Fibromialgia e Sindromes Reumaticas
Fibromialgia e Sindromes Reumaticas
Fibromialgia e Sindromes Reumaticas
CLÍNICA MÉDICA V
FIBROMIALGIA E
SÍNDROMES REUMÁTICAS
DOLOROSAS REGIONAIS
1
SUMÁRIO
1. Fibromialgia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
1.1. Definição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
1.2. Epidemiologia e Etiologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
1.3. Fisiopatologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
1.4. Manifestações Clínicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
1.5. Diagnóstico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
1.6. D
iagnósticos Diferenciais e Patologias Coexistentes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
1.7. Tratamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
2
FIBROMIALGIA E
SÍNDROMES REUMÁTICAS
DOLOROSAS REGIONAIS
importância/prevalência
u A fibromialgia cursa com dor difusa crônica, fadiga, sono não reparador e transtorno de humor.
u A fibromialgia não é considerada diagnóstico de exclusão e os exames complementares são normais.
u Nos critérios ACR 2011 foram criados dois índices (IDG e EGS) e excluiu-se a presença de tender points.
u Com relação às síndromes dolorosas regionais, saber a sintomatologia e os testes ao exame físico.
A fibromialgia é uma doença não autoimune e não A fibromialgia coexiste com doenças crônicas,
inflamatória, caracterizada pela presença de dor
inclusive outras doenças reumatológicas, numa
difusa crônica associada à fadiga, de distúrbio do
prevalência de cerca de 20% a 25%. É mais comum
sono e de transtorno de humor. Existem alguns sinto-
em mulheres (6 a 10 mulheres para cada homem),
mas subjetivos variáveis referidos pelos pacientes, variando seu início entre 25 e 65 anos de idade.
como, por exemplo, parestesias, edema de mãos e
palpitações. Também podem estar presentes algu- Estima-se que mundialmente afete 0,5% a 5% da
mas síndromes disfuncionais que acarretam dores população mundial, sendo uma doença muito
localizadas ou em órgãos específicos, a exemplo da comum na prática clínica, e sua prevalência aumenta
dor de parede abdominal por cólon irritável, sintomas em pacientes com doenças crônicas. No Brasil, é
da síndrome uretral feminina e da cistite intersticial. a segunda doença reumática mais comum depois
da osteoartrite.
Apesar da sintomatologia e potencial impacto na
qualidade de vida, é uma condição que pode ser Fatores como infecções virais (EBV, parvovírus,
considerada benigna por não acarretar danos per- hepatite C), inflamação articular crônica, trauma
manentes e irreversíveis. psicológico, apneia do sono e estresse emocional
estão associados como potenciais gatilhos para
a doença.
1.2. EPIDEMIOLOGIA E ETIOLOGIA
Também se admite um risco relativo, que pode
chegar a 8,5%, em familiares de primeiro grau. O
BASES DA MEDICINA polimorfismos que codificam receptores de sero-
tonina e dopamina também constituem fatores
A etiologia da fibromialgia ainda não é bem conhe- genéticos importantes para o desenvolvimento de
cida. Acredita-se que sua causa seja, essencialmente, fibromialgia.
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Fibromialgia e síndromes reumáticas dolorosas regionais Reumatologia
1.3. FISIOPATOLOGIA
BASES DA MEDICINA
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Fibromialgia e síndromes reumáticas dolorosas regionais
Existem relatos subjetivos de edema de mãos e Presença da dor nos hemicorpos direito e esquerdo,
acima e abaixo da cintura, no eixo axial.
sensação de parestesia e presença de manifesta-
ções-satélite, como distúrbio cognitivo, síndrome Exame físico com 11 a 18 tender points.
da fadiga crônica, distúrbios funcionais intestinais Tender points: múltiplas áreas dolorosas nos músculos
(diarreia ou constipação), cistite intersticial, dor pél- e tendões (força até a unha ficar branca = 4 kg/cm²).
vica crônica, cefaleia, disfunção de articulação tem-
Fonte: Adaptado de Bonfá et al.1
poromandibular e síndrome das pernas inquietas.
