Robson Bruno Dutra Pereira
Robson Bruno Dutra Pereira
Robson Bruno Dutra Pereira
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
____________________________________________________
Prof. Dr. Durval Uchôas Braga, Presidente
Universidade Federal de São João del-Rei
____________________________________________________
Prof. Dr. João Roberto Ferreira
Universidade Federal de Itajubá
____________________________________________________
Prof. Dra. Daniela Carine Ramires de Oliveira
Universidade Federal de São João del-Rei
Dedico este trabalho a Deus princípio e fim de todas as coisas, aos meus pais Walter e
Maria e aos meus irmãos Ronilson e Sara por serem essenciais em minha vida.
6
Agradecimentos
Primeiramente a Deus pelo dom da vida e por todas as bênçãos alcançadas neste
tempo em São João Del-Rei. Obrigado pela graça de aprender muito de Ti, das
pessoas e ver que ainda há muito a ser feito.
Agradeço a todos que contribuíram de forma direta para realização deste trabalho.
Ao professor Dr. Durval, orientador desta dissertação, pela confiança depositada,
pelos ensinamentos, pela paciência e, principalmente, pela oportunidade de engajar no
programa de mestrado PPMEC/UFSJ e no GRUFAB conduzindo um trabalho
experimental com ótimas condições. Obrigado por acreditar no meu trabalho.
Ao professor Dr. Frederico pelo apoio na condução do trabalho, principalmente no
planejamento experimental e análise de resultados.
À professora Dra. Daniela pela orientação no estágio de docência, pelo apoio no
planejamento experimental e análise de resultados. Ao professor Dr. Marcos pelas
dicas. Aos dois pela amizade.
À Fapemig pelo financiamento do projeto e pela bolsa de mestrado.
Aos amigos de mestrado Sávio, Caique, Alessandra, José Sebastião, Francianne
e todos os demais mestrandos pela amizade e pelas sugestões que muito contribuíram
neste trabalho.
A todos os professores docentes do PPMEC/UFSJ pelos ensinamentos, incentivo,
amizade e sugestões.
Ao técnico Camilo pelo auxílio na condução nos ensaios, fabricação dos
dispositivos e adaptações necessárias a montagem do set-up experimental. Ao
acadêmico Sérgio pelo apoio no projeto do quick-stop juntamente com o Camilo e prof.
Durval.
À Sandvik pela doação dos insertos de torneamento utilizados neste trabalho.
Agradeço a todos que contribuíram de forma indireta, sendo presentes neste
tempo e complementando minha formação profissional, espiritual e humana.
7
Aos meus pais Walter e Maria pelo apoio incondicional, incentivo, carinho,
orações, conselhos e principalmente pela lição de vida. Vocês são meus primeiros
mestres.
Ao meu irmão Ronilson pelo apoio, amizade, carinho, conselhos e por
compreender minha ausência. À minha irmã Sara pela amizade, presença constante,
carinho e por este tempo em São João Del-Rei.
Aos amigos (irmãos em Cristo) que conviveram comigo e fizeram a diferença
neste tempo. A todos os membros do MUR São João Del-Rei, GPP João Paulo II, Rep.
Confinados e Rep. Sem nome pela amizade, por serem minha família durante este
tempo e pelo apoio na caminhada.
8
Resumo
Abstract
Key Words: Chip-breaker, chip formation, orthogonal cutting, cutting forces, surface
roughness
11
Lista de Ilustrações
Figura 2.30 - Raio de curvatura vertical do cavaco (adaptado de CHOI e LEE, 2001) .. 54
Figura 2.31 - Raio de curvatura do cavaco. (a) antes da quebra e (b) depois da quebra
do cavaco (adaptado de LEE, et. al., 2006). .......................................................................... 55
Figura 2.32 - Modos de quebra do cavaco no torneamento (BOOTHROYD e KNIGHT,
1989) ............................................................................................................................................. 56
Figura 2.33 - Quebra do cavaco através do contato com a superfície de folga (flanco)
da ferramenta (CHAWLA, 2005) .............................................................................................. 57
Figura 2.34 - Forças de usinagem para o torneamento oblíquo (FERRARESI, 1977) ... 58
Figura 2.35 - Diagrama condensado de forças para o corte ortogonal (MERCHANT,
1945) ............................................................................................................................................. 59
Figura 2.36 - Superfície livre do cavaco com uma transição progressiva IJ (MOLINARI e
MOUFKI, 2008) ........................................................................................................................... 61
Figura 2.37 - Variação dos parâmetros de corte devido ao raio de ponta (REDETZKY
et. al., 1999 apud EE et. al., 2003) .......................................................................................... 62
Figura 2.38 - Parâmetros de desgaste em uma ferramenta com quebra-cavacos
(JAWAHIR et. al., 1995 apud EE et al., 2002) ....................................................................... 63
Figura 2.39 - Visualização geométrica das forças (EE et al., 2002) .................................. 64
Figura 2.40 - Relação entre a distribuição de forças e o padrão de desgaste (EE et. al.,
2002) ............................................................................................................................................. 65
Figura 2.41 - Classificação da integridade superficial (adaptado de MACHADO et al.,
2009) ............................................................................................................................................. 65
Figura 2.42 - Perfil teórico de rugosidade obtida no torneamento (adaptado de DINIZ,
2008 e BOOTHROYD e KNIGHT, 1989) ................................................................................ 67
Figura 2.43 - Dispositivo de parada rápida por massa acelerada (LUCAS e
WEINGAERTNER, 2004) .......................................................................................................... 69
Figura 2.44 - Raiz do cavaco do ferro fundido nodular ferrítico GGG 42 (LUCAS e
WEINGAERTNER, 2004) .......................................................................................................... 70
Figura 2.45 - Fotomicrografia mostrando a deformação dos cristais nos cavacos: (a)
x200 - 270 rpm, 0.101 mm/rev, γ0 = 20°; (b) x200 - 310 rpm, 0.165 mm/rev, γ0 = 15°
(CHERN, 2005) ........................................................................................................................... 70
Figura 3.7 - Geometria dos quebra-cavacos e classe de metal duro dos insertos
utilizados nos ensaios ................................................................................................................ 76
Figura 3.8 - Especificação dos corpos de prova de corte oblíquo...................................... 77
Figura 3.9 - Especificação dos corpos de prova de corte ortogonal .................................. 77
Figura 3.10 - (a) Ajuste do ângulo de saída (γ0) e do ângulo de folga (α0). (b) Ajuste do
ângulo de posição da aresta de corte (χR).............................................................................. 85
Figura 4.24 - Corpo de prova de parada rápida após usinagem contendo a raiz do
cavaco conservada ................................................................................................................... 117
Figura 4.25 - Fotomicrografias das raízes dos cavacos obtidas ...................................... 118
Figura 4.26 - Direção do plano de cisalhamento AB (inserto QM, f =0,24mm/rot;
aumento de 50x) ....................................................................................................................... 119
Figura 4.27 - Zona de fluxo. (a) Inserto PM, f =0,16mm/rot; (b) inserto KR, f
