e rolou uma pedra para a
entrada do túmulo”). Outro motivo pelo qual Jesus foi retirado da cruz pode ser
encontrado em Js 10: 27: “Ao pôr-do-sol, deu Josué ordem que os tirassem dos
madeiros; e lançaram-nos na cova onde se tinham escondido e, na boca da cova,
puseram grandes pedras que ainda lá se encontram até o dia de hoje” e Dt 21: 22-23:
“Se alguém houver pecado, passível da pena de morte, e tiver sido morto, e o
pendurares num madeiro, o seu cadáver não permanecerá no madeiro durante a noite,
mas, certamente, o enterrarás no mesmo dia; porquanto o que for pendurado no madeiro
é maldito de Deus; assim, não contaminarás a terra que o Senhor, teu Deus, te dá em
herança”. O homem que fosse executado por pena de morte era maldito de Deus e
deveria ser enterrado no mesmo dia (cf. Gl 3: 13).
A dor era obviamente intensa, visto que o corpo inteiro ficava sujeito a tensões,
enquanto que as mãos e pés, que são massas de nervos e tendões, perdiam pouco
sangue. Depois de algum tempo, o sangue era desviado para as artérias da cabeça e do
estômago e ficavam dilatadas, causando dores abdominais e uma dor de cabeça
lancinante; eventualmente, a febre e o tétano se manifestavam. Quando, por qualquer
razão, era proposto livrar a vítima de seus intensos sofrimentos antes do fim, como que
para compensá-la pelo sofrimento abreviado, as pernas eram quebradas com golpes de
cacete ou martelo (crurifragium ou skelocopia), e o golpe de misericórdia era dado com
uma espada ou lança, usualmente no lado da vítima (perforatio subalas). Como vimos,
o cordeiro pascal (para os judeus) não poderia ter nenhum osso quebrado (Êx 12: 46;
Nm 9: 12; Sl 34: 20; Jo 19: 36), como Jesus não teve nenhum dos Seus ossos
quebrados.
Outro fator que ocorria na cruz, como foi dito acima, era a desidratação (Jo 19: 28:
“Depois, vendo Jesus que tudo já estava consumado, para se cumprir a Escritura disse:
Tenho sede!”). Devemos pensar que Jesus estava realmente desidratado pela quantidade
de sangue que perdera e por estar sem se alimentar e sem beber água desde a noite
anterior na ceia. Por isso, existia vinagre ao lado da cruz: para acelerar a morte do
crucificado:
Jo 19: 29: “Estava ali um vaso cheio de vinagre. Embeberam de vinagre uma
esponja e, fixando-a num caniço de hissopo, lha chegaram à boca”.
Sl 69: 21: “Por alimento me deram fel e na minha sede me deram a beber vinagre”.
No Sl 22: 15 podemos ver uma referência ao grau extremo de desidratação
provocada pelos flagelos: “Secou-se o meu vigor, como um caco de barro, e a língua se
me apega ao céu da boca; assim, me deitas no pó da morte”.
Jesus tinha consciência de que passaria por todo esse sofrimento, mas que não seria
em vão, pois, através dele, Sua obra de redenção seria completa (Is 53: 11: “Ele verá o
fruto do penoso trabalho de sua alma e ficará satisfeito; o meu Servo, o Justo, com o seu
conhecimento, justificará a muitos, porque as iniqüidades deles levará sobre si”).
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Jesus falou sobre Seu próprio sacrifício poucas horas antes de morrer, no cenáculo,
como uma forma de preparar os discípulos para o que haveria de vir e ensiná-los sobre o
propósito de tudo aquilo. Falou do sangue da aliança que seria derramado para remissão
dos pecados:
Lc 22: 15-20 (Mt 26: 26-28; Mc 14: 22-24; 1 Co 11: 23-26): “E disse-lhes: Tenho
desejado ansiosamente comer convosco esta Páscoa, antes do meu sofrimento. Pois vos
digo que nunca mais a comerei, até que ela se cumpra no reino de Deus. E, tomando um
cálice, havendo dado graças, disse: Recebei e reparti entre vós; pois vos digo que, de
agora em diante, não mais beberei do fruto da videira, até que venha o reino de Deus. E,
tomando um pão, tendo dado graças, o partiu e lhes deu, dizendo: Isto é o meu corpo
oferecido por vós; fazei isto em memória de mim. Semelhantemente, depois de cear,
tomou o cálice, dizendo: Este é o cálice da nova aliança no meu sangue derramado em
favor de vós”. Também os ensinou sobre a necessidade de se apropriarem pessoalmente
de sua morte, dos benefícios dela, isto é, do Seu corpo e do Seu sangue, através do pão e
do vinho (cf. Jo 6: 53-58: “Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo: se
não comerdes a carne do Filho do Homem e não beberdes o seu sangue, não tendes vida
em vós mesmos. Quem comer a minha carne e beber o meu sangue, tem a vida eterna, e
eu o ressuscitarei no último dia. Pois a minha carne é verdadeira comida, e o meu
sangue é verdadeira bebida. Quem comer a minha carne e beber o meu sangue
permanece em mim, e eu, nele. Assim como o Pai, que vive, me enviou, e igualmente
eu vivo pelo Pai, também quem de mim se alimenta por mim viverá. Este é o pão vivo
que desceu do céu, em nada semelhante àquele que vossos pais comeram e, contudo,
morreram; quem comer este pão viverá eternamente”).
Ele pensava em Sua morte como um sacrifício do Antigo Testamento:
Dt 16: 3-8: “Nela, não comerás levedado: sete dias, nela, comerás pães asmos, pão
de aflição (porquanto, apressadamente, saístes da terra do Egito), para que te lembres,
todos os dias da tua vida, do dia em que saístes da terra do Egito. Fermento não se
achará contigo por sete dias, em todo o teu território; também da carne que sacrificares à
tarde, no primeiro dia, nada ficará até pela manhã. Não poderás sacrificar a Páscoa em
nenhuma das tuas cidades que te dá o Senhor, teu Deus, senão no lugar que o Senhor,
teu Deus, escolher para fazer habitar o seu nome, ali sacrificarás a Páscoa à tarde, ao
pôr-do-sol, ao tempo em que saístes do Egito. Então, a cozerás e comerás no lugar que o
Senhor, teu Deus, escolher; sairás pela manhã e voltarás às tuas tendas. Seis dias
comerás pães asmos, e, no sétimo dia, é solenidade ao Senhor, teu Deus; nenhuma obra
farás”.
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Êx 12: 1-28 (quando Deus institui a Páscoa antes de tirar Seu povo do Egito):
“Disse o Senhor a Moisés e a Arão na terra do Egito: Este mês vos será o principal dos
meses; será o primeiro mês do ano. Falai a toda a congregação de Israel, dizendo: Aos
dez deste mês, cada um tomará para si um cordeiro, segundo a casa dos pais, um
cordeiro para cada família. Mas, se a família for pequena para um cordeiro, então,
convidará ele o seu vizinho mais próximo, conforme o número de almas; conforme o
que cada um puder comer, por aí calculareis quantos bastem para o cordeiro. O cordeiro
será sem defeito, macho de um ano; podereis tomar um cordeiro ou um cabrito; e o
guardareis até ao décimo quarto dia deste mês, e todo o ajuntamento da congregação de
Israel o imolará no crepúsculo da tarde. Tomarão do sangue e o porão em ambas as
ombreiras e na verga da porta, nas casas em que o comerem; naquela noite, comerão
carne assada no fogo; com pães asmos e ervas amargas a comerão. Não comereis do
animal nada cru, nem cozido em água, porém assado no fogo: a cabeça, as pernas e a
fressura [vísceras]. Nada deixareis dele até pela manhã; o que, porém, ficar até pela
manhã, queimá-lo-eis. Desta maneira o comereis: lombos cingidos, sandálias nos pés e
cajado na mão; comê-lo-eis à pressa; é a Páscoa do Senhor. Porque, naquela noite,
passarei pela terra do Egito e ferirei na terra do Egito todos os primogênitos, desde os
homens até aos animais; executarei juízo sobre todos os deuses do Egito. Eu sou o
Senhor. O sangue vos será por sinal nas casas em que estiverdes; quando eu vir o
sangue, passarei por vós, e não haverá entre vós praga destruidora, quando eu ferir a
terra do Egito. Este dia vos será para memorial, e o celebrareis como solenidade ao
Senhor; nas vossas gerações o celebrareis por estatuto perpétuo. Sete dias comereis pães
asmos. Logo ao primeiro dia, tirareis o fermento das vossas casas, pois qualquer que
comer coisa levedada, desde o primeiro dia até ao sétimo dia, essa pessoa será eliminada
de Israel. Ao primeiro dia, haverá para vós outros santa assembléia; também, ao sétimo
dia, tereis santa assembléia; nenhuma obra se fará nele, exceto o que diz respeito ao
comer; somente isso podereis fazer. Guardai, pois, a Festa dos Pães Asmos, porque,
nesse mesmo dia, tirei vossas hostes da terra do Egito; portanto, guardareis este dia nas
vossas gerações por estatuto perpétuo. Desde o dia quatorze do primeiro mês, à tarde,
comereis pães asmos até a tarde do dia vinte e um do mesmo mês. Por sete dias, não se
ache nenhum fermento nas vossas casas; porque qualquer que comer pão levedado será
eliminado da congregação de Israel, tanto o peregrino como o natural da terra. Nenhuma
coisa levedada comereis; em todas as habitações, comereis pães asmos. Chamou, pois,
Moisés todos os anciãos de Israel e lhes disse: Escolhei, e tomai cordeiros segundo as
vossas famílias, e imolai a Páscoa. Tomai um molho de hissopo, molhai-o no sangue
que estiver na bacia e marcai a verga da porta e suas ombreiras com o sangue que
estiver na bacia; nenhum de vós saia da porta da sua casa até pela manhã. Porque o
Senhor passará para ferir os egípcios; quando vir, porém, o sangue na verga da porta e
em ambas as ombreiras, passará o Senhor aquela porta e em ambas as ombreiras,
passará o Senhor aquela porta e não permitirá ao Destruidor que entre em vossas casas,
para vos ferir. Guardai, pois, isto, por estatuto para vós outros e para vossos filhos, para
sempre. E, uma vez dentro na terra que o Senhor vos dará, como tem dito, observai este
rito. Quando vossos filhos vos perguntarem: Que rito é este? Respondereis: É o
sacrifício da Páscoa ao Senhor, que passou por cima das casas dos filhos de Israel no
Egito, quando feriu os egípcios e livrou as nossas casas. Então, o povo se inclinou e
adorou. E foram os filhos de Israel e fizeram isso; como o Senhor ordenara a Moisés e a
Arão, assim fizeram”.
João Batista confirmou isso dizendo aos seus discípulos: “No dia seguinte, viu João
a Jesus, que vinha para ele, e disse: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do
mundo!” (Jo 1: 29). Jesus foi imolado para nos salvar e libertar de todo o pecado. Por
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isso Deus Pai designou Sua morte exatamente no dia da Páscoa judaica para criar o
paralelo entre a antiga aliança, no sangue do cordeiro imolado, e a nova aliança, no
sangue do próprio Jesus imolado.
O pão asmo significa santificação, domínio do Espírito sobre a carne (= fermento).
A Palavra diz que a Páscoa [o cordeiro pascal] não poderia ser sacrificada nas cidades,
mas fora delas, num lugar designado por Deus (Dt 16: 3-8 cf. Hb 13: 10-13).
Semelhantemente, Jesus não foi crucificado dentro dos muros da cidade, mas fora deles.
Também diz que o cordeiro deveria ser sacrificado à tarde, antes do pôr-do-sol; foi
quando Jesus morreu (15 h) e foi retirado da cruz (antes das 18 h). O cordeiro não
poderia ter nenhum osso quebrado (Êx 12: 46; Nm 9: 12; Sl 34: 20; Jo 19: 36), como
Jesus não teve nenhum dos Seus ossos quebrados.
la-ás entre a tenda da congregação e o altar e deitarás água nela. Arão e seus filhos
lavarão as mãos e os pés”). A palavra pé, em hebraico, rêgel ( ;ךלגרàs vezes escrita
como ‘reguel’ ou ‘raghl’; da raiz: rgl), significa: estar firme e indica, tanto no grego
(‘podas’ ou ‘pous’) como no hebraico, posição, destino, inclinação do indivíduo:
Pv 3: 23: “Então, andarás seguro no teu caminho e não tropeçará o teu pé”.
Pv 6: 18: “... pés que se apressam a correr para o mal...” (em relação às seis coisas
que o Senhor aborrece).
Simboliza também derrota dos inimigos, quando o vencedor põe o próprio pé sobre
o pescoço do inimigo vencido:
Js 10: 24: “Trazidos os reis a Josué, chamou este todos os homens de Israel e disse
aos capitães do exército que tinham ido com ele; chegai, ponde o pé sobre o pescoço
destes reis. E chegaram e puseram os pés sobre os pescoços deles”.
Sl 110: 1: “Disse o Senhor ao meu Senhor: Assenta-te à minha direita, até que eu
ponha os teus inimigos debaixo dos teus pés”.
1 Co 15: 25: “Porque convém que ele reine até que haja posto todos os inimigos
debaixo dos pés”.
Na bíblia, cair aos pés de alguém significa homenagem ou súplica (Lc 8: 41,
quando Jairo suplica a Jesus que vá curar sua filha).
Sentar-se aos pés de alguém significa discipulado, aprendizado (Lc 10: 39, em
referência a Maria, irmã de Marta, que se assentava aos pés de Jesus para aprender com
Ele).
Lançar algo aos pés de alguém significa oferta a esse alguém, por exemplo, o cego
de Jericó, Bartimeu, que se assentava à beira do caminho, esperando que lhe dessem
uma esmola ou oferta (Mc 10: 46).
Lavar os pés do visitante era para tirar a poeira das estradas, sinal de asseio,
conforto e hospitalidade geralmente feito pelos escravos mais desprezíveis.
Em Rt 4: 7-8, podemos ver também o significado de tirar o calçado, que era para as
negociações entre os resgatadores de alguém a ser resgatado. E em Êx 3: 5 e Js 5: 15
quando o Senhor diz a Moisés e a Josué em ocasiões diferentes para tirarem as sandálias
dos pés, está implícita a ligação entre tirar os sapatos e se entregar, se render, sinal de
submissão e respeito: “Tira as sandálias dos pés, pois o lugar que estás é terra santa”.
Sandálias dizem respeito a autoridade, ocupação, posse material.
Dessa forma, além de ensinar a humildade aos discípulos nesse ato de lavar seus
pés, Jesus estava lhes mostrando que Deus deseja nos conduzir por caminhos direitos,
limpos da contaminação do mundo; em outras palavras, nos ensinando a caminhar em
santidade e reverência a Ele, tendo, assim, a autoridade de pisar na cabeça do inimigo e
tomar posse das nossas bênçãos.
2º) O segundo ensinamento de Jesus na ceia foi avisá-los da traição que viria (Jo
13: 21-30, se referindo a Judas).
3º) Mandamento do amor (Jo 13: 31-35).
4º) Avisar do perigo que corriam (Jo 13: 36-38 – principalmente Pedro) nas mãos
de Satanás (Jo 14: 30) e sobre as perseguições (Jo 15: 18-23; Jo 16: 33).
5º) Conforto e consolo (Jo 14: 1-3; Jo 14: 16; Jo 14: 25-27).
6º) Deixar claro quem Ele é: o caminho, a verdade e a vida (Jo 14: 6).
7º) Reforçar a fé (Jo 14: 9-11; 13-14).
8º) Profetizar o ministério dos discípulos e enfatizar a importância do serviço para
Deus, aumentando a confiança e a auto-estima nos seus corações (Jo 14: 12).
9º) Ensinar o verdadeiro significado do amor que está ligado à obediência, se alegrar
com a vitória do outro e liberá-lo para ser feliz (Jo 14: 15; 23-24; 28).
10º) Tirar a ansiedade e dar a paz verdadeira (Jo 14: 27).
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11º) Lembrá-los que estão ligados a Deus por serem Seus escolhidos e Seus amigos
e que são dependentes Dele (Jo 15: 1-27, sobre a videira verdadeira).
12º) Esclarecer a missão do Espírito Santo, que viria sobre eles (Jo 16: 1-15).
13º) Ensinar a interceder e mostrar claramente o propósito bondoso do Seu coração
(Jo 17: 1-26 sobre a oração sacerdotal de Jesus).
Tudo isso eles precisavam saber para passarem pela dor de cabeça erguida e para
enfrentarem, como nós, sua própria cruz. A cruz era o chamado, a vocação de Cristo.
Para exercermos o nosso chamado, também precisamos saber o que é entrega,
humildade, santidade, estar em comunhão com Deus para sermos avisados das ciladas
do inimigo no nosso caminho, saber interceder, ter certeza da nossa filiação, estar
imersos em Sua paz e exercer o verdadeiro amor para com o Senhor através da
obediência e do altruísmo do nosso coração e saber que seremos consolados sempre.
