Tjpe 2022

TRIBUNAL DE JUSTIÇA
DO ESTADO DE
PERNAMBUCO
TARDE
JUIZ SUBSTITUTO
PROVA ESCRITA OBJETIVA – NÍVEL SUPERIOR
TIPO 1 – BRANCA
SUA PROVA INFORMAÇÕES GERAIS
Além deste caderno de provas contendo 100  Verifique se seu caderno está completo, sem repetição
questões objetivas, você receberá do fiscal de sala: de questões ou falhas. Caso contrário, notifique
imediatamente o fiscal da sala, para que sejam
 uma folha de respostas das questões
tomadas as devidas providências
objetivas
 Confira seus dados pessoais, especialmente nome,
número de inscrição e documento de identidade, e
 leia atentamente as instruções para preencher a folha
de respostas
TEMPO
 Use somente caneta esferográfica, fabricada em
 5 horas é o período disponível para a realização material transparente, com tinta preta ou azul
da prova, já incluído o tempo para a marcação da  Assine seu nome apenas no(s) espaço(s) reservado(s)
folha de respostas da prova objetiva
 Confira a cor, o tipo e o cargo do seu caderno de
 3 horas após o início da prova é possível retirar- provas. Caso tenha recebido caderno de cor, tipo ou
se da sala, sem levar o caderno de provas cargo diferente do impresso em sua folha de
 60 minutos antes do término do período de respostas, o fiscal deve ser obrigatoriamente
prova é possível retirar-se da sala levando o informado para o devido registro na ata da sala
caderno de provas  O preenchimento das respostas da prova objetiva é de
sua responsabilidade e não será permitida a troca da
folha de respostas em caso de erro
 Para fins de avaliação, serão levadas em consideração
apenas as marcações realizadas na folha de respostas
da prova objetiva
NÃO SERÁ PERMITIDO  Os candidatos serão submetidos ao sistema de
detecção de metais quando do ingresso e da saída de
 Qualquer tipo de comunicação entre os sanitários durante a realização das provas
candidatos durante a aplicação da prova Boa sorte!
 Usar o sanitário ao término da prova, após deixar
a sala
Tribunal de Justiça do Estado de Pernambuco FGV Conhecimento
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BLOCO I Direito Civil - Direito Processual
Jurema deixou consignada uma estatueta sua em uma loja de
Civil - Direito do Consumidor e Direito da antiguidades, a Salomão Ltda. Os representantes da loja
Criança e do Adolescente incumbiram-se de buscar vendê-la, obrigando-se a pagar a
Jurema o preço ajustado ou devolver a estatueta ao final de um
mês.
1
Sobre o caso, é correto afirmar que:
Lauro comprou um carro usado de seu vizinho para Marcos, seu (A) durante a vigência do contrato, Jurema não perde a
filho que acabara de completar 18 anos. Ficou satisfeito com o possibilidade de vender ela própria a estatueta;
modelo que escolheu, pois além de ser um carro versátil para um (B) a Salomão Ltda. ficará exonerada de sua obrigação se a
jovem, viu que possuía um rastreador, que pensou ser relevante estatueta perecer por fato não imputável à loja de
para questões de segurança. Celebrado o negócio jurídico, Lauro antiguidades;
ficou surpreso quando o carro foi entregue sem o rastreador e,
(C) eventuais credores da Salomão Ltda. podem vir a penhorar a
ao questionar o vendedor, ele o informou que a aquisição desse
estatueta antes do término do contrato;
item não foi convencionada.
(D) a escolha entre o pagamento do preço ou a devolução da
O vendedor não estava obrigado a entregar o rastreador, porque estatueta é direito da Salomão Ltda.;
ele é considerado:
(E) a entrega da estatueta para a venda implica transferência de
(A) bem imóvel por acessão intelectual; sua propriedade à loja Salomão Ltda.
(B) produto;
(C) benfeitoria;
(D) pertença; 5
(E) bem móvel para efeitos legais. Entre seus três filhos, Amália sempre demonstrou certa
predileção por Vitor. Recentemente, seus outros filhos ficaram
indignados quando ela deu um imóvel de presente a Vitor sem
2 consultá-los, pois, embora ela tenha em seu patrimônio outros
Júlio, com 17 anos, já é um conhecido desenhista. Ele é imóveis de maior valor, eles temem potencial prejuízo à parte
contratado por uma equipe profissional e tem gastado o salário deles na herança.
que recebe em viagens, não chegando a ser independente A doação feita por Amália a Vitor sem concordância dos demais
financeiramente. Por entender que Júlio estava esbanjando herdeiros é:
dinheiro, seus pais entraram em conflito com ele, exigindo (A) inexistente;
administrar o dinheiro que ele recebe mensalmente.
(B) nula;
Diante disso, é correto afirmar que: (C) anulável;
(A) dada a incapacidade civil de Júlio, os pais têm o dever de (D) ineficaz;
administrar os valores recebidos por ele; (E) válida.
(B) ainda que Júlio seja relativamente incapaz, os pais não têm
direito a administrar os valores recebidos por ele;
(C) ter 17 anos e emprego geram emancipação, e por isso os pais 6
não têm direito a administrar os valores recebidos por ele; Asdrúbal é síndico do condomínio do edifício Epitáfio.
(D) os pais não têm mais poder familiar sobre Júlio, mas têm Recentemente, foi constatada a necessidade urgente de
direito a administrar os valores recebidos por ele; substituição da rede elétrica que passa por cima da garagem, por
(E) os pais somente deveriam administrar os valores recebidos conta de risco de incêndio. Entretanto, o custo da obra é
por Júlio se ele tivesse menos de 14 anos. bastante significativo, especialmente tendo em vista a
quantidade de condôminos e suas condições financeiras.
Diante disso, Asdrúbal:
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(A) deve iniciar a realização das obras, dispensada consulta à
Marlise comprometera-se a dar um de seus cachorros, apelidado assembleia;
de Totó, para Rejane. Entretanto, tendo se apegado ao animal, no (B) deve iniciar a realização das obras, mas deve convocar
dia do vencimento ofereceu a Rejane, em lugar do Totó, uma joia imediatamente a assembleia para dar ciência delas;
que acabara de herdar de sua falecida tia, o que foi prontamente
(C) depende de aprovação das obras pela maioria dos
aceito pela credora, tendo ocorrido de imediato a transferência
condôminos na assembleia;
da joia. Todavia, decisão judicial veio a reconhecer a nulidade do
(D) depende de aprovação das obras por dois terços dos
testamento da tia, que previa o legado da joia a Marlise, vindo
Rejane então a perder o bem em favor do acervo hereditário. condôminos na assembleia;
(E) depende de aprovação das obras pela unanimidade dos
Diante disso, Rejane pode exigir de Marlise:
condôminos na assembleia.
(A) o equivalente pecuniário da joia somente;
(B) o equivalente pecuniário da joia mais eventuais perdas e
danos;
(C) o Totó somente;
(D) o Totó mais eventuais perdas e danos;
(E) perdas e danos somente.
Juiz Substituto  Tipo 1 ̶ Branca – Página 3

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Maria Clara, recém-empossada como juíza de direito, recebeu A empresa hoteleira Azul Anil aciona a construtora Obra
para análise uma ação de divórcio com pedido de partilha de Executiva para cobrar-lhe multa rescisória em decorrência de ter
bens de Roque e Elisa, que viveram mais de cinquenta anos enjeitado o imóvel prometido à venda, o qual serviria de sede da
juntos, sob o regime da comunhão universal de bens. Na autora, cujo acabamento não correspondia ao anunciado. Além
constância do casamento, Roque comprou duas casas; Elisa disso, pede indenização suplementar por perdas e danos
herdou, com cláusula de incomunicabilidade, uma fazenda de extraordinários.
macieiras, que desde que passou à sua administração, vem tendo As partes dispensam a produção de provas e pedem o julgamento
alta produção de maçãs, todas colhidas durante o casamento; e antecipado. O juiz, então, julga procedentes, em parte, os
Roque recebeu a doação de três cavalos. pedidos para reduzir, de ofício, a multa rescisória a 10% daquele
Maria Clara deverá considerar comuns somente os seguintes valor inicialmente pactuado, tendo em vista o comprovado
bens: cumprimento de 90% do programa contratual. De outro lado,
(A) as casas e os cavalos; afasta o pedido de indenização suplementar, por ter verificado
que a construtora advertiu, a tempo de evitar o aprofundamento
(B) as casas, as maçãs e os cavalos;
dos danos suportados pelos adquirentes, acerca da mudança do
(C) as casas, a fazenda e as maçãs;
acabamento.
(D) a fazenda e as maçãs; Nesse caso, o juiz:
(E) as maçãs e os cavalos. (A) não poderia ter reduzido, de ofício, a cláusula penal, sob pena
de invadir a autonomia privada das partes, além de violar o
princípio de inércia da jurisdição;
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(B) acertou ao reduzir a cláusula penal a 10%, porquanto o
Emengarda faleceu, deixando muitos bens e péssimo Código Civil, assim interpretado pela jurisprudência do
relacionamento com seus cinco filhos. Fábio a injuriou em um Superior Tribunal de Justiça, determina que a multa deve ser
jantar de família há muitos anos e nunca mais se falaram desde estritamente proporcional ao percentual da obrigação que
então. Guilherme a coagiu a modificar seu testamento, fora adimplido;
ameaçando divulgar informações íntimas suas se não lhe deixasse (C) ao julgar improcedente o pedido de indenização
a parte disponível da herança. Henrique caluniou o homem com suplementar, aplicou a teoria do inadimplemento eficiente
quem ela vivia há muitos anos em união estável. Igor tentou (efficient breach), consectária ao postulado de boa-fé, que
matá-la por envenenamento, estando preso desde então pelo preconiza a exoneração ou mitigação de responsabilidade
seu crime. Enfim, Júlio, foi quem efetivamente a matou, daquele que, de maneira eficiente, evita o agravamento de
buscando contê-la em uma discussão que chegou às vias de fato, danos do credor;
tendo sido condenado por homicídio culposo. (D) deveria ter condenado o réu em juros de mora sobre o valor
O herdeiro que pode pretender excluir por indignidade todos os da multa desde a citação, o que, mesmo somando-se à
demais e ficar com a herança toda de Emengarda para si é: cláusula penal, não constituiria injusta cumulação de
(A) Fábio; encargos moratórios (bis in idem);
(B) Guilherme; (E) deveria ter julgado improcedente, também, o pedido de
(C) Henrique; pagamento de multa, porque a autora não produziu prova de
(D) Igor; seu efetivo prejuízo, de modo que não pode haver
responsabilidade sem dano ou por dano hipotético no
(E) Júlio.
ordenamento brasileiro.

10 11
Após um breve namoro, João e Maria se casaram em 2011, Rosa e Geraldo estavam casados há dez anos, quando Geraldo foi
quando ambos já contavam 71 anos, e elegeram, em pacto diagnosticado com uma doença terminal. Por não desejarem que
antenupcial, a opção pela separação absoluta, com o objetivo eventuais filhos crescessem órfãos, o casal procurou os métodos
expresso de impedir a comunicação de qualquer patrimônio. contraceptivos mais eficazes do mercado, no que encontraram
Em 2022, João falece. Maria postula a partilha dos bens. um remédio, produzido em parceria pelos laboratórios XPTO e
Nesse caso, se houver impugnação dos descendentes, o juiz YZX, que garantia 100% de infalibilidade.
deverá reconhecer: Apesar de toda a publicidade e do uso escorreito da medicação,
(A) apenas direito à meação, ainda que haja pacto antenupcial acabaram engravidando. Aos oito meses de gestação, a doença
com ajuste em sentido contrário, uma vez que, nos termos do de Geraldo chega a termo e o leva a óbito.
Código Civil, é nula a convenção ou cláusula dela que Um mês depois, nasce a filha do casal, Bela, o que traz imensa
contravenha disposição absoluta de lei; alegria a Rosa, que vê nisto uma perpetuação do amado.
(B) que Maria não é herdeira, por força da separação legal, nem Mesmo assim, depois de muita hesitação e um dia antes do
meeira, porque o pacto antenupcial pode afastar a regra de implemento do prazo prescricional, Rosa, Bela e o espólio de
que, no regime de separação legal de bens, comunicam-se os Geraldo ajuízam demanda indenizatória por danos morais em
adquiridos na constância do casamento (súmula 377 do face de ambos os laboratórios.
Supremo Tribunal Federal); Nesse caso, é correto afirmar, sob o ponto de vista
(C) apenas direito à sucessão, porquanto, no caso, prevaleça o exclusivamente do Direito Civil, que:
regime da separação convencional, expressamente (A) não seria possível transação com os réus, porque a lide
assinalado pelos envolvidos, em que o cônjuge supérstite envolve direitos indisponíveis de menor de idade (Bela), ainda
concorre com os descendentes; que esteja representada judicialmente por sua mãe;
(D) que Maria herdará os bens particulares do falecido e, sobre (B) Rosa não sofreu danos morais, caracterizados juridicamente
os demais, terá direito à meação, considerando que a como o sofrimento ou a humilhação decorrente de uma
convenção não poderia ter afastado regra cogente própria do violação de direitos da personalidade, já que o nascimento da
regime de separação legal; filha lhe causou grande alegria;
(E) a exclusão, no caso concreto, do direito de habitação sobre o (C) os danos morais constituem lesão personalíssima e, por isso
imóvel em que residiam, tendo em vista a regência da mesmo, o direito à indenização não poderia ser transmitido
separação legal de bens. aos herdeiros, ainda mais porque, no caso, Bela receberia
indenização cujo fato gerador seria o próprio nascimento;
(D) se os autores firmarem transação com o laboratório XPTO,
eventual quitação contemplará, também e salvo expressa
disposição em contrário, o laboratório YZX, ainda que este
não tenha intervindo no negócio jurídico e nada tenha
desembolsado;
(E) reconhecidos danos morais deverão ser arbitrados de acordo
com o método bifásico, sendo certo que, conforme
entendimento mais atual do Superior Tribunal de Justiça para
casos congêneres de responsabilidade aquiliana, o juiz deverá
ponderar, para reduzir a indenização, o tempo levado pelos
autores em buscar a indenização.

12 14
João, proprietário de terreno no centro da cidade de Pouso Feliz, Maria, após consumir álcool, assume a direção de seu carro e
subutiliza-o, sem edificar ou parcelar, mantendo-o abandonado, causa acidente de trânsito, vitimando João que, seguindo todas
com vegetação aleatória, acúmulo de água, entre outras as regras de trânsito, voltava de seu plantão. No acidente, João
situações que deixam claro o não cumprimento do princípio da bate a cabeça, sofre grave traumatismo e permanece, a partir do
função social. evento, em estado comatoso por seis anos. Felizmente, após tal
Nesse caso, a melhor conduta a ser tomada é: prazo, João se recupera e decide ajuizar demanda de reparação
(A) o Estado onde está localizado o terreno deverá intimar João a civil em face de Maria.
edificar, parcelar ou utilizar o terreno, sob pena de Com base nos fatos narrados e no Código Civil/2002, é correto
desapropriação; afirmar que a pretensão de João:
(B) o Município onde está localizado o terreno deverá intimar (A) está fulminada pela prescrição, já que ultrapassados os dois
João a edificar, parcelar ou utilizar o terreno, sob pena de anos previstos para exercício de seu direito;
estipulação de alíquotas progressivas de IPTU; (B) não pode estar prescrita, já que não corre prescrição contra
(C) o Município onde está localizado o terreno deverá intimar os absolutamente incapazes, abarcados aqueles que, por
João a edificar, parcelar ou utilizar o bem, sob pena de causa transitória, não puderem exprimir vontade;
desapropriação; (C) está fulminada pela prescrição, já que ultrapassados os cinco
(D) o Estado onde está localizado o terreno deverá intimar João a anos previstos para exercício de seu direito;
edificar, parcelar ou utilizar o bem, sob pena de estipulação (D) não pode estar prescrita, já que o prazo previsto para
de alíquotas progressivas de IPTU; exercício de seu direito é o prazo geral do Código Civil, qual
(E) o Estado e o Município poderão intimar João a edificar, seja, prazo de dez anos;
parcelar ou utilizar o bem, sob pena de estipulação de (E) está fulminada pela prescrição, já que ultrapassados os três
alíquotas progressivas de IPTU ou desapropriação, a anos previstos para o exercício de seu direito.
depender da gravidade da violação ao princípio da função
social.
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O credor de determinada obrigação contratual ajuizou ação em
Maria realiza contrato de financiamento com o Banco X e que pleiteava a condenação do devedor a cumpri-la.
apresenta João como seu fiador, que, na oportunidade, anuiu Proferido o juízo positivo de admissibilidade da demanda e
expressamente. Maria não consegue pagar as parcelas e, de boa- ofertada a contestação, o juiz da causa julgou antecipadamente o
fé, convida o Banco X a renegociar. Maria e o Banco X optam por mérito, acolhendo o pedido de cobrança.
realizar uma nova obrigação, que extinguiu a anterior, sendo que
Inconformado, o réu interpôs recurso de apelação, subindo os
as novas prestações são compatíveis com as possibilidades
autos ao órgão ad quem após o oferecimento das contrarrazões
financeiras de Maria.
recursais pela parte autora.
Quanto à situação do fiador João, é correto afirmar que:
Distribuído o feito a um órgão fracionário do tribunal, veio aos
(A) está exonerado, já que há nova obrigação e, quanto a esta,
autos a notícia, devidamente comprovada por documentos, de
não anuiu;
que o réu fora acometido de doença que lhe comprometia a
(B) permanece obrigado como fiador, já que a nova obrigação se capacidade civil, já tendo, inclusive, sido interditado. Todavia, não
trata de novação, que, segundo a lei, não o exonera; foi anexado aos autos instrumento de mandato assinado pelo
(C) permanece obrigado como fiador, já que a fiança é o exemplo curador da parte ré.
típico de obrigação acessória e, como tal, deve seguir a
Nesse contexto, deverá o relator do procedimento recursal:
obrigação principal;
(A) ordenar o retorno do feito à primeira instância, a fim de que
(D) permanece obrigado como fiador, já que a segunda
o juiz assine prazo razoável para que o réu sane o vício de sua
negociação é mera continuidade da primeira, não
representação, sob pena de inadmissão de seu apelo pelo
representando, tecnicamente, nova obrigação;
órgão a quo;
(E) permanece obrigado como fiador, já que a fiança é garantia
(B) ordenar o retorno do feito à primeira instância, a fim de que
pessoal, vinculando-o a Maria e seu contrato de
financiamento com o Banco X, independentemente da
representação, sob pena de extinção do feito sem resolução
obrigação.
do mérito pelo órgão a quo;
(C) ordenar o retorno do feito à primeira instância, a fim de que
representação, sob pena de decretação de sua revelia pelo
órgão a quo;
(D) assinar prazo razoável para que o réu sane o vício de sua
representação, sob pena de não conhecimento de seu
recurso de apelação;
(E) assinar prazo razoável para que o réu sane o vício de sua
representação, sob pena de desentranhamento de suas
razões de apelação, sem prejuízo do reexame necessário da
sentença.