=0,24mm/rot; aumento de 100x ............................................................................................. 120
Figura 4.28 - Raiz do cavaco em uma ferramenta com contato restrito. (a)
representação esquemática; (b) micrografia (inserto PM, f =0,32) .................................. 121
15
Lista de Tabelas
Tabela 3.1 - Fatores de controle adotados para os experimentos de corte oblíquo ....... 78
Tabela 3.2 - Valores corrigidos dos ângulos de saída dos insertos utilizados ................. 79
Tabela 3.3 - Variáveis de resposta estudadas nos experimentos de corte oblíquo ........ 80
Tabela 3.4 - Matriz dos ensaios de corte oblíquo realizados ............................................. 83
Tabela 3.5 - Análise de variância (ANOVA) ........................................................................... 84
Tabela 3.6 - Fatores de controle adotados para os experimentos de corte ortogonal .. 86
Tabela 3.7 - Valores corrigidos dos ângulos de saída dos insertos utilizados ................. 86
Letras Latinas
ap - Profundidade de corte [mm]
b - largura de corte [mm]
b(eq) - largura de corte equivalente [mm]
c - comprimento de contato restrito [mm]
c(eq) - comprimento de contato restrito [mm]
cn - comprimento de contato natural [mm]
f - avanço [mm/rot]
h - espessura de corte [mm]
h(eq) - espessura de corte equivalente [mm]
h’ - espessura do cavaco [mm]
hc - profundidade da cratera [mm]
hp - altura da parede da cratera [mm]
lc - largura da cratera [mm]
vc - velocidade de corte [m/min]
vcav - velocidade do cavaco [m/min]
vf - velocidade de avanço [mm/min]
AL - área da superfície de contato restrito na zona de contato [mm²]
At - Área da seção transversal de corte [mm²]
Aα - superfície de folga principal
Aα’ - superfície de folga secundária
Aγ - superfície de saída
BL - comprimento do desgaste na parede da cratera [μm]
BW - largura do desgaste na parede da cratera [μm]
Fc - Força de corte [N]
Fcr - Força na superfície de contato restrito [N]
17
Letras Gregas
βn - ângulo de cunha normal [°]
γn - Ângulo de saída normal [°]
γ0 - Ângulo de saída ortogonal (ou secundário) [°]
γ0(eq) - Ângulo de saída secundário equivalente [°]
γ1 - Ângulo de saída primário [°]
γ1(eq) - Ângulo de saída primário equivalente [°]
ε - tensão de fratura do cavaco
εf - tensão de fratura do material do cavaco
εR - ângulo de ponta da ferramenta [°]
λs - ângulo de inclinação da aresta de corte [°]
ρ - ângulo de atrito entre a interface cavaco/ferramenta [°]
σz - tensão normal [N/mm²]
τz - tensão de cisalhamento [N/mm²]
ϕ - ângulo de cisalhamento [°]
ϕM - ângulo de cisalhamento de Merchant [°]
ϕMM - ângulo de cisalhamento de Merchant modificado [°]
χR - Ângulo de posição da aresta principal de corte [°]
χR’ - Ângulo de posição da aresta secundária de corte [°]
ψi - ângulo de fluxo inverso [°]
ψi(eq)- ângulo de fluxo inverso equivalente [°]
ψl - ângulo de fluxo lateral [°]
Siglas
ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas
GRUFAB - Grupo de Pesquisa em Processos de Fabricação
19
SUMÁRIO
CAPÍTULO 1 .................................................................................................................. 21
INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 21
CAPÍTULO 2 .................................................................................................................. 24
REVISÃO DA LITERATURA.......................................................................................... 24
2.1. Operação de torneamento .............................................................................. 24
2.2. Geometria básica da ferramenta monocortante ........................................... 25
2.3. Corte ortogonal ............................................................................................... 27
2.4. O processo de formação de cavacos ............................................................ 29
2.5. Classificação dos Cavacos ............................................................................ 33
2.6. Quebra-Cavacos .............................................................................................. 37
2.6.1. Tipos de insertos de corte e quebra-cavacos ........................................ 39
2.6.2. Parâmetros geométricos principais do quebra-cavacos tipo cratera . 42
2.7. Fluxo do cavaco .............................................................................................. 44
2.7.1. Fluxo lateral do cavaco ............................................................................ 45
2.7.2. Fluxo inverso do cavaco .......................................................................... 49
2.8. Curvatura do cavaco ....................................................................................... 51
2.8.1. Curvatura lateral do cavaco..................................................................... 52
2.8.2. Curvatura vertical do cavaco................................................................... 53
2.9. Quebra do cavaco ........................................................................................... 54
2.10. Forças de usinagem .................................................................................... 57
2.10.1. Forças no corte oblíquo........................................................................ 57
2.10.2. Forças no corte ortogonal .................................................................... 59
2.10.3. Modelo de forças para ferramentas com raio de ponta ..................... 62
2.10.4. Modelos de forças para ferramentas com quebra-cavacos .............. 63
2.11. Integridade superficial ................................................................................. 65
2.11.1. Rugosidade ............................................................................................ 66
2.12. Aspectos metalúrgicos do processo de corte .......................................... 67
2.12.1. Dispositivos de parada rápida ............................................................. 68
2.12.2. Análise da raiz do cavaco ..................................................................... 69
CAPÍTULO 3 .............................................................................................................. 71
PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL.......................................................................... 71
3.1. Materiais e equipamentos .............................................................................. 71
3.1.1. Equipamentos ........................................................................................... 71
3.1.2. Ferramentas de corte ............................................................................... 75
3.1.3. Corpos de prova ....................................................................................... 76
3.2. Planejamento Experimental dos ensaios de corte oblíquo ......................... 78
3.2.1. Parâmetros constantes ............................................................................ 78
3.2.2. Variáveis de controle ............................................................................... 78
3.2.3. Variáveis de resposta ............................................................................... 79
20
CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO
Nos últimos anos, inúmeros insertos para usinagem têm sido introduzidos no
mercado, os quais apresentam diferentes especificações de formato geométrico de
quebra-cavacos. O objetivo dos fabricantes de ferramentas é fornecer insertos que
possam ser aplicados de forma eficiente em amplas gamas de dados de corte,
aumentando a vida da ferramenta, melhorando a qualidade superficial obtida e
diminuindo os esforços de corte.