Os tender points (pontos dolorosos) incluem áreas
Quadro 2. Critérios classificatórios do
de musculatura, ligamentos e bursas. São conside- American College of Rheumatology (ACR).
rados 18 pontos para os critérios classificatórios.
Tender points (pontos dolorosos)
Posterior à proeminência
Trocânter maior
trocantérica
1.5. DIAGNÓSTICO Na parte medial próxima
Joelho
à linha interarticular
A presença de dor difusa é característica fundamen- Fonte: Adaptado de Bonfá et al.1
tal e específica para o diagnóstico de fibromialgia,
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Fibromialgia e síndromes reumáticas dolorosas regionais Reumatologia
Figura 2. Os nove pares de tender points. Os critérios ACR 2010/2011 são diagnósticos e têm
maior sensibilidade para homens, por não incluírem
os tender points. Contempla sintomas como cefa-
leia, fadiga e distúrbio cognitivo. Além de eliminar
a contagem de pontos dolorosos, criaram-se dois
índices: índice de dor generalizada (IDG) e escala
de gravidade dos sintomas (EGS).
u O IDG contempla 19 regiões nas quais o paciente
Região cervical
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Fibromialgia e síndromes reumáticas dolorosas regionais
Região dorsal
Região lombar
Tórax
Abdome
Marque a intensidade dos sintomas nos últimos 7 dias (0 = ausente; 1 = leve; 2 = moderado; 3 = grave)
Cefaleia
Depressão
Fonte: Adaptado de Marques Neto et al.2
Dor muscular, síndrome do cólon irritável, fadiga ou can- Critérios em reumatologia são usados para auxiliar o
saço, alterações de pensamento ou memória, cefaleia, generalista com o diagnóstico e para incluir correta-
dor/cólicas abdominais, parestesias, tontura, insônia, mente pacientes em trabalhos científicos. Na prática do
depressão, constipação, náusea, dor torácica, visão bor- especialista, de tanto se deparar com as doenças, nos
rada, diarreia, boca seca, prurido, sibilância, fenômeno de focamos em identificar o fenótipo da doença e não em
Raynaud, urticária, zumbido, vômito, azia, úlceras orais, calcular pontuações de critérios.
alteração no paladar, olhos secos, respiração curta, perda
de apetite, eritema, fotossensibilidade, polaciúria, disúria
e espasmos musculares.
Fonte: Adaptado de Marques Neto et al.2
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Fibromialgia e síndromes reumáticas dolorosas regionais Reumatologia
1.6. D
IAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS E 1.7.1. Medicamentoso
PATOLOGIAS COEXISTENTES
A escolha da terapia e associação medicamentosa é
individualizada de acordo com as comorbidades do
A grande dica para se pensar em fibromialgia é a
paciente e com a sintomatologia mais significativa.
falta de alterações ao exame físico (com exceção
de tender points) e exames laboratoriais. u Antidepressivos:
Atenção, pois a fibromialgia não é considerada um W Inibidores duais (recaptação de serotonina e
diagnóstico de exclusão, já que ela coexiste com noradrenalina), como duloxetina e venlafaxina.
outras doenças. W Tricíclicos, como amitriptilina.
Alguns diagnósticos diferenciais importantes são: W Inibidores seletivos de recaptação de seroto-
dor miofascial, miopatias, doença de Parkinson, nina, como fluoxetina, sertralina e paroxetina.
miastenia gravis, esclerose múltipla, infecções virais,
hipotireoidismo, síndrome paraneoplásica, síndrome
u Gabapentinoides (ação na dor difusa e melhora
da fadiga crônica, hiperparatireoidismo, mieloma do sono):
múltiplo, doenças autoimunes. W Pregabalina.
W Gabapentina.
É recomendada na consulta inicial do paciente com
hipótese diagnóstica de fibromialgia a realização u Relaxante muscular (melhora do sono):
dos seguintes exames, com o intuito de abordar
W Ciclobenzaprina.
condições associadas e doenças graves: PCR e
VHS; TSH e T4L; cálcio, fósforo, PTH, vitamina D; u Analgésico de resgate:
CPK e aldolase; eletroforese de proteínas séricas;
W Tramadol ou associação tramadol + parace-
sorologias virais (hepatite B, C, HIV, EBV, parvovírus,
tamol.