16 17
Encerrada a fase instrutória de determinado processo, o juiz da Antônio intentou ação em face de Bruno, pleiteando a sua
causa condenou a pessoa jurídica demandada a pagar ao autor, condenação ao pagamento de verba da qual afirmava ser credor.
menor absolutamente incapaz, verba indenizatória no montante Regularmente citado, o réu apresentou contestação na qual,
de trezentos mil reais. admitindo a existência do débito, ainda que em valor inferior
Após o advento do trânsito em julgado, instaurou-se a fase de àquele afirmado na petição inicial, assim como o seu não
cumprimento de sentença, ocasião em que se apurou a pagamento na data do vencimento, alegou que estava apenas
inexistência de bens em nome da empresa executada, conquanto aguardando o levantamento de uma determinada importância
os seus sócios fossem proprietários de valiosos imóveis, segundo em outro feito, no qual figurava como autor, a fim de que
as certidões de ônus reais carreadas aos autos. pudesse satisfazer o débito que reputava existente.
Na sequência, o órgão do Ministério Público que intervinha no Logo depois de ofertada a peça de réplica, Bruno protocolizou
feito formulou requerimento de instauração de incidente de petição em que afirmava ter satisfeito a integralidade do crédito
desconsideração da personalidade jurídica da ré, de modo a reclamado por Antônio, fato que foi por este confirmado.
viabilizar a ulterior incidência de atos constritivos sobre os bens Nesse cenário, deve o juiz da causa:
dos sócios. (A) extinguir o feito sem resolução do mérito, imputando ao réu
Após a vinda da manifestação dos interessados, o juiz da causa, a responsabilidade pelo pagamento dos honorários
embora reconhecendo estarem cumpridos os pressupostos legais advocatícios sucumbenciais;
específicos para a desconsideração da personalidade jurídica, (B) extinguir o feito sem resolução do mérito, imputando ao
como de fato estavam, indeferiu o pleito do Ministério Público, autor a responsabilidade pelo pagamento dos honorários
por entender que lhe faltava legitimidade para formulá-lo, a par advocatícios sucumbenciais;
da impossibilidade de instauração do incidente na fase de (C) julgar improcedente o pedido, imputando ao autor a
cumprimento de sentença. responsabilidade pelo pagamento dos honorários
Intimado da decisão, o órgão ministerial interpôs agravo de advocatícios sucumbenciais;
instrumento, pleiteando a reforma da decisão de primeira (D) julgar procedente o pedido, imputando ao réu a
instância, para o fim de se deferir o seu requerimento de responsabilidade pelo pagamento dos honorários
deconsideração da personalidade jurídica da empresa advocatícios sucumbenciais;
demandada. (E) julgar procedente o pedido, imputando ao autor a
Nesse quadro, o recurso que se interpôs: responsabilidade pelo pagamento dos honorários
(A) deverá ser conhecido e provido; advocatícios sucumbenciais.
(B) não deverá ser conhecido, por falta de adequação;
(C) deverá ser conhecido, porém desprovido, já que, apesar da
legitimidade do Ministério Público para requerer a 18
instauração do incidente, este não tem lugar na fase de No tocante à indisponibilidade de bens da parte ré, com o escopo
cumprimento de sentença; de garantir a integral recomposição do erário desfalcado em
(D) deverá ser conhecido, porém desprovido, já que, apesar da razão do cometimento de ato de improbidade administrativa, é
possibilidade de instauração do incidente na fase de correto afirmar que:
cumprimento de sentença, não pode ela ser requerida pelo (A) consiste numa tutela provisória antecipada, revestindo-se de
Ministério Público; natureza satisfativa;
(E) deverá ser conhecido, porém desprovido, tanto pela (B) a decisão que a defere é impugnável pelo recurso de agravo
impossibilidade da instauração do incidente na fase de de instrumento, não o sendo, porém, a decisão que a
cumprimento de sentença, quanto pela falta de legitimidade indefere;
do Ministério Público para requerê-la. (C) o juiz, ao tomar contato com a petição inicial, poderá deferir
a medida sem a prévia oitiva da parte ré;
(D) não pode ter por objeto bem de família do réu, ainda que o
imóvel seja fruto de vantagem patrimonial indevida;
(E) é vedado ao réu requerer a sua substituição por caução,
tampouco por fiança bancária ou seguro-garantia judicial.

19 21
Diante da existência de questão repetitiva envolvendo direito O Código de Processo Civil/2015 autoriza expressamente o juiz,
processual no âmbito do TJPE, a uniformização do entendimento em casos específicos, a conceder benefícios às partes para
sobre a matéria, resguardando a isonomia entre os estimular determinada conduta ou comportamento positivo.
jurisdicionados e a segurança jurídica, é correto afirmar que: Sobre as “sanções premiais”, é correto afirmar que:
(A) se o processo estiver tramitando em 2ª instância, o relator (A) em ação de dissolução parcial de sociedade, havendo
poderá instaurar o incidente de resolução de demandas manifestação expressa e unânime pela concordância da
repetitivas, desde que intime as partes para se manifestarem dissolução, não haverá condenação em honorários
sobre a questão de direito processual controvertida e, em advocatícios de nenhuma das partes, e as custas serão
seguida, submeta a admissão do incidente para deliberação rateadas segundo a participação das partes no capital social;
pelo colegiado de sua câmara/turma; (B) na ação monitória, se o réu reconhecer a dívida e não
(B) se o tema também for objeto de divergência em múltiplos oferecer embargos monitórios, terá o direito de parcelar todo
processos no âmbito de outros tribunais e o processo já tiver o débito em até seis parcelas mensais, acrescidas de correção
sido julgado em 2ª instância, qualquer dos legitimados monetária e de juros de 1% ao mês, independentemente da
poderá instaurar incidente de resolução de demandas concordância do autor da demanda;
repetitivas diretamente no Superior Tribunal de Justiça, a fim (C) na ação monitória, se o réu reconhecer a dívida e cumprir a
de que seja firmado entendimento com abrangência obrigação de fazer ou não fazer no prazo de quinze dias,
nacional; deverá pagar honorários advocatícios de 5% do valor
(C) ainda que o processo não envolva partes hipossuficientes, a atribuído à causa e arcará apenas com a metade das custas
Defensoria Pública, observando a repetição da questão processuais;
processual e o risco à isonomia e à segurança jurídica, (D) havendo julgamento de recurso especial ou extraordinário
poderá, desde que autorizada judicialmente, ingressar em repetitivo sobre a matéria objeto da lide, o autor tem o
nome próprio na demanda e requerer a instauração do direito de desistir da ação antes da prolação da sentença,
incidente de resolução de demandas repetitivas por ofício, independentemente do consentimento do réu, ainda que
ficando a critério do relator a seleção dos processos que tenha sido oferecida contestação, com a redução de
contenham abrangente argumentação; honorários sucumbenciais pela metade;
(D) qualquer das partes poderá requerer a instauração do (E) em ação envolvendo a fazenda pública, se esta deixar de
incidente de resolução de demandas repetitivas por petição oferecer impugnação ao cumprimento de sentença que
direcionada ao presidente do tribunal, que, ao examinar a enseje a expedição de precatório, não haverá a incidência de
admissibilidade do incidente, deverá observar se o tema já foi honorários sucumbenciais relativos à fase de cumprimento de
afetado pelo Superior Tribunal de Justiça, ou se já houve a sentença e ficará isenta do reembolso de custas processuais.
instauração de incidente anterior sobre o tema que tenha
sido inadmitido, e, em caso positivo, deverá verificar se foi
satisfeito o requisito que ensejou a inadmissão anterior; 22
(E) qualquer dos legitimados poderá requerer a instauração do Em uma cidade do Estado de Pernambuco, a concessão do
incidente de resolução de demandas repetitivas, devendo se serviço de transporte se tornou deficitária e desequilibrada no
desincumbir do ônus de demonstrar o preenchimento dos último biênio do contrato, instaurando uma situação de conflito
respectivos pressupostos nas razões do ofício ou da petição, entre as concessionárias, o poder público e os usuários, que
conforme o caso, sendo vedada a juntada de documentos passaram a ficar desatendidos. Diante de uma situação dessa
para tal finalidade, por se tratar de questão unicamente de natureza, as partes interessadas consideram que o meio mais
direito. adequado para a solução desse conflito não seria a judicialização.
Quanto a essa situação hipotética, é correto afirmar que:
20 (A) a pessoa jurídica de direito público não poderá participar de
mediações extrajudiciais fora do âmbito dos tribunais, pois o
Em uma ação judicial, o juiz proferiu sentença julgando extinto o interesse público é indisponível e não pode ser objeto de
feito, sem resolução de mérito, acolhendo a preliminar de transação;
ilegitimidade ativa deduzida em contestação. Contra a sentença,
(B) a submissão do conflito à mediação extrajudicial demanda a
o autor interpôs o recurso de apelação cível, requerendo que o
resolução integral da questão, não podendo as partes
juiz exercesse o juízo de retratação.
fracionar o conflito;
Sobre o juízo de retratação, é correto afirmar que: (C) a instauração de procedimento administrativo para a
(A) não é cabível em caso de extinção sem resolução de mérito, resolução consensual de conflito no âmbito da administração
aplicando-se apenas em caso de improcedência liminar do pública não suspende a prescrição;
pedido; (D) conflitos que versem sobre o equilíbrio econômico-financeiro
(B) por se tratar de hipótese de indeferimento da petição inicial, de contratos celebrados pela administração com particulares
é facultado ao juiz exercer o juízo de retratação no prazo de podem ser objeto de mediação perante as câmaras de
cinco dias; prevenção e resolução administrativa de conflitos;
(C) após a vigência do Código de Processo Civil/2015, o juiz não (E) eventual acordo firmado entre a administração pública e o
tem mais a possibilidade de exercer juízo de retratação, particular no âmbito das câmaras de prevenção e resolução
devendo apenas remeter os autos ao tribunal; administrativa de conflitos, ainda que envolva direitos
(D) deverá ser realizado pelo juiz após a apresentação de disponíveis, demanda homologação judicial para ter força de
contrarrazões de apelação pelo réu, na qual o demandado título executivo extrajudicial, por envolver o interesse
poderá impugnar tal pedido; público.
(E) depende do oferecimento de caução referente aos ônus
sucumbenciais.

23 24
A escola Aprender Sorrindo Ltda. firmou contrato de prestação Em uma ação envolvendo direitos disponíveis, antes da decisão
de serviços de limpeza com a empresa Limpinho Limpeza Ltda. O de organização e saneamento, as partes firmaram negócio
aludido contrato possuía cláusula autorizando a rescisão jurídico processual, por meio do qual escolheram
contratual por qualquer das partes, mediante notificação prévia, consensualmente o perito e estabeleceram que nenhuma das
devendo a parte que pretende rescindir efetuar o pagamento da partes indicaria assistente técnico.
cláusula penal, de acordo com determinada métrica de cálculo. Diante dessa situação jurídica, é correto afirmar que:
Após o envio da notificação de rescisão por parte da escola (A) para a validade do referido negócio jurídico, este deve ser
Aprender Sorrindo Ltda., a empresa Limpinho Limpeza Ltda. se previamente homologado pelo juiz;
recusou a aceitar o pagamento da cláusula penal, por entender (B) o juiz deverá aceitar o perito escolhido consensualmente
que a escola não observou a métrica contratual. pelas partes, mas não poderá autorizar a dispensa de
Diante dessa situação jurídica, é correto afirmar que: assistentes técnicos, por força de previsão legal;
(A) por se tratar de obrigação pecuniária, a escola Aprender (C) para o referido negócio jurídico processual produzir efeitos, o
Sorrindo Ltda. poderá se valer da consignação extrajudicial juiz deve figurar como parte, por se tratar de disposição
em estabelecimento bancário. Nessa hipótese, a empresa diretamente ligada à atividade jurisdicional;
Limpinho Limpeza Ltda. poderá apresentar recusa por escrito, (D) diante da autonomia da vontade das partes, o juiz não poderá
que deverá ser direcionada à escola, inaugurando o prazo de recusar o referido negócio jurídico processual, ainda que uma
quinze dias para o ajuizamento da ação de consignação em das partes se encontre em manifesta situação de
pagamento, devendo a inicial ser instruída com a prova da vulnerabilidade;
recusa; (E) as partes podem convencionar sobre seus poderes por meio
(B) se a escola Aprender Sorrindo Ltda. optar por ajuizar ação de negócio jurídico processual, o que lhes autoriza a indicar
consignatória em face da empresa Limpinho Limpeza Ltda., consensualmente o perito e a dispensar a indicação de
deverá depositar o valor da cláusula penal em juízo, no prazo assistente técnico.
de cinco dias, contado a partir da distribuição da ação, sob
pena de extinção da ação sem resolução de mérito;
(C) em caso de ajuizamento de ação consignatória, se a empresa 25
Limpinho Limpeza Ltda. alegar em sua defesa que o depósito Credor de determinada obrigação contratual, no dia 09 de maio
não é integral, no prazo de réplica de quinze dias, a escola de 2022, distribuiu a uma vara cível de determinada comarca a
Aprender Sorrindo Ltda. terá a oportunidade de petição inicial de ação em que pleiteou a declaração da existência
complementar o depósito, além de se manifestar sobre os do vínculo jurídico obrigacional.
documentos que instruíram a defesa;
Três dias depois, foi distribuída pelo mesmo credor, noutra vara
(D) caso a escola Aprender Sorrindo Ltda. ajuíze ação
cível da mesma comarca, a inicial de uma segunda demanda, já
consignatória, que venha a ser julgada procedente, o juiz
então para se pedir a condenação do devedor ao pagamento da
declarará extinta a obrigação e condenará o réu ao
mesma obrigação.
pagamento de custas e de metade dos honorários
advocatícios, caso não tenha contestado o depósito; No processo distribuído em primeiro lugar, o despacho liminar
positivo foi proferido em 23 de maio de 2022, e, no segundo, o
(E) caso a escola Aprender Sorrindo Ltda. ajuíze ação
provimento de igual natureza veio a lume em 16 de maio de
consignatória, que venha a ser julgada improcedente, a
2022.
empresa Limpinho Limpeza Ltda. poderá executar a diferença
nos próprios autos, ainda que seja necessária a liquidação do Nesse contexto, é correto afirmar que:
valor devido. (A) o feito distribuído em segundo lugar deverá ser extinto, sem
resolução do mérito, em razão da litispendência;
(B) o feito distribuído em primeiro lugar deverá ser extinto, sem
resolução do mérito, em razão da falta de interesse de agir;
(C) os feitos devem ser reunidos para julgamento conjunto no
juízo em que houver ocorrido a primeira distribuição;
(D) os feitos devem ser reunidos para julgamento conjunto no
juízo que tiver proferido o primeiro provimento liminar
positivo;
(E) os feitos não devem ser reunidos, embora se deva suspender
a tramitação daquele distribuído em segundo lugar.