Com uma ampla possibilidade de escolha, quase nunca é possível dizer se esta
sendo aplicado o inserto com o perfil geométrico do quebra-cavaco ideal segundo as
condições de usinagem e o material processado. Apesar da diversidade de geometrias
de quebra-cavacos oferecida nos catálogos, os mesmos não oferecem arcabouço
científico para compreensão da fenomenologia do processo de corte segundo a
geometria utilizada.
Com a variação da geometria do quebra-cavaco, há grande variação no
processo de formação, fluxo, curvatura e quebra do cavaco, de forma que os esforços
de corte gerados, qualidade superficial obtida, desgaste e vida da ferramenta podem
variar significativamente. O conhecimento dos parâmetros geométricos do quebra-
cavaco, bem como a faixa ideal dos parâmetros de corte para aplicação do mesmo é
essencial para otimização do processo de usinagem.
KLOPSTOCK (1925) apud JAWAHIR (1988) estudou a influência do
comprimento de contato restrito no processo de corte concluindo que esta superfície
estreita diminuiu as forças de corte e temperatura e, portanto, aumenta o tempo de vida
da ferramenta. FANG (1998) estudou a influência dos parâmetros do quebra-cavaco no
desempenho do processo de quebra do cavaco. JAWAHIR e LUTTERVELT (1993)
estudaram o mecanismo de fluxo do cavaco em ferramentas com quebra-cavaco
22
CAPÍTULO 2
REVISÃO DA LITERATURA
Ferramentas monocortantes são aquelas que contêm apenas uma parte cortante
(ou elemento responsável pela geração de cavacos). O torneamento é um exemplo de
operação que utiliza tais ferramentas. A Figura 2.2 ilustra as características básicas de
tais ferramentas.
Pelo diagrama da Figura 2.7 pode-se observar que são formadas duas novas
superfícies, a nova superfície da peça (OA) e a superfície inferior do cavaco (OB). A
energia necessária para formar tais superfícies é insignificante quando comparada com
a energia necessária para deformar plasticamente o material removido como um todo.
Entre a peça e o cavaco, planos instantâneos de ruptura e de propagação de
trincas definem uma região chamada de zona de cisalhamento primária. Esta região é
assumida de forma simplificada como sendo um plano – o plano de cisalhamento
primário - com o intuito de facilitar o tratamento matemático. No diagrama da Figura 2.7
o plano de cisalhamento primário é representado pela linha OD. O ângulo entre o plano
de cisalhamento primário e a direção da velocidade de corte é chamado de ângulo de
cisalhamento (ϕ).
Pode-se explicar o processo de formação de cavacos considerando uma porção
de volume arbitrária de material. Tomando a seção klmn, que representa um volume de
material, a mesma é recalcada contra a superfície de saída da ferramenta. Inicialmente
este volume sofrerá deformação elástica, seguida de deformação plástica e posterior
31
Figura 2.8 - Padrões cíclicos da força de corte. vc = 100 m/min., k = 46 W/m deg.K, material= aço ABNT
1045, Inserto TNMG 220408 (BALAJI et al., 1999).
Figura 2.12 - Formas de cavaco produzidos na usinagem dos metais (ISO, 1993 apud MACHADO, et al.
2009).
Figura 2.13 - Classificação dos padrões de cavacos (INFOS apud KIM et. al., 2009).
37
2.6. Quebra-Cavaco
Nos últimos anos, inúmeros insertos de corte têm sido introduzidos no mercado,
os quais apresentam diferentes especificações de formato geométrico de quebra-
cavacos. A tentativa dos fabricantes de ferramentas é fornecer insertos que possam ser
aplicados de forma eficiente a amplas gamas de dados de corte, aumentando a vida da
ferramenta, melhorando a qualidade superficial obtida e diminuindo os esforços de
corte.
Existem basicamente dois tipos de quebra-cavaco. O tipo cratera e o tipo
anteparo. O primeiro consiste em uma cratera moldada de forma integral na superfície
de saída do inserto. O segundo consiste em uma obstrução situada na superfície de
saída do inserto que pode ser integral ou postiço. A Figura 2.16 ilustra os diferentes
tipos de quebra-cavaco.
40
Figura 2.16 - Tipos de quebra-cavaco: (a) tipo cratera; (b) tipo anteparo postiço; e (c) tipo anteparo
integral (adaptado de BOOTHROYD e KNIGHT, 1989)
Figura 2.17 - Diferentes geometrias de insertos usados na usinagem. (a) inserto com quebra – cavacos
tipo cratera; (b) inserto com superfície de saída lisa; (c) inserto com contato restrito (ARSECULARATNE,
2004)
41
Figura 2.20 - Fluxo lateral e inverso do cavaco (a) fotografia; (b) representação esquemática (Adaptado de
Jawahir et. al., 1995)
45
Figura 2.21 - Direção de fluxo lateral do cavaco (adaptado de SEAH et. al., 1996)
A largura de corte equivalente b(eq), ou seja, a largura que liga os dois pontos
extremos da seção de corte (Figura 2.22) é calculada conforme a Equação 2.5.
ap
beq [mm] (2.5)
cos l
O comprimento da superfície de contato restrito e a espessura de corte não são
constantes, sendo necessário redefini-los segundo o conceito de parâmetros
equivalentes. A espessura de corte não é constante ao longo da largura de corte
equivalente (b(eq)). Deste modo, a espessura de corte equivalente (h(eq)), é a integral da
espessura do cavaco (h) em relação a largura de corte equivalente (b(eq)), divido pela
própria largura de corte equivalente b(eq), conforme a Equação 2.6, sendo por fim igual a
área da seção transversal de corte (At) dividida pela largura de corte equivalente. A
área da seção transversal de corte é destacada na Figura 2.23.