CMV); FAN e FR (estes só se forte suspeição de
doença autoimune). Importante destacar que pacientes com fibromial-
gia não respondem bem a anti-inflamatórios e seu
uso não faz parte do arsenal terapêutico. O uso de
1.7. TRATAMENTO benzodiazepínicos e glicocorticoides não é reco-
mendado para a terapêutica de fibromialgia.
As medidas não farmacológicas são fundamentais
no tratamento da fibromialgia e recomendadas 2. S ÍNDROMES DOLOROSAS
como as primeiras a serem adotadas. Diante do REUMÁTICAS REGIONAIS
diagnóstico de fibromialgia, inicialmente devemos
educar o paciente frente à doença, uma vez que
estes tendem à catastrofização e à falta de aderência 2.1. SÍNDROME DOLOROSA MIOFASCIAL
à atividade física e às terapias psicológicas. Muitos
não se sentem compreendidos dentro do círculo 2.1.1. Definição e etiologia
de trabalho e familiar e acreditam que nunca irão
melhorar.
BASES DA MEDICINA
Dentre as terapias não farmacológicas, destaca-se
o exercício físico, o qual deve ser aeróbico mode-
A síndrome dolorosa miofascial, geralmente, é precedida
rado, 3 vezes na semana. As terapias psicológicas por algum evento desencadeador. Logo, um trauma, por
também são benéficas. exemplo, leva a banda muscular a ficar tensa e a desen-
volver pontos-gatilho, que inicialmente são latentes. Estes
podem se encaminhar para a recuperação espontânea,
persistir sem progressão ou evoluir para pontos-gatilho
ativos, quando submetidos a algum tipo de estresse:
fatores ergonômicos, posturais ou, até mesmo, estresse
emocional.
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Fibromialgia e síndromes reumáticas dolorosas regionais
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Fibromialgia e síndromes reumáticas dolorosas regionais Reumatologia
2.2. S
ÍNDROME DO DESFILADEIRO artéria e veia subclávia, responsáveis pela irrigação,
TORÁCICO nutrição e drenagem dos membros superiores; tendões,
músculos e ossos (parte musculoesquelética). Os limites
anatômicos da região do desfiladeiro são delimitados pela
clavícula, primeira costela torácica e músculo escaleno
BASES DA MEDICINA médio e anterior.
A síndrome do desfiladeiro torácico tem origem em
O desfiladeiro torácico é a região entre o pescoço e a variações anatômicas ou musculares que comprimem
axila, por onde passam: nervos do plexo braquial, que são o plexo braquial e/ou vasos subclávios na região do
responsáveis pela inervação dos membros superiores; desfiladeiro torácico.
A síndrome do desfiladeiro torácico é definida como Ao exame físico, pode haver positividade na manobra
a compressão do plexo braquial, da artéria e da veia de Adson e teste de Roos. O último é feito solicitando
subclávia em pontos de passagem pelo desfiladeiro ao paciente que flexione os cotovelos bilateral-
torácico (entre o pescoço e a axila). Os pontos de mente a 90 graus abduzidos, abra e feche as mãos
compressão são: espaço peitoral menor, costocla- repetidas vezes por até 1 minuto, reproduzindo os
vicular e triângulo escaleno. sintomas. Já na manobra de Adson é solicitado ao
indivíduo que estenda o braço acometido e o man-
Postura inadequada, tumorações, costela cervical,
tenha em abdução, realize rotação da cabeça para
fratura de costela ou clavícula e processo trans-
o lado acometido, inicie uma inspiração profunda e
verso alongado de C7 são algumas das causas de
segure o ar; o examinador, neste momento, estará
síndrome do desfiladeiro torácico.
palpando o pulso radial, o qual apresentará redução
Pode ser dividida em neurogênica (maioria dos ou ausência de pulsação.
casos) ou vascular. Na neurogênica, as queixas
são de dor e parestesia no membro superior, que
não respeita território radicular. Já a compressão
vascular se manifesta como edema de extremidade.
