D) Gradação, Antítese, Metáfora e Hipérbole

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RECUPERAÇÃO DA ATIVIDADE AVALIATIVA 1

1 - (UFPB)

I. "À custa de muitos trabalhos, de muitas fadigas, e sobretudo de muita paciência..."


II. "... se se queria que estivesse sério, desatava a rir..."
III. "... parece que uma mola oculta o impelia..."
IV. "... e isto (...) dava em resultado a mais refinada má-criação que se pode imaginar."
Quanto às figuras de linguagem, há neles, respectivamente,

a) gradação, antítese, comparação e hipérbole


b) hipérbole, paradoxo, metáfora e gradação
c) hipérbole, antítese, comparação e paradoxo
d) gradação, antítese, metáfora e hipérbole
e) gradação, paradoxo, comparação e hipérbole

2 - (UFPA)

Tecendo a manhã
Um galo sozinho não tece uma manhã:
ele precisará sempre de outros galos.
De um que apanhe o grito que um galo antes
e o lance a outro; e de outros galos
que com muitos outros galos se cruzem
os fios de sol de seus gritos de galo,
para que a manhã, desde uma teia tênue,
se vá tecendo, entre todos os galos.
E se encorpando em tela, entre todos,
se erguendo tenda, onde entrem todos,
se entretendendo para todos, no toldo
(a manhã) que plana livre de armação.
A manhã, toldo de um tecido tão aéreo
que, tecido, se eleva por si: luz balão.
(MELO, João Cabral de. In: Poesias Completas. Rio de Janeiro, José Olympio, 1979)

Nos versos “E se encorpando em tela, entre todos, se erguendo tenda, onde entrem todos,

se entretendendo para todos, no toldo…” tem-se exemplo de

a) eufemismo
b) antítese
c) aliteração
d) silepse
e) sinestesia

3 - (Fuvest) A catacrese, figura que se observa na frase “Montou o cavalo no burro bravo”, ocorre
em:

a) Os tempos mudaram, no devagar depressa do tempo.

08/03/2023
b) Última flor do Lácio, inculta e bela, és a um tempo esplendor e sepultura.
c) Apressadamente, todos embarcaram no trem.
d) Ó mar salgado, quanto do teu sal são lágrimas de Portugal.
e) Amanheceu, a luz tem cheiro.

4 - (UFU) Cada frase abaixo possui uma figura de linguagem. Assinale aquela que não está
classificada corretamente:

a) O céu vai se tornando roxo e a cidade aos poucos agoniza. (prosopopeia)


b) "E ele riu frouxamente um riso sem alegria". (pleonasmo)
c) Peço-lhe mil desculpas pelo que aconteceu. (metáfora)
d) "Toda vida se tece de mil mortes." (antítese)
e) Ele entregou hoje a alma a Deus. (eufemismo)

5 - (Fatec) "Seus óculos eram imperiosos." Assinale a alternativa em que aparece a mesma figura
de linguagem que há na frase acima:

a) "As cidades vinham surgindo na ponte dos nomes."


b) "Nasci na sala do 3° ano."
c) "O bonde passa cheio de pernas."
d) "O meu amor, paralisado, pula."
e) "Não serei o poeta de um mundo caduco."

1. Após a leitura do texto, escreva um texto dissertativo concluindo, a partir de sua


interpretação, a principal mensagem do autor para seus interlocutores.
 Um texto dissertativo deve conter ao menos 3 parágrafos (mínimo 10 linhas), onde um
introduz, o segundo argumenta e o terceiro conclui a ideia.

OS SOBREVIVENTES (Para ler ao som de Ângela Ro-Ro)

