Aula 03 - 9º Ano - Consumo e Cultura Globalizada

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CIEP 496 MUNICIPALIZADO MAESTRO FRANCISCO MIGNONE GEOGRAFIA : 9° ANO PROFESSOR: SANDRO AULA:03

CONSUMO E CULTURA GLOBALIZADA

1. Shopping center : uma das formas geográficas do período atual


O geógrafo brasileiro Milton Santos criou vários conceitos de análise e compreensão do espaço
geográfico. Um deles é o de forma geográfica, ou seja, o aspecto visível de objetos culturais criados pelas
sociedades humanas nos espaços geográficos — indústrias, pontes, viadutos, estradas, monumentos, prédios etc.
Há estreita relação entre períodos históricos e formas geográficas. Resumidamente, podemos citar
algumas.
No período clássico da Grécia, portanto
antes da Era Cristã, a cultura grega “inventou” a
democracia, do grego demokrateia, governo do povo.
A forma geográfica na Grécia Antiga que
representava a expressão “democracia” era a ágora,
lugar público onde se realizavam as reuniões
políticas, discussões sobre o destino das cidades
(figura 18).
Na Idade Média, na Europa Ocidental, as
populações se dedicavam, sobretudo, às práticas
agrícolas nas terras dos senhores feudais. Duas
formas geográficas se destacavam na paisagem
Figura 18. Na Grécia Antiga, o objeto geográfico que melhor
desse período: os castelos dos senhores feudais,
representava o período histórico era a ágora. Na foto, ruínas da
que representavam o poder político; e os mosteiros, ágora na cidade de Atenas, Grécia (2017).
que representavam o poder da Igreja (figuras 19 e
20).

Posteriormente, com as revoluções industriais dos séculos XVIII, XIX e XX, duas formas geográficas
tornaram-se predominantes no espaço geográfico de alguns países europeus: as fábricas e as cidades, que
começaram a crescer em ritmo acelerado por causa da atração exercida pela atividade fabril, que oferecia
empregos (figura 21).
E no atual período histórico, marcado pela sociedade de consumo e pela Revolução Técnico-Científico-
Informacional, quais são as formas geográficas que as representam? Entre elas, podemos destacar os
supermercados, hipermercados e shopping centers (centros de compras), verdadeiros templos do consumo e do
poder econômico presentes nas paisagens das grandes e médias cidades, principalmente (figura 22).

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Figura 22. Shopping center em Dubai, Emirados Árabes Unidos


(2017).
Figura 21. Gravura de 1846 mostrando fábricas na região de
Borgonha, França. Forma geográfica representativa da revolução
ou do capitalismo industrial, que, por sua vez, acelerou o
crescimento das cidades, outra forma geográfica do período.

2. O consumo e a cultura globalizada


Não podemos dissociar consumo de cultura. Assim, veremos ambos concomitantemente.

2.1. A publicidade e o consumo


Utilizando-se da publicidade e do marketing, as empresas criam, muitas vezes, junto aos consumidores,
“falsas necessidades” ou “necessidades antes desconhecidas”, que estimulam o consumo exagerado de bens e
serviços, que é uma das características da sociedade de consumo em que vivemos. Consequentemente, esse
modelo de vida causa grandes impactos no meio ambiente e enormes pressões sobre os recursos naturais.

