Sindrome Metabolica - Sanar
Sindrome Metabolica - Sanar
Sindrome Metabolica - Sanar
Metabólica
SUMÁRIO
1. Definição e epidemiologia....................................................................................3
2. Fisiopatologia......................................................................................................5
4. Tratamento........................................................................................................13
Referências ........................................................................................................................17
1. DEFINIÇÃO E EPIDEMIOLOGIA
Ao passo que a obesidade se tornou mundialmente uma doença crônica grave e
prevalente na faixa etária pediátrica, diversas patologias relacionadas à obesidade,
que até então eram apenas vistas em indivíduos adultos, passam a atingir também a
população de crianças e adolescentes. É nesse cenário que temos visto o aumento
da prevalência da chamada Síndrome Metabólica (SM) a qual é uma condição clíni-
ca em que anormalidades antropométricas, fisiológicas e bioquímicas levam ao au-
mento do risco para o desenvolvimento de diabetes mellitus tipo 2 (DM2) e doenças
cardiovasculares (DCV).
No Brasil, esse aumento da SM tem sido visto principalmente em crianças obesas
entre 7-10 anos de idade, onde a prevalência de SM chega a 17,3%. Como veremos
a seguir na fisiopatologia, a obesidade está de fato relacionada com a gênese dessa
síndrome, de modo que alguns estudos mostram a prevalência de 28,7% e 6,1% em
adolescentes norte-americanos obesos e com sobrepeso, respectivamente, em con-
traposição com apenas 0,1% de prevalência de SM em eutróficos.
Não existe um consenso sobre o que define SM na faixa etária pediátrica, sendo
necessários ainda mais estudos com crianças e adolescentes para identificar quais
seriam os “pontos de corte” e exames necessários para definir essa Síndrome para
este grupo especificamente. A Sociedade Brasileira de Pediatria adota o consenso
proposto pela International Diabetes Federation (IDF) que estabelece critérios para
crianças entre 6-16 anos, não estabelecendo critérios para menores de 6 anos, e pa-
ra aquelas acima dos 16 anos adota os mesmos critérios já estabelecidos para os
adultos.
Na tabela abaixo é possível observar 3 dos principais critérios para definição de
SM na faixa etária pediátrica: da IDF, da Organização Mundial da Saúde (OMS) e
National Colesterol Education Program-Adult Treatment Panel (NCEP-ATP III).
Síndrome Metabólica 3
Critérios definidores de síndrome metabólica por autor
Nº crité- Sinais para Diagnóstico de Síndrome Metabólica
rios para
Autor Idade Pressão
diagnós- Obesidade Triglicerídeos HDL Glicemia
Arterial
tico
CA + 2
IDF 6-16 anos >p90 ≥ 130/85 ≥150 <40 ≥100
critérios
CA:
CA + 2 >94 cm M: <40
IDF >16 anos ≥ 130/85 ≥150 ≥100
critérios (M) F: <50
>80 cm (F)
NCEP-ATP PAS ou M: ≤ 40
3 critérios 12-19 anos >p90 ≥110 ≥110
III PAS >p90 F: ≤ 45
2 critérios
*: realizar
exame de ≥110 e
PAS ou
OMS microalbu- - IMC≥p97 ≥150 M: ≤35 hiperinsuli-
PAS ≥p90
minúria e nemia
resistência
à insulina.
CA: circunferência abdominal; PAS: pressão arterial sistólica; PAD: pressão arterial diastólica;
IMC: índice de massa corpórea
Fonte: Sociedade Brasileira de Pediatria, 2019.
No entanto, como vimos na aula de Dra. Nathalia, mais importante do que saber
todos esses critérios e pontos de corte diferentes é fundamental compreender o que
expressa a síndrome metabólica, ou seja, um conjunto de fatores de risco cardiovas-
cular que já podem estar presentes nas crianças e nos adolescentes, podendo culmi-
nar em desfechos deletérios na idade adulta com alta morbimortalidade.
Síndrome Metabólica 4
Saiba mais! Estudo realizado com 771 crianças de 5 a 19 anos
avaliou presença do diagnóstico de síndrome metabólica e as reavaliou após
25 anos. Após esse período, 19,4% das crianças que apresentaram síndrome
metabólica na infância apresentaram doença cardiovascular na vida adulta e
apenas 1,5% daquelas que não tiveram síndrome metabólica na infância tive-
ram doença cardiovascular quando adultos. Fonte: Morrison JA, Friedman LA,
Gray-McGuire C. Metabolic syndrome in childhood predicts adult cardiovascular
disease 25 years later: the Princeton Lipid Research Clinics Follow-up Study.
