cbc,+XXIICongresso Artigo 0104
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Resumo:
Resumo
Neste trabalho é proposta uma metodologia de utilização de indicadores de Qualidade, em
conjunto com as ferramentas da qualidade, a fim de obter melhorias no processo produtivo de
peças para estruturas metálicas. Pretende-se elevar o nível de controle de Qualidade na
entrada dos materiais no estoque e nas principais etapas do processo de beneficiamento de
perfis e chapas de aço, visando eliminar gradativamente as não conformidades no produto ao
final do processo, por meio dos princípios do controle de qualidade, dando ênfase ao ciclo
PDCA. As ferramentas da qualidade podem auxiliar no rastreamento e eliminação das causas
de não conformidade ocorridas nos produtos. Estas ferramentas permitem também um
acompanhamento dos resultados, a fim de reduzir custos e aumentar a qualidade e
confiabilidade dos produtos. Em geral, nas indústrias do setor metalúrgico, ainda são pouco
utilizadas, onde aliadas aos princípios e indicadores de qualidade, podem identificar as fontes
geradoras de não conformidades no produto final, auxiliando na eliminação incremental dos
desperdícios, atrasos e redução de custos na fabricação. Neste trabalho, utilizou-se de uma
pesquisa exploratória e descritiva, com abordagem qualitativa e quantitativa, realizando-se um
estudo de caso que acompanhou o processo de produção de estruturas metálicas da empresa
Vão Livre S/A. Os resultados do estudo mostram que, o uso de indicadores de desempenho da
qualidade em conjunto com as ferramentas da qualidade torna possível implantar um fluxo de
atividades de controle, que permite rastrear as causas de não conformidade na fabricação das
peças metálicas.
1 Introdução
O ambiente globalizado traduz-se, atualmente, em um mercado onde ações como: o
aumento da produtividade, a implantação de inovações tecnológicas, a redução de
desperdícios, a racionalização dos processos produtivos se tornam ferramentas estratégicas.
Uma empresa deve ser tratada como um grande processo, que a partir da entrada de
insumos, incorpora valor, tendo como resultados produtos, informações e/ou serviços. A
importância de se conhecer, controlar e melhorar os processos pode ser atribuída a uma visão
moderna de gerenciamento, onde a estrutura da empresa deve ser adaptada aos processos de
forma sistematizada e integrada, visando melhor atendê-los.
Para fazer frente a este cenário, as empresas devem obter subsídios para gerar
melhores resultados. Na disputa pela preferência do consumidor, para muitos segmentos de
mercado, a qualidade acaba por desenvolver caráter tão ou mais relevante que fatores como
preço e nível de serviço, representando muitas vezes critério efetivo para a concretização da
venda. Além disso, a melhoria da qualidade contribui para a redução de custos, dado que
auxilia na redução das perdas e na eliminação de retrabalho.
Com a evolução dos conceitos sobre qualidade surgem às várias técnicas para
gerenciar a qualidade do produto e/ou processo. Assim as chamadas “ferramentas da
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2 Referencial teórico
a) Folha de Verificação
Segundo Kume (1993) uma Folha de Verificação é um formulário de papel no qual os
itens a serem verificados já estão impressos, de modo que os dados possam ser coletados de
forma fácil e concisa. São formulários planejados com os quais os dados coletados são
preenchidos de forma fácil e concisa. Registram os dados dos itens a serem verificados,
permitindo rápida percepção da realidade e a imediata interpretação da situação, ajudando a
diminuir erros e confusões.
Podem ser listados alguns benefícios das folhas de verificação para a coleta de dados
como: facilidade para a coleta de dados, visto que já está claro como estes devem ser
verificados; evitar a perda destes dados a partir do momento que ficam documentados; evitar
o esquecimento da coleta, pois a periodicidade da coleta é estipulada; agilizar a coleta de
dados e; organizar os dados coletados simultaneamente com a coleta para que possam ser
utilizados facilmente. Contudo, antes de coletar os dados é necessário definir o que se
pretende fazer com estes, deve-se estabelecer de forma clara e concisa a finalidade que se tem
e de que maneira os dados obtidos serão utilizados.
Para Kume (1993), os objetivos da coleta de dados para o controle de qualidade são:
controle e acompanhamento do processo de produção; análise de não conformidades e;
inspeção. Após definidos os objetivos, são determinados os tipos de comparações a serem
realizadas, identificando os tipos de dados que devem ser coletados, a origem dos dados deve
ser claramente conhecida e estes registrados de forma que possam ser facilmente utilizados, a
fim de que o tratamento seja feito de forma adequada as necessidades das análises para
qualidade.
b) Fluxograma
O Fluxograma é uma representação gráfica que mostra todos os passos de um
processo. Serve para descrever e estudar um processo (atual ou ideal) ou planejar as etapas de
um novo. Fundamental, tanto para o planejamento (elaboração do processo) como para o
aperfeiçoamento (análise, crítica e alterações) do processo.