Depois do cenáculo, Jesus vai ao Getsêmani e aí descobre que é um caminho que
Ele tem que percorrer sozinho: Mt 26: 36-46 (Mc 14: 32-42; Lc 22: 39-46, com ênfase
aos versículos 43-44, que fala sobre o anjo que veio para consolá-lO), pois no
momento em que precisava de apoio e ajuda não encontrou ninguém ao Seu lado:
“Em seguida, foi Jesus com eles a um lugar chamado Getsêmani e disse a seus
discípulos: Assentai-vos aqui, enquanto eu vou ali orar; e, levando consigo a Pedro e
aos dois filhos de Zebedeu, começou a entristecer-se e a angustiar-se. Então, lhes disse:
A minha alma está profundamente triste até a morte; ficai aqui e vigiai comigo.
Adiantando-se um pouco, prostrou-se sobre o seu rosto, orando e dizendo: Meu Pai, se
possível, passa de mim este cálice! Todavia, não seja como eu quero, e sim como tu
queres. E, voltando para os discípulos, achou-os dormindo; e disse a Pedro: Então, nem
uma hora pudestes vós vigiar comigo? Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; o
espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca. Tornando a retirar-se, orou de
novo, dizendo: Meu Pai, se não é possível passar de mim este cálice sem que eu beba,
faça-se a tua vontade (Lc 22: 43: [Então, lhe apareceu um anjo do céu que o
confortava]). E, voltando, achou-os outra vez dormindo; porque os seus olhos estavam
pesados. Deixando-os novamente, foi orar pela terceira vez, repetindo as mesmas
palavras. Então, voltou para os discípulos e lhes disse: Ainda dormis e repousais! Eis
que é chegada a hora, e o Filho do Homem está sendo entregue nas mãos dos pecadores.
Levantai-vos, vamos! Eis que o traidor se aproxima”.
Ele estava sentindo uma dor emocional aguda que causava profuso suor (Lc 22: 44:
[E estando em agonia, orava mais intensamente. E aconteceu que o seu suor se tornou
como gotas de sangue caindo sobre a terra]), à medida que Ele olhava com apreensão e
quase terror para Seu sacrifício vindouro; o ‘cálice amargo’. Este não simbolizava a dor
física ou mental, e sim a agonia espiritual de levar os pecados do mundo e suportar o
juízo divino que esses pecados mereciam. O cálice continha a ira de Deus:
Is 51: 17: “Desperta, desperta, levanta-te, ó Jerusalém, que da mão do Senhor
bebeste o cálice da sua ira, o cálice de atordoamento, e o esgotaste”.
Is 51: 22-23: “Assim diz o teu Senhor, o Senhor, teu Deus, que pleiteará a causa do
seu povo: Eis que eu tomo da tua mão o cálice de atordoamento, o cálice da minha ira;
jamais dele beberás; Pô-lo-ei nas mãos dos que te atormentaram, que disseram à tua
alma: abaixa-te, para que passemos sobre ti; e tu puseste as costas como chão para os
transeuntes”.
Is 63: 3: “O lagar, eu o pisei sozinho, e dos povos nenhum homem se achava
comigo; pisei as uvas na minha ira; no meu furor, as esmaguei, e o seu sangue me
salpicou as vestes e manchou o traje todo”.
Jr 25: 15-16: “Porque assim me disse o Senhor, o Deus de Israel: Toma da minha
mão este cálice do vinho do meu furor e darás a beber dele a todas as nações às quais eu
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te enviar. Para que bebam, e tremam, e enlouqueçam, por causa da espada que eu
enviarei para o meio delas”.
Ap 19: 15: “Sai da sua boca uma espada afiada, para com ela ferir as nações; e ele
mesmo as regerá com cetro de ferro e, pessoalmente, pisa o lagar do vinho do furor da
ira do Deus Todo-Poderoso”.
Como vimos, o cálice continha a ira de Deus, que causava uma completa
desorientação física (atordoamento) e mental (confusão) como a embriaguez. Ele se
afastou horrorizado da experiência de alienação de Seu Pai que o juízo sobre o pecado
traria sobre Ele. O propósito do amor de Deus era salvar os pecadores e salvá-los
justamente. O cálice também simbolizava nossos pedidos diante do sofrimento que
Satanás imporia a todos os homens. Jesus viu ali o sofrimento de toda a humanidade e
os planos terríveis de Satanás contra nós. De Sua agonia de pavor, enquanto meditava
sobre as implicações de Sua morte, Jesus emergiu daquela intercessão com confiança
serena e absoluta, equilíbrio emocional e muita unção, pois os que se aproximaram
caíram diante Dele (Jo 18: 6: “Quando, pois Jesus lhes disse: Sou eu, recuaram e caíram
por terra”).
Através do suor de sangue, o Senhor aqui quebrou a nossa maldição de abandono,
rejeição e solidão. Não temos mais que suar de medo frente ao inimigo e suas ameaças.
Não temos mais que nos sentir sozinhos e abandonados diante de certas circunstâncias;
Ele já sofreu por nós. Não temos mais que nos sentir abandonados pelos amigos, pois
Ele já passou por isso em nosso lugar e nos diz que Ele é o nosso melhor e mais
confiável amigo. Ele não nos deixa nem nos abandona e está conosco em todos os
momentos difíceis. Por isso, em todas as nossas ‘aflições no Getsêmani’ podemos ter
certeza de tê-lO ao nosso lado. Uma vez o Senhor me disse: “Tudo o que prometo
cumpro, para revelar aos meus filhos o meu poder e aumentar no seu coração a fé e a
esperança na minha provisão. Tu te sentes sozinha nos teus momentos mais difíceis,
como eu me senti no Getsêmani, mas eu o fiz de livre vontade para que tu pudesses
lembrar que nestes momentos eu sou contigo e sou capaz de te fazer superar qualquer
dor. Espera em mim e terás a vitória”.
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É bom lembrar que quando Jesus chegou à cruz Ele já tinha sido espancado, cuspido,
açoitado, coroado com espinhos; acabara de suportar o extremo sofrimento da
crucificação. A bíblia fala que na cruz Ele foi humilhado e envergonhado, mais do que
tinha sido até aqui:
Fp 2: 7-8: “antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se
semelhante aos homens; e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou,
tornando-se obediente até a morte e morte de cruz”.
Hb 12: 2: “Olhando firmemente para o Autor e Consumador da fé, Jesus, o qual, em
troca da alegria que lhe estava proposta, suportou a cruz, não fazendo caso da
ignomínia, e está assentado à destra do trono de Deus”.
Na cruz, o Senhor foi humilhado e envergonhado não só pelo diabo, diante do
mundo espiritual, mas pelas pessoas. A forma de execução (cruz), por si só, já era
vergonhosa. Além de encarar a cruz e Sua nudez física perante os que ali estavam, Ele
teve também que superar e deixar de lado as vozes que ouvia:
Sl 22: 7: “Todos os que me vêem zombam de mim; afrouxam os lábios e meneiam a
cabeça”.
Mt 27: 39-44: “Os que iam passando blasfemavam dele, meneando a cabeça e
dizendo: Ó tu que destróis o santuário e em três dias o reedificas! Salva-te a ti mesmo,
se és Filho de Deus, e desce da cruz! De igual modo, os principais sacerdotes, com os
escribas e anciãos, escarnecendo, diziam: Salvou os outros, a si mesmo não pode salvar-
se. É rei de Israel! Desça da cruz, e creremos nele. Confiou em Deus, pois venha livrá-lo
agora, se de fato quer bem; porque disse: Sou Filho de Deus. E os mesmos impropérios
lhe diziam também os ladrões que haviam sido crucificados com ele”.
Ele teve que deixar de lado essas vozes para se lembrar da voz do Pai dizendo: “Tu
és o meu Filho amado e em ti eu me comprazo”, pois sabia que a cruz era necessária e o
amor do Pai por Ele e por nós era maior que a humilhação e a afronta. Na verdade, era
Satanás que usava aquelas pessoas para afrontar o Seu relacionamento com Deus e para
colocar dúvidas Nele a respeito de Sua fidelidade e amor. Aí o Senhor pôde sentir o
abandono e a solidão dos seres humanos, mas ainda não era um desamparo tão grande
quanto o que se seguiria, quando sentiu o abandono espiritual do Pai:
Mt 27: 45-46: “Desde a hora sexta até a hora nona, houve trevas sobre toda a terra.
Por volta da hora nona, clamou Jesus em alta voz, dizendo: Eloí, Eloí, lamá sabactâni?
O que quer dizer: Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?”
Em Mt 27: 46 Jesus disse: “Eloí, Eloí, lamá sabactâni? O que quer dizer: Deus meu,
Deus meu, por que me desamparaste?” [NVI: abandonaste], em Grego: êli êli
sabachthani. A palavra grega ‘sabactâni’ (Sabachthani – Strong #g4518) é um grito de
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entre judeus e gentios pela cruz, podemos extrapolar também o significado para o
relacionamento nosso com Deus.
O véu (Mt 27: 51 cf. 2 Co 3: 16-18: “Eis que o véu do santuário se rasgou em duas
partes de alto a baixo; tremeu a terra, fenderam-se as rochas... Quando, porém algum
deles se converte ao Senhor, o véu lhe é retirado. Ora, o Senhor é o Espírito; e, onde há
o Espírito do Senhor, aí há liberdade. E todos nós com o rosto desvendado,
contemplando, como por espelho, a glória do Senhor, somos transformados, de glória
em glória, na sua própria imagem, como pelo Senhor, o Espírito”) simbolizava a
alienação dos pecadores de Deus e, com este ato de Jesus (suportar o juízo em nosso
lugar), ele foi rasgado, ou seja, nossa comunhão com Deus foi restaurada. Simboliza
também Sua carne dilacerada (Hb 10: 20).
Abriu caminho à Sua presença:
Ef 2: 16: “e reconciliasse ambos (judeus e gentios – homens e Deus) em um só corpo
com Deus, por intermédio da cruz, destruindo por ela a inimizade...”.
Hb 4: 16: “Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao trono da graça, a fim
de recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna”.
Hb 10: 19-22: “Tendo, pois irmãos, intrepidez para entrar no Santo dos Santos, pelo
sangue de Jesus, pelo novo e vivo caminho que ele nos consagrou pelo véu, isto é, pela
sua carne, e tendo grande sacerdote sobre a casa de Deus, aproximemo-nos, com sincero
coração, em plena certeza de fé, tendo o coração purificado de má consciência e lavado
o corpo com água pura”.
Só após isso, o Senhor pôde dizer: “Está consumado!” (Jo 19: 30), ou seja, “foi e
será para sempre consumado (‘tetelestai’ – τετελεσται em grego = ‘está consumado’,
‘totalmente pago’; no caso de pagamento de dívidas, por exemplo, significa:
liquidado)”. Ele realizou na cruz o que veio realizar no mundo.
Maldições são efeitos e repercussões do pecado, mesmo perdoado (ver 2 Sm 12: 7-
15, por exemplo). Na cruz, através dos Seus sofrimentos e do sangue derramado, o
Senhor também quebrou todas as maldições que nos afligem:
1) A primeira foi relatada no Getsêmani através do sangue perdido pelo suor. Jamais
estaremos sozinhos na nossa dor. Quando estivermos passando por alguma
dificuldade, saberemos que Jesus continua intercedendo junto ao trono de Deus pela
nossa vida.
2) Rosto desfigurado pelos golpes. Aqui Ele quebrou nossa maldição de vergonha e
humilhação. Palavras malignas nos esbofeteiam deformando nossa auto-imagem e
nossa auto-estima, fazendo-nos sentir envergonhados e humilhados diante das
situações que não estamos conseguindo resolver. Jesus tomou sobre o Seu próprio
rosto as afrontas para que o nosso possa mostrar a Sua luz e a Sua confiança todos
os dias, diante de todos os nossos desafios.
3) Coroa de espinhos. Seus olhos ficaram embaçados pelo sangue para que
pudéssemos ver longe. Quebrou nossa maldição de mentalidade medíocre. A coroa
apertou e comprimiu Sua cabeça e Sua mente para que nossa mente fosse livre de
toda a mediocridade e dos pensamentos e lembranças indesejáveis que nos ferem
como espinhos. A bíblia diz que temos a mente de Cristo, portanto, ter os Seus
pensamentos na nossa mente coloca sobre nós uma coroa de glória. Os pensamentos
do mundo são espinhosos para nós e não mais devemos deixar que eles façam parte
do nosso ser.
4) Açoites nas costas. Através do flagelo que sofreu, levou toda a opressão, violência e
agressão que tenta nos atingir. Trouxe-nos cura física e emocional. Às vezes, nos
sentimos violentados, física, emocional, mental, moral e espiritualmente por Satanás
ou pelas pessoas e situações que nos rodeiam. Mas ao relembrar a violência e a
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agressão que Jesus sofreu, podemos perceber que toda a agressão e desolação da
nossa alma não são nada diante daquilo. Por isso, através do Seu sangue e do Seu
sacrifício podemos nos sentir libertos e curados de todas as lembranças de violência
sofrida. Podemos compreender Is 25: 8-9 e ter nossos olhos secos de toda lágrima
pela vergonha que passamos. Ele (Jesus) é o nosso escudo, que nos cerca por trás e
por diante nos protegendo dos dardos inflamados do diabo que ficam ocultos e
enterrados no nosso inconsciente, dificultando-nos de ver a verdade e impedindo o
Espírito Santo de agir livremente em nós. A afronta já não é mais nossa, mas do
Senhor. Is 25: 8-9 diz: “Tragará a morte para sempre e, assim, enxugará o Senhor
Deus as lágrimas de todos os rostos, e tirará de toda a terra o opróbrio do seu povo,
porque o Senhor falou. Naquele dia, se dirá: Eis que este é o nosso Deus, em quem
esperávamos, e ele nos salvará; este é o Senhor, a quem aguardávamos; na sua
salvação exultaremos e nos alegraremos”.
5) Mãos presas pelos pregos. Quebrou nossas maldições de mãos presas pelo egoísmo,
mãos que não amam, não abraçam, não realizam; de insucesso, limitações,
fracassos, de coisas que se começam, mas não terminam. Entretanto, a bíblia diz em
Dt 12: 18 e Dt 28: 8 que eu me alegrarei em tudo o que eu fizer e em tudo o que eu
colocar a mão prosperará: “Mas o comerás perante o Senhor, teu Deus, no lugar que
o Senhor, teu Deus, escolher, tu, e teu filho, e tua filha, e teu servo, e tua serva, e o
levita que mora na tua cidade; e perante o Senhor, teu Deus, te alegrarás em tudo o
que fizeres” (Nota: ‘fizeres’, no original em hebraico significa: ‘puser a mão’)... “O
Senhor determinará que a bênção esteja nos teus celeiros e em tudo o que colocares
a mão; e te abençoará na terra que te dá o Senhor, teu Deus”.
6) Pés presos pelos pregos. Quebrou nossa maldição de paralisia diante das barreiras
e fronteiras colocadas pelo inimigo. Ele nos permitiu tomar posse de toda terra onde
pisamos (Dt 11: 24: “Todo lugar que pisar a planta do vosso pé, desde o deserto,
desde o Líbano, desde o rio, o rio Eufrates, até ao mar ocidental será vosso” e Js 1:
3: “Todo lugar que pisar a planta do vosso pé, vo-lo tenho dado, como eu prometi a
Moisés”). Dessa forma, Jesus nos enche de ousadia para caminharmos pelos
caminhos determinados por Ele para nossa vida.
7) Lança no lado (Jo 19: 34: “Mas um dos soldados lhe abriu o lado com uma lança, e
logo saiu sangue e água”). Saiu do lado de Jesus a Palavra (água) e a Proteção do
Seu sangue. Ele nos deu essas duas armas para que nós, como Igreja, não sejamos
mais derrotados nem fracassados ou impotentes. Em Ap 12: 11 e Ap 17: 14 podemos
ler: “Eles, pois, o venceram por causa do sangue do Cordeiro e por causa da palavra
do testemunho que deram e, mesmo em face da morte, não amaram a própria vida”;
“Pelejarão eles contra o Cordeiro, e o Cordeiro os vencerá, pois é o Senhor dos
Senhores e o Rei dos reis; vencerão também os chamados, eleitos e fiéis que se
acham com ele”. Muitas vezes em nossa caminhada cristã levamos setas do inimigo,
sobretudo em nossos corações, sobre nossas emoções, setas que nos desestabilizam
e vão nos ‘matando’ e ‘envenenando’ aos poucos. Mas o Senhor não só sofreu como
alvo de setas do diabo e das pessoas ao Seu redor, setas de todos os tipos, como
levou uma lança no lado atingindo o Seu coração. Ele já estava morto, mas Satanás
por covardia desfechou-lhe esse último golpe (Jo 19: 33-34: “Chegando-se, porém,
a Jesus, como vissem que já estava morto, não lhe quebraram as pernas. Mas um dos
soldados lhe abriu o lado com uma lança, e logo saiu sangue e água”). Jesus recebeu
uma lança em Seu tórax para que o nosso tórax fosse protegido de setas e dardos.
