O Que É o Apocalipse-Igreja Catolica

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O que é o Apocalipse?

A palavra grega “apokálypsis” quer dizer “revelação”. O Apocalipse quer


incutir nos leitores uma confiança inabalável na Providência Divina em
tempos difíceis para os cristãos. É uma forma literária, que era usada em
Israel, repleta de simbolismos de números, animais, aves, monstros etc.,
e que não é fácil de ser hoje entendido. As páginas mais tipicamente
apocalípticas do Antigo Testamento são os capítulos 7 a 12 do livro de
Daniel.

Conheça o significado do livro de Apocalipse


As frequentes intervenções de anjo: aparecem como ministros de Deus
ou como intérpretes das visões ou revelações que o autor do livro
descreve (Ez 40,3; Zc 2,1s; Ap 7, 1-3; 8, 1-13). Simbolismo rico, singular.
Animais podem significar homens e povos; feras e aves representam
geralmente as nações pagãs; os anjos bons são descritos como se
fossem homens, e os maus como estrelas caídas.

O recurso aos números 3, 7, 10, 12 e 1000 são símbolos de bonança; 3


1/2, símbolo de tribulação. Forte nota escatológica. Os apocalipses se
voltam todos para os tempos finais da história, com intervenção solene
de Deus em meio a um cenário cósmico, o julgamento dos povos, o
abalo da natureza, a derrota dos maus e a exaltação dos bons.

Por que Jesus fez essa Revelação a São João, que


estava preso na ilha de Patmos, no mar Egeu?

No fim do século I, era cada vez mais difícil a situação dos cristãos no
Império Romano por causa da terrível perseguição dos imperadores.
Tudo começou com Nero, no ano 64, e continuou na terrível perseguição
de Domiciano (81-96). Muitos cristãos foram martirizados, mas muitos
também estavam desanimados, abandonavam a fé (apostasia) e aderiam
às práticas pagãs. Isso pode ser notado nas mensagens às sete igrejas
da Ásia Menor: Éfeso, Laodiceia, Esmirna, Pérgamo, Tiatira, Filadélfia e
Sardes. Foi em tais circunstâncias sombrias que São João escreveu o
Apocalipse.

O livro visava encorajar os fiéis. O Apocalipse é, basicamente, “o livro da


esperança cristã” ou da confiança inabalável no Senhor Jesus e Suas
promessas de vitória. Ele quer anunciar a “vitória do bem sobre o mal”,
do reino de Cristo sobre o reino do mal, especialmente para aquele
momento muito difícil em que se encontrava a Igreja.
Nem todo o livro do Apocalipse está redigido em estilo apocalíptico.
Compreende duas partes anunciadas em Ap 1,19-3,22, revisão de vida
das sete comunidades da Ásia Menor às quais São João escreve em
estilo pastoral; Ap 4,1-22,15, as coisas que devem acontecer depois.
Esta é a parte apocalíptica propriamente dita para a qual se volta a nossa
atenção: 4,1-5,14, a corte celeste com sua liturgia. O Cordeiro “de pé,
como que imolado” (5,6), recebe em suas mãos o livro da história da
humanidade. A mensagem principal é esta: “Tudo o que acontece no
mundo está sob o domínio do Senhor, que é o Rei dos séculos”.
A parte apocalíptica do livro abre-se com uma grandiosa cena de paz e
segurança, qualquer quadro de desgraça está subordinado a isso.

Qual é sentido do livro de Apocalipse?

O núcleo central do sentido do Apocalipse apresenta, sob forma de


símbolos, a luta entre Cristo e Satanás, luta que é o eixo de toda a
história, e que já tem Cristo como vencedor, apesar dos sofrimentos dos
cristãos. Os sete selos (septenários) revelam essa luta. A seguir, de 17,1
a 22,17, após os três septenários, ocorre a queda dos agentes do mal;
17,1-19,10: a queda de Babilônia (símbolo da Roma pagã); 19,11-21: a
queda das duas bestas que regem Babilônia (o poder imperial pagão e a
religião oficial do império romano); 20,1-15: a queda do Dragão,
instigador do mal, satanás.