2.2. O consumo consciente como atitude desejável


Calcula-se que as sociedades humanas consomem mais de 30% de recursos naturais em relação à
capacidade que a Terra possui em renová-los. Essa situação é muito crítica. Os países desenvolvidos e a China
são os que têm os maiores consumos de energia, água, alimentos e produtos diversos. Em consequência, lideram
as emissões de gases do efeito estufa (figura 23).
Desde a década de 1980, especialistas alertam que o planeta não suportará a existência de três ou mais
sociedades que atinjam o nível de consumo correspondente ao de países desenvolvidos. Entretanto, o panorama
se agravou com a exportação dos modelos de vida calcados na sociedade de consumo para os demais países. As
pressões sobre os recursos naturais e o meio ambiente se acentuaram, ameaçando a vida na Terra.
Diante disso e para a segurança de toda a população, surgiu a necessidade de adotarmos o consumo
consciente como estratégia para contornar esse problema, ou seja, o consumo com consciência do que este ou
aquele recurso natural ou produto consumido pode causar de impacto sobre o meio ambiente. Assim, consumo
consciente é consumo sustentável, que busca assegurar para as gerações futuras o atendimento de suas
necessidades e que envolve: produtos e serviços ecologicamente corretos; utilização até o fim de sua duração;
reciclagem dos materiais descartados; eliminação de desperdícios; e compra do que é apenas necessário.

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2.3. Publicidade e mudança no estilo de vida


Os grupos econômicos que anunciam seus los em todos os países — por exemplo, o mesmo
produtos sistematicamente nos meios de tênis de marca que se compra no Brasil pode ser
comunicação são geralmente as grandes também comprado em Moscou, capital da Rússia.
corporações transnacionais. Como consequência,
observam-se mudanças nos estilos de vida das
sociedades humanas de todo o mundo, que tendem
à homogeneização do consumo e da cultura, ou seja,
à uma padronização ou massificação deles.
Em quase todo supermercado do mundo, por
exemplo, encontraremos todo um conjunto de
produtos amplamente divulgados pelas indústrias
locais e pelas corporações transnacionais que
passaram a ditar o “cardápio mundial” (figura 24).
Assim, desde a China ou Japão, no extremo
Oriente, até os Estados Unidos ou Brasil, no
Ocidente (veremos esses conceitos no Percurso 9),
os produtos, as marcas e os modelos são
praticamente iguais, pois as corporações Figura 24. Interior de supermercado na Tailândia 2018).
transnacionais os padronizaram para poder distribuí-

2.3.1. O porquê da padronização de produtos


A padronização de produtos é vantajosa para as empresas fabricantes, pois lhes permite a implantação da
economia de escala em suas linhas de produção, ou seja, a produção de mercadorias em larga escala ou grande
quantidade com o objetivo de redução nos custos de compra de matérias-primas e de produção. Em
consequência disso, conseguem obter competitividade no mercado, afastar concorrentes e garantir lucros. Para
existir a economia de escala em unidades produtivas, é necessário haver grande mercado comprador,
representado pela população mundial com poder de compra. Tal fato explica a razão da expansão das
transnacionais e da padronização dos produtos, lembrando que essa expansão e esse domínio somente foram
possíveis graças às campanhas publicitárias que uniformizaram os padrões de consumo e, sobretudo, aos
avanços dos meios de transporte e de comunicação.

3. E os valores culturais nacionais?


Se, por um lado, com a globalização e a atuação das corporações transnacionais, existe a tendência à
homogeneização cultural e à padronização do consumo, por outro, há resistência a ela por parte de culturas
nacionais. Resistência no sentido de preservar suas crenças, seus costumes ou hábitos, suas tradições, enfim,
suas identidades nacionais, regionais e locais. Exemplos não faltam no Brasil: o arroz com feijão, o vatapá, o
acarajé, a tapioca, o modo de se vestir do habitante da Campanha Gaúcha, a moda de viola, o samba, o chorinho,
além de outros.

EXERCÍCIOS:

1) Enquanto na Idade Média os castelos e mosteiros eram as formas geográficas nos territórios que expressavam
os poderes político e da Igreja, quais são as formas geográficas predominantes no período histórico em que
estamos vivendo e que são encontradas, principalmente, nas médias e grandes cidades? E o que elas
expressam?

2) Por que há padronização de mercadorias ou produtos fabricados pelas transnacionais?

3) Explique com suas palavras o que é economia de escala e aponte o seu objetivo.

4) Há relação entre consumo e cultura no período histórico em que vivemos?

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