26 28
No que concerne à denunciação da lide, é correto afirmar que: Contra acórdão de apelação cível, a parte interessada interpôs
(A) é cabível em processos de conhecimento, de execução e recurso especial ao Superior Tribunal de Justiça, apontando a
cautelares, tocando ao interessado formulá-la, sob pena de violação a dispositivos infraconstitucionais, bem como suscitando
perda do direito de regresso; dissídio jurisprudencial.
(B) se o denunciante for sucumbente na demanda original, a Sobre o processamento do recurso especial, é correto afirmar
litisdenunciação não terá o seu mérito apreciado pelo juiz, que:
diante da perda de seu objeto; (A) o presidente ou o vice-presidente do Tribunal local deverá
(C) sendo julgados procedentes os pedidos da ação original e da realizar o juízo de admissibilidade e, se negativo, caberá
litisdenunciação, poderá o autor requerer o cumprimento da agravo interno ao Superior Tribunal de Justiça, no qual deverá
sentença em desfavor do réu e, também, do denunciado; ser demonstrada a relevância da matéria impugnada e do
(D) é modalidade provocada de intervenção de terceiros, dissídio jurisprudencial apontado;
cabendo apenas à parte ré da ação original formulá-la, não (B) o presidente ou o vice-presidente do Tribunal local deverá
havendo interesse jurídico para a parte autora em fazê-lo; selecionar o recurso como representativo de controvérsia,
(E) é admissível a formulação de litisdenunciações sucessivas, de observando que o recurso selecionado deve ser admissível e
modo a viabilizar a composição de diversas lides no mesmo conter abrangente argumentação e discussão a respeito da
feito, desde que isso não comprometa a sua duração questão a ser decidida;
razoável. (C) o pedido de efeito suspensivo ao recurso especial deve ser
formulado ao Superior Tribunal de Justiça, no período
compreendido entre a interposição do recurso e a publicação
27 da decisão de admissão do recurso, ficando o relator
Sobre a produção de provas, é correto afirmar que: designado para seu exame prevento para julgá-lo;
(A) o juiz não poderá admitir a utilização de prova produzida em (D) se o relator, no Superior Tribunal de Justiça, entender que o
outro processo, ainda que observe o contraditório; recurso especial versa sobre questão constitucional, deverá
conceder prazo para que o recorrente demonstre a existência
(B) é vedada em qualquer hipótese a distribuição diversa do ônus
de repercussão geral e se manifeste sobre a questão
da prova por negócio jurídico processual firmado antes do
constitucional, devendo o Supremo Tribunal Federal julgar o
litígio;
recurso, sem devolvê-lo ao Superior Tribunal de Justiça;
(C) a confissão extrajudicial feita oralmente representa meio de
(E) o presidente ou o vice-presidente do Tribunal local poderá
prova hígido contra o confitente, inclusive nos casos em que a
negar seguimento ao recurso especial se o acórdão recorrido
lei exija prova literal;
estiver em conformidade com o entendimento do Superior
(D) não dependem de prova os fatos notórios, afirmados por
Tribunal de Justiça, exarado no regime de julgamento de
uma parte e confessados pela parte contrária e aqueles
recurso repetitivo. Contra essa decisão caberá agravo em
envolvendo regras de experiência comum e de experiência
recurso especial.
técnica;
(E) os atos concertados entre os juízes cooperantes podem
consistir no estabelecimento de procedimento para a
obtenção e a apresentação de provas, inclusive a coleta de
depoimentos.

29 30
Determinada ação civil pública foi ajuizada pelo Ministério Gustavo ajuizou ação buscando a nulidade de contrato de seguro
Público em face de um Magazine, tendo como fundamento a de vida que garantia a quitação do débito, firmado no ato da
omissão dos preços no encarte divulgado nas ruas do centro contratação de consórcio de veículo automotor, bem como a
daquela cidade, no qual havia indicativo de promoção de relógios devolução dos valores pagos. Aduziu o consumidor que, no ato
e parcelamento, mas não o preço das mercadorias. Embora a da contratação, pretendeu celebrar o seguro com outra
promoção e a forma de pagamento fossem verídicas, aduziu a seguradora, sendo-lhe informado pelo representante do
parte autora que se tratava de publicidade enganosa por consórcio que se tratava, o prêmio, do melhor preço do mercado,
omissão, por faltar o indicativo do preço. Em sua defesa, o réu e que a peculiaridade do sistema de consórcio não permitia
alegou ilegitimidade para propositura de ação, por se tratar de contratação do seguro de forma independente pelo consorciado.
número limitado de pessoas que adquiriram os panfletos, que Em sua defesa, a ré alegou que a adesão ao seguro prestamista
logo foram recolhidos, faltando interesse social coletivo. No se deu de forma clara e compreensível pelo consumidor e se
mérito, aduziu ausência de determinação legal para que as peças justificava essencial ao contrato, de modo a garantir quitação do
publicitárias indicassem o preço dos produtos divulgados. débito e não comprometimento do equilíbrio financeiro do grupo
À luz do Código de Defesa do Consumidor (CDC) e do consorcial.
entendimento do Superior Tribunal de Justiça, o anúncio Diante da narrativa, o pedido de Gustavo deve ser julgado:
publicitário: (A) improcedente, na medida em que o seguro prestamista é
(A) é enganoso, por omitir informação substancial, ainda que seja essencial ao plano de consórcio, ao qual o consumidor aderiu
exemplificativo o rol do CDC; há legitimidade ativa, por se de livre vontade;
tratar da hipótese de interesses ou direitos coletivos; (B) procedente, com declaração de nulidade de ambos os
(B) deve omitir informação substancial para ser considerado contratos e devolução dos valores pagos em dobro,
enganoso, não sendo qualquer omissão configuradora de acrescidos de correção monetária, por ferir a boa-fé objetiva,
ilícito; há legitimidade ativa, por se tratar da hipótese de ou seja, independente do elemento volitivo;
interesses ou direitos individuais homogêneos; (C) improcedente, pois o seguro prestamista não é autônomo,
(C) não é enganoso, posto que as informações indicadas são pois está sempre associado a outro contrato, inclusive de
verídicas; configura-se a ilegitimidade ativa pela inexistência consórcio, ao qual serve como garantia;
de interesse social; (D) procedente, com declaração de nulidade do contrato de
(D) omitiu informação substancial integrante do rol taxativo do seguro prestamista, sem devolução dos valores pagos, por ter
CDC e, por isso, é enganoso; há legitimidade ativa, por se o consumidor usufruído do seguro enquanto vigente;
tratar da hipótese de interesses ou direitos difusos; (E) procedente, posto que não foi dada a opção de o consumidor
(E) não é enganoso, posto que não é capaz de induzir os realizar livre contratação com outra seguradora,
consumidores a comportamento prejudicial à saúde ou configurando venda casada.
segurança; configura-se a ilegitimidade ativa pela inexistência
de interesse social.
31
O Código de Defesa do Consumidor dispõe em capítulo próprio
sobre a proteção contratual, a respeito da qual o Superior
Tribunal de Justiça conferiu interpretação aplicável às diversas
situações fáticas consumeristas.
Seguindo essa temática nos termos da norma e do entendimento
do Superior Tribunal de Justiça, é correto afirmar que:
(A) as declarações de vontade, mesmo quando constantes de
escritos particulares, vinculam o fornecedor;
(B) a garantia legal de adequação do produto ou serviço terá
aplicabilidade se não houver garantia contratual estabelecida
mediante termo escrito;
(C) é lícita a cláusula contratual que estabeleça prazos de
carência para restabelecimento integral dos direitos do
consumidor a partir da purgação da mora;
(D) após a assinatura do contrato ou do ato de recebimento do
produto ou serviço adquirido por telefone, será de trinta dias
o prazo decadencial para o consumidor exercitar o direito de
arrependimento;
(E) a inserção de cláusula no formulário do contrato desconfigura
a natureza de adesão do contrato, pois se exige que as
cláusulas tenham sido estabelecidas unilateralmente pelo
fornecedor de produto ou serviço.

32 34
Lucas ingressou com ação de indenização em face da instituição Paulo e Eduarda são habilitados à adoção para o perfil de criança
de ensino privada onde cursa faculdade, tendo ajuizado a causa de 02 a 04 anos, sem doenças. Após serem contatados pela
no endereço do seu domicílio. A demanda teve por base o equipe técnica da Vara da Infância e Juventude para conhecerem
contrato de prestação de serviços que continha cláusula de Henrique, criança de 03 anos disponibilizada para adoção, visitam
eleição de foro na cidade vizinha, domicílio da executada. o serviço de acolhimento e iniciam o processo de aproximação
Em razão disso, a instituição de ensino requereu, prima facie, a com o infante. Diante do êxito da experiência, o casal ajuíza ação
extinção do feito por incompetência do juízo. de adoção com pedido de guarda provisória da criança, que lhes
Nesse caso, é correto afirmar que: é deferida pelo magistrado. Durante o estágio de convivência,
apesar dos vínculos afetivos estabelecidos com a criança, o casal
(A) deverá ser declinada a competência para o juízo estabelecido
desiste do pedido de adoção e “devolve” Henrique à Vara da
previamente pelas partes pela via contratual;
Infância e Juventude, alegando que ele é rebelde e não sabe se
(B) deverá ser extinto o processo sem resolução do mérito, por
comportar em público. O juiz aplica a Henrique a medida
ser diverso o juízo indicado na cláusula de eleição de foro;
protetiva de acolhimento familiar.
(C) se trata de relação de consumo e Lucas está autorizado a
Considerando o disposto na Lei nº 8.069/1990 (ECA), é correto
demandar no seu domicílio, a despeito da cláusula de eleição
afirmar que:
de foro;
(D) não se configura relação de consumo, dada a natureza de (A) o casal poderá renovar a habilitação à adoção após o decurso
serviços educacionais, imperando a competência indicada na de seis meses, quando poderá especificar novo perfil da
cláusula de eleição de foro; criança a ser adotada;
(E) a competência do foro do domicílio do autor é absoluta, por (B) na hipótese de o casal custear as despesas com o novo
se tratar de relação de consumo, mesmo quando o acolhimento da criança, a habilitação seguirá válida, pelo
consumidor é o demandante. prazo de três anos;
(C) o casal deverá ser excluído do Sistema Nacional de Adoção e
Acolhimento (SNA), sendo vedada a renovação da habilitação,
33 salvo decisão judicial fundamentada;
Determinada publicidade televisiva sobre um produto eletrônico (D) após a juntada de documentação atualizada, a habilitação
informava que os dados sobre preço e forma de pagamento pelo poderá ser renovada, sem a necessidade de nova decisão
produto poderiam ser obtidos por meio de contato telefônico, judicial;
que se realizava de modo tarifado. (E) após a “devolução” da criança, deverá ser convocado,
Instado a julgar o processo que descreveu na causa de pedir tais imediatamente, pessoa ou casal habilitado no SNA, para
fatos, e considerando o direito à informação como garantia adoção da criança, não sendo cabível a medida de
fundamental da pessoa humana e como algo que impacta na acolhimento e o estágio de convivência.
autodeterminação e liberdade de escolha do consumidor,
seguindo o entendimento do Superior Tribunal de Justiça, é
correto considerar que:
(A) a situação narrada configura publicidade enganosa por
omissão, mesmo se a compra não tiver sido concretizada;
(B) o dever de informar é tratado como dever anexo às relações
de consumo, e o caso não configura publicidade enganosa;
(C) a modalidade omissiva não consagra publicidade enganosa,
prevista na forma comissiva decorrente de uma afirmação;
(D) a situação narrada configura publicidade abusiva por
omissão, mas somente se a compra tiver sido concretizada;
(E) a publicidade enganosa por omissão somente será
caracterizada caso se concretize a compra do produto.

35 36
Maria, mãe de duas crianças de 02 e 05 anos, encontra-se em Diante da notícia de violação de direitos praticados contra
cumprimento de prisão preventiva, em razão da alegada prática criança, o Conselho Tutelar aplica aos pais a medida de
de crime de roubo contra terceiros. Considerando que não há encaminhamento a tratamento psicológico prevista no Art. 129,
genitor ou família extensa apta a exercer a guarda das crianças, o III, da Lei nº 8.069/1990 (ECA). Inconformados com essa decisão
juiz da Infância e Juventude aplica a estas a medida protetiva de administrativa, os genitores a descumprem, procurando a
acolhimento institucional. Maria deseja que seus filhos sejam Defensoria Pública em busca de orientações. Ao ser comunicado
levados para visita na unidade prisional, em razão do grande acerca de tal situação e ciente do descumprimento da decisão
afeto que nutre pelas crianças, encaminhando carta ao exarada pelo Conselho Tutelar, o promotor de justiça oferece
magistrado com tal solicitação. O Ministério Público requer a Representação por Infração Administrativa ao Art. 249 do ECA em
suspensão do poder familiar de Maria em relação aos seus filhos, face dos pais, in fine.
com a proibição de visitas das crianças na unidade prisional, em Considerando o disposto na Lei nº 8.069/1990 (ECA), é correto
razão da prática de crime por Maria, sendo os autos remetidos à afirmar que:
conclusão, para a apreciação do juiz da Infância e Juventude. (A) o Conselho Tutelar não poderá aplicar a medida de
Considerando os fatos narrados e à luz da Lei nº 8.069/1990 encaminhamento a tratamento psicológico aos pais, a qual é
(ECA) e da Lei nº 13.257/2016 (Marco Legal da Primeira Infância), de competência exclusiva do juiz, no bojo de ação
é correto afirmar que: contenciosa;
(A) é indispensável a autorização judicial para que Maria seja (B) os pais poderão requerer ao Poder Judiciário a revisão da
visitada por seus filhos, tendo em vista a previsão contida no decisão administrativa exarada pelo Conselho Tutelar, na
ECA; forma prevista pelo ECA;
(B) as crianças não poderão ser levadas à visitação da genitora no (C) o Ministério Público não possui legitimidade para o
presídio, em razão da vedação existente na Lei nº 13.257/2016 ajuizamento de Representação por Infração Administrativa,
e por estarem na faixa etária da primeira infância; em conformidade com o disposto no ECA;
(C) a suspensão do poder familiar de Maria, com a proibição de (D) é vedado ao Conselho Tutelar aplicar a medida de
visitas pelas crianças, é cabível, tendo em vista a prática de encaminhamento a tratamento psicológico aos pais, sem
crime mediante o emprego de violência e grave ameaça; prévio laudo médico que a fundamente, conforme previsto
(D) a defesa técnica de Maria poderá requerer o benefício de no ECA;
prisão domiciliar, para assegurar o convívio com os seus (E) as decisões do Conselho Tutelar não têm eficácia plena ou
filhos, com fundamento no Marco Legal da Primeira Infância; são passíveis de execução imediata, razão pela qual seria
(E) a prática de crime de roubo é causa de perda do poder incabível a Representação por Infração Administrativa
familiar de Maria em relação aos seus filhos, por ato judicial, proposta pelo Ministério Público.
razão pela qual não deverá ser autorizada a visitação pelas
crianças.
37
Bárbara, adolescente de 15 anos, encontra-se em acolhimento
familiar, sob os cuidados do casal de acolhedores Jeremias e
Carmem, sendo remotas as possibilidades de reintegração à
família natural ou extensa. Após a destituição do poder familiar
de seus pais, são realizadas diversas tentativas de colocação de
Bárbara em família substituta, sem que haja pretendentes
habilitados à adoção da adolescente. A equipe técnica da Vara da
Infância e Juventude sugere a inclusão da adolescente no
programa de apadrinhamento afetivo desenvolvido por
organização da sociedade civil na Comarca.
Considerando a regulamentação do apadrinhamento pela Lei nº
8.069/1990 (ECA), é correto afirmar que:
(A) Bárbara não poderá ser incluída em programa de
apadrinhamento, pois este se destina apenas a crianças e
adolescentes em acolhimento institucional;
(B) o apadrinhamento não é indicado para Bárbara, uma vez que
ela não se enquadra no perfil prioritário de inserção nesse
tipo de programa, conforme previsão do ECA;
(C) os programas de apadrinhamento devem ser executados,
exclusivamente, pela Justiça da Infância e Juventude, não
sendo cabível execução por organizações da sociedade civil;
(D) o apadrinhamento afetivo tem como requisito obrigatório a
concessão de guarda da adolescente a pessoa ou casal
inscrito no programa, sob pena de revogação;
(E) somente podem ser padrinhos ou madrinhas pessoas maiores
de 18 anos não inscritas nos cadastros de adoção, conforme
previsão do ECA.