A seção final (21,1-22,15) mostra a Jerusalém Celeste, Esposa do


Cordeiro, o oposto da Babilônia pervertida. Os versículos 22,16-21
constituem o epílogo do livro.

O Apocalipse de São João apresenta os grandes protagonistas da


história da Igreja: a Mulher e o Dragão no capítulo 12; a Mulher-Mãe, que
exerce sua maternidade por toda a história da salvação, se consumará
na Jerusalém celeste, a Esposa do Cordeiro (Ap 21 s). As duas bestas,
manipuladas pelo Dragão, sendo que a primeira sobe do mar e
representa o poder imperial perseguidor (Roma); a segunda Besta sobe
da terra (Ásia Menor), onde está o culto religioso do Imperador (cf. Ap
13,1 e 11).
Leia mais:
.: Oração a São Miguel Arcanjo para alcançar libertação
.: Combate espiritual existe?
.: A oração de renúncia afasta o mal
.: Orações para a cura espiritual e quebra dos laços do mal 
A batalha entre Miguel e o Dragão não corresponde à queda original dos
anjos, mas significa a derrota de satanás, vencido quando Cristo venceu
a morte por Sua Ressurreição e Ascensão. Deus lhe permite tentar os
homens, nesses séculos da história da Igreja, a fim de provar e
consolidar a fidelidade deles. Satanás só age por permissão de Deus.
As calamidades que o Apocalipse apresenta não podem ser
interpretadas ao pé da letra, é uma linguagem figurada.

Unindo as aflições na terra e a alegria no céu, quer dizer aos seus


leitores que as tribulações desta vida estão de acordo com a Sabedoria
de Deus; foram cuidadosamente previstas pelo Senhor, dentro de um
plano harmonioso, onde nada escapa, embora não entendamos.

Mensagem do livro do Apocalipse

A mensagem mais importante é esta: ao padecer as aflições da vida


cotidiana, os cristãos não devem desanimar. Foi uma forma de consolo
que o Apocalipse queria incutir aos seus leitores; não só do séc. I, mas
de todos os tempos da história; isto é, os acontecimentos que nos
atingem aqui na terra fazem parte da luta vitoriosa do bem sobre o mal; é
a prolongação da obra do Cordeiro que foi imolado, mas, atualmente,
reina sobre o mundo com as suas chagas glorificadas (cf. c.5). Os
cristãos na terra gemem, mas os bem-aventurados na glória cantam
aleluia.

No céu, os justos não se desesperam com o que acontece com os que


sofrem na terra; antes, continuam a cantar jubilosamente a Deus, porque
percebem o sentido das nossas tribulações. O Apocalipse quer mostrar
que essa mesma paz do céu deve ser também a dos cristãos na terra,
porque, embora vivam no mundo presente, já possuem em suas almas
a eternidade e o céu em forma de semente, pela graça santificante, que
é a semente da glória celeste.
Assim, o Apocalipse oferece uma imagem do que é a vida do cristão e a
vida da Igreja: uma realidade ao mesmo tempo da terra e do céu, do
tempo e da eternidade. A vida do cristão é celeste, deve ser tranquila,
como a vida dos justos que no céu possuem em plenitude aquilo mesmo
que os cristãos possuem na terra.

A mensagem básica do Apocalipse é esta: as desgraças da vida


presente, por mais aterradoras que pareçam, estão sujeitas ao sábio
plano da Providência Divina, a qual tudo “faz concorrer para o bem
daqueles que O amam” (Rm 8,28).
O Apocalipse finaliza com chave de ouro, num diálogo amoroso
impressionante entre a Esposa, que é a Igreja, animada pelo Espírito
Santo, e o seu Esposo no céu. É um diálogo que deve ser vivido por
cada um dos cristãos que desejam o encontro com Cristo, um encontro
que já começa na Eucaristia: João repete as palavras de Jesus no
Evangelho (Jo 7, 37): “Quem tiver sede venha!” O Espírito e a Esposa
dizem: Vem!”.

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