1 At
heq
beq
h db eq
beq
[mm] (2.6)
48
'
At a p r 1 cos R f r
ap
1 cos R [mm²] (2.8)
1
fr cos ' fr cos R ;
2
180 2 r
Todos os outros parâmetros podem ser redefinidos de maneira similar usando o
conceito de parâmetros equivalentes. Deste modo, o comprimento da superfície de
contato restrito pode ser definido de maneira análoga àquela usada para definir a
espessura de corte equivalente. Este valor é igual à área da superfície de contato
restrito na zona de contato (área ilustrada na Figura 2.24) dividida pela largura de corte
equivalente (b(eq)), conforme a Equação 2.9.
AL
ceq [mm] (2.9)
b(eq )
49
c ' '' a p
AL r c ; 1 cos R [mm²] (2.10)
2 180 r
c ' R ap
AL a p r 1 cos R
1 cos R [mm²] (2.11)
c
r c ;
sen R 2 180 r
Os ângulos β’ e β” mostrados na Figura 2.21 são definidos pelas Equações 2.12
e 2.13 a seguir.
f
' sen 1 [°] (2.12)
2r
r a p
" cos 1 [°] (2.13)
r
Figura 2.25 - Seção transversal de corte do quebra-cavacos (adaptado de CHOI e LEE, 2001)
Figura 2.26 - Ilustração esquemática dos modos de curvatura do cavaco: (a) vertical; (b) lateral (GHOSH
et. al.,1996 apud Balaji et. al., 2006)
Figura 2.27 - Diferentes formas de fluxo e curvatura do cavaco: (a) alta curvatura lateral a baixas
profundidades de corte; (b) alta curvatura vertical a altas profundidades de corte (Ghosh et. al., 1994 apud
EE et. al., 2003)
Figura 2.29 - Influencia da variação da velocidade do cavaco no fluxo lateral (Zhou, 2001)
Figura 2.30 - Raio de curvatura vertical do cavaco (adaptado de CHOI e LEE, 2001)
h' 1 1
(2.17)
2 R0 R1
Figura 2.31 - Raio de curvatura do cavaco. (a) antes da quebra e (b) depois da quebra do cavaco
(adaptado de LEE, et. al., 2006).
Nas condições de corte oblíquo, cavacos longos são usualmente dos tipos
tubular, helicoidal arruela ou helicoidal cônico, podendo eventualmente formar
emaranhados. O ângulo da hélice do cavaco será igual ao ângulo de fluxo lateral (ψl) do
cavaco (Figura 2.32(c)). Para prover a quebra do cavaco nestas condições, o raio do
cavaco precisa ser controlado por um quebra-cavacos, de forma que o cavaco se
quebre chocando-se contra a superfície não usinada da peça Figura 2.32(a) ou contra a
superfície de folga da ferramenta (Aα). A segunda situação é a mais comum (Figura
2.32(d)) (BOOTHROYD e KNIGHT, 1989). Tal situação, onde o cavaco se quebra
através do choque com a superfície de folga da ferramenta (flanco) pode ser observada
em destaque na Figura 2.33.
57
Figura 2.33 - Quebra do cavaco através do contato com a superfície de folga (flanco) da ferramenta
(CHAWLA, 2005)
FU FC F f FP
2 2 2
[N] (2.19)
Segundo DINIZ (2008), As forças de corte e de avanço, componentes da força
ativa (FT), contribuem para a potência de usinagem, pois estão situadas no plano de
trabalho, ou seja, no plano que contém as velocidades de corte e de avanço. Já a
Força passiva ou de profundidade (FP) não contribui para a potência de usinagem, pois
é perpendicular ao plano de trabalho, onde ocorrem os movimentos do processo de
corte. Porém é importante estudar esta força, dado que ela é responsável pela deflexão
elástica da peça e da ferramenta durante o corte, ocasionando vibrações e sendo
responsável pela dificuldade na obtenção de tolerâncias de forma e dimensão
apertadas.
Segundo MACHADO et. al., 2009 foi constatado que FU varia com a seção do
cavaco, em uma relação quase linear, em especial Fc, principal componente da
potência de usinagem, o que possibilitou propor a Equação 2.20.
Fc K s A (2.20)
do avanço e da profundidade de corte . Existem diversos modelos para calcular Ks. Para
conhecimento, a SANDVIK (1996), calcula este valor segundo a Equação 2.21.
0 , 29
0,4
K s K s 0, 4 (2.21)
h
onde Ks0,4 é a pressão específica de corte em N/mm², referente a espessura de corte
igual a 0,4mm e é relativo ao tipo de material usinado .
Figura 2.35 - Diagrama condensado de forças para o corte ortogonal (MERCHANT, 1945)
As forças de corte (Fc) e de avanço (Ff) podem ser facilmente obtidas por um
dinamômetro, por serem perpendiculares. Desta forma é conveniente relacionar todas
as demais componentes da força de usinagem (Fu) com estas. Pelo círculo de
Merchant, podem ser obtidas as seguintes relações:
FT FC sen 0 F f cos 0 [N] (2.22)
60
A Força de usinagem (FU) também pode ser decomposta em função das forças
de corte (Fc) e de avanço (Ff), segundo a Equação 2.26.
FU F f FC
2 2
[N] (2.26)
FNZ FNZ
z sen [N/mm²] (2.28)
AZ A
MERCHANT (1945) definiu um valor do ângulo de cisalhamento ϕ teórico
aplicando o princípio da minimização da energia necessária para formação de cavacos.
a teoria considera que a tensão de cisalhamento é invariante em relação ao ângulo de
cisalhamento (ϕ) sendo função apenas do material, assumido como perfeitamente
plástico. Para que a energia seja mínima, a força de corte (Fc) deve ser mínima.
Derivando a força de corte (Fc) em relação ao ângulo de cisalhamento (ϕ) e igualando a
zero, obtém-se a seguinte expressão para o ângulo de cisalhamento:
[°] (2.29)
4 2 ,
onde γ é o ângulo de saída da ferramenta e ρ é o ângulo de atrito entre a interface
cavaco/ferramenta.