Para a elaboração de um Fluxograma é necessário envolver as pessoas que participam
do processo, identificar as fronteiras do processo, mostrando o início e o fim, usando sua
simbologia adequada e documentar cada etapa do processo, registrando as atividades, as
decisões e os documentos relativos ao mesmo.
Um Fluxograma pode ser construído para: identificar o fluxo atual ou o fluxo ideal do
acompanhamento de qualquer produto ou serviço, no sentido de identificar desvios; verificar
os vários passos do processo e se estão relacionados entre si; na definição de projeto, para
identificar as oportunidades de mudanças, na definição dos limites e no desenvolvimento de
um melhor conhecimento de todos os membros da equipe; nas avaliações das soluções, ou
seja, para identificar as áreas que serão afetadas nas mudanças propostas, etc.
c) Histograma
Histograma é uma forma de representação gráfica da distribuição de frequência através
de colunas ou barras. Para Pimentel (2007), ele tem a finalidade de mostrar e entender como
um conjunto de dados se distribui, ilustrando a variabilidade de um processo.
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d) Diagrama de Pareto
O Diagrama de Pareto é uma ferramenta útil que permite separar os problemas mais
importantes, através de uma leitura rápida dos dados, assim permitindo a identificação e
priorização. Normalmente a grande maioria das perdas é ocasionada por poucos problemas,
denominados de poucos vitais, enquanto que a minoria das perdas é ocasionada por diversos
problemas.
A análise de Pareto é uma técnica de apresentação de dados que permite dividir um
problema grande num grande número de problemas menores e que são mais fáceis de serem
resolvidos. Como o método é baseado sempre em fatos e dados, ele permite priorizar os
problemas de qualidade.
O diagrama de Pareto pode ser usado para: (a)Identificar o problema; (b) detectar as
causas que atuam em um defeito; (c) encontrar problemas e causas; problemas (erro, falhas,
gastos, retrabalhos) causas (operador, equipamento, matéria-prima, entre outros); (d) melhor
visualização da ação; (e) priorizar a ação; (f) confirmar os resultados de melhoria; (g)
verificar a situação antes e depois do problema, devido às mudanças efetuadas no processo;
(h) detalhar as causas maiores em partes específicas, eliminando a causa (i) estratificar a ação,
podendo evoluir de uma estrutura hierárquica para um diagrama de relações que apresenta
uma estrutura mais complexa, não hierárquica.
Quanto à classificação, existem dois tipos de Diagrama de Pareto. Definidos da
seguinte forma: Diagrama de Pareto por efeitos: este é utilizado para descobrir qual é o maior
problema entre os resultados indesejáveis. Bastante utilizado para estratificar problemas de
qualidade (defeitos, reclamações), custo (gastos, montantes de perdas), entrega (atrasos, falta
de estoques) e segurança (acidentes); e Diagrama de Pareto por causas: este se refere às
causas no processo. É utilizado para descobrir qual é a maior causa do problema, como:
operador (turno, grupo, idade), máquina (equipamentos, ferramentas), matéria-prima
(fabricante, fábrica, lote) e método de operação (condições, ordens, preparativos).
e) Diagrama de Dispersão
O diagrama de dispersão é a etapa seguinte do diagrama de causa e efeito, pois se
verifica se há uma possível relação entre as causas, isto é, nos mostra se existe uma relação, e
o grau de intensidade.
Existem muitos tipos de padrões de dispersão, podendo haver ou não correlação entre
os dados. Esse tipo de avaliação é dado a partir de um diagrama montado de forma correta e
também através da covariância, que é um indicador do grau e do sinal da correlação ou do
chamado coeficiente de correlação linear de Pearson. Em alguns casos a correlação entre as
variáveis é tão aparente que a simples observação do diagrama já permite que as conclusões
sejam tiradas.
3 Metodologia
Este trabalho se apresenta, quanto aos seus objetivos, como uma pesquisa exploratória
e descritiva, pois buscou uma maior familiaridade com o processo produtivo da empresa, na
qual foram descritas as características do processo observado como objetivo propor
indicadores de desempenho da qualidade no processo de fabricação de peças para montagem
de estruturas metálicas.
Segundo Gil (1996), a pesquisa exploratória pretende possibilitar maior familiaridade
com o problema, objetivando tornar os resultados mais explícitos ou construir hipóteses. E
sobre a pesquisa descritiva, de acordo com Silva (2006), visa descrever as características de
determinada população ou fenômeno ou o estabelecimento de relações entre variáveis. Ela
observa, registra, analisa e faz a correlação de fatos ou fenômenos sem manipulá-los
(CERVO; BERVIAN,2002).