38 40
Michael, adolescente de 17 anos, está em cumprimento de Juliano, adolescente de 16 anos, cumpre medida socioeducativa
medida socioeducativa de semiliberdade, em razão da prática de de prestação de serviços à comunidade pela prática de ato
ato infracional análogo a tráfico de entorpecentes. Michael infracional análogo a furto há quatro meses. O juiz competente
descumpre, de forma reiterada e injustificável, a medida para a execução da medida tem ciência de que Juliano praticou,
mencionada, conforme estudos técnicos e conclusões constantes no ano anterior, ato infracional análogo a furto qualificado,
do Plano Individual de Atendimento (PIA). Após a realização de sendo-lhe aplicada, naquele processo, medida socioeducativa de
audiência, com a oitiva e participação do adolescente, de sua prestação de serviços à comunidade, a qual se encontra
genitora e da defesa técnica, o juiz da Infância e Juventude aplica pendente de cumprimento. Diante disso, o representante do
a Michael a medida socioeducativa de internação, com fulcro no Ministério Público requer a unificação das medidas
Art. 122, III, do ECA. socioeducativas, sendo ouvida a defesa técnica do adolescente.
Considerando o disposto na Lei nº 8.069/1990 (ECA) e na Lei nº Considerando o disposto na Lei nº 12.594/2012 (Sinase), é
12.594/2012 (Sinase), é correto afirmar que: correto afirmar que:
(A) a medida de internação aplicada pelo magistrado na (A) Juliano deverá cumprir mais dois meses da medida
hipótese narrada no enunciado será executada pelo prazo socioeducativa de prestação de serviços à comunidade,
mínimo de um ano; observada a unificação das medidas socioeducativas;
(B) a medida de internação aplicada não poderá ser superior a (B) em razão da reiteração na prática de ato infracional, a
três meses, devendo ser decretada judicialmente após o execução da medida atual deverá ter reinício, com o
devido processo legal; cumprimento por seis meses;
(C) a medida de internação poderá ser cumprida, (C) tendo em vista que o ato infracional foi praticado durante a
excepcionalmente, em unidade prisional, desde que o execução, a autoridade judiciária poderá deixar de considerar
socioeducando possua mais de 18 anos de idade; o prazo máximo de cumprimento da medida;
(D) a internação pelo descumprimento reiterado e injustificável (D) a hipótese narrada não dá ensejo à unificação de medidas
da medida tem a natureza de internação provisória, razão socioeducativas, devendo o adolescente cumprir, de forma
pela qual não pode exceder o prazo de quarenta e cinco dias; sucessiva, as duas medidas pelo prazo máximo de um ano;
(E) a medida de internação aplicada independe da realização de (E) o tempo de medida socioeducativa já cumprido não poderá
audiência para a oitiva do adolescente, podendo estar ser considerado para fins de unificação, devendo o
baseada apenas no parecer da equipe técnica da unidade magistrado determinar o reinício de cumprimento da medida.
socioeducativa.
39
Jefferson, adolescente de 16 anos, é apreendido em flagrante
pela prática de ato infracional análogo aos crimes de furto e de
dano. A Polícia Militar conduz o adolescente até a delegacia, para
a lavratura do registro de ocorrência. Ato contínuo, Jefferson é
apresentado ao Ministério Público, que realiza a oitiva informal
do adolescente e de seus responsáveis legais, com a participação
de advogado. O membro do Ministério Público promove o
arquivamento dos autos, submetendo-os à autoridade judicial
para a homologação. O magistrado não concorda com a
promoção de arquivamento e remete os autos ao procurador-
geral de justiça (PGJ).
Considerando o disposto na Lei nº 8.069/1990, é correto afirmar
que o PGJ:
(A) poderá homologar diretamente o arquivamento, pois o
Ministério Público é o órgão titular da ação para a imposição
de medida socioeducativa;
(B) não possui atribuição para a análise da promoção de
arquivamento, devendo o magistrado designar outro
promotor de justiça para oferecimento de representação;
(C) poderá ratificar a promoção de arquivamento, hipótese em
que se tornará obrigatória a homologação pela autoridade
judiciária;
(D) não possui atribuição para a análise da promoção de
arquivamento, que deverá ser submetida, em reexame
necessário, ao Tribunal de Justiça;
(E) poderá conceder, no exercício da atribuição originária, a
remissão ao adolescente, como forma de suspensão do
processo.

43
BLOCO II Direito Penal - Direito
Em relação à detração penal, é correto afirmar que:
Processual Penal - Direito Constitucional (A) é incabível a detração do tempo de prisão provisória
e Direito Eleitoral proveniente de processo diverso daquele cujo delito ensejou
a condenação penal;
(B) é de competência exclusiva do Juízo da Execução realizar a
41
detração, vedada ao Juízo do Conhecimento a adoção de tal
Márcia e Sueli são sócias-administradoras de uma sociedade providência;
empresária do ramo de materiais cirúrgicos. Diana, amiga das (C) é incabível na aplicação da detração a pretensão de cômputo
referidas empresárias, é secretária municipal de Saúde e realiza a do período de prisão provisória para fins de substituição da
contratação dessa sociedade empresária para a entrega de pena corporal por restritivas de direito;
trezentos bisturis e duzentas máscaras cirúrgicas. Contudo, (D) o período de cumprimento de medida cautelar de
Márcia, Sueli e Diana ajustaram entre si a entrega, o que de fato monitoração eletrônica possibilita a contagem de tempo para
foi realizado, de apenas cinquenta bisturis e cinquenta máscaras.
efeito de concessão da detração penal;
Quanto à tipicidade penal, é correto afirmar que Márcia e Sueli: (E) é incabível a detração, na pena privativa de liberdade, no
(A) não responderão criminalmente, em razão de não serem momento de cumprimento do recolhimento domiciliar no
funcionárias públicas e não deterem o poder decisório sobre período noturno, com ou sem monitoração eletrônica.
a contratação;
(B) responderão pelo crime de fraude em licitação ou contrato;
(C) responderão pelo crime de concussão em concurso material 44
com o crime de peculato culposo; Gerald, Harold, Arnold, Sid e Eugene se reúnem de forma
(D) responderão pelo crime de corrupção ativa em concurso permanente e estável, por alguns meses, planejando roubos a
formal com o crime de lavagem de dinheiro; determinados bancos. Ultimada essa fase, deflagram a execução
(E) responderão pelo crime de contratação inidônea em do roubo, com emprego de simulacros de armas de fogo, sendo
concurso formal com o crime de peculato doloso. certo que Harold, Arnold, Sid e Eugene ingressam no
estabelecimento bancário, realizando a rendição das pessoas e a
coleta do dinheiro em espécie, ao passo que Gerald permanece
42 com um veículo de fuga ligado, na porta do banco. Quando da
Relativamente aos institutos da reparação do dano, da fuga, são cercados pela polícia, dentro do carro, no quarteirão
desistência voluntária, do arrependimento eficaz, do imediatamente posterior, ainda em posse dos simulacros e do
arrependimento posterior e do crime impossível, segundo a dinheiro arrecadado.
doutrina e a jurisprudência dominantes, é correto afirmar que: Diante desse cenário, é correto afirmar que os agentes
(A) responderá pelo resultado pretendido inicialmente, nos responderão por:
crimes de mera conduta, o agente que, após iniciar os atos de (A) associação criminosa e roubo majorado pelo concurso de
execução, impedir que o resultado se produza; pessoas, em concurso material;
(B) terá a pena reduzida de 1/3 a 2/3 o agente que, por ato (B) associação criminosa e roubo simples, em concurso material;
voluntário, reparar o dano causado em crime praticado sem (C) associação criminosa e roubo majorado pelo concurso de
violência à pessoa, após a sentença recorrível; pessoas, em concurso formal;
(C) responderá apenas pelos atos até então praticados o agente (D) associação criminosa e roubo simples, em concurso formal;
que, voluntariamente, desistir de prosseguir na execução do (E) roubo majorado pelo concurso de pessoas, ficando a
crime; associação criminosa consumida.
(D) responderá pela tentativa o agente quando, em razão da
ineficácia absoluta do meio, for impossível consumar-se o
crime;
(E) terá a pena reduzida de 2/3 o agente que reparar o dano no
crime de peculato culposo após a sentença irrecorrível.

45 46
A autorização das saídas temporárias é benefício previsto nos José foi condenado à pena de 05 anos e 10 meses de reclusão,
Arts. 122 e seguintes da Lei de Execução Penal (LEP), com o em regime fechado, pela prática do crime de tráfico de drogas
objetivo de permitir ao preso que cumpre pena em regime (Art. 33 da Lei nº 11.343/2006). O acusado foi apreendido em
semiaberto visitar a família, estudar na comarca do Juízo da flagrante com 147 quilos de maconha (Cannabis sativa) e,
Execução e participar de atividades que concorram para o embora não fosse reincidente, José possuía em sua folha de
retorno ao convívio social, aplicável ao condenado que não tenha antecedentes criminais anotações referentes a quatro inquéritos
praticado crime hediondo com resultado de morte. policiais e cinco ações penais em curso.
Sobre esse tema, é correto afirmar que: Diante do caso apresentado e da hipótese de diminuição de pena
(A) o benefício depende de ato motivado do juiz da execução prevista no Art. 33, §4º, da Lei nº 11.343/2006, é correto afirmar
penal, devendo cada autorização de saída temporária do que:
preso ser precedida de decisão judicial motivada e (A) embora não seja possível a utilização de inquéritos policiais e
individualizada; ações penais em curso para majorar a pena-base com
(B) o benefício depende de ato motivado do juiz da execução fundamento em maus antecedentes, é possível sua utilização
penal, ouvido o Ministério Público e a administração para o afastamento da causa de diminuição, com fundamento
penitenciária, desde que o preso tenha comportamento na “dedicação a atividades criminosas”;
adequado, tenha cumprido o mínimo de 1/6 da pena, se (B) diante da elevada quantidade de drogas apreendidas com
primário, e 1/4, se reincidente, e haja compatibilidade do José, deve ser afastada a minorante, já que somente pessoa
benefício com os objetivos da pena; envolvida habitualmente com a traficância teria acesso a esse
(C) é incabível a fixação de calendário anual de saídas montante de entorpecente;
temporárias por ato judicial único, ainda que observadas as (C) é possível a valoração da quantidade da droga apreendida
hipóteses de revogação automática, devendo haver a com José, tanto para fixação da pena-base quanto para a
apreciação individual de cada pedido, com decisão modulação da causa de diminuição referida, neste último
fundamentada, desde que tenha cumprido o mínimo de 1/6 caso ainda que sejam os únicos elementos aferidos, desde
da pena, se primário, e 1/4, se reincidente, e haja que não tenham sido considerados na primeira fase do
compatibilidade do benefício com os objetivos da pena; cálculo da pena;
(D) o calendário prévio das saídas temporárias deve ser fixado (D) a aplicação da referida minorante constitui direito subjetivo
pelo Juízo das Execuções, sendo possível delegar à autoridade do acusado, não sendo possível obstar sua aplicação com
prisional a escolha das datas específicas nas quais o apenado base em considerações subjetivas do juiz. Portanto, em que
irá usufruir os benefícios, desde que tenha cumprido o pese a quantidade de drogas apreendidas, a causa de
mínimo de 1/6 da pena, se primário, e 1/4, se reincidente, e diminuição só poderia ser afastada em caso de reincidência
haja compatibilidade do benefício com os objetivos da pena; de José;
(E) respeitado o limite anual de trinta e cinco dias, estabelecido (E) é vedada a utilização de inquéritos policiais e ações penais
na LEP, é cabível a concessão de maior número de em curso seja para agravar a pena-base, seja para afastar a
autorizações de curta duração, até o limite de cinco vezes ao aplicação da causa de diminuição referida, seja para aferir a
ano, já intercaladas durante os doze meses, com ou sem periculosidade do agente para fins de fundamentar eventual
pernoite, desde que tenha cumprido o mínimo de 1/6 da prisão cautelar, sob pena de ferir a presunção de inocência.
pena, se primário, e 1/4, se reincidente, e haja
compatibilidade do benefício com os objetivos da pena.
47
Marcos e João são vizinhos com histórico de discussões em razão
dos ruídos noturnos provocados pelas festas produzidas por João.
Certa noite, Marcos, em um acesso de raiva, efetua disparo de
arma de fogo contra João, com intenção de matar seu alvo. O
disparo atinge a perna da vítima, que é prontamente levada ao
hospital, onde fica internada. No segundo dia de internação, em
razão de um vazamento de gás não percebido, João morre por
asfixia.
Diante do caso narrado, Marcos deverá responder pelo crime de:
(A) homicídio, uma vez que João só se encontrava no hospital em
razão das lesões decorrentes da conduta criminosa de
Marcos (conditio sine qua non);
(B) lesão corporal seguida de morte, uma vez que a morte por
asfixia no hospital não era previsível;
(C) lesão corporal, já que eliminando-se em abstrato o
vazamento de gás, não haveria a morte como resultado
naturalístico de sua conduta;
(D) tentativa de homicídio, com fundamento na teoria da
causalidade adequada, também adotada pelo ordenamento
jurídico;
(E) tentativa de homicídio, em razão da existência de concausa
concomitante para o resultado morte: o disparo de arma de
fogo e o vazamento de gás.

48 50
Lucas subtraiu para si uma bicicleta infantil que se encontrava no Tomás, 21 anos, no momento em que fazia uso de um pino de
interior de uma residência familiar às 22h, momento em que os cocaína, foi abordado por Agostinho, policial militar.
moradores estavam acordados. Para ter acesso ao bem furtado, Surpreendido e com receio de ser repreendido por seus pais,
Lucas pulou o muro da residência. ofereceu cinco mil reais ao policial para que não fosse preso.
Diante da situação narrada, é correto afirmar que: Diante dessa hipótese, de acordo com a jurisprudência do
(A) para a incidência da qualificadora da escalada é indispensável Superior Tribunal de Justiça, é correto afirmar que:
a realização de exame pericial, não sendo possível sua (A) não se identifica a prática do crime de corrupção ativa por
substituição; Tomás, em razão da impossibilidade de prisão em flagrante
(B) o fato de os moradores estarem acordados exclui a incidência pelo uso de substância entorpecente;
da majorante relativa à prática do crime de furto no período (B) o crime de corrupção ativa será consumado no momento da
noturno; aceitação da oferta por parte de Agostinho. Em caso de
(C) não é possível a aplicação da causa de aumento relativa à recusa do policial, haverá mera tentativa;
prática de furto no período noturno em concomitância com a (C) Agostinho somente poderia conduzir Tomás à Delegacia de
qualificadora da escalada; Polícia pelo flagrante relativo ao crime de corrupção ativa,
(D) a escalada e a prática de furto no período noturno são uma vez que não há crime de uso de substância
circunstâncias que devem ser analisadas na terceira etapa da entorpecente;
dosimetria penal; (D) ao contrário do crime de corrupção ativa cometido por
(E) não seria aplicável a causa de aumento relativa ao furto Tomás, que é formal, o crime de corrupção passiva exige para
noturno na hipótese em que a casa estivesse desabitada, por a consumação o efetivo recebimento da vantagem, para si ou
ausência de violação ao bem jurídico tutelado pela para outrem;
majorante. (E) Tomás praticou o crime de corrupção ativa ao oferecer o
dinheiro a Agostinho para determiná-lo a omitir ou retardar
ato de ofício relacionado com o cometimento do crime de
49 posse de drogas para uso próprio.
Paulo, policial militar, supondo ter encontrado Cláudio, traficante
conhecido na região e com mandado de prisão em aberto, efetua
a prisão de desconhecido irmão gêmeo univitelino de Cláudio,
com restrição de liberdade do irmão gêmeo por tempo 51
considerável. No tocante ao sequestro de bens, é correto afirmar que:
Diante da situação narrada, a responsabilidade penal de Paulo é (A) poderá o juiz decretar o sequestro abrangendo bens ou
afastada por: valores equivalentes ao produto ou proveito do crime quando
(A) ausência de tipicidade, ante a inexistência de elemento estes não forem encontrados no patrimônio do investigado
objetivo do tipo; ou acusado;
(B) ausência de tipicidade, ante a inexistência de elemento (B) poderá o juiz decretar o sequestro alargado nas infrações
subjetivo do tipo; penais às quais a lei comine pena máxima superior a quatro
(C) ausência de ilicitude, pelo estrito cumprimento do dever legal anos;
putativo; (C) será o sequestro levantado se a ação penal não for intentada
(D) ausência de culpabilidade, pela inexigibilidade de conduta no prazo de trinta dias, contado da data em que ficar
diversa; concluída a diligência;
(E) ausência de culpabilidade, por erro de proibição. (D) bastará para a decretação do sequestro a existência de
indícios veementes da proveniência ilícita dos bens, se estes
não tiverem sido transferidos a terceiros;
(E) será o sequestro levantado se o acusado for absolvido,
mesmo antes do trânsito em julgado da sentença absolutória.
52
Quanto à teoria geral dos recursos e os recursos em espécie no
processo penal, segundo a doutrina e a jurisprudência dominante
nos Tribunais Superiores, admite-se:
(A) o recurso do assistente se o Ministério Público tiver
interposto um recurso total;
(B) o efeito devolutivo dos recursos quando da apresentação das
razões recursais;
(C) a reformatio in pejus se o condenado tiver recorrido de todo
o conteúdo impugnável da sentença;
(D) a medida cautelar para dar efeito suspensivo a recurso em
sentido estrito desprovido originariamente deste efeito;
(E) a interposição de recurso em sentido estrito pelo ofendido
não habilitado como assistente se o Ministério Público não
recorrer da decisão.