Através do Seu amor, conhecemos a Sua justiça. Por isso, podemos nos revestir com
a couraça da justiça, que faz parte da nossa armadura como cristãos. Não precisamos
mais abrigar setas no nosso peito, principalmente aquelas que nos impedem de amar
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e nos obrigam a nutrir vingança. Quando entregamos nas mãos de Deus a vingança,
descobrimos que, aí sim, estamos exercitando o ‘crucificar’ das nossas derrotas e
fracassos, pois entregamos com confiança nossa causa ao único que pode
verdadeiramente nos defender do maligno. Sem o sentimento de vingança no nosso
coração, podemos realmente exercer a autoridade que Deus nos dá e exigir que o
mal saia da nossa vida.
8) O Senhor ficou calado diante de todo o sofrimento que sofreu nas mãos dos
romanos (Is 53: 7 e 1 Pe 2: 23-24: “Ele foi oprimido e humilhado, mas não abriu a
boca; como cordeiro foi levado ao matadouro; e, como ovelha muda perante os seus
tosquiadores, ele não abriu a boca”; “Pois ele, quando ultrajado, não revidava com
ultraje; quando maltratado, não fazia ameaças, mas entregava-se àquele que julga
retamente, carregando ele mesmo em seu corpo, sobre o madeiro, os nossos
pecados, para que nós, mortos para os pecados, vivamos para a justiça; por suas
chagas, fostes sarados”). Ficou ‘mudo’ e em nenhum momento usou de Sua
autoridade e identidade de Filho de Deus para abreviar Seu sofrimento, pelo
contrário Ele se submeteu ao tribunal humano: Mt 26: 53: “Acaso pensas que não
posso rogar a meu Pai, e ele me mandaria neste momento mais de doze legiões de
anjos?” (1 legião corresponde a 3 a 6 mil soldados, ou seja, o Senhor poderia
convocar mais de 36 ou 72 mil anjos); Jo 19: 11: “Respondeu Jesus: Nenhuma
autoridade terias sobre mim, se de cima não te fosse dada; por isso, quem me
entregou a ti maior pecado tem”. Ele ficou mudo para que nós pudéssemos ter a
liberdade de expressão, a liberdade de dizer e de ser quem somos, de tornar
manifesta diante dos nossos inimigos a nossa identidade de filhos de Deus e a
autoridade que Ele nos deu sobre as trevas. Quebrou aqui nossa maldição de mudez
e covardia diante das situações que o diabo nos faz ‘engolir’. Também nos ensinou
a nos calarmos diante das suas provocações para dizermos o que ele quer e, depois,
nos arrependermos do que falamos sem pensar (revidar as afrontas – Ec 7: 20-22:
“Não há homem justo sobre a terra que faça o bem e que não peque. Não apliques o
coração a todas as palavras que se dizem, para que não venhas a ouvir o teu servo a
amaldiçoar-te, pois tu sabes que muitas vezes tu mesmo tens amaldiçoado a
outros”). Isso é sabedoria: quando calar e quando falar e aprender a guerrear da
maneira de Deus: orando, louvando e profetizando a Sua palavra.
9) Outra maldição quebrada na cruz foram os rótulos que colocam sobre nós durante
toda a nossa vida e que, às vezes, nós mesmos colocamos em nós ou nos outros. Em
Jo 19: 19-22 podemos ver que foi Pilatos (Satanás) que colocou o rótulo (v.22), não
Jesus: “Pilatos escreveu também um título e o colocou no cimo da cruz; o que estava
escrito era: JESUS NAZARENO, O REI DOS JUDEUS. Muitos judeus leram este
título, porque o lugar em que Jesus fora crucificado era perto da cidade; e estava
escrito em hebraico, latim e grego. Os principais sacerdotes diziam a Pilatos: não
escreva: Rei dos judeus, e sim que ele disse: Sou o rei dos judeus. Respondeu
Pilatos: O que escrevi, escrevi”. Pilatos escreveu e não permitiu mudá-lo. Rótulos
são maldições de sentença e debaixo da autoridade do Espírito Santo nós devemos
quebrá-las e assumir nossa identidade de filhos de Deus com autoridade sobre todo
o mal e capazes de reescrever nossa própria história. Mesmo sendo afrontados,
devemos nos comportar como nova criatura em Cristo assumindo a identidade que
Ele nos deu, não a que o diabo queria nos dar.
10) Rasgar as vestes. Em Jo 19: 23 está escrito: “Os soldados, pois, quando
crucificaram Jesus, tomaram-lhes as vestes e fizeram quatro partes, para cada
soldado uma parte; e pegaram também a túnica. A túnica, porém, era sem costura,
toda tecida de alto a baixo”. Para o judeu, as vestes representavam a personalidade.
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Vestes rasgadas eram sinal de dolorosa ferida interior. Assim, Jesus deixou que Suas
vestes fossem rasgadas para que nós pudéssemos ter vestes espirituais novas e
inteiras, de santidade e justiça, como filhos do Rei. Com essa atitude, tirou nossas
vestes de pranto e nos deu vestes de alegria e vitória. Ele deixou que Satanás
rasgasse Suas vestes de Filho de Deus para dá-las a nós, ao invés de deixar o diabo
rasgar nossas roupas de santidade e nos tornar mendigos espirituais pelo pecado.
Jesus impediu que as nossas feridas emocionais fossem expostas ao inimigo. No Sl
30: 11 está escrito: “Converteste o meu pranto em folguedos; tiraste o meu pano de
saco e me cingiste de alegria”. E em Is 61: 3 podemos ler: “e a pôr sobre os que em
Sião estão de luto uma coroa em vez de cinzas, óleo de alegria, em vez de pranto,
veste de louvor, em vez de espírito angustiado”. É interessante aqui o comentário
sobre a túnica de Jesus ser tecida em uma só peça, sem ter costuras. Da mesma
maneira eram as vestes dos sacerdotes, de linho e sem costuras. Isso vem a
confirmar o Seu sacerdócio eterno. Mais do que isso, suas vestes inteiras, sem
rasgos ou costuras, para nós significa que Ele era um homem justo, sem pecado e
por isso a sua alma não tinha brechas.
Quando falamos de crucificar nossos pecados, maldições e problemas na cruz,
muitas vezes não sabemos como fazê-lo ou o que realmente ocorre quando aceitamos
essa palavra no nosso coração como verdade. Sabemos que tudo ocorre pela fé, mas
nossa alma, nossa racionalidade humana, procura entender o processo e isso não é
necessariamente mau, mas uma curiosidade humana que precisa ser satisfeita por Deus
para que nossa própria fé seja aumentada. O Senhor conhece o coração de cada filho e
conhece também como cada um ‘funciona’ internamente em relação à Sua Palavra. Em
outras palavras, sabemos que Jesus já levou na cruz nossas dores, enfermidades etc.,
porém, não sabemos como nos livrar delas. Não basta declarar da boca para fora que Ele
já levou nossas maldições, dores, sofrimentos e pecados e ignorar as deformidades que
existem em nossa carne. Não é tão simples nos livrarmos das ‘manchas’. Is 53: 4-5 não
é uma reza ou um amuleto contra Satanás, que falamos nas horas de perigo, e sim uma
Palavra viva e poderosa que nos confronta com a cruz e nos traz o arrependimento
verdadeiro através da revelação dos nossos erros. Com o coração nesta disposição
interior estaremos prontos para sermos verdadeiramente libertos. Orar diante da cruz é
fazer a troca: dar a Ele o nosso ruim e receber Dele o Seu melhor. Crucificar é tomar a
decisão de não satisfazer nossos desejos e gostos que induzam ao pecado.
Como vimos anteriormente, devemos confiar totalmente na justiça de Deus, não na
nossa, e deixar que todo o processo espiritual que só Ele sabe realizar se manifeste em
nossa vida. Quando busquei esclarecimento e revelação de Deus para escrever este
tópico, pois algumas pessoas já tinham me perguntado antes como ocorre a libertação
ou o que deveriam fazer para tê-la, o Espírito de Deus me lembrou de duas situações no
Antigo Testamento que exemplificam o processo da cruz: Entrega. É o que aconteceu,
por exemplo, com Ezequias quando Senaqueribe veio afrontá-lo (Is 37: 14-20). Ele não
reagiu por si mesmo, mas mostrou diante do Todo-Poderoso as afrontas e transferiu-as
para Ele, pois na verdade, o inimigo estava afrontando a fé de Ezequias e, portanto, o
Deus em que ele cria. Ele não se vingou por si mesmo, pois sabia que o adversário era
mais forte, entretanto, deixou que o braço de Deus agisse por ele e, assim, teve a vitória.
É o que nós devemos fazer: apresentar através das nossas orações diante da cruz tudo
aquilo que nos pesa e deixar que o sangue de Jesus nos limpe e nos purifique daquilo
que não é nosso. Outra passagem que o Senhor me mostrou está em Js 10: 26-27:
“Depois disto, Josué, ferindo-os, os matou e os pendurou em cinco madeiros; e ficaram
eles pendentes dos madeiros até à tarde. Ao pôr-do-sol, deu Josué ordem que os
32
Ao morrer na cruz Jesus realizou uma grande vitória sobre as trevas. Mas a vitória
foi mais além, quando após Sua morte, Ele foi ao inferno e lá ficou por três dias, como
Jonas na barriga do peixe, para livrar a nossa alma de estar lá pelo resto da eternidade.
O livro de Jonas, principalmente o capítulo 2, é uma ‘sombra’ do que aconteceu com
Jesus no inferno, por isso Jesus fala que o único sinal que Ele daria aos fariseus seria o
de Jonas:
Mt 12: 38-41 (Lc 11: 29-30): “Então, alguns escribas e fariseus replicavam: Mestre,
queremos ver de tua parte um sinal. Ele, porém, respondeu: uma geração má e adúltera
pede um sinal; mas nenhum sinal lhe será dado, senão o do profeta Jonas. Porque assim
como esteve Jonas três dias e três noites no ventre do grande peixe, assim o Filho do
Homem estará três dias e três noites no coração da terra. Ninivitas se levantarão no juízo
com esta geração e a condenarão; porque se arrependeram com a pregação de Jonas. E
eis aqui está quem é maior do que Jonas”.
Naquele lugar, Ele sofreu angústia e opressão, esteve afastado do Pai por três dias
para que nós pudéssemos tê-lO conosco para sempre. Ele entrou no inferno sem o
Espírito Santo para ajudá-lO; entrou apenas como um homem justo e sem pecado, o
único homem cuja alma não ficou adormecida (Jo 5: 27-29; Jo 11: 11-13; Dn 12: 2; 1
Co 15: 20-27; 1 Ts 4: 13-15) porque o processo de salvação dos homens teria que ser
completo e porque só Ele, o Filho de Deus poderia fazer isso. O Espírito Santo só veio
ao terceiro dia para livrá-lO.
É interessante lermos em Os 6: 1-2 uma referência à cruz: “Vinde, e tornemos para
o Senhor, porque ele nos despedaçou e nos sarará; fez a ferida e a ligará. Depois de dois
dias, nos revigorará; ao terceiro dia, nos levantará, e viveremos diante dele”. Podemos
confirmar e comparar esta citação à de Lc 24: 46 que diz: “E lhes disse: Assim está
escrito que o Cristo havia de padecer e ressuscitar dentre os mortos no terceiro dia”.
Aqui temos uma revelação importante: o ontem na nossa vida, quando estávamos no
Egito (o mundo) e não conhecíamos Jesus, foi um momento que Deus nos feriu e nos
despedaçou para podermos nos achegar a Ele e sermos resgatados e sarados. “Depois de
dois dias nos revigorará” fala do hoje (do segundo dia) em que temos Jesus e somos
revigorados pelo Seu poder e pela Sua graça que operam em nós; e o terceiro dia se
refere ao nosso futuro, que logicamente está ligado à nossa escolha de hoje de andarmos
com Ele e o servirmos, ou seja, à ressurreição e à vida eterna. Por isso, é importante
vivermos todo dia o nosso hoje na Sua presença, pois, assim, nosso passado será apenas
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‘pregou’ é ekëryxen, derivado de kërysso (ou kerusso – Strong #g 2784), que significa:
proclamar uma mensagem (da parte de um rei, por exemplo); anunciar (como um
pregoeiro público; o arauto de um rei), especialmente a verdade divina (o evangelho):
pregador, pregar, proclamar, publicar. Assim, esta proclamação feita por Jesus às almas
dos mortos no Hades pode ter sido a de que o preço pela sua salvação já havia sido
pago, seu pecado já fora expiado, e todos os que haviam morrido na fé estavam livres
daquele lugar de sofrimento eterno. Não se trata de purgatório, mas de inferno mesmo.
Sabendo que as almas dos mortos ficam adormecidas após a morte física, ou seja, que
não há consciência após a morte (Jo 5: 27-29; Jo 11: 11-13; Dn 12: 2; 1 Co 15: 20-27;
1 Ts 4: 13-15), nós podemos ir um pouco mais longe e dizer que esta proclamação de
Jesus em relação aos que haviam morrido no AT significa que Ele desceu ao inferno
como o único homem cuja alma não ficou adormecida porque o processo de salvação
dos homens teria que ser completo e porque só Ele, o Filho de Deus poderia fazer isso e,
ao ressuscitar [1 Pe 3: 19: ‘vivificado no espírito’ ou ‘pelo Espírito’], proclamou
naquele lugar a Sua vitória sobre a morte e disse o nome de todos os justos que, por
haver morrido na fé, obtiveram a salvação, estavam livres do juízo de Deus. É como se
Ele dissesse ao inferno: ‘fulano, sicrano e beltrano têm a alma salva porque eu já paguei
o preço’. Assim, a dispensação do AT estaria definitivamente terminada e a nova
dispensação começaria, onde os homens, durante a sua vida terrena, conhecendo a
palavra de Jesus, exerceriam o seu livre-arbítrio e escolheriam a salvação, agora com
consciência. Ao ressurgir dos mortos, trouxe consigo as chaves da morte e do inferno
(Ap 1: 18: “e aquele que vive; estive morto, mas eis que estou vivo pelos séculos dos
séculos e tenho as chaves da morte e do inferno”). Ele não voltou ao inferno após Sua
ressurreição; a vitória e a proclamação ocorreram no momento que o Espírito Santo
entrou nEle.
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Só depois disso subiu para o Pai e retomou Seu poder e Seu manto de glória.
Depois voltou novamente para se mostrar aos Seus discípulos (Jo 20: 19-20: “Ao cair
da tarde daquele dia, o primeiro da semana, trancadas as portas da casa onde estavam os
discípulos com medo dos judeus, veio Jesus, pôs-se no meio e disse-lhes: Paz esteja
convosco! E, dizendo isso, lhes mostrou as mãos e o lado. Alegraram-se, portanto, os
discípulos ao verem o Senhor”).
Se Deus ouviu o clamor de Seu Filho do ventre da terra, com certeza ouve as nossas
orações e pedidos, mesmo quando o fazemos apenas com o gemido do nosso coração.
Se o Espírito Santo arrombou as cadeias e as portas fechadas sobre Jesus, também o fará
nas nossas vidas, pois temos o Seu poder dentro de nós. Nada mais pode nos prender. A
mão de Deus pode nos alcançar nos lugares mais profundos e escondidos e nos resgatar.
Se Ele triunfou sobre as trevas, nós também triunfaremos sobre o que nos oprime. Não
precisamos mais temer a morte; as chaves estão, agora, com Jesus, não mais com
Satanás. A morte, que significa afastamento de Deus, não mais nos amedronta, pois
estamos continuamente com Ele em nós.
Portanto, a obra da cruz completou-se no inferno e com a ressurreição de Jesus.
Uma vez o Senhor me disse: “Como Pai atento e amoroso eu cuido de ti e posso
identificar tua voz e teus gemidos mesmo quando estás escondida de medo nas cavernas
ou quando tu cais nas covas do inimigo. Minha mão sempre estará estendida em resgate.
Mas o que tenho para ti é mais do que te resgatar do perigo; é te fazer empunhar com
confiança a espada e vencer”.
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A bíblia diz que o Senhor morreu por nossos pecados para nos redimir e salvar:
Is 53: 11-12: “Ele verá o fruto do penoso trabalho de sua alma e ficará satisfeito; o
meu Servo, o Justo, com o seu conhecimento, justificará a muitos, porque as iniqüidades
deles levará sobre si. Por isso, eu lhe darei muitos como a sua parte, e com os poderosos
repartirá ele o despojo, porquanto derramou a sua alma na morte; foi contado com os
transgressores; contudo levou sobre si o pecado de muitos e pelos transgressores
intercedeu”.
Jo 3: 14-16: “E do modo por que Moisés levantou a serpente no deserto, assim
importa que o Filho do Homem seja levantado, para que todo o que nele crê tenha vida
eterna. Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para
que todo o que crê não pereça, mas tenha a vida eterna”.
1 Co 15: 3: “Antes de tudo, vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu
pelos nossos pecados, segundo as Escrituras”.
Gl 1: 4: “o qual se entregou a si mesmo pelos nossos pecados, para nos desarraigar
deste mundo perverso, segundo a vontade de nosso Deus e Pai”.
Ef 1: 7: “no qual temos a redenção, pelo seu sangue, a remissão dos pecados,
segundo a riqueza da sua graça”.