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Fibromialgia e síndromes reumáticas dolorosas regionais
BASES DA MEDICINA
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Fibromialgia e síndromes reumáticas dolorosas regionais Reumatologia
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Fibromialgia e síndromes reumáticas dolorosas regionais
Figura 10. Teste de Hawkins: síndrome do impacto. Figura 12. Teste de Speed: avaliação de bíceps braquial.
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Fibromialgia e síndromes reumáticas dolorosas regionais Reumatologia
u Subescapular: avaliado pelo teste de Gerber, no Figura 16. Teste de Patte: avaliação do infraespinhoso.
qual se solicita ao paciente que coloque o dorso
da mão nas costas e ativamente a afaste, rodando
internamente o braço. A incapacidade de fazê-lo
ou de manter o afastamento indica teste positivo.
u Infraespinhoso: a avaliação é feita pelo teste de
Patte, no qual se realiza uma abdução do ombro
a 90 graus com o cotovelo também a 90 graus de
flexão. O paciente realiza rotação externa contra
a resistência do examinador.
Figura 14. Teste de Jobe: avaliação do supraespinhoso.
BASES DA MEDICINA
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Fibromialgia e síndromes reumáticas dolorosas regionais
meia-idade, podendo ocorrer sem fator desenca- parcela dos pacientes. Possui três fases de evolu-
deante ou associada a diabetes mellitus, períodos ção clínica:
de imobilização, patologias prévias de manguito, u Dolorosa inicial.
acidente vascular cerebral, infarto agudo do mio- u Perda progressiva de movimento.
cárdio, trauma ou cirurgia do ombro.
u Resolução e melhora.
Figura 17. Ombro normal e com capsulite adesiva. Clinicamente, o paciente apresenta limitação tanto
passiva quanto ativa em todos os planos. O principal
diagnóstico diferencial é a osteoartrite de ombro.
O tratamento da capsulite adesiva consiste em
corticoide intra-articular e fisioterapia precoce.
2.6. EPICONDILITES
BASES DA MEDICINA
Trata-se um quadro autolimitado que pode durar
entre 3 e 5 anos. Sequelas ocorrem em pequena A articulação do cotovelo é formada por úmero, ulna
e rádio. Os epicôndilos medial e lateral, presentes na
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Fibromialgia e síndromes reumáticas dolorosas regionais Reumatologia
extremidade distal do úmero, recebem os tendões dos 2.7. SÍNDROME DO TÚNEL DO CARPO
músculos do antebraço. O epicôndilo é a região do ante-
braço ao nível do cotovelo em que se inserem os tendões
dos músculos do antebraço, responsáveis pela flexão
ou extensão do punho, recebendo o nome de epicôndilo BASES DA MEDICINA
medial e lateral, respectivamente.
O túnel do carpo é uma estrutura inelástica localizada no
punho. É formado superiormente pelo ligamento trans-
A epicondilite é definida como a inflamação do verso do carpo (ou seja, o teto do túnel) e inferiormente
epicôndilo decorrente de overuse ou movimentos pelos ossos do carpo (chão do túnel). Na parede lateral
inadequados, sendo a lateral conhecida como do é delimitado pelo osso escafoide e trapézio e na parede
ulnar é delimitado pelo pisiforme e hamato (Figura 19). O
“tenista” e a medial do “golfista”.
túnel do carpo tem como componentes o nervo mediano
e 9 tendões flexores.
Figura 18. Epicondilite lateral (cotovelo do tenista).
O nervo mediano é responsável pela sensibilidade da
pele, no aspecto palmolateral da mão até metade do 4º
dedo, e pela porção distal da região dorsal dos 3 dedos. O
nervo mediano também é responsável pela inervação dos
músculos que formam a iminência tenar (flexor curto do
polegar, abdutor curto do polegar e oponente do polegar)
e dos dois lumbricais laterais.
