SP - Recurso de Apelação - Cálculo Incorreto Homologado

Fazer download em doc, pdf ou txt
Fazer download em doc, pdf ou txt
Você está na página 1de 8

EXMO. SR. DR.

JUIZ DE DIREITO DA VARA CÍVEL DA COMARCA DE SÃO


PAULO SP

PROCESSO 1024566-71.2014.8.26.0562
AUTOR: LUIZA HELENA CASTELLI AMARAL

A PARTE ORA EXEQUENTE oportunamente qualificada nos autos em


epígrafe, vem mui respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, por intermédio
de seu procurador infra-firmado, irresignado com a R. Sentença que homologou o
cálculo apresentado pela contaria e extinguiu o processo pelo pagamento, interpor
tempestivamente RECURSO DE APELAÇÃO, requerendo desde já sejam remetidas
as razões recursais anexas para o Tribunal de Justiça.
De início, dirigindo-se ao juízo de primeiro grau, a parte exequente, ora
apelante, vem demonstrar o total interesse no prosseguimento do feito, atendendo
assim, ao ato ordinatório praticado nos autos de origem.
Informa que, deixa de recolher as custas de preparo de interposição do
presente Recurso, por ser beneficiária da justiça gratuita.

Nestes termos,
Pede deferimento.

São Paulo/SP, Tuesday, 28 de March de 2023

EVANDRO JOSÉ LAGO


OAB/SP 214.055

AO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA

RAZÕES DO RECURSO DE APELAÇÃO


Egrégio Tribunal de Justiça de São Paulo
Emérito(a) Desembargador(a) Relator(a),
Douto(a) Desembargador(a) Relator(a),

Pelo autor.

COLENDA CÂMARA,
NOBRES JULGADORES

I. DO PREPARO

Deixa de recolher as custas de preparo de interposição do presente Recurso,


por ser beneficiária da justiça gratuita.
Conforma consta dos autos, a parte recorrente é beneficiária da justiça gratuita,
o que lhe isento do recolhimento das custas judiciais, entre elas o preparo e o porte e
remessa.
A Constituição dispõe que “o Estado prestará assistência jurídica integral e
gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos” (artigo 5º, LXXIV, CRFB/88).
Trata-se de cláusula pétrea da nossa Constituição, não se podendo incrementar o
texto normativo para nele inserir outras exigências.
Em consonância aos ditames Constitucionais e art. 99, caput e § 7º, do NCPC,
prevê que “O pedido de gratuidade da justiça pode ser formulado na petição
inicial, na contestação, na petição para ingresso de terceiro no processo ou em
recurso.” e "requerida a concessão de gratuidade da justiça em recurso, o
recorrente estará dispensado de comprovar o recolhimento do preparo,
incumbindo ao relator, neste caso, apreciar o requerimento e, se indeferi-lo, fixar
prazo para realização do recolhimento."
Todavia, desde já a parte recorrente reitera o pedido de justiça gratuita a corte
superior, isentando-a do pagamento das às taxas judiciárias, dos emolumentos e às
custas, na forma da Lei.
Assim sendo, requer-se a extensão da benesse para esta instância recursal.

II. DA TEMPESTIVIDADE

Inicialmente, cumpre ressaltar a tempestividade do presente recurso, sendo


que o prazo é de 15 (quinze cinco) dias.
Portanto, é tempestivo o presente Recurso apresentado nesta data.