Ef 2: 16: “e reconciliasse ambos em um só corpo com Deus, por intermédio da cruz,
destruindo por ela a inimizade”. (Nota: como foi dito anteriormente, aqui o Senhor
estava falando da inimizade entre judeus e gentios, mas podemos estender também essa
palavra à inimizade entre Ele e nós).
Hb 9: 26: “Ora, neste caso, seria necessário que ele tivesse sofrido muitas vezes
desde a fundação do mundo; agora, porém, ao se cumprirem os tempos, se manifestou
uma vez por todas, para aniquilar, pelo sacrifício de si mesmo, o pecado”.
Hb 9: 28: “Assim também Cristo, tendo-se oferecido uma vez para sempre para tirar
os pecados de muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o aguardam para a
salvação”.
Hb 10: 12: “Jesus, porém, tendo oferecido, para sempre, um único sacrifício pelos
pecados, assentou-se à destra de Deus”.
1 Pe 1: 18-19: “Sabendo que não foi mediante coisas corruptíveis, como prata e
ouro, que fostes resgatados do vosso fútil procedimento que vossos pais vos legaram,
mas pelo precioso sangue, como de cordeiro sem defeito e sem mácula, o sangue de
Cristo”.
1 Pe 3: 18: “Pois, também Cristo morreu, uma única vez, pelos pecados, o justo
pelos injustos, para conduzir-vos a Deus, morto, sim, na carne, mas vivificado no
espírito”.
1 Jo 1: 7: “Se, porém, andarmos na luz, como ele está na luz, mantemos comunhão
uns com os outros, e o sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo o pecado”.
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5.1. Propiciação
Em Hb 9: 22, o Senhor fala sobre remissão: “Com efeito, quase todas as coisas,
segundo a lei, se purificam com sangue; e, sem derramamento de sangue, não há
remissão” e em Lv 16: 1-34, Deus usa animais como expiação pelo pecado. Todavia, em
alguns casos, como na morte do homem pelo homem, o AT não fala sobre expiar o
pecado, e sim, de uma pena:
Gn 9: 6: “Se alguém derramar o sangue do homem, pelo homem se derramará o seu;
porque fez o homem segundo a sua imagem”.
Êx 21: 12; 14: “Quem ferir a outro, de modo que este morra, também será morto. Se
alguém vier maliciosamente contra o próximo, matando-o à traição, tirá-lo-ás até
mesmo do meu altar, para que morra”.
Êx 21: 23-25: “Mas, se houver dano grave, então, darás vida por vida, olho por olho,
dente por dente, mão por mão, pé por pé, queimadura por queimadura, ferimento por
ferimento, golpe por golpe”.
Aqui eu quero abrir um parêntesis para falar um pouco sobre a oferta pelo pecado.
Nos capítulos 4, 5 e 6 de Levítico, o Senhor fala sobre as ofertas. Alguns animais eram
separados para a expiação de pecados, por exemplo: novilho, no caso do sumo sacerdote
e da congregação; bode, para o caso do príncipe; cabra ou cordeiro para o povo e rola
ou pombinho no caso do pobre. A décima parte de um efa [2 litros] de flor de farinha
era usada no caso de alguém muito pobre.
O interessante é que Deus já falava do amor como uma forma de evitar o mal: Lv
19: 18: “Não te vingarás, nem guardarás ira contra os filhos do teu povo; mas amarás o
teu próximo como a ti mesmo. Eu sou o Senhor”.
Mas a bíblia também diz que é impossível que o sangue de bodes ou de touros
remova pecados (Hb 10: 4: “porque é impossível que o sangue de touros e bodes
remova pecados”); por isso Jesus veio, como sangue inocente, para expiar todos os
nossos pecados e iniqüidades. Só Ele era adequado para esta expiação:
1 Pe 1: 19-20: “mas pelo precioso sangue, como de cordeiro sem defeito e sem
mácula, o sangue de Cristo, conhecido, com efeito, antes da fundação do mundo, porém
manifestado no fim dos tempos, por amor de vós”.
Nosso substituto, o que tomou nosso lugar e morreu a nossa morte, foi o próprio
Deus em Cristo, que foi verdadeiro e completamente Deus e homem. A Sua vontade e a
do Pai sempre estavam em perfeita harmonia:
Jo 4: 34: “Disse-lhes Jesus: A minha comida consiste em fazer a vontade daquele
que me enviou e realizar a sua obra”.
Jo 5: 30: “Eu nada posso fazer de mim mesmo; na forma por que ouço, julgo [como
homem, Ele nada podia fazer, apenas com a ação divina sobre si]. O meu juízo é justo,
porque não procuro a minha própria vontade, e sim a daquele que me enviou”.
Jo 6: 38-40: “Porque eu desci do céu, não para fazer a minha própria vontade, e sim
a vontade daquele que me enviou. E a vontade de quem me enviou é esta: que nenhum
eu perca de todos os que me deu; pelo contrário, eu o ressuscitarei no último dia. De
fato, a vontade de meu Pai é que todo homem que vir o Filho e nele crer tenha a vida
eterna; e eu o ressuscitarei no último dia”.
Jo 7: 17: “Se alguém quiser fazer a vontade dele, conhecerá a respeito da doutrina,
se ela é de Deus ou se eu falo por mim mesmo”.
Jo 17: 24: “Pai, a minha vontade é que onde eu estou, estejam também comigo os
que me deste, para que vejam a minha glória que me conferiste, porque me amaste antes
da fundação do mundo”.
Mt 26: 39; 42: “Adiantando-se um pouco, prostrou-se sobre o seu rosto, orando e
dizendo: Meu Pai, se possível, passa de mim este cálice! Todavia, não seja como eu
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quero, e sim como tu queres... Tornando a retirar-se, orou de novo, dizendo: Meu Pai, se
não é possível passar de mim este cálice sem que eu beba, faça-se a tua vontade”.
Mc 14: 36: “E dizia: Aba, Pai, tudo te é possível; passa de mim este cálice; contudo,
não seja o que eu quero, e sim o que tu queres”.
Lc 22: 41-42: “Ele, por sua vez, se afastou, cerca de um tiro de pedra, e, de joelhos,
orava, dizendo: Pai, se queres, passa de mim este cálice; contudo, não se faça a minha
vontade, e sim a tua”.
Fp 2: 6-8: “pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o
ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-
se em semelhança dos homens; e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se
humilhou, tornando-se obediente até a morte e morte de cruz”.
O Pai estava agindo por meio do Filho:
Jo 3: 16: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito,
para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”.
1 Jo 1: 8-10: “Se dissermos que não temos pecado nenhum, a nós mesmos nos
enganamos, e a verdade não está em nós. Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel
e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça”.
1 Jo 2: 1-2: “Filhinhos meus, estas coisas vos escrevo para que não pequeis. Se,
todavia, alguém pecar, temos advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo; e ele é a
propiciação pelos nossos pecados e não somente pelos nossos próprios, mas ainda pelos
do mundo inteiro”.
1 Jo 4: 10: “Nisto consiste o amor: não em nós tenhamos amado a Deus, mas em que
ele nos amou e enviou o seu Filho como propiciação pelos nossos pecados”.
Em vez de infligir sobre nós o juízo que merecíamos, Deus em Cristo o suportou em
nosso lugar para nos vestir com a Sua justiça:
2 Co 5: 21: “Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós; para que,
nele, fôssemos feitos justiça de Deus”.
A ira de Deus é o Seu antagonismo firme, constante, contínuo e descomprometido
para com o pecado em todas as suas formas e manifestações:
Rm 1: 18: “A ira de Deus se revela do céu contra toda impiedade e perversão dos
homens que detêm a verdade pela injustiça”.
A ira de Deus precisava ser propiciada.
É interessante o que está escrito no Sl 2: 12, pois se trata de mais um salmo
messiânico (At 13: 33; Hb 1: 5; Hb 5: 5) onde a palavra Ungido (v. 2 e título) está
escrita com maiúscula, assim como Filho (vs. 7 e 12). Embora no AT, as palavras:
ungido e filho se refiram, muitas vezes, aos reis, podemos ver que no v. 12, o salmista
diz: “Beijai o Filho para que não se irrite, e não pereçais no caminho; porque dentro em
pouco se lhe inflamará a ira. Bem-aventurados todos os que nele se refugiam”. Isso
significa que rejeitar o Filho de Deus, Jesus, o Ungido, o Messias, acarreta a ira de
Deus; além disso, a morte (“pereçais no caminho”).
5.2. Redenção
Redimir é comprar de volta, quer como uma transação comercial quer como um
resgate. Fomos resgatados por Cristo, não meramente libertos:
1 Co 6: 20: “Porque fostes comprados por preço. Agora, pois, glorificai a Deus no
vosso corpo”.
Resgatados da culpa e do juízo, portanto, somos Seus:
Rm 3: 24-25: “sendo justificados gratuitamente, por sua graça, mediante a redenção
que há em Cristo Jesus; a quem Deus propôs, no seu sangue, como propiciação,
mediante a fé, para manifestar a sua justiça, por ter Deus, na sua tolerância, deixando
impunes os pecados anteriormente cometidos”.
1 Co 6: 19-20: “Acaso não sabeis que o vosso corpo é santuário do Espírito Santo,
que está em vós, o qual tendes da parte de Deus, e que não sois de vós mesmos? Porque
fostes comprados por preço. Agora, pois glorificai a Deus no vosso corpo”.
1 Co 7: 23: “Por preço fostes comprados; não vos torneis escravos de homens”.
Ef 1: 7: “no qual temos a redenção, pelo seu sangue, a remissão dos pecados,
segundo a riqueza da sua graça”.
1 Pe 1: 18-19: “Sabendo que não foi mediante coisas corruptíveis, como prata ou
ouro, que fostes resgatados do vosso fútil procedimento que vossos pais vos legaram,
mas pelo precioso sangue, como de cordeiro sem defeito e sem mácula, o sangue de
Cristo”.
Ap 5: 9: “E entoavam novo cântico, dizendo: Digno és de tomar o livro e de abrir-lhe
os selos, porque foste morto e com o teu sangue compraste para Deus os que procedem
de toda tribo, língua, povo e nação”.
5.3. Justificação
Através do sacrifício de Jesus também fomos justificados, ou seja, fomos perdoados,
aceitos, certos com Deus:
Rm 3: 26: “Tendo em vista a manifestação da sua justiça no tempo presente, para ele
mesmo ser justo e o justificador daquele que tem fé em Jesus”.
Rm 5: 9: “Logo, muito mais agora, sendo justificados pelo seu sangue, seremos por
ele salvos da ira”.
Rm 6: 7: “porquanto quem morreu está justificado do pecado”.
Rm 8: 1: “Agora, pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo
Jesus”.
O homem não é justificado por obras da lei e sim mediante a fé:
Gl 2: 16: “sabendo, contudo, que o homem não é justificado por obras da lei e sim
mediante a fé em Cristo Jesus, também temos crido em Cristo Jesus, para que fôssemos
justificados pela fé em Cristo e não por obras da lei, pois, por obras da lei, ninguém será
justificado”.
Gl 3: 6-14: “É o caso de Abraão, que creu em Deus, e isso lhe foi imputado para
justiça. Sabei, pois, que os da fé é que são filhos de Abraão. Ora, tendo a Escritura
previsto que Deus justificaria pela fé os gentios, preanunciou o evangelho a Abraão: Em
ti, serão abençoados todos os povos. De modo que os da fé são abençoados com o
crente Abraão. Todos quantos, pois, são das obras da lei estão debaixo de maldição;
porque está escrito: Maldito todo aquele que não permanece em todas as coisas escritas
no Livro da Lei, para praticá-las (Dt 27: 26). E é evidente que, pela lei, ninguém é
justificado diante de Deus, porque o justo viverá pela fé. Ora, a lei não procede da fé,
mas: Aquele que observar os seus preceitos por eles viverá (Lv 18: 5). Cristo nos
resgatou da maldição da lei, fazendo-se ele próprio maldição em nosso lugar (porque
está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado em madeiro), para que a bênção de
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Abraão chegasse aos gentios, em Jesus Cristo, a fim de que recebêssemos, pela fé, o
Espírito prometido”.
Ef 2: 8-9: “Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é
dom de Deus; não por obras, para que ninguém se glorie”.
Tt 3: 5: “não por obras de justiça praticadas por nós, mas segundo a sua misericórdia,
ele nos salvou mediante o lavar regenerador e renovador do Espírito Santo,...”
A graça de Deus é a fonte e o sangue de Cristo é o fundamento da nossa justificação.
Nós temos, às vezes, muita dificuldade de aceitar o sacrifício da cruz porque,
primeiro, nosso orgulho não permite reconhecer nossos pecados e, segundo, porque
nosso orgulho não permite que, mesmo reconhecendo nossos pecados, alguém pague a
dívida por nós. Queremos pagá-la por nós mesmos. É humilhante reconhecer que não
podemos fazer nada por nós mesmos, que alguém tem que dar conta dos nossos erros e
dificuldades, ainda mais se esse alguém for inocente como Jesus. Mas é aí que reside
nossa vitória: ver que só alguém como Ele pode vencer o que é mais forte do que nós.
Sl 18: 17: “Livrou-me de forte inimigo e dos que me aborreciam, pois eram mais
poderosos do que eu”.
Sl 35: 10: “Todos os meus ossos dirão: Senhor, quem contigo se assemelha? Pois
livras o aflito daquele que é demais forte para ele, o mísero e o necessitado, dos seus
extorquidores”.
Nele está a salvação e a justificação da nossa alma. Por isso, a mensagem da cruz é
loucura para os que não crêem, mas poder para os que crêem (1 Co 1: 18).
5. 4. Reconciliação
Através do sacrifício da cruz que nos propiciou, redimiu e justificou, também fomos
reconciliados com Deus e com os homens. Deus é o autor da reconciliação. A barreira
entre nós e Deus era constituída tanto por nossa rebeldia a Ele quanto por Sua ira sobre
nós por causa dessa nossa atitude. A obra de reconciliação é uma obra terminada, já está
feita, da parte de Deus. A nossa é aceitar o Seu sacrifício e nos arrependermos dos
pecados para nos reconciliarmos com Ele. Deus é o autor, Cristo é o agente e nós,
embaixadores da reconciliação:
Rm 5: 9-11: “Logo, muito mais agora, sendo justificados pelo seu sangue, seremos
por ele salvos da ira. Porque, se nós, quando inimigos, fomos reconciliados com Deus
mediante a morte do seu Filho, muito mais, estando já reconciliados, seremos salvos
pela sua vida; e não apenas isto, mas também nos gloriamos em Deus por nosso Senhor
Jesus Cristo, por intermédio de quem recebemos, agora, a reconciliação”.
Rm 8: 15-17: “Porque não recebestes o espírito de escravidão, para viverdes, outra
vez, atemorizados, mas recebestes o espírito de adoção, baseados no qual clamamos
Aba, Pai. O próprio Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus.
Ora, se somos filhos, somos também herdeiros, herdeiros de Deus e co-herdeiros com
Cristo; se com ele sofremos, com ele seremos glorificados”.
2 Co 5: 18-20: “Ora, tudo provém de Deus, que nos reconciliou consigo por mesmo
por meio de Cristo e nos deu o ministério da reconciliação, a saber, que Deus estava em
Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas transgressões
e nos confiou a palavra da reconciliação. De sorte que somos embaixadores em nome de
Cristo, como se Deus exortasse por nosso intermédio. Em nome de Cristo, pois,
rogamos que vos reconcilieis com Deus”.
Ef 2: 16: “e reconciliasse ambos em um só corpo com Deus, por intermédio da cruz,
destruindo por ela a inimizade”.
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Cl 1: 20-22: “e que, havendo feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele,
reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, quer sobre a terra, quer nos céus. E a vós
outros também que, outrora éreis estranhos e inimigos no entendimento pelas vossas
obras malignas, agora, porém, vos reconciliou no corpo de sua carne, mediante a sua
morte, para apresentar-vos perante ele santos, inculpáveis e irrepreensíveis”.
Hb 10: 19-22: “Tendo, pois irmãos, intrepidez para entrar no Santo dos Santos, pelo
sangue de Jesus, pelo novo e vivo caminho que ele nos consagrou pelo véu, isto é, pela
sua carne, e tendo grande sacerdote sobre a casa de Deus, aproximemo-nos, com sincero
coração, em plena certeza de fé, tendo o coração purificado de má consciência e lavado
o corpo com água pura”.
1 Pe 3: 18: “Pois também Cristo morreu, uma única vez, pelos pecados, o justo pelos
injustos, para conduzir-vos a Deus; morto, sim, na carne, mas vivificado no espírito”.
Quando somos Seus, através do Espírito Santo que em nós habita, podemos levar
outras vidas que estão no pecado a se reconciliarem com Ele. Em 2 Co 5: 19 a bíblia diz
que Ele nos confiou a palavra da reconciliação. Ao ministrarmos Sua palavra aos
necessitados, àqueles que se encontram em aflição, estaremos trazendo essas pessoas de
volta a um estado de bem-aventurança.
Reconciliar em hebraico significa: troca de uma moeda de menor valor por uma de
maior valor. Em grego, a mesma palavra significa: ajuste de diferenças, restauração
para favorecer, trabalhar as diferenças para que o outro seja favorecido.