Fonte: BlueRingMedia/Shutterstock.com6
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Tendão
e bainha
tendínea
Ossos do carpo
Ligamento
Nervo Anatomia normal - Visão transversal
transverso
mediano
do carpo
Nervo mediano Ligamento transverso
Túnel do Bainha do comprimido do carpo
carpo tendão
Túnel do
Tendão carpo
Tendão e
bainha
tendínea
Ossos do carpo
Síndrome do túnel do carpo - Visão transversal
Fonte: Pepermpron/Shutterstock.com7
A síndrome do túnel do carpo é a neuropatia com- Phalen, flexão forçada do punho por 1 minuto com
pressiva mais comum, decorrente de compressão reprodução dos sintomas.
do nervo mediano ao nível do punho. Manifesta-se
clinicamente com sensação de parestesia, princi- Figura 20. Teste de Phalen.
palmente noturna, em região palmar do primeiro,
segundo, terceiro e metade do quarto dedo da
mão. É associada a condições que podem elevar
a pressão dentro do túnel, por edema ou lesão de
estruturas adjacentes, como obesidade, gestação,
hipotireoidismo, amiloidose, diabetes mellitus, artrite
reumatoide, cisto sinovial, fratura.
Inicialmente, o quadro neurológico é reversível, sem
danos às fibras nervosas; no entanto, se não tratada,
a evolução é de acometimento irreversível, que se
estende para envolvimento motor. Portanto, nota-se
na doença tardia dificuldade em realizar abdução
do polegar e atrofia de eminência tenar.
Ao exame físico, dois testes auxiliam no diagnós- Fonte: Acervo Sanar.
tico de síndrome do túnel do carpo: teste de Tinel,
percussão do trajeto do mediano no punho (o teste
é positivo se reprodução dos sintomas), teste de
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Fibromialgia e síndromes reumáticas dolorosas regionais Reumatologia
BASES DA MEDICINA
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Fibromialgia e síndromes reumáticas dolorosas regionais
Clinicamente, nota-se o gatilho e o nódulo doloroso Figura 23. Anatomia da fáscia palmar
ao nível das metacarpofalangeanas. acometida no Dupuytren.
BASES DA MEDICINA
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Fibromialgia e síndromes reumáticas dolorosas regionais Reumatologia
BASES DA MEDICINA
BASES DA MEDICINA
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Fibromialgia e síndromes reumáticas dolorosas regionais
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Fibromialgia e síndromes reumáticas dolorosas regionais Reumatologia
Exame físico
Diagnóstico
Reumatismos
Testes específicos
de partes moles
Analgesia
Tratamento
Reabilitação
Diagnóstico Clínico
Atividade física
Terapias psicológicas
Fibromialgia
Tratamento Antidepressivos
Gabapentinoides
Relaxante muscular
.
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Fibromialgia e síndromes reumáticas dolorosas regionais
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QUESTÕES COMENTADAS
Questão 1 Questão 3
(UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ – PR – 2021) O exame (HOSPITAL UNIVERSITÁRIO ONOFRE LOPES – RN – 2020) Mulher
físico osteoarticular é fundamental no manejo de de 45 anos refere dor e queixa de fadiga frequente
doenças reumatológicas. Sobre as manobras de nos membros superiores e inferiores, articulações
exame físico, assinale a alternativa correta: e na região dorso-lombar há 2 anos. Relata insônia
e sensação de “inchaço” nas mãos, especialmente
⮦ A realização do FABERE indica acometimento ao acordar. Atualmente usa analgésicos comuns,
de sacroilíacas quando o paciente refere dor em porém já fez uso de outros medicamentos sem,
região inguinal contralateral. no entanto, dar continuidade. Nega outras doen-
⮧ A manobra de rotação externa do ombro é rea- ças. Exerce a profissão de copeira. Tabagista há
lizada com intuito de se avaliar o músculo su- 20 anos, não faz atividade física regularmente. Ao
bescapular. exame, apresenta-se em bom estado geral, mas um
⮨ A restrição de movimento articular passivo indi- pouco ansiosa, com exame cardiopulmonar nor-
ca comprometimento intra-articular, o que pode mal, articulações sem sinais flogísticos. Apresenta
indicar artrite. dor nos movimentos da coluna dorso lombar, mas
⮩ O teste de Tinnel, utilizado na avaliação de Sd sem limitação destes, e dor à palpação em vários
do túnel do carpo, é positivo quando o paciente pontos nos membros superiores e inferiores. Com
tem dor restrita ao local da percussão. base nesse quadro descrito, que sugere fibromial-
gia, o tratamento medicamentoso a ser iniciado é
⮪ O teste de Lachman, quando positivo, indica ins-
tabilidade por lesão meniscal medial e lateral. ⮦ Analgésicos opioides + anti-inflamatórios não
hormonais.