III. DA SÍNTESE PROCESSUAL

Detalhando-se o histórico processual relativo ao presente feito, cumpre


informar, de início, tratar-se de feito com vistas à execução da sentença coletiva do
chamado Plano Verão, instituído em 15 de janeiro de 1989, por meio da Medida
Provisória n. 32, convertida posteriormente na Lei n. 7.730, de 31.1.1989.
Portanto, este feito, em verdade, tem como origem a Ação Civil Pública n.º.
0719385-60.1995.8.26.0100 (já colacionada aos autos) na qual o INSTITUTO
BRASILEIRO DE DEFESA DO CONSUMIDOR – IDEC demandou em face o BANCO
BANEB, atual BANCO BRADESCO S/A, objetivando a condenação no pagamento das
diferenças das correções aplicadas às cadernetas de poupanças, em virtude do Plano
Verão.
Ato contínuo, foi prolatada a sentença, homologando o cálculo apresentado
pela contadoria.
A partir da leitura do comando decisório exarado nos autos, com a devida
vênia, verifica-se que o Juízo de Origem equivocou-se a homologação do cálculo
realizado pela contadoria, eis que totalmente equivocado.
Desta forma, novamente pedindo-se todas as vênias ao entendimento
contrário, não há que se falar em ocorrência de prescrição, conforme restará
demonstrada nos termos abaixo delineados, de modo que torna-se necessário a
reforma da sentença de piso.

IV. DA IMPUGNAÇÃO ESPECÍFICA – DA POSSIBILIDADE DE CORREÇÃO DE


ERRO MATERIAL A QUALQUER TEMPO DO PROCESSO

Discordamos, enfaticamente, da parte da decisão recorrida que diz:


A impugnação ao cumprimento de sentença foi rejeitada (fls.
210/214). Foi ordenada a remessa ao SEACON (para a liquidação).
Não se conformando o Banco do Brasil ofereceu recurso. Não
obstante, a Colenda Câmara Especial de Presidentes do E. Tribunal
de Justiça de São Paulo, sem divergência de votos, negou
provimento ao recurso, conforme voto condutor do eminente
Desembargador Luiz Antonio de Godoy (Agravo Interno nº 2270759-
49.2015.8.26.0000 - fls. 272/276 - Decisão transitada em julgado - fls.
277). O cálculo do SEACON de fls. 366/372, bem delineou o quadro
da dívida retratada no cumprimento de sentença, no patamar de R$
2.264,98, para 17/07/2015 (fls. 372). O completo e detalhado cálculo
vence, de forma soberba, a resistência da parte credora.
Considerando a satisfação da dívida, JULGO EXTINTO o processo
de execução/cumprimento de sentença, nos termos do. o art. 924,
inciso II, do Código de Processo Civil - CPC. Decorridos 5 (cinco)
dias da publicação da presente sentença: A) Expeça-se mandado de
levantamento em favor da credora, no montante de R$ 2.264,98,
para 17/07/2015 (fls. 372); B) Comprovado o recolhimento das custas
finais pelo Banco, no valor da taxa mínima, expedir-se-á(ão)
mandado(s) de levantamento do saldo remanescente, em favor do
Banco do Brasil vinculando o respectivo CNPJ, conforme vem sendo
feito nos últimos casos, a pedido da Instituição Financeira. Após,
transitada em julgado, e liquidadas eventuais custas remanescentes
a cargo da parte devedora, anote-se a extinção do processo e
arquivem-se os autos com a movimentação 61615. P. I. C
Com efeito, isso é o que diz o artigo 494, inciso I do Novo Código de
Processo Civil , o qual estabelece que:
Art. 494. Publicada a sentença, o juiz só poderá alterá-la:
I - para corrigir-lhe, de ofício ou a requerimento da parte,
inexatidões materiais ou erros de cálculo;
Aliás, no Recurso de Apelação número, o Tribunal de Justiça do Estado de
São Paulo já manifestou-se nesse sentido:
(...), verifica-se que, em nenhum momento, houve determinação de
aplicação de juros. O art. 24 da Lei 8906/94, mencionada pelo
apelante para corroborar seu entendimento, não lhe socorre, uma
vez que não determina a aplicação de juros aos valores fixados a
título de honorários advocatícios. Veja-se: Art. 24. "A decisão
judicial que fixar ou arbitrar honorários e o contrato escrito que os
estipular são títulos executivos e constituem crédito privilegiado na
falência, concordata, concurso de credores, insolvência civil e
liquidação extrajudicial". Apenas a correção monetária deve ter
incidência. Nesse sentido: "PROCESSUAL CIVIL - EXECUÇÃO DE
TÍTULO JUDICIAL - DISPARIDADE ENTRE O COMANDO DA
SENTENÇA E A CONTA DE LIQUIDAÇÃO - ERRO MATERIAL -
RETIFICAÇÃO A QUALQUER TEMPO - POSSIBILIDADE - 1. A
Execução de título judicial adstringe-se à condenação exposta na
sentença transitada em julgado, sendo defeso ao julgador
extrapolar os limites definidos no titulo executivo, respeitada a
eficácia preclusiva do julgado (art. 474 do CPC) (...) (STJ - RESP
511369 - DF - Rei. Min. Luiz Fux - DJU 09.12.2003 -p. 00227)". Por
fim, assiste razão ao apelante no que tange ao fato do perito ter
apreciado[...]”
Neste sentido manifesta-se também o Tribunal de Justiça do Estado do Rio
Grande do Sul (Apelação cível número: Nº 70055391148):
Apelação cível. Impugnação ao Requerimento de Cumprimento de
Sentença. Brasil telecom. OCORRÊNCIA DE JUROS SOBRE
JUROS. NÃO DEMONSTRADOS. Modificação atentaria contra
decisão que transitou em julgado. Erro material. O erro material
pode ser sanado a qualquer tempo, sem que incidam os efeitos da
preclusão ou da coisa julgada (art. 463, I, do CPC). Todavia, no
caso concreto, trata-se de reapreciação de questão já decidida.
NEGARAM PROVIMENTO AO RECURSO. UNÂNIME..
Finalmente, o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, em inúmeros
casos, tal como o presente, vem reafirmando sua jurisprudência no sentido de que o
erro material pode (isto é, deve) ser corrigido a qualquer tempo e grau de jurisdição.
Vejamos:
EMENTA:AGRAVO dE INSTRUMENTO COMPROMISSO DE
COMPRA E VENDA AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS
MORAIS E MATERIAIS ATRASO NA ENTREGA DA OBRA
CONDENAÇÃO EM LUCROS CESSANTES RECONHECIMENTO
DO ERRO MATERIAL, COM AMPARO NO ART. 463, I,
DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVILCORREÇÃO DA DATA DE
INCIDÊNCIA DOS LUCROS CESSANTES. RECURSO
PARCIALMENTE PROVIDO[7].
Com efeito, a prevalecer o entendimento, data máxima vênia, equivocado do
Magistrado recorrido teríamos a sui generis situação do erro material que se
sobrepõe à “coisa julgada”.
Neste caso, temos, por óbvio, que a decisão atacada viola sim à coisa
julgada, constituindo, desse modo, ofensa direta à Constituição da República de
1.988, no inciso XXXVI do artigo 5º, o qual prescreve:
XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico
perfeito e a coisa julgada;
Noutras palavras, não se opera a preclusão contra erro material. Vejamos:
PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO DE INSTRUMENTO.
SOBRE ERROMATERIAL NÃO OPERA PRECLUSÃO.
ART. 463 DO CPC. 1. Se requerida pela parte retificação
de erro de material, o juiz não pode furtar-se ao exame do pedido
alegando preclusão à impugnação do cálculo pelo fato
de não terem sido interpostos embargos tempestivamente. 2.
Hipótese de aplicação do art. 463 do CPC. 3. Agravo de
instrumento provido. (TRF-4 - AG 16822 RS 2003.04.01.016822-0
(TRF-4) Data de publicação: 10/09/2003)
 Feitas estas considerações, temos que a r. decisão incorreu em erro quando
homologou o cálculo realizado pela contadoria. Cálculo este muito aquém do valor
que tem direito a parte Apelante.
Obviamente, Excelência, que não compete ao Tribunal a elaboração de
cálculos aritméticos, esse é um serviço que pode ser realizado tanto pelas partes ou
pela Contadoria Judicial, e, quando mais complexo (o que, em absoluto, não é o
caso) por peritos externos.
Ocorre, todavia, que a Contadoria, por um lapso, em seus cálculos,
mormente, olvida-se cálculo finde de " R$ 2.264,98, para 17/07/2015 em favor do
exequente", sendo que, esta falha acarreta substancialmente o crédito a ser recebido
pela Apelante, além de gerar enriquecimento sem causa para a Apelada.
Para piorar a situação, o MM. Magistrado, homologou o cálculo da
Contadoria, sem ao menos analisar que este estava muito abaixo do valor requerido
na inicial.
Com efeito, é império seja, neste ponto, cassada a respeitável decisão , eis
que o valor correto a ser considerado é de R$3.663,20.