Ministério (diaconia – Diakonia, em Grego) significa: serviço, favorecer alguém, o
que promove ligação entre os homens.
A reconciliação quebra os jugos. É uma unção perfumada às narinas de Deus,
portanto, um caminho para que Ele nos abençoe.
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6.1) Amor
Sem a cruz, o mundo jamais teria conhecido o verdadeiro amor, puro, não manchado
por segundas intenções:
1 Jo 3: 16: “Nisto conhecemos o amor: que Cristo deu sua vida por nós; e devemos
dar a nossa vida pelos irmãos”.
1 Jo 4: 10: “Nisto consiste o amor: não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em
que ele nos amou e enviou o seu Filho como propiciação pelos nossos pecados”.
O Espírito Santo confirma esse testemunho histórico à medida que inunda nossos
corações com o conhecimento de que somos amados:
Rm 5: 5: “Ora, a esperança não confunde, porque o amor de Deus é derramado em
nosso coração pelo Espírito Santo, que nos foi outorgado”.
1 Jo 4: 19: “Nós amamos porque ele nos amou primeiro”.
Quando temos essa verdade firme em nosso coração, ou seja, que somos amados por
sermos Seus, adquirimos confiança para enfrentar qualquer desafio porque sabemos que
Ele mesmo será uma força e uma proteção ao nosso redor, impedindo que as armas
forjadas do inimigo nos atinjam com seu ódio e violência; já não damos mais
importância se estamos agradando aos outros, mas ficamos felizes de estarmos
agradando a Deus, pois estamos fazendo a Sua vontade. Ao falarmos do amor de Deus,
devemos nos despojar dos conceitos humanos preconcebidos e errados sobre o amor.
Ele o associa à obediência, à entrega e à doação, como está escrito em Jo 15: 13-14:
“Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a própria vida em favor dos seus
amigos. Vós sois meus amigos, se fazeis o que eu vos mando”. Jesus deu tudo, que foi
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Sua própria vida e é este amor que Ele derrama em nossos corações pelo Espírito Santo,
para que possamos também estar disponíveis em Suas mãos, a fim de suprir as
necessidades de todos aqueles a quem Ele deseja abençoar e resgatar. Além disso, Seu
amor é algo forte e firme que nos preserva do mal e nos estimula a caminhar e a superar
limites. Certa vez o Senhor me falou: “O meu amor é um manto aconchegante e protetor
ao teu redor nos teus momentos de sono e descanso, mas é uma armadura brilhante e
uma muralha de fogo quando te levantas para a peleja. Sente hoje o meu amor ao teu
redor, pois ele te protege e te capacita para novas conquistas. Ele será uma força na tua
vida que te fará estar em união com teus irmãos e destruir toda arma forjada contra ti.
Ele te levará a conhecer a minha paz e a minha abundância. Ele jamais faltará, mas será
um manancial inesgotável de vida e saúde. Ele jamais te desamparará, portanto, sente a
segurança dele no teu coração para direcionar o teu agir”. É bom deixar claro que,
embora o amor de Deus (grego: Ágape) extrapole a nossa compreensão humana pela
grandiosidade e pela intensidade da sua manifestação, não está isento de sentimento
como muitos pensam. A cruz é uma prova mais do que suficiente para entendermos que
Deus também sente.
Deus prova Seu próprio amor para conosco na cruz. Ao enviar Seu Filho, Ele estava
dando de Si mesmo, ao máximo, à tortura da crucificação e ao horror da remoção do
pecado e do abandono de Deus:
Fp 2: 7-8: “antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se
em semelhança dos homens; e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se
humilhou, tornando-se obediente até à morte, e morte de cruz”.
Deus deu tudo por aqueles que nada mereciam. E o amor Dele é o amor de dar de Si
mesmo sem limites, o amor que correu risco sem ter certeza de êxito, um amor que se
fez (e se faz) vulnerável à possibilidade de que Seus filhos o desprezassem (ou
desprezem) e lhe voltassem (ou voltem) as costas.
O Senhor amou tanto aqueles que aceitaram Seu amor quanto os que não o
aceitaram. Não se importou se Seu amor estava sendo jogado fora ou não. Bem
diferente de nós que nos preocupamos se nosso amor vai ser aceito pelos outros! A
diferença entre aceitar ou não o Seu amor não O afeta, e sim a nós, à medida que, se o
aceitarmos, receberemos também o poder de sermos feitos Seus filhos e, portanto, de
herdarmos o que é Seu, nos tornando semelhantes a Ele:
Jo 1: 10-13: “O Verbo estava no mundo, o mundo foi feito por intermédio dele, mas
o mundo não o conheceu. Veio para o que era seu, e os seus não o receberam. Mas a
todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber os
que crêem no seu nome; os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne,
nem da vontade do homem, mas de Deus”.
Jo 14: 12: “Em verdade, em verdade vos digo que aquele que crê em mim fará
também as obras que eu faço e outras maiores fará, porque eu vou para junto do Pai”.
Rm 8: 16-17: “O próprio Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de
Deus. Ora, se somos filhos, somos também herdeiros, herdeiros de Deus e co-herdeiros
com Cristo; se com ele sofremos, com ele seremos glorificados”.
Rm 8: 29-30: “Porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou para
serem conformes a imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre
muitos irmãos. E aos que predestinou, a esses também chamou; e aos que chamou, a
esses também justificou; e aos que justificou, a esses também glorificou”.
2 Co 3: 18: “E todos nós, com o rosto desvendado, contemplando como por espelho,
a glória do Senhor, somos transformados, de glória em glória, na sua própria imagem,
como pelo Senhor, o Espírito”.
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Gl 4: 6-7: “E, porque vós sois filhos, enviou Deus ao nosso coração o Espírito de seu
Filho, que clama: Aba, Pai! De sorte que já não és escravo, porém filho; e, sendo filho,
também herdeiro por Deus”.
Em outras palavras, Ele derramou Seu amor incondicionalmente para todos os que
precisam dele; isso significa que ele está disponível a todos os seres, vinte e quatro
horas por dia há mais de dois mil anos. Cabe a nós aceitá-lo e recebê-lo na nossa vida.
Deus não espera que, primeiro, O recebamos como nosso Salvador para depois derramar
Seu amor sobre nós, pelo contrário, Ele derramou primeiro esse amor e é ele que nos
toca e nos capacita a nos entregarmos incondicionalmente a Ele.
O grito de abandono na cruz mostra Sua amorosa disposição de se identificar com os
rejeitados humanos. Tem igual importância o sofrimento do Pai pela morte do Filho
quanto o sofrimento do Filho pelo afastamento do Pai. Seu amor foi exposto ao
sofrimento da perda para que nós pudéssemos ganhá-lo e tê-lo sempre à nossa
disposição. Em outras palavras: Deus, como Pai, sabe o que é a dor de perder um filho
e, como Filho, conhece a dor de não ter Pai. Por isso, qualquer que seja a nossa dor ou a
nossa necessidade, nós podemos ter a certeza que Jesus é a pessoa mais capacitada a
preencher nossos espaços vazios e nos restaurar e refazer. Ele está acima de toda a
rejeição que o diabo tenta lançar sobre a nossa vida, pois Seu amor é infinitamente mais
forte e mais poderoso para nos defender e suprir.
6.2) Justiça
A justiça de Deus é o modo justo de Deus justificar os injustos. Através do sacrifício
da cruz, nós os pecadores, pudemos voltar à posição de amados de Deus, purificados,
como no início (feitos à Sua imagem e semelhança). Deus olha para nós e vê Seu Filho,
não mais seres imperfeitos ou pecadores, mas Seus herdeiros. Essa é Sua justiça.
É aqui que vamos fazer uma distinção entre a justiça divina, no seu significado
bíblico, e a justiça humana, como costumamos entender do ponto de vista jurídico. No
Antigo Testamento, a palavra justiça comumente era usada para designar retidão, a
retidão que Deus exigia do Seu povo em seguir Sua lei:
• Am 5: 24: “Antes, corra o juízo como águas; e a justiça, como ribeiro perene”.
• Mq 6: 8: “Ele te declarou, ó homem, o que é bom e que é o que o Senhor pede de
ti: que pratiques a justiça, e ames a misericórdia, e andes humildemente com o teu
Deus”.
No Novo Testamento, a justiça de Deus exigida no Antigo Testamento, ou seja, a
obediência fiel e reta à Sua palavra, passou a ser cumprida na pessoa de Jesus.
Em Fp 3: 1-11, quando Paulo alerta sobre os falsos mestres e os falsos obreiros, ele
diz (v. 9-11): “... e, ser achado nele, não tendo justiça própria, que procede da lei, senão
a justiça que é mediante a fé em Cristo, a justiça que procede de Deus, baseada na fé;
para o conhecer, e o poder da sua ressurreição, e a comunhão dos seus sofrimentos,
conformando-me com ele na sua morte; para, de algum modo, alcançar a ressurreição
dentre os mortos”.
Quando lemos sobre a armadura de Deus em Ef 6: 10-17, entendemos que a justiça
conquistada na cruz através de Jesus é a couraça que protege nossos sentimentos de
tudo o que é ódio e injustiça. A justiça conquistada na cruz é a ligação do homem com
Deus através do arrependimento e do perdão dos pecados. A couraça da justiça impede
que todos os sentimentos ruins do diabo nos afastem da presença do amor de Deus.
Quando Jesus já estava morto, o soldado romano perfurou o Seu lado com uma lança,
ou seja, o coração de Jesus foi traspassado pela lança que representa a nossas
transgressões e a ação de ódio e violência do diabo, para que pudéssemos estar
protegidos dos dardos inflamados que ele tenta lançar sobre nós.
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• Rm 14: 4: “Quem és tu que julgas o servo alheio? Para o seu próprio senhor está em
pé ou cai; mas estará em pé, porque o Senhor é poderoso para o suster”.
• 1 Co 4: 3-5: “Todavia, a mim mui pouco se me dá de ser julgado por vós ou por
tribunal humano; nem eu tampouco julgo a mim mesmo. Porque de nada me argúi a
consciência; contudo, nem por isso me dou por justificado, pois quem me julga é o
Senhor. Portanto, nada julgueis antes do tempo, até que venha o Senhor, o qual não
somente trará à plena luz as obras ocultas das trevas, mas também manifestará os
desígnios dos corações; e, então, cada um receberá o seu louvor da parte de Deus”.
• Tg 4: 11: “Irmãos, não faleis mal uns dos outros. Aquele que fala mal do irmão ou
julga a seu irmão fala mal da lei e julga a lei; ora, se julgas a lei, não és observador da
lei, mas juiz”.
Apesar de tudo o que lemos acima, entretanto, a Palavra nos mostra vários exemplos
onde Jesus nos ensina como julgar: não pela carne, mas pelo Espírito, ou seja, não
segundo a aparência, mas pela reta justiça:
Jo 7: 24: “Não julgueis segundo a aparência, e sim pela reta justiça”.
Lc 12: 57: “E por que não julgais também vós mesmos o que é justo?”
Também diz para julgarmos todas as coisas e retermos apenas o que é bom (1 Ts 5:
21: “Julgai todas as coisas, retende o que é bom”).
Em Mt 12: 18 está escrito: “Eis aqui o meu servo, que escolhi, o meu amado, em
quem a minha alma se compraz. Farei repousar sobre ele o meu Espírito, e ele anunciará
juízo [KJV: justiça] aos gentios [NVI, ‘anunciará justiça às nações’]”.
A palavra acima ‘juízo’, em grego é ‘krisin – κρίσιν’ (Strong #g2920 – krísis: uma
decisão, julgamento, julgamento divino). Krísis é um substantivo feminino derivado de
outra palavra grega, krínō (Strong #g2919), com a mesma raiz, e que significa: separar,
distinguir, julgar, julgamento (enfatizando seu aspecto qualitativo que pode ser aplicado
tanto a um veredicto positivo (por justiça), ou mais comumente, o veredicto negativo, o
que condena a natureza do pecado sobre o qual ele é trazido. Krínō (κρίνω) ou krinó
(transliterado) significa: julgar, decidir, eu julgo, eu decido, acho que é bom.
Isso nos faz pensar que julgar significa: discriminar, isto é, separar o certo do errado.
Dessa forma, entendemos que Ele nos deu a capacidade de julgar o mal, as situações
que nos cercam, as falsas profecias e os falsos ensinos, o que devemos escolher para
nossa vida etc., como diz Paulo em 1 Co 14: 20: “Irmãos, não sejais meninos no juízo;
na malícia, sim, sede crianças; quanto ao juízo, homens amadurecidos”.
Entretanto, não nos deu a licença de julgar as pessoas pelo que imaginamos delas.
Um exemplo disso é a mulher adúltera que ia ser apedrejada (Jo 8: 1-11) e Jesus disse:
“Aquele que dentre vós estiver sem pecado seja o primeiro que lhe atire a pedra” (v.7).
Deus não aprova o adultério, pois o Senhor foi o primeiro a reprovar esse mandamento
na Lei, porém, o que Jesus queria dizer é que as razões que levaram essa mulher a
adulterar estava encoberta aos olhos dos homens, por isso eles não tinham direito de
julgá-la, apedrejando-a, sem primeiro ouvir suas razões. Eles estavam exercendo a Lei
de maneira dura e cega, acusando a adúltera, mas sem examinar a situação toda, pois
estavam julgando segundo a carne, não pelo Espírito.
Parece contraditório, então, que Deus tenha usado servos como Paulo e Pedro para
exercer juízo e julgamento severo sobre algumas pessoas como, por exemplo, Ananias e
Safira (At 5: 1-11) e Elimas, o mágico (At 13: 4-12). Todavia, eles não estavam na
carne, mas movidos pelo Espírito de Deus:
• At 5: 1-11: “Entretanto, certo homem, chamado Ananias, com sua mulher Safira,
vendeu uma propriedade, mas, em acordo com sua mulher, reteve parte do preço e,
levando o restante, depositou-o aos pés dos apóstolos. Então, disse Pedro: Ananias, por
que encheu Satanás teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo, reservando parte
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do valor do campo? Conservando-o, porventura, não seria teu? E, vendido, não estaria
em teu poder? Como, pois, assentaste no teu coração este desígnio? Não mentiste aos
homens, mas a Deus. Ouvindo estas palavras, Ananias caiu e expirou, sobrevindo
grande temor a todos os ouvintes. Levantando-se os moços, cobriram-lhe o corpo e,
levando-o, o sepultaram. Quase três horas depois, entrou a mulher de Ananias, não
sabendo o que ocorrera. Então, Pedro, dirigindo-se a ela, perguntou-lhe: dize-me,
vendestes por tanto aquela terra? Ela respondeu: Sim, por tanto. Tornou-lhe Pedro: por
que entrastes em acordo para tentar o Espírito do Senhor? Eis aí à porta os pés dos que
sepultaram o teu marido, e eles também te levarão. No mesmo instante, caiu ela aos pés
de Pedro e expirou. Entrando os moços, acharam-na morta e, levando-a, a sepultaram-na
junto do marido. E sobreveio grande temor a toda a igreja e a todos quantos ouviram a
notícia destes acontecimentos”.
• At 13: 4-12: “Enviados [Barnabé e Paulo], pois, pelo Espírito Santo, desceram a
Selêucia [Antigo porto de Antioquia, na Síria] e dali navegaram para Chipre. Chegados
a Salamina, anunciavam a palavra de Deus nas sinagogas judaicas; tinham também João
[João Marcos, o escritor do segundo evangelho; não o mesmo João, discípulo de Jesus]
como auxiliar. Havendo atravessado toda a ilha até Pafos, encontraram certo judeu,
mágico, falso profeta, de nome Barjesus, o qual estava com o procônsul Sérgio Paulo,
que era homem inteligente. Este, tendo chamado Barnabé e Saulo, diligenciava para
ouvir a palavra de Deus. Mas opunha-se-lhes Elimas, o mágico (porque assim se
interpreta o seu nome), procurando afastar da fé o procônsul. Todavia, Saulo, também
chamado Paulo, cheio do Espírito Santo, fixando nele os olhos, disse: Ó filho do diabo,
cheio de todo engano e de toda malícia, inimigo de toda a justiça, não cessarás de
perverter os retos caminhos do Senhor? Pois, agora, eis aí está sobre ti a mão do Senhor,
e ficarás cego, não vendo o sol por algum tempo. No mesmo instante, caiu sobre ele
névoa e escuridade, e, andando à roda, procurava quem o guiasse pela mão. Então, o
procônsul, vendo o que sucedera, creu, maravilhado com a doutrina do Senhor”.
Outros textos onde poderemos ler sobre julgar são aqueles onde Jesus diz que o Pai
Lhe conferiu autoridade para julgar e os que falam que Ele a ninguém julga
(aparentemente contraditório), mas que veio para salvar:
• Jo 5: 22-30: “E o Pai a ninguém julga, mas ao Filho confiou todo julgamento, a
fim de que todos honrem o Filho do modo por que honram o Pai. Quem não honra o
Filho não honra o Pai que o enviou. Em verdade, em verdade vos digo: quem ouve a
minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna, não entra em juízo, mas
passou da morte para a vida. Em verdade, em verdade vos digo que vem a hora e já
chegou, em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus; e os que a ouvirem viverão
[falava dos que estavam espiritualmente mortos e ouviriam Seu chamado para a
Salvação]. Porque assim como o Pai tem vida em si mesmo, também concedeu ao Filho
ter vida em si mesmo. E lhe deu autoridade para julgar, porque é o Filho do Homem.