MOLINARI e MOUFKI (2008) salientam que a discrepância encontrada entre
valores para o ângulo de cisalhamento predito pela Equação 2.29 e valores medidos
experimentalmente, a hipótese de plasticidade perfeita do material feita no modelo de
Merchant pode ser acusada. Porém quando os efeitos da temperatura são levados em
conta no modelo e a hipótese da minimização da energia de corte é usada, o valor do
61
Figura 2.36 - Superfície livre do cavaco com uma transição progressiva IJ (MOLINARI e MOUFKI, 2008)
MM [°] (2.31)
4 2
Figura 2.37 - Variação dos parâmetros de corte devido ao raio de ponta (REDETZKY et. al., 1999 apud EE
et. al., 2003)
63
Figura 2.38 - Parâmetros de desgaste em uma ferramenta com quebra-cavacos (JAWAHIR et. al., 1995
apud EE et al., 2002)
Segundo EE, et al. (2003), mudanças nas condições de corte e/ou na geometria
da ferramenta irá inevitavelmente resultar em diferentes padrões de fluxo do cavaco e,
portanto, diferente distribuição de forças nas três maiores regiões de desgaste.
A Figura 2.40 ilustra um esquema descritivo de como a distribuição de forças
pode afetar os padrões de desgaste. Na situação (a) tem-se alta força na aresta (Fs)
com desgaste de flanco e do raio de ponta dominante; em (b) há predominância de
força na superfície de contato restrito (Fcr) com desgaste na região de saída do cavaco;
já em (c) o cavaco tem maior contato com a cratera tocando seu fundo e gerando alta
força na superfície de contato restrito (Fcr); na situação (d) observa-se uma distribuição
de forças equivalente entre a região da aresta e de contato restrito (Fa e Fpc) com
desgastes na região de saída do cavaco e na parede da cratera; e por fim, em (e)
65
observa-se alta força na parede da cratera (Fpc) com desgaste da parede da cratera
dominante.
Figura 2.40 - Relação entre a distribuição de forças e o padrão de desgaste (EE et. al., 2002)
2.11.1. Rugosidade
Figura 2.42 - Perfil teórico de rugosidade obtida no torneamento (adaptado de DINIZ, 2008 e
BOOTHROYD e KNIGHT, 1989)
Figura 2.43 - Dispositivo de parada rápida por massa acelerada (LUCAS e WEINGAERTNER, 2004)
Figura 2.44 - Raiz do cavaco do ferro fundido nodular ferrítico GGG 42 (LUCAS e WEINGAERTNER,
2004)
Figura 2.45 - Fotomicrografia mostrando a deformação dos cristais nos cavacos: (a) x200 - 270 rpm,
0.101 mm/rev, γ0 = 20°; (b) x200 - 310 rpm, 0.165 mm/rev, γ0 = 15° (CHERN, 2005)
71
CAPÍTULO 3
PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL
3.1.1. Equipamentos
Figura 3.2 - Equipamentos para monitoramento das componentes das forças de usinagem. (a)
Dinamômetro Kistler 9272; (b) amplificador de carga Kistler 5070A; (c) software kistler DynoWare
Figura 3.3 - (a) Rugosímetro surftest SJ-400 Mitutoyo; (b) microscópio Mitutoyo TM-500 com câmera
Moticam 2300
Figura 3.4 - Dispositivo de parada rápida. (a) Desenho esquemático (b) Dispositivo montado
74
Figura 3.5 - Dispositivo de parada rápida. (a) Dispositivo antes do acionameto. (b) Dispositivo acionado.
Nos ensaios de corte ortogonal com parada rápida foi utilizado um porta-
ferramenta PCLNR-2525K12 da Sandvik o qual possui ângulo de posição da aresta de
corte χR igual a 95º, ângulo de saída γ0 e de inclinação da aresta de corte λs ambos
iguais a -6º. Porém o ângulo de posição foi ajustado para 90º tal qual é característico
do corte ortogonal. Para evitar influência da superfície de folga o ângulo de saída foi
diminuído para -12,5° e, consequentemente, o ângulo de folga α0 aumentado para
12,5°, sendo os detalhes deste ajuste descritos posteriormente.
Foram utilizados insertos de metal duro da Sandvik sendo três com código ISO
CNMG 120408 os quais apresentam quebra-cavacos e um inserto com código ISO
CNMA 120408 o qual apresenta superfície de saída lisa. Todos os insertos utilizados
possuem raio de ponta rε igual a 0,8mm. A Figura 3.7 ilustra o perfil geométrico dos
76
quebra-cavacos utilizados nos ensaios com seus respectivos códigos dos quebra-
cavacos e classe de metal duro.
Figura 3.7 - Geometria dos quebra-cavacos e classe de metal duro dos insertos utilizados nos ensaios
O inserto PF possui aresta de corte reta até uma distância de 2mm da ponta da
ferramenta e no restante do comprimento a aresta de corte é ondulada. Possui estreito
contato restrito apenas na região do raio de ponta e onde a aresta é reta. A parede da
cratera também é curvilínea. É indicado para condições de corte de acabamento.
O inserto PM possui aresta de corte reta com contato restrito e parede da cratera
curvilínea. O inserto QM também apresenta aresta de corte reta com contato restrito de
comprimento menor que o PM e parede da cratera ondulada.
Tabela 3.2 - Valores corrigidos dos ângulos de saída dos insertos utilizados
Inserto γ1* γ0
PF -2° 11°
PM 1° 16°
QM 3° 7°
KR - -6°
* ângulo na superfície de contato restrito (c)
Para avaliar a influência dos fatores (variáveis de controle) adotados nas forças
de corte e de avanço e nos parâmetros de rugosidade média e máxima, foi adotado um
planejamento fatorial. Neste tipo de planejamento, em cada tentativa ou replicação,
todas as possíveis combinações dos níveis dos fatores estudados são avaliados.
Dessa forma, além de avaliar o efeito de cada variável de controle individualmente, é
possível avaliar a interação entre as mesmas.
Planejamentos fatoriais permitem que o efeito de um fator seja estimado em
diferentes níveis dos outros fatores admitindo conclusões que são válidas nos níveis
dos fatores estudados não podendo ser delongadas para níveis não analisados no
planejamento, por se tratar de um modelo de efeitos fixos.
