Design e Processo Expositivo
Design e Processo Expositivo
Design e Processo Expositivo
Expositivos
Enquadramento e Conceptualização
O Design é uma área onde a multidisciplinaridade é uma característica proeminente, o que faz com que
seja o elo de ligação entre diversas áreas do saber. Como tal, implica uma investigação no domínio
teórico e prático e na necessidade de produção de conhecimento, inserido no Doutoramento em Design.
Esta investigação posiciona-se entre duas grandes áreas: o Design e a Museografia.
Há quem defenda que o Design nasceu com a História do Homem. No entanto, é defendido por alguns
autores, como um conceito do século XVIII, pois, foi com a Revolução Industrial e o aparecimento da
reprodutibilidade técnica em série que foi levantada a questão da individualidade irrepetível dos objectos.
Desta tomada de consciência, destacaram-se, entre outros, Jonh Ruskin e William Morris, com o
Movimento Arts and Crafts, que caminhou ate à Bauhaus, passando pela Deutscher Werkbund, pelo
Modernismo e pelas vanguardas artísticas das primeiras décadas do século XX. Após esta diversidade de
percursos, tradicional ou moderno, decidiram traçar juntos um novo caminho: o caminho do Design e da
união entre a arte e a técnica que chegou até aos dias de hoje (SOUTO, 2009).
Com o passar dos tempos, o conceito de Design foi-se aperfeiçoando e especificando em áreas muito
particulares. A variedade de projectos fez com que o Design se aplicasse e estudasse cada um deles, de
forma particular, dando origem a vários domínios de Design – o Design de Produto/Industrial, o Design de
Moda/Têxtil, o Design de Comunicação, o Design de Interiores e o Design de Equipamento.
Na actividade expositiva, dá-se cada vez mais relevância aos fenómenos de interpretação e de
comunicação, que, graças ao Design, possibilitam a compreensão da mensagem por todos os visitantes.
No fundo, “El diseño es un elemento esencial para el éxito de una exposición (…)” , cabendo ao designer
a habilidade para “(…) guiar y atraer la atención del público, y para que así pueda recibir mejor el
mensaje” (FERNÁNDEZ & FERNÁNDEZ, 2007 p.11). Os mesmos autores, defendem ainda que:
“La creación de la historia o relato a contar tiene lugar en el origen de la exposición, con la idea y el
objetivo de la misma” (FERNÁNDEZ & FERNÁNDEZ, 2007 p.97).
As exposições resultam de uma técnica expositiva aplicada, que relaciona o número de peças ou objectos
a expor e o modo de conexão com o conjunto temático ou conceptual dos interiores. Assim, justifica-se a
selecção do objecto pela sua capacidade de relação entre outros, a sua representatividade em relação ao
tema. Para isso, os equipamentos expositivos, também terão que corresponder à conexão entre espaço,
objecto e identidade corporativa. Deste modo, a planificação de uma exposição resulta da aplicação dos
conhecimentos de cada uma das áreas, criando assim um discurso expositivo coerente.
É de salientar que todos os elementos atrás referidos devem estar subordinados à mensagem que
queremos transmitir, mensagem essa que está presente com o objectivo de conseguir uma comunicação
imediata e eficaz. Desta forma, a colocação de objectos para serem percepcionados implica uma tentativa
de definição de conteúdos, que são portadores de importância icónica. Daí a necessidade de se exporem
de forma evidenciada. Os objectos representam um papel fundamental na comunicação e a experiência
multissensorial conseguida pode transmitir uma mensagem de forma imediata e eficaz, sendo que, neste
sentido, uma imagem vale mais que mil palavras. Através deles, adquirimos informações que podemos
associar à sua história e a diversas leituras e significados que é necessário interpretar.
Hughes (2010) salienta a importância do tamanho do texto, que pode ser perceptível a uma determinada
distância. Em muitos casos, os designers desenvolvem uma hierarquia de sinais em diferentes escalas,
de acordo com o carácter informativo e comunicacional. Tamanho grande para a sinalética, tamanho
médio para identificação temática de zonas e tamanho pequeno para corpo de texto e para legendas dos
objectos. O autor destaca, ainda, para o facto de o texto ser criado em função do comportamento do
visitante e a sua percepção do espaço. Para os designers, é importante o conhecimento dos estudos de
Herbert Bayer, pois são basilares no que concerne a fundamentação conceptual e teórica. O diagrama
Field of Vision demonstra o princípio de que as superfícies de suporte gráfico devem ser orientadas para
o espectador para um efeito optimizado. O espaço expositivo disponível é delimitado segundo o ângulo
conseguido pelos olhos, cabeça e pescoço. Constatamos, assim, que, através do espaço, aplicamos
teorizações de comunicação para usufruto do visitante.
Fig.1 Diagrama do designer Herbert Bayer baseado na ideia do campo visual humano [FERNÁNDEZ & FERNÁNDEZ, 2007.
p.112].
Fig.2 Exhibition Deutscher Werkbund, Paris, 1930 [FERNÁNDEZ & FERNÁNDEZ, 2007. p.113].
Segundo Blanco (2009), numa exposição, o designer necessita conhecer o espaço e os objectos a expor,
bem como todo o programa expositivo e o tema, de modo a poder criar um discurso comunicativo e
cientifico coerente, sendo, assim, facilmente entendido por todos.
“La conversión del discurso científico en discurso comunicativo requiere la presencia de un profesional
capaz, por un lado, de entender y apreciar el discurso científico en profundidad, así como el significado
científico da las piezas con él relacionadas; por otro, debe conocer las peculiaridades de la exposición
como medio de comunicación y las dificultades que pueden tener los visitantes para la utilización de este
medio y para la asimilación del mensaje específico que transmite” (BLANCO, 2009 p.76).
Como salienta Valência (2007), o espaço é uma das condições de base para a construção de um
programa expositivo:
Blanco (2009) destaca também a importância de o designer conseguir ter uma visualização do ponto de
vista exterior da exposição, tendo em conta o comportamento psicológico dos visitantes. Deste modo, o
designer de comunicação é também um:
“(…) redactor del discurso expositivo en sus diversos suportes, compitiéndole desde la elaboración de la
imagen da la exposición, como síntesis y reclamo de la misma, a la selección de los objetos necesarios
para contar el tema, hasta el tratamiento de la información” (BLANCO, 2009 p.76).
Consideramos que a concepção de um modelo projectual de Design, aplicável nos amplos domínios das
actividades expositivas, exponenciam a percepção dos conteúdos e da mensagem expositiva, valorizando
as exposições, no que diz respeito aos interiores e métodos expositivos e seus equipamentos.
exemplos
CM Montemor-o-Novo
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Data
JUNHO 2010
Briefing
Design de Exposição
(Christiane Mello & Marcelo Ribeiro)
Parceria com a designer Christiane Mello de Oliveira
Exposição Artes do Livro
Curadoria: José Inácio Parente e Patrícia Mont’mor
Design de exposição: Christiane Mello e Marcelo Ribeiro
Acervo da Biblioteca Nacional, CCBB, entre outros.
Centro Cultural Banco do Brasil, Rio de Janeiro. (Fotos Rodrigo Azevedo)
GERSHWIN
Data: 9 de julho a 8 de agosto de 1997.