Módulo I-Perícia Judicial
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Módulo I-Perícia Judicial
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CURSO DE
PERÍCIA JUDICIAL
Aluno:
AN02FREV001/REV 4.0
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CURSO DE
PERÍCIA JUDICIAL
MÓDULO I
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Bibliográficas.
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SUMÁRIO
MÓDULO I
1 PERÍCIA
1.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS
1.2 CONCEITOS E OBJETIVO
1.3 CARACTERÍSTICAS GERAIS DA PERÍCIA
1.4 PLANEJAMENTO DA PERÍCIA, NORMAS E PROCEDIMENTOS DO
PERITO
2 PERITOS E ASSISTENTES TÉCNICOS
2.1 PERITO
2.2 PERITOS OFICIAIS E NÃO OFICIAIS
2.3 ASSISTENTE
2.4 FUNÇÃO DO PERITO E ASSISTENTES
3 DESPESAS COM OS SERVIÇOS DO PERITO E DOS ASSISTENTES
4 O MERCADO DE TRABALHO DE PERÍCIAS JUDICIAIS
5 VARAS EM QUE O PERITO PODE TRABALHAR
6 TIPOS DE PERÍCIA
6.1 PERÍCIA SIMPLIFICADA
6.2 PERÍCIA POR LAUDO
MÓDULO II
7 PROVA PERICIAL
7.1 CONCEITOS
7.2 FINALIDADE
7.3 PRINCÍPIOS DA PROVA
7.4 ÔNUS DA PROVA
8 PRINCIPAIS MEIOS DE PROVA
8.1 PROVA DOCUMENTAL
8.2 PROVA TESTEMUNHAL
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8.3 DEPOIMENTO PESSOAL
8.4 CONFISSÃO
8.5 INSPEÇÃO JUDICIAL
8.6 PROVA PERICIAL
9 PROVA EMPRESTADA E PROVAS INADMISSÍVEIS
10 PROVAS ILÍCITAS E PROVAS ILEGÍTIMAS
11 FOTOGRAFIA FORENSE NA PROVA PERICIAL
12 FOTOGRAMETRIA COMPUTADORIZADA (FERRAMENTA PARA
DIAGNÓSTICO FUNCIONAL)
13 PERÍCIA CALIGRÁFICA E/OU DOCUMENTOSCOPIA NA PROVA
PERICIAL
14 PERÍCIA NO CRIME DE LESÃO CORPORAL E MOMENTO PARA A
REALIZAÇÃO DO EXAME
15 QUESITOS DA PERÍCIA
MÓDULO III
16 PERÍCIAS JUDICIAIS
16.1 DEFINIÇÃO DE PERÍCIA JUDICIAL
16.2 DEFINIÇÃO DE PERÍCIAS EXTRAJUDICIAIS
17 ASPECTOS PERICIAIS
18 ASPECTO JURÍDICO DA PERÍCIA (LAUDO PERICIAL)
18.1 CONCEITO DE LAUDO PERICIAL
18.2 REQUISITOS DO LAUDO PERICIAL
18.3 ELABORAÇÃO DE LAUDO PERICIAL
18.4 LAUDO PERICIAL NOS RAMOS DE DIREITO
18.4.1 Laudo Pericial Cível
18.4.2 Laudo Pericial Criminal
18.4.3 Laudo Pericial Ambiental
18.4.4 Laudo Pericial Contábil
18.4.5 Modelo de Laudo Pericial Judicial
19 DIVISÃO DE PERÍCIA JUDICIAL (DIPEJ)
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20 LAUDOS PERICIAIS EXTRAJUDICIAIS
21 ESPÉCIES DE PERÍCIAS JUDICIAIS E EXTRAJUDICIAIS
21.1 JUDICIAIS
21.2 EXTRAJUDICIAIS
22 CRIMES RELACIONADOS A PERITOS
23 O FISIOTERAPEUTA COMO PERITO JUDICIAL
MÓDULO IV
24 PERÍCIA JUDICIAL TRABALHISTA
25 PERÍCIA EM SEGURANÇA E HIGIENE NO TRABALHO
26 INSALUBRIDADE
26.1 CONCEITOS
26.2 ATIVIDADES E OPERAÇÕES INSALUBRES
26.3 ALGUMAS SITUAÇÕES SURGIDAS EM PERÍCIAS JUDICIAIS
27 PERICULOSIDADE
28 LAUDO TÉCNICO DE INSALUBRIDADE E PERICULOSIDADE
29 AÇÕES NA JUSTIÇA DO TRABALHO
29.1 AÇÕES POR INSALUBRIDADE E PERICULOSIDADE
29.2 JULGADOS (ATIVIDADES E OPERAÇÕES PERIGOSAS)
30 PERÍCIA TÉCNICA CINESIOLÓGICA-FUNCIONAL
31 PERÍCIA CLÍNICA
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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MÓDULO I
1 PERÍCIA
De modo amplo, entende-se por perícia um meio de prova, vez que por