As observações em um modelo fatorial podem ser descritas por um modelo
estatístico. Neste estudo, como foram adotadas três variáveis de controle, o modelo
estatístico é denominado com 3 fatores de efeitos fixos e é representado conforme a
Equação 3.1.
i 1,2,3,4
j 1,2,3
y ijkl i j k ( ) ij ( ) ik ( ) jk ( ) ijk ijkl , (3. 1)
k 1,2
l 1,2,3
81
SQQC QM QC
QM QC QM E
QC a-1 = 3 SQQC 3
SQ f QM f
QM f QM E
F b-1 = 2 SQf 2
SQvc QM vc
QM vc QM E
vc c-1 = 1 SQvc 1
SQQCf QM QCf
QM QCf QM E
QC x f (a-1)(b-1) = 6 SQQCf 6
SQQCvc QM QCvc
QM QCvc QM E
QC x vc (a-1)(c-1) = 3 SQQCvc 3
SQ fvc QM fvc
QM fvc QM E
f x vc (b-1)(c-1) = 2 SQfvc 2
QC x f x SQQCfvc QM QCfvc
QM QCfvc QM E
vc (a-1)(b-1)(c-1) = 6 SQQCfvc 6
QM E SQE
Erro abc(n-1) = 48 SQE 48 -
Total abcn-1 = 71 SQT - -
Figura 3.10 - (a) Ajuste do ângulo de saída (γ0) e do ângulo de folga (α0). (b) Ajuste do ângulo de posição
da aresta de corte (χR)
86
Tabela 3.7 - Valores corrigidos dos ângulos de saída dos insertos utilizados
Inserto γ1* γ0
PM -5,5° 9,5°
QM -2,5° 0,5°
KR - -12,5°
* ângulo na superfície de contato restrito (c)
Nos ensaios de corte ortogonal foi feita uma avaliação qualitativa acerca dos
aspectos metalúrgicos presentes.
CAPÍTULO 4
RESULTADOS E DISCUSSÃO
FV SQ GL QM F0 Ftab Valor P
QC 310642,42 3 103547,47 529,49 2,80 0,000
f 6039482,96 2 3019741,48 15441,58 3,19 0,000
vc 6913,19 1 6913,19 35,35 4,04 0,000
QC x f 41636,86 6 6939,48 35,49 2,29 0,000
QC x vc 1692,91 3 564,30 2,89 2,80 0,045
f x vc 797,33 2 398,66 2,04 3,19 0,141
QC x f x vc 1473,51 6 245,58 1,26 2,29 0,295
Erro 9386,84 48 195,56 - - -
Total 6412026,00 71 - R² = 99,85%; R²-aj = 99,78%
pode ser explicado por este inserto ser indicado para níveis de profundidade de corte
(ap) menores (no máximo 1 mm), sendo seu quebra-cavacos desenvolvido para
usinagem de acabamento. Deste modo, este inserto provavelmente se comportaria
melhor com níveis de f e ap para acabamento. Com o incremento do nível de f, devido
ao seu pequeno comprimento de contato restrito (c) da pastilha PF, o cavaco flui
diretamente para dentro da cratera acarretando em altos níveis de esforços na parede
da cratera (ver Figura 2.40).
Já em relação aos insertos QM e PM, os quais apresentam geometrias
compatíveis com os níveis dos fatores de controle utilizados, pode-se concluir que o
inserto QM apresentou menores valores de Fc, nos níveis de avanço f igual a 0,16 e
0,24mm/rot, por ter menor comprimento de contato restrito (c=0,12mm) que o PM
(c=0,20mm), já que a diminuição do comprimento desta região contribui para a
diminuição de Fc. Com f igual a 0,32mm/rot obteve-se, porém valores de Fc
estatisticamente iguais para os dois insertos (c1). Quanto maior o avanço maior a razão
f/c e, portanto, maior o fluxo do cavaco para dentro da cratera. Com o cavaco fluindo
desta forma, o ângulo de saída secundário γ0 apresenta influência marcante nos
esforços de corte. Como o inserto PM possui valor deste ângulo (γ0 = 22º) maior que o
QM (γ0 = 13º), esta diferença compensou a diferença no valor de c.
Desdobrando os níveis do fator avanço f na interação QCxf através do teste de
Scott-Knott, todos os níveis de avanço f apresentaram médias diferentes entre si em
cada um dos níveis de quebra-cavacos QC, observando em cada nível de QC aumento
da força de corte Fc com o aumento de f. Os resultados do teste são resumidos na
Tabela 4.3, o gráfico de interação entre as variáveis é mostrado na Figura 4.3. Este
gráfico não pode ser tomado como tendência, pois a variável QC (na abscissa) é uma
variável qualitativa. Ele serve de auxílio na interpretação do teste de Scott-Knott da
Tabela 4.3.
91
Tabela 4.3 - Teste de Scott-Knott para comparações de médias de Fc. Desdobramento de f na interação
entre QC e f
Tratamentos QC
(vc) QM PM PF KR
0,16 845,62 a1 880,76 b1 896,99 c1 978,19 d1
0,24 1176,11 a2 1205,72 b2 1292,57 c2 1358,12 d2
0,32 1522,75 a3 1527,82 b3 1696,72 c3 1691,96 d3
Tabela 4.4 - Teste de Scott-Knott para comparações de médias de Fc. Desdobramento de QC em cada
nível de vc
Tratamentos vc (m/min)
(QC) 310 380
QM 1185,96 a1 1177,02 b1
PM 1210,32 a2 1199,22 b2
PF 1309,10 a3 1281,75 b3
KR 1358,26 a4 1327,26 b4
Tabela 4.5 - Teste de Scott-Knott para comparações de médias de Fc. Desdobramento de vc em cada
nível de QC
Tratamentos QC
(vc) QM PM PF KR
380 1177,02 a1 1199,22 b1 1281,75 c1 1327,26 d1
310 1185,96 a1 1210,32 b1 1309,10 c2 1358,26 d2
Na Tabela 4.4 apresenta-se a ANOVA da variável força de avanço Ff. Para todas
as variáveis estudadas a hipótese nula H0 foi rejeitada, ou seja, com 5% de
significância, QC, f e vc influenciam na resposta força de avanço Ff, já que se obteve F0
maior que Ftab (Valor P<0,05). Já em relação às interações entre as mesmas, a
hipótese nula foi rejeitada apenas para as interações QCxf e QCxfxvc. O teste de Scott-
Knott foi realizado apenas na interação QCxfxvc, desdobrando cada uma das três
variáveis na combinação dos níveis das outras duas.