Pediatrics 2007; 120(2):340-5.
OBESIDADE CENTRAL
↑ RISCO CARDIOVASCULAR
2. FISIOPATOLOGIA
O mecanismo fisiopatológico da SM ainda é um pouco controverso, no entanto,
como dito anteriormente, a obesidade, e todos os mecanismos fisiopatológicos para
seu surgimento abordados no Super Material de Obesidade (Pediatria), parece ser o
principal “ponto de partida” para a síndrome metabólica; associado a isso, a resis-
tência insulínica é outro componente-chave para o desenvolvimento da SM, sendo o
principal componente metabólico dela.
O início dessa patogênese ocorre desde eventos intrauterinos que culminam em
restrição do crescimento intrauterino ou baixo peso ao nascer e geram um fenótipo
“poupador” de calorias nessas crianças, interferindo na sua programação metabóli-
ca. Associado a fatores exógenos, podem transformar-se em alterações metabólicas
futuras relacionadas à SM. Além disso, crianças com ganho de peso excessivo nos
Síndrome Metabólica 5
primeiros 6 meses de vida também irão criar essa “memória metabólica” que pode
levar à obesidade, resistência insulínica, hipertensão, DM2 e síndrome metabólica.
O papel endócrino do tecido adiposo, sobretudo, da gordura visceral, permite expli-
car a possível gênese da resistência insulínica/DM2 e das outras afecções presentes
na SM como dislipidemia, esteatose hepática, da hipertensão arterial. Quando em
excesso, os adipócitos passam a produzir em maior quantidade adipocinas como a
leptina e as citocinas inflamatórias, bem como o aumento de adiponectinas o que re-
sulta em maior estado inflamatório, diabetogênico, aterosclerótico e redução do gasto
energético em pessoas com excesso de gordura.
Com esse aumento do tecido adiposo tem-se um aumento dos ácidos graxos li-
vres no organismo e há uma redução da sinalização para os efeitos da insulina (um
dos efeitos da insulina, inclusive, é aumentar a síntese de ácidos graxos) culminando
em uma resistência à insulina. Tanto a resistência insulínica quanto o aumento da in-
gesta calórica leva ao excesso de triglicerídeos circulantes, o que gera um estímulo
Síndrome Metabólica 6
hepático para síntese de lipoproteínas ricas em triglicerídeos como as LDL pequenas
e densas e HDL disfuncionais que logo são excretadas pelos rins. Com isso, ocorre
um aumento dos triglicerídeos e LDL, ao passo que há redução dos níveis de HDL,
o que caracteriza o quadro de dislipidemia. Além disso, o aumento de lipídios perife-
ricamente, em indivíduos predispostos, leva ao acúmulo de gordura em células pan-
creáticas (esteatose da ilhotas pancreáticas), que resulta em apoptose das células
beta e compromete a secreção de insulina levando ao DM2.
Síndrome Metabólica 7
FLUXOGRAMA FISIOPATOLOGIA SINDROME METABOLICA
OBESIDADE CENTRAL
↑TNF-α ↓Adiponectina
↑Leptina ↑IL-6
Hiperinsulinismo
HIPERTENSÃO ARTERIAL
Síndrome Metabólica 8
Figura 1: Acantose nigricans.
Fonte: kwanchai.c/shutterstock.com.
Síndrome Metabólica 9
FLUXOGRAMAS REVISÃO DOS PASSOS DE AFERIÇÃO DA PA
AFERIR A PA
RELACIONAR NA TABELA:
40% da largura Idade x Estatura (percentil ou Tabela de Percentis de PA
80-100% comprimento cm aproximada) (verificar tabela completa)
DO BRAÇO DA CRIANÇA x medida de PAS e PAD
VERIFICAR PERCENTIL
DE PA CORRESPONDENTE
CLASSIFICAR:
Crianças ≥ 13
Crianças 1-13 anos de idade
anos de idade
Avaliação laboratorial
A avaliação laboratorial é importante não somente para o diagnóstico da SM co-
mo também na investigação de patologias relacionadas. Como vimos, independen-
temente do ponto de corte para critério de definição de SM, além das medidas de
pressão arterial e verificação da obesidade (seja por medida de CA ou IMC), todos
abarcam o rastreio do perfil lipídico (triglicerídeos e HDL) e perfil glicêmico (glicemia
em jejum). Sendo a criança obesa é importante também proceder a investigação de
doença hepática gordurosa não alcóolica (DHGNA).