intermédio dessa prova se examinam e se verificam fatos da causa. Perícia,
segundo o princípio da lei processual, é a medida que vem mostrar o fato,
quando haja meio de prova documental para revelá-lo, ou quando se quer
esclarecer circunstâncias a respeito dele e que não se achem perfeitamente
definidos.
A perícia surgiu a partir do Decreto 1.608/39, que criou o Código de
Processo Civil (CPC), alterado pelo Decreto 8.570/46, que modificou a forma
da produção da prova pericial e o papel do perito. Em 1992 foi alterado o art.
421 do CPC, por meio da Lei 8.455, que fixa os prazos para a entrega do
laudo, indicação de perito assistente pelas partes e a apresentação de
quesitos. E, por fim, a Lei 9.245/95 modificou alguns dispositivos do CPC
referentes à atuação do perito.
No Brasil a perícia apresentou diversos avanços, sempre baseados nas
normas infraconstitucionais, pois as Constituições Federais de 1824, 1891,
1934, 1937, 1946, 1967 e 1988 não destinaram espaço para tratar do tema. Já
na área penal, destacamos a legislação prevista no Decreto-Lei 3.689/1941,
que foi reformada pela Lei 8.862/1994 e, logo depois, pela Lei 11.690/1998.
O legislador enxergou a importância da perícia quando criou um
capítulo específico (do Exame do Corpo de Delito e das Perícias em Geral) em
seus artigos 158 a 184, definindo uma série de procedimentos a serem
seguidos na concretização da prova.
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1.2 CONCEITOS E OBJETIVO
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O objetivo primeiro da Perícia é o descobrimento da verdade objeto de
discussão da lide, esclarecendo e oferecendo informações materiais às partes
e ao juízo. Assim, perícia é atividade que envolve apuração das causas que
motivaram determinado evento ou da asserção de direitos. Quem realiza as
perícias são os peritos .
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existir em qualquer área. Sua origem é no interesse de pessoas litigantes, no
interesse da justiça e no interesse público, podendo ser: arbitral, judicial,
extrajudicial, administrativa ou operacional, sendo as mais conhecidas de
natureza criminal, contábil, trabalhista e outras que necessitem de constatação,
prova ou demonstração, científica ou técnica, da veracidade de situações,
coisas e fatos.
O pedido de perícia pode ser formulado na inicial, na contestação ou
na reconvenção, bem como na réplica do autor à resposta do réu. Isto é, o
momento adequado para requerer a perícia pelo autor é na petição inicial, pelo
réu é na contestação. Para ambas as partes o momento adequado pode ser,
também, na fase de especificação de prova durante as providências
preliminares.
O prazo para a realização da perícia é determinado pelo Juiz, podendo
ser prorrogado por uma única vez, a seu prudente arbítrio, conforme o art. 432
do CPC. Segundo o art. 437 do CPC, “quando entender que o laudo pericial
não esclareceu suficientemente a matéria controvertida, o juiz poderá de ofício
ou a requerimento da parte, determinar a realização de nova perícia”.