Por consequência, os cálculos para atualização e incidências de juros da conta


n. 116.608.132-7 deverão considerar o saldo existente em 13, qual seja, NCz$ 526,28,
perfazendo um saldo atualizado de R$ 3.663,20.
Sobre o valor controvertido, incide desde a data do plano Verão juros e
correções diferenciados até 17/05/2015 conforme as tabelas descritas abaixo
atingindo desta forma o valor controvertido corrigido de R$ R$ 3.663,20.
Posto isso, a divergência nos cálculos se dá, especialmente, porque não foi
atendido os parâmetros para elaboração do cálculo definidos na sentença da Ação
Civil Publica e na posição Majoritária do Superior Tribunal de Justiça, ocorrendo em
resultado a menor.
Importa salientar que, o valor controvertido não contempla juros
remuneratórios.
 Aqui, Excelências, temos que em hipótese alguma pretende-se o desrespeito
ao artigo 876, do Código de Processo Civil, ocorre que, o Juiz "a quo", homologou
um cálculo totalmente equivocado, causando sérios prejuízos a parte Apelante.
Não obstante esses ABSURDOS equívocos apontados, o Magistrado
de primeiro grau, ao julgar a impugnação, entendeu por bem adotar como certo o
cálculo da contadoria. No entanto, ao contrário do quanto apurado pelo Contadoria
Judicial, o critério de correção correto deve ser baseado pela apuração do valor com
base nos critérios definidos na sentença da Ação Civil Pública, vejamos:
Vejamos:
Os juros de mora aplicados no cálculo apresentado ela parte Autora são
considerados a partir da citação da Ação Coletiva (08/06/1993) demonstram-se lícitos
e exigíveis, não merecendo qualquer reparo.
Para fins de julgamento de Recurso Representativo de Controvérsia, declara-
se consolidada a tese seguinte: "Os juros de mora incidem a partir da citação do
devedor na fase de conhecimento da Ação Civil Pública, quando esta se fundar
em responsabilidade contratual, se que haja configuração da mora em momento
anterior." 4.- Recurso Especial improvido. (REsp 1361800/SP, Rel. Ministro RAUL
ARAÚJO, Rel. p/ Acórdão Ministro SIDNEI BENETI, CORTE ESPECIAL, julgado em
21/05/2014, DJe 14/10/2014) 
Denota-se que não há existe nenhuma irregularidade no cálculo realizado pela
Apelante, que foram elaboradas com absoluta sujeição à r. sentença da Ação Civil
Pública, por meros cálculos aritméticos, mediante as peculiaridades ensejadoras
contida no título judicial.
Impugna desde já o método de cálculo utilizado pela Contadoria, devendo
prevalecer os cálculos da parte Autora (anexo), totalizando a importância de R$
3.663,20
Nesse sentido, merece destaque a decisão do Superior Tribunal de Justiça,
senão vejamos:
(...) TERMO INICIAL DOS JUROS DE MORA. CITAÇÃO NA AÇÃO
CIVIL PÚBLICA. MATÉRIA JULGADA SOB O REGIME DO ART.
543-C DO CPC. RECURSO NÃO PROVIDO. 1. "Os juros de mora
incidem a partir da citação do devedor na fase de conhecimento
da Ação Civil Pública, quando esta se fundar em
responsabilidade contratual, se que haja configuração da mora
em momento anterior" (REsp 1370899/SP, Rel. Ministro SIDNEI
BENETI, CORTE ESPECIAL, julgado em 21/05/2014, REPDJe
16/10/2014, DJe 14/10/2014). 2. Recurso especial a que se nega
seguimento. DECISÃO 1. Cuida-se de recurso especial interposto
por BANCO DO BRASIL S/A, com fundamento no art. 105, III, a e c,
da Constituição Federal de 1988, contra acórdão proferido pelo
Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, assim ementado: *
INTERESSES TRANSINDIVIDUAIS - IMPUGNAÇÃO AO
CUMPRIMENTO DO DECISUM - Os juros de mora, nas ações em
que são pleiteadas diferenças dos rendimentos das contas-
poupanças, são devidos a partir da citação na demanda coletiva