Para Jane Araújo, a Magra

Sri Lanka, quem sabe? ela me pergunta, morena e ferina, e eu respondo por que não? mas
inabalável ela continua: você pode pelo menos mandar cartões-postais de lá, para que as
pessoas pensem nossa, como é que ele foi parar em Sri Lanka, que cara louco esse, hein, e
morram de saudade, não é isso que te importa? Uma certa saudade, e você em Sri Lanka,
bancando o Rimbaud, que nem foi tão longe, para que todos lamentem ai como ele era
bonzinho e nós não lhe demos a dose suficiente de atenção para que ficasse aqui entre nós,
palmeiras & abacaxis. Sem parar, abana-se com a capa do disco de Ângela enquanto fuma sem
parar e bebe sem parar sua vodca nacional sem gelo nem limão. Quanto a mim, a voz tão
rouca, fico por aqui mesmo comparecendo a atos públicos, pichando muros contra usinas
nucleares, em plena ressaca, um dia de monja, um dia de puta, um dia de Joplin, um dia de
Teresa de Calcutá, um dia de merda enquanto seguro aquele maldito emprego de oito horas
diárias para poder pagar essa poltrona de couro autêntico onde neste exato momento vossa
reverendíssima assenta sua preciosa bunda e essa exótica mesinha-de-centro em junco indiano
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que apóia nossos fatigados pés descalços ao fim de mais outra semana de batalhas inúteis,
fantasias escapistas, maus orgasmos e crediários atrasados. Mas tentamos tudo, eu digo, e ela
diz que sim, claaaaaaaro, tentamos tudo, inclusive trept, porque tantos livros emprestados,
tantos filmes vistos juntos, tantos pontos de vista sociopolíticos existenciais e bababá em
comum só podiam era dar mesmo nisso: cama. Realmente tentamos, mas foi uma bosta Que foi
que aconteceu, que foi meu deus que aconteceu, eu pensava depois acendendo um cigarro no
outro e não queria lembrar, mas não me saía da cabeça o teu pau murcho e os bicos dos meus
seios que nem sequer ficaram duros, pela primeira vez na vida, você disse, e eu acreditei, pela
primeira vez na vida, eu disse, e não sei se você acreditou. Eu quero dizer que sim, que
acreditei, mas ela não pára, tanto tesão mental espiritual moral existencial e nenhum físico, eu
não queria aceitar que fosse isso: éramos diferentes, éramos melhores, éramos superiores,
éramos escolhidos, éramos mais, éramos vagamente sagrados, mas no final das contas os
bicos dos meus peitos não endureceram e o teu pau não levantou. Cultura demais mata o corpo
da gente, cara, filmes demais, livros demais, palavras demais, só consegui te possuir me
masturbando, tinha biblioteca de Alexandria separando nossos corpos, eu enfiava fundo o
dedo na boceta noite após noite e pedia mete fundo, coração, explode junto comigo, me fode,
depois virava de bruços e chorava no travesseiro, naquele tempo ainda tinha culpa nojo
vergonha, mas agora tudo bem, o Relatório Hite liberou a punheta. Não que fosse amor de
menos, você dizia depois, ao contrário, era amor demais, você acreditava mesmo nisso?
naquele bar infecto onde costumávamos afogar nossas impotências em baldes de lirismo
juvenil, imbecil, e eu disse não, meu bem, o que acontece é que como bons-intelectuaispequeno-
burgueses o teu negócio é homem e o meu é mulher, podíamos até formar um casal
incrível, tipo aquela amante de Virginia Woolf, como era mesmo o nome da fanchona? Vita,
isso, Vita Sackville-West e o veado do marido dela, ra não se erice, queridinho, não tenho
nada contra veados não, me passa a vodca, o quê? e eu lá tenho grana para comprar
wyborowas? não, não tenho nada contra lésbicas, não tenho nada contra decadentes em geral
não tenho nada contra qualquer coisa que soe a uma tentativa. Eu peço um cigarro e ela me
atira o maço na cara como quem joga um tijolo, ando angustiada demais, meu amigo,
palavrinha antiga essa, a velha angst, saco, mas ando, ando, mais de duas décadas de convívio
cotidiano, tenho uma coisa apertada aqui no meu peito, um sufoco, uma sede, um peso, ah não
me venha com essas histórias de atraiçoamos-todos-os-nossos-ideais, eu nunca tive porra de
ideal nenhum, eu só queria era salvar a minha, veja só que coisa mais individualista elitista
capitalista, eu só queria era ser feliz, cara, gorda, burra, alienada e completamente feliz. Podia
ter dado certo entre a gente, ou não, eu nem sei o que é dar certo, mas naquele tempo você
ainda não tinha se decidido a dar o rabo nem eu a lamber boceta, ai que gracinha nossos
livrinhos de Marx, depois Marcuse, depois Reich, depois Castafieda, depois Laing embaixo
do braço, aqueles sonhos tolos colonizados nas cabecinhas idiotas, bolsas na Sorbonne, chás
com Simone e Jean-Paul nos 50
em Paris, 60 em Londres ouvindo here comes the sun here comes the sun little darling, 70
em Nova York dançando disco-music no Studio 54,80 a gente aqui mastigando esta coisa
porca sem conseguir engolir nem cuspir fora nem esquecer esse azedo na boca. Já li tudo,
cara, já tentei macrobiótica psicanálise drogas acupuntura suicídio ioga dança natação cooper
astrologia patins marxismo candomblé boate gay ecologia, sobrou só esse nó no peito, agora
faço o quê? não é plágio do Pessoa não, mas em cada canto do meu quarto tenho uma imagem
de Buda, uma de mãe Oxum, outra de Jesusinho, um pôster de Freud, às vezes acendo vela,
faço reza, queimo incenso, tomo banho de arruda, jogo sal grosso nos cantos, não te peço
solução nenhuma, você vai curtir os seus nativos em Sri Lanka depois me manda um cartãopostal
contando qualquer coisa como ontem à noite, na beira do rio, deve haver uma porra de
rio por lá, um rio lodoso, cheio de juncos sombrios, mas ontem na beira do rio, sem planejar
nada, de repente, sabe, por acaso, encontrei um rapaz de tez azeitonada e olhos oblíquos que.
Hein? claro que deve haver alguma espécie de dignidade nisso tudo, a questão é onde, não