53 55
Luigi e Mário foram denunciados pelo crime de furto qualificado Relativamente ao inquérito policial e às diligências neste levadas
pelo concurso de agentes. Recebida a denúncia, foi determinada a efeito, é correto afirmar que:
pelo juiz a citação dos acusados, tendo Luigi sido localizado na (A) na busca domiciliar fundada em ordem judicial, quando
Itália, em lugar sabido, e expedida carta rogatória para a sua encontrada a arma objeto do crime de roubo, a não
citação, e Mário citado por edital, não tendo este comparecido especificação no mandado judicial para a busca pessoal
nem constituído advogado. impedirá a realização desta;
Quanto à situação dos cursos do processo e do prazo (B) o delegado de polícia, apurando crime de extorsão mediante
prescricional em relação aos acusados, é correto afirmar que: sequestro, necessita de prévia autorização judicial para
(A) os cursos do processo e do prazo prescricional serão requisitar, de quaisquer órgãos do poder público, dados e
suspensos em relação a Mário e o curso da prescrição será informações cadastrais dos suspeitos;
suspenso em relação a Luigi até o cumprimento da rogatória; (C) após representação do delegado de polícia, nos crimes
(B) os cursos do processo e do prazo prescricional serão relacionados ao tráfico de pessoas, sobre a disponibilização
suspensos em relação a Mário e Luigi; dos meios técnicos que permitam a localização da vítima, se
(C) o curso da prescrição será suspenso em relação a Mário e o não houver manifestação judicial no prazo de doze horas,
curso do processo será suspenso em relação a Luigi até o poderá aquele proceder às requisições, comunicando-se
cumprimento da rogatória; imediatamente ao juiz;
(D) o curso do processo será suspenso em relação a Mário e (D) nos crimes relacionados ao tráfico de pessoas, o delegado de
Luigi, mas o curso do prazo prescricional será interrompido polícia poderá requisitar, independentemente de autorização
somente em relação a Mário; judicial, às empresas prestadoras de serviço de
(E) o curso do processo será suspenso em relação a Luigi até o telecomunicações que disponibilizem imediatamente os
cumprimento da rogatória e o curso da prescrição será meios técnicos adequados que permitam a localização dos
interrompido em relação a Mário. suspeitos;
(E) dar-se-á prioridade à realização de exame de corpo de delito,
na fase do inquérito policial, quando se tratar de crime que
54 envolva criança ou adolescente, idoso, pessoa com
De acordo com a doutrina e a jurisprudência dominante nos deficiência, indígena ou gestante.
Tribunais Superiores, quanto aos recursos e às ações autônomas
de impugnação, é correto afirmar que:
56
(A) admite-se mandado de segurança para atribuir efeito
suspensivo ao recurso em sentido estrito desprovido deste Em relação à utilização de registros de geolocalização como
efeito interposto pelo Ministério Público; ferramenta informativo-probatória, por se referirem a dados
(B) impetrado habeas corpus por outra pessoa em favor do relacionados à identificação de usuários que operaram em área
paciente, se este se opuser e desautorizar o pedido, o habeas delimitada e por intervalo de tempo determinado, tal situação
corpus não será conhecido; configura:
(C) fará jus à indenização, na ação de revisão criminal, o (A) quebra de sigilo telemático;
condenado quando o erro ou a injustiça da condenação (B) quebra de fluxo de comunicações de dados;
resultar da ocultação de provas em seu poder; (C) quebra de sigilo de dados informáticos estáticos;
(D) poderá o Ministério Público, como fiscal da lei, ajuizar ação (D) interceptação de sigilo de dados;
de revisão criminal a favor ou contra o condenado; (E) interceptação de comunicações telefônicas.
(E) admite-se habeas corpus para o trancamento de ação de
improbidade administrativa.
57
Tício e Mévio foram presos em flagrante delito pela prática de
crime de roubo ocorrido a bordo de aeronave pousada na pista
do Aeroporto Internacional do Recife/Guararapes – Gilberto
Freyre. O crime consistiu na subtração, mediante grave ameaça,
de numerário pertencente ao Banco do Brasil e sob guarda de
empresa transportadora de valores.
Diante da hipótese narrada, é correto afirmar que a competência
será da:
(A) justiça federal, tendo em conta que a vítima é o Banco do
Brasil, sociedade de economia mista federal;
(B) justiça federal, tendo em conta que o crime foi cometido a
bordo de aeronave, ainda que em solo;
(C) justiça estadual, tendo em conta que o Banco do Brasil é
sociedade de economia mista e não atrai a competência
especializada;
(D) justiça estadual, tendo em conta que não há interesse da
União pelo fato de a aeronave estar em terra;
(E) justiça estadual, tendo em conta que, embora praticado a
bordo de aeronave, não há elemento que indique
internacionalidade.

58 60
José cumpre pena pelo crime de roubo em regime fechado na Sócrates, magistrado estadual, está sendo investigado no âmbito
cidade de Recife/PE. Sua família, contudo, reside em de inquérito policial. Contudo, alega a existência de vício
Petrolina/PE, razão pela qual sua defesa requer a transferência procedimental, com base em lei complementar estadual, que
para estabelecimento prisional localizado nessa cidade, a fim de estabelece a necessidade de prévia autorização do órgão
contribuir com o processo de ressocialização do apenado. colegiado do tribunal competente para prosseguir com
Diante do caso apresentado, é correto afirmar que: investigações que objetivam apurar suposta prática de crime
(A) é direito subjetivo de José ser transferido para Petrolina/PE cometido por magistrado, o que não ocorreu.
sendo imperativa a viabilização de sua transferência pelo Diante do caso, tendo como base a jurisprudência do Supremo
juízo de execução penal; Tribunal Federal, é correto afirmar que:
(B) a existência de vagas no estabelecimento de Petrolina/PE, (A) assiste razão a Sócrates, já que a autorização prévia do
torna absoluto o direito de José de ser transferido para perto tribunal competente é exigência para a regularidade formal
de sua família; da investigação e também é exigida no âmbito da LC nº
(C) a transferência de José independe de prévia consulta ao juízo 35/1979 (Lei Orgânica da Magistratura Nacional – LOMAN);
da localidade de Petrolina/PE, sendo suficiente a (B) assiste razão a Sócrates, pois há vício procedimental uma vez
comunicação prévia da ordem de transferência; que a LC nº 35/1979 (Lei Orgânica da Magistratura Nacional –
(D) a transferência de José para Petrolina/PE dependerá da LOMAN) exige autorização para prosseguimento das
conveniência da Administração e pode ser negada por investigações, embora a lei estadual seja eivada de
decisão fundamentada do juízo da execução penal; inconstitucionalidade formal;
(E) a transferência de José para Petrolina/PE somente pode ser (C) não assiste razão a Sócrates, pois a norma estadual é
negada em caso de o apenado estar em regime disciplinar inconstitucional por vício de competência e por promover
diferenciado ou de inexistência de vagas em estabelecimento indevida inovação, ofendendo o princípio da isonomia;
prisional. (D) não assiste razão a Sócrates, pois não há utilidade no
reconhecimento de nulidade na fase de inquérito, devendo a
autorização para investigação ser aferida apenas em caso de
59 denúncia;
João foi vítima de tentativa de estelionato e procurou a Delegacia (E) não assiste razão a Sócrates, pois a norma estadual é
de Polícia de Serra Talhada/PE, cidade em que reside e na qual se inconstitucional formal e materialmente, não havendo
encontra sua agência bancária. Narrou que, no dia 15/03/2022, qualquer necessidade de remessa dos autos ao tribunal.
houve a tentativa de compensação de um cheque clonado em
sua conta-corrente, que somente não foi pago pela instituição
bancária em razão de insuficiência de fundos. Foi apurado que a
cártula fora depositada em agência bancária localizada na cidade 61
de Jaboatão dos Guararapes/PE. Após ampla mobilização popular, com a realização de inúmeras
Diante do caso e em consonância com a legislação e audiências públicas no âmbito da Assembleia Legislativa do
jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, a competência Estado Alfa, ocasião em que foram ouvidos diversos especialistas
criminal é de um dos juízos criminais de: em urbanismo, meio ambiente e segurança viária, foi editada a
(A) Serra Talhada/PE, já que a competência para julgar o delito Lei Estadual nº XX. Esse diploma normativo estabeleceu o prazo
de estelionato cometido por meio de cheque fraudulento é a de dois anos para que todas as sociedades empresárias em
do local do prejuízo, que ocorre com a autorização para o atuação no Estado, que explorassem o serviço de energia elétrica,
saque do numerário no local da agência bancária da vítima; promovessem a substituição dos postes de sustentação de
(B) Serra Talhada/PE, em razão de modificação legislativa que energia elétrica por instalações subterrâneas, ressalvada a
incluiu regra expressa no Código de Processo Penal ao prever demonstração de total impossibilidade fática.
a competência do local do domicílio da vítima, quando Considerando a divisão constitucional de competências, a Lei
praticado o estelionato mediante emissão de cheques sem Estadual nº XX é formalmente:
suficiente provisão de fundos; (A) inconstitucional, pois compete privativamente aos Municípios
(C) Jaboatão dos Guararapes/PE, uma vez que eventual crime de legislar sobre assuntos de interesse local;
estelionato se consuma no local e no momento em que o (B) constitucional, pois os Estados possuem competência
agente obtém vantagem ilícita que, no caso, é a cidade em concorrente com a União para legislar sobre meio ambiente;
que foi feito o depósito; (C) inconstitucional, pois somente a União, no âmbito das
(D) Jaboatão dos Guararapes/PE, já que as fases do iter criminis normas gerais, e os Municípios, na esfera local, podem
se deram nessa cidade, o que é determinante para a fixação legislar sobre urbanismo;
da competência criminal no crime de estelionato; (D) constitucional, pois a competência concorrente do Estado
(E) Jaboatão dos Guararapes/PE, em razão de modificação para legislar sobre segurança viária permite que suas leis
legislativa que incluiu regra expressa no Código de Processo tangenciem a competência de outro ente federativo;
Penal ao prever a competência do local do depósito do título (E) inconstitucional, pois a competência legislativa é influenciada
de crédito, quando praticado o estelionato mediante emissão pela natureza da atividade desempenhada pelas referidas
de cheques sem suficiente provisão de fundos. pessoas jurídicas, carecendo o Estado de competência.

62 63
Estudiosos do sistema político brasileiro travaram intenso debate O Supremo Tribunal Federal (STF), pela escassa maioria de um
a respeito da denominada “cláusula de barreira ou de voto, declarou a inconstitucionalidade da Lei Estadual nº XX, em
desempenho”, prevista na Constituição da República de 1988, a sede de controle concentrado de constitucionalidade, o que
ser aplicada aos partidos políticos, e de sua correlação com a gerou grande insatisfação junto a diversos segmentos da
figura da federação de partidos. Pedro entende que essa cláusula população do Estado Alfa. Sensível a essa insatisfação, um grupo
somente será tendida com a obtenção, pelo partido político, de de deputados estaduais apresentou um projeto de lei de teor
um percentual mínimo de votos válidos nas eleições para a idêntico ao referido diploma normativo, o qual veio a ser
Câmara dos Deputados, distribuído em pelo menos um terço das aprovado pela Assembleia Legislativa e sancionado, daí surgindo
unidades da federação brasileira, com um percentual mínimo dos a Lei Estadual nº YY.
votos válidos em cada uma, não sendo influenciada pelo instituto Considerando os efeitos regulares da decisão proferida pelo STF
da federação partidária. Antônio, por sua vez, entende que o ao declarar a inconstitucionalidade da Lei Estadual nº XX, é
referido percentual de votos válidos deve ser distribuído por, no correto afirmar que a Lei Estadual nº YY é:
mínimo, três quintos da federação, além de ser exigida a eleição (A) constitucional, pois o efeito vinculante da decisão proferida
de um número mínimo de deputados federais, acrescendo, ainda, não obsta que o legislador edite outro diploma normativo de
que a federação de partidos permitiria a soma desses indicadores idêntico teor, salvo se resolução do Senado Federal atribuísse
para fins de avaliação de desempenho e, em consequência, para efeitos erga omnes a essa decisão, o que não ocorreu;
a incidência, ou não, da cláusula de barreira. O debate ainda (B) constitucional, pois o efeito vinculante da decisão proferida
contou com a participação de Ana, que concordava, em parte, não obsta que o legislador edite outro diploma normativo de
com ambos: com Pedro, em relação ao percentual mínimo de idêntico teor, salvo se fosse aprovada súmula vinculante, o
votos válidos e à forma de distribuição, e com Antônio no que diz que não ocorreu;
respeito à exigência de que o partido ainda elegesse um número
(C) inconstitucional, pois a referida declaração de
mínimo de deputados, mas tinha posição singular em relação à
inconstitucionalidade produz efeitos vinculantes e erga
federação de partidos, entendendo que a soma, ou não, dos
omnes, o que afasta a possibilidade de ser editada nova lei de
indicadores de cada partido político que a integra levaria em
idêntico teor;
consideração o disposto no estatuto da federação.
(D) inconstitucional, pois o Tribunal não excepcionou a
À luz da sistemática afeta à matéria, é correto afirmar que: Assembleia Legislativa, de maneira expressa, do alcance de
(A) Ana está totalmente certa; sua decisão, embora estivesse autorizado a fazê-lo;
(B) Pedro está totalmente certo; (E) constitucional, pois o efeito vinculante da decisão proferida
(C) Antônio está totalmente certo; não obsta que o legislador edite outro diploma normativo de
(D) Pedro, Antônio e Ana estão parcialmente certos; idêntico teor.
(E) Pedro e Ana estão parcialmente certos, e Antônio está
totalmente errado.
64
João, servidor público do Município Alfa, ocupante de cargo de
provimento efetivo, teve a sua aposentadoria voluntária deferida
pelo órgão municipal competente. Apesar de o processo
administrativo ter sido encaminhado ao Tribunal de Contas, esse
órgão não emitiu qualquer pronunciamento nos cinco anos
subsequentes ao ato de aposentadoria, embora estivesse com os
autos há apenas quatro anos.
Considerando os termos dessa narrativa:
(A) o ato de aposentadoria, em razão do decurso de cinco anos
desde a sua edição, deve ser considerado definitivamente
registrado;
(B) o Tribunal de Contas pode registrar, ou não, o ato, pois o
prazo de cinco anos de que dispõe deve ser considerado a
contar da chegada do respectivo processo;
(C) o Tribunal de Contas, independentemente do lapso temporal
transcorrido desde a edição do ato de aposentadoria de João,
deve observar o contraditório e a ampla defesa para alterá-lo;
(D) o ato de aposentadoria de João tem a natureza de ato
complexo, somente produzindo efeitos no momento em que
houver a conjugação de vontades do órgão de origem e do
Tribunal de Contas;
(E) o Tribunal de Contas deve se pronunciar sobre a legalidade,
ou não, do ato de concessão inicial do benefício,
independentemente do tempo decorrido desde a sua edição,
não se exigindo a observância do contraditório e da ampla
defesa.