Diz o art. 438 que “a segunda perícia tem por objeto os mesmos fatos
sobre que recaiu a primeira e destina-se a corrigir eventual omissão ou
inexatidão dos resultados a que esta conduziu”. Importante lembrar que o
segundo laudo não anula ou invalida o primeiro, segundo § único do art. 439.
Ambos permanecerão nos autos e o juiz fará a comparação entre eles,
apreciando livremente o valor de um e de outro, a fim de formar seu
convencimento, segundo o art. 131 do CPC.
A função da perícia é levar ao processo conhecimentos científicos ou
práticos que o juiz podia conhecer e que são necessários para fundamentar a
decisão.
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1.3 CARACTERÍSTICAS GERAIS DA PERÍCIA
São elas:
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É uma declaração de ciência, porque o perito expõe o que sabe por
percepção e por dedução ou indução dos fatos sobre os quais versa seu
ditame, sem pretender nenhum efeito jurídico concreto com sua exposição.
Diferencia-se da declaração de ciência testemunhal, que tem por objeto o
conhecimento que a testemunha possui dos fatos que existem no momento
de declarar ou que existiram antes. Ao passo que o perito conceitua
também sobre as causas e os efeitos de tais fatos e sobre o que sabe de
fatos futuros, em virtude de suas deduções técnicas ou científicas.
Deve versar sobre os fatos e não sobre questões jurídicas, nem sobre
exposições abstratas que não incidam na verificação, valoração ou
interpretação de fatos do processo.
É um meio de prova.
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remuneração do profissional. O planejamento da perícia deve ser mantido por
qualquer meio de registro que facilite o entendimento dos procedimentos a
serem adotados e que sirva de orientação adequada à execução do trabalho
pericial.
O planejamento deve ser realizado pelo perito, ainda que o trabalho
venha a ser realizado de forma conjunta com o assistente técnico, podendo
este orientar-se com base no mesmo. O perito deve levar em consideração que
o planejamento da perícia, quando for o caso, iniciar-se-á antes da elaboração
da proposta de honorários, considerando-se que, para apresentar a mesma ao
juízo, árbitro ou às partes no caso de perícia extrajudicial, há necessidade de
se especificar as etapas do trabalho a serem realizadas.
Isto implica que o perito deve ter conhecimento prévio de todas as
etapas, salvo aquelas que somente serão identificadas quando da execução da
perícia, inclusive a possibilidade de apresentação de quesitos suplementares, o
que será objeto do ajuste no planejamento.
A conclusão do planejamento da perícia ocorrerá quando o perito
completar as análises preliminares, dando origem, quando for o caso, à
proposta de honorários, nos casos em que o juízo ou o árbitro não tenham
fixado, previamente, honorários definitivos, aos termos de diligências que serão
efetuadas e aos programas de trabalho.
Considerando que o planejamento da perícia deve evidenciar as etapas
e as épocas em que serão executados os trabalhos, em conformidade com o
conteúdo da proposta de honorários apresentada, incluindo-se a supervisão e
revisão do próprio planejamento, os programas de trabalho quando aplicáveis,
até a entrega do laudo pericial ou parecer técnico.
Por normas do perito, entende-se um conjunto de condições, requisitos
básicos, métodos e regras para que o perito possa exercer a atividade. Por
procedimento do perito entende-se um conjunto de técnicas (atos a serem
praticados) que os profissionais utilizam para conseguir realizar a perícia.
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2 PERITOS E ASSISTENTES TÉCNICOS
2.1 PERITO
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Desta forma, podemos conceituar perito como a pessoa dotada de
conhecimentos especializados sobre determinada matéria, que é nomeada
pela autoridade judiciária para auxiliar a justiça, dando sua apreciação técnica
sobre o objeto do litígio ou algo com ele relacionado. Isto é, nomeado pelo juiz
para dirimir questões que envolvam conhecimento técnico ou científico.