Não vos maravilheis disto, porque vem a hora em que todos os que se acham nos
túmulos ouvirão a sua voz e sairão: os que tiverem feito o bem, para a ressurreição da
vida; os que tiverem praticado o mal, para a ressurreição do juízo [Ele se referia ao
futuro, à Sua segunda vinda, sobre a ressurreição dos mortos, quando os que fizeram a
escolha por Jesus receberão a vida eterna e os que não optaram por ele serão julgados
e condenados]. Eu nada posso fazer de mim mesmo; na forma por que ouço, julgo
[como homem, Ele nada podia fazer, apenas com a ação divina sobre si]. O meu juízo é
justo, porque não procuro a minha própria vontade, e sim a daquele que me enviou”.
• Jo 8: 15-18: “Vós julgais segundo a carne; eu a ninguém julgo. Se julgo, o meu
juízo é verdadeiro, porque não sou eu só, porém eu e aquele que me enviou. Também na
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vossa lei está escrito que o testemunho de duas pessoas é verdadeiro. Eu testifico de
mim mesmo, e o Pai, que me enviou, também testifica de mim”.
• Jo 12: 31-32: “Chegou o momento de ser julgado este mundo, e agora o seu
príncipe [Satanás, vencido na cruz do Calvário por Jesus] será expulso. E eu, quando
for levantado da terra, atrairei todos a mim mesmo”.
• Jo 12: 47-50: “Se alguém ouvir as minhas palavras e não as guardar, eu não o
julgo; porque eu não vim para julgar o mundo, e sim para salvá-lo. Quem me rejeita e
não recebe as minhas palavras tem quem o julgue; a própria palavra que tenho
proferido, essa o julgará no último dia. Porque eu não tenho falado por mim mesmo,
mas o Pai, que me enviou, esse me tem prescrito o que dizer e o que anunciar. E sei que
o seu mandamento é a vida eterna. As coisas, pois, que eu falo, como o Pai mo tem dito,
assim falo”.
Isso nos remete de volta à justiça de Deus, que está ligada à salvação e ao Último
Dia, quando ela estará completa. Na primeira vinda, Jesus veio para salvar (justiça); na
segunda vinda, virá para julgar (juízo sobre os que rejeitaram a Sua justiça).
Repetindo o que dissemos anteriormente: a justiça está ligada ao juízo ou
julgamento que, a princípio, é prerrogativa de Deus, o que não quer dizer que este só
será feito no Último Dia, pois Deus ainda zela pelas Suas próprias palavras escritas no
AT, de que Ele julga entre o justo e o perverso. No presente, Sua justiça e Seu juízo
ainda são feitos para se verem cumpridos os Seus preceitos. Ele pode mostrar isso de
várias maneiras: nos restituindo do que nos foi roubado, nos colocando em honra diante
dos que nos humilharam, trazendo o arrependimento ao coração dos que nos feriram,
nos justificando diante dos que nos acusaram falsamente ou fizeram um conceito errado
de nós, fazendo ser manifesta a Sua verdade em determinada situação etc.; em outras
palavras: trazendo à existência Suas promessas para nossa vida.
Para completar nosso raciocínio, Deus não se omite de fazer cumprir a justiça
humana (do ponto de vista judicial, por exemplo), já que Ele mesmo colocou as
autoridades humanas na terra para serem respeitadas:
• Rm 13: 1-10: “Todo homem esteja sujeito às autoridades superiores; porque não há
autoridade que não proceda de Deus; e as autoridades que existem foram por ele
instituídas. De modo que aquele que se opõe à autoridade resiste à ordenação de Deus; e
os que resistem trarão sobre si mesmos condenação. Porque os magistrados não são para
temor, quando se faz o bem, e sim quando se faz o mal. Queres tu não temer a
autoridade? Faze o bem e terás louvor dela, visto que a autoridade é ministro de Deus
para o teu bem. Entretanto, se fizeres o mal, teme; porque não é sem motivo que ela traz
a espada; pois é ministro de Deus, vingador, para castigar o que pratica o mal. É
necessário que lhe estejais sujeitos, não somente por causa do temor da punição, mas
também por dever de consciência. Por esse motivo, também pagais tributos, porque são
ministros de Deus, atendendo, constantemente, a este serviço. Pagai a todos o que lhes é
devido: a quem tributo, tributo; a quem imposto, imposto; a quem respeito, respeito; a
quem honra, honra. A ninguém fiqueis devendo coisa alguma, exceto o amor com que
vos ameis uns aos outros; pois quem ama o próximo tem cumprido a lei. Pois isto: Não
adulterarás, não matarás, não furtarás, não cobiçarás, e, se há qualquer outro
mandamento, tudo nesta palavra se resume: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. O
amor não pratica o mal contra o próximo; de sorte que o cumprimento da lei é o amor”.
O exercício da justiça divina pela Sua Igreja é preservar a sua salvação e gerar
salvação em outras vidas. O lado negativo da característica, que pode ser distorcida
pelo inimigo, é a falta de entendimento do seu significado bíblico, misturando-o com a
falsa justiça humana para proveito próprio ou achando que Deus também não se importa
com as injustiças que presenciamos. Por isso, Ele diz em Is 61: 8: “Porque eu, o Senhor,
52
Ap 21: 7: “O vencedor herdará estas coisas, e eu lhe serei Deus, e ele me será filho”.
Obediência, amor, perdão e mansidão fizeram com que Jesus tivesse vitória sobre os
poderes do mal. Essas atitudes o mantiveram livre, incontaminado, descomprometido.
Em Hb 5: 5-10, podemos ver que Ele não buscou Sua própria glória, mas a do Pai, e
Sua obediência Lhe garantiu o lugar de sumo sacerdote: “Assim, também Cristo a si
mesmo não se glorificou para se tornar sumo sacerdote, mas o glorificou aquele que lhe
disse: Tu és meu Filho, eu hoje te gerei; como em outro lugar também diz: Tu és
sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque. Ele, Jesus, nos dias da sua
carne, tendo oferecido, com forte clamor e lágrimas, orações e súplicas a quem o podia
livrar da morte e tendo sido ouvido por causa da sua piedade, embora sendo Filho,
aprendeu a obedecer pelas coisas que sofreu e, tendo sido aperfeiçoado, tornou-se o
Autor da salvação eterna para todos os que lhe obedecem, tendo sido nomeado por Deus
sumo sacerdote, segundo a ordem de Melquisedeque”. A ressurreição foi a confirmação
e o anúncio da conquista. A vitória dos cristãos, portanto, consiste em entrar na vitória
de Cristo e desfrutar de seus benefícios. Ressuscitar de uma dificuldade ou problema
significa sermos sarados e libertos do que nos afligia e superar tudo pela fé, tendo o
direito de escrever uma nova história. É permanecer vivo, forte e firme após a luta e o
desafio. É ter a vitória por ter resistido com bravura ao mal e exercido como Jesus a
obediência, o amor, o perdão e a mansidão. Ressuscitar de um problema é o prêmio pela
nossa ousadia.
Uma das grandes vitórias da cruz foi sobre o diabo. Deus nos livra da falência
somente por meio do pagamento de nossas dívidas na cruz de Cristo. Ele cancelou a
dívida e destruiu o documento no qual ela estava registrada:
Cl 2: 13-15: “E a vós outros, que estáveis mortos pelas vossas transgressões e pela
incircuncisão da vossa carne, vos deu vida juntamente com ele, perdoando todos os
nossos delitos; tendo cancelado o escrito de dívida que era contra nós e que constava de
ordenanças, o qual nos era prejudicial, removeu-o inteiramente na cruz; e, despojando
os principados e as potestades, publicamente os expôs ao desprezo, triunfando deles na
cruz”.
Hb 2: 14: “Visto, pois, que os filhos têm participação comum de carne e sangue,
destes também ele, igualmente, participou, para que, por sua morte, destruísse aquele
que tem poder da morte, a saber, o diabo”.
Venceu o diabo também mediante a resistência total às suas tentações através da
obediência:
Fp 2: 8: “a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até a morte e morte de
cruz”.
Hb 2: 18: “Pois, naquilo que ele mesmo sofreu, tendo sido tentado, é poderoso para
socorrer os que são tentados”.
Ao perdoar Seus algozes (Lc 23: 34: “Contudo, dizia: pai, perdoa-lhes, porque não
sabem o que fazem. Então, repartindo as vestes dele, lançaram sortes”), Ele fechou a
ferida emocional em Si mesmo para não ser ‘abocanhado’ por Satanás; venceu o mal
com o bem, pois a ferida é brecha para o inimigo.
No Sl 68: 18a (“Subiste às alturas, levaste cativo o cativeiro;...) e em Ef 4: 8 (“Por
isso, diz: Quando ele subiu às aturas, levou cativo o cativeiro e concedeu dons aos
homens”), o Senhor fala que Ele nos libertou do nosso pecado e do nosso acusador e
nos deixou Sua proteção (Dons; no grego: DOMA) através do Seu sangue e do Seu
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Espírito Santo, que não viria para nós se Jesus não tivesse morrido, ressuscitado e
subido ao céu.
Estamos, portanto, protegidos do nosso ex-cativeiro e livres de condenação:
Rm 8: 1: “Agora, pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo
Jesus”.
Sobre nós e o mundo, Jesus falou em Jo 17: 16-17 (“Eles não são do mundo, como
também eu não sou. Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade”) e em como Sua
palavra, que é a verdade, pode nos manter afastados das investidas de Satanás e das
tentações do mundo. Ele nos orienta a não amar o mundo (1 Jo 2: 15-17: “Não ameis o
mundo nem as coisas que há no mundo. Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não
está nele; porque tudo o que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência
dos olhos e a soberba da vida, não procede do Pai, mas procede do mundo. Ora, o
mundo passa, bem como a sua concupiscência; aquele, porém, que faz a vontade de
Deus permanece eternamente”).
Em Jo 16: 33 Jesus diz: “Estas coisas vos tenho dito para que tenhais paz em mim.
No mundo passais por aflições, mas tende bom ânimo; eu venci o mundo”.
O mundo significa tudo o que tem a ver com o tempo, com as pessoas e com a vida
natural. Em 1 Jo 5: 4-5 o Senhor fala que a força que vence o mundo é a nossa fé. O
diabo nós vencemos com o sangue de Jesus e em Seu nome (Mc 16: 17-18: “Estes
sinais hão de acompanhar aqueles que crêem: em meu nome, expelirão demônios;
falarão novas línguas; pegarão em serpentes; e, se alguma coisa mortífera beberem, não
lhes fará mal; se impuserem as mãos sobre os enfermos, eles ficarão curados”); o
mundo nós vencemos com a nossa fé: “porque todo o que é nascido de Deus vence o
mundo; e esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé. Quem é o que vence o mundo,
senão aquele que crê ser Jesus o Filho de Deus?” (1 Jo 5: 4-5).
Gl 6: 14: “Mas longe esteja de mim gloriar-me, senão na cruz de nosso Senhor Jesus
Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim, e eu, para o mundo”.
Ef 4: 22-32: “no sentido de que, quanto ao trato passado, vos despojeis do velho
homem, que se corrompe segundo as concupiscências do engano; e vos renoveis no
espírito do vosso entendimento; e vos revistais do novo homem, criado segundo Deus,
em justiça e retidão procedentes da verdade. Por isso, deixando a mentira, fale cada um
a verdade com o seu próximo, porque somos membros uns dos outros. Irai-vos, e não
pequeis; não se ponha o sol sobre a vossa ira, nem deis lugar ao diabo. Aquele que
furtava não furte mais; antes, trabalhe, fazendo com as próprias mãos o que é bom, para
que tenha com o que acudir o necessitado. Não saia da vossa boca nenhuma palavra
torpe; e sim unicamente a que for boa para edificação, conforme a necessidade, e, assim,
transmita graça aos que ouvem. E não entristeçais o Espírito de Deus, no qual fostes
selados para o dia da redenção. Longe de vós, toda a amargura, e cólera, e ira, e gritaria,
e blasfêmias, e bem assim toda malícia. Antes, sede uns para com os outros benignos,
compassivos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus, em Cristo, vos
perdoou”.
Cl 3: 5-10: “Fazei, pois, morrer a vossa natureza terrena: prostituição, impureza,
paixão lasciva, desejo maligno e a avareza, que é idolatria; por estas coisas é que vem a
ira de Deus [sobre os filhos da desobediência]. Ora, nessas mesmas coisas andastes vós
também, noutro tempo, quando vivíeis nelas. Agora, porém, despojai-vos, igualmente,
de tudo isto: ira, indignação, maldade, maledicência, linguagem obscena do vosso falar.
Não mintais uns aos outros, uma vez que vos despistes do velho homem com os seus
feitos e vos revestistes do novo homem que se refaz para o pleno conhecimento,
segundo a imagem daquele que o criou”.
1 Pe 1: 14: “Como filhos da obediência, não vos amoldeis às paixões que tínheis
anteriormente na vossa ignorância”.
O sacrifício da cruz de Jesus nos leva a ter consciência da necessidade de crucificar
nossa carne, para que nosso corpo permaneça também santificado (1 Co 6: 20: “Porque
fostes comprados por preço. Agora, pois, glorificai a Deus no vosso corpo”). Através da
cruz, nos unimos em espírito com o Senhor e passamos a ter domínio sobre a carne (1
Co 6: 17: “Mas aquele que se une ao Senhor é um só espírito com ele”).
Crucificar é tomar a decisão de não satisfazer nossos desejos e gostos que induzam
ao pecado. É deixar que o Espírito Santo tire de nós a tendência ao pecado, isto é, que
realize totalmente nosso processo de santificação; é apagar as memórias antigas e
colocar as novas, as Suas. Carne é a parte da nossa alma (pensamentos, sentimentos e
vontade) que tende ao pecado.
Em se tratando da vitória sobre a carne, temos que falar também sobre as
enfermidades. Como a enfermidade passou a ter lugar na vida do homem após sua
queda em conseqüência do pecado, igualmente nos afastou do plano original de Deus
para nós: a saúde perfeita.
A enfermidade, algumas vezes, na bíblia, foi descrita como uma forma de punição ou
penalidade pelo pecado ou como conseqüência do próprio pecado:
Nm 12: 10: “A nuvem afastou-se de sobre a tenda; e eis que Miriã achou-se leprosa,
branca como neve; e olhou Arão para Miriã e eis que estava leprosa”.
Dt 28: 21-22: “O Senhor fará que a pestilência te pegue a ti, até que te consuma a
terra a que passas para possuí-la. O Senhor te ferirá com a tísica, e a febre, e a
inflamação, e com o calor ardente, e a secura, e com o crestamento, e a ferrugem; e isto
te perseguirá até que pereças”.
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Dt 28: 27-28: “O Senhor te ferirá com as úlceras do Egito, com tumores, com sarna e
com prurido de que não possas curar-te. O Senhor te ferirá com loucura, com cegueira e
com perturbação do espírito”.
Dt 28: 59-61: “Então, o Senhor fará terríveis as tuas pragas e as pragas da tua
descendência, grandes e duradouras pragas, e enfermidades graves e duradouras. Fará
voltar contra ti todas as moléstias do Egito, que temeste; e se apegarão a ti. Também o
Senhor fará vir sobre ti toda enfermidade e toda praga que não estão escritas no livro
desta lei, até que sejas destruído”.
2 Rs 5: 27: “Portanto, a lepra de Naamã se pegará a ti e à tua descendência para
sempre. Então, saiu de diante dele leproso, branco como a neve”.
2 Cr 21: 14a-15: “Eis que o Senhor castigará... tu terás grande enfermidade nas tuas
entranhas, enfermidade que aumentará dia após dia, até que saiam as tuas entranhas”
(Câncer de reto ou prolapso retal, em relação ao rei Jeorão).
2 Cr 26: 19b: “Indignando-se ele, pois, contra os sacerdotes, a lepra lhe saiu na testa
perante os sacerdotes, na casa do Senhor, junto ao altar do incenso” (em relação ao rei
Uzias).
Mc 2: 5: “Vendo-lhes a fé, Jesus disse ao paralítico: Filho, os teus pecados estão
perdoados”.
Outras vezes, foi para que se manifestasse a glória de Deus. As enfermidades, aqui,
não estavam relacionadas diretamente ao pecado da pessoa ou dos antepassados, mas
Ele as permitiu para que, através delas, Seu poder fosse manifesto:
Lc 8: 42: “Pois tinha uma filha única de uns doze anos, que estava à morte” (filha de
Jairo, que foi ressuscitada).
Jo 9: 3: “Respondeu Jesus: Nem ele pecou, nem seus pais, mas foi para que se
manifestem nele as obras de Deus” (Jesus cura o cego de nascença).