65 67
A Lei Orgânica do Município Beta foi alterada por duas emendas A Lei Orgânica do Município Alfa estabelece que, no caso de
de iniciativa parlamentar. A Emenda número 1 definiu nova omissão do Poder Legislativo municipal em julgar as contas do
hipótese de crime de responsabilidade praticado pelo chefe do prefeito no prazo previsto, deverá prevalecer o parecer técnico
Poder Executivo municipal, e a Emenda número 2 garantiu a elaborado pelo Tribunal de Contas.
prerrogativa de foro aos vereadores eleitos. Diante do exposto, é correto afirmar, de acordo com a
Diante do exposto e a respeito da repartição de competências jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, que a Lei Orgânica
legislativas, é correto afirmar, de acordo com a jurisprudência do Município Alfa é:
majoritária do Supremo Tribunal Federal, que: (A) inconstitucional, pois o exercício da competência de
(A) a Emenda à Lei Orgânica número 1 é constitucional, pois julgamento pelo Tribunal de Contas não fica subordinado ao
compete ao ente municipal legislar sobre crime de crivo posterior do Poder Legislativo;
responsabilidade praticado pelo chefe do Poder Executivo (B) constitucional, pois o Tribunal de Contas exerce auxílio ao
municipal; Poder Legislativo, produzindo um parecer técnico de caráter
(B) a Emenda à Lei Orgânica número 2 é inconstitucional, pois consultivo, que não pode deixar de prevalecer por decisão do
embora seja da competência do ente municipal legislar sobre Poder Legislativo;
a prerrogativa de foro dos vereadores, a iniciativa para (C) inconstitucional, pois é incabível o julgamento ficto das
apresentar o projeto é exclusiva do prefeito; contas do prefeito por decurso do prazo, uma vez que
(C) a Emenda à Lei Orgânica número 1 é inconstitucional, pois compete, exclusivamente, à Câmara de Vereadores, o
compete privativamente à União legislar sobre crime de julgamento das referidas contas;
responsabilidade praticado pelos chefes do Poder Executivo (D) constitucional, pois o Tribunal de Contas é órgão
da União, dos Estados e dos Municípios; independente e autônomo, sendo que a fiscalização por ele
(D) a Emenda à Lei Orgânica número 2 é constitucional, pois o exercida serve como condição de eficácia do ato, contrato ou
foro por prerrogativa de função de vereadores é autorizado negócio jurídico realizado;
em razão do princípio da simetria; (E) inconstitucional, pois a função judicante não foi garantida
(E) a Emenda à Lei Orgânica número 2 é inconstitucional, pois constitucionalmente ao Tribunal de Contas, mesmo em
compete aos Estados, nas respectivas Constituições, instituir relação às contas dos demais administradores e responsáveis.
a prerrogativa de foro aos vereadores eleitos.
68
66 Em razão de notícias de irregularidades detectadas na
João, servidor público do Estado Gama, deseja requerer a implementação de certas políticas públicas pela Administração
aposentadoria especial, em razão do exercício de atividade em Pública direta do Estado Alfa, uma comissão permanente da
condições de insalubridade, mas descobre a ausência de norma Assembleia Legislativa deliberou, com base na Constituição
regulamentadora em seu Estado. Estadual, pela convocação de determinados agentes públicos,
Diante do exposto, é correto afirmar que João: que teriam conhecimento dos fatos, para que prestassem
(A) poderá impetrar mandado de injunção, não podendo ser depoimento. Esses agentes eram os seguintes: (1) o governador
conferida eficácia ultra partes ou erga omnes à decisão que do Estado Alfa; (2) o secretário de Estado de Assistência Social;
conceder a injunção, mesmo quando indispensável ao (3) o procurador-geral de justiça; e (4) o presidente da autarquia
exercício do direito objeto da impetração; Beta.
(B) não poderá impetrar mandado de injunção, pois a À luz da sistemática estabelecida na Constituição da República de
Constituição garante o direito à aposentadoria especial a 1988, é correto afirmar que a convocação é:
todos aqueles servidores que exercem atividade em condição (A) constitucional em relação a todos os agentes, já que compete
insalubre, independentemente de norma regulamentadora à Constituição Estadual disciplinar a matéria;
pelo Estado Gama; (B) inconstitucional apenas em relação ao governador do Estado,
(C) poderá impetrar mandado de injunção, podendo o Poder que não pode ser convocado pelo Poder Legislativo;
Judiciário estabelecer as condições em que se dará o (C) inconstitucional apenas em relação ao governador do Estado
exercício do direito, uma vez reconhecida e não suprida a e ao procurador-geral de justiça, que não estão sujeitos a
mora legislativa, no prazo determinado, pelo Estado Gama; convocação por comissão permanente;
(D) poderá impetrar mandado de injunção, podendo o Poder (D) inconstitucional em relação a todos os agentes, já que a
Judiciário apenas reconhecer a mora legislativa e fixar prazo convocação somente pode ser realizada por comissão
para edição da norma, sem estabelecer as condições em que parlamentar de inquérito;
se dará o exercício do direito, já que impedido de atuar como (E) inconstitucional apenas em relação ao governador do Estado,
legislador positivo; ao procurador-geral de justiça e ao presidente da autarquia
(E) não poderá impetrar mandado de injunção, pois será Beta, que não estão sujeitos a convocação por comissão
necessário o ajuizamento de Ação Direta de permanente.
Inconstitucionalidade por Omissão para que o Poder
Judiciário defina as condições em que se dará o exercício do
direito, em razão da mora legislativa do Estado Gama.

69
BLOCO III Direito Empresarial - Direito
A Justiça Eleitoral atua para garantir o exercício da democracia,
cuidando de estabelecer diretrizes ético-jurídicas para que o Financeiro e Tributário - Direito
processo eleitoral se desenvolva num clima de tolerância Ambiental - Direito Administrativo e
democrática.
Com relação às funções desempenhadas pela Justiça Eleitoral, é
Noções Gerais de Direito e Formação
correto afirmar que: Humanística
(A) a Justiça Eleitoral não desempenha função consultiva;
(B) a função administrativa da Justiça Eleitoral tem por objetivo
71
solucionar o conflito de interesses em matéria eleitoral;
(C) a consulta prevista no Art. 23, inciso XII, do Código Eleitoral A sociedade Belém e Maria Comércio de Pneus Ltda. teve sua
não se restringe à matéria eleitoral; falência requerida pela sociedade Goitá Transportes e Logística
(D) a vedação de agir de ofício se aplica aos juízes eleitorais tanto Ltda. em razão da impontualidade no pagamento de duplicatas
no desempenho da função jurisdicional quanto no da função de prestação de serviços cujo valor total é de R$ 83.500,00,
administrativa; protestadas para fins falimentares.
(E) no exercício da função normativa, o Tribunal Superior Após a citação da devedora, e no prazo da contestação, foi
Eleitoral tem competência para emitir Resoluções e outros apresentado ao juízo da Comarca de Catende pedido de
atos normativos de caráter genérico em matéria eleitoral. recuperação judicial, sem elisão do pedido de falência.
Acerca do efeito da apresentação do pedido sobre o curso do
procedimento pré-falimentar, é correto afirmar que a falência:
70 (A) não poderá ser decretada em razão da apresentação de
A Justiça Eleitoral caracteriza-se por princípios que a diferenciam pedido de recuperação judicial no prazo da contestação;
da justiça comum. (B) poderá ser decretada em razão da não efetivação de depósito
Em relação à Justiça Eleitoral, é correto afirmar que: elisivo no prazo da contestação;
(A) os princípios da celeridade e da segurança jurídica são (C) não poderá ser decretada diante da insuficiência do valor das
incompatíveis com o instituto da preclusão; duplicatas protestadas para ensejar o requerimento;
(B) é inaplicável o princípio da responsabilidade solidária na (D) poderá ser decretada em razão do impedimento ao pedido
apuração dos excessos na propaganda eleitoral; de recuperação judicial após o requerimento da falência;
(C) as regras de desincompatibilização e a proibição da captação (E) não poderá ser decretada em razão da ausência do protesto
ilícita do sufrágio são manifestações do princípio da lisura das duplicatas para fins cambiais.
eleitoral;
(D) pelo princípio da autonomia partidária, não existe vedação a 72
que o partido político receba recursos financeiros de
governos estrangeiros; Afrânio constituiu, sozinho, uma sociedade do tipo limitada,
(E) o sistema jurídico eleitoral visa preservar valores que se com integralização imediata do capital social, esse no valor de
referem à legitimidade das eleições e à liberdade do eleitor, R$ 3.000,00. A sociedade foi denominada Bar Jataúba Ltda.
por isso, as nulidades no ato da votação, independentemente Em razão da crise econômica gerada pela recessão decorrente
de impugnação, devem ser conhecidas. dos efeitos da pandemia do Covid-19, Afrânio resolveu encerrar
as atividades sociais sem tomar qualquer providência no sentido
de promover a liquidação da sociedade.
A sociedade Materiais de Construção Lagoa do Carro Ltda.,
credora da sociedade Bar Jataúba Ltda. no valor de R$ 12.000,00,
tomou conhecimento do encerramento das atividades e
ingressou com medida judicial para responsabilizar Afrânio pelo
débito, já vencido, e encerramento irregular.
Com base nos dados apresentados, a sociedade credora poderá:
(A) requerer a falência da sociedade limitada com fundamento
na impontualidade no pagamento de seu crédito;
(B) ajuizar ação pauliana para obter a decretação de nulidade da
decisão do sócio Afrânio de encerrar as atividades da
sociedade;
(C) requerer a desconsideração inversa da personalidade jurídica
com fundamento na inexistência de deliberação social;
(D) requerer a liquidação judicial da sociedade limitada e nomear
o liquidante, em razão da substituição processual que lhe é
conferida em caso de inércia do sócio;
(E) requerer em juízo a imputação de responsabilidade ilimitada
ao sócio Afrânio pela decisão de encerrar as atividades da
sociedade sem promover sua liquidação.

73 74
Seis empresários individuais, três deles enquadrados como Sacada duplicata escritural, mediante lançamento no sistema
microempresa e os demais enquadrados como empresa de eletrônico de escrituração, em favor da sociedade empresária
pequeno porte, todos optantes pelo Simples Nacional, decidiram Móveis Condado Ltda., embora o título tenha sido aceito pelo
constituir sociedade de propósito específico (SPE) para que, sacado João, não foi realizado o pagamento, ensejando sua
através dela, os empresários possam realizar venda de produtos cobrança judicial.
para os mercados nacional e internacional. A despeito da facultatividade do protesto por falta de
A SPE foi constituída como cooperativa de consumo, tendo sido pagamento, ele foi lavrado e registrado previamente ao
inserido em seu estatuto, na cláusula referente ao objeto social, ajuizamento da ação de execução no lugar do pagamento,
que ela também realizará operações de venda de bens adquiridos Município de Moreno.
dos sócios para pessoas jurídicas que não sejam suas sócias. Em conformidade com a lei de duplicatas escritural, o processo
Levado o estatuto a arquivamento na Junta Comercial, foi de execução por quantia certa da duplicata escritural, título
indeferido o pedido sob justificativa de desobediência às executivo extrajudicial, deve ser instruído com:
prescrições legais. (A) a certidão da triplicata da duplicata escritural extraída pelo
A Junta Comercial apresentou os argumentos a seguir. gestor do sistema eletrônico de escrituração da duplicata;
1º) proibição de a SPE realizar venda de produtos para o mercado (B) o extrato do livro de registro de duplicatas em poder do
internacional; sacador, que serviu de lastro à emissão da duplicata
2º) o objeto social deve estar limitado às operações de compras escritural;
para revenda às microempresas ou empresas de pequeno (C) o boleto bancário emitido pelo gestor do sistema de
porte que sejam suas sócias; escrituração de duplicatas, que representa para efeito de
cobrança judicial a duplicata registrada no sistema;
3º) é vedada a constituição da SPE sob a forma de cooperativa,
ainda que seja de consumo. (D) o extrato do registro eletrônico da duplicata emitido pelo
gestor do sistema eletrônico de escrituração;
Proposta medida judicial contra o ato da Junta Comercial para
(E) a certidão do protesto por falta de pagamento emitida pelo
assegurar o arquivamento compulsório do estatuto, o Juízo da
tabelião de protesto de títulos, que representa a duplicata
Comarca de Tamandaré pronunciou-se pelo:
escritural para efeito de cobrança judicial.
(A) indeferimento, considerando procedentes todos os
argumentos levantados pela Junta Comercial;
(B) deferimento, considerando procedentes todos os argumentos
levantados pela Junta Comercial;
(C) indeferimento, considerando procedente apenas o 3º argumento
levantado pela Junta Comercial, eis que a SPE só pode ser
constituída como sociedade do tipo limitada;
(D) deferimento, considerando a incompetência da Junta
Comercial para se opor ao arquivamento do estatuto sob
argumento de vícios intrínsecos ao negócio jurídico;
(E) indeferimento, considerando procedentes o 1º e o 2º
argumentos, eis que a SPE não pode atuar em negócios para
o mercado internacional e seu objeto cinge-se às operações
com os seus sócios.

75 76
Companhia Araripina, cujas ações são ordinárias e não há Após a publicação do aviso aos credores quanto ao recebimento
atribuição de voto plural a nenhuma delas, é a única acionista de do plano de recuperação judicial de Olinda Cereais Veganos Ltda.,
Lapidação Capoeiras S/A. em recuperação judicial, o credor quirografário Tamandaré
A assembleia geral extraordinária da Companhia Araripina, Adubos Ltda. ofereceu no prazo legal objeção ao plano. Em
convocada para deliberar a alienação de parte das ações da consequência, o juiz da vara única da Comarca de Afrânio
controlada Lapidação Capoeiras S/A, aprovou a operação. A determinou a convocação de assembleia geral de credores,
mesma assembleia aprovou a atribuição das ações a uma outra marcada para o dia 30 de junho de 2022. Na véspera da
sociedade que seria, futuramente, incorporada pela Companhia realização da assembleia, o advogado da recuperanda protocolou
Araripina e fixou o valor da operação. no juízo termo de adesão ao plano assinado por credores das
Três acionistas minoritários, titulares de 8% do capital da classes I e III do Art. 41 da Lei nº 11.101/2005. Em relação aos
Companhia Araripina, ajuizaram ação para anular a deliberação credores da classe I, o termo de adesão está assinado por 129,
assemblear, com pedido de antecipação de tutela para sustar a dentre os 200 credores, cujos créditos perfazem 40% do passivo
alienação, sob os seguintes fundamentos: da classe; em relação aos credores da classe III, o plano está
assinado por 75% dos credores que representam 88% do passivo
a) negativa por parte da companhia de lhes assegurar direito de
da classe, tudo com base na segunda relação de credores
preferência na aquisição de ações do capital de Lapidação
publicada. Não há credores das classes II e IV do referido Art. 41.
Capoeiras S/A;
Considerados esses dados, é correto afirmar que o juiz:
b) necessidade de convocação de uma assembleia geral
(A) poderá homologar o plano, tendo em vista a tempestividade
extraordinária com o fito específico de oferecer as ações de
da apresentação do termo de adesão e do cumprimento do
Lapidação Capoeiras S/A aos acionistas da Companhia
quórum legal para aprovação do plano, ainda que sem a
Araripina.
realização da assembleia e apreciação da objeção do credor
Em sede de contestação, a companhia ré confirmou a negativa de quirografário;
oferta das ações da controlada aos acionistas e da ausência de
(B) não poderá homologar o plano, tendo em vista a
convocação da assembleia específica, sob os seguintes
intempestividade da apresentação do termo de adesão, ainda
argumentos:
que o quórum legal para aprovação do plano tenha sido
(i) não cabe direito de preferência aos acionistas da observado;
controladora em caso de alienação de ações da (C) poderá homologar o plano, tendo em vista a dispensa da
controlada; realização da assembleia quando o devedor apresentar, até o
(ii) a realização de assembleia para oferta das ações momento de sua instalação, termo de adesão subscrito pelo
somente teria lugar caso a companhia emitisse ações número de credores suficiente para a aprovação do plano;
preferenciais sem direito a voto.
(D) não poderá homologar o plano, pois não foi atingido o
Provados os fatos alegados, com base na legislação societária,
quórum legal para sua aprovação, ainda que tenha sido
como juiz, você decidiria no sentido de:
tempestiva a apresentação do termo de adesão pela
(A) conhecer, de ofício, a ilegitimidade ativa dos autores em recuperanda;
razão de a deliberação assemblear não ter por objeto as
(E) não poderá homologar o plano, pois houve apresentação de
ações da Companhia Araripina, e sim as ações de outra
objeção tempestiva, devendo ser convocada assembleia de
companhia da qual os autores não são acionistas, extinguindo
credores, salvo se apresentado, até quinze dias antes, termo
o processo sem resolução de mérito;
de adesão assinado por credores representando mais da
(B) julgar improcedente o pedido, com resolução de mérito, metade do valor dos créditos em cada classe.
reconhecendo a ausência do direito de preferência dos
acionistas da ré e a inaplicabilidade da oferta em assembleia
específica aos acionistas titulares de ações ordinárias;
(C) julgar procedente o pedido, com resolução de mérito,
reconhecendo o direito de preferência dos acionistas da ré à
aquisição das ações da controlada e a necessidade de oferta a
eles em assembleia especialmente convocada para esse fim;
(D) julgar procedente em parte o pedido, com resolução de
mérito, apenas quanto à necessidade de convocação de
assembleia específica para a oferta simultânea a acionistas e
não acionistas, afastando a existência do direito de
preferência;
(E) julgar procedente em parte o pedido, com resolução de
mérito, apenas no tocante à existência do direito de
preferência dos acionistas da ré, afastando a necessidade de
convocação de assembleia específica para a oferta.