Perito é o expert em matérias técnicas, que realiza exames em
documentos ou coisas, auxiliando o juiz na análise técnica que o juiz não
conhece. É a pessoa nomeada pela autoridade, juiz ou autoridade policial, com
conhecimento técnico suficiente em determinada área do conhecimento, para
examinar fatos, pessoas ou coisas e esclarecer questões relacionadas à prova,
apresentando relatório e respondendo aos quesitos.
Assim, o Perito detém certo conhecimento técnico, isto é, profissional
possuidor de conhecimentos técnicos. De acordo com o art. 139 do CPC:
“peritos são auxiliares da justiça, além de outros, cujas atribuições são
determinadas pelas normas de organização judiciária”. São aqueles que
auxiliam o juízo, como escrivão, oficial de justiça, etc.
Tem ele o dever de cumprir o ofício no prazo que lhe assina a lei,
empregando toda a sua diligência, de acordo com o art. 146 do CPC e pode,
todavia, escusar-se do encargo alegando motivo legítimo, se recusado pelas
partes por impedimento ou suspeição, conforme o art. 423 do CPC, substituído
quando carecer de conhecimentos técnicos ou científicos ou deixar de cumprir
o encargo no prazo que lhe foi fixado, conforme o art. 424 do CPC.
Deve, ainda, possuir diversificada quantidade de virtudes, entre as
quais:
Honestidade;
Caráter;
Personalidade;
Imparcialidade;
Equilíbrio emocional;
Independência;
Autonomia funcional;
Obediência irrestrita aos princípios da ética e da moral.
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Dessa forma, o perito deve agir honesta e imparcialmente no que tange
à busca da verdade dos fatos. Conforme o art. 147 do CPC, “o perito que, por
dolo ou culpa, prestar informações inverídicas, responderá pelos prejuízos que
causar à parte, ficará inabilitado, por 2 (dois) anos, a funcionar em outras
perícias e incorrerá na sanção que a lei penal estabelecer”.
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trabalho, proibida a sua divulgação, salvo quando houver obrigação legal de
fazê-lo. Além disso, eles devem cumprir os prazos estabelecidos no processo
ou contrato e zelar por suas prerrogativas profissionais, nos limites de suas
funções, fazendo-se respeitar e agindo sempre com seriedade e discrição.
Devem conhecer responsabilidades sociais, éticas, profissionais e legais, às
quais estão sujeitos no momento em que aceitam o encargo para a execução
de perícias judiciais e extrajudiciais e arbitrais.
O termo responsabilidade refere-se à obrigação do perito e do
assistente técnico em respeitar os princípios da moral, da ética e do direito,
atuando com lealdade, idoneidade e honestidade no desempenho de suas
atividades, sob pena de responder civil, criminal, ética e profissionalmente
pelos seus atos.
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Importante lembrar que os peritos não oficiais devem prestar o
compromisso de bem e fielmente desempenhar o encargo, mas a ausência de
compromisso constitui mera irregularidade.
2.3 ASSISTENTE
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Para o desempenho da função podem o perito e os assistentes
utilizar-se de todos os meios necessários, ouvindo testemunhas,
obtendo informações, solicitando documentos que estejam em poder
da parte ou em repartições públicas, bem como instruindo o laudo
com plantas, desenhos, fotografias e outras peças.
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§ 2º As despesas abrangem não só à custa dos atos do processo,
como também a indenização de viagem, diária de testemunha e
remuneração do assistente técnico. (Redação dada pela Lei nº 5.925,
de 1.10.1973).
CPC Art. 33 - Cada parte pagará a remuneração do assistente
técnico que houver indicado; a do perito será paga pela parte que
houver requerido o exame, ou pelo autor, quando requerido por
ambas às partes ou determinado de ofício pelo juiz.
Parágrafo único - O juiz poderá determinar que a parte responsável
pelo pagamento dos honorários do perito deposite em juízo o valor
correspondente a essa remuneração. O numerário, recolhido em
depósito bancário à ordem do juízo e com correção monetária, será
entregue ao perito após a apresentação do laudo, facultada a sua
liberação parcial, quando necessária.