- Sucumbência recíproca - Inocorrência - a instituição financeira
arcará com a verba honorária advocatícia em 20% do valor da
condenação - Recurso provido * Em suas razões recursais (fls. 266-
273), aponta a parte recorrente ofensa ao disposto no art. 219 do
Código de Processo Civil. Sustenta que é descabida a incidência dos
juros de mora a partir da citação na ação civil pública. Contrarrazões
ao recurso especial às fls. 279-281. Crivo positivo de admissibilidade
na origem (fl. 283). É o relatório. DECIDO. 2. Não merece prosperar
a irresignação. 3. A Corte Especial do Superior Tribunal de
Justiça, em sessão realizada no dia 21/05/2014, em julgamento
de recursos representativos de controvérsia repetitiva (REsp
1.370.899/SP e REsp 1.361.800/SP), consolidou o entendimento
"Os juros de mora incidem a partir da citação do devedor na
fase de conhecimento da Ação Civil Pública, quando esta se
fundar em responsabilidade contratual, se que haja
configuração da mora em momento anterior". (...) (STJ - REsp:
1387331 SP 2013/0167883-9, Relator: Ministro LUIS FELIPE
SALOMÃO, Data de Publicação: DJ 10/12/2014) (destaquei)
Os juros remuneratórios e a correção monetária, vimbumbra-se incoerente,
uma vez que tratando-se de débito judicial, a incorporam-se sobre a atualização da
moeda todos os expurgos inflacionários, no caso, subsequentes ao reconhecido no
Plano Verão, pois esses independem de novo comando judicial consoante
demonstrado. Assim, são devidas essas correções sobre o montante devido.
Verifica-se, portanto, que a matéria relativa aos juros remuneratórios e a
correção monetária esteve presente no âmbito da ação de conhecimento que ora
se busca dar efetividade através da presente execução. Ademais, seja também
ressaltado que o pleito relativo à aplicação dos juros remuneratórios preenche todos
os requisitos relativos à sistemática legal dos pedidos em nosso ordenamento pátrio.
Desta forma, em primeiro lugar, temos que o pedido formulado nos moldes
acima é juridicamente possível. Temos também que o próprio pleito de aplicação da
correção monetária se relaciona à causa de pedir e é por ela delimitado, sendo,
assim, congruente e coerente com o que fora debatido ao longo da Ação Coletiva.
Tal correção, conforme vem entendendo os Tribunais do país, é devida, por se
tratar de direito adquirido através de um ato jurídico perfeito, garantido pelo artigo 5º,
XXXVI da Constituição Federal e definido pelo artigo 6º da Lei de Introdução ao
Código Civil de 1916:
DIREITO ECONOMICO. CADERNETA DE POUPANÇA.
ALTERAÇÃO DO CRITERIO DE ATUALIZAÇÃO. JUNHO/87.
DIREITO ADQUIRIDO DO DEPOSITANTE. PRECEDENTES.
RECURSO NÃO-CONHECIDO. I - A jurisprudência desta corte
orientou-se no sentido de que as regras relativas aos
rendimentos da poupança, resultantes das resoluções 1.336/87,
1.338/87 e 1.343/87, do Conselho Monetário Nacional, aplicam-se
aos períodos aquisitivos iniciados a partir do dia 17 de junho de
1987, de sorte a preservar o direito do depositante de ter
creditado o valor relativo ao IPC para corrigir os saldos em
contas cujo trintídio se iniciou antes dessa data. II - A retirada
do dinheiro antes de completados os trinta dias - e essa
consciência o poupador a tem também no momento da
celebração ou renovação da aplicação – importa apenas na
perda voluntária do direito ao rendimento, perda que, contudo,
decorre de atitude unilateral facultada contratualmente ao
investidor de não mais se dispor a cumprir a condição
suspensiva a que se deveria submeter para fazer jus a
contraprestação remuneratória ajustada. III - O que não se
admite, porém, é que, uma vez transcorrido o lapso temporal
exigível sem retiradas, cumprido portanto pelo poupador tudo o