O gráfico de barras da Figura 4.7 apresenta os valores médios para a força de
avanço Ff. Observa-se o incremento em Ff relativo ao aumento do avanço f. Pode-se
visualizar claramente que o inserto QM apresentou menores níveis de Ff. Observa-se
também que o nível de velocidade de corte vc igual a 310m/min apresentou maiores
valores de Ff exceto com os insertos PM e KR, com f igual a 0,16mm/rot.
FV SQ GL QM F0 Ftab Valor P
QC 92342,56 3 30780,85 389,89 2,80 0,000
f 71180,38 2 35590,19 450,81 3,19 0,000
vc 1811,50 1 1811,50 22,95 4,04 0,000
QC x f 6815,65 6 1135,94 14,39 2,29 0,000
QC x vc 349,21 3 116,40 1,47 2,80 0,233
f x vc 139,81 2 69,90 0,89 3,19 0,419
QC x f x vc 1568,37 6 261,39 3,31 2,29 0,008
Erro 3789,50 48 78,95 - - -
Total 177996,99 71 - R² = 97,87%; R²-aj = 96,85%
96
Tabela 4.7 - Teste de Scott-Knott para comparações de médias de Ff. Desdobramento de QC na interação
entre f, vc e QC
Tratamentos f (mm/rot)
vc
(QC) 0,16 0,24 0,32
QM 143,67 a1 184,75 b1 209,00 c1
PM 198,71 a2 226,93 b2 257,13 c2
310
PF 204,95 a2 253,11 b3 302,74 c3
KR 226,26 a3 296,85 b4 318,23 c4
QM 142,24 a1 170,41 b1 206,61 c1
PM 202,27 a3 225,96 b2 237,76 c2
380
PF 174,80 a2 242,48 b3 295,33 c3
KR 227,50 a4 268,72 b4 307,85 c3
Tratamento Insertos vc
s (f) QM PM PF KR
0,16 143,67 a1 198,71 b1 204,95 c1 226,26 d1
0,24 184,75 a2 226,93 b2 253,11 c2 296,85 d2 310
0,32 209,00 a3 257,13 b3 302,74 c3 318,23 d3
0,16 142,24 e1 202,27 f1 174,80 f1 227,50 g1
0,24 170,41 e2 225,96 f2 242,48 f2 268,72 g2 380
0,32 206,61 e3 237,76 f3 295,33 f3 307,85 g3
Figura 4.9 - Gráfico de interação entre as variáveis QC, f e vc na resposta Ff (QC na abscissa)
Tratamentos Insertos
f
(vc) QM PM PF KR
380 142,24 a1 202,27 b1 174,80 c1 227,50 d1
0,16
310 143,67 a1 198,71 b1 204,95 c2 226,26 d1
380 170,41 e1 225,96 f1 242,48 g1 268,72 h1
0,24
310 184,75 e1 226,93 f1 253,11 g1 296,85 h2
380 206,61 i1 257,13 j1 295,33 k1 307,85 l1
0,32
310 209,00 i1 237,76 j2 302,74 k1 318,23 l1
De maneira geral pode-se concluir que o inserto QM, nas condições de corte
estudadas, é o que se comporta melhor em relação à obtenção de menores níveis
força de corte Fc e força de avanço Ff.
FV SQ GL QM F0 Ftab Valor P
QC 203,78 3 67,93 27,63 2,80 0,000
f 369,02 2 184,51 75,05 3,19 0,000
vc 58,16 1 58,16 23,66 4,04 0,000
QC x f 140,23 6 23,37 9,51 2,29 0,000
QC x vc 106,35 3 35,45 14,42 2,80 0,000
f x vc 20,24 2 10,12 4,12 3,19 0,022
QC x f x vc 74,47 6 12,41 5,05 2,29 0,000
Erro 118,02 48 2,46 - - -
Total 1090,27 71 R² = 89,18%; R²-aj = 83,99%
Através do gráfico de barras da Figura 4.11 apresenta-se uma visão geral dos
resultados experimentais obtidos para a rugosidade máxima Rz. Pode-se observar que
os insertos com quebra-cavacos PM e QM tiveram comportamento mais homogêneo.
Já o inserto PF mostrou níveis aceitáveis de rugosidade máxima Rz apenas na
condição de avanço 0,16mm/rot, por se tratar de um inserto com geometria para
condições de acabamento.
101
Tratamentos f (mm/rot)
(QC) 0,16 0,24 0,32 vc
PM 4,46 a1 5,80 b1 9,49 c1
QM 5,93 a1 7,41 b1 11,98 c2
310
PF 6,01 a1 8,89 b2 17,29 c3
KR 17,84 a2 11,04 b2 13,57 c2
PM 4,43 d1 6,13 e1 10,08 f1
QM 5,90 d1 7,76 e1 11,54 f1
380
PF 5,34 d1 8,63 e1 13,30 f1
KR 6,02 d1 8,45 e1 10,55 f1
Tabela 4.12 - Teste de Scott-Knott para comparações de médias de Rz. Desdobramento de f na interação
entre QC, f e vc.
Tratamentos Insertos vc
(f) QM PM PF KR
0,16 5,93 a1 4,46 b1 6,01 c1 17,84 d2
0,24 7,41 a1 5,80 b1 8,89 c2 11,04 d1 310
0,32 11,98 a2 9,49 b2 17,29 c3 13,57 d1
0,16 5,90 e1 4,43 f1 5,34 g1 6,02 h1
0,24 7,76 e1 6,13 f1 8,63 g2 8,45 h2 380
0,32 11,54 e2 10,08 f2 13,30 g3 10,55 h2
Figura 4.13 - Gráfico de interação entre as variáveis QC, f e vc na resposta Rz (QC na abscissa)
Tratamentos Insertos f
(vc) QM PM PF KR
380 5,90 a1 4,43 b1 5,34 c1 6,02 d1
0,16
310 5,93 a1 4,46 b1 6,01 c1 17,84 d2
380 7,76 e1 6,13 f1 8,63 g1 8,45 h1
0,24
310 7,41 e1 5,80 f1 8,89 g1 11,04 h1
380 11,54 i1 10,08 j1 13,30 k1 10,55 l1 0,32
310 11,98 i1 9,49 j1 17,29 k2 13,57 l2
FV SQ GL QM F0 Ftab Valor P
QC 10,05 3 3,35 23,34 2,80 0,000
f 25,23 2 12,62 87,87 3,19 0,000
vc 2,28 1 2,28 15,87 4,04 0,000
QC x f 7,00 6 1,17 8,13 2,29 0,000
QC x vc 4,54 3 1,51 10,53 2,80 0,000
f x vc 1,44 2 0,72 5,03 3,19 0,010
QC x f x vc 4,28 6 0,71 4,96 2,29 0,001
Erro 6,89 48 0,14 - - -
Total 61,71 71 R² = 88,83%; R²-aj = 83,48%
107
Tratamentos f (mm/rot)
(QC) 0,16 0,24 0,32 vc
PM 0,83 a1 1,29 b1 2,16 c1
QM 1,24 a1 1,65 b1 2,82 c2
310
PF 1,13 a1 2,03 b2 3,70 c3
KR 3,87 a2 2,26 b2 3,04 c2
PM 0,79 d1 1,33 e1 2,29 f1
QM 1,21 d1 1,80 e1 2,53 f1
380
PF 1,00 d1 2,01 e1 3,26 f2
KR 1,11 d1 1,82 e1 2,60 f1
108
Tabela 4.16 - Teste de Scott-Knott para comparações de médias de Ra. Desdobramento de f na interação
entre QC, f e vc.