Jo 11: 4: “Ao receber a notícia, disse Jesus: Esta enfermidade não é para morte, e
sim para a glória de Deus, a fim de que o Filho de Deus seja por ela glorificado”
(Lázaro).
Em outros, assim como o caso da mulher curada de hemorragia há doze anos (Mc 5:
25-34), a própria fragilidade e imperfeição humana favoreceram o aparecimento da
doença, pois o pecado de Adão trouxe imperfeição ao corpo humano e à sua genética e,
ao nascermos, essas deformidades se estabelecem, mesmo que não haja pecado dos
antepassados. Assim, a glória de Deus pôde se mostrar aos homens como uma forma de
expressar a Sua perfeição divina que cura e liberta de toda a deformidade e imperfeição.
Outras vezes, era descrita como gerada por espírito imundo:
Mc 5: 5: “Andava sempre, de noite e de dia, clamando por entre os sepulcros e pelos
montes, ferindo-se com pedras” (as feridas eram feitas por espíritos imundos).
Mc 9: 17-18: “E um, dentre a multidão, respondeu: Mestre, trouxe-te o meu filho,
possesso de um espírito mudo; e este, onde quer que o apanha, lança-o por terra, e ele
espuma, rilha os dentes e vai definhando. Roguei a teus discípulos que os expelissem, e
eles não puderam” (o menino com epilepsia).
Lc 13: 11-12: “E veio ali uma mulher possessa de um espírito de enfermidade, havia
já dezoito anos; andava ela encurvada, sem de modo algum pode endireitar-se. Vendo-a
Jesus, chamou-a e disse-lhe: Mulher, estás livre da tua enfermidade”.
Outras vezes, a doença física pode ser gerada por um abatimento de alma e espírito
(Pv 17: 22: “O coração alegre é bom remédio, mas o espírito abatido faz secar os
ossos”) ou ser mandada pelo Senhor com um propósito (por exemplo, a esterilidade, no
caso de algumas mulheres no AT e no NT) e esta levar à doença emocional (tristeza,
amargura), que, por sua vez, pode agravar a doença física inicial ou provocar outra. É o
que podemos ver, por exemplo, em 1 Sm 1: 5-8, no caso de Ana: “A Ana, porém, dava
59
porção dupla, porque ele a amava, ainda mesmo que o Senhor a houvesse deixado
estéril (A sua rival a provocava excessivamente para a irritar, porquanto o Senhor lhe
havia cerrado a madre). E assim o fazia ele de ano em ano; e, todas as vezes que Ana
subia à Casa do Senhor, a outra a irritava; pelo que chorava e não comia. Então, Elcana,
seu marido, lhe disse: Ana, por que choras? E por que não comes? E por que estás de
coração triste? Não te sou eu melhor do que dez filhos?” A bíblia não diz que a
esterilidade era uma maldição por seu pecado ou de seus antepassados (diferente do
caso de Sara, Rebeca e Raquel por serem descendentes de idolatria), mas tinha sido
permitida pelo Senhor para realizar Seu propósito na vida de Ana, através de Samuel (1
Sm 1: 19b-20: “... e, lembrando-se dela o Senhor, ela concebeu e, passado o devido
tempo, teve um filho, a que chamou Samuel, pois dizia: Do Senhor o pedi”). O fato de
Ana estar triste e amargurada pela esterilidade e se recusar a comer por causa disso,
poderia agravar sua esterilidade ou levá-la a outro tipo de doença, por exemplo, anemia
e inanição. Outra mulher estéril foi a mãe de Sansão e, através dela, Deus exerceu Seu
propósito de dar Sansão a Israel como juiz e libertador e mostrar ao Seu povo que Ele
ainda continuava a fazer milagres (Jz 13: 2-5). No NT, Isabel também era estéril (Lc 1:
5-7; 36) e, através do milagre de Deus, deu à luz João Batista para cumprir o propósito
divino como precursor do Messias.
Seja qual for a causa da doença ou da enfermidade, o sacrifício da cruz veio para
nos resgatar dela:
Is 53: 4-5: “Certamente, ele tomou sobre si as nossas doenças e as nossas dores
levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus e oprimido. Mas ele foi
traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniqüidades; o castigo que
nos traz a paz estava sobre ele e pelas suas pisaduras fomos sarados”.
1 Pe 2: 24: “Carregando ele mesmo em seu corpo, sobre o madeiro, os nossos
pecados, para que nós, mortos para os pecados, vivamos para a justiça; por suas chagas,
fostes sarados”.
É fato que teremos redenção total do corpo com a volta de Jesus, um corpo
incorruptível (1 Co 15: 42-44; 51-53), glorificado, como Ele. Mas até que isso aconteça,
creio que devemos tomar posse da nossa bênção e lutar contra a doença pela saúde do
nosso corpo, deste que temos agora, e não permitir que enfermidade alguma se instale
nele. Creio que é plano de Deus para nós que, enquanto vivermos neste corpo e neste
mundo, sejamos saudáveis. A bíblia diz que nós temos a mente de Cristo (1 Co 2: 16),
portanto, podemos crer em milagres. Também diz que temos dentro de nós o próprio
Espírito de Jesus que o ressuscitou dentre os mortos:
Rm 8: 11: “Se habita em vós o Espírito daquele que ressuscitou a Jesus dentre os
mortos, esse mesmo que ressuscitou a Cristo Jesus dentre os mortos vivificará também
o vosso corpo mortal, por meio do seu Espírito que em vós habita”.
É preciso lembrar que o Senhor é Deus e que cabe a Ele determinar a maneira de nos
curar e não a nós determinarmos a Ele a forma de sermos curados. O tratamento do
nosso espírito se reflete na cura da alma e do corpo. Em outras palavras, durante o
processo de santificação da nossa alma, nós podemos nos deparar com alguns sintomas
físicos que exteriorizam, por assim dizer, o que estava escondido no emocional ou no
espiritual. Portanto, a enfermidade permite conhecermos mais de Deus e mais de nós
mesmos. Por exemplo, uma pessoa que viveu muitos anos debaixo de jugos e maldições
e que adquiriu doenças físicas decorrentes do stress emocional, deverá primeiro se
libertar das amarras espirituais para que sua alma tenha as emoções saradas e
equilibradas e, assim, possa retomar o equilíbrio físico. Quem usou mal o seu livre-
arbítrio fumando três maços de cigarro por dia há trinta anos e, hoje, tem bronquite ou
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enfisema, precisa assumir as conseqüências dos seus atos e não colocar a culpa,
simplesmente, no diabo. Ele só atua na nossa vida quando lhe damos legalidade.
De qualquer forma, fomos beneficiados pela cruz. Agora, quanto ao fato de alguns
de nós termos vitória total sobre nossas doenças físicas e outros não, cabe a Deus
explicar e não a nós, sem a crítica ou o julgamento do outro de ter ou não fé. Gosto da
palavra escrita em Dt 29: 29 que diz: “As coisas encobertas pertencem ao Senhor, nosso
Deus, porém as reveladas nos pertencem, a nós e a nossos filhos, para sempre, para que
cumpramos todas as palavras desta lei”. Isso quer dizer: se Deus lhe der uma revelação,
você toma posse dela, pois Ele a está liberando sobre você, mas se ainda a revelação
estiver encoberta, é porque pertence a Ele a solução.
Quero terminar este capítulo escrevendo uma mensagem que Deus me deu há algum
tempo: “Quando determino vitória na vida de um filho ela se estabelece, pois minha
palavra está firmada no céu e na terra. O céu e a terra passam, mas as minhas palavras
não passarão. O que liberei sobre ti foi amor, paz, alegria, resgate e vitória e tu as
receberás porque creste em mim. Tu não tens do que te envergonhar. Tu foste lavada e
justificada pelo meu sangue”.
Estas palavras estão também sobre você para lhe dar a certeza de vitória sobre todas
as áreas que o Senhor conquistou para nós na cruz: o diabo, a Lei e a morte, a carne (e a
enfermidade) e o mundo.
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Falamos que pela cruz fomos reconciliados com Deus, mas Jesus levou este
benefício mais além, ou seja, nos colocou num novo patamar de relacionamento como
Pai, nos dando ousadia na nossa comunicação com Ele, alegria e amor.
8.1. Ousadia
8.2. Amor
Nós amamos porque Ele nos amou primeiro. Seu amor nos libertou do pecado e faz
com que O sirvamos em amor. Antes tínhamos medo Dele, da Sua ira; agora, Seu amor
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expulsou o medo e, como filhos de Deus, podemos falar abertamente com Ele o que
sentimos, pedir o que necessitamos, receber o Seu amor e entrar no Seu trono sempre
que precisarmos ou desejarmos, cobertos apenas pelo sangue de Jesus:
2 Co 5: 14-15: “Pois o amor de Cristo nos constrange, julgando nós isto: um morreu
por todos; logo todos morreram. E ele morreu por todos, para que os que vivem não
vivam mais para si mesmos, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou”.
Cl 3: 14: “acima de tudo isto, porém, esteja o amor, que é o vínculo da perfeição”.
1 Jo 4: 18-19: “No amor não existe medo; antes, o perfeito amor lança fora o medo.
Ora, o medo produz tormento; logo, aquele que teme não é aperfeiçoado no amor. Nós
amamos porque ele nos amou primeiro”. O Seu amor nos permitiu amá-lO e amar
também nossos irmãos.
Antes da Sua morte, no cenáculo com Seus discípulos Jesus lhes disse: “Novo
mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei, que
também vos ameis uns aos outros. Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se
tiverdes amor uns aos outros” (Jo 13: 34-35). Também lhes disse: “O meu mandamento
é este: que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei. Ninguém tem maior
amor do que este: de dar alguém a própria vida em favor dos seus amigos” (Jo 15: 12-
13).
Com a cruz podemos chamar Deus de Pai, pois fomos adotados como Seus filhos,
por isso Jesus dizia para, ao orarmos, dizermos: Pai nosso, paizinho (Aba Pai, no
aramaico).
Desde a época de Moisés, Deus era visto como Pai da humanidade e o Pai de Israel
(1 Cr 29: 10; Is 63: 16; Is 64: 8; Jr 3: 19), mas com uma imagem imponente de Deus
Todo-Poderoso e Senhor, e sem a intimidade que Jesus tinha através do amor por Ele.
Depois da vinda de Jesus, nós passamos a conhecer o Pai como Ele é: “Quem me vê a
mim vê o Pai” (Jo 14: 9b).
8.3. Alegria
Nós nos alegramos no Senhor, que nos redimiu de uma escravidão por demais
opressiva. Por isso, devemos louvar e celebrar ao Senhor:
At 2: 46-47: “Diariamente perseveravam unânimes no templo, partiam pão de casa
em casa e tomavam as suas refeições com alegria e singeleza de coração, louvando a
Deus e contando com a simpatia de todo o povo. Enquanto isso, acrescentava-lhes o
Senhor, dia a dia, os que iam sendo salvos”. Os cristãos se alegravam pela salvação e,
assim, os que não conheciam Jesus, eram trazidos a Ele pela alegria que o Seu povo
manifestava.
Rm 14: 17-18: “Porque o reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça e paz,
e alegria no Espírito Santo. Aquele que deste modo serve a Cristo é agradável a Deus e
aprovado pelos homens”. A alegria faz parte do reino de Deus.
2 Co 3: 17: “Ora, o Senhor é o Espírito; e, onde está o Espírito do Senhor, aí há
liberdade”. Temos a liberdade de nos alegrar e louvar no Espírito.
Ef 5: 19-20: “falando entre vós com salmos, entoando e louvando de coração ao
Senhor com hinos e cânticos espirituais, dando sempre graças por tudo a nosso Deus e
Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo,...”. A alegria é como o um mandamento do
Senhor, pois agora temos um dono e um defensor; já temos alguém que resolve nossos
problemas e nos defende; isso é motivo de alegria.
Fp 4: 4: “Alegrai-vos sempre no Senhor; outra vez digo, alegrai-vos”.
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Fp 4: 11: “Digo isto, não por causa da pobreza, porque aprendi a viver contente em
toda e qualquer situação”. O fato de sermos Seus nos capacita a viver sempre com
alegria, não importando as circunstâncias que nos cercam. Embora não seja uma atitude
fácil de assumir, é desenvolvida, como foi com Paulo, correndo paralelamente ao grau
de crescimento espiritual e das revelações que Dele recebemos. Com Ele, tudo tem um
bom final.
Cl 1: 11-12: “sendo fortalecidos com todo o poder, segundo a força da sua glória, em
toda a perseverança e longanimidade; com alegria, dando graças ao Pai, que vos fez
idôneos à parte que vos cabe da herança dos santos na luz”. Podemos ter alegria pela
certeza que agora somos herdeiros de uma grande herança.
1 Ts 5: 16: “Regozijai-vos sempre”.
1 Pe 4: 13: “pelo contrário, alegrai-vos na medida em que sois co-participantes dos
sofrimentos de Cristo, para que também, na revelação de sua glória, vos alegreis,
exultando”. Como sofremos com Ele, também somos glorificados e ressuscitados das
nossas aflições.
Ap 22: 14: “Bem-aventurados aqueles que lavam as suas vestiduras [no sangue do
Cordeiro], para que lhes assista o direito à árvore da vida, e entrem na cidade pelas
portas”. Temos a alegria de estar com o Senhor na eternidade.
Como eu disse acima, não é fácil a alma sentir alegria quando as circunstâncias ao
redor são adversas; entretanto, nosso espírito, com a visão de Deus sobre elas, nos traz
consolo e nos faz lembrar as vitórias que temos por sermos Seus. Aí, sim, podemos
sentir a alegria de entrar em Sua presença, receber Seu conforto, Seu consolo, e termos
certeza das soluções que buscamos.
Agora que somos Seus, somos filhos, lavados no Seu sangue, remidos, perdoados,
justificados. Fomos resgatados do reino das trevas para o reino do Filho do Seu amor;
portanto, somos príncipes, com ousadia para entrar na Sua presença e solicitar ajuda.
Hoje, podemos nos alegrar pela liberdade que temos espiritualmente e por podermos ser
quem verdadeiramente somos: filhos de Deus, com autoridade sobre todo o mal,
pisando sobre o inimigo e vencendo todas as nossas batalhas. Podemos nos alegrar
porque estamos prontos para realizar o propósito de Deus para nós aqui na terra.
Podemos ter alegria de sermos resgatados e restaurados, de ver nossos sonhos nascerem,
pois somos aliançados com Ele para sempre.
Quero terminar colocando uma mensagem do Senhor para minha e para tua vida:
“Estarei sempre contigo para que tu leves minha presença e meu perfume aos
carentes de vida e luz. Fala do meu amor, sobretudo, transpira o meu amor para que
outros saibam que sou real. A linguagem do coração é mais sábia que a linguagem da
mente. Achega-te mais a mim e te revelarei os segredos do meu coração”.
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Nesta primeira parte procurei descrever o sacrifício de Jesus e Sua conquista. Ele
mesmo disse que era necessário para se cumprir profecias anteriores a Seu respeito.
Jesus morreu por nós, obedecendo tanto a um plano divino quanto a um plano humano.
Ele mesmo falava sobre Sua morte durante Seu ministério na terra, mas com mais
ênfase nas últimas horas que a antecederam, ou seja, no cenáculo e no Getsêmani.
O pecado cometido pelo homem no Éden, influenciado pelo diabo, o levou a uma
separação cada vez maior de Deus. Ele ama as próprias pessoas com as quais está irado
e pode-se dizer que isso Lhe trouxe dor. Como não pode negar a Si mesmo nem as leis
por Ele mesmo estabelecidas, a quebra da inimizade entre Ele e nós e vice-versa só
poderia ser feita a partir de um ato de reconciliação de Sua parte. Assim Deus, na pessoa
de Seu Filho, abriu mão de Sua majestade e se humilhou para que não houvesse mais
abismos entre nós. Mandou Seu próprio Filho para morrer por nós e em nosso lugar
para sermos propiciados, redimidos, justificados e reconciliados com Ele.
Na Sua experiência vivida na cruz procurei descrever não só Seus sentimentos como
Deus e homem, mas as conquistas espirituais e o propósito divino em todas elas,
inclusive nossas maldições ali quebradas. O tempo que Ele passou no inferno também
nos trouxe vitórias, principalmente a vitória sobre a morte; as chaves da morte e do
inferno estão com Jesus. A morte era o único inimigo que não poderíamos vencer, só
Ele.
Dessa forma, a realização da cruz incluiu a salvação dos pecadores pela propiciação
dos pecados, redenção, justificação e reconciliação. Incluiu também a revelação do
caráter de Deus através desse ato, a saber, Seu amor e Sua justiça; e, por último, a
conquista sobre o mal, representada pela vitória sobre o diabo, a carne, o mundo, a Lei
e a morte. O sacrifício da cruz trouxe, além disso, um novo patamar de relacionamento
com Deus, baseado em ousadia, amor e alegria.
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2ª parte
Nesta parte, eu faço um paralelo do nosso sacrifício com o de Jesus e o quanto ele é
importante para o nosso crescimento como discípulos.