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nesta cidade escura, não neste planeta podre e pobre, dentro de mim? ora não me venhas com
autoconhecimentos-redentores, já sei tudo de mim, tomei mais de cinqüenta ácidos, fiz seis
anos de análise, já pirei de cl ín k., lembra? você me levava maçãs argentinas e fotonovelas
italianas, Rossana Galli, Franco Andrei, Michela Roc, Sandro Moretti, eu te olhava entupida
de mandrix e babava soluçando perdi minha alegria, anoiteci, roubaram minha esperança,
enquanto você, solidário & positivo, apertava meu ombro com sua mão apesar de tudo viril
repetindo reage, companheira, reage, a causa precisa dessa tua cabecinha privilegiada, teu
potencial criativo, tua lucidez libertária e bababá bababá. As pessoas se transformavam em
cadáveres decompostos à minha frente, minha pele era triste e suja, as noites não terminavam
nunca, ninguém me tocava, mas eu reagi, despirei, voltei a isso que dizem que é o normal, e
cadê a causa, meu, cadê a luta, cadê o po-ten-ci-al criativo? Mato, não mato, atordôo minha
sede com sapatinhas do Ferro’s Bar ou encho a cara sozinha aos sábados esperando o telefone
tocar, e nunca toca, neste apartamento que pago com o suor do po-ten-ci-al criativo da bunda
que dou oito horas diárias para aquela multinacional fodida. Mas, eu quero dizer, e ela me
corta mansa, claro que você não tem culpa, coração, caímos exatamente na mesma ratoeira, a
única diferença é que você pensa que pode escapar, e eu quero chafurdar na dor deste ferro
enfiado fundo na minha garganta seca que só umedece com vodca, me passa o cigarro, não,
não estou desesperada, não mais do que sempre estive, nothing special, baby, não estou louca
nem bêbada, estou é lúcida pra caralho e sei claramente que não tenho nenhuma saída, ah não
se preocupe, meu bem, depois que você sair tomo banho frio, leite quente com mel de
eucalipto, gin-seng e lexotan, depois deito, depois durmo, depois acordo e passo uma semana
a banchá e arroz integral, absolutamente santa, absolutamente pura, absolutamente limpa,
depois tomo outro porre, cheiro cinco gramas, bato o carro numa esquina ou ligo para o cvv às
quatro da madrugada e alugo a cabeça dum panaca qualquer choramingando coisas tipo
preciso-tanto-uma-razão-para-viver-e-sei-que-essa-razão-só-está-dentro-de-mim-bababábababá e
me lamurio até o sol pintar atrás daqueles edifícios sinistros, mas não se preocupe,
não vou tomar nenhuma medida drástica, a não ser continuar, tem coisa mais autodestrutiva do
que insistir sem fé nenhuma? Ah, passa devagar a tua mão na minha cabeça, toca meu coração
com teus dedos frios, eu tive tanto amor um dia, ela pára e pede, preciso tanto tanto tanto,
cara, eles não me permitiram ser a coisa boa que eu era, eu então estendo o braço e ela fica
subitamente pequenina apertada contra meu peito, perguntando se está mesmo muito feia e
meio puta e velha demais e completamente bêbada, eu não tinha estas marcas em volta dos
olhos, eu não tinha estes vincos em torno da boca, eu não tinha este jeito de sapatão cansado, e
eu repito que não, que nada, que ela está linda assim, desgrenhada e viva, ela pede que eu
coloque uma música e escolho ao acaso o Noturno número dois em mi bemol de Chopin, eu
quero deixá-la assim, dormindo no escuro sobre este sofá amarelo, ao lado das papoulas
quase murchas, embalada pelo piano remoto como uma canção de ninar, mas ela se contrai
violenta e pede que eu ponha Ângela outra vez, e eu viro o disco, amor meu grande amor,
caminhamos tontos até o banheiro onde sustento sua cabeça para que vomite, e sem querer
vomito junto, ao mesmo tempo, os dois abraçados, fragmentos azedos sobre as línguas
misturadas, mas ela puxa a descarga e vai me empurrando para a sala, para a porta, pedindo
que me vá, e me expulsa para o corredor repetindo não se esqueça então de me mandar aquele
cartão de Sri Lanka, aquele rio lodoso, aquela tez azeitonada, que aconteça alguma coisa bem
bonita com você, ela diz, te desejo uma fé enorme, em qualquer coisa, não importa o quê,
como aquela fé que a gente teve um dia, me deseja também uma coisa bem bonita, uma coisa
qualquer maravilhosa, que me faça acreditar em tudo de novo, que nos faça acreditar em tudo
outra vez, que leve para longe da minha boca este gosto podre de fracasso, este travo de
derrota sem nobreza, não tem jeito, companheiro, nos perdemos no meio da estrada e nunca
tivemos mapa algum, ninguém dá mais carona e a noite já vem chegando. A chave gira na
porta. Preciso me apoiar contra a parede para não cair. Por trás da madeira, misturada ao
piano e à voz rouca de Ângela, nem que eu rastejasse até o Leblon, consigo ouvi-la repetindo

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e repetindo que tudo vai bem, tudo continua bem, tudo muito bem, tudo bem. Axé, axé, axé! eu
digo e insisto até que o elevador chegue axé, axé, axé, odara!

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