A investigação do perfil glicêmico é feita pela medida da glicemia em jejum e se
necessário pelo teste de tolerância oral à glicose. Já a investigação do perfil lipídico
deve ocorrer para crianças a partir dos 2 anos se elas tiverem fator de risco cardio-
vascular pessoal como é o caso daquelas em que suspeitamos do diagnóstico de
SM ou que possuam fator de risco no histórico familiar. E, quanto à investigação de
DHGNA, todas as crianças com sobrepeso ou obesidade devem ser submetidas a
uma avaliação da função hepática e uma ultrassonografia (USG) hepática.
Lipopro-teínas
Desejáveis Limítrofes Elevados
100-126: ALTERADA (mg/dL)
Colesterol
< 100: ADEQUADO ≥ 126: DIABETES <150 150-169 ≥ 170
total
Ampliar investigação
HDL ≥ 45 < 40
≥ 140 a <200:
INTOLERÂNCIA À GLICOSE
Trigli-cerídeos < 100 100-129 ≥ 130
PERFIL HEPÁTICO
USG NORMAL:
USG ALTERADA:
Exclusão de outras doenças
Encaminhar para o
hepáticas e sistêmicas.
especialista.
Avaliar ingesta alcoólica.
Fonte: Elaborado pelo autor.
4. TRATAMENTO
O tratamento da síndrome metabólica consiste no tratamento dos componentes
dela, individualizando os tratamentos para HAS, dislipidemia e RI. A perda de peso,
melhora dos hábitos alimentares e realização de atividade física são a melhor op-
ção terapêutica para o tratamento da SM melhorando a dislipidemia, hipertensão e
o risco cardiometabólico como um todo. No entanto, como essa mudança no estilo
de vida envolve não somente os hábitos da criança, mas de toda família, em grande
parte das vezes essa estratégia acaba falhando.
Para o tratamento especificamente da resistência insulínica, é liberado no Brasil o
uso de metformina para crianças e adolescentes acima dos 10 anos de idade com
potencial de redução da glicemia, dos níveis de insulina, do ganho de peso, interrom-
pendo o ciclo de intolerância à glicose e retardando a progressão para DM2.
Quanto ao tratamento da dislipidemia, além de uma dieta com baixa ingestão
de gorduras, em pacientes a partir de 8 anos que mesmo após as medidas não far-
macológicas por 6 meses mantenham LDL ≥190 ou LDL ≥160 + obesidade/HAS/
tabagismo/histórico familiar de DCV ou LDL ≥130 + DM deve ser considerado o trata-
mento com estatinas ou quelantes de sais biliares.
TRATAMENTO
SÍNDROME METABÓLICA:
TRATAR SEUS
COMPONENTES!
>7 anos OU
Comorbidades
PERDA DE PESO NÃO FARMACOLÓGICAS Cirurgia FARMACOLÓGICAS: Se falha por 6 meses na perda de peso
e mudança no estilo de vida
Resistência
↑ Triglicerídeos
Critérios IDF (6-16 anos): Insulínica Quadro clínico
e Diagnóstico
CA >p90 + 2 critérios:
Fatores de risco:
PA ≥ 130/85 Obesidade, acantose,
baixo peso ao nascer,
TGL ≥150 Hipertensão ↑ LDL histórico familiar
Arterial ↓ HDL de DM2 e DCV
HDL <40
IMC, CA, PA
Glicemia ≥100
Laboratório: Perfil
Estado Inflamatório e
glicêmico, lipídico, TGP.
Pró-trombrótico
Medicamentos:
Controle do peso e Se não for suficiente:
Tratamento RI → Metformina
mudanças na alimentação
(tratar componentes) HAS → IECA, BRA, BCC
e hábitos de vida
Dislipidemia → Estatinas
Fonte: Elaborado pelo autor.
Sanar
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