Como foi falado anteriormente, a bíblia diz que o sacrifício de Jesus foi definitivo,
perfeito e eficaz. Entretanto a palavra de Deus também diz que o nosso sacrifício é
diário:
Sl 44: 22: “Mas, por amor de ti, somos entregues à morte continuamente, somos
considerados como ovelhas para o matadouro”.
Lc 9: 23: “Dizia a todos: se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, dia-a-
dia tome a sua cruz e siga-me”.
Rm 8: 36: “Como está escrito: Por amor de ti, somos entregues à morte o dia todo,
fomos considerados como ovelhas para o matadouro”.
Nós levamos em nosso corpo frágil a morte de Jesus, mas ao mesmo tempo a Sua
vida:
Rm 6: 5-14: “Porque, se fomos unidos com ele na semelhança da sua morte,
certamente o seremos também na semelhança da sua ressurreição, sabendo isto: que foi
crucificado com ele o nosso velho homem, para que o corpo do pecado seja destruído, e
não sirvamos o pecado como escravos; porquanto quem morreu está justificado do
pecado. Ora, se já morremos com Cristo, cremos que também com ele viveremos.
Sabedores de que, havendo Cristo ressuscitado dentre os mortos, já não morre; a morte
já não tem domínio sobre ele. Pois, quanto a ter morrido, de uma vez para sempre
morreu para o pecado; mas quanto a viver, vive para Deus. Assim também vós
considerai-vos mortos para o pecado, mas vivos para Deus, em Cristo Jesus. Não reine,
portanto, o pecado em vosso corpo mortal, de maneira que obedeçais às suas paixões;
nem ofereçais cada um os membros de seu corpo no pecado, como instrumentos de
iniqüidade; mas oferecei-vos a Deus, como ressurretos dentre os mortos, e os vossos
membros, a Deus, como instrumentos de justiça. Porque o pecado não terá domínio
sobre vós; pois não estais debaixo da lei e sim da graça”.
2 Co 4: 7-11: “Temos, porém este tesouro em vasos de barro, para que a excelência
do poder seja de Deus e não de nós. Em tudo somos atribulados, porém não
angustiados; perplexos, porém não desanimados; perseguidos, porém não
desamparados; abatidos, porém não destruídos; levando sempre no corpo o morrer de
Jesus, para que também a sua vida se manifeste em nosso corpo. Porque nós, que
vivemos, somos entregues à morte por causa de Jesus, para que também a vida de Jesus
se manifeste em nossa carne mortal”.
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Gl 2: 20: “logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que,
agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se
entregou por mim”.
Em outras palavras, a carne morre sem a vivificação do Espírito. A tendência ao
pecado gera morte, porém, a vida do Espírito Santo nos faz superá-la (a tendência).
A bíblia também fala que devemos ser imitadores de Deus (Ef 5: 1-2: “Sede, pois,
imitadores de Deus, como filhos amados; e andai em amor, como também Cristo nos
amou e se entregou a si mesmo por nós, como oferta e sacrifício a Deus, em aroma
suave”). Andar em amor é obedecer à ordem dada por Jesus e viver Seu amor doador,
negando a nós mesmos, morrendo para o pecado para vivermos, então, Sua santidade:
Jo 13: 34: “Novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como
eu vos amei, que também vos ameis uns aos outros”.
Jo 15: 12: “O meu mandamento é este: que vos ameis uns aos outros, assim como eu
vos amei”.
Gl 6: 14: “Mas longe esteja de mim gloriar-me, senão na cruz de nosso Senhor Jesus
Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim, e eu, para o mundo”.
1 Pe 1: 15-16: “pelo contrário, segundo é santo aquele que vos chamou, tornai-vos
santos também vós mesmos em todo o vosso procedimento, porque escrito está: Sede
santos, porque eu sou santo”.
Tudo se faz pela presença do Espírito em nós, não pela nossa própria força: “Não por
força nem por poder, mas pelo meu Espírito, diz o Senhor dos Exércitos” – Zc 4: 6b. O
segredo de tudo é, portanto, a entrega. Ela não é necessariamente dolorosa, pois o amor
(o Dele por nós e o nosso por Ele) facilita o processo e nos liberta de qualquer disputa
de poder com Deus.
Quando aceitamos Jesus, vivemos simbolicamente Sua morte e Sua obra salvadora
através do batismo:
At 2: 38: “Respondeu-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado
em nome de Jesus Cristo para remissão dos vossos pecados, e recebereis o dom do
Espírito Santo”.
Rm 6: 3-4: “Ou, porventura, ignorais que todos nós que fomos batizados em Cristo
Jesus fomos batizados na sua morte? Fomos, pois, sepultados com ele na morte pelo
batismo, para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, pela Glória do Pai,
assim também andemos nós em novidade de vida”.
Cl 2: 11-13: “Nele, também, fostes circuncidados, não por intermédio de mãos, mas
no despojamento do corpo da carne, que é a circuncisão de Cristo; tendo sido
sepultados, juntamente com ele, no batismo, no qual igualmente fostes ressuscitados
mediante a fé no poder de Deus que o ressuscitou dentre os mortos. E a vós, outros, que
estáveis mortos pelas vossas transgressões e pela incircuncisão da vossa carne, vos deu
vida juntamente com ele, perdoando os vossos delitos”.
É uma confissão de fé. Morremos e ressurgimos com Ele, de modo que nossa vida
antiga de pecado, culpa e vergonha foi terminada e teve início uma vida inteiramente
nova de santidade, perdão e liberdade. Isso é o que ocorre simbolicamente com o nosso
espírito no batismo nas águas, mas é necessária uma mudança diária com o nosso novo
eu. A bíblia também fala que devemos desenvolver nossa salvação, com temor e tremor:
Rm 6: 5-14: “Porque, se fomos unidos com ele na semelhança da sua morte,
certamente, o seremos também na semelhança da sua ressurreição, sabendo isto: que foi
crucificado com ele o nosso velho homem, para que o corpo do pecado seja destruído, e
não sirvamos o pecado como escravos; porquanto quem morreu está justificado do
pecado. Ora, se já morremos com Cristo, cremos que também com ele viveremos.
Sabedores de que, havendo Cristo ressuscitado dentre os mortos, já não morre; a morte
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já não tem domínio sobre ele. Pois, quanto a ter morrido, de uma vez para sempre,
morreu para o pecado; mas quanto a viver, vive para Deus. Assim também vós
considerai-vos mortos para o pecado, mas vivos para Deus, em Cristo Jesus. Não reine,
portanto, o pecado em vosso corpo mortal, de maneira que obedeçais às suas paixões;
nem ofereçais cada um os membros do seu corpo no pecado, como instrumentos de
iniqüidade; mas oferecei-vos a Deus, como ressurretos dentre os mortos, e os vossos
membros, a Deus, como instrumentos de justiça. Porque o pecado não terá domínio
sobre vós; pois não estais debaixo da lei e sim da graça”.
Fp 2: 12: “Assim, pois, amados meus, como sempre obedecestes, não só na minha
presença, porém, muito mais agora, na minha ausência, desenvolvei a vossa salvação
com temor e tremor”.
O processo de cura da nossa alma se resume em deixar vir a santificação.
Infelizmente, a condescendência com o pecado, que justifica a imperfeição e esquece o
livre-arbítrio, dificulta o processo. Por isso, a vida de muitos cristãos é infrutífera e não
consegue ultrapassar certos patamares porque a pessoa se conforma com a deformidade
e com a imperfeição humana, tentando justificar suas atitudes comodistas e
conformistas. A verdade é que nada podemos fazer por nós mesmos, como disse Jesus:
“Sem mim, nada podeis fazer” (Jo 15: 5b). É fato, também, que nossa natureza humana
jamais será perfeita, mas o Senhor diz que tudo podemos naquele que nos fortalece (Fp
4:13). Ele também diz: “Sede santos, porque eu sou santo” (1 Pe 1: 15-16) e “Ele
mesmo vos há de aperfeiçoar” (1 Pe 5: 10b); portanto, tudo depende da nossa vontade
em querer ser parecidos com Ele e nos rebelar contra a vontade do diabo que nos força a
pecar e sair da Sua presença santa: “Resisti ao diabo e ele fugirá de vós” (Tg 4: 7). O
reconhecimento dos nossos erros é a entrega que o Senhor espera de nós. Ele fez
conosco uma aliança e nós devemos manter a nossa com Ele. Não precisamos nos punir
nem nos cobrar de nada, apenas nos entregar a Ele e Ele mesmo vai nos aperfeiçoando
naturalmente através do nosso convívio diário com o Seu Espírito.
Jesus enfatizou muito a necessidade de um discípulo levar a sua cruz: em Mt 16: 24-
27 e Lc 14: 26-27; 33, Ele fala sobre achar sua alma, aqueles que a perdem por causa
Dele, e sobre perder sua alma, aqueles que se afastam Dele. Fala também sobre amar
menos nossos pais, terra e parentela para sermos Dele, ou seja, colocá-lO em primeiro
lugar. Em todos esses textos Jesus dá ênfase à autonegação. Cruz é símbolo da morte do
eu. Negar (grego: aparneomai) = deserdar, repudiar, voltar-lhe as costas, renunciar. É
negar ou deserdar os nossos próprios seres, renunciando a nosso suposto direito de
seguir nosso próprio caminho. É a decisão de não satisfazer nossos desejos e gostos que
induzam ao pecado. É símbolo de entrega e vitória.
Jesus também usa palavras como alma e vida, mostrando Sua preocupação com essa
parte do nosso ser, pois foi para isso que Ele veio: para salvar nossa alma. E ainda em
relação à alma, usa palavras do tipo: perder, ganhar, trocar (Mc 8: 37: “Que daria um
homem em troca de sua alma?”). Com certeza Ele nos ensina que era o único que
poderia fazer uma troca justa, através do Seu sangue inocente; que nós não poderíamos
fazer nada por nós mesmos, não tínhamos nada para trocar pela nossa vida, mas através
da aceitação do Seu sacrifício e de Suas palavras nós estaríamos unidos a Ele,
morreríamos e ressurgiríamos com Ele; teríamos nossas almas salvas (Tg 1: 21:
“Portanto, despojando-vos de toda impureza e acúmulo de maldade, acolhei, com
mansidão, a palavra em vós implantada, a qual é poderosa para salvar a vossa alma”).
Também nos diz nesses textos que é necessário perder a alma para o mundo, para
ganhá-la para Ele e, conseqüentemente, experimentar a verdadeira vida. Em Lc 9: 23
Jesus diz que esse processo é dia a dia.
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transformadas. É não ter medo nem vergonha de deixar o Senhor trabalhar no nosso
interior, pois Ele só vai tirar o que é ruim e deixar o que é bom.
O eu que foi criado por Deus é a nossa racionalidade, senso de obrigação moral,
sexualidade, vida familiar, dons de apreciação estética e criatividade artística, mordomia
dos frutos da terra, nossa fome de amor e experiência de comunidade, nossa consciência
de majestade transcendental divina, nosso impulso inato de nos prostrar e adorar a Deus.
Essa natureza foi manchada e distorcida pelo pecado. Cristo veio para redimi-la, não
destruí-la.
O eu que veio com a queda foi a irracionalidade, perversidade moral,
obscurecimento das distinções sexuais e falta de domínio nesta área, egoísmo que
deturpa a vida familiar, fascinação pelo feio, recusa de desenvolver os dons de Deus,
poluição, danos ao meio ambiente, tendências anti-sociais que inibem a verdadeira
comunidade, autonomia orgulhosa, recusa idólatra em adorar ao Deus vivo e verdadeiro.
Cristo veio para destruí-la (1 Jo 3: 8).
Através da nossa cruz, nós podemos experimentar nas nossas vidas o que Cristo
sentiu. As nossas provas são semelhantes às Dele:
1) Desamparo e o abandono por ser diferente do mundo ou por fazer Sua obra
2) Sofrer injustamente
3) Aprender a ver o perdão como o caminho da libertação
4) Aprender a superar as vozes que nos afrontam a fé
5) Aprender a se doar, principalmente para quem não merece ou nos trai
6) Ser aperfeiçoado até a santidade
A cruz foi o chamado, a missão de Jesus. A nossa cruz é o nosso chamado, a nossa
missão na terra.
Por isso, todas as provas e experiências desagradáveis que passamos são a prova de
estamos carregando a nossa cruz e que, da mesma forma que Jesus a superou, nós a
superaremos, pois a cruz é hoje para nós que somos salvos, rendição e vitória. A cruz é
o fim de uma história e o começo de outra. Levamos as marcas de Jesus, mas também
Suas vitórias. Assim como Cristo foi restituído, exaltado e glorificado, nós também
seremos ressuscitados com Jesus das situações de vergonha e vexame:
Is 53: 12: “Por isso, eu lhe darei muitos como a sua parte, e com os poderosos
repartirá ele o despojo, porquanto derramou a sua alma na morte; foi contado com os
transgressores; contudo, levou sobre si o pecado de muitos e pelos transgressores
intercedeu”.
Rm 8: 17: “Ora, se somos filhos, somos também herdeiros, herdeiros de Deus e co-
herdeiros com Cristo; se com ele sofremos, também com ele seremos glorificados”.
Rm 8: 28-30: “Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que
amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito. Porquanto aos que
de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu
Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos. E aos que predestinou, a
esses também, chamou; e aos que chamou, a esses também justificou; e aos que
justificou, a esses também glorificou”.
Rm 8: 37: “Em todas estas coisas, porém, somos mais que vencedores, por meio
daquele que nos amou”.
2 Co 4: 14: “sabendo que aquele que ressuscitou o Senhor Jesus também nos
ressuscitará com Jesus e nos apresentará convosco”.
Gl 6: 14; 17: “Mas longe esteja de mim gloriar-me, senão na cruz de nosso Senhor
Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim, e eu, para o mundo...
Quanto ao mais, ninguém me moleste; porque eu trago no corpo as marcas de Jesus”.
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Fp 2: 9-11: “Pelo que também Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu um nome que
está acima de todo nome; para que ao nome de Jesus se dobre todo o joelho, nos céus,
na terra e debaixo da terra, e toda a língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para a
glória de Deus Pai”.
A cruz de Cristo é a esperança da glória final:
Ef 1: 12: “a fim de sermos para louvor da sua glória, nós, os que de antemão
esperamos em Cristo”.
Cl 1: 27-28: “aos quais Deus quis dar a conhecer qual a riqueza da glória deste
mistério entre os gentios, isto é, Cristo em vós, a esperança da glória; o qual nós
anunciamos, advertindo a todo homem e ensinando a todo homem em toda a sabedoria,
a fim de que apresentemos todo homem perfeito em Cristo”.
Quando obedecemos à Sua vontade somos abençoados.
Se não nos apropriarmos das bênçãos e benefícios da cruz, se recusarmos a aceitar
Seu sacrifício e se nos recusarmos repeti-lo em nossa carne, nós estaremos rejeitando a
Jesus como Senhor das nossas vidas, estaremos pecando e, conseqüentemente,
condenando-O novamente à cruz, como os fariseus e os incrédulos (Hb 6: 6 b: “de
novo, estão crucificando para si mesmo o Filho de Deus e expondo-o à ignomínia”).
A nossa cruz se torna pesada quando aceitamos a vontade de homens e a opressão do
inimigo e permitimos que ele nos engane trazendo a nós uma imagem distorcida de
Deus. Não é o Senhor que nos dá uma cruz pesada para carregar, pois Ele já nos
capacitou para exercer nossa missão na terra. Nossa cruz se torna mais leve quando
realizamos com amor o que Ele nos pediu para fazer, e quando entregamos as nossas
imperfeições e vontades a Ele, buscando a santidade.
“Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de
coração; e achareis descanso para a vossa alma. Porque o meu jugo é suave, e o meu
fardo é leve” (Mt 11: 29-30).
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Epílogo
O sacrifício de Jesus foi completo e definitivo, para que nunca mais fosse necessário
outro tipo de sacrifício ou aliança, já que todas as alianças anteriores entre Deus e os
homens falharam. O Seu sacrifício foi único, completo e definitivo, mas o nosso é
diário, na medida em que, dia a dia, tomamos posse das bênçãos e benefícios que Ele
conquistou para nós. Só assim poderemos chegar diante Dele santos e inculpáveis,
irrepreensíveis e vitoriosos, como está escrito em Sua Palavra, sabendo que o maior
prêmio é ter Sua presença vivendo em nós e poder passar a eternidade com Ele.
Oração
Se você foi tocado pelo Espírito de Deus e deseja ser participante das vitórias de
Cristo conquistadas na cruz, repita em voz alta esta oração comigo:
“Pai, em nome de Jesus, eu declaro que creio no sacrifício da cruz e na ressurreição
de Teu Filho Jesus para que me salvar. Por isso, agora, eu Te peço perdão pelos meus
pecados e que o mesmo sangue que foi derramado no Calvário venha a cobrir toda a
minha vida. Eu me entrego a Jesus como meu único Senhor e Salvador e recebo o Teu
Espírito Santo em meu coração para que, a partir de hoje, eu seja transformado na
pessoa que Tu desejas que eu seja. Escreve o meu nome no Livro da Vida e me faz um
participante da Tua herança eterna, em nome de Jesus. Amém”.
Agora vire a página e receba os presentes de Deus para você.
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