Tratamentos Insertos vc
(f) QM PM PF KR
0,16 1,24 a1 0,83 b1 1,13 c1 3,87 d3
0,24 1,65 a1 1,29 b1 2,03 c2 2,26 d1 310
0,32 2,82 a2 2,16 b2 3,70 c3 3,04 d2
0,16 1,21 e1 0,79 f1 1,00 g1 1,11 h1
0,24 1,80 e1 1,33 f1 2,01 g2 1,82 h2 380
0,32 2,53 e2 2,29 f2 3,26 g3 2,60 h3
110
Figura 4.17 - Gráfico de interação entre as variáveis QC, f e vc na resposta Ra (QM na abscissa)
Por último, a variável avanço vc foi desdobrada na interação entre QC, f e vc. O
resultado do teste de Scott-Knott é apresentado na Tabela 4.17. Para auxílio na
interpretação dos resultados, pode-se observar novamente o gráfico de barras da
(Figura 4.15). O inserto KR com avanço f igual a 0,16mm/rot apresentou diferença
estatisticamente significativa em relação aos níveis de velocidade de corte vc
estudados, sendo o menor (vc igual a 310m/min) responsável pela maior média de Ra,
devido ao inconveniente da geração de cavaco em fita como já explicado. Para as
outras combinações das variáveis QC e f, os níveis da variável vc não apresentaram
diferença entre as médias de Rugosidade média Ra entre si.
Tratamentos Insertos
f
(vc) QM PM PF KR
380 1,21 a1 0,79 b1 1,00 c1 1,11 d1
0,2
310 1,24 a1 0,83 b1 1,13 c1 3,87 d2
380 1,80 e1 1,33 f1 2,01 g1 1,82 h1
0,2
310 1,65 e1 1,29 f1 2,03 g1 2,26 h1
380 2,53 i1 2,29 j1 3,26 k1 2,60 h1
0,3
310 2,82 i1 2,16 j1 3,70 k1 3,04 h1
111
Figura 4.22 - (a) Cavacos com alta curvatura lateral (b)Medição do raio de curvatura lateral (inserto KR; f =
0,32mm/rot; vc = 310m/min)
Não foi possível obter Rl para f igual a 0,16mm/rot, pois nestas condições foram
gerados cavacos em forma de fita e emaranhado os quais não apresentam curvatura,
deixando marcas retas na superfície de saída do inserto KR. Pela Figura 4.22 nota-se
uma tendência de diminuição de Rl com o aumento de f. O aumento de f ocasiona um
aumento no ângulo de fluxo lateral (ψl) e, este é diretamente proporcional ao raio de
116
A Figura 4.24 ilustra um corpo de prova após o ensaio de parada rápida com a
raiz do cavaco conservada. Em seguida, na Figura 4.25, são apresentadas
fotomicrografias das raízes dos cavacos obtidas nos ensaios de corte ortogonal. Em
nenhuma condição de corte foi observado evidência da presença de APC. Tal fato
pode ser justificado pelo nível de vc mantido constante e igual a 100m/min, o qual é
maior que os valores observados em outros trabalhos nos quais foi constatado
presença de APC.
117
Figura 4.24 - Corpo de prova de parada rápida após usinagem contendo a raiz do cavaco conservada
Figura 4.26 - Direção do plano de cisalhamento AB (inserto QM, f =0,24mm/rot; aumento de 50x)
Figura 4.27 - Zona de fluxo. (a) Inserto PM, f =0,16mm/rot; (b) inserto KR, f =0,24mm/rot; aumento de
100x
Figura 4.28 - Raiz do cavaco em uma ferramenta com contato restrito. (a) representação esquemática; (b)
micrografia (inserto PM, f =0,32)
122
CAPÍTULO 5
CONCLUSÕES
CAPÍTULO 6
SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS
Referências
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based on equivalent feed. International Journal of Machine Tools and Manufacture.
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ANEXO A
Teste de Scott-Knott
(A.1)
K1 K 2 K1 K 2
Onde T1 e T2 são os totais das somas das médias dos tratamentos dos dois
grupos com K1 e K2 tratamentos em cada. A partição que maximizar a soma de
quadrados entre os grupos B0 é utilizada para computar a estatística λ definida pela
Equação A.2 a seguir.
B
^ 0 (A.2)
2 2 2
0
^
Onde 0 é o estimador de máxima verossimilhança obtido pela Equação A.3 a
2
seguir.
_
^
1 g _ _ 2
02 Yi Y vsy
g v i 1
(A.3)
_ _
Onde Yi é a média do tratamento i (i = 1, 2, ..., g); Y é a média geral dos
^
número de graus de liberdade residuais; s y é o estimador não-viciado de Y definido
2 _ 2
pela razão entre o quadrado médio do erro QME obtido na ANOVA e o grau de
liberdade do erro r (QME/r).
Se 2 ; g / 2 , rejeita-se a hipótese de que os dois grupos são idênticos
em favor da hipótese alternativa de que os dois grupos diferem. Quando isto acontece,
os dois subgrupos formados devem ser novamente avaliados, com g igual a K1 e K2
respectivamente.