Quanto aos procedimentos, caracteriza-se como um estudo bibliográfico e estudo de
caso. A pesquisa bibliográfica utiliza-se de materiais já publicados, como livros, artigos e
documentos e também informações disponibilizadas na internet, realizando-se um
levantamento e análise do que se relaciona e do que já tem produzido sobre o tema da
pesquisa. O estudo de caso trata-se de uma abordagem metodológica de investigação
especialmente adequada quando procuramos compreender, explorar ou descrever
acontecimentos e contextos complexos, nos quais estão simultaneamente envolvidos diversos
fatores.
Quanto à abordagem, a pesquisa de campo apresentou uma abordagem qualitativa e
quantitativa. Caracteriza-se como qualitativa, pois busca descrever a natureza do problema de
estudo, através da observação e descrição, e quantitativa por utilizar-se de procedimentos
estatísticos para análise de tal problema.
Neste trabalho, a amostra estudada é representada pela empresa Vão Livre S/A, líder
em estruturas metálicas no Norte e Nordeste do Brasil, localizada na cidade de Campina
Grande-PB, que é a segunda mais populosa do estado da Paraíba e considerada um dos
principais pólos industriais e tecnológicos da Região Nordeste do Brasil.
Para o procedimento da coleta de dados foi realizadas análise de relatórios de
inspeções e entrevistas. Inicialmente foi realizada uma pesquisa sobre a situação atual da
qualidade na empresa em aspectos como: gestão, modelo adotado, concepção empresarial,
agentes de qualidade e equipe. A seguir, houve a verificação de quais medidas poderiam ser
adotadas a fim de melhorar a qualidade no processo produtivo.
A pesquisa buscou a verificação de não conformidades no processo produtivo. As
verificações pertinentes quanto às não conformidades também podem ser observadas no
diagnóstico da situação atual do processo produtivo servindo como critérios para avaliação do
que constitui um item não conforme nesse processo.
Nesse sentido, para contribuir com a verificação e controle de não conformidades,
foram determinadas as ferramentas da qualidade que pudessem ser utilizadas em conjunto
com os indicadores. A maior ênfase vai para a elaboração de fichas de verificação, obtidas
mediante entrevistas com os inspetores e análise de documentos informais. Essas fichas são
usadas como suporte para a elaboração dos indicadores e das outras ferramentas da qualidade.
A análise e avaliação do processo de beneficiamento das peças metálicas também
fomentaram a determinação de indicadores de qualidade que incluídos no ciclo PDCA (Plan,
Do, Check, Action) estabelecem formas de se analisar, identificar e avaliar quais ferramentas
de controle de qualidade será eficaz para a eliminação gradativa das perdas no processo
produtivo. Para isso, o método do ciclo PDCA foi estudado, verificando seus princípios e a
forma como este poderia ser implantado em empresas de construções com base em estruturas
metálicas.
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para verificar se esses tendem a aumentar. Isso pode ser acompanhado por meio de um
histograma para visualizar de forma rápida como esses valores se comportam ao longo dos
períodos estipulados para a análise de cada fornecedor como também das peças em execução
ou acabadas. Os dados obtidos com os indicadores podem ainda ser tratados de forma
conjunta através de um Diagrama de Dispersão a fim de verificar se existe correlação
significativa entre eles.
Periodicidade Mensal
Responsável pela coleta Inspetor de Corte e furação
∑
Equação do Indicador INCcf :
Fonte: Elaboração Própria
INCa
Indicador de Não conformidades de Armação
excessiva; falta de deposição e mordeduras. Para tanto, com a finalidade de mensurar o índice
de não conformidades formulou-se o indicador mostrado a seguir.
Quadro 5 - Indicador de não conformidades de Soldagem
Ao ser detectada uma não conformidade, está será anotada na Folha de Verificação,
para avaliação dos valores encontrados ao final da inspeção. Pode ser feito um Gráfico de
Pareto, a fim de visualizar de forma rápida quais os defeitos mais frequentes nas peças e a
partir daí utilizar o Diagrama de Causa e Efeito para tentar descobrir quais as causas que
levaram aos maiores índices de não conformidades.
Para o aprofundamento do tema abordado nesta pesquisa, são sugeridos alguns temas
para trabalhos futuros que podem vir a complementar o presente trabalho: realizar um estudo
e aplicação envolvendo as Sete Ferramentas gerenciais para auxiliar na execução do processo
de melhoria contínua; realizar estudos de tempos e movimentos que venham agregar valor a
pesquisa e a empresa; e verificar os custos incorridos no processo produtivo e os custos de
implantação das melhorias.
Referências
CAMPOS, V. F., Gerência da Qualidade Total: Estratégia para Aumentar a
Competitividade da Empresa Brasileira. Belo Horizonte, MG, 1990.
GIL, A. C. Como Elaborar um Projeto de Pesquisa. 4 ed. São Paulo: Atlas, 2002.
KUME, H., Métodos Estatísticos para Melhoria da Qualidade. São Paulo, Editora Gente,
1993.
PALADINI, E. P., Gestão da Qualidade: Teoria e Prática. São Paulo, Atlas, 2004.