77 79
Cooperativa Agropecuária de Escada emitiu Certificado de Lei do Estado Alfa de julho de 2021 estabeleceu que o Imposto
Direitos Creditórios do Agronegócio (CDCA) em favor de sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) incide sobre
Industrial Pesqueira S/A no valor nominal de R$ 990.000,00 e operação de circulação de petróleo ou gás natural desde os poços
data de vencimento no dia 26 de março de 2022. Antes do de sua extração para a empresa concessionária, determinando
vencimento, o CDCA foi negociado mediante endosso em favor que o fato gerador ocorre imediatamente após a extração do
do Banco Limoeiro S/A. petróleo ou gás natural, quando estes, provenientes da jazida,
Verificado o não pagamento do CDCA, o endossatário requereu a passarem pelos Pontos de Medição da Produção instalados pela
falência da companhia endossante sem submeter o título a empresa concessionária. A lei também estatuiu que a base de
qualquer protesto, tendo em vista a liquidez, a certeza e a cálculo desse ICMS seria o preço de referência do petróleo ou do
exigibilidade do título de crédito. gás natural conforme média de preços de venda praticados pelo
O juiz da 2ª Vara Cível da Comarca de Serra Talhada, lugar do concessionário em condições normais de mercado, ou preço
principal estabelecimento, ao apreciar a petição inicial, decidiu, mínimo estabelecido pela Agência Nacional do Petróleo (ANP).
com base nas disposições da Lei nº 11.101/2005: À luz da legislação nacional de regência do ICMS e do
(A) determinar que o credor a emendasse diante da ausência do entendimento dominante dos Tribunais Superiores, acerca da
instrumento de protesto falimentar para comprovar a operação acima descrita, é correto afirmar que:
impontualidade do devedor; (A) para fins de delimitação da base de cálculo de incidência de
(B) indeferir liminarmente a petição inicial por nulidade do ICMS, não é admissível a utilização do mecanismo tributário
endosso do CDCA, visto que o primeiro endossante deve ser de preços de referência;
sociedade cooperativa agropecuária, tal qual o emitente; (B) a União, como titular da jazida de petróleo e gás natural
(C) determinar a citação do devedor para apresentar explorada comercialmente, deve recolher o ICMS incidente
contestação, em razão da facultatividade do protesto cambial sobre tal operação de circulação de petróleo ou gás natural;
do CDCA para o requerimento de falência do endossante; (C) a empresa concessionária, como titular do petróleo e gás
(D) julgar extinto o processo com resolução de mérito pela natural produzido, deve recolher o ICMS incidente sobre tal
ilegitimidade passiva do requerente em razão da ausência de operação de circulação de petróleo ou gás natural;
responsabilidade cambiária do endossante; (D) tal operação de circulação de petróleo ou gás natural não
(E) julgar antecipadamente a lide, indeferindo o pedido quanto constitui circulação de mercadoria para fins de incidência de
ao mérito em razão da nulidade do CDCA, pois é vedada sua ICMS;
emissão por sociedades cooperativas agropecuárias. (E) o gás natural, para fins de incidência de ICMS, não é reputado
bem essencial.
78 80
Mário desejava adquirir um apartamento de José, tendo sido Maria, cidadã norte-americana residente e domiciliada em Miami
pactuado o preço em R$ 300.000,00, pois o imóvel necessitava de (EUA), em julho de 2022, doou para sua prima Marta, cidadã
ampla reforma, ainda que um imóvel naquela região custasse em brasileira residente e domiciliada no Estado Alfa (Brasil), por
torno de R$ 400.000,00. Para poder efetuar o registro do negócio escritura pública lavrada nos EUA, uma série de ações de uma
jurídico, Mário foi informado pelo registrador de que deveria empresa norte-americana com ações negociadas na Bolsa de
recolher o Imposto de Transmissão Inter Vivos (ITBI). Valores de Nova Iorque (EUA).
Mário declarou ao Fisco municipal o mesmo valor que constaria Diante desse cenário e à luz do entendimento dominante dos
da escritura pública (R$ 300.000,00), mas o Fisco não aceitou tal Tribunais Superiores sobre a tributação com o Imposto de
valor, arbitrando-o unilateralmente em R$ 400.000,00. Transmissão Causa Mortis e Doações (ITCMD) a ser cobrado no
Brasil, é correto afirmar que:
À luz do Código Tributário Nacional e do entendimento
(A) Maria será contribuinte do ITCMD nessa doação;
dominante dos Tribunais Superiores, é correto afirmar que:
(B) Marta será contribuinte do ITCMD nessa doação;
(A) o registrador não poderia ser responsabilizado
tributariamente pelo não recolhimento do ITBI; (C) Maria e Marta não serão contribuintes do ITCMD nessa
doação;
(B) o valor de R$ 300.000,00 declarado por Mário goza da
presunção de ser condizente com o valor de mercado; (D) Maria e Marta serão ambas contribuintes do ITCMD e
solidariamente responsáveis nessa doação;
(C) a apuração do valor venal do imóvel ocorre da mesma forma
no ITBI e no IPTU; (E) Marta será contribuinte do ITCMD nessa doação, figurando
Maria como responsável tributária.
(D) o Fisco está correto em arbitrar unilateralmente o valor do
imóvel em R$ 400.000,00, por ser este efetivamente o valor
médio de mercado de um imóvel similar naquela região;
(E) o Fisco pode arbitrar previamente a base de cálculo do ITBI
deste imóvel com respaldo em valor de referência por ele
estabelecido unilateralmente em pauta genérica de valores
venais aplicável a todos os imóveis do Município.

81 83
Sociedade de economia mista estadual responsável pelo O Município Alfa, em 2021, pretende celebrar com o Estado Beta
saneamento básico no Estado Alfa, que possui ações negociadas um convênio para transferência voluntária de recursos estaduais
em bolsa de valores, requereu ao Município Beta, quanto a seu ao Município para fins de execução de políticas públicas
edifício sede situado em território municipal: municipais.
a) reconhecimento de imunidade tributária de Imposto Predial Acerca desse cenário, é correto afirmar que o Município Alfa:
e Territorial Urbano (IPTU); (A) somente pode ser beneficiado com a transferência voluntária
b) concessão de isenção de Contribuição de Iluminação Pública se houver previsto e efetivamente arrecadado, ao menos,
(Cosip) prevista em lei específica municipal em favor da 90% dos tributos de sua competência constitucional;
União, Estados, Distrito Federal, Municípios e suas (B) pode utilizar os recursos obtidos por meio da transferência
respectivas autarquias e fundações instituídas e mantidas voluntária em finalidade diversa da originalmente pactuada,
pelo Poder Público. desde que aplicados nas áreas de saúde, educação ou
Diante desse cenário e à luz da Constituição da República de 1988 assistência social;
e do entendimento dominante dos Tribunais Superiores, tal (C) não pode ser impedido de receber transferências voluntárias
empresa estatal: relativas a ações de educação, saúde e assistência social,
(A) faz jus à imunidade tributária de IPTU e à isenção de Cosip; ainda que viole regras de responsabilidade fiscal previstas na
(B) faz jus à imunidade tributária de IPTU, mas não à isenção de Lei de Responsabilidade Fiscal;
Cosip; (D) ao receber tal transferência voluntária de recursos, pode
(C) faz jus à imunidade tributária de IPTU e à isenção de Cosip utilizá-los com a finalidade de pagamento de despesas com
proporcionalmente às ações detidas pelo Poder Público; seu pessoal ativo, inativo e pensionista;
(D) não faz jus à imunidade tributária de IPTU, mas sim à isenção (E) ficará proibido de receber qualquer transferência voluntária
de Cosip; se o Legislativo municipal ultrapassar a despesa total com
(E) não faz jus à imunidade tributária de IPTU nem à isenção de pessoal e não eliminar o excedente no prazo de dois
Cosip. quadrimestres.
82 84
No curso da execução do orçamento anual do Estado Alfa, Lucas, deputado federal, apresenta uma emenda ao projeto de
constata-se que haverá necessidade de reforço de dotação lei do orçamento anual para ampliar certa dotação orçamentária
orçamentária em relação a uma despesa prevista na Lei que reputa ter sido contemplada com alocação insuficiente de
Orçamentária Anual (LOA), uma vez que a dotação inicialmente recursos.
consignada se mostrou insuficiente. Para tanto, tal emenda de Lucas deverá indicar os recursos
Diante desse cenário e nos termos da Lei nº 4.320/1964, é necessários, que poderão provir de anulação de despesas que
correto afirmar que: incidam sobre:
(A) por razão de segurança jurídica e para fins de controle das (A) serviço da dívida;
contas públicas, não é permitida a retificação do orçamento (B) dotações para pessoal civil;
no curso de sua execução, devendo o reforço de dotação ser (C) dotações para encargos com pessoal militar;
consignado no projeto de LOA do ano subsequente; (D) restos a pagar não processados de material de consumo;
(B) é possível, para tal reforço de dotação, a abertura de crédito (E) transferências tributárias constitucionais para os Estados,
adicional extraordinário por decreto executivo, que é o Municípios e Distrito Federal.
instrumento retificador do orçamento cabível para despesas
imprevistas, mas sem a possibilidade de edição de Medida
Provisória para esse fim; 85
(C) em se tratando de despesa inicialmente prevista na LOA, cuja O governador do Estado Alfa pretende conceder uma isenção de
dotação se mostre insuficiente no curso de sua execução, a ICMS para beneficiar os adquirentes de automóveis no território
única forma de custeio do valor excedente será a abertura de estadual que sejam comprovadamente pessoas com deficiência
crédito por antecipação de receita orçamentária, que deverá (PcD). Para tanto, envia projeto de lei à Assembleia Legislativa,
ser quitado até o término do exercício financeiro; requerendo aprovação de tal benefício fiscal.
(D) é cabível a abertura de crédito adicional suplementar por A partir desse cenário, tal isenção:
decreto executivo, desde que autorizado em lei, sendo (A) poderia ser concedida também mediante decreto;
necessária a indicação da fonte de recursos para fazer frente (B) dispensa a autorização do Conselho Nacional de Política
ao referido reforço de dotação; Fazendária (Confaz);
(E) o reforço de dotação orçamentária para despesa inicialmente (C) necessita de estimativa de impacto orçamentário e
prevista na LOA deve ser realizado através da abertura de financeiro;
crédito adicional especial por meio de Medida Provisória, (D) não pode ser concedida, pois a atividade administrativa de
desde que indique a fonte de custeio para o respectivo lançamento é vinculada e obrigatória;
reforço de dotação.
(E) configura uma modalidade de extinção do crédito tributário.

86 88
João, de forma culposa, usou produto com substância tóxica, Com o escopo de fomentar a atividade econômica com melhor
nociva ao meio ambiente, em desacordo com as exigências aproveitamento de suas riquezas naturais minerais, o Estado Alfa
estabelecidas em leis e nos seus regulamentos. editou lei estadual, flexibilizando exigência legal para o
Em matéria criminal, de acordo com a Lei nº 9.605/1998, em desenvolvimento de atividade potencialmente poluidora, na
tese, João: medida em que criou modalidade mais simplificada e célere de
(A) não praticou crime ambiental, pois não existe previsão legal licenciamento ambiental único que denominou “Licença de
para a modalidade culposa do crime narrado; Operação Direta”, para atividade de lavra garimpeira, inclusive
(B) não praticou crime ambiental, mas cometeu contravenção instituindo dispensa para alguns casos de lavra a céu aberto. A
penal ambiental, que não enseja possibilidade de transação referida lei estadual regulamentou aspectos da atividade
penal, diante da natureza do ilícito; garimpeira, nomeadamente, ao estabelecer conceitos a ela
relacionados, delimitou áreas para seu exercício e autorizou o uso
(C) praticou crime ambiental e é incabível a transação penal,
de azougue (mercúrio) em determinadas condições, tudo de
diante da pena máxima abstratamente prevista, que é
forma menos restritiva do que a legislação da União.
superior a dois anos;
(D) praticou crime ambiental de menor potencial ofensivo, e é De acordo com a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, a
cabível proposta de transação penal, desde que haja prévia lei estadual editada é:
concordância do órgão ambiental competente do Sisnama; (A) constitucional, haja vista que a competência da União para
(E) praticou crime ambiental de menor potencial ofensivo, mas a legislar sobre normas gerais sobre meio ambiente não exclui
proposta de transação penal somente é viável mediante a competência suplementar dos Estados;
composição de eventual dano ambiental, salvo em caso de (B) inconstitucional materialmente, porque viola o princípio do
comprovada impossibilidade. desenvolvimento sustentável, e formalmente, pois é
competência privativa da União proteger o meio ambiente e
combater a poluição em qualquer de suas formas;
87 (C) inconstitucional materialmente, porque viola os princípios da
José integra a terceira geração da família Silva que trabalha com prevenção e da precaução, mas é formalmente
pesca artesanal profissional no rio Alfa, vivendo dessa atividade. constitucional, uma vez que a matéria tratada na lei é de
No ano de 2018, após sagrar-se vencedora em licitação e competência legislativa comum da União, dos Estados, do
mediante prévia e regular licença ambiental, a sociedade Distrito Federal e dos Municípios;
empresária concessionária Beta instalou e iniciou a operação de (D) constitucional, haja vista que compete à União, aos Estados e
usina hidrelétrica no citado rio. Naquele mesmo ano, José ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre
constatou significativa redução na quantidade de alguns peixes, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos
em razão do funcionamento das turbinas da usina hidrelétrica, naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição;
inviabilizando por completo o exercício de sua profissão. (E) inconstitucional, uma vez que é competência privativa da
Em meados de 2022, José procurou a Defensoria Pública e União legislar sobre jazidas, minas, outros recursos minerais e
ajuizou ação indenizatória em face da concessionária Beta, metalurgia, bem como porque a lei tornou menos eficiente a
sustentando e comprovando, de forma inequívoca, que a proteção do meio ambiente ecologicamente equilibrado.
construção da usina lhe causou negativo impacto econômico e
sofrimento moral, uma vez que ele não pôde mais pescar no
local.
Consoante entendimento do Superior Tribunal de Justiça, a
pretensão de José:
(A) merece prosperar, pois as demandas indenizatórias que têm
como causa de pedir a ocorrência de dano ambiental, ainda
que de natureza individual, são imprescritíveis, pois se aplica
a tese de dano ambiental contínuo;
(B) merece prosperar, pois se aplica o prazo quinquenal de
prescrição para demandas de natureza individual e
patrimonial, ainda que a causa de pedir próxima seja a
violação a direito ambiental;
(C) não merece prosperar, pois, apesar de a pretensão de José
ser imprescritível em razão da tese de dano ambiental
contínuo, o autor não tem direito subjetivo a permanecer
pescando em rio, que é bem público;
(D) não merece prosperar, pois as demandas indenizatórias
ajuizadas com vistas à reparação de interesses de cunho
individual e patrimonial sujeitam-se ao prazo prescricional
trienal, previsto no Código Civil;
(E) não merece prosperar, pois está ausente um dos elementos
da responsabilidade civil ambiental, que é a existência de um
ato ilícito, haja vista que a operação da hidrelétrica, que
causou a morte dos peixes, foi regularmente precedida de
licença ambiental.