que lhe incumbia, a instituição financeira venha a creditar o
rendimento com base em índice diverso do vigente à época da
contratação. IV – Eventuais alterações na política econômica,
decorrentes de planos governamentais, não afastam por si, a
legitimidade ad causam das partes envolvidas em contratos de
direito privado, inclusive as instituições financeiras que atuam
como agentes captadores. Existindo vínculo jurídico de índole
contratual entre as partes, a legitimidade não se arreda pela
simples circunstância de terem sido emitidas normas por
órgãos oficiais que possam afetar a relação entre os
contratantes. (REsp 77.709/MG, Rel. Ministro SÁLVIO DE
FIGUEIREDO TEIXEIRA, QUARTA TURMA, julgado em 13.05.1996,
DJ 10.06.1996 p. 20339)
Portanto, considerando-se que o direito adquirido é direito fundamental,
alcançado constitucionalmente, conforme disposto no artigo 5º, XXXVI, CF, bem como
na Lei de Introdução ao Código Civil, junto ao artigo 6º, §2º, faz jus o Autor à correção
monetária pelo índice pleiteado na peça inaugural.
Quanto à alegação de excesso de execução, não assiste razão ao Réu, vez
que este não trouxe elementos hábeis a desconstituir os cálculos apresentados pela
parte Autora. Neste sentido, salienta-se que cabia ao Réu/Impugnante o ônus de
comprovar a irregularidade no cálculo realizado, o que não foi verificado na espécie.
Ademais, verifica-se que tais cálculos foram elaborados em conformidade fixados na
sentença, sendo irrelevante a discussão acerca de métodos utilizados na elaboração
dos mesmos, uma vez que não compete mais a este juízo decidir o que já foi decidido
na Ação Civil Pública. Se a sentença diz que a parte tem direito, não precisa
absolutamente de decisão do juízo para discutir decisão já transitada em julgada.
Aliás, não só não precisa como este juízo NÃO DEVE decidir nada a respeito, pois já
foi decidido com força de coisa julgada material.
Além disso, resta nitidamente demonstrado, que a discussão do tema está
protegido sob o manto da coisa julgada, conduta que beira a má-fé processual por
parte da Instituição Financeira Ré, por caracterizar resistência injustificada ao
andamento do processo, bem como deduzir novo método de cálculo, diferente daquele
constante na sentença da ação civil pública.
Salienta-se ainda que, por coisa julgada material entende-se a eficácia, que
torna imutável e indiscutível a sentença para as partes litigantes (arts. 502 e seguintes,
do CPC/2015).
Na verdade, o juízo pode e deve decidir omissões, questões que não foram
expressas claramente na sentença coletiva, TÃO SOMENTE ISSO. O que não é o
caso dos autos.
Portanto, não há como negar que os valores são equivocadamente inferiores
ao que deveria ter sido homologado, na sentença exequenda, sendo, portanto, ilegal e
arbitrária tal decisão que homologou o cálculo da contadoria, devendo prevalecer o
cálculo apresentado pela parte Apelante de R$ 3.663,20.

V. DOS PEDIDOS

Diante do exposto, requer seja dado CONHECIMENTO E PROVIMENTO ao


presente RECURSO DE APELAÇÃO, para ANULAR A SENTENÇA DE PISO, por
ausência de fundamentação, afastando-se o cálculo apresentado pela
contadoria, e homologando o cálculo apresentado pela parte Apelante.
De forma subsidiária, caso não seja acolhido o argumento do error in
procedendo acima ventilado, seja REFORMADA A SENTENÇA, ratificando o mesmo
pedido de julgamento do mérito recursal formulado no parágrafo acima, qual seja, a
homologação da parte autora na importância de R$ R$ 3.663,20.

Nesses termos,
Pede deferimento.

São Paulo/SP, Tuesday, 28 de March de 2023

EVANDRO JOSÉ LAGO


OAB/SP 214.055

Você também pode gostar