Questão 2 ⮧ Anti-inflamatórios não hormonais + antidepres-
sivos tricíclicos.
(UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA – SP – 2021) Homem de ⮨ Corticosteroides + analgésicos comuns.
25 anos apresenta queixas inespecíficas de dor ge-
⮩ Antidepressivos tricíclicos + analgésicos comuns.
neralizada há 1 ano. Essa dor é contínua, profunda
e superficial, não se limitando a uma estrutura, sem
fatores de melhora ou piora identificados. Realizou Questão 4
extensa investigação diagnóstica sem nenhuma al-
teração. AP: fadiga e sono não reparador há anos. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – RJ –
Em relação ao diagnóstico desse paciente, pode¬- 2020) Paciente de 40 anos, sexo feminino, procura
mos afirmar que se trata de dor: ambulatórios de clínica médica de vários postos de
saúde e hospitais com queixas de cansaço, dores
⮦ Nociceptiva. em articulações e musculares, alterações no sono
⮧ Neuropática. e constipação crônica. Os sintomas não melhoram
⮨ Nociplástica. com o uso de analgésicos, anti-inflamatórios ou
corticoesteroides. Os exames laboratoriais usuais
⮩ Psicogênica.
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Fibromialgia e síndromes reumáticas dolorosas regionais
Questão 9
Questão 6
(HOSPITAL UNIVERSITÁRIO PRESIDENTE DUTRA – MA – 2021) (UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO – SP – 2021) Mulher,
Mulher digitadora apresenta dor importante ao 55 anos de idade, sofreu queda sobre o ombro, evo-
tentar estender o polegar direito. Ao exame: teste luindo com dor na região anterolateral do ombro e
de Finkelstein positivo, Tinel e Phalen negativos. O braço. Exame físico: incapacidade de rotação lateral
diagnóstico mais provável e melhor opção terapêu- do ombro e teste de Patte positivo. As radiografias
tica para o caso é: do ombro são normais. Assinale a alternativa que
corresponde à lesão mais provável.
⮦ Rizartrose / infiltração com corticoide e tala
gessada. ⮦ Lesão do tendão do supraespinal.
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Fibromialgia e síndromes reumáticas dolorosas regionais Reumatologia
GABARITO E COMENTÁRIOS
Questão 2 dificuldade:
Questão 4 dificuldade:
Y Dica do professor: Homens com fibromialgia, ape-
sar de apresentarem dor difusa, tendem a não ter Y Dica do professor: Paciente feminina de meia ida-
tender points ao exame físico. de, com sintomas frustros associados à artropatia
Alternativa A: INCORRETA. Dor nociceptiva ocorre por e à alteração do ciclo do sono vigia, sem alterações
injúria tecidual e ativação de nociceptores. laboratoriais. Dentre as afecções apresentadas, a
mais indicativa do quadro é a fibromialgia. A fibro-
Alternativa B: INCORRETA. Dor neuropática é causa-
mialgia é caracterizada por dor muscular e articular
da por lesão ou doença do sistema nervoso soma-
generalizada, que costuma ser acompanhada por
tossensorial.
fadiga e alterações no sono, na memória e no hu-
Alternativa C: CORRETA. A dor nociplástica é o me- mor. Não existindo tratamento específico, indica-se
canismo de dor que ocorre na fibromialgia. Não há a psicoterapia e a redução do estresse, que podem
injúria tecidual, mas existe alteração da modulação ajudar no controle dos sintomas.
do processo de dor (amplificação do estímulo).