89 90
O Município Alfa editou lei municipal criando cargos em comissão A sociedade empresária Gama, após regular processo licitatório,
no âmbito da Administração Pública municipal. Em determinado celebrou contrato de concessão com o Município Beta, para
processo judicial, a citada legislação foi objeto de prestação do serviço público de transporte coletivo de
questionamento no que tange à sua constitucionalidade. passageiros intramunicipal.
Sabe-se que a criação de cargos em comissão somente se justifica Com o escopo de aumentar o preço da passagem dos usuários e
quando presentes os pressupostos constitucionais para sua justificar descumprimento de diversas cláusulas contratuais, a
instituição. concessionária Gama manipulou e fraudou o equilíbrio
Dessa forma, com base na jurisprudência do Supremo Tribunal econômico-financeiro do contrato de concessão.
Federal, ao analisar a constitucionalidade da citada legislação do No caso em tela, considerando o disposto na Lei nº 12.846/2013,
Município Alfa, o julgador deve observar que: por ter praticado ato lesivo à Administração Pública, observadas
(A) a criação e o preenchimento de cargos em comissão não as formalidades legais, a sociedade empresária Gama pode ser
pressupõem necessária relação de confiança entre a responsabilizada:
autoridade nomeante e o servidor nomeado; (A) subjetivamente, na esfera administrativa, e se sujeita à perda
(B) as atribuições dos cargos em comissão devem estar elencadas dos valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio, se
em ato normativo infralegal, não havendo necessidade de concorrer esta circunstância, e à proibição de contratar com o
descrição, de forma clara e objetiva, na própria lei que os poder público ou de receber benefícios ou incentivos fiscais
instituir; ou creditícios, pelo prazo não superior a cinco anos;
(C) a criação de cargos em comissão somente se justifica para o (B) subjetivamente, na esfera administrativa, e se sujeita à multa
exercício de funções de direção, chefia e assessoramento, ou equivalente ao valor do dano e à proibição de contratar com
o desempenho de atividades técnicas ou operacionais de o poder público ou de receber benefícios ou incentivos fiscais
estratégica relevância; ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por
(D) o número de cargos comissionados criados deve guardar intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário,
proporcionalidade com a necessidade que eles visam suprir e pelo prazo não superior a oito anos;
com o número de servidores ocupantes de cargos efetivos no (C) subjetivamente, na esfera administrativa, e se sujeita à multa,
ente federativo que os criar; no valor de 10% a 30% do faturamento bruto do último
(E) os cargos em comissão são preenchidos exclusivamente por exercício anterior ao da instauração do processo
servidores ocupantes de cargo efetivo de carreira nos casos, administrativo, e à proibição de contratar com o poder
condições e percentuais mínimos previstos em lei, e público ou de receber benefícios ou incentivos fiscais ou
destinam-se apenas às atribuições de direção, chefia e creditícios, pelo prazo não superior a cinco anos;
assessoramento. (D) objetivamente, na esfera administrativa, e se sujeita à multa
equivalente ao valor do dobro do dano e à proibição de
contratar com o poder público ou de receber benefícios ou
incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente,
ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja
sócio majoritário, pelo prazo não superior a oito anos;
(E) objetivamente, na esfera administrativa, e se sujeita à multa,
no valor de 0,1% a 20% do faturamento bruto do último
exercício anterior ao da instauração do processo
administrativo, excluídos os tributos, a qual nunca será
inferior à vantagem auferida, quando for possível sua
estimação, e à publicação extraordinária da decisão
condenatória.

91 93
O Tribunal de Justiça do Estado Delta, após sugestão de seu João, ex-secretário de Fazenda do Estado Ômega, foi condenado
comitê de integridade, criou um departamento específico para pela prática de ato de improbidade administrativa por ter,
tratar de suas licitações e contratos. dolosamente, na época em que exercia a função pública,
Nesse sentido, o novo departamento está atento para o fato de recebido vantagem econômica, consistente em propina no valor
que, de acordo com a Lei nº 14.133/2021, o planejamento de de duzentos mil reais, para omitir ato de ofício a que estava
compras deverá considerar a expectativa de consumo: obrigado. A sentença judicial já transitada em julgado condenou
(A) anual e observar as condições de aquisição e pagamento João à perda dos valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio e
semelhantes às do setor privado; ao pagamento de multa civil equivalente ao valor do acréscimo
(B) anual e observar o atendimento ao princípio da patrimonial.
responsabilidade fiscal, mas vedada a comparação da Atualmente, o processo está em fase de cumprimento de
despesa estimada com a prevista no orçamento; sentença, mas João demonstrou incapacidade financeira de
(C) semestral e observar o atendimento ao princípio da saldar imediatamente o débito resultante da condenação pela
padronização, considerada a compatibilidade de prática de improbidade administrativa.
especificações técnicas, mas não de especificações estéticas; No caso em tela, de acordo com a Lei de Improbidade
(D) plurianual para os próximos quatro anos e observar o Administrativa, o juiz poderá:
atendimento ao princípio da aglutinação de compras, (A) autorizar o parcelamento do débito, em até quarenta e oito
proibida a fragmentação de licitação, ainda que o parcelas mensais corrigidas monetariamente;
parcelamento seja tecnicamente viável e economicamente (B) suspender a exigibilidade do débito, por até trinta e seis
vantajoso; meses, com a prévia e indispensável oitiva da pessoa jurídica
(E) plurianual para os próximos quatro anos, e observar a lesada;
determinação de unidades e quantidades a serem adquiridas (C) autorizar o parcelamento do débito, em até três parcelas,
em função de consumo e utilização prováveis, cuja estimativa com a prévia e indispensável oitiva do Ministério Público e do
será obtida, sempre que possível, mediante adequadas Tribunal de Contas;
técnicas quantitativas, vedado o fornecimento contínuo. (D) converter a obrigação de pagar em outras sanções, como a
perda de eventual função pública atual e a suspensão dos
direitos políticos por até doze anos;
92 (E) converter a obrigação de pagar em proibição de contratar
Em janeiro de 2022, o Estado Alfa, após ampla participação da com o poder público ou de receber benefícios ou incentivos
sociedade civil, inclusive mediante a realização de audiências fiscais ou creditícios, pelo prazo não superior a doze anos.
públicas pelo Poder Legislativo, editou lei estadual dispondo
sobre Política Estadual de Prevenção, Enfrentamento das
Violências, Abuso e Exploração Sexual de Crianças e 94
Adolescentes. Em um de seus artigos, constou da citada lei que O Município Beta, pretendendo construir uma escola no imóvel
o chefe do Poder Executivo regulamentará a matéria no âmbito da de Maria, editou decreto que declarou o imóvel como de
Administração Pública estadual no prazo de noventa dias. Já se utilidade pública. Em seguida, o Município ajuizou ação
passaram mais de oito meses e até o momento o governador do de desapropriação, sem requerer a imissão provisória na posse
Estado Alfa não regulamentou a lei. do imóvel. No curso do processo judicial, o Município decidiu
Em matéria de poderes administrativos, consoante a construir a escola em outro imóvel que já era de sua propriedade,
jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, a citada norma que de maneira que revogou o decreto de utilidade pública e
estabelece o prazo de noventa dias para o chefe do Executivo requereu a extinção do processo de desapropriação, pela
atuar é: desistência.
(A) constitucional, pois a Carta Magna determina prioridade No caso em tela, adotando a jurisprudência atual do Superior
absoluta no exercício do poder normativo para a tutela de Tribunal de Justiça, o magistrado deve extinguir o feito,
crianças e adolescentes; homologando a desistência:
(B) constitucional, pois se aplica o princípio da razoabilidade, de (A) sem condenação do Município Beta em honorários
maneira que noventa dias são suficientes para a edição do advocatícios sucumbenciais, diante da ausência de prejuízo a
ato normativo; Maria, uma vez que não houve imissão na posse;
(C) inconstitucional, pois compete ao chefe do Poder Executivo (B) sem condenação do Município Beta em honorários
examinar a conveniência e a oportunidade para o exercício advocatícios sucumbenciais, diante da ausência de má-fé e do
do poder regulamentar, em respeito ao princípio da atendimento ao interesse público na extinção do processo;
separação dos poderes; (C) com condenação do Município Beta em honorários
(D) inconstitucional, pois é vedado ao chefe do Poder Executivo o advocatícios sucumbenciais, com valor calculado com base
exercício do poder normativo, que compete ao Legislativo, nos parâmetros do Código de Processo Civil entre o mínimo
em respeito ao princípio da separação dos poderes; de 10% e o máximo de 20% sobre o valor atualizado da causa;
(E) objeto de interpretação conforme a Constituição da (D) com condenação do Município Beta em honorários
República de 1988, de maneira que seja observado prazo advocatícios sucumbenciais, com valor calculado levando em
razoável, que é de cento e oitenta dias, findo o qual será consideração os limites da Lei das Desapropriações entre
declarada a mora do governador, que fica sujeito a medidas 0,5% e 5% incidentes sobre o valor atualizado da causa;
coercitivas atípicas. (E) com condenação do Município Beta em honorários
advocatícios sucumbenciais, com valor calculado com base no
princípio da proporcionalidade e observado o limite máximo
de vinte salários mínimos, para evitar o enriquecimento ilícito
de Maria.

95 96
O Município Ômega realizou queima de fogos de artifício na noite O Tribunal de Contas do Estado Beta condenou Carla, prefeita do
de réveillon do último ano. No dia primeiro de janeiro seguinte, Município Alfa, ao ressarcimento ao erário, mediante acórdão
os irmãos João e Maria, de 7 e 8 anos de idade, brincavam na com imputação de débito do valor de duzentos mil reais, diante
praça da cidade, quando resolveram manusear restos de de ilegalidade de despesa consistente em superfaturamento em
explosivos deixados na noite anterior por agentes municipais sem contrato para aquisição de uniformes escolares. Ocorre que Carla
qualquer tipo de alerta, proteção ou elemento indicativo de que não cumpriu a decisão e não pagou o valor indicado. Dessa
era proibido o acesso ao local, ocasião em que alguns fogos forma, o Tribunal de Contas ajuizou ação de execução do título
dispararam e o acidente resultou em sérias lesões no corpo de executivo extrajudicial cobrando a quantia.
ambas as crianças. No caso em tela, consoante jurisprudência do Supremo Tribunal
João e Maria, patrocinados por seu tio que é advogado, ajuizaram Federal, o Tribunal de Contas do Estado Beta:
ação indenizatória em face do Município, que se defendeu (A) não possui legitimidade para ajuizar a ação executiva, e é
alegando culpa exclusiva dos pais dos autores, que não os prescritível a pretensão de execução do ressarcimento ao
vigiaram adequadamente. erário fundada em decisão do Tribunal de Contas;
Ao proferir sentença, adotando a jurisprudência do Superior (B) possui legitimidade para ajuizar a ação executiva, por meio de
Tribunal de Justiça, o magistrado deve aplicar a responsabilidade sua Procuradoria, e é imprescritível a pretensão de execução
civil: do ressarcimento ao erário fundada em decisão de Tribunal
(A) objetiva, orientada pela teoria do risco administrativo, não de Contas;
havendo que se falar em culpa exclusiva ou concorrente dos (C) não possui legitimidade para ajuizar a ação executiva, e é
pais pelos danos causados aos seus filhos; imprescritível a pretensão de execução do ressarcimento ao
(B) objetiva, não havendo que se falar em culpa exclusiva dos erário fundada em decisão de Tribunal de Contas;
pais pelos danos causados aos seus filhos, mas reduzindo-se o (D) possui legitimidade para ajuizar a ação executiva, por meio
valor da indenização pela culpa concorrente dos genitores; do Ministério Público de Contas, e é imprescritível a
(C) objetiva, não havendo que se falar em culpa exclusiva ou pretensão de execução do ressarcimento ao erário fundada
concorrente dos pais pelos danos causados aos seus filhos, em decisão de Tribunal de Contas, desde que o ato ilícito que
mas afastando-se a pretensão autoral pela excludente de deu azo à condenação pelo TCE também seja tipificado como
responsabilidade do caso fortuito ou força maior; ato doloso de improbidade administrativa;
(D) subjetiva, por se tratar de conduta omissiva do poder público, (E) não possui legitimidade para ajuizar a ação executiva, e é
de maneira que é necessária a comprovação da conduta imprescritível a pretensão de execução do ressarcimento ao
culposa dos agentes municipais consistente na negligência ou erário fundada em decisão de Tribunal de Contas, desde que
má prestação do serviço; o ato ilícito que deu azo à condenação pelo TCE também seja
(E) subjetiva, por se tratar de conduta omissiva do poder público, tipificado como ato doloso de improbidade administrativa.
mas persiste o dever de indenizar em razão da teoria do risco
integral, que não admite excludente de responsabilidade por
caso fortuito ou força maior.
97
Inácio, servidor do Tribunal de Justiça do Estado de Pernambuco,
foi instado, por seu superior hierárquico, a analisar a forma de
substituição do juiz de direito titular do órgão jurisdicional
localizado em Fernando de Noronha, nas situações de
impedimento e suspeição.
Após analisar o Código de Organização Judiciária, Inácio concluiu,
corretamente, que a referida:
(A) Vara Única Seccional não integra a Tabela de Substituição
Automática do Estado, devendo a designação ser realizada
pelo presidente do Tribunal de Justiça;
(B) Vara Única Distrital não integra a Tabela de Substituição
Automática do Estado, devendo a designação ser realizada
pelo presidente do Tribunal de Justiça;
(C) Vara Única Seccional integra a Tabela de Substituição
Automática do Estado, na qual há prévia indicação do juízo
substituto;
(D) Vara Única Distrital integra o Código de Tabelamento
Automático, no qual há prévia indicação do juízo substituto;
(E) Vara Regional integra o Código de Tabelamento Automático,
no qual há prévia indicação do juízo substituto.

98 100
João, juiz de direito, endereçou ao órgão competente do Tribunal É significativo o debate no meio jurídico acerca dos limites e das
de Justiça do Estado de Pernambuco requerimento para que possibilidades da utilização de argumentos consequencialistas
pudesse residir fora da Comarca em que atuava regularmente. para fundamentar uma decisão. O pragmatismo jurídico é uma
Além disso, recebeu a informação de que fora solicitado o seu corrente jusfilosófica que, em linhas gerais, sustenta que uma
comparecimento ao órgão com competência para organizar e decisão deve ponderar as consequências, seja para buscar efeitos
supervisionar o Núcleo de Gerenciamento de Precedentes do desejados, seja para evitar efeitos indesejados. Como correlatos
Tribunal. do consequencialismo, o pragmatismo jurídico apresenta outras
Os órgãos descritos na narrativa são, respectivamente: duas características: o antifundacionalismo e o contextualismo.
(A) o presidente do Tribunal e o corregedor-geral da justiça; Essas duas últimas características podem ser respectivamente
(B) o corregedor-geral da justiça e o Conselho da Magistratura; entendidas como:
(C) o Conselho da Magistratura e o 2º vice-presidente do (A) a abertura do raciocínio jurídico para outros campos do
Tribunal; saber, especialmente para poder dimensionar a ação
(D) o presidente do Tribunal e o Conselho de Administração da desejada; a busca das características pessoais de cada um dos
Justiça Estadual; sujeitos envolvidos no conflito sob julgamento;
(E) o 1º vice-presidente do Tribunal e o Conselho de (B) a negação das fontes formais do direito e de sua estatalidade
Administração da Justiça Estadual. como dogma jurídico; a ideia de que se deve privilegiar o
impacto instrumental das decisões jurídicas, pois o fim da
jurisdição é a pacificação social;
99 (C) a afirmação da natureza prático-dogmática da doutrina
jurídica que em nada se confunde com uma ciência do
O Brasil é signatário de diferentes convenções de direitos
direito; a utilização instrumental do processo, sendo
humanos que vedam várias formas de discriminação direta. Você,
orientado pelo princípio da economia processual;
contudo, se depara com uma situação que caracteriza
discriminação indireta ou disparate impact. (D) a adoção do conceito de pluralismo jurídico como inversão
fundacional do monismo jurídico; o enquadramento do caso
Tal situação se caracteriza quando:
no contexto jurisdicional, tendo em vista o livre
(A) ocorre alguma distinção, exclusão, restrição ou preferência convencimento do juiz para a tomada da melhor decisão no
que tenha o propósito ou o efeito de anular ou prejudicar o caso concreto;
reconhecimento, gozo ou exercício em pé de igualdade de (E) a recusa em admitir verdades preconcebidas, afirmando que
direitos humanos e liberdades fundamentais em qualquer todo princípio é apenas uma hipótese a ser testada; a crença
campo da vida humana; de que somente as circunstâncias dimensionam
(B) um ato deliberado e intencional do administrador público corretamente o problema e é a partir dele (problema) que se
limita o acesso de um grupo vulnerável específico a deve buscar uma solução jurídica.
determinados direitos fundamentais, sejam eles de natureza
civil, política, econômica, social ou cultural;
(C) certas políticas, práticas e normas, com natureza universal e
neutras em relação aos seus destinatários, produzem
consequências menos gravosas para um grupo e mais
gravosas para outro grupo, sem que haja uma justificação
razoável para isso;
(D) existe a violação ou restrição de direitos humanos ou
liberdades públicas das gerações futuras, como consequência
de medidas adotadas pelas autoridades da geração presente,
caracterizando, assim, uma situação de preferência
geracional;
(E) determinadas ações ou omissões praticadas por indivíduos ou
grupos privados produzem como resultado indireto a
restrição ou privação de direitos próprios da esfera pública,
contribuindo para um cenário de maior precarização das
camadas hipossuficientes da sociedade.

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