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4 O MERCADO DE TRABALHO DE PERÍCIAS JUDICIAIS
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6 TIPOS DE PERÍCIA
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Art. 826 - É facultado a cada uma das partes apresentarem um perito
ou técnico.
Art. 827 - O juiz ou presidente poderá arguir os peritos
compromissados ou os técnicos, e rubricará, para ser junto ao
processo, o laudo que os primeiros tiverem apresentado.
Isso quer dizer que o juiz, ao deferir a perícia, designa perito e fixa
prazo para entrega de laudo. Permite-se a cada parte a indicação de um
assistente. O prazo para indicação de assistentes pelas partes é de cinco dias,
contados da intimação do despacho de nomeação do perito e no mesmo prazo
se apresentam quesitos. Estes, os quesitos, são questões propostas ao perito
e assistente na forma de perguntas específicas e que são respondidas e
fundamentadas pelos peritos no laudo acompanhado ou não de anexos.
Podem as partes durante a diligência apresentar quesitos
suplementares, de cuja juntada é dada ciência à parte contrária, conforme o
art. 425 do CPC. Compete ao juiz indeferir quesitos impertinentes e formular os
que entenderem necessários ao esclarecimento da causa, conforme o art. 426
do CPC.
Quando a prova tem de realizar-se por carta pode-se proceder à
nomeação de perito e indicação de assistentes técnicos no juízo, ao qual se
requisita a perícia, conforme o art. 428 do CPC. O juiz pode prorrogar uma vez
o prazo para a apresentação do laudo, conforme o art. 432 do CPC. O perito
apresenta este em secretaria no prazo fixado pelo juiz, pelo menos vinte dias
antes da audiência de instrução e julgamento conforme o art. 433 do CPC.
Os assistentes oferecem seus laudos no mesmo prazo fixado pelo juiz
para o perito, conforme o art. 826, parágrafo único. O juiz deve dar ciência a
juntada da perícia às partes para manifestações ou pedido de quesitos
suplementares. Quando o exame tenha por objeto a autenticidade da letra e
firma o perito pode requisitar, para efeito de comparação, documentos
existentes em repartições públicas. Na falta destes, pode requerer ao juiz que a
pessoa a que se atribui a autoria do documento lance em folha de papel, por
cópia ou sob ditado, dizeres diferentes, para fins de comparação, conforme o
art. 434 do CPC.
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O juiz pode arguir perito e assistente em audiência, conforme o art. 827
da CLT, por iniciativa própria ou a requerimento da parte, que formula, desde
logo, as perguntas complementares que deseja apresentar sob a forma de
quesitos, segundo o art. 435 do CPC.
O laudo não é vinculante para o juiz, que não está adstrito às suas
conclusões, podendo rejeitá-las e formular a sua convicção com outros
elementos ou fatos provocados nos autos, conforme o art. 437 do CPC: “o juiz
poderá determinar, de ofício ou a requerimento da parte, a realização de nova
perícia, quando a matéria não lhe parecer suficientemente esclarecida”. Ou
ordenar, de acordo com o art. 438 do CPC, segunda perícia destinada a corrigir
eventual omissão ou inexatidão dos resultados a que a primeira conduziu.
A complexidade de algumas perícias contábeis em laudos
informatizados e acompanhados de inúmeros anexos com diversas colunas e
milhares de números inviabiliza praticamente qualquer possibilidade de
verificação pelo juiz. Daí a prática, tão inevitável quanto condenável, de simples
remissão pelo juiz ao laudo pericial, com o que a decisão fica praticamente
transferida do juiz para o perito, o que pode gerar, em alguns processos,
prejuízos a uma das partes quando o levantamento pericial, apesar de
volumoso, é incorreto ou inadequado ou quando o perito fixa premissas
jurídicas invadindo a área reservada ao juiz.
O ideal seria o juiz, ao ordenar a perícia, já estabelecer as premissas
jurídicas a serem observadas pelo perito e formular os quesitos centrais
necessários para a elucidação dos aspectos técnicos.
FIM DO MÓDULO I
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