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Fibromialgia e síndromes reumáticas dolorosas regionais
Alternativa A: INCORRETO. Em geral, é uma doença Teste de Phalen: o paciente deve manter os punhos
que acomete pessoas acima de 50 anos, causan- encostados em flexão por cerca de 30 a 60 segun-
do rigidez e dores no pescoço, ombros e quadris. dos. O sinal é considerado positivo quando há repro-
Alternativa B: CORRETO. dução ou piora dos sintomas do paciente. É útil
para o diagnóstico de síndrome de túnel do carpo.
Alternativa C: INCORRETO. Geralmente, cursa com
Alternativa A: INCORRETO. A rizartrose é caracteri-
serosites e alterações laboratoriais características.
zada por alterações degenerativas na articulação
Alternativa D: INCORRETO. Pouco provável visto a trapeziometacarpiana (base do polegar). O sinal de
não descrição de sintomas psiconeurológicos su- Finkelstein não costuma ser positivo.
gestivos.
Alternativa B: INCORRETO. Nesse caso, teríamos a
Alternativa E: INCORRETO. Diagnóstico raro sem com- positividade dos testes de Phalen e Tinel.
provação com o quadro descrito.
Alternativa C: INCORRETO. O tratamento da tensossi-
✔ resposta: B novite de Quervain é inicialmente conservador, com
repouso, imobilização e uso de anti-inflamatórios
dificuldade:
para controle do quadro.
Questão 5
Alternativa D: INCORRETO. O tratamento da tensossi-
Y Dica do professor: Questão sem grandes dificul- novite de Quervain é inicialmente conservador, com
dades. Apresenta testes conhecidos que podiam te repouso, imobilização e uso de anti-inflamatórios
guiar para o acerto. Certamente o teste de Phalen para controle do quadro. Infiltração de corticoide e
é o mais conhecido para a Síndrome do Túnel do procedimentos cirúrgicos podem ser necessários
Carpo e só por ele já eliminaria duas alternativas (B nos casos refratários.
e D), ficando entre A e C. O teste de Jobe também
Alternativa E: CORRETO. Vide dica do professor.
é de fácil reconhecimento para o ombro.
✔ resposta: E
Alternativa A: CORRETA. a- Teste de Jobe para o Su-
pra espinhal, b- Teste de Phalen para STC, c- Teste
de Schober para EA, d- Teste de Finkelstein para Questão 7 dificuldade:
de Quervain
Y Dica do professor: Dor no ombro é uma queixa
Alternativa B: INCORRETA. b/d.
comum no ambiente de atenção primária. Pacien-
Alternativa C: INCORRETA. a/d. tes com patologia do manguito rotador constituem
Alternativa D: INCORRETA. a/b/d. uma porção considerável dessa subpopulação. O
✔ resposta: A manguito rotador é o grupo de músculos e tendões
que se inserem na região proximal do úmero. É for-
mado por 4 músculos do ombro: o subscapular, o
Questão 6 dificuldade: supraespinhal, o infraespinhal e o redondo menor
(Alternativa C: INCORRETA. O bíceps braquial não
Y Dica do professor: Vamos relembrar esses sinais
faz parte dos músculos que formam o manguito
descritos no enunciado:
rotador). A patologia do tendão do manguito rota-
Teste de Finkelstein: o paciente segura o polegar dor geralmente envolve danos ao tendão supraes-
com os outros dedos da mão e faz um desvio ulnar. pinhal (Alternativa D: CORRETA. Alternativas A, B e
Na presença de dor, o teste é considerado positivo e E: INCORRETAS). O músculo supraespinhal auxilia
sugere o diagnóstico de tenossinovite de Quervain. na abdução e rotação externa do ombro. A causa
Teste de Tinel: realiza-se percussão no punho afe- das rupturas do manguito rotador é provavelmente
tado em posição de extensão. Se o paciente refere multifatorial. Degeneração, impacto e sobrecarga
parestesia, sensação de choque, com irradiação para podem contribuir em vários graus para o desenvol-
o 1º, o 2º e o 3º quirodáctilos, o sinal é positivo. É útil vimento de rupturas do manguito rotador.
para o diagnóstico de síndrome de túnel do carpo.
✔ resposta: D
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Fibromialgia e síndromes reumáticas dolorosas regionais Reumatologia
Questão 8 dificuldade:
Questão 9 dificuldade:
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